Este documento descreve a experiência da Herdade do Esporão em Portugal com a certificação florestal. A Herdade implementou um Sistema de Gestão Florestal Sustentável certificado pelo FSC para conciliar o uso da floresta com a conservação da biodiversidade. O documento também detalha os esforços de monitoramento e conservação da biodiversidade na Herdade, incluindo a criação de zonas protegidas e o desenvolvimento de um Plano de Ação de Conservação.
A experiência da certificação florestal em Portugal – Caso de estudo: Herdade do Esporão.
1. Maria Carmo Tavares (AmBioDiv – Valor Natural)
A experiência da Certificação
Florestal em Portugal – caso
de estudo da Herdade do
Esporão
1
2. A AmBioDiv – Valor Natural é uma empresa de consultadoria especializada em:
• Gestão de Biodiversidade
• Avaliação de Ecossistemas
• Conservação da Natureza
• Planeamento e Território
Quem somos - AmBioDiv
3. Quem somos – Herdade do
Esporão
• A Herdade conta com 550 hectares de área plantada, dividida
em cinco qualidades diferentes: Esporão, Perdigões, Rusga,
Palmeiras e Monte, repartidas em castas tintas e brancas;
• De modo a armazenar água para alimentar o sistema
automático de rega computorizado instalado na totalidade da
vinha foi construída uma barragem na Ribeira da Caridade;
• A Herdade tem os seus limites fixados desde 1267, contando
ainda hoje com Património edificado que foi sobrevivendo à
passagem do tempo, do qual a sua Torre do Esporão, (construída
entre os anos 1457 e 1490), é o símbolo máximo, fazendo
mesmo parte do logótipo desta herdade;
• A Herdade organiza diversos serviços de Enoturismo e
Ecoturismo, com restauração e degustação da produção,
organização de cursos vínicos
4. Localização - Reguengos de Monsaraz
Biogeografia
- Provincia Luso-Extremadurense
- Sector Mariânico-Monchiquense
- Subsector Araceno-Pacense
- Distrito Alentejano
Localização da Herdade do Esporão
5. O que é um Plano de Acção de Conservação?
•Os PAC são ferramentas de gestão de Habitats e Biodiversidade e consistem na avaliação e
gestão de áreas naturais ou semi-naturais que necessitem de linhas de acção práticas
para a sua recuperação e/ou valorização ambiental.
•No caso da gestão de habitats agroflorestais o modelo mais adequado deverá ser centrado na
gestão dos valores naturais (espécies de fauna, flora e habitats) associados aos
espaços/corredores de zonas húmidas e áreas florestais e agrícolas, áreas semi-naturais
e de zonas de refúgio de Biodiversidade, gestão da Rede Natura 2000, recuperação de
áreas de prados e bosques ripícolas degradadas e integração das actividades de
ecoturismo e monitorização do seu impacte sobre a Biodiversidade e paisagem.
6. Sistemas de Gestão
• O Sistema Integrado está implantado o que facilitou a implantação do
Sistema de Gestão Florestal porque foi só preciso fazer um upgrade com a
componente florestal
• A Certificação Florestal tem como objectivo conciliar o uso da floresta e os
seus benefícios sociais, económicos e ambientais através da redução do
impacto da exploração com vista à conservação da Biodiversidade, aumento
da segurança no trabalho, regularização fundiária e relações humanas.
Desta forma, existem esquemas de certificação que garantem a
sustentabilidade dos espaços florestais, tais como o Forest Stewardship
Council (FSC) e o Programa para o Reconhecimento de Sistemas de
Certificação Florestal (PEFC/NP 4406)
• Em 2010 fizeram uma parceria com o grupo Amorim para utilização
de rolhas de cortiça FSC
7. Plano de Acção de Conservação em âmbito FSC
PRINCÍPIOS FSC
8. Plano de Acção de Conservação em âmbito FSC
PRINCÍPIOS FSC
9. Plano de Acção de Conservação em âmbito FSC
PRINCÍPIOS FSC
10. • Avaliação de Valores Naturais (Herdade do Esporão 2007-2011)
Gestão Responsável
Certificação Florestal FSC como ferramenta de
gestão responsável para a conservação da
Biodiversidade e dos valores naturais
11. Habitat A
Sp. Flora A1 Sp. Flora A3Sp. Flora A2 Sp. Flora Ax
ArquitecturaEstrutura
Complexidade Ecológica
Nicho Ecológico
Reprodução AlimentaçãoRefúgio Abrigo...
Sp. Fauna A1 Sp. Fauna A3Sp. Fauna A2 Sp. Fauna Ax
Qual a Metodologia que usamos?
Definição de Áreas com Alto Valor de Conservação através da Metodologia de Abordagem ao Habitat
12. Uso do Solo
• Vinha e Olival
• Montado de Azinho
• Bosques de Azinho
• Povoamento de Pinheiro-manso
• Povoamento de Pinheiro-manso com azinho
• Relvados com orquídeas
• Vegetação herbácea
• Linha de água e zonas húmidas
• Matos de rosmaninho
• Espaços verdes
• Área social
13. Montado e Bosques de Azinho
• Representa a maior unidade de paisagem da
Herdade (750 ha)
• Uma parte foi convertida para projectos de
instalação de povoamentos de pinheiro-
manso
• Bosques de Pyro bourgaeanae-Quercetum
rotundifoliae (restritos às margens da galeria
ripícola)
• Projectos de restauro ecológico destas áreas
no sentido de promover áreas de abrigo e
alimentação para a fauna, através da
plantação de rosmaninhos, figueiras,
medronheiros, catapereiros, silvas
14. Montado de Azinho
• Revisão do PGF;
• Cessação do Programa de Controlo de Predadores;
• Redução da densidade de árvores nos povoamentos de
pinheiro-manso;
• Mínimo de podas;
• Plano de Acção de Conservação;
• FSC (em processo de certificação).
15. Relvados de Orquídeas
• Presentes em áreas abertas de zonas
húmidas entre os meses de Fevereiro e Junho
• Habitat gerido no sentido de diminuir o grau
de intensidade do pastoreio
• Géneros Serapias e Ophrys com populações
acima dos 20 individuos, tornando estas
áreas AAVC
•Habitat prioritário (Directiva Habitats
92/43/CEE) se um dos seguintes critérios é
aplicável: composição rica em orquídeas (> 4
espécies); presença de uma importante
população (> 20 individúos) de uma ou mais
espécies de orquídeas.
Serapias strictiflora
Serapias lingua
Serapias parvifloraOrchis papilionacea
Orchis laxiflora
Orchis morio
Ophrys tenthredinifera
17. • 228 espécies de flora
• 16 são de interesse para a conservação
Resultados
- 4 endemismos europeus (Linaria spartea,
Verbascum thapsus subsp. crassifolium,
Phlomis lychnitis e Ornithogalum orthophyllum
subsp. baeticum);
- 4 endemismos ibéricos (Genista polyanthos,
Narcissus jonquilla, Ulex eriocladus e Allium
schmitzii);
-7 espécies de orquídeas (Serapias strictiflora,
Serapias lingua, Serapias parviflora, Orchis
papilionacea, Orchis morio, Orchis laxiflora e
Ophrys tenthredinifera);
- 1 espécie constante na Directiva Habitats
(Narcissus bulbocodium).
Ophrys tenthredinifera
Narcissus bulbocodiumGenista polyanthos
Narcissus jonquilla
18. Ponto de Situação – ano 2011
- Armadilhagem fotográfica: foram colocadas câmaras em três locais: 2 locais da
ribeira da Caridade, chavanco seco
28%
29%
43%
0%
Ectomicorrízi
co (M)
Saprobio (S)
-Aves: 8 novas espécies
-Espécies cinegéticas com interesse: população de perdiz saudável,
sustentável e apresentando densidades boas para valores da Península
Ibérica; população de lebres com boas potencialidades e aparentemente
sustentável; coelho com boas indicações ainda que somente em
determinados locais, apresentando sinais de ligeira expansão na
propriedade. População de javali pequena, mas com grande probabilidade
de ir crescendo, acarretando um eventual aumento de prejuízos.
Identificada a presença de gamos na HE
-Albufeira da caridade: as espécies e os efectivos encontrados apontam para uma
qualidade da albufeira boa (tendo em conta que se trata de uma albufeira de rega)
-Zona florestal: apresentando alguns indícios de acumulação de matos
-Vinha: espécies de aves insectívoras em bom número na vinha; colocadas caixas-ninho
- Cogumelos: foi realizado o primeiro levantamento dirigido a este
grupo. Identificaram-se 7 espécies (3 delas com propriedades
medicinais e 1 comestível)
19. Ponto de Situação – ano 2011
Armadilhagem fotográfica
Gamos
Javali
Raposa
Saca-rabos
Coelhos
20. ÁREA DE PROTECÇÃO (AP) E ZONA DE CONSERVAÇÃO (ZC)
– DEFINIÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO FSC
Metodologias
• Dependendo do tamanho da área florestal, da sua
utilização e do grau de agressividade das operações, é
apropriado destacar áreas destinadas a funcionar com
zonas de conservação e áreas de protecção e deixá-las
intocadas
• A norma do FSC menciona que a criação de Zonas de
Conservação e de Áreas de Protecção é necessária,
concretizando-se através do Princípio 6.2
• No entanto, a norma não refere qual o conjunto de
critérios a ter em conta para classificar as áreas desta
forma
21. ÁREA DE PROTECÇÃO (AP) E ZONA DE CONSERVAÇÃO (ZC)
– DEFINIÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO FSC
Metodologias
Classificação em Áreas de Protecção e Zonas de Conservação, de acordo com a
presença dos diferentes habitats e seu estado de evolução sucessional e de
conservação
22. ÁREA DE PROTECÇÃO (AP) E ZONA DE CONSERVAÇÃO (ZC)
– DEFINIÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO FSC
Metodologias
23. Mapeamento das Áreas de Protecção e das Zonas de Conservação
ÁREA DE PROTECÇÃO (AP) E ZONA DE CONSERVAÇÃO (ZC)
– DEFINIÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO FSC
Metodologias
Áreas de Protecção (ha) Zonas de Conservação
(ha)
45 1814
Pelo menos 5% da Herdade deve ser considerada AP,
deveríamos ter cerca de 90 ha de AP, pelo que existem
ZC que deverão ser restauradas e melhoradas do ponto
de vista ecológico para que possam passar a ser
consideradas AP
24. • Avaliação Ecológica dos inimigos naturais da vinha e olival
• Selecção de áreas de teste para agricultura biológica (vinha) – 71 ha
• Selecção de áreas de teste para agricultura biológica (olival) – 8 ha
• Levantamento de valores naturais na floresta e zonas húmidas (fauna, flora e habitats);
• No que diz respeito às Borboletas, quase todas as espécies dadas para o Alentejo foram aqui
inventariadas (regional hotspot);
• Iniciados os projectos de restauro ecológico no montado
Feito até agora…
25. Potencial do uso orientado para o
ecoturismo e desenvolvimento local,
assim como para a criação de
mercados de créditos ambientais
Cumprimento do ‘Objectivo 2010’:
travar a perda de Biodiversidade no
espaço europeu e global até 2010
Plano de Acção de Conservação (acção no terreno)
GestãoFlorestal
Sustentável
Impactes sobre a Biodiversidade e
Ecossistemas: Gestão de risco
ecológico, estudo dos efeitos positivos
em termos de produção
Biodiversidade Funcional: Inimigos
naturais, ecologia da rede hidrológica,
infraestruturas ecológicas,
conservação do solo
Gestão Sustentável: Biodiversidade
como garantia de performance
responsável em ecossistemas
florestais e reconhecimento do seu
valor pelas partes interessadas
GestãodeÁreascom
ValoresNaturais
Avaliação de espécies e habitats,
assim como o seu estatuto legal e
estado de conservação
Caracterização de áreas com alto
valor de conservação
26. AmBioDiv ~ Valor Natural
Ambiente, Conservação da Natureza e Sustentabilidade, Lda.
R. Filipe da Mata, 10, 1º Frente, 1600-071 Lisboa
ambiodiv@ambiodiv.com ; www.ambiodiv.com
Obrigada pela Atenção