SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
A pesquisa em sala de aula no âmbito do ensino de
Ciências: a perspectiva da Base Nacional Comum
Curricular do Ensino Fundamental
Marcus Eduardo Maciel Ribeiro1
*(FM), Maurivan Güntzel Ramos2
(PQ)
* profmarcus@yahoo.com.br
1. Instituto Federal Sul-rio-grandense
2. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: Currículo, Pesquisa em sala de aula, Base Nacional Comum Curricular
Área temática: Currículo
Resumo: Orientados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e por alternativas pedagógicas
disponíveis aos professores, propõem-se neste texto propor respostas à seguinte questão de
pesquisa: Como se insere o ensino de Ciências por meio de pesquisa em sala de aula na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC)? Trata-se de uma pesquisa documental dos principais
documentos legais vigentes da educação brasileira. O trabalho tem por objetivo propor reflexão sobre
esses documentos, principalmente a Base Nacional Comum Curricular e sua relação com a pesquisa
em sala de aula. Pela análise, concluiu-se que a BNCC não promove a pesquisa em sala de aula no
sentido de entregar ao estudante a possibilidade de tornar-se protagonista de sua aprendizagem e
constitui-se em uma listagem de conteúdos a ser aplicado pelos professores, não se diferenciando de
propostas pedagógicas que estão estabelecidas há vários anos na educação brasileira.
Introdução
A política educacional no Brasil tem apresentado tentativas de mudança por
meio de seus documentos oficiais a partir do final da primeira década deste século.
Em 2010, por exemplo, foram promulgadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Básica - DCNEB (BRASIL, 2010), documento que “articula os princípios,
os critérios e os procedimentos que devem ser observados na organização e com
vistas à consecução dos objetivos da Educação Básica” (BRASIL, 2010, p.5).
Nessas diretrizes, pela primeira vez, a pesquisa, como modo de protagonismo do
estudante é mencionada em documentos oficiais:
Nessa perspectiva, no geral, é tarefa da escola, palco de interações, e, no
particular, é responsabilidade do professor, apoiado pelos demais
profissionais da educação, criar situações que provoquem nos estudantes
a necessidade e o desejo de pesquisar e experimentar situações de
aprendizagem como conquista individual e coletiva, a partir do contexto
particular e local, em elo com o geral e transnacional. (BRASIL, 2010, p. 39,
grifo nosso).
Essa discussão parece pouco se concretizar na Base Nacional Comum
Curricular – BNCC – (BRASIL, 2017) aprovada para o Ensino Fundamental.
Outra discussão que se impõem a partir do estabelecimento da (BNCC) é a
compreensão a respeito do conceito de competência. Esse conceito foi explicitado,
entre outros autores, por Perrenoud (1999, p. 30), ao dizer que "competência é a
faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades,
informações etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de
situações". As concepções de competências e habilidades, bem como de
expectativas de aprendizagem, explicitadas nas Diretrizes curriculares anteriores
(BRASIL, 1998a, 1998b) haviam sido superadas nas Diretrizes Curriculares
Nacionais, em vigor. Assim, as expectativas de aprendizagem são substituídas pela
ideia de direito à aprendizagem e ao desenvolvimento dos estudantes, com base na
Constituição federal de 1988 (BRASIL, 1988). Por direito à educação compreende-
se que o sistema educacional é o principal responsável pela formação dos
estudantes brasileiros (crianças, jovens, adultos, indígenas, quilombolas e
deficientes) e pelos seus fracassos e, portanto todo o esforço deve ser empreendido
para que ocorra a aprendizagem dos estudantes.
A ideia de competência, voltada à preparação do estudante para o mundo do
trabalho, porém, ressurge na BNCC do Ensino Fundamental (Ibid). Esse novo
documento reconhece competência
[...] no sentido de mobilização e aplicação dos conhecimentos escolares,
entendidos de forma ampla (conceitos, procedimentos, valores e atitudes).
Assim, ser competente significa ser capaz de, ao se defrontar com um
problema, ativar e utilizar o conhecimento construído (BRASIL, 2017, p.16).
Nesse sentido, analisa-se neste artigo a forma como o Ensino de Ciências
está sugerido na BNCC, comparando as competências geral e específicas,
presentes nesse documento e os fundamentos da pesquisa em sala de aula
(MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2012). Essa preocupação se manifesta em relação
à concepção sobre pesquisa que o documento apresenta. Compreende-se por
pesquisa em sala de aula o processo educativo que, contrapondo-se ao paradigma
tradicional de uma aula, pensa o professor como mediador das atividades,
colocando os estudantes como protagonistas. Assim, o protagonismo dos
estudantes prevalece sobre decisões tomadas unilateralmente pelo professor. Um
dos modos de proceder nesse contexto é possibilitando que o processo de
investigação seja iniciado por meio das perguntas, da curiosidade e dos interesses
dos estudantes. Além disso, a ação de pesquisa em sala de aula é compreendida
como forma de permitir que o estudante desenvolva suas capacidades e autonomia:
De ser capaz de discutir, aceitar e fundamentar diferentes pontos de vista,
de criticar informações das diversas fontes consultadas, de entender a
organização do conhecimento científico, de conviver e interagir em grupo,
de utilizar adequadamente, com autonomia e independência, recursos
tecnológicos nos encaminhamentos dos estudos (NININ, 2008, p.48).
Assim, guiados pelos documentos educacionais nacionais e por alternativas
pedagógicas disponíveis aos professores, definimos a seguinte questão de
pesquisa: Como se insere o ensino de Ciências por meio de pesquisa em sala de
aula na Base Nacional Comum Curricular?
Pressupostos Teóricos
Esse trabalho buscou investigar, na perspectiva teórica, o modo como a
BNCC propõe o ensino de Ciências, em especial, com a estratégia pedagógica da
pesquisa em sala de aula. Assim, discutem-se a seguir alguns princípios associados
ao ensino de Ciências e à pesquisa em sala de aula.
O ensino de Ciências
Defende-se o emprego da pesquisa em sala de aula como proposta de
modificação das posições estabelecidas em uma aula: o professor como centro da
aula e das decisões e os estudantes agentes passivos deste processo. O uso da
pesquisa, como modo de ensino, redistribui essas tarefas e possibilita o
protagonismo aos estudantes. A opção pelas formas tradicionais de ensino não tem
alcançado bons resultados na escola. Segundo Pozo e Crespo (2009, p.14), “os
alunos aprendem cada vez menos e têm menos interesse pelo que aprendem”. A
conclusão desses autores é de que a maioria dos estudantes não aprendem os
conceitos e princípios de Ciências que lhes são ensinados. Nessa abordagem,
criticam-se as escolhas procedimentais e de currículo feitas pelo professor. O uso de
conteúdos que não despertam interesse aos estudantes e que apresentam pouco
significado para a continuidade dos estudos, fazem com que esses estudantes
desmotivem-se pela aprendizagem desses conceitos. Delizoicov, Angotti e
Pernambuco (2011, p. 272) questionam o fato de se priorizar determinados
conteúdos e de se omitir conteúdos importantes, alegando que há conhecimentos
científicos de Ciências, sem os quais os estudantes não terão referência para
compreenderem adequadamente a própria ciência e para atuarem na sociedade.
Esses autores propõem, ainda, uma substituição da abordagem conceitual como
forma de organizar a programação do professor por uma estruturação segundo uma
abordagem temática (Ibid, 273). A questão das escolhas pelo professor de
procedimentos e conceitos em aulas de Ciências também recebe críticas de outros
autores. Pozo e Crespo (2009, p. 16), por exemplo, afirmam que “os alunos não
encontram somente dificuldades conceituais; também enfrentam problemas no uso
de estratégias de raciocínio e solução de problemas próprios do trabalho científico”.
Para esses autores, se o conteúdo não é compreendido pelos estudantes como algo
de interesse ou significativo, o aprendizado terá pouca significação e relevância,
tendendo a não ser significativo. Nesse mesmo sentido Staver (2007) afirma que é
importante que o conteúdo e as práticas do professor sejam de interesse dos
estudantes. Em relação a isso, Staver (Ibid, p. 19) afirma que o envolvimento dos
estudantes implica considerar a relevância do assunto, associando a ciência com os
seus interesses, “as vidas pessoais, as questões da sociedade, a proveniência
cultural e outras matérias escolares”. É importante, pois, relacionar o aprender com
situações e elementos que são significativos e familiares aos estudantes.
Os professores de ciências devem recordar que é provável que a sua
própria motivação intrínseca para aprender ciência não seja compartilhada
por muitos de seus alunos, cuja motivação tem mais probabilidade de ser
ativada instrumentalmente, fazendo uma ligação da ciência às coisas que já
são familiares e importantes para eles (STAVER, 2007, p.19).
Assim, pensa-se que o ensino de Ciências tenha como finalidade a garantia
do acesso dos estudantes ao processo de conhecimento de forma a possibilitar-lhes
melhor compreensão do mundo e da vida, bem como fazerem as escolhas mais
adequadas em suas vidas.
A pesquisa em sala de aula
A pesquisa em sala de aula é sugerida como forma de superação das
propostas tradicionais de aulas nas quais os estudantes são apenas assistentes
passivos. A pesquisa parte do interesse que o estudante tem pelo assunto em
estudo e, principalmente, pelo conhecimento que já tem constituído sobre o tema.
Moraes (2004, p. 132) afirma que “partindo do questionamento de verdades e
conhecimentos existentes, a educação pela pesquisa favorece a construção de
novos conhecimentos e argumentos”. Dessa forma, o professor possibilita que o
estudante participe das decisões em sua aula, modifica sua concepção de currículo
e cria condições para que as vivências e os interesses dos estudantes sejam
considerados nesse processo de formação. Assim, a pesquisa em sala de aula se
constitui a partir da reconstrução do conhecimento dos estudantes, buscando
respostas aos questionamentos levantados por eles próprios (MORAES; GALIAZZI,
RAMOS, 2012).
Propõem-se, portanto, que o processo de pesquisa tenha como fato gerador
as perguntas elaboradas pelos estudantes. Moraes (2004) adverte para o fato de
que as respostas a essas questões não virão do professor ou de livros didáticos,
mas a partir de argumentos construídos pelos estudantes durante o processo de
pesquisa. Para Demo (1996), o educar pela pesquisa tem como condição considerar
a sala de aula como espaço coletivo de trabalho no qual professores e estudantes
são parceiros de pesquisa. Dentre as concepções reconhecidas para pesquisa em
sala de aula, destaca-se a de Moraes, Galiazzi e Ramos (2012), que interpretam que
essa abordagem de ensinar e aprender se desenvolve em três momentos: o
questionamento, a construção de argumentos e a comunicação. Esses momentos se
organizam em movimento em espiral, em ciclos, que se repetem e se complexificam.
O entendimento desses autores em relação à pesquisa ocorre do seguinte modo:
A pesquisa em sala de aula pode ser compreendida como um movimento
dialético, em espiral, que se inicia com o questionar dos estados do ser,
fazer e conhecer dos participantes, construindo-se a partir disso novos
argumentos que possibilitam atingir novos patamares desse ser, fazer e
conhecer, estágios esses então comunicados a todos os participantes do
processo (Ibid, p. 12).
A etapa inicial, da qual se origina o processo de pesquisa, é o
questionamento feito, principalmente, pelos estudantes, que é ação reveladora do
conhecimento que já possui e do que deseja ou necessita saber. Quando o
professor faz uso da pergunta do estudante na construção do currículo escolar,
estabelece formas de aprendizagem participativas no lugar de práticas
transmissivas.
A construção de argumentos, segundo momento da pesquisa, é aquele em
que emergem respostas dos estudantes com a mediação do professor após os
movimentos de investigação. São respostas iniciais que, mais tarde, podem ser
amadurecidas e modificadas.
O terceiro momento da pesquisa é a comunicação dos resultados ao grupo de
colegas na sala de aula. Esse é o momento em que os estudantes submetem ao
grupo seus novos argumentos com vistas à validação, de modo que os resultados
iniciais possam ser modificados, qualificados, complexificados, transformando-se em
aprendizagens efetivas, com significados para os estudantes, mesmo que
transitórios.
A BNCC da área de Ciências do Ensino Fundamental
Em 2014 foi aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE (BRASIL, 2014),
no qual é reforçada a ideia de um pacto federativo para a implantação de uma Base
Nacional Comum para currículos identificados com os ensinos Fundamental e Médio
e respeitando diversidades regionais. Assim, a BNCC para o Ensino Fundamental,
aprovada em 2017 (BRASIL, 2017), surge como ação precedente a modificações
curriculares, com a pretensão de orientar um novo ensino para as escolas
brasileiras. Nessa perspectiva, ancorada em “princípios éticos, políticos e estéticos”,
preconizados nas DCN (BRASIL, 2010), a BNCC adota dez competências gerais.
Dessas, apenas três apresenta alguma relação com a pesquisa em sala de aula:
[...] 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base
nos conhecimentos das diferentes áreas. [...] 4. Utilizar conhecimentos das
linguagens verbal (oral e escrita) e/ou verbo-visual (como Libras), corporal,
multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital para
expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo. [...] 7. Argumentar com base em
fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de
si mesmo, dos outros e do planeta. (BRASIL, 2017, p. 18, grifos nossos).
Portanto, a BNCC do Ensino Fundamental faz referência à inclusão da
investigação para investigar causas e testar hipóteses e formular e resolver
problemas. Também refere o uso de conhecimentos das linguagens e da
argumentação. Entretanto a questão que se coloca é: os conteúdos que a BNCC
tem relação com essas competências?
Procedimentos Metodológicos
Essa investigação tem cunho qualitativo e teórico e se constituiu a partir de
pesquisa documental em textos oficiais que organizam a educação no Brasil, em
especial a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2010), o Plano Nacional
de Educação (BRASIL, 2014) e a BNCC para o Ensino Fundamental (BRASIL,
2017). A pesquisa documental trata da seleção e interpretação de documentos ainda
não tratados analiticamente por pesquisadores. Segundo Lüdke e André (1986), a
pesquisa documental tenta identificar nos textos informações que possam revelar
suas características.
Busca-se com essa discussão, propor reflexões aos professores a partir
desses documentos, relacionadas à sua prática.
Principais resultados e discussões
No texto aprovado da BNCC, observam-se poucas referências à pesquisa
como princípio pedagógico para as aulas de Ciências no Ensino Fundamental, como
proposto no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica
(BRASIL, 2013) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Nessas ocorrências, a
pesquisa é tratada como ferramenta de confirmação das verdades apresentadas
pelo professor, sendo sempre promovida a partir de seu interesse. A intenção de se
valorizar a pesquisa, ou alguma pesquisa, pode ser percebida na competência geral
número três da BNCC, que afirma que
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação
e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular
e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos
das diferentes áreas (BRASIL, 2017, grifo nosso).
Percebe-se nessa competência geral que o enfoque dado à pesquisa na
BNCC se vincula a atividades experimentais relacionadas a questões práticas que
exigem previsão de resultados. Nesse sentido, percebem-se algumas incoerências
na proposta da BNCC ao ensino de Ciências. Segundo o texto da terceira versão, o
Ensino Fundamental tem o objetivo de promover o letramento científico cuja intenção
não é aprender sobre ciência, mas desenvolver a capacidade de atuação no e sobre
o mundo (BRASIL, 2017, p.273). Entretanto, defende a necessidade de que se
trabalhem as práticas e processos de investigação científica, o que justifica a
concepção de pesquisa voltada apenas a atividades experimentais.
Nesse sentido, as propostas de pesquisa presentes na BNCC decorrem de
planejamento do professor, estando distantes do interesse dos estudantes. Isso
pode ser observado quando o texto da BNCC (Ibid, p. 274) afirma que “o processo
investigativo deve ser entendido como elemento central na formação dos
estudantes, em um sentido mais amplo, e cujo desenvolvimento deve ser atrelado a
situações didáticas planejadas ao longo de toda a educação básica”. Fica evidente
que a origem da pesquisa e do assunto a ser pesquisado é o professor, não
importando as perguntas e o interesse dos estudantes. Essa tendência também se
revela nas situações de ensino que a BNCC propõe, divididas em quatro eixos:
definição de problemas; levantamento, análise e representação; comunicação;
intervenção. Nessas atividades propostas também não são vivenciadas propostas de
investigação a partir do interesse dos estudantes. Isso se reforça nas competências
específicas da área das Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental1
. A
competência específica número dois afirma que é necessário, aos estudantes,
dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica (Ibid, p. 276).
Essa concepção da BNCC (Ibid, p. 295) é reforçada quando o texto afirma que “é
importante motivá-los com desafios cada vez mais abrangentes, o que permite que
os questionamentos apresentados a eles ...”. Nota-se aí que é o professor que
propõem questionamentos e propostas, o que não encontra concordância com os
pressupostos da pesquisa em sala de aula apresentadas por Moraes, Galiazzi e
Ramos (2002).
Em uma comparação com as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL,
2010), percebe-se que a BNCC distancia-se das ideias ali colocadas. Nas DCN não
são percebidas referências à pesquisa em intensidade relevante, porém as
ocorrências que são encontradas levam a situações de investigação por parte dos
estudantes. Já na BNCC, as poucas propostas de pesquisa decorrem de propostas
do professor.
Tem-se como ponto negativo a divisão da BNCC, sendo apresentada a
versão que traz apenas a proposta para o Ensino Fundamental, sem que houvesse
a inclusão do Ensino Médio. Essa posição também é assumida pela Associação
Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, Anped (2017) que afirma que
a terceira versão da BNCC não decorre das discussões realizadas a partir das duas
1
Nota-se, aqui, uma afirmação redundante visto que, no Ensino Fundamental, há apenas a disciplina
de Ciências e não a divisão em mais disciplinas que possam compor uma área do conhecimento.
versões iniciais, visto que na terceira versão, a aprovada, reintroduz as referências a
habilidades e referências.
4 Considerações finais
Como resultado da análise, e considerando a questão norteadora dessa
investigação, a BNCC não promove a pesquisa em sala de aula no sentido de
entregar ao estudante a possibilidade de poder tomar decisões a respeito de seu
direito de escolher os assuntos que quer aprender e a forma como quer fazê-lo.
Em um primeiro aspecto, a BNCC transforma-se em uma listagem de
conteúdos a ser aplicado pelos professores, ao mesmo tempo que não apresenta
propostas pedagógicas que superem as formas que estão estabelecidas há vários
anos na educação brasileira. Nesse sentido, ainda apega-se à ideia de
competências na elaboração do currículo escolar com objetivo e preparação ao
mundo do trabalho, o que ainda é mais reprovável por tratar-se de um documento
destinado a estudantes do Ensino Fundamental.
Como sugestão para ampliar esta discussão, é importante analisar as
habilidades e competências presentes na BNCC, o que se pretende incluir nas
reflexões na apresentação deste trabalho.
Referências
ANPED – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação. Nota da
ANPEd sobre a entrega da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). 2017. Disponível em
http://www.anped.org.br/news/nota-da-anped-sobre-entrega-da-terceira-versao-da-base-
nacional-comum-curricular-bncc-ao. Acesso em 10 jul 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
24 jun. 2017.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em 12 jun 2017.
BRASIL. Resolução CEB Nº 2, de 7 de abril de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998a. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf>. Acesso em:2 jun. 2017.
BRASIL. Resolução CEB Nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 1998b. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf>. Acesso em:2 jun. 2017.
BRASIL. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais para a Educação Básica. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 8 jun 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais da Educação Básica / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BRASIL, Lei nº 13.005/2014, de 25 de junho de 2014. Estabelece o Plano Nacional de
Educação. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/>. Acesso em: 13 jun 2017.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: terceira versão. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>. Acesso em: 8 jun.
2017.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José A.; PERNAMBUCO, Marta M. Ensino de
Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores associados, 1996.
GALIAZZI, Maria do Carmo. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de professores
de Ciências. Ijuí: UNIJUÍ, 2003.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A pesquisa em educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.
MORAES, Roque. Educar pela pesquisa: exercício de aprender a aprender. In: MORAES,
Roque, LIMA, Valderez Marina do Rosário. Pesquisa em sala de aula: tendências para a
educação em novos tempos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 93-104.
MORAES, Roque, GALIAZZI, Maria do Carmo, RAMOS, Maurivan Güntzel. Pesquisa em
sala de aula: fundamentos e pressupostos. In: MORAES, Roque, LIMA, Valderez Marina do
Rosário. Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em novos tempos. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 11-20.
NININ, Maria Otília Guimarães. Pesquisa na escola: Que espaço é esse? O do conteúdo ou
o do pensamento crítico? Educação em Revista. n. 48, p. 17-35. 2008.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
POZO, Juan I.; CRESPO, Miguel A.G. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do
conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009.
RIBEIRO, Marcus E.M.; RAMOS, Maurivan G. A pesquisa no currículo escolar: ações que
valorizam as perguntas dos estudantes. In: SANTOS, Sandra A.; RIBEIRO, Marcus E.M.
(orgs.) Ensino de Ciências: reflexões e diálogos. Rio do Sul: UNIDAVI/PROPPEX, 2015. p.
93-110.
STAVER, John R. O Ensino das Ciências. Genebra: Unesco, 2007.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalResumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalDaniella Bezerra
 
Orientações didáticas - terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturais
Orientações didáticas -  terceiro e quarto ciclo de Ciência NaturaisOrientações didáticas -  terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturais
Orientações didáticas - terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturaispibidbio
 
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações que
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações queA aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações que
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações quepibidbio
 
Ciências naturais no quarto ciclo
Ciências naturais no quarto cicloCiências naturais no quarto ciclo
Ciências naturais no quarto ciclopibidbio
 
04. ciências naturais
04. ciências naturais04. ciências naturais
04. ciências naturaiscelikennedy
 
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º Ciclo
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º CicloPerspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º Ciclo
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º CicloMarisa Correia
 
A prática de ensino nas licenciaturas e
A prática de ensino nas licenciaturas eA prática de ensino nas licenciaturas e
A prática de ensino nas licenciaturas epibidbio
 
Proposta curricular de biologia cprp
Proposta curricular de  biologia cprpProposta curricular de  biologia cprp
Proposta curricular de biologia cprpfamiliaestagio
 
PCN de Ciencias Naturais e Biologia
PCN de Ciencias Naturais e BiologiaPCN de Ciencias Naturais e Biologia
PCN de Ciencias Naturais e BiologiaMario Amorim
 
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdf
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdfConhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdf
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdfIagoNieri
 
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Rafaella Florencio
 
Metodologia da pesquisa em ciências da educação
Metodologia da pesquisa em ciências da educação Metodologia da pesquisa em ciências da educação
Metodologia da pesquisa em ciências da educação Patrícia Éderson Dias
 
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médio
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médioa ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médio
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médioAdrrianna
 
Tendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasTendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasBinatto
 
Formação de professor e o ensino de ciencias
Formação de professor e o ensino de cienciasFormação de professor e o ensino de ciencias
Formação de professor e o ensino de cienciasArminda Almeida da Rosa
 
Metodologia do ensino de ciências biológicas
Metodologia do ensino de ciências biológicasMetodologia do ensino de ciências biológicas
Metodologia do ensino de ciências biológicasevertonbronzoni
 
Sobre o Ensino de Evolução Biológica
Sobre o Ensino de Evolução BiológicaSobre o Ensino de Evolução Biológica
Sobre o Ensino de Evolução BiológicaMario Amorim
 

Mais procurados (20)

Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalResumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
 
Orientações didáticas - terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturais
Orientações didáticas -  terceiro e quarto ciclo de Ciência NaturaisOrientações didáticas -  terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturais
Orientações didáticas - terceiro e quarto ciclo de Ciência Naturais
 
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações que
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações queA aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações que
A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental ações que
 
Ciências naturais no quarto ciclo
Ciências naturais no quarto cicloCiências naturais no quarto ciclo
Ciências naturais no quarto ciclo
 
Curriculo no Ensino de Ciências e Biologia
Curriculo no Ensino de Ciências e BiologiaCurriculo no Ensino de Ciências e Biologia
Curriculo no Ensino de Ciências e Biologia
 
04. ciências naturais
04. ciências naturais04. ciências naturais
04. ciências naturais
 
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º Ciclo
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º CicloPerspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º Ciclo
Perspectivas de professores sobre o ensino experimental das ciências no 1º Ciclo
 
A prática de ensino nas licenciaturas e
A prática de ensino nas licenciaturas eA prática de ensino nas licenciaturas e
A prática de ensino nas licenciaturas e
 
Proposta curricular de biologia cprp
Proposta curricular de  biologia cprpProposta curricular de  biologia cprp
Proposta curricular de biologia cprp
 
PCN de Ciencias Naturais e Biologia
PCN de Ciencias Naturais e BiologiaPCN de Ciencias Naturais e Biologia
PCN de Ciencias Naturais e Biologia
 
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdf
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdfConhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdf
Conhecimento didatico-a-base-da-sala-de-aulapdf
 
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
 
Metodologia da pesquisa em ciências da educação
Metodologia da pesquisa em ciências da educação Metodologia da pesquisa em ciências da educação
Metodologia da pesquisa em ciências da educação
 
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médio
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médioa ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médio
a ressignificação do conceito de transformação por educandos do ensino médio
 
Pcn Quimica
Pcn QuimicaPcn Quimica
Pcn Quimica
 
Tendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasTendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciências
 
Formação de professor e o ensino de ciencias
Formação de professor e o ensino de cienciasFormação de professor e o ensino de ciencias
Formação de professor e o ensino de ciencias
 
Metodologia do ensino de ciências da natureza
Metodologia do ensino de ciências da natureza Metodologia do ensino de ciências da natureza
Metodologia do ensino de ciências da natureza
 
Metodologia do ensino de ciências biológicas
Metodologia do ensino de ciências biológicasMetodologia do ensino de ciências biológicas
Metodologia do ensino de ciências biológicas
 
Sobre o Ensino de Evolução Biológica
Sobre o Ensino de Evolução BiológicaSobre o Ensino de Evolução Biológica
Sobre o Ensino de Evolução Biológica
 

Semelhante a Ficha 227

Situação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaSituação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaFabiano Antunes
 
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.Samuel Robaert
 
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasMortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasManoella Morais
 
Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Maiara Miguel
 
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...ProfessorPrincipiante
 
Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo
 Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo
Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivoMarcos Elias
 
LETRAMENTO INFORMACIONAL: em direçao aos projetos portugues pdf
LETRAMENTO INFORMACIONAL:  em direçao aos projetos  portugues  pdfLETRAMENTO INFORMACIONAL:  em direçao aos projetos  portugues  pdf
LETRAMENTO INFORMACIONAL: em direçao aos projetos portugues pdfKelley Cristine Gasque
 
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...Marcia Moreira
 
Projeto monografia 2
Projeto monografia 2Projeto monografia 2
Projeto monografia 2Leonor
 
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalResumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalDaniella Bezerra
 
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...Marisa Correia
 
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Dat
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.DatO Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Dat
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Datjanloterio
 

Semelhante a Ficha 227 (20)

620 2268-1-pb
620 2268-1-pb620 2268-1-pb
620 2268-1-pb
 
Situação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaSituação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temática
 
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.
Ensinar ciências por investigação. em que estamos de acordo.
 
20265 87941-1-pb
20265 87941-1-pb20265 87941-1-pb
20265 87941-1-pb
 
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasMortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
 
Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1
 
Atividade discursiva
Atividade discursivaAtividade discursiva
Atividade discursiva
 
Momentos pedagógicos
Momentos pedagógicosMomentos pedagógicos
Momentos pedagógicos
 
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
 
Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo
 Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo
Novosrumosparaolaboratorioescoladecienciasatarcisoborgespp .arquivo
 
Vt6[1]
Vt6[1]Vt6[1]
Vt6[1]
 
LETRAMENTO INFORMACIONAL: em direçao aos projetos portugues pdf
LETRAMENTO INFORMACIONAL:  em direçao aos projetos  portugues  pdfLETRAMENTO INFORMACIONAL:  em direçao aos projetos  portugues  pdf
LETRAMENTO INFORMACIONAL: em direçao aos projetos portugues pdf
 
Atitude critica
Atitude criticaAtitude critica
Atitude critica
 
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...
Ensino+de+++ciências+abordando+a+pesquisa+e+a+prática+no+ensino+fundamental++...
 
Projeto monografia 2
Projeto monografia 2Projeto monografia 2
Projeto monografia 2
 
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamentalResumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
Resumo parâmetros curriculares nacionais ciências naturais no ensino fundamental
 
20265 87941-1-pb
20265 87941-1-pb20265 87941-1-pb
20265 87941-1-pb
 
FerrazeSasseron_2017b (1).pdf
FerrazeSasseron_2017b (1).pdfFerrazeSasseron_2017b (1).pdf
FerrazeSasseron_2017b (1).pdf
 
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...
AS CONCEÇÕES DOS EDUCADORES DE INFÂNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO CONTE...
 
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Dat
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.DatO Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Dat
O Livro Didatico De Ciencias No Ensino Fundamental.Dat
 

Mais de aldeci dos santos

2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2
2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade22 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2
2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2aldeci dos santos
 
Jatobá ocupantes denunciam arbitraried... infonet notícias de sergipe - cidade
Jatobá  ocupantes denunciam arbitraried...  infonet notícias de sergipe - cidadeJatobá  ocupantes denunciam arbitraried...  infonet notícias de sergipe - cidade
Jatobá ocupantes denunciam arbitraried... infonet notícias de sergipe - cidadealdeci dos santos
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005aldeci dos santos
 

Mais de aldeci dos santos (6)

3 resultado final
3  resultado final3  resultado final
3 resultado final
 
2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2
2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade22 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2
2 edital ppgagri posgrap 11-2017_doutorado_comunidade2
 
Aula 7 ano reinomonera-
Aula 7 ano reinomonera-Aula 7 ano reinomonera-
Aula 7 ano reinomonera-
 
4 tabela periodica
4 tabela periodica4 tabela periodica
4 tabela periodica
 
Jatobá ocupantes denunciam arbitraried... infonet notícias de sergipe - cidade
Jatobá  ocupantes denunciam arbitraried...  infonet notícias de sergipe - cidadeJatobá  ocupantes denunciam arbitraried...  infonet notícias de sergipe - cidade
Jatobá ocupantes denunciam arbitraried... infonet notícias de sergipe - cidade
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
 

Último

DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 

Último (20)

DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 

Ficha 227

  • 1. A pesquisa em sala de aula no âmbito do ensino de Ciências: a perspectiva da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental Marcus Eduardo Maciel Ribeiro1 *(FM), Maurivan Güntzel Ramos2 (PQ) * profmarcus@yahoo.com.br 1. Instituto Federal Sul-rio-grandense 2. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Palavras-chave: Currículo, Pesquisa em sala de aula, Base Nacional Comum Curricular Área temática: Currículo Resumo: Orientados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e por alternativas pedagógicas disponíveis aos professores, propõem-se neste texto propor respostas à seguinte questão de pesquisa: Como se insere o ensino de Ciências por meio de pesquisa em sala de aula na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Trata-se de uma pesquisa documental dos principais documentos legais vigentes da educação brasileira. O trabalho tem por objetivo propor reflexão sobre esses documentos, principalmente a Base Nacional Comum Curricular e sua relação com a pesquisa em sala de aula. Pela análise, concluiu-se que a BNCC não promove a pesquisa em sala de aula no sentido de entregar ao estudante a possibilidade de tornar-se protagonista de sua aprendizagem e constitui-se em uma listagem de conteúdos a ser aplicado pelos professores, não se diferenciando de propostas pedagógicas que estão estabelecidas há vários anos na educação brasileira. Introdução A política educacional no Brasil tem apresentado tentativas de mudança por meio de seus documentos oficiais a partir do final da primeira década deste século. Em 2010, por exemplo, foram promulgadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica - DCNEB (BRASIL, 2010), documento que “articula os princípios, os critérios e os procedimentos que devem ser observados na organização e com vistas à consecução dos objetivos da Educação Básica” (BRASIL, 2010, p.5). Nessas diretrizes, pela primeira vez, a pesquisa, como modo de protagonismo do estudante é mencionada em documentos oficiais: Nessa perspectiva, no geral, é tarefa da escola, palco de interações, e, no particular, é responsabilidade do professor, apoiado pelos demais profissionais da educação, criar situações que provoquem nos estudantes a necessidade e o desejo de pesquisar e experimentar situações de aprendizagem como conquista individual e coletiva, a partir do contexto particular e local, em elo com o geral e transnacional. (BRASIL, 2010, p. 39, grifo nosso). Essa discussão parece pouco se concretizar na Base Nacional Comum Curricular – BNCC – (BRASIL, 2017) aprovada para o Ensino Fundamental. Outra discussão que se impõem a partir do estabelecimento da (BNCC) é a compreensão a respeito do conceito de competência. Esse conceito foi explicitado, entre outros autores, por Perrenoud (1999, p. 30), ao dizer que "competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações". As concepções de competências e habilidades, bem como de expectativas de aprendizagem, explicitadas nas Diretrizes curriculares anteriores (BRASIL, 1998a, 1998b) haviam sido superadas nas Diretrizes Curriculares
  • 2. Nacionais, em vigor. Assim, as expectativas de aprendizagem são substituídas pela ideia de direito à aprendizagem e ao desenvolvimento dos estudantes, com base na Constituição federal de 1988 (BRASIL, 1988). Por direito à educação compreende- se que o sistema educacional é o principal responsável pela formação dos estudantes brasileiros (crianças, jovens, adultos, indígenas, quilombolas e deficientes) e pelos seus fracassos e, portanto todo o esforço deve ser empreendido para que ocorra a aprendizagem dos estudantes. A ideia de competência, voltada à preparação do estudante para o mundo do trabalho, porém, ressurge na BNCC do Ensino Fundamental (Ibid). Esse novo documento reconhece competência [...] no sentido de mobilização e aplicação dos conhecimentos escolares, entendidos de forma ampla (conceitos, procedimentos, valores e atitudes). Assim, ser competente significa ser capaz de, ao se defrontar com um problema, ativar e utilizar o conhecimento construído (BRASIL, 2017, p.16). Nesse sentido, analisa-se neste artigo a forma como o Ensino de Ciências está sugerido na BNCC, comparando as competências geral e específicas, presentes nesse documento e os fundamentos da pesquisa em sala de aula (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2012). Essa preocupação se manifesta em relação à concepção sobre pesquisa que o documento apresenta. Compreende-se por pesquisa em sala de aula o processo educativo que, contrapondo-se ao paradigma tradicional de uma aula, pensa o professor como mediador das atividades, colocando os estudantes como protagonistas. Assim, o protagonismo dos estudantes prevalece sobre decisões tomadas unilateralmente pelo professor. Um dos modos de proceder nesse contexto é possibilitando que o processo de investigação seja iniciado por meio das perguntas, da curiosidade e dos interesses dos estudantes. Além disso, a ação de pesquisa em sala de aula é compreendida como forma de permitir que o estudante desenvolva suas capacidades e autonomia: De ser capaz de discutir, aceitar e fundamentar diferentes pontos de vista, de criticar informações das diversas fontes consultadas, de entender a organização do conhecimento científico, de conviver e interagir em grupo, de utilizar adequadamente, com autonomia e independência, recursos tecnológicos nos encaminhamentos dos estudos (NININ, 2008, p.48). Assim, guiados pelos documentos educacionais nacionais e por alternativas pedagógicas disponíveis aos professores, definimos a seguinte questão de pesquisa: Como se insere o ensino de Ciências por meio de pesquisa em sala de aula na Base Nacional Comum Curricular? Pressupostos Teóricos Esse trabalho buscou investigar, na perspectiva teórica, o modo como a BNCC propõe o ensino de Ciências, em especial, com a estratégia pedagógica da pesquisa em sala de aula. Assim, discutem-se a seguir alguns princípios associados ao ensino de Ciências e à pesquisa em sala de aula. O ensino de Ciências Defende-se o emprego da pesquisa em sala de aula como proposta de modificação das posições estabelecidas em uma aula: o professor como centro da
  • 3. aula e das decisões e os estudantes agentes passivos deste processo. O uso da pesquisa, como modo de ensino, redistribui essas tarefas e possibilita o protagonismo aos estudantes. A opção pelas formas tradicionais de ensino não tem alcançado bons resultados na escola. Segundo Pozo e Crespo (2009, p.14), “os alunos aprendem cada vez menos e têm menos interesse pelo que aprendem”. A conclusão desses autores é de que a maioria dos estudantes não aprendem os conceitos e princípios de Ciências que lhes são ensinados. Nessa abordagem, criticam-se as escolhas procedimentais e de currículo feitas pelo professor. O uso de conteúdos que não despertam interesse aos estudantes e que apresentam pouco significado para a continuidade dos estudos, fazem com que esses estudantes desmotivem-se pela aprendizagem desses conceitos. Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2011, p. 272) questionam o fato de se priorizar determinados conteúdos e de se omitir conteúdos importantes, alegando que há conhecimentos científicos de Ciências, sem os quais os estudantes não terão referência para compreenderem adequadamente a própria ciência e para atuarem na sociedade. Esses autores propõem, ainda, uma substituição da abordagem conceitual como forma de organizar a programação do professor por uma estruturação segundo uma abordagem temática (Ibid, 273). A questão das escolhas pelo professor de procedimentos e conceitos em aulas de Ciências também recebe críticas de outros autores. Pozo e Crespo (2009, p. 16), por exemplo, afirmam que “os alunos não encontram somente dificuldades conceituais; também enfrentam problemas no uso de estratégias de raciocínio e solução de problemas próprios do trabalho científico”. Para esses autores, se o conteúdo não é compreendido pelos estudantes como algo de interesse ou significativo, o aprendizado terá pouca significação e relevância, tendendo a não ser significativo. Nesse mesmo sentido Staver (2007) afirma que é importante que o conteúdo e as práticas do professor sejam de interesse dos estudantes. Em relação a isso, Staver (Ibid, p. 19) afirma que o envolvimento dos estudantes implica considerar a relevância do assunto, associando a ciência com os seus interesses, “as vidas pessoais, as questões da sociedade, a proveniência cultural e outras matérias escolares”. É importante, pois, relacionar o aprender com situações e elementos que são significativos e familiares aos estudantes. Os professores de ciências devem recordar que é provável que a sua própria motivação intrínseca para aprender ciência não seja compartilhada por muitos de seus alunos, cuja motivação tem mais probabilidade de ser ativada instrumentalmente, fazendo uma ligação da ciência às coisas que já são familiares e importantes para eles (STAVER, 2007, p.19). Assim, pensa-se que o ensino de Ciências tenha como finalidade a garantia do acesso dos estudantes ao processo de conhecimento de forma a possibilitar-lhes melhor compreensão do mundo e da vida, bem como fazerem as escolhas mais adequadas em suas vidas. A pesquisa em sala de aula A pesquisa em sala de aula é sugerida como forma de superação das propostas tradicionais de aulas nas quais os estudantes são apenas assistentes passivos. A pesquisa parte do interesse que o estudante tem pelo assunto em estudo e, principalmente, pelo conhecimento que já tem constituído sobre o tema. Moraes (2004, p. 132) afirma que “partindo do questionamento de verdades e conhecimentos existentes, a educação pela pesquisa favorece a construção de
  • 4. novos conhecimentos e argumentos”. Dessa forma, o professor possibilita que o estudante participe das decisões em sua aula, modifica sua concepção de currículo e cria condições para que as vivências e os interesses dos estudantes sejam considerados nesse processo de formação. Assim, a pesquisa em sala de aula se constitui a partir da reconstrução do conhecimento dos estudantes, buscando respostas aos questionamentos levantados por eles próprios (MORAES; GALIAZZI, RAMOS, 2012). Propõem-se, portanto, que o processo de pesquisa tenha como fato gerador as perguntas elaboradas pelos estudantes. Moraes (2004) adverte para o fato de que as respostas a essas questões não virão do professor ou de livros didáticos, mas a partir de argumentos construídos pelos estudantes durante o processo de pesquisa. Para Demo (1996), o educar pela pesquisa tem como condição considerar a sala de aula como espaço coletivo de trabalho no qual professores e estudantes são parceiros de pesquisa. Dentre as concepções reconhecidas para pesquisa em sala de aula, destaca-se a de Moraes, Galiazzi e Ramos (2012), que interpretam que essa abordagem de ensinar e aprender se desenvolve em três momentos: o questionamento, a construção de argumentos e a comunicação. Esses momentos se organizam em movimento em espiral, em ciclos, que se repetem e se complexificam. O entendimento desses autores em relação à pesquisa ocorre do seguinte modo: A pesquisa em sala de aula pode ser compreendida como um movimento dialético, em espiral, que se inicia com o questionar dos estados do ser, fazer e conhecer dos participantes, construindo-se a partir disso novos argumentos que possibilitam atingir novos patamares desse ser, fazer e conhecer, estágios esses então comunicados a todos os participantes do processo (Ibid, p. 12). A etapa inicial, da qual se origina o processo de pesquisa, é o questionamento feito, principalmente, pelos estudantes, que é ação reveladora do conhecimento que já possui e do que deseja ou necessita saber. Quando o professor faz uso da pergunta do estudante na construção do currículo escolar, estabelece formas de aprendizagem participativas no lugar de práticas transmissivas. A construção de argumentos, segundo momento da pesquisa, é aquele em que emergem respostas dos estudantes com a mediação do professor após os movimentos de investigação. São respostas iniciais que, mais tarde, podem ser amadurecidas e modificadas. O terceiro momento da pesquisa é a comunicação dos resultados ao grupo de colegas na sala de aula. Esse é o momento em que os estudantes submetem ao grupo seus novos argumentos com vistas à validação, de modo que os resultados iniciais possam ser modificados, qualificados, complexificados, transformando-se em aprendizagens efetivas, com significados para os estudantes, mesmo que transitórios. A BNCC da área de Ciências do Ensino Fundamental Em 2014 foi aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE (BRASIL, 2014), no qual é reforçada a ideia de um pacto federativo para a implantação de uma Base Nacional Comum para currículos identificados com os ensinos Fundamental e Médio e respeitando diversidades regionais. Assim, a BNCC para o Ensino Fundamental, aprovada em 2017 (BRASIL, 2017), surge como ação precedente a modificações
  • 5. curriculares, com a pretensão de orientar um novo ensino para as escolas brasileiras. Nessa perspectiva, ancorada em “princípios éticos, políticos e estéticos”, preconizados nas DCN (BRASIL, 2010), a BNCC adota dez competências gerais. Dessas, apenas três apresenta alguma relação com a pesquisa em sala de aula: [...] 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos das diferentes áreas. [...] 4. Utilizar conhecimentos das linguagens verbal (oral e escrita) e/ou verbo-visual (como Libras), corporal, multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital para expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. [...] 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. (BRASIL, 2017, p. 18, grifos nossos). Portanto, a BNCC do Ensino Fundamental faz referência à inclusão da investigação para investigar causas e testar hipóteses e formular e resolver problemas. Também refere o uso de conhecimentos das linguagens e da argumentação. Entretanto a questão que se coloca é: os conteúdos que a BNCC tem relação com essas competências? Procedimentos Metodológicos Essa investigação tem cunho qualitativo e teórico e se constituiu a partir de pesquisa documental em textos oficiais que organizam a educação no Brasil, em especial a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2010), o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014) e a BNCC para o Ensino Fundamental (BRASIL, 2017). A pesquisa documental trata da seleção e interpretação de documentos ainda não tratados analiticamente por pesquisadores. Segundo Lüdke e André (1986), a pesquisa documental tenta identificar nos textos informações que possam revelar suas características. Busca-se com essa discussão, propor reflexões aos professores a partir desses documentos, relacionadas à sua prática. Principais resultados e discussões No texto aprovado da BNCC, observam-se poucas referências à pesquisa como princípio pedagógico para as aulas de Ciências no Ensino Fundamental, como proposto no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Nessas ocorrências, a pesquisa é tratada como ferramenta de confirmação das verdades apresentadas pelo professor, sendo sempre promovida a partir de seu interesse. A intenção de se valorizar a pesquisa, ou alguma pesquisa, pode ser percebida na competência geral número três da BNCC, que afirma que Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação
  • 6. e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos das diferentes áreas (BRASIL, 2017, grifo nosso). Percebe-se nessa competência geral que o enfoque dado à pesquisa na BNCC se vincula a atividades experimentais relacionadas a questões práticas que exigem previsão de resultados. Nesse sentido, percebem-se algumas incoerências na proposta da BNCC ao ensino de Ciências. Segundo o texto da terceira versão, o Ensino Fundamental tem o objetivo de promover o letramento científico cuja intenção não é aprender sobre ciência, mas desenvolver a capacidade de atuação no e sobre o mundo (BRASIL, 2017, p.273). Entretanto, defende a necessidade de que se trabalhem as práticas e processos de investigação científica, o que justifica a concepção de pesquisa voltada apenas a atividades experimentais. Nesse sentido, as propostas de pesquisa presentes na BNCC decorrem de planejamento do professor, estando distantes do interesse dos estudantes. Isso pode ser observado quando o texto da BNCC (Ibid, p. 274) afirma que “o processo investigativo deve ser entendido como elemento central na formação dos estudantes, em um sentido mais amplo, e cujo desenvolvimento deve ser atrelado a situações didáticas planejadas ao longo de toda a educação básica”. Fica evidente que a origem da pesquisa e do assunto a ser pesquisado é o professor, não importando as perguntas e o interesse dos estudantes. Essa tendência também se revela nas situações de ensino que a BNCC propõe, divididas em quatro eixos: definição de problemas; levantamento, análise e representação; comunicação; intervenção. Nessas atividades propostas também não são vivenciadas propostas de investigação a partir do interesse dos estudantes. Isso se reforça nas competências específicas da área das Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental1 . A competência específica número dois afirma que é necessário, aos estudantes, dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica (Ibid, p. 276). Essa concepção da BNCC (Ibid, p. 295) é reforçada quando o texto afirma que “é importante motivá-los com desafios cada vez mais abrangentes, o que permite que os questionamentos apresentados a eles ...”. Nota-se aí que é o professor que propõem questionamentos e propostas, o que não encontra concordância com os pressupostos da pesquisa em sala de aula apresentadas por Moraes, Galiazzi e Ramos (2002). Em uma comparação com as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2010), percebe-se que a BNCC distancia-se das ideias ali colocadas. Nas DCN não são percebidas referências à pesquisa em intensidade relevante, porém as ocorrências que são encontradas levam a situações de investigação por parte dos estudantes. Já na BNCC, as poucas propostas de pesquisa decorrem de propostas do professor. Tem-se como ponto negativo a divisão da BNCC, sendo apresentada a versão que traz apenas a proposta para o Ensino Fundamental, sem que houvesse a inclusão do Ensino Médio. Essa posição também é assumida pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, Anped (2017) que afirma que a terceira versão da BNCC não decorre das discussões realizadas a partir das duas 1 Nota-se, aqui, uma afirmação redundante visto que, no Ensino Fundamental, há apenas a disciplina de Ciências e não a divisão em mais disciplinas que possam compor uma área do conhecimento.
  • 7. versões iniciais, visto que na terceira versão, a aprovada, reintroduz as referências a habilidades e referências. 4 Considerações finais Como resultado da análise, e considerando a questão norteadora dessa investigação, a BNCC não promove a pesquisa em sala de aula no sentido de entregar ao estudante a possibilidade de poder tomar decisões a respeito de seu direito de escolher os assuntos que quer aprender e a forma como quer fazê-lo. Em um primeiro aspecto, a BNCC transforma-se em uma listagem de conteúdos a ser aplicado pelos professores, ao mesmo tempo que não apresenta propostas pedagógicas que superem as formas que estão estabelecidas há vários anos na educação brasileira. Nesse sentido, ainda apega-se à ideia de competências na elaboração do currículo escolar com objetivo e preparação ao mundo do trabalho, o que ainda é mais reprovável por tratar-se de um documento destinado a estudantes do Ensino Fundamental. Como sugestão para ampliar esta discussão, é importante analisar as habilidades e competências presentes na BNCC, o que se pretende incluir nas reflexões na apresentação deste trabalho. Referências ANPED – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação. Nota da ANPEd sobre a entrega da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). 2017. Disponível em http://www.anped.org.br/news/nota-da-anped-sobre-entrega-da-terceira-versao-da-base- nacional-comum-curricular-bncc-ao. Acesso em 10 jul 2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24 jun. 2017. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em 12 jun 2017. BRASIL. Resolução CEB Nº 2, de 7 de abril de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf>. Acesso em:2 jun. 2017. BRASIL. Resolução CEB Nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 1998b. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf>. Acesso em:2 jun. 2017. BRASIL. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 8 jun 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
  • 8. BRASIL, Lei nº 13.005/2014, de 25 de junho de 2014. Estabelece o Plano Nacional de Educação. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/>. Acesso em: 13 jun 2017. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: terceira versão. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2017. DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José A.; PERNAMBUCO, Marta M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores associados, 1996. GALIAZZI, Maria do Carmo. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de professores de Ciências. Ijuí: UNIJUÍ, 2003. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MORAES, Roque. Educar pela pesquisa: exercício de aprender a aprender. In: MORAES, Roque, LIMA, Valderez Marina do Rosário. Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em novos tempos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 93-104. MORAES, Roque, GALIAZZI, Maria do Carmo, RAMOS, Maurivan Güntzel. Pesquisa em sala de aula: fundamentos e pressupostos. In: MORAES, Roque, LIMA, Valderez Marina do Rosário. Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em novos tempos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 11-20. NININ, Maria Otília Guimarães. Pesquisa na escola: Que espaço é esse? O do conteúdo ou o do pensamento crítico? Educação em Revista. n. 48, p. 17-35. 2008. PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999. POZO, Juan I.; CRESPO, Miguel A.G. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009. RIBEIRO, Marcus E.M.; RAMOS, Maurivan G. A pesquisa no currículo escolar: ações que valorizam as perguntas dos estudantes. In: SANTOS, Sandra A.; RIBEIRO, Marcus E.M. (orgs.) Ensino de Ciências: reflexões e diálogos. Rio do Sul: UNIDAVI/PROPPEX, 2015. p. 93-110. STAVER, John R. O Ensino das Ciências. Genebra: Unesco, 2007.