A APEOESP-Vale do Ribeira lança campanha para reduzir o número de alunos por sala de aula, objetivando melhorar as condições de trabalho dos professores e a qualidade do ensino. O sindicato também participa de manifestações populares na região. Uma árvore centenária foi derrubada para dar visibilidade a um escritório de advocacia, contrariando normas ambientais.
1. Professores da região iniciam Campanha
contra superlotação de classes e pela
valorização do Magistério
Edição nº 03 • Outubro/2013
Árvore é destruída
para dar visibilidade à
placa de escritório de
advocacia
A APEOESP – Vale do Ribeira, em
parceria com a Academia de Capoei-
ra Angola Ilê Axé (ACAIA) de Mestre
Bigo, promove treinos de Capoeira
Angola semanalmente. O objetivo é o
reconhecimento e a valorização das
nossas raízes culturais. Pág.4
Concurso Público
Foi divulgado o concurso público
para docência na rede de ensino do Esta-
do de São Paulo. A APEOESP está elabo-
rando apostilas preparatórias e promo-
vendo cursos, segundo a demanda, a fim
de colaborar com a preparação dos pro-
fessores candidatos ao ingresso. Pág.4
Veja nesta edição:
• Análise da política educacional vigente Pág.2
• Parecer Jurídico sobre as férias dos professores categoria “O” Pág.3
• A luta dos caiçaras por seu território Pág.4
Capoeira Angola
na subsede do Vale
do Ribeira
A frondosa árvore de Bauhinia sp.,
a popular Pata-de-Vaca, que há muito
tempo existia em frente à casa ao lado
da subsede da APEOESP, no centro
de Registro - SP, oferecendo sombra
e melhorando a qualidade do ar, prin-
cipalmente nos dias de sol intenso, foi
brutalmente cortada, ficando apenas
o tronco, livre de quaisquer galhos. O
motivo do corte: dar visibilidade a um
novo escritório de advogados. Tal abu-
so ambiental contraria a autorização
da Prefeitura que consistia apenas em
poda. Descumprimento de ato muni-
cipal e falta de consciência ambiental
não é o que a população espera de ho-
mens e mulheres da lei.
Protesto: “Morri, mas pelo menos vocês sabem agora
como se trata o meio-ambiente”
Campanha iniciada pela
APEOESP - Vale do Ribeira visa re-
duzir o número de alunos por clas-
se, o que pode melhorar as condi-
ções de trabalho e a qualidade do
processo ensino-aprendizagem. A
APEOESP – Vale do Ribeira
participa das mobilizações populares
O Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Pau-
lo (APEOESP), representado pela sua
subsede do Vale do Ribeira, participou
ativamente das manifestações popula-
res realizadas na cidade de Registro.
Juntamente com outros movimen-
tos sociais e com os estudantes da
UNESP compôs a Unidade Popular
e participou da elaboração da pauta
de reivindicações que abordou, entre
outros temas, o descaso das políticas
públicas da saúde, da educação e do
transporte. Os professores também
estiveram presentes em manifestações
em outros municípios da região.
superlotação é uma das principais
causas dos conflitos de socializa-
ção e, consequentemente, queda
da qualidade do aprendizado dos
alunos, além do adoecimento dos
professores. Pág.4
2. Ousar lutar, ousar vencer!
É com este lema da VPR –
Vanguarda Popular Revolucioná-
ria – atribuído à Carlos Lamarca,
revolucionário que lutou contra a
opressão e pela liberdade na sua
jornada pelo Vale do Ribeira, que
iniciamos o nosso terceiro bole-
tim: mais um instrumento para
expor nossas idéias e reivindicar
nossos direitos.
São tantas as frustrações,
que os desafios se apresentam
diariamente. Muitas vezes,
presenciamos professores aco-
modados e desanimados em
transformar a própria realida-
de injusta que o sufoca. Esta-
EXPEDIENTE:
O Boletim Regional da APEOESP - Vale
do Ribeira é uma publicação mensal
produzida pela empresa Palavra & Ação
Comunicação Integrada.
Jornalista responsável:
Adilson Cabral – DRT/MT: 618/9503
Revisão: Prof. André Murtinho Ribeiro
Chaves; Prof.ª Conceição Aparecida
da Silva; Prof. Helder dos Santos
de Oliveira; Prof. Washington Luís
Quintilhano Barbosa de Souza.
Diagramação: Márcio Lima
Impressão: Gráfica Exceuni
A subsede da APEOESP - Vale do Ribeira,
situada no município de Registro,
representa os professores de 13 municípios:
Barra do Turvo, Cajati, Cananeia,
Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga,
Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Pariquera-
Açu, Registro e Sete Barras.
O Conselho Regional de Representantes
da subsede é formado por 13 professores
conselheiros eleitos junto à base. Destes,
compõem a diretoria executiva da subsede
os seguintes conselheiros:
Coordenador:
Prof: André Murtinho Ribeiro Chaves
Secretário:
Prof: Hélder dos Santos de Oliveira
Tesoureira:
Prof.ª: Conceição Aparecida da Silva
Fazem parte do quadro de funcionários:
Auxiliar administrativa:
Farah Ibis Franco
Advogado
Dr. Hugo Leonardo Mendes Batalha.
Atendimento jurídico às sextas-feiras
com prévio agendamento.
A subsede está localizada na Rua Capitão
João Pocci, 233, Centro, Registro-SP
e funciona de segunda à sexta, das
8h30min às 17h30min. Os telefones para
contato são: (13) 3821-4571 e3821-3867
ou (13) 9702-3332.
Endereço eletrônico:
valeribeira@apeoespsub.org.br
Endereço eletrônico da coordenação:
apeoespvaleribeira@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/
apeoesp.valedoribeira
Twitter: https://twitter.com/
APEOESPVRibeira
Saiba sempre que o sindicato
é seu e é nele que unidos
nos fortalecemos. É com o
sindicato que podemos fazer
a luta diária para garantir não
somente os nossos direitos
como trabalhadores, mas como
educadores e cidadãos.
Sozinho, o problema é seu!
Juntos, somos fortes!
2 outubro / 2013
editorial
Análise PolíticaA municipalização do Ci-
clo I do Ensino Fundamental
concluindo-se nas escolas da
região, fato que desencadeou o
fechamento de grande número
de salas de aulas e até mesmo
de escolas. Diante disto, profes-
sores contactaram o sindicato,
preocupados com a possibilida-
de da centralização de vagas do
ensino noturno em poucas esco-
las, o que minimizaria a oferta
de aulas.
Lembramos que em algu-
mas unidades escolares, o fe-
chamento do período noturno já
ocorreu e existem rumores que
esta degradação se ampliará
em 2014. Como consequência,
docentes perderam a sua sede
de trabalho e muitos de nossos
alunos são obrigados a viajar
longas distâncias em condições
de segurança não apropriadas
e sem a alimentação necessária
para o período que envolve o
trajeto entre sua casa e o tem-
po de estudo, além disso há um
grande número de alunos que
desistem de concluir seus estu-
dos devido às situações tão ad-
versas. Não obstante a tais con-
dições, no Estado de São Paulo,
a municipalização do Ciclo II do
Ensino Fundamental avança.
Em uma análise sobre a
ideologia política do governo
do estado, verificamos que, na
lógica do neoliberalismo, o en-
xugamento da máquina estatal
passa pelo “Estado de Bem-
Estar Social”, ou seja, saúde,
educação e previdência. Partin-
do deste pressuposto, apesar da
conquista do movimento de gre-
ve para a realização do concurso
público, o que está evidenciada
é a relatada centralização e con-
sequente diminuição do número
de salas de aulas, principalmen-
te as do período noturno. Mais
mos passando por uma triste fase
da nossa trajetória na educação
paulista. Cada vez mais, profes-
sores descrentes abandonam a
profissão, não por incompetência,
mas por impotência.
Tivemos oportunidade de lu-
tar e impedir, mais uma vez, a re-
tirada de direitos durante a Greve
de Abril/Maio de 2013, entretan-
to, contraditoriamente, o panora-
ma político-educacional ceifou a
coragem e a vontade de lutar da
maioria dos professores da rede
estadual e novamente a vitória foi
protelada. Mesmo as aclamadas
conquistas, porém pequenas, dos
um agravante, é a possibilidade
de aumentar a carga horária
dos professores efetivos e está-
veis em regime de contratação
temporária. Isto é, aumentar o
número de professores em jor-
nadas extenuantes, deixar mais
desempregados entre os profes-
sores temporários a fim de dimi-
nuir os custos previdenciários e
o valor da folha de pagamento
dos funcionários da educação.
A contradição desta forma
de se pensar a política do fun-
cionalismo público está no fato
de que prejudica diretamente
o trabalhador docente, pois as
atuais condições de trabalho
denotam salas superlotadas,
falta de infraestrutura, recursos
didáticos escassos e ultrapas-
sados, com contratação precá-
ria e ilusória que atinge até 65
horas-aulas semanais, ou seja,
professores temporários ainda
não se concretizaram.
Felizmente, o histórico “Ju-
nho de 2013” reativou a ousa-
dia da mudança e a esperança
de reais conquistas para a nossa
classe. Mesmo porque muitos dos
integrantes do MPL (Movimento
Passe Livre), que alavancaram a
revolta nacional, eram professo-
res grevistas, tachados de Cate-
goria “O” pelo governo, e estavam
presentes nas nossas paralisa-
ções e assembléias nas ruas da
Capital, mesmo sob intenso assé-
dio moral da Secretaria de Edu-
cação do governo Alckmin.
A resistência destemida
dos manifestantes forçou os go-
vernantes a recuarem em seus
desmandos e abusos, ainda que
após muita agressão policial,
prisões covardes e perseguições
arbitrárias. Portanto, somente
com a luta persistente é que te-
remos verdadeiras vitórias para
os trabalhadores e para toda a
população.
Como diria outro célebre
Carlos, o Marighella, “a única
luta que se perde é aquela que
se abandona”.
APEOESP – Vale do
Ribeira
situações escravizantes que, in-
clusive, comprometem a saúde
do professor.
O resultado evidencia-se no
comprometimento da qualidade
do ensino. Ironicamente, o go-
verno que apresenta na mídia a
fantasiosa melhora na qualidade
do ensino, é o mesmo que na prá-
tica promove a desvalorização da
educação, como, por exemplo,
o valor ultrajante do salário do
professor. Pela formação acadê-
mica e pela responsabilidade do
trabalho dos professores e pro-
fessoras é justo e fundamental
uma boa condição de trabalho e
remuneração digna.
Prof. André Murtinho Ribei-
ro Chaves, Prof.ª Conceição
Aparecida da Silva,
Prof. Helder dos Santos de
Oliveira, Prof. Washington
Luís Quintilhano Barbosa de
Souza.
(...)
o neoliberal
sonha um admirável
mundo fixo
de argentários e multinacionais
terratenentes terrapotentes coronéis
políticos
milenaristas (cooptados) do perpétuo
status quo:
um mundo privé
palácio de cristal
à prova de balas:
bunker blau
durando para sempre - festa estática
(ainda que sustente sobre fictas
palafitas
e estas sobre uma lata de lixo)
(Haroldo de Campos, em Circum-Ióqui)
Poema:Ohinventalíngua
Após enquetes realiza-
das na internet e nas reu-
niões de representantes do
nosso sindicato, a APEO-
ESP - Vale do Ribeira reali-
zará uma Confraternização
da Semana do Professor
para lembrarmos o nosso
dia, o nosso mês.
No dia 12 de outubro
(sábado), a partir das 13h,
nos encontraremos no JAR-
DIM LAGEADO (CHÁCARA
DE MARIQUITA), localizado
no Bairro Lageado, no Km
09 da Rodovia Eldorado-
Jacupiranga.
Custo: a) Sócios, Côn-
juges e Filhos acima de 18
anos: R$ 20,00;
b) Não-sócios: R$
40,00; c) Crianças não pa-
gam. Confirme sua partici-
pação até 09/10
Churrasco do
Professor
3. 3outubro / 2013
JURÍDICO
Professores categoria “O”:
Férias + 1/3
APEOESP inicia Campanha
pela redução do número de
alunos por sala
Infelizmente, a violência
é uma triste realidade nas
escolas de todo o país. Amea-
ças e agressões físicas e ver-
bais a professores, diretores,
funcionários de escolas e en-
tre os próprios alunos, acon-
tecem diariamente nas es-
colas públicas, onde
deveriam prevalecer a cultu-
ra de paz e a formação de ci-
dadãos para uma socieda-
de mais justa e inclusiva.
A divulgação pela mí-
dia dos seguidos e graves ca-
sos de violência, ocorridos
nas escolas públicas, tem leva-
do a sociedade a dar maior aten-
ção a este problema, cuja in-
cidência é um dos fatores
As férias dos professo-
res, ao contrário das demais ca-
tegorias profissionais, são sempre
coletivas, fracionadas em dois
períodos e que devem coincidir
com o recesso escolar. No tocan-
te ao professor categoria “O”, o direi-
to às férias está previsto no artigo
12, II da Lei Complementar estadu-
al 1.093/09 que assegura o paga-
mento das férias depois de decorri-
dos 12 (doze) meses de efetivo exercí-
cio da função.
Em que pese essa lei não pre-
ver o recebimento do adicio-
nal de 1/3 de férias, o professor ca-
tegoria “O” faz o jus ao recebimen-
to do acréscimo de 1/3 tendo em vis-
ta se tratar de direto previs-
to na Constituição Federal.
Ocorre que o artigo 17 do
Decreto nº 54.682/09 assegura o
pagamento das férias somente aos
docentes que tiverem o contrato
rescindido após doze meses de con-
tratação: “o pagamento de férias,
acrescido de 1/3 (um terço), somen-
te quando decorridos 12 (doze) me-
ses de exercício da função, em cará-
ter indenizatório.”
Com o término do contrato
de trabalho, a Diretoria de Ensino
deve enviar o formulário de extin-
ção contratual à Secretaria Estadu-
al da Fazenda. O pagamento deve
ocorrer no mês subseqüente do re-
cebimento do formulário pela Fazen-
da.
Embora o decreto estabele-
ça que as férias somente serão in-
denizadas quando o professor
completar 12 meses de trabalho,
sob a perspectiva jurídica é cer-
to que o professor que não comple-
tou os 12 meses de trabalho
também tem direito ao recebimen-
to das férias, mas calculada de for-
ma proporcional aos meses trabalha-
dos.
Sobre esse assunto tramita
na Justiça uma ação coletiva da
APEOESP em que se postula justa-
mente o pagamento de férias pro-
porcionais aos professores categoria
“O”, entretanto, ainda não foi profe-
rida sentença.
Portanto, com fundamento no
art. 12, II, da Lei 1.093/09, os pro-
fessores Categoria “O” devem rece-
ber as férias após 12 meses de efe-
tivo exercício. Aqueles que não com-
pletaram 12 meses, após a extinção
do contrato, devem requerer o pa-
gamento das férias proporcionais +
1/3 junto a diretória regional de en-
sino e munidos com a resposta (in-
deferimento) devem procurar aten-
dimento jurídico na subsede.
Hugo Batalha
Advogado da APEOESP-Subsede do
Vale do Ribeira
APEOESP publica análise da pesquisa
sobre violência nas escolas
que, ao lado das precárias
condições de trabalho, cau-
sam o adoecimento, e conse-
quente afastamento para tra-
tamento de saúde, e o abando-
no das atividades docentes.
A violência escolar é tam-
bém um dos fatores agravan-
tes que interferem negativa-
mente na aprendizagem dos
nossos estudantes. A partir
de uma concepção pe-
dagógica, que pressu-
põe o papel central que
os professores ocu-
pam no processo en-
sino-aprendizagem e
a necessidade de que
lhes sejam assegu-
radas condições de
trabalho, a APEOESP lançou
o caderno “Análise da Pesqui-
sa Violência nas Escolas: O
Olhar dos Professores”. Em
primeiro momento, o cader-
no é resultado de uma pesqui-
sa feita entre os professores e re-
trata o ponto de vista destes
sobre a incidência da violência
dentro das escolas es-
taduais. Poste-
riormente, a
pesquisa abran-
gerá também o
“olhar” de estu-
dantes e pais ob-
jetivando encontrar
propostas que me-
lhorar atendam as
expectativas da co-
munidade escolar.
Definir o número de alunos pela
“ocupação calculada na razão do espa-
ço em m²”, o que pode chegar ao núme-
ro de 50 alunos, é desconsiderar que o
atendimento pedagógico se faz ao aluno
e não ao espaço. A UNESCO recomen-
da: “O número de alunos em sala de
aula dever ser reduzido em quantidade
tal que permita ao professor ocupar-se
pessoalmente de cada um.” Eventual-
mente, os alunos serão atendidos em
pequenos grupos ou individualmente
visando, por exemplo, o desenvolvimen-
to de atividades de recuperação.(...)”, tal
recomendação não é observada pela Se-
cretaria Estadual de Educação de São
Paulo, tornando nossa educação incom-
patível com um bom aprendizado.
Diante disso, A APEOESP-Vale
do Ribeira está iniciando uma campa-
nha para reduzir o número de estu-
dantes por classe melhorando a quali-
dade do processo ensino-aprendizagem.
Salas cheias de alunos impossibili-
tam o atendimento diferenciado às ne-
cessidades individuais, dificultam a
compreensão e a assimilação dos con-
teúdos, causam a evasão dos alu-
nos e, além disto, o professor gas-
ta muito mais energia para ministrar
a aula, prejudicando consideravelmen-
te a sua saúde, visto que salas superlo-
tadas aumentam o nível de ruído e geram
situações de conflitos, extremamen-
te incompatíveis com o exercício do ma-
gistério.
O governo propõe o professor
auxiliar (do aluno), com presen-
ça em apenas uma aula por sema-
na nas disciplinas de Português e
Matemática, como forma de ame-
nizar os sintomas de superlotação.
Porém, não são oferecidos momen-
tos coletivos de planejamento de au-
las e o professor auxiliar acaba sen-
do um número a mais presente na
sala de aula ou, quando opta por re-
tirar alguns dos alunos, que apresen-
tam defasagem de conhecimentos,
para trabalhar fora da sala, também
espera o professor para orientá-lo. Re-
centemente, mais uma das experiên-
cias do governo paulista está sendo im-
plantada: “o professor estagiário”, que
segundo o próprio governo, seria como
a residência médica.
Esquece, porém que diferente do
médico residente, que já concluiu o
bacharelado, o estagiário residente da
educação, acabou de sair do ensino
médio. Nesta experiência, aplica-se er-
roneamente o conceito de que, indepen-
dente da formação, qualquer um pode
ser classificado como professor.
A Campanha iniciada pelos pro-
fessores é pelas condições dignas de
trabalho, material didático atualizado
e disponível, ambientes educacionais
limpos, bem ventilados, valorização sa-
larial, e, principalmente, pelo aluno que
tem o direito de ser atendido em suas
necessidades individuais por profis-
sional devidamente licenciado e apto a
exercer o nobre trabalho da docência.
4. A luta dos Caiçaras pelo território
Dauro Marcos do Prado
Caiçara da Jureia
Presidente da União dos
Moradores da Jureia
Contra a ameaça de ex-
pulsão de seu território, os
moradores da Jureia tive-
ram que enfrentar, nos últi-
mos quarenta anos, investi-
das desde empreendimentos
imobiliários até usina nu-
clear.
A mais recente batalha,
que já dura pelo menos vinte
seis anos, é pela reclassifica-
ção de parte a Estação Ecoló-
gica Jureia-Itatins (E.E.J.I.)
que é, atualmente, uma
Unidade de Conservação de
Proteção Integral, para Uni-
dade de Conservação de Uso
Sustentável (UCUS) ou RDS.
O governo do Estado de São
Paulo passou a discutir o
projeto de alteração da lei
estadual somente no ano de
2004, quando foi pressiona-
do pelas comunidades e pelo
poder legislativo estadual.
No entanto, o Projeto de
lei aprovado pela Assembleia
Legislativa Estadual e sancio-
nado pelo governador Geraldo
Alckmin, em abril de 2013, a
fim de implantar um Mosaico
de Unidades de Conservação,
não respeitou as reivindicações
das comunidades, sobre uso e
permanência em seu territó-
rio, apresentadas nas audiên-
cias públicas e nem pelo grupo
de trabalho das Comunidades
Tradicionais, criado pela Co-
missão de Meio Ambiente da
ALESP.
Os caiçaras vivem na re-
gião da Jureia há pelo menos
oito gerações e possuem do-
cumentação de titularidade da
terra desde 1850. A criação
da Estação Ecológica Jureia-
Itatins, em 1986, efetivou um
processo violento e contínuo
de expulsão dos moradores
de seu território. No cadastro
do Governo do Estado de São
Paulo, feito alguns anos após a
criação da E.E.J.I., havia cerca
de 300 famílias entre caiçaras
e agricultores tradicionais, dis-
tribuídos em 22 comunidades.
A Jureia é um dos mais
importantes remanescentes
de Mata Atlântica do Estado
de São Paulo, o que evidencia
como o modo de vida e a forma
de uso dos recursos naturais
não só preservaram a região
como adensaram sua riqueza
biológica.
Devido à biodiversidade
local e a beleza das paisagens,
em uma área bastante próxi-
ma à capital, a região tornou-
se alvo de inúmeros interesses
externos. No final da década de
70 havia um projeto de cons-
trução de um condomínio re-
sidencial de luxo, encabeçado
pela incorporadora imobiliária
Gomes de Almeida, no qual se
previa a construção de residên-
cias para mais de 70 mil pes-
soas.
Em 1980, o governo fede-
ral cancelou o projeto imobiliá-
rio e passou a projetar a cons-
trução de uma usina nuclear.
Tanto o primeiro projeto quan-
to o segundo foram elaborados
à revelia da população local.
Ainda na década de 80, o mo-
vimento ambientalista paulista
passou a considerar a conser-
vação ecológica da Jureia como
uma de suas principais bandei-
ras. A pressão dos ambientalis-
tas sobre os governos federal e
estadual foi fundamental para
a criação da Estação Ecológica
em 1986. Com a eminência da
construção da usina nuclear
argumentavam junto aos mo-
radores que a Estação Ecológi-
ca era a única alternativa que
garantiria a permanência des-
sas comunidades no local.
Tal como nos dois pro-
jetos anteriores, a criação da
Estação Ecológica, além de ser
efetuada sem a participação da
população local, foi contra a
permanência das comunidades
caiçaras no território de origem
configurando uma mentira da-
quilo que foi prometido na cam-
panha ambientalista contra a
implantação da usina nuclear
na Jureia, resultando no iní-
cio de um processo crescente e
contínuo de injustiça social.
Este processo se intensi-
ficou nos anos seguintes, mo-
mento em que a participação
e direitos das comunidades fo-
ram desconsiderados pelo Go-
verno do Estado de São Paulo
e pelo movimento ambien-
talista. As atividades tradi-
cionais, como os roçados, a
caça e a pesca, tornaram-se
ilegais com a criação da Es-
tação Ecológica e, com isso,
foram proibidas.
A fiscalização dos ges-
tores e da polícia ambiental
constrangia os moradores,
pois os obrigavam a assinar
os termos de multa. Além
disso, os moradores tinham
suas casas invadidas pela
polícia ambiental e seus ins-
trumentos de plantio, caça e
pesca, bem como suas cano-
as, eram apreendidos.
Os caiçaras reagiram a
esse processo de violência,
desde o início, quando en-
tão formaram associações
comunitárias para lutar
pela permanência em seu
território, bem como, pela
preservação de sua cultura,
identidade, modo de vida e,
também, pelo retorno das
famílias que foram expulsas
pelo processo de expropria-
ção instaurado com a cria-
ção da Estação Ecológica.
4 outubro / 2013
Reconhecendo a impor-
tância da valorização das
nossas raízes culturais, a
subsede da APEOESP - Vale
Ribeira firmou parceria com
a Academia de Capoeira An-
gola Ilê Axé (ACAIA) de Mestre
Bigo. As aulas acontecem na
subsede: Rua Cel. Jeremias
Muniz Junior, 248, Centro,
Registro-SP nos seguintes
No dia 2 de maio, os pro-
fessores do Vale do Ribeira,
em greve, realizaram um Ato
Público, com posterior Cami-
nhada pela Defesa da Edu-
cação Pública de Qualidade,
denunciando as graves condi-
ções de trabalho enfrentadas
Após pressão do sindicato
e da sociedade, o governo pau-
lista anunciou concurso públi-
co para selecionar 59 mil novos
professores. Destes, estão pre-
vistas 20 mil admissões para
janeiro de 2014: a prova é espe-
rada para novembro deste ano.
Para contribuir com a pre-
paração dos professores can-
didatos, a APEOESP está ela-
borando apostilas específicas e
pedagógica, a preço de custo.
Professores interessados em ob-
ter as apostilas prepraratórias
poderão realizar a encomenda
na subsede da APEOESP – Vale
do Ribeira (13 38214571). Tam-
bém há previsão da realização
de cursos preparatórios e/ou
formação de grupos de estudos
caso haja demanda de professo-
res interessados. Faça anteci-
padamente a sua inscrição!
Capoeira Angola na
subsede do Vale do
Ribeira
Caminhada em defesa
da Educação Pública de
Qualidade
APEOESP
elabora apostilas
para concurso
público
dias e horários:
- Quintas-feiras e sába-
dos: das 9h às 10h30min
- Terças e quintas-feiras:
das 20h às 21h30min.
Os interessados em co-
nhecer a prática da Capoei-
ra Angola poderão entrar em
contato: (13) 98160-2591;
99154-8319, ou com a subse-
de (13) 3821-4571.
nas escolas públicas estadu-
ais e reivindicando a valori-
zação do trabalho docente. O
ato, contou com a presença
de professores das escolas
públicas estaduais da região
e com o apoio da população
registrense.