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Que tipo de professor quero ser?
Não é novidade que,de umaformaou de outra,o serhumanobusca alcançar o sucesso,a
realizaçãoprofissional.Logotudoo que nospropomosa realizarna vidaparte de um fator
chamadoMOTIVAÇÃO,poisé elaque nos impulsionae norteianossosobjetivos.
Na vidaprofissionalamotivaçãoé a molapropulsorada realizaçãodastarefasa nós confiadas.
Acordar de manhã,ministrarumaaula que lhe tomoua noite para serpreparada,pensarnas
expectativasdosalunosaolerotextoescolhido,asdiscussõeslevantadascomsuatemática,
podemcaracterizarcomo bonsmotivosounão,depende daformacomo queremosenxergar
isso,e mais,depende de onde desejamoschegarcomtudoisso.
Embora a motivaçãotambémtenhaa vercom questõesfinanceiras,comreconhecimentoe
prestígio,quandobuscamosalcançaro sucessotemosde pensarque essesfatoresnãosãoos
únicosque nosrealizamcomoprofissional e comopessoa.Estarbemconsigoe com a família,
partilharas experiênciasnoâmbitofamiliare conciliaressesfatoresé muitoimportante,já
que,por maisimparciaisque busquemosser,osprojetosdavidaprofissional e davidapessoal
se entrecruzame acabam sendocomplementaresentre si.
Quando falamos em ser professor temos de ter em vista que muitas dificuldades
aparecerão em nosso caminho: alunos desmotivados, indisciplina, má remuneração,
enfim, não faltam problemas para compor essa lista. E não precisamos que ninguém nos
diga isto, nossas próprias experiências em estágios, por exemplo, são suficientes para
vivenciarmos muito do que desafia esta profissão. Porém, se tivermos bem sólidos em
nós os motivos e principalmente os objetivos que nos levaram a escolher tal profissão,
essas dificuldades servirão como motores de novas oportunidades que, por sua vez, nos
levarão ao sucesso pretendido. E o mais importante: nos sentiremos realizados com o
que fazemos!
Pensando ainda nas dificuldades às quais nos referimos aqui, é preciso deixar bem claro
que o primeiro passo para tentar superá-las é aceitar o outro com todas as suas
limitações, vê-lo como alguém que tem capacidade, que precisa de uma chance, que
também tem problemas pessoais, que é membro de uma sociedade heterogênea, que
sabe, e sabe muito! Além disso, todo o interesse demonstrado fará com que o outro
tenha mais vontade de crescer, de se superar, de perceber que pode ir mais longe.
É preciso deixar claro que a formação de um educador deve ser plena, pois a
aprendizagem de conteúdos é inútil se o indivíduo não obtiver formação plena. Valores,
ética, respeito, compromisso, solidariedade, também devem ser ensinados porque fazem
parte da formação cidadã do aluno. E lá fora, quando o mercado de trabalho ou questões
familiares exigir desse aluno uma posição, um perfil de pessoa, uma decisão é dessa
formação que lançará mão.
Lembro-me de minha saudosa professora de matemática do primeiro ano do ensino
médio que me ensinou uma das lições mais importantes da vida e que, embora não haja
resquícios daquelas fórmulas todas em minha mente aprendi que “devemos acreditar nas
pessoas até que elas mesmas nos provem o contrário”! Pronto! Esta professora
conseguiu deixar o seu legado!
Todas as questões aqui expostas servem para refletirmos o perfil de profissional que
queremos ser. Aquele que busca sucesso, mas que só o entende enquanto realização
profissional? Aquele que só ensina conteúdos escolares, mas não pessoais? Aquele que
vê o ensino como uma oportunidade de ser a diferença na vida do outro?
Enfim... Ainda que sejamos professores que têm em vista um ensino funcionalista que
busquemos as metodologias mais inovadoras, as teorias mais atuais, os recursos
didáticos mais modernos tudo isso não valerá a pena se a formação plena a que nos
referimos anteriormente não for priorizada. Só seremos bons professores se o que nos
motivar for à paixão pela docência. Se não houver amor pela docência, caia fora! Nem
você, nem os seus alunos merecem isto!
Temos de fazer o melhor que pudermos.
Essa é a nossa sagrada responsabilidade humana” (Albert Einstein).
– Professor, o que vamos fazer hoje?
Ainda entrava na sala quando fui surpreendido pela pergunta da pequena aluna com olhar
carregado de expectativa. Sim, seus olhos brilhavam. Fitei-a e sua sede pelo saber tocou-
me profundamente. Pensei no tema da aula e refleti: “Será que o que preparei atenderá
seus desejos?”. Se respondesse exatamente o plano de aula que havia elaborado,
certamente iria frustrar seu encanto. Disse-lhe então:
– Hoje iremos fazer uma viagem.
E ela respondeu:
– Oba! – e retornou para o seu lugar.
Perguntas como essa são frequentes quando os alunos sonham e desejam algo mais.
Verdade, eles querem ir além do que está estabelecido.
– Professor, conte-nos uma história – pede um deles.
– E hoje, vamos fazer uma atividade bem legal, uma dinâmica – intercede outro.
Os profissionais da educação esforçam-se na elaboração dos programas de aula com uma
diversidade de conteúdos, estratégias, atividades. E realmente isso se faz necessário. Mas
é necessário também que o ato de educar esteja repleto de sentimentos. A relação do
educador com seus educandos deve estar recheada de acolhida, companheirismo e afeto.
As diversas informações, as inúmeras experiências e todo o conjunto de conhecimento
adquirido só terão sentido se a presença e o ofício do educador estiverem pautados no
afeto. “Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear
internamente as coisas”, dizia Santo Inácio de Loyola.
A palavra “afeto”, segundo o dicionário, expressa o sentimento de carinho e amor. “E
ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor,
nada seria” (1Cor 13,2). Em toda e qualquer profissão é preciso que haja amor, mas, em
educação, esse sentimento chega antes e permanece.
O Mestre Jesus Cristo, grande e autêntico educador, vivenciava sua afetividade na relação
com todos, especialmente os mais necessitados, aqueles que se apresentavam com fome
e sede de vida. Demonstrar – e ter – afeto é arriscar um pouco mais. É se aproximar, tocar,
envolver e ser envolvido, contagiar. Olhar o outro na sua inteireza. Estender a mão.
Acolher no coração. Diante da mulher pecadora, antes de expressar-se verbalmente, Jesus
manifesta seu afeto. Mesmo aqueles que desejavam incriminá-lo, usando a mulher como
alternativa, Ele os fez refletir: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. E ali,
sentado no chão, ao lado daquela que nem ousa levantar a cabeça, Jesus se compadece.
Desce e experimenta a dor e o peso que ela carrega. Tomando-a pela mão, olha a sua
alma. Perdoa-a antes de perguntar: “Ninguém te condenou?”. “Não, Senhor”, disse ela.
“Nem eu posso”. E com um abraço afetuoso, ela se renova, se transforma e acredita na
vida nova. Deixará para trás as sombras. O encontro de afeto com o Mestre a resgatou
para a vida plena.
A pedagogia do afeto não é novidade. Ensinar com amor é característico dos grandes
homens e mulheres, dos santos, dos anônimos, dos mais simples. Educar requer afeto,
presença, compaixão. O educador que se abaixa, desce de seu púlpito, vai ao encontro,
fica no mesmo nível do seu pequeno discípulo, olha com o coração, estende a mão, está
preparado para semear a esperança e a vida. E certamente colherá a felicidade ao ver o
amadurecimento dos seus educandos.
Que professor, ao andar pela rua, não ouviu sequer uma vez: “Professor, professor!”?
Paramos para descobrir quem nos chama. E lá vem nosso antigo aluno com um brilho nos
olhos e um sorriso mais lindo. Feliz por nos reencontrar depois de um longo período. Às
vezes nem lembramos seu nome. Mas nesse momento somos invadidos por uma sensação
de bem-estar, de gratidão. De certa forma marcamos a vida desse aluno. E com certeza
não foram os conteúdos abordados, mas sim o modo pelo qual os abordamos: a maneira
de testemunhar a nossa missão; a acolhida, o incentivo, o sorriso; nosso jeito de ser… Foi
o afeto que fez toda a diferença.
“O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados
sobre sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta:
‘Sou um pastor da alegria…’ Mas, é claro, somente os seus alunos poderão atestar da
verdade da sua declaração…” (Rubem Alves).
Educar é estar em contato. Educar com afeto é estar junto, lado a lado. Mãos que se olham.
Olhos que se tocam.

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O que quero ser como professor: um educador com afeto

  • 1. Que tipo de professor quero ser? Não é novidade que,de umaformaou de outra,o serhumanobusca alcançar o sucesso,a realizaçãoprofissional.Logotudoo que nospropomosa realizarna vidaparte de um fator chamadoMOTIVAÇÃO,poisé elaque nos impulsionae norteianossosobjetivos. Na vidaprofissionalamotivaçãoé a molapropulsorada realizaçãodastarefasa nós confiadas. Acordar de manhã,ministrarumaaula que lhe tomoua noite para serpreparada,pensarnas expectativasdosalunosaolerotextoescolhido,asdiscussõeslevantadascomsuatemática, podemcaracterizarcomo bonsmotivosounão,depende daformacomo queremosenxergar isso,e mais,depende de onde desejamoschegarcomtudoisso. Embora a motivaçãotambémtenhaa vercom questõesfinanceiras,comreconhecimentoe prestígio,quandobuscamosalcançaro sucessotemosde pensarque essesfatoresnãosãoos únicosque nosrealizamcomoprofissional e comopessoa.Estarbemconsigoe com a família, partilharas experiênciasnoâmbitofamiliare conciliaressesfatoresé muitoimportante,já que,por maisimparciaisque busquemosser,osprojetosdavidaprofissional e davidapessoal se entrecruzame acabam sendocomplementaresentre si. Quando falamos em ser professor temos de ter em vista que muitas dificuldades aparecerão em nosso caminho: alunos desmotivados, indisciplina, má remuneração, enfim, não faltam problemas para compor essa lista. E não precisamos que ninguém nos diga isto, nossas próprias experiências em estágios, por exemplo, são suficientes para vivenciarmos muito do que desafia esta profissão. Porém, se tivermos bem sólidos em nós os motivos e principalmente os objetivos que nos levaram a escolher tal profissão, essas dificuldades servirão como motores de novas oportunidades que, por sua vez, nos levarão ao sucesso pretendido. E o mais importante: nos sentiremos realizados com o que fazemos! Pensando ainda nas dificuldades às quais nos referimos aqui, é preciso deixar bem claro que o primeiro passo para tentar superá-las é aceitar o outro com todas as suas
  • 2. limitações, vê-lo como alguém que tem capacidade, que precisa de uma chance, que também tem problemas pessoais, que é membro de uma sociedade heterogênea, que sabe, e sabe muito! Além disso, todo o interesse demonstrado fará com que o outro tenha mais vontade de crescer, de se superar, de perceber que pode ir mais longe. É preciso deixar claro que a formação de um educador deve ser plena, pois a aprendizagem de conteúdos é inútil se o indivíduo não obtiver formação plena. Valores, ética, respeito, compromisso, solidariedade, também devem ser ensinados porque fazem parte da formação cidadã do aluno. E lá fora, quando o mercado de trabalho ou questões familiares exigir desse aluno uma posição, um perfil de pessoa, uma decisão é dessa formação que lançará mão. Lembro-me de minha saudosa professora de matemática do primeiro ano do ensino médio que me ensinou uma das lições mais importantes da vida e que, embora não haja resquícios daquelas fórmulas todas em minha mente aprendi que “devemos acreditar nas pessoas até que elas mesmas nos provem o contrário”! Pronto! Esta professora conseguiu deixar o seu legado! Todas as questões aqui expostas servem para refletirmos o perfil de profissional que queremos ser. Aquele que busca sucesso, mas que só o entende enquanto realização profissional? Aquele que só ensina conteúdos escolares, mas não pessoais? Aquele que vê o ensino como uma oportunidade de ser a diferença na vida do outro? Enfim... Ainda que sejamos professores que têm em vista um ensino funcionalista que busquemos as metodologias mais inovadoras, as teorias mais atuais, os recursos didáticos mais modernos tudo isso não valerá a pena se a formação plena a que nos referimos anteriormente não for priorizada. Só seremos bons professores se o que nos motivar for à paixão pela docência. Se não houver amor pela docência, caia fora! Nem você, nem os seus alunos merecem isto!
  • 3. Temos de fazer o melhor que pudermos. Essa é a nossa sagrada responsabilidade humana” (Albert Einstein). – Professor, o que vamos fazer hoje? Ainda entrava na sala quando fui surpreendido pela pergunta da pequena aluna com olhar carregado de expectativa. Sim, seus olhos brilhavam. Fitei-a e sua sede pelo saber tocou- me profundamente. Pensei no tema da aula e refleti: “Será que o que preparei atenderá seus desejos?”. Se respondesse exatamente o plano de aula que havia elaborado, certamente iria frustrar seu encanto. Disse-lhe então: – Hoje iremos fazer uma viagem. E ela respondeu: – Oba! – e retornou para o seu lugar. Perguntas como essa são frequentes quando os alunos sonham e desejam algo mais. Verdade, eles querem ir além do que está estabelecido. – Professor, conte-nos uma história – pede um deles. – E hoje, vamos fazer uma atividade bem legal, uma dinâmica – intercede outro. Os profissionais da educação esforçam-se na elaboração dos programas de aula com uma diversidade de conteúdos, estratégias, atividades. E realmente isso se faz necessário. Mas é necessário também que o ato de educar esteja repleto de sentimentos. A relação do educador com seus educandos deve estar recheada de acolhida, companheirismo e afeto. As diversas informações, as inúmeras experiências e todo o conjunto de conhecimento adquirido só terão sentido se a presença e o ofício do educador estiverem pautados no afeto. “Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear internamente as coisas”, dizia Santo Inácio de Loyola. A palavra “afeto”, segundo o dicionário, expressa o sentimento de carinho e amor. “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria” (1Cor 13,2). Em toda e qualquer profissão é preciso que haja amor, mas, em educação, esse sentimento chega antes e permanece. O Mestre Jesus Cristo, grande e autêntico educador, vivenciava sua afetividade na relação com todos, especialmente os mais necessitados, aqueles que se apresentavam com fome e sede de vida. Demonstrar – e ter – afeto é arriscar um pouco mais. É se aproximar, tocar, envolver e ser envolvido, contagiar. Olhar o outro na sua inteireza. Estender a mão. Acolher no coração. Diante da mulher pecadora, antes de expressar-se verbalmente, Jesus
  • 4. manifesta seu afeto. Mesmo aqueles que desejavam incriminá-lo, usando a mulher como alternativa, Ele os fez refletir: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. E ali, sentado no chão, ao lado daquela que nem ousa levantar a cabeça, Jesus se compadece. Desce e experimenta a dor e o peso que ela carrega. Tomando-a pela mão, olha a sua alma. Perdoa-a antes de perguntar: “Ninguém te condenou?”. “Não, Senhor”, disse ela. “Nem eu posso”. E com um abraço afetuoso, ela se renova, se transforma e acredita na vida nova. Deixará para trás as sombras. O encontro de afeto com o Mestre a resgatou para a vida plena. A pedagogia do afeto não é novidade. Ensinar com amor é característico dos grandes homens e mulheres, dos santos, dos anônimos, dos mais simples. Educar requer afeto, presença, compaixão. O educador que se abaixa, desce de seu púlpito, vai ao encontro, fica no mesmo nível do seu pequeno discípulo, olha com o coração, estende a mão, está preparado para semear a esperança e a vida. E certamente colherá a felicidade ao ver o amadurecimento dos seus educandos. Que professor, ao andar pela rua, não ouviu sequer uma vez: “Professor, professor!”? Paramos para descobrir quem nos chama. E lá vem nosso antigo aluno com um brilho nos olhos e um sorriso mais lindo. Feliz por nos reencontrar depois de um longo período. Às vezes nem lembramos seu nome. Mas nesse momento somos invadidos por uma sensação de bem-estar, de gratidão. De certa forma marcamos a vida desse aluno. E com certeza não foram os conteúdos abordados, mas sim o modo pelo qual os abordamos: a maneira de testemunhar a nossa missão; a acolhida, o incentivo, o sorriso; nosso jeito de ser… Foi o afeto que fez toda a diferença. “O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados sobre sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: ‘Sou um pastor da alegria…’ Mas, é claro, somente os seus alunos poderão atestar da verdade da sua declaração…” (Rubem Alves). Educar é estar em contato. Educar com afeto é estar junto, lado a lado. Mãos que se olham. Olhos que se tocam.