PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Pelos Bigodões - edição 2
1. PELOS BIGODÕES
Número 02 – fevereiro/2015 by Sebo Gregos e Troianos – casa de leituras e Sala @escrevendo
Em março, nossa 1ª liquidação
TUDO com 20, 30 ou 40% de desconto
De cada 3 produtos comprados, 1 é de graça
Tudo parcelado no cartão
Várias outras promoções
Facilidades nem sempre cumulativas
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222222
2222222
2 2 22222
O Palhaço
Daniel Almeida
pág. 2
O Palhaço
Daniel Almeida
Duas rodas
e cidadania
pág. 3
Aulas de Latim
e Redação
pág. 6
pág. 7
Curso de
História da Filosofia
Poetas e
Poesias
pág. 4
Conheça o sebo
Gregos e Troianos
pág. 9
Tempos Cruéis,
por Rodrigo Prado
pág. 10
Paradoxo,
por Pedro Miller
pág. 11
Humanidade: um resumo,
por Prof. Luciano
pág. 12
Presença, Contato
e Virtualidade,
por Júlia Dile
pág. 12
Gregos e Troianos
- casa de leituras -
2. Editorial
Número 02 – fevereiro/2015 Página 2
“Dá para ganhar algum dinheirinho?” é a pergunta
mais frequente sobre o fato de eu estar atuando como
palhaço pelas ruas. Às vezes, digo o que ganho. São
dezenas de sorrisos, um bocado de gargalhadas, centenas
de olhares, diversos pontos de vista e como benefício
tenho a possibilidade de exercer meu ofício com alguma
rotina. Recebo também críticas e elogios dos mais
diversos. Além disso, ganho meu dinheirinho sim, senhor.
Dinheiro livre de impostos que parece não existir porque
ninguém o calcula nas despesas ou investimentos
financeiros e que provém de uma troca de atitudes entre
pessoas generosas. Assim, estou sempre no lucro.
O local mais comum de atuação dos palhaços sempre
foi a rua. Esses cômicos vão ao encontro do público e só
acontecem na relação com o outro. Pode-se dizer que o
palhaço é um acontecimento. Não dá para se ensaiar
palhaçadas sozinho. Ou melhor, as falas, o enredo, a
narrativa, até se consegue, mas o momento no qual
acontece a “magia” do palhaço, não. Só neste momento é
que existe o palhaço. É possível deixar tudo o que foi
ensaiado de lado para se aproveitar este instante ao
máximo. Para se rir das palhaçadas é preciso olhar no olho
do artista e cabe a este capturar e manter o olhar do outro
sobre si. Basta uma olhadela distraída e o fio condutor que
leva ao encantamento é rompido. Este é apenas um dos
motivos para o ofício exigir muitos anos de prática e
dedicação. O iniciante é impelido à praça pública a fim de
acumular o máximo possível destes momentos mágicos.
Isto, depois de algum tempo, pode o levar a realizar
viagens mambembes para conhecer outras culturas e
costumes, aprendendo, destas formas, como adaptar os
números e piadas para cada situação ou lugar.
Quando se fala de quem faz arte na rua é impossível
generalizar qualquer tipo de discurso. Artista de rua não é
“tudo farinha do mesmo saco”. Escrevo a partir de
vivências pessoais nos espaços públicos, em Resende e
outras cidades, e de encontros que tive com pessoas de
diversos tipos durante algumas viagens. Iniciei meus
estudos de palhaço há quase seis anos e ainda estou
engatinhando nesta arte. Primeiro participei de workshops
oferecidos pela Oka Cultural Timburibá e CasAzul- Artes
Práticas, entre os anos de 2009 e 2012. Daí, fiquei
experenciando por Resende por dois anos,
aproximadamente, até partir para as primeiras viagens. No
princípio por aqui mesmo na região e em seguida pelo Rio
de Janeiro e São Paulo. Foi então que aconteceu algo que
me pôs mais a fundo, de cabeça mesmo, nesse lance de
palhaço. Fui visitar uma amiga de infância em Lima, Peru.
Juntei meu dinheirinho e comprei a passagem de ida e
volta. Quando cheguei lá, fiquei impressionado com a
quantidade de jovens fazendo arte na rua e nos semáforos
e percorrendo a América Latina dessa maneira. Percebi
como a língua e a cultura separam o Brasil do resto do
continente. Vir para o Brasil era considerada uma viagem à
parte por estes jovens artistas, enquanto atravessar as
demais fronteiras dos países com língua e colonização em
comum, era bem mais normal. Mas, empolgado com meus
treinos nas capitais brasileiras quis ver como me saía por
lá. O resultado foi tão bom que não quis mais voltar de
avião e decidi retornar em uma viagem mambembe por
terra. Foi uma jornada que durou nove meses por cidades
que conheci e em que me apresentei, desde a costa e deserto
peruanos até as cordilheiras e vales sagrados de Cuzco e
Machu Pichu. Voltei pela Bolívia, atravessando o lago
Titicaca, descendo a Cordilheira do Andes rumo à selva
boliviana e entrando no Brasil pelo Mato Grosso do Sul.
Passei por Resende no final de 2013 e logo em seguida fui
para a Bahia, onde conheci parte do sertão sudoeste,
chapada e litoral sul baianos e passei a maior parte de
2014. Todos os percursos, as estadias, a alimentação,
foram custeados com o que recebia no chapéu. Palhaceei
em áreas nobres e periferias e conheci o modo de vida
popular destas localidades. Os planos para 2015 são
continuar com os cursos, viagens e apresentações. Ter
escolhido o espaço público para desenvolver meu trabalho
me trouxe mais liberdade.
A condição de artista nômade pode ser considerada
um estilo de vida. Através deste nomadismo busco,
essencialmente, o aperfeiçoamento das técnicas, a
aquisição de mais conhecimentos, saciar a vontade de
expandir os próprios limites, conhecer novos lugares e
entrar em contato com outros tipos de gente. É também
uma insurreição contra os valores capitalistas, explorando
as brechas deste sistema, verificando suas fragilidades,
vivenciando e apostando em outras possibilidades de
existência. É compreensível a pergunta mais recorrente ser
algo do tipo “quanto você ganha?”. Com o que mais a
maioria da população poderia especular se vale a pena
viver desta maneira? Estou aprendendo a ser. Sem dúvida,
o aprendizado para a vida pode ser ampliado e
intensificado com esse tipo de empresa. Na estrada
vivencia-se um devir constante e se estabelecem sempre
novas referências. É uma grande responsabilidade não se
perder entre os perigos e facilidades destes caminhos. É
necessária uma grande dose de consciência para não
perder o próprio rumo e a dimensão de uma conduta ética.
Muitas vezes sou a única testemunha de meus erros e
acertos. Sou visto como forasteiro, vagabundo, artista,
contador de histórias de outros lugares. Vou amadurecendo
dentro deste caldeirão de gente que é a praça pública e
amplio minha percepção da humanidade. Vou andando pelo
mundo sendo um palhaço, fazendo os outros rirem através
do ridículo, do sarcasmo, de uma ironia, um duplo sentido
ou uma excentricidade. O resto é consequência.
Chegamos ao nº 2. A acolhida do nosso
primeiro número foi bastante acima das
expectativas. Agradecemos a todos os que nos
apoiaram. Mesmo! Muito! De verdade! Nesta
edição temos algumas novidades. Uma seção de
poesias, vários colaboradores, crônica, artigo de
Psicologia, a história de um Palhaço,
Culinária...
Apresentamos nossa primeira parceria
de conteúdo e financiamento: a Cicle Dois
Irmãos. Agradecemos ao empresário Ulisses
Lemos. Sejam bem-vindos.
Outro efeito desta acolhida é o
encorajamento para o projeto que busca
oferecer, gratuitamente, aulas de Redação
Dissertativa para alunas/alunos da escola
pública.
Essas conquistas custam, espaço e
dinheiro. Por isso passamos para 12 páginas e
nos abrimos para mais participações e
colaborações. Principalmente parcerias.
O que esperamos para o nº 3? Do que
tivemos para esta edição, mais e melhor. Até lá!
Custo total das duas edições: R$ 1.490,00
[gráfica R$ 1.210 / transporte R$ 250 / administração R$ 30]
Verbas recebidas: R$ 320,00
A diferença de R$ 1.170,00 foi coberta pelas duas instituições que nos dão suporte.
Parte dos anúncios é de cortesia, por simpatias, agradecimento ou parcerias de várias naturezas.
A distribuição das verbas que chegam e das que saem está à disposição de curiosos de
qualquer natureza: basta contatar-nos. Reafirmamos nosso compromisso de que ela busca o
equilíbrio necessário para cobrir os custos de produção e apoiar os projetos anunciados.
Não mais.
Diagramação amadora: voluntário João Pedro Gonçalves da Silva, ao qual agradecemos
Expediente
RELATO DE UM PALHAÇO DO SINAL
Daniel Almeida,
palhaço,
artista visual,
agitador cultural.
Parceiros de conteúdo
e financiamento
3. Número Página 302 – fevereiro/2015
Duas rodas e cidadania
DIFERENCIE CICLOVIA, CICLOFAIXA,
CICLORROTA E CICLOVIA OPERACIONAL
É um espaço segregado para fluxo de bicicletas.
Isso significa que há uma separação física isolando
os ciclistas dos demais veículos. A maioria das
ciclovias de orla de praia são exemplos de vias
segregadas.
Essa separação pode ser através de mureta,
meio fio, grade, blocos de concreto ou outro tipo
de isolamento fixo. A ciclovia é indicada para
avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista
do tráfego rápido e intenso.
CICLOVIA
CICLOFAIXA
É quando há apenas uma faixa pintada no chão,
sem separação física de qualquer tipo (inclusive
cones ou cavaletes). Pode haver “olhos de gato” ou
no máximo os tachões do tipo “tartaruga”, como os
que separam as faixas de ônibus.
Indicada para vias onde o trânsito motorizado é
menos veloz, é muito mais barata que a ciclovia,
pois utiliza a estrutura viária existente.
De uso mais recente, o termo ciclorrota significa
um caminho, sinalizado ou não, que represente a
rota recomendada para o ciclista chegar onde
deseja. Representa efetivamente um trajeto, não
uma faixa da via ou um trecho segregado, embora
parte ou toda a rota possa passar por ciclofaixas e
ciclovias.
CICLORROTA
Faixa exclusiva instalada temporariamente e
operada por agentes de trânsito durante eventos,
isolada do tráfego dos demais veículos por
elementos canalizadores removíveis, como cones,
cavaletes, grades móveis, fitas, etc.
As Ciclofaixas de Lazer, montadas aos domingos
em várias cidades, são tecnicamente ciclovias
operacionais, já que são temporárias e têm sua
estrutura removida após o término do evento
semanal.
Fonte http://vadebike.org/
CICLOVIA OPERACIONAL
Podemos aprender com a “História das ciclovias holandesas”
Fala-se muito na Holanda
como exemplo da civilidade a que
deveríamos almejar. Sim, como é
comum em todo o norte da
Europa. A presença das bicicletas
no cotidiano, e o como a
urbanização a respeita e, ao
mesmo tempo, se aproveita dela
são de dar inveja.
O que poucos sabem é
que essa realidade só começou a
ser construída como resposta a
uma enorme crise.
O jovem JONI HOPPEN
postou um vídeo no Youtube
(localize-o pelas aspas do título
desta nota) explicando que a partir
do pós-guerra até os anos 70 a
Holanda enriqueceu muito. A
população buscou consumir e,
nesse processo, as vendas de
automóveis dispararam, tomando
espaço das ciclovias que, sim, já
existiam, mas nem de perto com a
eficiência de hoje: não eram
conectadas, por exemplo. A
preferência nunca tinha sido delas.
Só no ano de 1971, 3.300 ciclistas
foram mortos no trânsito; destes,
mais de 400 eram crianças e
jovens de até 14 anos.
A população protestou. O
contexto colocava outra questão: a
partir de 1973 o preço do petróleo
disparou. A partir de então,
políticas várias foram criadas,
como a proibição do uso dos
carros aos domingos e a sua
exclusão do centro das cidades. A
população apoiou e exigiu mais,
até que chegamos à realidade
atual, em que a Holanda tem o
maior índice de ciclistas por
habitantes do mundo. E é um dos
países mais seguros para se
andar de bicicleta.
O nosso desafio, como já
tratamos no número anterior, é
promover as transformações a
partir da percepção de que sim,
estamos em crise. Nas grandes
cidades o trânsito já é mais lento,
em vários trechos/horários, do que
eram as carruagens do Velho
Oeste norte-americano.
Acrescenta-se a isto os limites de
sustentabilidade já ultrapassados.
São Paulo, com o prefeito
Haddad tem sido de uma ousadia
que merece atenção de todo o
país. E nossa Resende também
tem se destacado,
proporcionalmente, com a mesma
ousadia.
É pouco, mas precisamos
reconhecer que nossos
administradores não têm tido
aquele que talvez tenha sido o
maior incentivo com o qual os da
Holanda contaram: a apoio claro,
efetivo, explícito e decisivo da
população. Haddad tem
enfrentado oposição que beira a
ignorância, e em Resende a
resistência de parte significativa
dos comercianes da Cel. Mendes
(Manejo) só pode ser explicada
pela dificuldade de se pensar um
pouco além dos interesses
particulares e imediatos.
‘‘Construaoscaminhoseosciclistasvirão”
Vocêtemumahistórialegalcomasuabike?
Compartilhe,mandeparanós.
ALVÍSSARAS!
A CICLE DOIS IRMÃOS é a primeira parceria do
PELOS BIGODÕES na produção de conteúdo e no
financiamento do espaço.
É por reconhecê-los como especialistas no assunto
que vamos consultá-los, a partir do próximo número,
quanto ao que publicarmos sobre bicicleta, ciclismo,
mobilidade urbana e tudo que tenha a ver com o
exercício da cidadania sobre duas rodas.
4. Número 02 – fevereiro/2015 Página 4
Pelos bigodes do poeta
Por sugestão da Susana, o espaço que
dedicamos a partir deste número à poesia fica
batizado assim. Pedimos a ela uma pequena
identificação, para dar o devido crédito à
colaboração. Ela se identificou como “Susana
Monteiro, cliente da Gregos & Troianos e leitora
do Pelos Bigodões =)”. Para combinar com o
espírito da página, o “interessado” Hélder
Câmara completou: “Eu diria também que ela é
uma estudiosa da beleza, em todos os âmbitos,
desde quando olha no espelho até quando
cursa Belas Artes na
Rural...mas aí é o
meu olhar apaixonado.rs”
Ah!, o amor!
E estão todos convidados a ver aqui
publicadas as suas ousadias em versos e
estrofes. É só entrar em contato (pelo e-mail no
expediente).
Uma provocação do poeta que inspirou
o título deste informativo cultural: Paulo
Leminski
+
Aviso aos náufragos
Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.
Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não e assim que é a vida?
Ineifran Varão nasceu no Maranhão.
Mudou-se para o Rio de Janeiro na passagem
da adolescência para a vida adulta. Há cinco
anos escolheu
Resende como sua nova casa. A
carreira tecnológica não estancou sua veia
poética, para gáudio dos amantes da
literatura. Formado também em inglês, é
professor, intérprete, poeta e escritor.
Conheça sua obra e seus livros nestes
dois links:
http://www.ineifran.net/
http://ineifran.blogspot.com.b
BUCOLISMO COM PROGRESSO (soneto
clássico)
Bucólica cidade, calma e bela,
Ao pé da Mantiqueira ela nasceu!
Do tempo traz histórias que viveu,
Conversas na varanda... Na janela...
Bucólica cidade, que inda zela
Por coisas que seu povo ali aprendeu!
Quem é daquele tempo lembra dela,
Em coisas que a memória não esqueceu...
Gigante que o progresso alavanca,
Desponta, qual Detroit do Brasil,
Na mídia, nos jornais, em cada banca,
Assusta ao resendense ainda gentil,
Que abraça ao forasteiro, sem carranca,
E, aos poucos, vai mudando o seu perfil!
PERNILOUCO
A luz encanta e atrai
Atrai para trair
Traído pelo calor
Morreu tostado
O pernilongo que jura:
Morreu de amor
Luciano Gonçalves, quando jovem, tentou cometer
uns versos. A idade explica. Mas eis que um dia leu LEMINSKI, e
seus olhos pingavam entre um conjunto de poesias (sic) e outro.
As suas e as deles. E então prometeu que nunca mais tentaria
escrevê-las. E para o bem da humanidade, rasgou seus
rascunhos. E se sentiu melhor. Mas uma escapou. Mas avisa
para que fiquemos todos tranqüilos: não haverá outras.
PASTORAL
À sombra do bambuzal,
O boi nelore rumina seu espírito.
O bambuzal é à flor da pele:
Impossível a imobilidade,
Mesmo com esse mormaço,
Mesmo com essas três horas da tarde.
Ao pé dele, a estradinha faz uma curva e segue
Tateando sensualidade.
Dois coelhos e um sabiá
(mínima, semínima, colcheia).
Pousam nos fios cambados que,
Em contraponto,
Seguem a melodia da estrada.
Graves, estendendo contida tensão por sobre tudo,
Os grossos fios federais jogam o som
Dos violoncelos por entre os braços dos gigantes.
O motor da moto no lugar da percussão
Do casco da mula é só
Uma dissonância.
O que desafina é a câmara branca,
Ladrilhada,
Que espera,
Em série,
O boi nelore.
Na Companhia do Minotauro
Xs garotxs perdidxs são de hábitos estranhos.
Se prostituem,
Se drogam,
Picham as cidades, invadem lugares
Abandonados, cometem crimes e arte
Praticam imposturas morais
Sem culpa, estão apegadxs à sua inocência.
Embaixo da ponte, dependuradxs de ponta cabeça,
abraçadxs em fraternidade, ensaiam seu coro.
A musica está marcada para depois da meia noite.
Então, outras vozes falaram.
Só os anjos caem.
Não há luz sem fogo para xs garotxs perdidxs,
iluminadxs pelas chagas de seus corpos, vivem de
corromper o mundo via a promiscuidade dos sentidos.
Com sentimentos avessos as purezas, sua felicidade
está sempre na rua ao lado ou na próxima esquina
do lugar onde vendem a ordinariedade de
suas pessoas.
Não cabem nas palavras, tremendxs!
Conheço na rua uma velha perdida desde criança
neste mesmo labirinto.
Ela responde as perguntas dos espíritos que
me acompanham.
Eles sabem que o caminho é sem caminho. Ousaram
extrapolar sua moldura, manchar os passos com
cores inventadas. Querem acrescentar sua
loucura ao mundo.
São a loucura do mundo.
São o caos.
Amam o caos.
São o caos, e a primavera, e o inverno,
o caos, caos, três vezes o caos!
São pela destruição fulminante,
Em nada lhes convém as ruínas desmoronadas.
Aprenderam a viver sobre os escombros.
São assim.
Não como os vejo.
O leitor deve escolher o gênero.
Gustavo Praça é uma referência na cultura da
nossa região. Li e indico seus livros, e o
retorno tem sido ótimo. Seu jornal O PONTE
VELHA há vinte anos narra, descreve e
disserta sobre a nossa comunidade. Com
propriedade. Um encarte por
aproximadamente um ano foi um ensaio para
que depois o PELOS BIGODÕES ganhasse
vida.
O poema que nos mandou é, para nós, como
uma benção.
Obrigado, Gustavo Praça!
Você não conhece o
Daniel Almeida?
Então dê uma palhaçada
na página 2
5. Número Página 502 – fevereiro/2015
O livro A Formiga e a baleia, escrito
por Gustavo Rela e Enia Mara de Carvalho,
ilustrado também por Gustavo Rela, traz
uma narrativa simples e leve, e ilustrações
alegres e divertidas, o conto narra a trajetória
de uma formiga movida por sua curiosidade e
a incansável busca pelo conhecimento.
A saga de Hilda a leva a conhecer lugares
diferentes e fazer inusitadas amizades ao longo
de sua jornada, combinando de maneira suave
princípios de cidadania, biologia e lógica.
O primeiro autor é Engenheiro de Produção,
trabalha na indústria automobilística e pai de
Rafaela Rela. A segunda autora é Engenheira
Agrônoma , doutora em Fitopatologia e mãe de
Júlia monerat e Laura Monerat. Ambos residentes
em Resende, RJ, se aventuraram pelo mundo
literário infantil, por estarem envolvidos na arte
de contar de histórias para suas filhas e,
principalmente por acreditarem que a leitura é um
dos meios mais eficazes de proporcionar o
desenvolvimento da imaginação, emoções e
sentimentos de forma prazerosa e significativa,
contribuindo para a formação do indivíduo crítico,
responsável e atuante na sociedade.
“O encantamento pela fantasia e pelo aprender
brincando me levou a querer escrever uma história
que aliado ao entusiasmo, às idéias e ao talento para
desenhar de Gustavo, a história ganhou forma e
realidade”, relata Enia Mara. O Livro pode ser
encontrado em Resende com os autores ou na
loja Gregos e Troianos.
Autores de Resende lançam livro infantil: A formiga e a baleia
No
PELOS
BIGODÕES
nº 3, em
março, um
pouco dos
5 anos da
história do
COLÉGIO
GÊNESIS
6. Número Página 602 – fevereiro/2015
Aulas de REDAÇÃO
- particulares ou em grupo, preparatório para Enem e concursos.
Os encontros focam em três tópicos: gramática, técnica dissertativa e abordagem do conteúdo
A cada encontro são passados propostas de textos para serem entregues durante a semana.
A devolutiva é feita no encontro seguinte, com análises e, se for o caso, indicações para que seja
reelaborada. Cada texto é lido junto com o aluno, para apontamento das virtudes, dos progressos, e de
como o texto poderia ter sido melhor desenvolvido.
Variada indicação de fontes para, ao longo do ano, melhorar o entendimento dos assuntos mais
“cotados”.
A cada encontro corresponde farto material de apoio.
REDAÇÃO para alunos da ESCOLA PÚBLICA > Turma 1
A GREGOS E TROIANOS – casa de leituras está patrocinando a
primeira turma de Redação para jovens do 3º ano do Ensino
Médio da ESCOLA PÚBLICA.
As candidatas e os candidatos devem retirar a Ficha de Inscrição
no sebo. Ela deve ser devolvida preenchida e acompanhada de
uma carta de apresentação de uma professora ou professor.
13 encontros de 2 horas-aula / às segundas: 20h
Material gratuito
Correção de textos
- contato > 2109.0246
Espaço de encontros para aulas de Filosofia e Redação, na sala 817 (8º andar do Bloco B) do Resende Shopping
Sala @escrevendo
Estamos cadastrando interessadas e
interessados em compor uma turma de estudos
de latim. A contribuição financeira de cada
uma/um será baixa, já que os custos
corresponderão apenas ao material, ao uso da sala
e aos honorários do professor.
Vamos estudar LATIM?
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7. Número Página 702 – fevereiro/2015
Em paralelo à leitura de O MUNDO DE SOFIA, de Jostein Gaarder.
Cada um dos mais importantes filósofos da história apresentados didaticamente.
- anfitrião: Luciano Gonçalves
CURSO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA
15 encontros
Em casa, os participantes vão
lendo os capítulos.
Nos nossos encontros os
filósofos e suas idéias vão
sendo melhor conhecidos.
Material didático
desenvolvido especialmente
para este curso.
Bom acervo de livros, revistas
e filmes colocados à
disposição dos estudos.
Público-alvo
curiosos e interessados em
cultura geral, em história,
estudantes do Ensino Médio,
pré-vestibulandos e
universitários.
Investimento total, com
apostila e material
complementar incluso: R$ 280
(parcelamos em 3 vezes)
Turma de Quarta > 19h30 às 21h30
Mar – 18 / 25
Abr – 8 / 15 / 22 / 29
Mai – 6 / 13 / 20 / 27
Jun – 10 / 17 / 24
Jul - 1 / 8
Turma de sábado manhã > 9 às 11h
Turma de sábado tarde > 16 às 18h
Mar – 14 / 21 / 28
Abr – 11 / 25
Mai – 9 / 16 / 23 / 30
Jun – 13 / 20 / 27
Jul – 4 / 11 / 18
Inscrições na GREGOS E TROIANOS - casa de leituras / tel. 2109.0246
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Contato: celular
(24) 99927.0857
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Algumas bonecas podem ser
compradas na Gregos e
Troianos, com 100% dos
valores entregues à artesã.
Maria Elisa Elisei
Bonecas de pano
8. Número Página 802 – fevereiro/2015
Professora/Professor
Professor britânico de inglês
Recém-chegado em Resende,
com 20 anos de experiencia preparando
alunos para os exames de FCE, CAE, CPE,
TOEFL, IELTS, e conversação, inglês para
viagens, médicos e advogados,
em São Paulo, Brasilia e Rio de Janeiro,
dá aulas individuais e em grupo,
e faz traduções (português > inglês)
(021) 97224 4008
(024) 99955.1291
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9. Número Página 902 – fevereiro/2015
O que é um sebo?
Basicamente, uma livraria que compra, troca e vende livros
usados. E também, frequentemente, como é o nosso caso, revistas,
gibis, LPs, CDs e DVDs. Alguns, como o nosso, também vendem
livros novos, principalmente quando adquiridos em promoções,
saldões e liquidações.
Qual a origem da expressão “sebo”?
Qualquer googlada aponta várias hipóteses. Mas como somos
simpáticos à “Navalha de Ockham” (que simplificadamente diz que,
diante de várias possibilidades, a resposta correta tende a ser a mais
simples) cremos que a acepção de sebo (do latim sebum, “gordura”)
tenha surgido como metonímia brincalhona a partir da ideia irrefutável
de que livros muito manuseados ficam ensebados, sujos,
engordurados.
Os livros são sempre baratos?
Quase sempre, mas nem sempre.
Nas livrarias tradicionais os preços são muito próximos, porque
os livros são novos e saíram há pouco tempo das editoras. Como os
sebos trabalham com livros usados, os preços são mais baixos.
Mas os sebos também cumprem outra função: a de serem
oportunidade para que se encontrem livros que já saíram de catálogo.
Livros esgotados, antigos e, em alguns casos, até mesmo raros.
Nestes casos, os preços atendem à lógica da oferta e da procura. De
qualquer forma, não se costuma encontrar em outros lugares os
mesmos livros por preços menores. Ou seja, nos sebos se encontram
os melhores preços, mesmo quando são altos.
Por que os livros não costumam ser catalogados?
Porque isso demandaria estrutura (espaço, organização e
pessoal) que elevaria de tal forma os custos que o sebo perderia sua
principal função: oferecer leitura de qualidade a preços baixos.
O que fazemos é classificar os livros por seções, e então
convidamos os frequentadores a percorrê-las.
Numa livraria tradicional é muito comum que o cliente vá em
busca de um livro específico, e então é fundamental que a loja saiba
se o tem e onde ele está. E com rapidez. Já o freqüentador de sebos
tem outro costume: o de percorrer, com gosto, as prateleiras em busca
de algo que lhe chame a atenção. Sebo é garimpo.
Como os livros são adquidiridos?
Os usados, quase sempre, trazidos pela comunidade. Pelos
mais variados motivos, como mudança, otimização de espaço. Com
muita freqüência, movidos pela filosofia de que uma vez lidos, os livros
devem encontrar outros leitores. Também são trazidos para serem
trocados por outros títulos.
Os livros novos são garimpados, atualmente via Internet, em
saldões e promoções.
Quadrinhos
gibis, mangás, literatura
em quadrinhos, técnica
de desenho. Venha
conhecer nosso acervo.
Gregos e Troianos
casa de leituras
O que é e como funciona um sebo?
Como é calculado o preço pelo qual adquirem os livros
que são levados ao sebo?
Basicamente pelo valor de mercado, considerando duas
variáveis: a) é um título procurado?; b) qual o estado de
conservação do livro?
Às vezes o estudante paga R$ 40, R$ 50 por um livro
pedido pela escola. É o valor normal do livro. Só que ele só é
comprado porque a escola solicitou. No sebo não podemos pagar
muito por ele porque a chance de aparecer algum comprador é
muito pequena. Érico Verissimo é um dos nossos maiores
clássicos, com muitas e muitas edições de suas obras. Mas é
muito pouco procurado nos sebos. Aproximadamente 90% da
procura por JorgeAmado é pelo título “Capitães da areia”, em que
pese a qualidade de sua obra. Cada volume da saga Crepúsculo
(Stephenie Meyer) está em catálogo por aproximadamente R$
40, mas eles simplesmente não vendem mais. Há até uma
overdose deles nos sebos.
Como funcionam as trocas?
As trocas costumam ser um negócio mais interessante. Os
critérios de avaliação são os mesmos para compra, mas como os
preços dos livros que temos embutem uma margem de lucro,
temos maior flexibilidade nessa negociação. Como compramos
alguns livros em promoções muito vantajosas, podemos proceder
a trocas mais convenientes. Mas ela se inicia a partir da lógica 2
por 1. O cliente deixa dois livros para levar um. A loja ganha na
diferença financeira, e o leitor ganha ao se desfazer do que já não
lhe é interessante para adquirir algo que queira no momento.
Vocês aceitam doações?
A Gregos e Troianos não só as aceita como, sempre que
tem a oportunidade, aproveita para agradecê-las. Parte do acervo
vai para as prateleiras para venda. Parte é doada na frente da loja,
a interessados em pesquisas ou leituras.
Num cálculo muito, mas muito modesto, estimamos já
termos distribuído pela cidade, das mais diversas formas, mais de
40.000 livros. Apoiando projetos como o #LivroLivre, montando
pequenas bibliotecas em instituições que pedem nossa
colaboração, atendendo a pedidos de creches e ONGs,
“esquecendo-os” em praças e pontos de ônibus. Aliás, se você
quiser montar uma banca de #LivroLivre no seu ponto comercial
ou outro espaço adequado, é só nos procurar.
Na porta da nossa loja, todos os dias, de um lado há a pilha
de livros explicitamente gratuitos. É só passar e pegar. E de outro
lado, prateleiras de livros de literatura, em bom estado, para troca
ou venda a R$ 1, R$ 2 ou R$ 3 reais... mas que também podem ser
levados gratuitamente. Só não são explicitamente gratuitos para
evitar que sejam levados apenas por essa facilidade, sem que
haja um real interesse em leitura. Vale ressaltar que nessas
prateleiras com muita freqüência se encontram títulos que, dentro
da loja, são vendidos por R$ 15, R$ 25, ou mais.
10. Número Página 1002 – fevereiro/2015
Histórias que todo mundo já ouviu
mas não se lembra.
Vinte anos de olhares e colunas tortas.
Publica algumas coisas em:
https://eisquadros.wordpress.com/
Tempos cruéis
Na primavera de 1955, o governo soviético devolveria as
obras recolhidas dos acervos alemães na guerra; antes, porém, as
expôs por três meses em Moscou. Dentre quadros, esculturas e
manuscritos, a Madona Sistina de Rafael reinava imponente no
primeiro andar do Museu Púchkin. Numa manhã, o escritor Vassíli
Grossman teve seu encontro com a Virgem que carrega descalça o
filho no colo. Naquela altura, Grossman já era respeitado por sua
literatura na língua russa, havia sobrevivido como combatente na
guerra e, mais impressionante, aos expurgos promovidos por Stálin.
Seus relatos sobre o campo de Treblinka, onde esteve em
campanha em 1944, serviram como evidência no Tribunal de
Nuremberg e deram forma a um dos textos mais contundentes sobre
o genocídio judaico. No entanto, é na visãoda Madona de Rafael que
Grossman expõe sua experiência mais íntima do que é o valor
humano: “Vi seus olhos e os reconheci imediatamente.
Quatro séculos antes, Rafael havia pintado a expressão de
quem vai ao encontro do seu próprio destino.” A Virgem com o filho
nos braços olha para o espaço fora da tela, e nesse olhar Grossman
reconhece a ciência da maternidade fadada a seu fim, o filho
entregue ao mundo. “O que vi foi uma jovem mãe com uma criança
nos braços.” O desespero que Grossman vê nos olhos da mãe na
pintura de Rafael é o mesmo daqueles que sabiam de seu destino
em Treblinka: “Eu a reconheci pela expressão do rosto e dos olhos.
Era essa a expressão das mães e das crianças quando viam,
contra o fundo verde-escuro dos pinheiros, a parede branca da
câmara de gás de Treblinka, e assim eram suas almas.” Nesse
martírio, porém, o escritor também enxerga a esperança da mãe que
acredita na experiência humana, depositada sobretudo na faísca de
humanidade presente em seu filho no colo.
Rio de Janeiro, quinze de dezembro de 2014, dez dias
para o natal, e a ONG Rio da Paz planta cruzes nas areias da praia de
Copacabana representando as vítimas da violência no estado. Na
televisão, uma favela não longe dali e Dolores, mãe de três, chora a morte
do filho do meio: “O meu menino era tão bom...” Fabiano, dezesseis anos,
não conseguiu ver as fotografias premiadas expostas numa galeria
carioca na mesma rua de onde deu seu último suspiro.Amais comentada,
vencedora do World Press Photo 2011, é do artista espanhol Samuel
Aranda, e mostra uma mãe que abarca o filho machucado, alvo de gás
mostarda dos protestos no Yemen, em 2011. O desespero mudo,
estampado no fotograma estático, é o mesmo do choro congelado de
Fabiana na tevê. O mesmo das vítimas de Treblinka, o por quê que não se
cala nos olhos imóveis.
Um quarto de maternidade, o mesmo quinze de dezembro, a mãe
amamenta o filho recém-nascido enquanto a televisão ligada mostra o
reporter entrevistando uma senhora em prantos: “O meu menino era tão
bom...” Denise nunca viu a Madona Sistina, nada sabe sobre literatura
russa ou fotografias premiadas. Um espectador, pelo vidro da janela da
maternidade, porém, reconheceria na mãe com o bebê no colo o mesmo
sentimento da Madona que coloca o filho no mundo: a certeza de uma
realidade absurda com a fagulha de esperança nas mãozinhas que
tateiam seus braços. Vassíli Grossman, ao presenciar, escreveria o
mesmo de quando naquela manhã de 1955: “Nunca houve tempo mais
cruel do que o nosso; no entanto, não deixemos morrer aquilo que é
humano no homem.”
Rodrigo Prado
Está chegando a Resende uma nova empresa na área de assistência
para celulares e tablets.
Nela você contará com grande oferta de acessórios para eletrônicos a preços
que prometem surpreender.
11. Número Página 1102 – fevereiro/2015
Paradoxo
Domingo. Daqueles que se arrastam. Estava
sentado na varanda, bebendo e vendo os carros
passarem. Um deles para, faz a volta e encosta na minha
garagem. Eu reconheço a voz antes mesmo de ver o rosto.
“Eu disse que cê tava falando merda!”
João sobe os degraus da varanda olhando pra mim
e repetindo “Eu disse... Eu disse!” Fecho os olhos e tomo
um longo gole. João tem esse efeito nas pessoas. “O que
você me disse?” pergunto, jogando uma latinha pra ele.
Ele toma um gole e conclui “Que você tava falando merda.”
“Tá tudo aqui ainda!” ele diz estendendo os braços,
fazendo respingar cerveja pra todos os lados. “Você disse
que o mundo ia acabar, mas tá tudo aqui ainda.” Eu não
tenho ideia do que ele está falando. Nenhuma. Meu rosto
mostra isso, ele tenta se explicar. “O paradoxo, você falou
que se rolasse um paradoxo o mundo ia acabar, né?” João
abre os braços novamente. “Tá tudo aqui ainda!” Eu olho
em volta. Realmente, tá tudo aqui ainda.
Paradoxos. Eu começo a entender do que ele está
falando. Lembro vagamente de ter discutido o assunto
durante uma partida de buraco no dia anterior. Lembro
também que o João insistiu que eu estava mentindo. “Não
é possível isso.” Passamos horas discutindo, todos na
mesa tentavam explicar o conceito, nada entrava na
cabeça dele até que eu comentei, “Mas é lógico que não é
possível, João. Se tivesse um paradoxo o universo
deixaria de existir.”
Ele passou o resto da noite em silêncio.
Me reclino na cadeira e bebo até matar a cerveja.
Coloco a lata no chão e olho pro João, o sorriso bobo de
“eu estava certo” continua estampado no seu rosto. “De
que paradoxo você tá falando?” Ele faz uma cara de
confuso, como se não entendesse que existisse mais de
um tipo. “O negócio de matar o avô, você disse que se
eu matasse meu avô o mundo ia acabar!” E ele abre os
braços novamente, como se apontasse para o mundo.
Levo um momento pra entender. Pego outra
latinha, puxo o anel, o som de gás escapando preenche o
ar por uma fração de segundo. “Você tem que voltar no
tempo, João. Só é um paradoxo se você matar seu avô
antes de ter nascido.”
Quase posso ouvir as sinapses se comunicando
quando vejo o brilho de compreensão nos seus olhos. Um
cintilar instantâneo, imediatamente substituído por
arrependimento. Ele coloca a lata meio vazia no chão.
“Acho... Acho melhor voltar pra casa, tenho que resolver
uma parada.”Tomo mais um gole. “É melhor mesmo.”
Domingo. Daqueles que se arrastam.
Solicitamos uma identificação para a
foto, e ele mandou esta: ["Pedro Miller está
vivo e pretende continuar assim por tempo
indeterminado." ou alguma baboseira
dessas.]. Mas soubemos que um dia um
professor de redação o apresentou aos
seguidores do Twitter afirmando que se
alguém quisesse ver um escritor nascendo...
era só seguir o @pedromiller
Saberes & sabores
A Literatura Brasileira é notoriamente rica em suas muitas
nuances. Seus principais ícones descortinaram o país através da sua
arte, exibindo os hábitos alimentares, culturais e religiosos de cada
região. Alguns dos nossos principais autores expressaram suas
paixões pela culinária de forma clara , usando as vozes dos seus
personagens para revelar seus pratos prediletos, assim, colocando ao
conhecimento de todos os leitores a grande diversidade gastronômica
espalhados pelo Brasil.
Machado deAssis, um dos fundadores daAcademia Brasileira de
Letras e apreciador da boa mesa, valorizava os sabores da terra e a
culinária tradicional da família. Avesso aos estrangeirismos, pregava a
não aceitação de outros costumes no nosso cotidiano. Seu doce
preferido era Mãe Benta, um tipo de doce feito com farinha de arroz.
Monteiro Lobato defendia a culinária simples do Vale do Paraíba
através de Tia Nastacia, em seu lendário Sítio do Pica Pau Amarelo.
Eternizou o Bolinho de Chuva e muitas outras receitas igualmente
saborosas. Jorge Amado fez um verdadeiro banquete com seus
saberes gastronômicos em muitas das suas obras. Em Dona Flor e
seus dois maridos esbanjou sabor ao descrever a riqueza dos quitutes
baianos.
A literatura, assim como a gastronomia, é uma questão de puro
prazer. Ninguém se propõe a elas se não houver paixão, entrega de
sentimentos e respeito a quem se destina.
formada em Literatura contemporânea
de língua portuguesa e gastronomia.
Atualmente só cozinho e escrevo
Obs: a redação do informativo PELOS
BIGODÕES não entendeu o “só”: cozinhar e
escrever seriam sagrados, se sacralidades
houvesse.
Sónumsebooslivrostêmhistórias
LPs > Rock, clássicos, trilhas sonoras,
MPB. Aqui você encontra os famosos
BOLACHÕES para seus ouvidos matarem
a saudade ou mesmo para seu fetiche visual.
Bottons
Além dos mais variados tipos
de gravuras, para decorar sua
roupa ou mochila, também
aceitamos encomendas, em
qualquer quantidade.
12. Número Página 1202 – fevereiro/2015
HUMANIDADE: UM RESUMO
23 de novembro de 2001, adaptada em 22 de fevereiro de 2015
Houve um momento na história dos povos em que cada
cultura vivia sua cosmologia como se ela fosse a única explicação
para a vida. Grupos nômades, tribos ou civilizações desconheciam
outras possibilidades. O terreno e o divino conviviam numa só
realidade no cotidiano de cada povo.
Mas as populações foram crescendo, caminhando,
construindo, descobrindo... foram se descobrindo. Cada povo foi
tomando contato com outras respostas.
Da diversidade veio a riqueza. O estranhamento das culturas
entre si era um novo modo de olhar para o mundo terreno, para o
espiritual, para o próprio homem. A História mostrou das mais
diversas formas como uma cultura foi aprendendo com a outra.
Contraditoriamente, a diversidade também possibilitou um
outro tipo de estranhamento. Um estranhamento a partir do qual
nada se aprendia, mas se desaprendia. Uns tentaram dominar
outros. Ao mesmo tempo, uns mais, outros menos, todos fomos
vítimas e agressores. E a mesma História que nos conta das
conquistas, também nos conta de medo, intolerância, ódio.
Esse contexto é agravado por algumas características da
nossa época:
? no mundo globalizado, não há como reverter uma situação
de entrelaçamento entre todas as culturas;
? mas isso é dolorido, não temos tempo para nos
compreender, pois a lógica dessas relações é a lógica do
comércio, da indústria, do dinheiro, da televisão, da internet;
? e já que essas relações são inevitáveis, a interação só tem
se dado na medida em que o que nos diferencia não é posto
em questão. E então é só a lógica das coisas que interessa.
Cadê a lógica dos homens? Já não nos interessamos a nós
mesmos, pois não temos tempo;
? nos relacionamos cotidianamente como se fosse possível
fazê-lo independentemente de nossos pressupostos
antropológicos. Mas nós não somos mercado, nem
produtos, e nossos olhos não aceitam essa redução;
? entretanto, não nos conhecemos, e por isso, ainda que não
predispostos a isso, somos minados pelo preconceito e pela
intolerância. E deles nascem o desrespeito e a agressão de
cunho étnico e, principalmente, religioso.
É preciso humanizar essa lógica. Assumir os valores
republicanos como os mais avançados passos já propostos
a tantas caminhadas que, justamente por não serem
paralelas, se cruzam. É preciso nos admirar mais com o
outro, porque aprendemos é quando conversamos com
quem pensa diferente da gente. Que a intolerância só seja
admitida, na proporção adequada, por uma causa: para
combater intolerâncias não-republicanas.
Prof. Luciano
@escrevendo
Presença, Contato e Virtualidade
Facebook, Whatsapp, Instagran, Twiter... Como você se
conecta? Como você faz contato? Presente na virtualidade?
Ausente na realidade?
Os relacionamentos contemporâneos exigem rapidez,
beleza, humor, fluidez. Não há tempo de espera, não há espaço
para a tristeza, para a reflexão, para os vazios que permitem
brotar o novo. Tudo é preenchido rapidamente, o feed de
noticias não pode parar de emitir novidades, que devem ser de
rápida digestão, ninguém tem tempo, todos com pressa.
Até mesmo os relacionamentos amorosos têm sido
estabelecidos e mantidos através de aplicativos e redes
virtuais. O que está em jogo quando o contato é filtrado por uma
tela? Seria a sensação de segurança, de ver sem ser visto? A
possibilidade de criar um simulacro de si mesmo, uma
virtualidade mais atraente que o real? Ou também o contato
imediato e intermitente, o poder acessar e ser acessado em
qualquer lugar, a qualquer momento... contato virtual em tempo
real. O contato virtual, rápido, efêmero e ininterrupto é bem
retratado na frase de Milton Machado “um homem tão
abrangente que ocupasse o mundo todo , menos o espaço de
seu próprio corpo, seria um bom ajudante para um mau atirador
de facas”. Estar em todos os lugares ao mesmo tempo,
ironicamente significa não estar em lugar nenhum, não há
inteireza.
Neste contexto muitos chegam aos consultórios de
psicoterapia com a queixa de não encontrarem pessoas com as
quais consigam estabelecer uma relação de intimidade
verdadeira. É sofrer pelo paradoxo do desejo por uma relação
íntima e o medo de se entregar, de se expor, de se lançar ao
risco do encontro amoroso. Em nome de preservar sua
individualidade, cada vez mais as pessoas se tornam
ensimesmadas e solitárias e, evidentemente, frustradas. O
encontro autêntico, seja amoroso ou de outra ordem, exige
inteireza de presença. É preciso se arriscar, lançar-se no
desconhecido, arriscar perder-se no outro para encontrar a si
mesmo.
E o que pode nos garantir presença e inteireza? Como
não ser engolido por essa roda viva? Não é fugir desse barco,
mas ir um tanto contra a corrente! No meio desta correria e falta
de tempo permitir-se ser o poeta marginal de Paulo Leminski:
por-se à margem para dar passagem ao novo. Cultivar o tempo
de espera, de não saber. Não preencher todos os espaços,
deixar um tempo para que as coisas possam decantar, para que
as pessoas possam se encantar. Voltar ao próprio potencial
corporal. Reconhecer a si mesmo naquilo que você não apenas
tem, mas naquilo que você é: corpo imbricado no mundo!
Júlia Dile – Formou-se em psicologia pela UFRJ e é Gestalt-
Terapeuta. Interessada em tudo que nos torna humanos.
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Ed. Center Sul, sala 603. Campos Elíseos - Resende/RJ
Tel.: (24) 98165-0222
(21) 99622-8007
juliadilepsi@gmail.com
Psicóloga
CRP - 05/40459
Júlia Dile M. A. M. Braga