O documento discute os benefícios da educação para idosos. A educação na terceira idade melhora a qualidade de vida física e mental, promove maior sociabilidade e autoestima. Programas universitários para idosos como a Universidade Aberta à Terceira Idade da USP ajudam os idosos a se sentirem úteis e parte da sociedade.
3. Com o passar dos anos, as pessoas
apresentam limitações devidas a algumas
modificações físicas. A visão, a audição, o
olfato, o paladar, o equilíbrio e o tato já
não são mais os mesmos e o esquecimento
se torna cada vez mais corriqueiro. Tais
mudanças também refletem na família, no
status, na riqueza, e são muito difíceis de
serem aceitas
Embora cada pessoa reaja de maneira
peculiar a esta fase, de modo geral,
quando estas perdas não são
compreendidas resultam em um estado de
fragilidade, insegurança, medo,
depressão, diminuição da auto estima,
sentimento de rejeição e abandono
4. O que favorece uma resistência quanto a
aceitar que os anos se passaram ou
mesmo a rejeitam usando de alguns
artifícios para esconder a idade, como
por exemplo, copiar comportamentos de
adolescentes (Debert, 1999). Não há
razão para não viver bem a velhice, pois
embora haja limitações o importante é
buscar o saber, manter-se atualizado
para não se render ao sentimento de
incapacidade e solidão. É necessário que
o idoso tenha uma postura positiva e
realista, para usufruir as maneiras
saudáveis e viver a chamada “melhor
idade”.
5. O processo de
envelhecimento
populacional vem sendo
vivenciado de maneira
mais intensa no mundo
atual. Compõe um grande
desafio à sociedade, já que
este processo exige muitas
mudanças para atender às
novas necessidades que se
impõem. No Brasil, este
quadro já é encontrado
desde o início do século.
6. A participação dos idosos na
Universidade Aberta à Terceira Idade
pode significar uma forma de
preencherem seu tempo com atividades
e convívio social; ou uma busca de
realização pessoal, ou pode significar
ainda uma forma de escaparem da
solidão e elaborarem lutos dos filhos
(que não são tão presentes como
gostariam devido à independência ou à
construção de sua nova família), do
falecimento de parceiros e amigos, ou
simplesmente para sentirem-se inseridos
e pertinentes a esta nova sociedade.
7. A imagem dos idosos jogando
xadrez na praça, passando o dia
fazendo bolinhos ou tricotando
na cadeira de balanço é coisa do
passado. No Brasil atualmente
temos cerca de 21 milhões de
pessoas com mais de 60 anos de
idade, um crescimento de 23%
nos últimos 10 anos, segundo
dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística) e a expectativa é de
que, em 2025, existam 64
milhões de brasileiros com mais
de 60 anos.
8. Com a melhora na qualidade de vida,
devido a melhores condições de acesso à
saúde e tecnologia, a turma da melhor
idade, com preferem ser chamados,
também tem se preocupado com os
estudos, e a procura tem sido tão grande
que universidades de renome, como
USP, Puc e Unesp, abriram cursos
especialmente para atendê-los e prova
disso é que no último ENEM, dos 3,3
milhões de estudantes que fizeram o
Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio) em 2010, 4.268 candidatos eram
pessoas com mais de 60 anos e entre os
100 participantes mais velhos, as idades
variaram entre 64 e 76 anos.
9.
10. Em face do crescimento do número de
idosos, alguns programas e/ou projetos
estão sendo implantados no sentido de
incorporação desses idosos na sociedade.
Um destes projetos é representado pelos
diversos programas de aprendizagem e
ressocialização denominado “universidade
da terceira idade” aberta em diversas
regiões do país. É o caso da Universidade de
São Paulo, que em 1993 criou o Programa
Universidade Aberta à Terceira Idade.
Promovido pela Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária, sob coordenação
acadêmica da Profª. Drª. Ecléa Bosi.
Oferece vagas gratuitas e sem a necessidade
de prestar vestibulares, destinado às pessoas
da terceira idade, em disciplinas regulares
dos cursos de graduação
11. O programa disponibiliza ainda outras atividades
voltadas para esse grupo como: palestras, atividade
física, cursos de pintura, coral e música. O programa
semestral destina-se à população maior de 60 anos, de
acordo com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de
outubro de 2003, independente do nível de
escolaridade. O objetivo desse programa é integrar a
pessoa idosa na comunidade acadêmica; conscientizar
a pessoa da terceira idade da importância de seu papel
na sociedade como elemento gerador de “equilíbrio
social”; possibilitar ao idoso aprofundar o
conhecimento em alguma área de seu interesse e ao
mesmo tempo trocar informações e experiências com os
alunos que estão iniciando o curso superior, como
forma de enriquecimento e valorização da vida.
12. O critério de seleção dos idosos
varia para cada unidade da USP.
Disciplinas muito específicas
exigem exame prévio de
currículo ou entrevista com o
professor responsável; para a
maioria das disciplinas nada é
exigido, desde que o candidato
apresente condições suficientes
de aproveitamento. Os alunos
são vinculados ao programa,
tendo direito a receber um
atestado de participação emitido
pela Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária.
13.
14. Sem dúvida que estudar é bom a qualquer
momento, porém voltar ao banco da escola
na terceira idade traz benefícios tanto para
a mente quanto para o corpo. Segundo
especialistas as pessoas que voltam a
estudar na “melhor idade” passam a ter
uma melhor qualidade de vida física,
mental e espiritual. Além do ganho com a
saúde, também pode ser notado uma
melhora na integração cultural e social, de
acordo com relato dos próprios alunos,
voltar a estudar traz uma maior
sociabilidade, aumenta a auto estima,
recicla e atualiza os conhecimentos,
desperta para novos projetos, traz novas
amizades, além de preparar para o
envelhecimento saudável.
15. O aposentado Jayme Kuperman, de 95 anos: "Não
gosto de ficar sozinho e aqui a convivência é muito
boa. É uma terapia para a idade. Tem coisas que eu
não lembro mais e aprendo de novo. Eu gosto de
todas as aulas.”.
16. Segundo Fauze Saadi, coordenador
do curso da PUC, “os alunos deveriam
tirar uma fotografia quando ingressam na
universidade e meses depois, é quase uma
cirurgia plástica sem bisturi”, de tão
grande os benefícios que a universidade
proporciona aos alunos da “melhor idade”.
Essa melhora se deve ao fato do idoso
adotar uma postura firme de aluno
propriamente dito, já que estudar passa a
ser uma opção dele e não uma obrigação, e
desta forma o prazer é bem diferente. E
muitos conseguem fazer na “melhor idade’
o que não conseguiram fazer na juventude
e em alguns casos é a realização de sonho
17. A aluna Neuza Guerreiro de Carvalho, 78
anos, professora de Biologia aposentada,
que em depoimento pessoal relata:
18. Há quatro anos frequentando a Universidade Aberta à
Terceira Idade da USP, 23 cursos feitos, diversificados em
área de Musica, Literatura, Arte, Ciências e Psicologia,
propiciaram um aumento de cultura difícil de avaliar, mas
seguramente muito grande. Consequentemente aumento na
auto-estima e segurança Coragem para emitir opiniões
porque apoiadas em conhecimentos; discussões com
argumentos firmes. Timidez vencida. A convivência social
mais fácil porque navego por muitos assuntos e meu
vocabulário aumentou por conta de muita leitura.
Confiança nas atitudes profissionais e sociais Sou
participante, atuante e inserida no contexto social e não
fico à margem da vida. Sou atriz, no palco da vida, mesmo
que coadjuvante, e não simples expectadora na plateia
19. A aluna Neuza Guerreiro de Carvalho é um dos exemplos da
importância dos espaços abertos dentro das universidades, para
atendimento à terceira idade, ela é participante atuante e como
consequência relata que houve melhora na sua qualidade de vida e
ela procura incentivar aos idosos a fazerem parte desses programas.
20. Conclusão
O desejo pela
escolarização esteve
presente durante a
vida desses sujeitos
desde a infância,
quando não tiveram
a oportunidade de
concluir seus
estudos em “idade
regular”, até
chegarem à Terceira
Idade.
21. A privação que sofreram, seja por
terem que sair para trabalhar ainda
muito jovens, ou por falta de escolas
públicas, levou estes sujeitos a uma
condição de excluídos. A exclusão,
primeiramente de um direito, levou-os
a serem excluídos em diversas outras
situações vivenciadas como por
exemplo de uma melhor oportunidade
de emprego, de uma maior e mais
efetiva participação social, de
conhecer de forma mais ampla seus
direitos como cidadãos e lutar por
estes. Foram privados até mesmo, de
muitas vezes, poder sonhar com dias
melhores e de usufruir de uma
melhor qualidade de vida
22. O desejo de completar sua
escolarização só pôde ser realizado na
Terceira Idade. Vários fatores
contribuíram para que isto fosse
possível nesta fase da vida. Quanto à
questão econômica essas pessoas já
não pagam passagens para frequentar
uma escola. No que se refere à questão
política e à oferta de vagas, têm seu
direito á educação garantido por leis
federais. A Terceira Idade vem lhes
permitindo buscar a escolarização,
uma vez que a maioria desses sujeitos
já se encontra aposentada e suas
famílias já “estão criadas.