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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
COMUNICAÇÃO SOCIAL

DELMER VINICIUS DA SILVA LISBOA

DISNEY
O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE

Feira de Santana
2012
DELMER VINICIUS DA SILVA LISBOA

DISNEY
O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE

Ensaio apresentado à disciplina Teorias da Comunicação,
do Curso Comunicação Social, com habilitação em
Publicidade e Propaganda, Unidade de Ensino Superior de
Feira de Santana, como requisito parcial para aprovação
no semestre 2012.1.
Professor(a): Profa. Dra. Rosane Vieira

Feira de Santana
2012
DISNEY: O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE
Autor: Delmer Vinicius da Silva Lisboa¹
Resumo:
Este ensaio consiste em problematizar a temática da indústria cultural infantil, especificamente a
Disney, como tal indústria e mostrar um processo bastante utilizado por esta empresa, chamado de
reciclagem de frames segundo o ponto de vista da escola de Frankfurt. Ele mostra de forma imparcial
a manipulação que as crianças sofrem cotidianamente e a que são, por vezes, conduzidas a fazer diante
das suas situações de vivência. Conclui-se que a sociedade se torna alienada pela forma, não só, mas
também, que a Disney conduz seus roteiros e a mesmice dos seus episódios e filmes. Este ensaio se
dirige a alunos de qualquer nível acadêmico, professores, pais e jovens com interesses de
esclarecimento sobre alguns dos pontos negativos desta potencia mundial em entretenimento infantil.
Sua abordagem é bastante dinâmica e compreensível, não se tornando uma leitura complexa e não
muito exigente de conhecimento prévio, está recomendada também a qualquer pessoa que desperte
interesse sobre o assunto.

Palavras-chave: Massificação. Frames. Disney. Alienação. Indústria.

Introdução
Com a tecnização dos meios culturais passou-se a difundir cultura com o simples propósito de
obtenção de fins lucrativos. A quebra da originalidade e a degradação da aura da obra de arte
dão lugar ao crescimento a industrialização da cultura, a chamada cultura de massa. Esse
procedimento traz inúmeros malefícios a sociedade quanto à um bem comum. A alienação do
homem para com o homem, a degradação do intelecto humano, a quebra do ser natural em
condição humana, além do óbvio empobrecimento cultural da sociedade. Meu objeto de
estudo neste ensaio é a grande empresa de entretenimento infantil, a Disney, que está presente
em todos os países do mundo com uma força exorbitante sobre as crianças de todas as partes.
A magia gerada por tal empresa, causa todos os malefícios anteriormente citados, mas de
modo mais brutal e inconsciente nas crianças, por não terem um mínimo discernimento de
interpretação do que veem, além das formas subliminares como as cenas se apresentam no
intelecto destas. Estas crianças, por sua vez, são as futuras criaturas pertencentes do meio
social capitalista, que através do senso comum reproduzem informações impostas em suas
mentes imaturas e dão cada vez mais espaço para o crescimento da indústria de miséria
cultural da modernidade. É com este intuito que viso o esclarecimento do leitor para que não
se deixe enganar pela magia do projeto alienação da Disney.

Disney
A Walt Disney Company, empresa que tem início das atividades no ano de 1923, é a mais
conhecida empresa de entretenimento infantil do mundo. Fundada pelos irmãos Walt e Roy
Disney se tornou uma das maiores indústrias culturais de Hollywood, vindo a ser conhecida e
possuindo sedes em todo o território mundial. Atualmente comanda através do seu quartelgeneral os estúdios de filmes Walt Disney Pictures, Touchstone Pictures, Disneynature,
Pixar,

além

das

emissoras

de

TV

American

Broadcasting

Company,

Disney

Channel o Disney XD e a família de canais de esporte ESPN.
A pesar de toda esta abrangência de conteúdo, a Disney se mantém exposta pelos principais
objetos de trabalho, que são os desenhos animados. Muitos dos seus personagens estão
estampados em campanhas publicitárias e revistas ou são usados em recepções infantis de
qualquer espécie, isto por que a força da empresa é tão grande que o efeito psicológico nas
crianças é de magia instantânea e absoluta. Pessoalmente nunca encontrei uma criança que
não demonstrasse se sentir energizada pela magia desta empresa. Mas existem muitas
controvérsias em toda essa magia. Com o advento da tecnologia muitas pessoas passaram,
curiosamente, a bisbilhotar o outro lado da toda poderosa. Mensagens sobre sexualidade e
homossexualidade subliminares, além das incógnitas nunca resolvidas e que sempre se leva e
traz de volta a discusão a respeito destes fenômenos.
Mais a frente vamos problematizar um dos conceitos de produção desta empresa que visa
além de usar uma formula pré-pronta de movimentações dos personagens criados para atrair o
público infantil, como também a redução de custos de produção com um custo elevado de
repasse para o consumidor final. Este conceito de produção se chama, vulgarmente falando,
Reciclagem de Frame ou Reciclagem de Quadros.

Frames
Frame é um termo em inglês que quer dizer quadro. Uma câmera filmadora capta vários
frames por segundo, ou seja, vários quadros por segundo para que tenhamos sensação de
movimento. Basicamente os vídeos são um conjunto de fotografias captadas em sequência e
quando essas fotografias são passadas em alta velocidade vemos reproduzido na tela o
movimento dos personagens. O padrão mínimo para se ter a sensação de movimento é de
22fps ou 22 frames por segundo, porém este padrão é variável de acordo com a necessidade
do uso do cinegrafista, diretor ou cartunista para que haja variação de qualidade, podendo se
chegar à 5000fps ou mais. Quanto maior a quantidade de quadros captados em um segundo,
maior a qualidade da reprodução, maior a sensação de movimento e desta forma cria-se a
possibilidade de várias técnicas de reprodução deste uma menos importante que é a aceleração
até a quase total desaceleração. Esta técnica de desaceleração é chamada Slowmotion, técnica
bastante usada em transmissões esportivas, pois destaca em câmera super lenta os
movimentos dos atletas trazendo imagens impressionantes ao telespectador que humanamente
está impossibilitado de obter tais detalhes a olho nu.
Nos antigos desenhos animados este processo que vou chamar de “frameficação” era
construído através de desenhos manuais feitos em papéis comuns e posteriormente scaneados
e reproduzidos em película cinematográfica. A primeira manifestação dessa técnica, que se
tem conhecimento, foi em 1829, inventada pelo físico Joseph Plateau com intuito de
demonstrar sua teoria de Persistência da Retina. Este aparelho consistia em um disco com
vários desenhos iguais, porém em posições diferentes. O disco quando girado, através de um
aparelho de leitura, tinha-se a sensação de movimento. 70 anos depois James Stuart Blackton
fotografou 3 mil desenhos em diferentes posições em sequência e criou o primeiro desenho
animado da historia, Humorous Phases of Funny Faces. Depois adotada por cartunistas de
todo o mundo, e especialmente através dos irmãos Disney, os desenhos animados ganharam
popularidade global abrindo seu espaço em horários bem específicos na TV aberta da metade
do século XX e atualmente no século XXI.

O desenho como introdução ao capitalismo
É bastante óbvia toda a preocupação das grandes empresas de mídia infantil a introdução da
criança, como estado de ser humano, ao capitalismo para que quando venham a se tornar
adultos estejam adaptadas as regras da sociedade em que vivemos. A atenção dada pela Minie
aos produtos de beleza, perfume e maquiagem conduz as crianças à um pensamento de capital
que eles ainda nem tem consciência do que significa. O Mickey compra presentes pra Minie e
chega com um carro esportivo disfarçado por placas de madeira pintada em torno, para
disfarçar a máquina velha que ele dirige. Ao mesmo tempo em que a animação mostra a
condição de pobre coitado do pequeno camundongo, ele passa a grande importância de ter um
carro belo e de possuir produtos caros, fora das condições financeiras da maior parte grande
massa. Para, além disto, também vemos a demonstração de comidas não comuns, as chamadas
fastfoods em desenhos animados. Milkshakes, hamburgers, presuntos são as mais comuns. É
como se ficasse subliminar um grande contrato entre a Disney e o Mc Donald’s por exemplo.
Outros personagens servem para afirmar de forma violenta o lugar do homem comum na
podridão de vida estabelecida pelo Estado à grande massa da maioria dos países. Donald e
Pateta são o carro chefe dessa violência moral. Por um lado um pato que sofre ataques
constantes de esquilos, burros, peixes ou até mesmo insignificantes abelhas. Estes
representam o que a vida cotidiana traz ao homem comum como dificuldade diária. Sejam
elas no trabalho ou na vida pessoal. Segundo Adorno (1987, p. 176) estes métodos tem como
finalidade martelar em todo cérebro humano sua condição de vida na sociedade. “O prazer da
violência contra o personagem transforma-se em violência contra o espectador, o
divertimento converte-se em tensão” (ADORNO, HORKHEIMER, 1987). Já o pateta é
sempre o homem fraco. Pobre coitado das historias é sempre demitido dos lugares onde
trabalha, ou vive comprando as formulas milagrosas da televisão de como se tornar um
fisiculturista, e aí entra o padrão de beleza imposto pela grande mídia, ou quando compra
video aulas de como aprender qualquer outra atividade como jogar futebol, cozinhar, etc.
Sendo assim, trazemos desde criança a imposição do capitalismo sobre nossas vidas, que são
entrelaçadas pela historia assistida na tela onde o personagem se personifica no ser, no eu do
homem. E o homem não está programado a ter discernimento crítico e autocrítico sobre o que
costuma sofrer, pois assim funciona o estado aliado ao capital, na grande dominação do
homem para geração e obtenção de lucros financeiros.

A decadência da arte e o afastamento do interesse social
A arte, criada com intuito mágico, tem seus primeiros relatos na idade das cavernas, quando
os homens pintavam ou talhavam em pedras suas experiências vividas na caça, na descoberta
de um lugar ou animal novo, na descoberta do fogo, entre outras situações. O fato é que o
homem não tinha raciocínio suficiente para pensar em futuro ou como seus pictogramas
seriam vistos por seus descendentes. Sugere-se que a ideia do homem que viveu nesta era,
seria a pintura para contemplação da pintura por outros homens ou para a comunicação entre
eles e outros deles que passassem por aquele local, como uma espécie de repasse de
informação importante. Após isto quando se obteve as obras de arte propriamente ditas, estas
eram construídas para fins mágicos, teológicos ou ritualísticos. Na era da arte como arte, era
importante apenas que a arte existisse e não que se tivesse conhecimento da sua existência.
Nas grandes catedrais várias obras estão expostas nos seus tetos, distantes o suficiente pra que
não sejam vistas a olho nu, e de fato não eram vistas em nenhuma hipótese, levando em
consideração a falta de tecnologia da época para que fossem vislumbradas pelos seguidores
das diversas religiões, especialmente da igreja católica. A obra de arte necessita de ser única
em sua forma original. Os grandes artistas tinham suas obras reproduzidas por seus alunos,
porém esta reprodução era positiva, pois serviam para difundir as obras. É como se cada um
desses alunos guardasse pra si a influência, os traços, o “feeling” do seu mestre e
consequentemente transpusessem esses detalhes nas suas obras posteriores. Com o advento da
fotografia e posteriormente do cinema, entramos numa era de reprodutibilidade técnica,
segundo Walter Benjamin. Essa reprodutibilidade técnica consiste em copiar em larga escala
estas obras para exibição em massa. Segundo minha problemática, essa massa são as crianças
de todo o mundo que assistem os desenhos da Disney inocentemente nas suas casas sendo
bombardeadas por informações malévolas de domínio cerebral, a exemplo do filme O Rei
Leão que em uma cena mostra estrelas no céu formando a palavra “SEX”, traduzida para o
português “sexo”. Esta banalidade aparente gera no psicológico das crianças, talvez a difusão
sexual tão criticada, porém tão aceita, no século XXI. Nas telenovelas, nos filmes
Hollywoodianos e em tantos outros só o que vemos é o grande apelo sexual para com os
personagens que se transformam, ali na tela, no homem comum. Esta personificação do
homem na tela traz inconscientemente ao espectador a sensação de poder, de ser, de se sentir
o personagem. Toda a cena gira em torno do coito, da masculinidade do homem sobre a
mulher e da submissão desta sob o homem, do padrão de tempo que se deve durar uma
relação sexual. Essa prisão humana a uma realidade não-humana faz do homem, como ser,
como raça humana, criar uma expectativa que ele nunca vai alcançar. Ao mesmo tempo o ator
é violentado ao terminar a gravação e voltar à sua condição do ser e ter plena consciência do
seu papel frente à sociedade.
Ora, qual seria a consequência desses procedimentos? Não existe uma palavra no vocabulário
português latino para melhor descrever tal procedimento que: Alienação. O culto do belo pelo
belo afasta o homem das ideologias sociais, além de afastar o homem da sua própria condição
de existência. O homem se torna um eterno colonizador dos estereótipos de perfeição. Arte
passa a não ter espaço nenhum na sua vida. Quando tem espaço, esta é usufruída com
propósito único e fiel ao entretenimento, sem que exista qualquer preocupação com a
importância das obras de arte, seu cunho social ou teológico, sem respeito à sua historia, sem
respeito à sua aura.
A reciclagem de frames Disney
Na produção de um filme ou animação são necessárias, além de toda parafernália técnica,
toda uma equipe de produção. Primeiramente se estabelece um roteiro com tema,
desenvolvimento e finalidade. Feito isto o roteirista elabora os diálogos e o desenrolar da
historia. Após estruturado o texto e o contexto da historia entra a equipe responsável por
tornar a historia visível. Desenhistas, locutores, diretores, publicitários, entre outros, se
desdobram a tornar a historia escrita em uma historia auto narrativa e popular. Nos primeiros
desenhos animados do inicio do século XX, antes do advento do computador, eram
elaborados manualmente, quadro por quadro, escaneados de um por um e transformados em
película. Este processo massivo, por vezes se tornava muito caro, ao demandar muitos
profissionais e muito tempo de produção, pois uma animação de 7 minutos chegava a ter 200
mil unidades de desenho. E é aí que entra a reciclagem dos frames.
Desenhos de princesas como Branca de Neve e Os Sete Anões e Cinderela dividem da mesma
cena ao dançar uma valsa. Mogli e o Ursinho Pooh também compartilham da mesma cena
onde um personagem joga uma pedra no rio, enquanto segura um galho de duas folhas na
outra mão. Elefantes, macacos, gatos dançam freneticamente a mesma dança em Dumbo,
Golliath II, Robin Hood, The Jungle Book, Branca de Neve e Os Sete Anões e Os 101
Dálmatas.
Para cada obra cinematográfica criada existe uma prévia de cifras a serem gastas e obtidas.
Esta é a regra do capital da indústria cultural. O único propósito de obtenção de lucros cria
toda a manifestação anti-artística. O valor de exposição supera o valor de culto e as produções
geram lucros astronômicos à suas empresas. Não é por um acaso que a Disney é a maior e
mais poderosa empresa de entretenimento infantil do mundo. O público infantil,
inocentemente, está exposto a esta bomba de capitalismo sem que se possa tomar qualquer
atitude repressiva por parte dos responsáveis. A venda de entretenimento infantil gera bilhões
a indústria cultural, ainda que estas não se preocupem em criar novos enredos. Não há nem
mesmo a preocupação de esconder tais procedimentos. É mais do que óbvio a mesmice dos
filmes infantis, com princesas e seus salvadores, bichos descontrolados na selva e o pobre
conteúdo cultural apresentado às crianças.
“A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural de hoje não tem
necessidade de ser explicada em termos psicológicos. Os próprios produtos, desde o mais
típico, o filme sonoro, paralisam aquelas faculdades pela sua própria constituição objetiva.
Eles são feitos de modo que a sua apreensão adequada se exige, por um lado, rapidez de
percepção, capacidade de observação e competência específica, por outro lado é feita de modo
a vetar, de fato, a atividade mental do espectador, se ele não quiser perder os fatos que,
rapidamente, se desenrolam à sua frente.” (HORKHEIMER, ADORNO, 1987, p. 165).
Tornamos-nos cada vez mais ignorantes à medida em que nos deixamos levar pelas
manifestações culturais da atualidade. O homem na condição de humano não está preparado
para lidar com a bomba de informações da atualidade. Hoje o humano não tem mais tempo
em que se dividir por causa da grande demanda de tempo que é exigida burguesia, pela
relação de opressão imposta por ela. Os personagens tidos como divertidos da Disney
programam inconscientemente o homem a, desde a sua infância, ser o mesmo pateta
conformado com sua vida de miserável. A Disney coloca sua própria clientela no seu lugar
pré-estabelecido na sociedade. E para os mais afortunados, que podem além de sonhar, um
passeio, caro, na Disneyland ajuda a alimentar a ideia do seu lugar acima da sociedade
comum. A desigualdade social gerada na infância que faz com que uma criança zombe da
outra por que seus pais fazem parte da classe opressora e tem fundos financeiros de sobra pra
comprar artigos do Mickey, enquanto uma outra criança da mesma faixa etária bate na janela
do seu carro pedindo esmola.
Outro ponto que não deve ser desprezado na reciclagem de frames, além da economia de
custos de produção, é a magia criada no psicológico. Estudos comprovam o poder da
mensagem subliminar contida nas entonações e nas expressões corporais dos atores nas telas,
bem como dos personagens dos desenhos animados. É extremamente perceptível a magia que
envolve a criança ao assistir um desenho da Disney. Esta reciclagem de frames não está para
isto como uma mera coincidência. É o poder do sublimado por trás das cenas. Suas formulas
de texto e de expressão são repetidas infinitamente como uma formula infalível para o puro
divertimento sem qualquer intuito de desenvolvimento cognitivo, bem como desenvolvimento
intelectual ou social. E ao contrário disso, sim, o apodrecimento do intelecto. Por vezes estas
crianças perdem interesse pela escola e preferem, e até se contrapõem às repressões dos pais
ao manda-los fazer suas atividades escolares. Estas massificações empobrecem o
desenvolvimento intelectual das crianças, trazendo a longo prazo, à tona, uma sociedade
alienada, desligada das causas sociais e políticas do seu país. Formam-se adultos
vislumbrados com o crescimento capital, e a grande repetição do trabalho massificante, ou
caso venha a se tornar patrão, massificar o trabalho dos seus empregados em busca do tão
sonhado futuro financeiro.
A Disney e a Sociedade Capitalista
O crescimento exacerbado da tecnologia foi a chave que abriu as portas da comunicação
massiva nos tempos atuais. A sociedade capitalista se moldou através dos tempos para fazer
do homem um ser de tempo insuficiente para com tudo que está à parte do mercado de
trabalho. Nos tempos em que vivemos o homem trabalha num circulo padrão mínimo de 8
horas diárias, dorme outras 8 horas e tem 8 horas para alimentar-se, cuidar dos afazeres
domésticos, reunir-se com a família e ter acesso a cultura. O capital exige tanto do homem
moderno, que não deixa margem para que ele tenha acesso a cultura artística. Os filmes são
projetados com um enredo que o bombardeia de informações constantemente e, se ele se
distrair, se der a si o prazer de pensar sobre a cena perde o foco do próximo ato e fica perdido
no contexto do enredo. Em contraponto, a arte natural demanda tempo de observação, de
internalização, de conhecimento prévio a respeito do autor e até mesmo se faz necessária
sensibilidade para compreensão. Sensibilidade que ele não foi treinado a desenvolver por que
nas escolas da nossa sociedade o homem é programado a não pensar, a não sentir. A
hierarquia dos professores escolares deixa o homem incapacitado de pensar, de questionar
determinado ensinamento ao contrario do ensino acadêmico que poucos tem acesso e que por
vezes também se torna falho quando a graduação é escolhida por motivos de retorno
financeiro e não intelectual. As faculdades intelectuais do homem são vetadas de
desenvolvimento desde sempre, em quase tudo em prol do modelo de sucesso estabelecido na
sociedade movida exclusivamente pelo capital. Não. O capitalismo não é indispensável.
Porém é preciso dar mais atenção ao conhecimento de mundo, mas o conhecimento de
mundo com suas peculiaridades e diferenças. O ser humano é um ser pensante por natureza.
Logo cada meio, cada sociedade, cada grupo social, estará disposto mais a um pensamento e
outra respectivamente a outro.
A tecnização da cultura está cada vez mais disposta ao capitalismo e cada vez mais o homem
a segue cegamente estes princípios, deixando de lado seu estado natural do ser, do ser
humano. Chegar a uma resolução só é possível através de uma alteração no modelo de
sociedade em que vivemos através da educação. O senso comum precisa ficar de lado nesse
processo. Os primeiros contatos das crianças com a cultura precisam ser coordenados de
forma responsável pelos pais e professores, especialmente os professores, pois para que os
pais sejam educados nesses métodos eles precisam ser crianças educadas nesses métodos.
Através deste processo a indústria cultural, e mais especificamente este objeto de estudo,
deverá se moldar à sociedade para atingi-la de forma honesta e quiçá cultural, ao invés de
moldar a sociedade segundo suas necessidades capitais de obtenção de lucro.

Considerações finais
Não espero da sociedade a completa abstração do entretenimento por simples diversão, nem
defendo esta ideia. O homem precisa ser dono do seu próprio eu. Seu âmago está embebido
naturalmente de si, de suas opiniões e valores morais, religiosos. E como defendi
anteriormente as diferenças de opiniões precisam ser respeitadas mutuamente. Para os autores
citados neste ensaio não há método eficaz para a resolução do problema social em que nos
encontramos e certamente estes quando vivos ainda não faziam nem ideia do quanto as coisas
mudariam até agora. Porém não vejo motivo para defesa de tal pessimismo, visto que
sociedades muito menos desenvolvidas que a minha, tem feito revoluções, derrubado
ditadores de décadas em seus países, usando justamente os meios de comunicação em massa,
especialmente as redes sociais da internet. Por tanto, fica claro que para que exista
conscientização é preciso haver informação, especialmente uma informação escolar mais
coerente, que não obtenha único propósito de formar profissionais mecânicos, robóticos, e
sim, pensadores.

Referencias:
HORKHEIMER, Max, ADORNO, Theodor W. A indústria cultural: O iluminismo como
mistificação de massas. In: Cohn, Gabriel. Comunicação e indústria cultural. São Paulo, T. A.
Queiroz, 1987.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica, 2ª Ed. 1955. In.
GRÜNNEWALD, José Lino. A idéia do cinema. Civilização Brasileira. 1ª Ed. Rio de
Janeiro, 1969.
Site Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/The_Walt_Disney_Company >. Acesso
em: Jun. 2012.
Site Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hjmaOj3_sKk > Acesso em: Jun.
2012

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Disney. um pequeno passo à alienação do grande homem.

  • 1. UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA COMUNICAÇÃO SOCIAL DELMER VINICIUS DA SILVA LISBOA DISNEY O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE Feira de Santana 2012
  • 2. DELMER VINICIUS DA SILVA LISBOA DISNEY O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE Ensaio apresentado à disciplina Teorias da Comunicação, do Curso Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana, como requisito parcial para aprovação no semestre 2012.1. Professor(a): Profa. Dra. Rosane Vieira Feira de Santana 2012
  • 3. DISNEY: O PEQUENO PASSO À ALIENAÇÃO DO HOMEM GRANDE Autor: Delmer Vinicius da Silva Lisboa¹ Resumo: Este ensaio consiste em problematizar a temática da indústria cultural infantil, especificamente a Disney, como tal indústria e mostrar um processo bastante utilizado por esta empresa, chamado de reciclagem de frames segundo o ponto de vista da escola de Frankfurt. Ele mostra de forma imparcial a manipulação que as crianças sofrem cotidianamente e a que são, por vezes, conduzidas a fazer diante das suas situações de vivência. Conclui-se que a sociedade se torna alienada pela forma, não só, mas também, que a Disney conduz seus roteiros e a mesmice dos seus episódios e filmes. Este ensaio se dirige a alunos de qualquer nível acadêmico, professores, pais e jovens com interesses de esclarecimento sobre alguns dos pontos negativos desta potencia mundial em entretenimento infantil. Sua abordagem é bastante dinâmica e compreensível, não se tornando uma leitura complexa e não muito exigente de conhecimento prévio, está recomendada também a qualquer pessoa que desperte interesse sobre o assunto. Palavras-chave: Massificação. Frames. Disney. Alienação. Indústria. Introdução Com a tecnização dos meios culturais passou-se a difundir cultura com o simples propósito de obtenção de fins lucrativos. A quebra da originalidade e a degradação da aura da obra de arte dão lugar ao crescimento a industrialização da cultura, a chamada cultura de massa. Esse procedimento traz inúmeros malefícios a sociedade quanto à um bem comum. A alienação do homem para com o homem, a degradação do intelecto humano, a quebra do ser natural em condição humana, além do óbvio empobrecimento cultural da sociedade. Meu objeto de estudo neste ensaio é a grande empresa de entretenimento infantil, a Disney, que está presente em todos os países do mundo com uma força exorbitante sobre as crianças de todas as partes. A magia gerada por tal empresa, causa todos os malefícios anteriormente citados, mas de modo mais brutal e inconsciente nas crianças, por não terem um mínimo discernimento de interpretação do que veem, além das formas subliminares como as cenas se apresentam no intelecto destas. Estas crianças, por sua vez, são as futuras criaturas pertencentes do meio social capitalista, que através do senso comum reproduzem informações impostas em suas mentes imaturas e dão cada vez mais espaço para o crescimento da indústria de miséria
  • 4. cultural da modernidade. É com este intuito que viso o esclarecimento do leitor para que não se deixe enganar pela magia do projeto alienação da Disney. Disney A Walt Disney Company, empresa que tem início das atividades no ano de 1923, é a mais conhecida empresa de entretenimento infantil do mundo. Fundada pelos irmãos Walt e Roy Disney se tornou uma das maiores indústrias culturais de Hollywood, vindo a ser conhecida e possuindo sedes em todo o território mundial. Atualmente comanda através do seu quartelgeneral os estúdios de filmes Walt Disney Pictures, Touchstone Pictures, Disneynature, Pixar, além das emissoras de TV American Broadcasting Company, Disney Channel o Disney XD e a família de canais de esporte ESPN. A pesar de toda esta abrangência de conteúdo, a Disney se mantém exposta pelos principais objetos de trabalho, que são os desenhos animados. Muitos dos seus personagens estão estampados em campanhas publicitárias e revistas ou são usados em recepções infantis de qualquer espécie, isto por que a força da empresa é tão grande que o efeito psicológico nas crianças é de magia instantânea e absoluta. Pessoalmente nunca encontrei uma criança que não demonstrasse se sentir energizada pela magia desta empresa. Mas existem muitas controvérsias em toda essa magia. Com o advento da tecnologia muitas pessoas passaram, curiosamente, a bisbilhotar o outro lado da toda poderosa. Mensagens sobre sexualidade e homossexualidade subliminares, além das incógnitas nunca resolvidas e que sempre se leva e traz de volta a discusão a respeito destes fenômenos. Mais a frente vamos problematizar um dos conceitos de produção desta empresa que visa além de usar uma formula pré-pronta de movimentações dos personagens criados para atrair o público infantil, como também a redução de custos de produção com um custo elevado de repasse para o consumidor final. Este conceito de produção se chama, vulgarmente falando, Reciclagem de Frame ou Reciclagem de Quadros. Frames Frame é um termo em inglês que quer dizer quadro. Uma câmera filmadora capta vários frames por segundo, ou seja, vários quadros por segundo para que tenhamos sensação de movimento. Basicamente os vídeos são um conjunto de fotografias captadas em sequência e quando essas fotografias são passadas em alta velocidade vemos reproduzido na tela o movimento dos personagens. O padrão mínimo para se ter a sensação de movimento é de
  • 5. 22fps ou 22 frames por segundo, porém este padrão é variável de acordo com a necessidade do uso do cinegrafista, diretor ou cartunista para que haja variação de qualidade, podendo se chegar à 5000fps ou mais. Quanto maior a quantidade de quadros captados em um segundo, maior a qualidade da reprodução, maior a sensação de movimento e desta forma cria-se a possibilidade de várias técnicas de reprodução deste uma menos importante que é a aceleração até a quase total desaceleração. Esta técnica de desaceleração é chamada Slowmotion, técnica bastante usada em transmissões esportivas, pois destaca em câmera super lenta os movimentos dos atletas trazendo imagens impressionantes ao telespectador que humanamente está impossibilitado de obter tais detalhes a olho nu. Nos antigos desenhos animados este processo que vou chamar de “frameficação” era construído através de desenhos manuais feitos em papéis comuns e posteriormente scaneados e reproduzidos em película cinematográfica. A primeira manifestação dessa técnica, que se tem conhecimento, foi em 1829, inventada pelo físico Joseph Plateau com intuito de demonstrar sua teoria de Persistência da Retina. Este aparelho consistia em um disco com vários desenhos iguais, porém em posições diferentes. O disco quando girado, através de um aparelho de leitura, tinha-se a sensação de movimento. 70 anos depois James Stuart Blackton fotografou 3 mil desenhos em diferentes posições em sequência e criou o primeiro desenho animado da historia, Humorous Phases of Funny Faces. Depois adotada por cartunistas de todo o mundo, e especialmente através dos irmãos Disney, os desenhos animados ganharam popularidade global abrindo seu espaço em horários bem específicos na TV aberta da metade do século XX e atualmente no século XXI. O desenho como introdução ao capitalismo É bastante óbvia toda a preocupação das grandes empresas de mídia infantil a introdução da criança, como estado de ser humano, ao capitalismo para que quando venham a se tornar adultos estejam adaptadas as regras da sociedade em que vivemos. A atenção dada pela Minie aos produtos de beleza, perfume e maquiagem conduz as crianças à um pensamento de capital que eles ainda nem tem consciência do que significa. O Mickey compra presentes pra Minie e chega com um carro esportivo disfarçado por placas de madeira pintada em torno, para disfarçar a máquina velha que ele dirige. Ao mesmo tempo em que a animação mostra a condição de pobre coitado do pequeno camundongo, ele passa a grande importância de ter um carro belo e de possuir produtos caros, fora das condições financeiras da maior parte grande massa. Para, além disto, também vemos a demonstração de comidas não comuns, as chamadas
  • 6. fastfoods em desenhos animados. Milkshakes, hamburgers, presuntos são as mais comuns. É como se ficasse subliminar um grande contrato entre a Disney e o Mc Donald’s por exemplo. Outros personagens servem para afirmar de forma violenta o lugar do homem comum na podridão de vida estabelecida pelo Estado à grande massa da maioria dos países. Donald e Pateta são o carro chefe dessa violência moral. Por um lado um pato que sofre ataques constantes de esquilos, burros, peixes ou até mesmo insignificantes abelhas. Estes representam o que a vida cotidiana traz ao homem comum como dificuldade diária. Sejam elas no trabalho ou na vida pessoal. Segundo Adorno (1987, p. 176) estes métodos tem como finalidade martelar em todo cérebro humano sua condição de vida na sociedade. “O prazer da violência contra o personagem transforma-se em violência contra o espectador, o divertimento converte-se em tensão” (ADORNO, HORKHEIMER, 1987). Já o pateta é sempre o homem fraco. Pobre coitado das historias é sempre demitido dos lugares onde trabalha, ou vive comprando as formulas milagrosas da televisão de como se tornar um fisiculturista, e aí entra o padrão de beleza imposto pela grande mídia, ou quando compra video aulas de como aprender qualquer outra atividade como jogar futebol, cozinhar, etc. Sendo assim, trazemos desde criança a imposição do capitalismo sobre nossas vidas, que são entrelaçadas pela historia assistida na tela onde o personagem se personifica no ser, no eu do homem. E o homem não está programado a ter discernimento crítico e autocrítico sobre o que costuma sofrer, pois assim funciona o estado aliado ao capital, na grande dominação do homem para geração e obtenção de lucros financeiros. A decadência da arte e o afastamento do interesse social A arte, criada com intuito mágico, tem seus primeiros relatos na idade das cavernas, quando os homens pintavam ou talhavam em pedras suas experiências vividas na caça, na descoberta de um lugar ou animal novo, na descoberta do fogo, entre outras situações. O fato é que o homem não tinha raciocínio suficiente para pensar em futuro ou como seus pictogramas seriam vistos por seus descendentes. Sugere-se que a ideia do homem que viveu nesta era, seria a pintura para contemplação da pintura por outros homens ou para a comunicação entre eles e outros deles que passassem por aquele local, como uma espécie de repasse de informação importante. Após isto quando se obteve as obras de arte propriamente ditas, estas eram construídas para fins mágicos, teológicos ou ritualísticos. Na era da arte como arte, era importante apenas que a arte existisse e não que se tivesse conhecimento da sua existência. Nas grandes catedrais várias obras estão expostas nos seus tetos, distantes o suficiente pra que
  • 7. não sejam vistas a olho nu, e de fato não eram vistas em nenhuma hipótese, levando em consideração a falta de tecnologia da época para que fossem vislumbradas pelos seguidores das diversas religiões, especialmente da igreja católica. A obra de arte necessita de ser única em sua forma original. Os grandes artistas tinham suas obras reproduzidas por seus alunos, porém esta reprodução era positiva, pois serviam para difundir as obras. É como se cada um desses alunos guardasse pra si a influência, os traços, o “feeling” do seu mestre e consequentemente transpusessem esses detalhes nas suas obras posteriores. Com o advento da fotografia e posteriormente do cinema, entramos numa era de reprodutibilidade técnica, segundo Walter Benjamin. Essa reprodutibilidade técnica consiste em copiar em larga escala estas obras para exibição em massa. Segundo minha problemática, essa massa são as crianças de todo o mundo que assistem os desenhos da Disney inocentemente nas suas casas sendo bombardeadas por informações malévolas de domínio cerebral, a exemplo do filme O Rei Leão que em uma cena mostra estrelas no céu formando a palavra “SEX”, traduzida para o português “sexo”. Esta banalidade aparente gera no psicológico das crianças, talvez a difusão sexual tão criticada, porém tão aceita, no século XXI. Nas telenovelas, nos filmes Hollywoodianos e em tantos outros só o que vemos é o grande apelo sexual para com os personagens que se transformam, ali na tela, no homem comum. Esta personificação do homem na tela traz inconscientemente ao espectador a sensação de poder, de ser, de se sentir o personagem. Toda a cena gira em torno do coito, da masculinidade do homem sobre a mulher e da submissão desta sob o homem, do padrão de tempo que se deve durar uma relação sexual. Essa prisão humana a uma realidade não-humana faz do homem, como ser, como raça humana, criar uma expectativa que ele nunca vai alcançar. Ao mesmo tempo o ator é violentado ao terminar a gravação e voltar à sua condição do ser e ter plena consciência do seu papel frente à sociedade. Ora, qual seria a consequência desses procedimentos? Não existe uma palavra no vocabulário português latino para melhor descrever tal procedimento que: Alienação. O culto do belo pelo belo afasta o homem das ideologias sociais, além de afastar o homem da sua própria condição de existência. O homem se torna um eterno colonizador dos estereótipos de perfeição. Arte passa a não ter espaço nenhum na sua vida. Quando tem espaço, esta é usufruída com propósito único e fiel ao entretenimento, sem que exista qualquer preocupação com a importância das obras de arte, seu cunho social ou teológico, sem respeito à sua historia, sem respeito à sua aura.
  • 8. A reciclagem de frames Disney Na produção de um filme ou animação são necessárias, além de toda parafernália técnica, toda uma equipe de produção. Primeiramente se estabelece um roteiro com tema, desenvolvimento e finalidade. Feito isto o roteirista elabora os diálogos e o desenrolar da historia. Após estruturado o texto e o contexto da historia entra a equipe responsável por tornar a historia visível. Desenhistas, locutores, diretores, publicitários, entre outros, se desdobram a tornar a historia escrita em uma historia auto narrativa e popular. Nos primeiros desenhos animados do inicio do século XX, antes do advento do computador, eram elaborados manualmente, quadro por quadro, escaneados de um por um e transformados em película. Este processo massivo, por vezes se tornava muito caro, ao demandar muitos profissionais e muito tempo de produção, pois uma animação de 7 minutos chegava a ter 200 mil unidades de desenho. E é aí que entra a reciclagem dos frames. Desenhos de princesas como Branca de Neve e Os Sete Anões e Cinderela dividem da mesma cena ao dançar uma valsa. Mogli e o Ursinho Pooh também compartilham da mesma cena onde um personagem joga uma pedra no rio, enquanto segura um galho de duas folhas na outra mão. Elefantes, macacos, gatos dançam freneticamente a mesma dança em Dumbo, Golliath II, Robin Hood, The Jungle Book, Branca de Neve e Os Sete Anões e Os 101 Dálmatas. Para cada obra cinematográfica criada existe uma prévia de cifras a serem gastas e obtidas. Esta é a regra do capital da indústria cultural. O único propósito de obtenção de lucros cria toda a manifestação anti-artística. O valor de exposição supera o valor de culto e as produções geram lucros astronômicos à suas empresas. Não é por um acaso que a Disney é a maior e mais poderosa empresa de entretenimento infantil do mundo. O público infantil, inocentemente, está exposto a esta bomba de capitalismo sem que se possa tomar qualquer atitude repressiva por parte dos responsáveis. A venda de entretenimento infantil gera bilhões a indústria cultural, ainda que estas não se preocupem em criar novos enredos. Não há nem mesmo a preocupação de esconder tais procedimentos. É mais do que óbvio a mesmice dos filmes infantis, com princesas e seus salvadores, bichos descontrolados na selva e o pobre conteúdo cultural apresentado às crianças. “A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural de hoje não tem necessidade de ser explicada em termos psicológicos. Os próprios produtos, desde o mais típico, o filme sonoro, paralisam aquelas faculdades pela sua própria constituição objetiva. Eles são feitos de modo que a sua apreensão adequada se exige, por um lado, rapidez de
  • 9. percepção, capacidade de observação e competência específica, por outro lado é feita de modo a vetar, de fato, a atividade mental do espectador, se ele não quiser perder os fatos que, rapidamente, se desenrolam à sua frente.” (HORKHEIMER, ADORNO, 1987, p. 165). Tornamos-nos cada vez mais ignorantes à medida em que nos deixamos levar pelas manifestações culturais da atualidade. O homem na condição de humano não está preparado para lidar com a bomba de informações da atualidade. Hoje o humano não tem mais tempo em que se dividir por causa da grande demanda de tempo que é exigida burguesia, pela relação de opressão imposta por ela. Os personagens tidos como divertidos da Disney programam inconscientemente o homem a, desde a sua infância, ser o mesmo pateta conformado com sua vida de miserável. A Disney coloca sua própria clientela no seu lugar pré-estabelecido na sociedade. E para os mais afortunados, que podem além de sonhar, um passeio, caro, na Disneyland ajuda a alimentar a ideia do seu lugar acima da sociedade comum. A desigualdade social gerada na infância que faz com que uma criança zombe da outra por que seus pais fazem parte da classe opressora e tem fundos financeiros de sobra pra comprar artigos do Mickey, enquanto uma outra criança da mesma faixa etária bate na janela do seu carro pedindo esmola. Outro ponto que não deve ser desprezado na reciclagem de frames, além da economia de custos de produção, é a magia criada no psicológico. Estudos comprovam o poder da mensagem subliminar contida nas entonações e nas expressões corporais dos atores nas telas, bem como dos personagens dos desenhos animados. É extremamente perceptível a magia que envolve a criança ao assistir um desenho da Disney. Esta reciclagem de frames não está para isto como uma mera coincidência. É o poder do sublimado por trás das cenas. Suas formulas de texto e de expressão são repetidas infinitamente como uma formula infalível para o puro divertimento sem qualquer intuito de desenvolvimento cognitivo, bem como desenvolvimento intelectual ou social. E ao contrário disso, sim, o apodrecimento do intelecto. Por vezes estas crianças perdem interesse pela escola e preferem, e até se contrapõem às repressões dos pais ao manda-los fazer suas atividades escolares. Estas massificações empobrecem o desenvolvimento intelectual das crianças, trazendo a longo prazo, à tona, uma sociedade alienada, desligada das causas sociais e políticas do seu país. Formam-se adultos vislumbrados com o crescimento capital, e a grande repetição do trabalho massificante, ou caso venha a se tornar patrão, massificar o trabalho dos seus empregados em busca do tão sonhado futuro financeiro.
  • 10. A Disney e a Sociedade Capitalista O crescimento exacerbado da tecnologia foi a chave que abriu as portas da comunicação massiva nos tempos atuais. A sociedade capitalista se moldou através dos tempos para fazer do homem um ser de tempo insuficiente para com tudo que está à parte do mercado de trabalho. Nos tempos em que vivemos o homem trabalha num circulo padrão mínimo de 8 horas diárias, dorme outras 8 horas e tem 8 horas para alimentar-se, cuidar dos afazeres domésticos, reunir-se com a família e ter acesso a cultura. O capital exige tanto do homem moderno, que não deixa margem para que ele tenha acesso a cultura artística. Os filmes são projetados com um enredo que o bombardeia de informações constantemente e, se ele se distrair, se der a si o prazer de pensar sobre a cena perde o foco do próximo ato e fica perdido no contexto do enredo. Em contraponto, a arte natural demanda tempo de observação, de internalização, de conhecimento prévio a respeito do autor e até mesmo se faz necessária sensibilidade para compreensão. Sensibilidade que ele não foi treinado a desenvolver por que nas escolas da nossa sociedade o homem é programado a não pensar, a não sentir. A hierarquia dos professores escolares deixa o homem incapacitado de pensar, de questionar determinado ensinamento ao contrario do ensino acadêmico que poucos tem acesso e que por vezes também se torna falho quando a graduação é escolhida por motivos de retorno financeiro e não intelectual. As faculdades intelectuais do homem são vetadas de desenvolvimento desde sempre, em quase tudo em prol do modelo de sucesso estabelecido na sociedade movida exclusivamente pelo capital. Não. O capitalismo não é indispensável. Porém é preciso dar mais atenção ao conhecimento de mundo, mas o conhecimento de mundo com suas peculiaridades e diferenças. O ser humano é um ser pensante por natureza. Logo cada meio, cada sociedade, cada grupo social, estará disposto mais a um pensamento e outra respectivamente a outro. A tecnização da cultura está cada vez mais disposta ao capitalismo e cada vez mais o homem a segue cegamente estes princípios, deixando de lado seu estado natural do ser, do ser humano. Chegar a uma resolução só é possível através de uma alteração no modelo de sociedade em que vivemos através da educação. O senso comum precisa ficar de lado nesse processo. Os primeiros contatos das crianças com a cultura precisam ser coordenados de forma responsável pelos pais e professores, especialmente os professores, pois para que os pais sejam educados nesses métodos eles precisam ser crianças educadas nesses métodos. Através deste processo a indústria cultural, e mais especificamente este objeto de estudo,
  • 11. deverá se moldar à sociedade para atingi-la de forma honesta e quiçá cultural, ao invés de moldar a sociedade segundo suas necessidades capitais de obtenção de lucro. Considerações finais Não espero da sociedade a completa abstração do entretenimento por simples diversão, nem defendo esta ideia. O homem precisa ser dono do seu próprio eu. Seu âmago está embebido naturalmente de si, de suas opiniões e valores morais, religiosos. E como defendi anteriormente as diferenças de opiniões precisam ser respeitadas mutuamente. Para os autores citados neste ensaio não há método eficaz para a resolução do problema social em que nos encontramos e certamente estes quando vivos ainda não faziam nem ideia do quanto as coisas mudariam até agora. Porém não vejo motivo para defesa de tal pessimismo, visto que sociedades muito menos desenvolvidas que a minha, tem feito revoluções, derrubado ditadores de décadas em seus países, usando justamente os meios de comunicação em massa, especialmente as redes sociais da internet. Por tanto, fica claro que para que exista conscientização é preciso haver informação, especialmente uma informação escolar mais coerente, que não obtenha único propósito de formar profissionais mecânicos, robóticos, e sim, pensadores. Referencias: HORKHEIMER, Max, ADORNO, Theodor W. A indústria cultural: O iluminismo como mistificação de massas. In: Cohn, Gabriel. Comunicação e indústria cultural. São Paulo, T. A. Queiroz, 1987. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica, 2ª Ed. 1955. In. GRÜNNEWALD, José Lino. A idéia do cinema. Civilização Brasileira. 1ª Ed. Rio de Janeiro, 1969. Site Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/The_Walt_Disney_Company >. Acesso em: Jun. 2012. Site Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hjmaOj3_sKk > Acesso em: Jun. 2012