O documento discute as variações linguísticas resultantes de influências históricas, geográficas e socioculturais. Apresenta exemplos de variação geográfica entre dialetos regionais e variação sociocultural através de gírias e jargões técnicos. Também explica a variação histórica como mudanças no vocabulário ao longo do tempo.
2. Comunicação
A comunicação é inerente ao convívio social. No
trabalho e na sociedade, você convive com pessoas
e grupos diferentes que exercem papeis e funções
distintas e, para cada situação de fala, você precisa
se comunicar de forma adequada para se fazer
entendido.
3. Ao conquistar novas regiões, o Latim era a língua
imposta aos povos conquistados - que acabaram por
modificar bastante a pronuncia e incorporavam ao
vocabulário latino palavras de sua língua materna,
transformando assim, ao longo de anos de ocupação, a
língua imposta. Deram então origem ás línguas
neolatinas.
latim
Português Espanhol Catalão Francês Italiano Romero
4. Linguagem
A linguagem é a capacidade que o homem possui de
interagir com o seu semelhante por meio da palavra,
oral ou escrita, gestos, expressões fisionômicas,
imagens, notas musicais etc. O uso da linguagem
sempre objetivará a produção de sentido, ou seja, o
entendimento entre os interlocutores (parceiros no
processo comunicativo). Para isso, o processo de
adequação linguística é fundamental.
5. A linguagem não pode ser utilizada sempre da mesma
forma, já que o contexto, os interlocutores e o objetivo
da mensagem são alguns dos fatores que influenciam
a forma como ela deverá ser usada. Ela também não
deve ser classificada como certa ou errada, mas como
adequada ou inadequada.
No processo de adequação da linguagem, além dos
fatores já mencionados, diferenciar e caracterizar a
língua culta e coloquial é imprescindível, pois a
confusão entre elas causa prejuízos tanto para a
produção textual quanto para a comunicação de forma
geral.
6. Linguagem Culta
A linguagem culta ou norma culta é um conjunto de
padrões linguísticos que definem o uso correto de
uma língua. É também a variedade linguística de
maior prestigio social, pois segue rigorosamente as
normas gramaticais. Geralmente esse padrão é usado
por pessoas com elevado nível de escolaridade.
7. Características:
• Segue as normas gramaticais;
• É usada em situações formais;
• Há uma seleção cuidadosa das palavras;
• Variante prestigiada;
• Ensinado nas escolas.
8. Exemplos
1º exemplo:
Trecho da carta de amor escrita por
Olavo Bilac, poeta brasileiro.
“Excelentíssima senhora. Creio que, esta carta
não poderá absolutamente surpreendê-la.
Deve ser esperada. Porque V.Excia.
compreendeu com certeza que, depois de
tanta súplica desprezada sem piedade, eu não
podia continuar a sofrer o seu desprezo.
Dizem que V.Excia. me ama. Dizem, porque da
boca de V. Excia. nunca me foi dado ouvir
essa declaração. Como, porém, se
compreende que, amando-me V.Excia., nuca
tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o
mais insignificante carinho, o mais simples
olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi
humildemente uma palavra de consolo.
Nunca a obtive, porque V.Excia. ou ficava
calada ou me respondia com uma ironia cruel.
Não posso compreendê-la: perdi toda a
esperança de ser amado. Separemo-nos[...]
11. 4º exemplo:
Via láctea
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o
senso!”
Eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac
12. Linguagem Coloquial
A linguagem coloquial, informal ou popular é uma
linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a
atenção total da gramática, de modo que haja mais
fluidez na comunicação oral. Na linguagem informal
usam-se muitas gírias e palavras que na linguagem
formal não estão registradas ou tem outro
significado.
13. Características da Linguagem Coloquial:
Variante espontânea;
Utilizada em relações informais;
Sem preocupações com as regras da gramática normativa;
Presença de coloquialismos (expressões próprias da fala),
tais como: pega leve, se toca, tá rolando etc.
Uso de gírias;
Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê, peraí, etc.)
Uso de “a gente” no lugar de nós;
Uso frequente de palavras para articular ideias (tipo assim,
ai, então, etc.);
14. Exemplos
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto.
Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela
preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval:
aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais.
Ela falava de sério. Mas todo-mundo
riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E
fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E
pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou:
Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo
trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de
palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra
engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das
palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um
vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei aler.
Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
1º exemplo: O Cabeludinho – BARROS, M. Memórias inventadas: a infância.
São Paulo: Planeta, 2003.
17. 4º exemplo: ASA BRANCA - Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Quá foguêra de São João
Eu perguntei-ei a Deus do céu, ai
Pru que tamanha judiação?
Qui brasero, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa-branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse: adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração.
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortá pro meu sertão (...)
18. Exemplos:
A linguagem do Rei Luiz
O falar do nordestino sempre foi exaltado nas letras de
músicas de Luiz Gonzaga. Através delas, ele ressaltou
o caráter oral e popular da língua, valendo-se de
alterações na pronúncia, no léxico e na morfossintaxe
19. Diferença entre Linguagem Culta e
Coloquial
A LINGUAGEM CULTA É AQUELA QUE RESPEITA
TOTALMENTE AS REGRAS GRAMATICAIS E A
COLOQUIAL É A LINGUAGEM POPULAR, USADA NO
DIA A DIA PELAS PESSOAS. NÃO SÃO CLASSIFICADAS
COMO CERTA OU ERRADA, MAS COMO ADEQUADA E
INADEQUADA. VOCÊ TERÁ QUE FAZER O USO
CORRETO CONFORME A SITUAÇÃO QUE VENHA SER
FORMAL OU NÃO.
20. ATÉ QUANDO ? (Gabriel O Pensador )
Não adianta olhar pro céu Com
muita fé e pouca luta Levanta aí
que você tem muito protesto pra
fazer E muita greve, você pode,
você deve, pode crer Não adianta
olhar pro chão, Virar a cara pra não
ver
Se liga aí que te botaram numa
cruz E só porque Jesus sofreu não
quer dizer que você tenha que
sofrer.
Exemplo:
22. Variação linguística
(VARIAÇÃO HISTÓRICA, GEOGRÁFICA E SOCIOCULTURAL)
É o conjunto das diferenças de realização linguística falada
pelos locutores de uma mesma língua.
Surge de acordo com influencias históricas, geográficas e
culturais. Os diferentes falares devem ser considerados como
variações, e não como erros.
A língua varia de acordo com suas situações de uso, pois um
mesmo grupo social pode se comunicar de maneira diferente,
de acordo com a necessidade de adequação linguística.
23. Variação Geográfica
“(….)
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem se os quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas,
Brasil, nome de vegetal! (….)”
Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São
Paulo: Martins Editora, 1980.
24. Variação geográfica ( regional)
(Os chamados dialetos) - São as variações ocorridas de
acordo com a cultura de uma determinada região,
tomamos como exemplo a palavra mandioca, que em
certas regiões é tratada por macaxeira; e abóbora, que é
conhecida como jerimum.
Destaca-se também o caso do dialeto caipira, o qual
pertence àquelas pessoas que não tiveram a oportunidade
de ter uma educação formal, e em função disso, não
conhecem a linguagem “culta".
26. Variação Sociocultural
Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma
maneira geral e também ao grau de instrução de uma
determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os
jargões e o linguajar caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos
grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre
outros.
Os jargões estão relacionados ao profissionalismo,
caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe,
podemos citar os médicos, advogados, profissionais da área
de informática, dentre outros.
28. Variação Histórica
Aquela que sofre transformações ao longo do tempo.
Como por exemplo, a palavra “Você”, que antes era
vosmecê e que agora, diante da linguagem reduzida no
meio eletrônico, é apenas VC. O mesmo acontece com as
palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia,
agora, farmácia.
30. Exemplo: Antigamente
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio.
Carlos Drummond de Andrade
Ao travarmos contato com o fragmento ora exposto, percebemos
que nele existem certas expressões que já se encontram em
desuso, tais como:
Mademoiselles, prendadas, janotas, pé-de-alferes, balaio.
31. Caso fôssemos adequá-las ao vocabulário atual, como ficaria?
Restringindo-se a uma linguagem mais coloquial, os termos em
destaque
seriam substituídos por “mina”, “gatinha”, “maravilhosas”,
“saradas”, “da hora”, “Os manos”, “A galera,” “Davam uma
cantada”, e assim por diante.
- Mademoiselles, prendadas, janotas, pé-de-alferes, balaio.
32. Fim.
Nomes: Ana Karoline, Thainá Assunção, Caliandra Santos, Erika Vieira, Jéssica
Ferreira, Thais Andrade, Geovanna Borges e Karoline Barnabé.