SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 64
408575 – Tópicos Especiais em Cinema:Documentário  UFS – 2011/2 Profa. Maria Beatriz Colucci
UNIDADE ITrajetória do documentário no mundo: principais sujeitos e debates teóricos (20h/a)
  1.1 O cinema documentário: conceituação e princípios norteadores 1.1.1  Abrangência do termo e formas de abordagem (Bill Nichols) Documentários: um exercício de definição  O que dá aos documentários uma voz própria? 1.1.2  “Mas afinal... O que é mesmo documentário? (Fernão Pessoa Ramos) As asserções Indexação, verdade, ética, encenação As fronteiras do documentário: docudrama, reportagem, propaganda, experimental, animação Imagem câmera, a tomada, imagem-intensa, o sujeito da câmera  
1.2 Realidade e representação no filme documentário Uma representação reconhecível do mundo Sobre o realismo cinematográfico Que tipos de documentários existem? (Bill Nichols) A “representificação” no documentário (Paulo Menezes)   1.3 Marcos da história do documentário: origens e desenvolvimento do gênero Antecedentes: o cinema de atrações e a documentação científica Afirmação do documentário nos anos 1920: Robert Flaherty e DzigaVertov Grierson e o movimento documentarista britânico O cinema de propaganda x novos realismos A revolução dos novos cinemas Cinema Direto e Cinema Verdade Sob o risco do real: o documentário contemporâneo (Jean-Louis Comolli)   1.4 Cinema e antropologia: considerações sobre o documentário etnográfico Etnografia e visualidade (James Clifford; Clifford Geertz) Considerações sobre o documentário etnográfico Verdade e imaginação: Jean Rouch e a antropologia partilhada 
UNIDADE II Apontamentos histórico-críticos sobre o documentário no Brasil (20h/a)
  2.1 O documentário brasileiro na primeira metade do século XX Pioneiros do filme etnográfico: Silvino dos Santos e Major Thomaz Reis INCE, o cinema educativo no Brasil A obra de Humberto Mauro O proto-cinema novo em Arraial do Cabo e Aruanda   2.2 Anos 1960: o documentário brasileiro moderno do Cinema Novo A revolução tecnológica: som direto e entrevista O modelo sociológico (Jean-Claude Bernardet) A produção social, crítica e independente da geração cinemanovista
2.3 As transformações do documentário nas décadas de 1970-1980: por um cinema militante e reflexivo A voz do outro: movimentos sociais e documentário O anti-documentário (Arthur Omar) Um filme síntese: Cabra marcado pra morrer (1984), de Eduardo Coutinho O documentário na TV: a experiência do Globo Repórter 2.4 A expansão do documentário brasileiro dos anos 1990 ao início do século XXI Experiências ensaísticas em Jorge Furtado O documentário e o Cinema da Retomada As questões sociais brasileiras nos filmes do final dos anos 1990 Transformações na produção e no mercado do filme documentário no Brasil
UNIDADE IIITendências do documentário contemporâneo (20h/a)
  3.1 A entrevista: “A maldição do jornalístico na era digital” (Brian Winston) 2000 nordestes (2001), David França Mendes e Vicente Amorim Janela da alma (2002), João Jardim e Walter Carvalho À margem da imagem (2004), Evaldo Mocarzel Morro da conceição (2005), Cristiana Grumbach Estamira (2006), Marcos Prado   3.2 Diálogos com o cinema direto: a observação e o tempo Entreatos (2004), João Moreira Salles Peões (2004), Eduardo Coutinho Vocação do poder (2005), Eduardo Escorel e José Joffily   3.3 Documentário e auto-representação O prisioneiro da grade de ferro (autorretratos) (2003), Paulo Sacramento Pïrinop, meu primeiro contato (2007), Mari Corrêa e KaranéIkpeng  
3.4 Documentário e mídia: confrontos e diálogos “A vida como ela é” no sensacionalismo televisivo A emergência e permanência dos reality-shows Filmes: Onibus 174 (2001), José Padilha; Edifício Master (2002), E. Coutinho   3.5 Ensaios fílmicos e documentários subjetivos Um passaporte húngaro (2002), Sandra Kogut 33 (2003), Kiko Goifman 500 almas (2004), Joel Pizzini   3.6 “Documentários de dispositivo” e novas formas audiovisuais Dispositivos documentais: o aleatório e o arbitrário das imagens Dispositivos artísticos: a dimensão plástica no documentário Formas audiovisuais contemporâneas: que produções são essas? Filmes: O fim do sem fim (2001), Beto Magalhães, Cao Guimarães e Lucas Bambozzi; Rua de mão dupla (2004), Cao Guimarães; Santiago (2004), João Moreira Salles; Abio (2005), Marília Rocha; Uma encruzilhada aprazível  (2006), Ruy Vasconcelos; Acidente (2006), Cao Guimarães e Pablo Lobato.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS   Básicas COLUCCI, Maria Beatriz.Violência urbana e documentário brasileiro contemporâneo. SP/Campinas: Unicamp, 2007 (tese de doutoramento apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Multimeios). LABAKI, Amir. Introdução ao documentário brasileiro. São Paulo: Francis, 2006.  LINS, Consuelo; MESQUITA, Cláudia. Filmar o real. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005. RAMOS, Fernão P. Mas afinal, o que é mesmo documentário? São Paulo: Senac/SP, 2008.  
Complementares BARBOSA, Andréa; CUNHA, Edgar Teodoro da.  Antropologia e imagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.  CAETANO, Daniel (org.). Cinema brasileiro 1995-2005: ensaios sobre uma década. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005. COMOLLI, Jean-Louis.  Ver e poder, a inocência perdida: cinema televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. DA-RIN, Sílvio. Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004. LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
MIGLIORIN, Cezar (org.). Ensaios no real: o documentário brasileiro hoje. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2010. MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir (org.). O cinema do real. São Paulo: Cosac Naify, 2005. NOVAES, Sylvia Caiuby; BARBOSA, Andréa; CUNHA, Edgar Teodoro da et. al (orgs.). Escrituras da imagem. São Paulo: Edusp, FAPESP, 2004. RAMOS, Fernão P. (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: SENAC, vol. 2, 2005. TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (org.). Documentário no Brasil: tradição e transformação. São Paulo: Summus, 2004. XAVIER, Ismail.  O cinema moderno brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2001. (Coleção Leitura).
METODOLOGIA E RECURSOS   As aulas da disciplina serão expositivas/teóricas, com exibição e debate de filmes, além de discussão de textos.  Como recursos serão usados quadro, projetor e equipamentos de vídeo/DVD.      FORMAS DE AVALIAÇÃO   Considera-se como ponto essencial do processo de avaliação a participação e o interesse dos alunos durante todo o semestre nas aulas e atividades relacionadas à disciplina. Serão feitas no mínimo três avaliações de conteúdo (prova escrita, trabalho de pesquisa e/ou seminário sobre tópico do conteúdo programático) a serem realizadas individualmente ou em grupo.
Aula 1 – 22/08/2011 INTRODUÇÃO ,[object Object],Número de filmes produzidos ou em processo de produção;  de livros, artigos, reportagens publicados, especialmente em língua portuguesa;  de debates, conferências, mostras e festivais realizados;  de recursos e incentivos às produções, comparando-se com outros momentos da cinematografia brasileira; e  de espectadores, seja em salas de cinema, escolas e universidades, assinantes de TVs etc
Para embaralhar fronteiras entre ficção e documentário: O sanduíche (2000), Jorge Furtado ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - O Sanduiche   Jorge Furtado.wmv
1.1 O cinema documentário:  conceituação e princípios norteadores “Para a pergunta ‘O que é o documentário?‘’ a única resposta é a pergunta de André Bazin‘O que é o cinema?’” (Jean-Louis Comolli in Catálogo O Olhar de Ulisses, Vol. 2, Ed. Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura e Cinemateca Portuguesa, 2000)
Documentários: um exercício de definição: Segundo Bill Nichols (2005), para compreender a história do documentário, é preciso considerar, antes de tudo, que o que entendemos por documentário hoje é resultado das diversas tentativas dos pesquisadores em determinar uma história, com começo, meio e fim, para esse “gênero”. Nas origens do cinema não se tinha consciência de estar se inventando uma nova tradição; os interesses eram explorar os limites do cinema e descobrir novas possibilidades não experimentadas. E é exatamente essa característica que o autor acredita que deve ser destacada, pois para ele foi o que permitiu ao documentário manter-se ao longo do tempo como um gênero ativo.
“O fato de alguns desses trabalhos terem se consolidado no que hoje denominamos documentário acaba por obscurecer o limite indistinto entre ficção e não-ficção, documentação da realidade e experimentação da forma, exibição e relato, narrativa e retórica, que estimularam esses primeiros esforços” (NICHOLS, 2005, p.116-17).    Isso minimiza as discussões sobre a definição do gênero, marcadas, durante muito tempo, pelo debate sobre as diferenças entre o filme documentário e o filme de ficção. Porém, como demonstrado pela história do cinema, as tentativas de delimitar fronteiras rígidas entre esses gêneros mostraram-se por demais inconsistentes, especialmente a partir do neo-realismoitaliano.
NEO-REALISMOITALIANO (Pós segunda guerra, cinema de poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre.  Os  filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e da pequena burguesia.) Ladrões de bicicleta (1948), Vittorio De Sica ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Ladroes de Bicicletas.wmv
Paolo Zaglalia comenta que com o neo-realismo, os gêneros de documentário e ficção tornam-se definitivamente entrelaçados: os elementos do real foram fixados em uma história onde os personagens refletem sobre essa realidade (ZAGAGLIA, 1982).  Para Nichols, o neo-realismo, “como movimento do cinema de ficção, aceitou o desafio do documentário de organizar sua estética em torno da representação da vida cotidiana, não só no tocante a temas e tipos de personagem, como também na própria organização da imagem, da cena, da história”.
A própria definição do termo documentário parece carecer de consenso, podendo abarcar desde o chamado “cinema primitivo”, com as experiências cinematográficas dos irmãos Lumière e outros “cineastas” da época, os filmes de natureza e institucionais, os registros de expedições e acontecimentos históricos até as reportagens de TV. Entretanto, para a maioria dos pesquisadores, o gênero exigiu um longo período de maturação, sendo, portanto, o termo mais restritivo e não adequado a esse cinema das origens.
INDEFINIÇÃO DO TERMO - Manuela Penafria:as primeiras experiências contribuíram para mostrar que a base do documentário assenta-se nas imagens recolhidas nos locais onde decorrem os acontecimentos. “Assim, é o registo in loco que encontramos nos inícios do cinema que se constitui como o primeiro princípio identificador do documentário” (PENAFRIA, 1999, p.38).  ,[object Object],a indefinição do termo documentário e as diferentes formas de abordagem que contribuem para sua compreensão;  (2) o fato de o documentário poder ser visto como um “discurso de sobriedade”;  (3) a tradição do gênero documentário relacionada à “impressão de autenticidade”.
EXERCÍCIO DE DEFINIÇÃO DO TERMO DOCUMENTÁRIO Nicholsconsidera o termo sempre relativo ou comparativo, um “conceito vago”, pois não implica a adoção de um conjunto único e fixo de técnicas, formas, estilos, características comuns.  “A imprecisão da definição resulta, em parte, do fato de que definições mudam com o tempo e, em parte, do fato de que, em nenhum momento, uma definição abarca todos filmes que poderíamos considerar documentários” (NICHOLS, 2005, p.48).  Com isso, os limites do “gênero” são constantemente alterados e redefinidos segundo determinada visualidade predominante. Portanto, mais importante que dizer o que é ou não o documentário, é examinar modelos, casos exemplares e inovações. Para isso, Nicholsdelimita quatro ângulos de abordagem: “o das instituições, os dos profissionais, o dos textos (filmes) e o do público” (Ibid., p. 49).
A estrutura institucional, para Nichols, é uma das primeiras formas de considerar o documentário, pois dá ao filme um status de não-ficção.   “Levando em conta o patrocinador – seja ele o NationalFilmBoard canadense, o canal de notícias Fox, o HistoryChannel ou Michael Moore –, fazemos certas suposições acerca do status de documentário de um filme e acerca do seu provável grau de objetividade, confiabilidade e credibilidade. Pressupomos seu status de não-ficção e a referência que faz ao mundo histórico que compartilhamos, e não a um mundo imaginado pelo cineasta” (Ibid., p. 50).
Outro ponto de vista para compreender o que os documentários são é vê-los a partir da comunidade de profissionais que o fazem. Os documentaristas, ao aceitarem a tarefa de representar o mundo histórico, compartilham problemas comuns.  “Cada profissional molda ou transforma as tradições que herda, e faz isso dialogando com aqueles que compartilham a consciência de sua missão.”  Isso “confirma a variabilidade histórica do modelo: nossa compreensão do que é um documentário muda conforme muda a ideia dos documentaristas quanto ao que fazem” (Ibid., p. 53).
A terceira forma de abordagem relaciona-se ao corpo de textos: os filmes. Neste caso, pode-se considerar o documentário como um gênero, pois há convenções consolidadas que os distinguem dos filmes de ficção: voz-off, entrevistas, som direto, cortes, uso de atores sociais e de pessoas em seus papéis cotidianos como personagens principais do filme, etc. (Ibid., p. 54).  Também a importância de uma lógica informativa na organização dos filmes e de suas representações do mundo histórico pode ajudar a distinguir o filme documentário. Diz Nichols:
“A lógica que organiza um documentário sustenta um argumento, uma afirmação ou uma alegação fundamental sobre o mundo histórico, o que dá ao gênero sua particularidade. Esperamos nos envolver com filmes que se envolvem no mundo. Esse envolvimento e essa lógica liberam o documentário de algumas das convenções em que ele se fia para criar um mundo imaginário” (Ibid., p. 55). A expressão é utilizada para referir-se à narração ou comentário feito por um locutor que não é visível na imagem (voz-off, “voz de Deus”, “voz-over”).
A última forma refere-se diretamente ao público. Considerando que os limites entre filme documentário e filme de ficção são permeáveis, “a sensação de que um filme é um documentário está tanto na mente do espectador quanto no contexto ou na estrutura do filme” (Ibid., p. 64).  Os espectadores, ao assistirem a um filme caracterizado como documentário, supõem que os sons e as imagens desse filme têm origem no mundo histórico. Isso está relacionado à própria capacidade indexadora da imagem fotográfica e do registro dos sons, de reproduzir aquilo que foi registrado. “Os instrumentos de gravação (câmeras e gravadores) registram impressões (visões e sons) com grande fidelidade. Isso lhes dá valor documental...” (Ibid., p.64).
No documentário o espectador conserva sua crença na autenticidade do mundo histórico representado na tela, mas isso não impede seu entendimento do filme como um argumento sobre o mundo, para Nichols uma das principais características do documentário. “Como público, esperamos ser capazes tanto de crer no vínculo indexador entre o que vemos e o que ocorreu diante da câmera como de avaliar a transformação poética ou retórica desse vínculo em um comentário ou ponto de vista acerca do mundo em que vivemos. Adivinhamos uma oscilação entre o reconhecimento da realidade histórica e o reconhecimento de uma representação sobre ela. Essa expectativa distingue nosso envolvimento com o documentário de nosso envolvimento com outros gêneros de filme” (Ibid., p. 68).
APROXIMAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO  COM OS “DISCURSOS DE SOBRIEDADE” Ao reivindicar uma abordagem e uma capacidade de intervenção no mundo histórico, moldando nossa visão de mundo, o documentário aproxima-se dos discursos de sobriedade, pelos quais falamos de realidades sociais e históricas, como ciência, economia, medicina, estratégia militar, política externa, política educacional, dentre outras. Para Nichols, esses sistemas têm poder instrumental de alterar o próprio mundo, efetuando relações de ação e consequência.    “Os discursos são sóbrios porque eles consideram sua relação com a realidade direta, imediata, transparente. Por isso seu poder se mostra. Por isso as coisas acontecem. Eles são os veículos de dominação e consciência, poder e conhecimento, desejo e possibilidade. O documentário, apesar de seu parentesco, nunca foi aceito como um totalmente igual” (NICHOLS, 1991,p.3-4). 
IMPRESSÃO DE AUTENTICIDADE A tradição documentarista está profundamente enraizada na capacidade de o documentário transmitir uma impressão de autenticidade.  “Quando acreditamos que o que vemos é testemunho do que o mundo é, isso pode embasar nossa orientação ou ação nele” (NICHOLS, 2005, p. 20).  O advento dos meios digitais torna esse fato mais contundente, visto que a impressão de autenticidade se mantém mesmo quando não se tem mais garantia de que houve realmente uma câmera e uma cena, embora as imagens possam ser extremamente fiéis a pessoas e lugares conhecidos.
Certas tecnologias e estilos nos estimulam a acreditar numa correspondência estreita entre imagem e realidade, e efeitos de lentes, foco, contraste, profundidade de campo, cor, meios de alta resolução [...] parecem garantir a autenticidade do que vemos. No entanto, tudo isso pode ser usado para dar impressão de autenticidade ao que, na verdade, foi fabricado ou construído (Ibid., 19-20). A impressão de autenticidade é o que parece explicar o atual fascínio pelos formatos reality shows, que exploram a sensação de autenticidade documental, e o sucesso de filmes como A bruxa de Blair: “experimentamos uma forma distinta de fascínio pela oportunidade de testemunhar a vida dos outros quando eles parecem pertencer ao mesmo mundo histórico a que pertencemos” (Ibid., p. 18).
Mas afinal... O que é mesmo documentário? (Fernão Pessoa Ramos) As asserções: qual a diferença entre documentário e ficção? “Ao contrário da ficção, o documentário estabelece asserções ou proposições sobre o mundo histórico” (pg. 22) E o trabalho de definição do documentário é conceitual. Estabelecer diferenças entre documentário e ficção não é como distinguir répteis de mamíferos nas ciências naturais. “Lidamos com o horizonte da liberdade criativa de seres humanos, em uma época que estimula experiências extremas e desconfia de definições.”  Para pensar a produção cultural de nosso tempo é preciso lidar com conceitos, e na tradição narrativa do documentário existe uma história em que é possível vislumbrar traços recorrentes, que formam períodos. É assim com o documentário: “Designa um conjunto de obras que possuem algumas características singulares e estáveis que as diferenciam do conjunto dos filmes ficcionais.” (pg.23)
As asserções do documentário são enunciadas através de estilos diversos, mas há sempre uma voz. No documentário clássico (até final dos anos 1950) predomina a locução fora-de-campo (voz over, voz de Deus). Produção brasileira do INCE – O café ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - O CAF   (1958) Filme sobre caf realizado pelo pioneiro do cinema no Brasil.wmv Série WhyWeFight ..ópicosem Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Why We Fight War Comes to America (Frank Capra).wmv
Há, porém, uma flexão poética da voz over, em Alberto Cavalcante, nos documentários da escola britânica Night Mail (1935), Coal face (1935) e Industrial Britain (1933) = trabalham de modo inovador a locução, distendendo-a com vozes múltiplas, enunciadas por corais, flexionadas por meio de melodias atonais. Night Mail (1935) ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Night Mail   (1936)   Part 1.wmv ..ópicosem Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Why We Fight War Comes to America (Frank Capra).wmv Coalface (1935) ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Coal Face (Alberto Cavalcanti, 1935).wmv
No documentário "Night Mail" (1936), John Grierson narra a cena de abertura com o poema de WH Auden do mesmo nome, "Night Mail". Auden escreveu o poema especialmente para o filme.
A partir de 1960 – no cinema direto/verdade, o documentário mais autoral passa a enunciar por asserções dialógicas, com argumentos sendo expostos na forma de diálogos. “A forma mais participativa do cinema direto/verdade introduz no documentário uma nova maneira de enunciar: a entrevista ou o depoimento. As asserções continuam dialógicas, mas são provocadas pelo cineasta.” Crônica de um verão (1960), Edgar Morin e Jean Rouch ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Cronica de Verao.wmv No documentário contemporâneo mais criativo há uma forte tendência em se trabalhar com a enunciação em 1ª. pessoa, é o eu que fala e estabelece asserções sobre sua própria vida.
O documentário contemporâneo clássico – documentário cabo – as vozes aparecem misturadas. A voz do saber, em sua nova forma, perde a exclusividade da modalidade over, sendo os enunciados assertivos assumidos por entrevistas, depoimentos de especialistas, diálogos, filmes de arquivo.  O documentário caracteriza-se como narrativa que possui vozes diversas que falam do mundo, ou de si.
E os filmes de ficção?? Estabelecem outro tipo de asserções sobre o mundo, e não para o mesmo espectador. Quando vemos uma ficção propomos nos entreter com um universo ficcional e seus personagens.  A narrativa cinematográfica se efetiva na recepção. Na maioria dos casos o espectador sabe de antemão estar vendo uma ficção ou um documentário  (mesmo no mockumentary). O artista é livre para embaralhar as fronteiras, mas isso não impede que elas existam. A ficção se define a partir da estrutura narrativa, sendo sua ação estruturada em tramas articuladas. A ação é narrada através de procedimentos de montagem, planos, raccordsde tempo e espaço, etc. A locução não é característica estilística central no cinema ficcional.
O documentário é definido antes de tudo pela intenção de seu autor de fazer um documentário (intenção social, manifesta na indexação da obra). Outros procedimentos próprios à narrativa documentária são: ,[object Object]
Presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo; rara utilização de atores profissionais; intensidade particular da dimensão da tomada;
Procedimentos como câmera na mão, imagem tremida, utilização de roteiros abertos, ênfase na indeterminação da tomada.,[object Object]
Decupagem espacial (articulação de planos com angulações díspares mas convergentes, buscando unidade espacial)
Montagem de evidência (decupagem espacial e temporal articula-se na exposição do argumento)
Utilização de personagens (no documentário para encarnar as asserções sobre o mundo (trabalha com os próprios corpos que encarnam as personalidades no mundo ou com pessoas próximas ao universo mostrado), na ficção para levar adiante a ação ficcional com verossimilhança (com atores para encarnar personagens),[object Object]
A verdade: e se o filme manipula a realidade? O fato de asserções documentárias poderem ser falaciosas ou tendenciosas não incide sobre a definição do campo como um todo. Não há dúvidas de que Triunfo da vontade (1936), de Leni Riefenstahl é um documentário. O filme se define assim por sua estruturação narrativa particular e sua forma de indexação, apesar de apresentar pontos de vista e um tipo de manipulação do discurso documentário que não concordamos. “Um documentário pode ou não mostrar a verdade (se é que ela existe) sobre um fato histórico. [...] O fato de documentários poderem estabelecer asserções falsas como verdadeiras (o fato de poderem mentir) também não deve nos levar a negar a existência de documentários.”
Na medida em que se propõe a estabelecer asserções sobre o mundo histórico, o documentário estará lidando diretamente com a reconstituição e a interpretação de um fato. Podemos pensar a narrativa documentária como um ensaio histórico (exemplos de interpretações equivocadas ou distorcidas em filmes sobre personagens históricos) “Da mesma forma um documentário precisa mostrar a realidade? Mas de qual realidade estamos falando, dentro do leque de interpretações possíveis que o mundo oferece para mim, espectador? Um documentário pode ser objetivo?”  Mas objetividade e realidade são conceitos frágeis...  Exemplo: Tiros em Columbine (2002), de Michael Moore e outros documentários do diretor – polêmica sobre utilização de dados em cascata sem o devido cuidado.
Se o documentário pode mentir como fica a questão ética? Em uma perspectiva histórica, a ética do documentário não é estática, mas definida dentro de um panorama valorativo. A ética de Flaherty, quando fez Nanook (1922), é vista com os olhos críticos do século XXI, cujo discurso dominante é o da antropologia visual (centrado na desconstrução e subjetividade da voz que enuncia. Para Flaherty, ser ético era, no entanto, enunciar, encenando, costumes antigos extintos de modo que a tradição não se perdesse.
Chamamos de ética um conjunto de valores, coerentes entre si, que fornece a visão de mundo que sustenta a valoração da intervenção do sujeito nesse mundo. O corpo-a-corpo com o mundo – através da mediação da câmera, conforme se abre para o espectador e é por ele determinado – sempre foi uma questão premente para o documentário.  A ética compõe o horizonte a partir do qual cineasta e espectador debatem-se e estabelecem sua interação, na experiência da imagem-câmera/som conforme constituída no corpo-a-corpo do mundo, na circunstância da tomada.
4 grandes conjuntos éticos na história do cinema documentário 1 – ÉTICA EDUCATIVA - Estilo clássico de documentário, com forte presença de voz over, ausência de entrevistas, encenação em cenários, uso de pessoas como atores (missão de educar, assume a missão de propaganda) 2 – ÉTICA DA IMPARCIALIDADE/RECUO ,[object Object]
Ética da imparcialidade (fala do mundo, som ambiente);
Metáfora da mosca na parede (estilística do cinema direto).,[object Object]
3 – ÉTICA INTERATIVA/REFLEXIVA ,[object Object]
Procedimentos estilísticos:  entrevistas/depoimentos;
Documentarista pode adquirir espessura de personagem, deixando claro o que está em jogo e de onde sai a enunciação.	Os catadores e eu (2000), AgnèsVarda ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Lesglaneurs et la glaneuse.wmv
4 – ÉTICA MODESTA ,[object Object]
Vozes múltiplas se sobrepõem em narrativa fragmentada, centrada em impressões fugazes do mundo. Exemplos em documentários feitos em primeira pessoa, tendência forte no documentário brasileiro (Sandra Kogut, Cao Guimaraes, Kiko Goifman).,[object Object]
“Roteiro prévio detalhado e encenação são elementos básicos para a enunciação narrativa documentária”.	TIPOS DE ENCENAÇÃO:
Encenação construída: - Circunstância da tomada separada da circunstância do mundo. - Aparece tanto no documentário clássico griersoniano – Night mail (1935) , Harry Watt e Basil Wright – quanto no documentário cabo (TV) Walkingwithdinosaurs (1999), BBC ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 11 - Caminhando com  os dinossauros.wmv The thin blue line (1988), ErrolMorris ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 12 - The Thin Blue Line.wmv
b. Encenação-locação ,[object Object]
Encenação feita no local onde o sujeito-da-câmera sustenta a tomada, pedindo ao sujeito filmado que encene.
Envolve ações preparadas para a câmera, mas a encenação enfrenta a tensão com a intensidade e indeterminação do mundo.
Aruanda (1960), Linduarte Noronha (reconstituição da formação de um quilombo na serra do Talhado);

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

8. Narração moderna ou "de arte"
8. Narração moderna ou "de arte"8. Narração moderna ou "de arte"
8. Narração moderna ou "de arte"Cristiano Canguçu
 
07. Narrativa clássica no cinema
07. Narrativa clássica no cinema07. Narrativa clássica no cinema
07. Narrativa clássica no cinemaCristiano Canguçu
 
Cinema, o mundo em movimento
Cinema, o mundo em movimentoCinema, o mundo em movimento
Cinema, o mundo em movimentolorers
 
I Jornada Estamira Seg Versao
I Jornada Estamira Seg VersaoI Jornada Estamira Seg Versao
I Jornada Estamira Seg VersaoSuzana Pedrinho
 
Direção de Arte e Fotografia no Cinema
Direção de Arte e Fotografia no CinemaDireção de Arte e Fotografia no Cinema
Direção de Arte e Fotografia no CinemaMauricio Mallet Duprat
 
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e Exercicios
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e ExerciciosAULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e Exercicios
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e ExerciciosCET - UFTM - 2012
 
Fotografia e representação da realidade do sujeito
Fotografia e representação da realidade do sujeitoFotografia e representação da realidade do sujeito
Fotografia e representação da realidade do sujeitoProfessor Rômulo Viana
 
Identidade visual Cinusp
Identidade visual CinuspIdentidade visual Cinusp
Identidade visual Cinuspmote
 
Curso teorias de cinerma1
Curso teorias de cinerma1Curso teorias de cinerma1
Curso teorias de cinerma1formigueiro1
 
A historia do cinema 3 d
A historia do cinema 3 dA historia do cinema 3 d
A historia do cinema 3 deercavalcanti
 

Mais procurados (17)

Béla Balázs
Béla BalázsBéla Balázs
Béla Balázs
 
8. Narração moderna ou "de arte"
8. Narração moderna ou "de arte"8. Narração moderna ou "de arte"
8. Narração moderna ou "de arte"
 
Hugo Münsterberg
Hugo MünsterbergHugo Münsterberg
Hugo Münsterberg
 
Siegfried Kracauer
Siegfried KracauerSiegfried Kracauer
Siegfried Kracauer
 
Historia do cinema
Historia do cinema Historia do cinema
Historia do cinema
 
07. Narrativa clássica no cinema
07. Narrativa clássica no cinema07. Narrativa clássica no cinema
07. Narrativa clássica no cinema
 
Cinema, o mundo em movimento
Cinema, o mundo em movimentoCinema, o mundo em movimento
Cinema, o mundo em movimento
 
I Jornada Estamira Seg Versao
I Jornada Estamira Seg VersaoI Jornada Estamira Seg Versao
I Jornada Estamira Seg Versao
 
6. Forma e narrativa
6. Forma e narrativa6. Forma e narrativa
6. Forma e narrativa
 
Direção de Arte e Fotografia no Cinema
Direção de Arte e Fotografia no CinemaDireção de Arte e Fotografia no Cinema
Direção de Arte e Fotografia no Cinema
 
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e Exercicios
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e ExerciciosAULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e Exercicios
AULAS 9, 10 E 11 - Fotografia - Revisao e Exercicios
 
Prova de arte1 9 ano
Prova de arte1 9 anoProva de arte1 9 ano
Prova de arte1 9 ano
 
O Cinema Europeu
O Cinema EuropeuO Cinema Europeu
O Cinema Europeu
 
Fotografia e representação da realidade do sujeito
Fotografia e representação da realidade do sujeitoFotografia e representação da realidade do sujeito
Fotografia e representação da realidade do sujeito
 
Identidade visual Cinusp
Identidade visual CinuspIdentidade visual Cinusp
Identidade visual Cinusp
 
Curso teorias de cinerma1
Curso teorias de cinerma1Curso teorias de cinerma1
Curso teorias de cinerma1
 
A historia do cinema 3 d
A historia do cinema 3 dA historia do cinema 3 d
A historia do cinema 3 d
 

Destaque

Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...
Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...
Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...Marina Fernanda Veiga dos Santos de Farias
 
Projeto pessoal 2009
Projeto pessoal 2009Projeto pessoal 2009
Projeto pessoal 2009rblay
 
Como funcionam os cinemas 3 d
Como funcionam os cinemas 3 dComo funcionam os cinemas 3 d
Como funcionam os cinemas 3 dRobson Nascimento
 
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele SouzaTCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele SouzaJosiele Souza
 
TCC Memorial de Documentário - Nós, Agentes de Saúde
TCC   Memorial de Documentário - Nós, Agentes de SaúdeTCC   Memorial de Documentário - Nós, Agentes de Saúde
TCC Memorial de Documentário - Nós, Agentes de SaúdeDedinha Ramos
 
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius Lima
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius LimaApresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius Lima
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius LimaGoverno do Estado de São Paulo
 
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música: um estudo sobre est...
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música:um estudo sobre est...TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música:um estudo sobre est...
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música: um estudo sobre est...Isadora Müller
 
Cinema Efeitos Especiais
Cinema Efeitos EspeciaisCinema Efeitos Especiais
Cinema Efeitos EspeciaisEFA_06_08
 
Projeto experimental em jornalismo tcc
Projeto experimental em jornalismo tccProjeto experimental em jornalismo tcc
Projeto experimental em jornalismo tccAtitude Digital
 
Introdução aos Efeitos Visuais e ao Compositing
Introdução aos Efeitos Visuais e ao CompositingIntrodução aos Efeitos Visuais e ao Compositing
Introdução aos Efeitos Visuais e ao CompositingLeonardo Pereira
 
Apresentação TCC #rockinrio - Zek Nascimento
Apresentação TCC #rockinrio - Zek NascimentoApresentação TCC #rockinrio - Zek Nascimento
Apresentação TCC #rockinrio - Zek NascimentoEzequias Nascimento
 
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCC
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCCO Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCC
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCCEudaldo Jr.
 
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda Farias
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda FariasTCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda Farias
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda FariasHermano Reis
 
Aula roteiro de documentário
Aula roteiro de documentárioAula roteiro de documentário
Aula roteiro de documentárioRenato Delmanto
 
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAISEVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAISTiago Lopes
 
Evolução do Cinema
Evolução do CinemaEvolução do Cinema
Evolução do CinemaMichele Pó
 
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)Mauricio Mallet Duprat
 

Destaque (20)

Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...
Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...
Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas ...
 
Projeto pessoal 2009
Projeto pessoal 2009Projeto pessoal 2009
Projeto pessoal 2009
 
Como funcionam os cinemas 3 d
Como funcionam os cinemas 3 dComo funcionam os cinemas 3 d
Como funcionam os cinemas 3 d
 
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele SouzaTCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
 
TCC Memorial de Documentário - Nós, Agentes de Saúde
TCC   Memorial de Documentário - Nós, Agentes de SaúdeTCC   Memorial de Documentário - Nós, Agentes de Saúde
TCC Memorial de Documentário - Nós, Agentes de Saúde
 
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius Lima
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius LimaApresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius Lima
Apresentação TCC Risco na comunicação entre máquinas virtuais - Vinícius Lima
 
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música: um estudo sobre est...
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música:um estudo sobre est...TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música:um estudo sobre est...
TCC Isadora Müller - Assessoria de Comunicação na música: um estudo sobre est...
 
Melies
MeliesMelies
Melies
 
Cinema Efeitos Especiais
Cinema Efeitos EspeciaisCinema Efeitos Especiais
Cinema Efeitos Especiais
 
Projeto experimental em jornalismo tcc
Projeto experimental em jornalismo tccProjeto experimental em jornalismo tcc
Projeto experimental em jornalismo tcc
 
Introdução aos Efeitos Visuais e ao Compositing
Introdução aos Efeitos Visuais e ao CompositingIntrodução aos Efeitos Visuais e ao Compositing
Introdução aos Efeitos Visuais e ao Compositing
 
Tecnologia 3 d
Tecnologia 3 dTecnologia 3 d
Tecnologia 3 d
 
Apresentação TCC #rockinrio - Zek Nascimento
Apresentação TCC #rockinrio - Zek NascimentoApresentação TCC #rockinrio - Zek Nascimento
Apresentação TCC #rockinrio - Zek Nascimento
 
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCC
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCCO Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCC
O Muro é o meio (Documentário) Memorial Descritivo TCC
 
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda Farias
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda FariasTCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda Farias
TCC - Jornalismo Cultural e Crítica Cinematográfica - Marina Fernanda Farias
 
Aula roteiro de documentário
Aula roteiro de documentárioAula roteiro de documentário
Aula roteiro de documentário
 
01. O cinema como arte
01. O cinema como arte01. O cinema como arte
01. O cinema como arte
 
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAISEVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS
 
Evolução do Cinema
Evolução do CinemaEvolução do Cinema
Evolução do Cinema
 
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 2 (Ângulos e Efeitos Psicológicos)
 

Semelhante a 408575 – tópicos especiais em cinema[2]

Claquete Alternativa 2015
Claquete Alternativa 2015Claquete Alternativa 2015
Claquete Alternativa 2015Felipe Henrique
 
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdf
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdfHistória do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdf
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdfPriscilaPaixo13
 
cinema_historia_e_historiografia.ppt
cinema_historia_e_historiografia.pptcinema_historia_e_historiografia.ppt
cinema_historia_e_historiografia.pptWeslleyDias8
 
Cinema, filosofia e sociedade.pptx
Cinema, filosofia e sociedade.pptx   Cinema, filosofia e sociedade.pptx
Cinema, filosofia e sociedade.pptx gabiimedeiros
 
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptx
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptxCinema transform(ação) ppt1 introdução.pptx
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptxCarolinaMagalhes54
 
[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira
[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira
[HAVC] Cinema: Manoel de OliveiraRicardo Sousa
 
Cinema Documentário.ppt
Cinema Documentário.pptCinema Documentário.ppt
Cinema Documentário.pptFrazoAndra
 
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesA arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesAndréa Kochhann
 
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesA arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesAndréa Kochhann
 
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinema
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinemaTrailer: o passaporte da publicidade para o cinema
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinemaLuci Bonini
 
Trabalho meios e linguagens 2 - cinema
Trabalho meios e linguagens 2 - cinemaTrabalho meios e linguagens 2 - cinema
Trabalho meios e linguagens 2 - cinemaPaulo R Corrêa
 
Ppt jean rouch
Ppt jean rouchPpt jean rouch
Ppt jean rouchPedrobap
 

Semelhante a 408575 – tópicos especiais em cinema[2] (20)

Claquete Alternativa 2015
Claquete Alternativa 2015Claquete Alternativa 2015
Claquete Alternativa 2015
 
O voz do outro
O voz do outroO voz do outro
O voz do outro
 
Cinema de portugal
Cinema de portugalCinema de portugal
Cinema de portugal
 
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdf
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdfHistória do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdf
História do Cinema - Cine+ curso de exibidores (1).pdf
 
cinema_historia_e_historiografia.ppt
cinema_historia_e_historiografia.pptcinema_historia_e_historiografia.ppt
cinema_historia_e_historiografia.ppt
 
Cinema, filosofia e sociedade.pptx
Cinema, filosofia e sociedade.pptx   Cinema, filosofia e sociedade.pptx
Cinema, filosofia e sociedade.pptx
 
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptx
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptxCinema transform(ação) ppt1 introdução.pptx
Cinema transform(ação) ppt1 introdução.pptx
 
Antropologia visual ii atualizado
Antropologia visual ii atualizadoAntropologia visual ii atualizado
Antropologia visual ii atualizado
 
[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira
[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira
[HAVC] Cinema: Manoel de Oliveira
 
Defesa de Dissertação
Defesa de DissertaçãoDefesa de Dissertação
Defesa de Dissertação
 
Cinema Documentário.ppt
Cinema Documentário.pptCinema Documentário.ppt
Cinema Documentário.ppt
 
Hitchcock
HitchcockHitchcock
Hitchcock
 
Joao botelho
Joao botelhoJoao botelho
Joao botelho
 
Manoel de oliveira
Manoel de oliveiraManoel de oliveira
Manoel de oliveira
 
Conf. pac ilse losa v2
Conf. pac ilse losa v2Conf. pac ilse losa v2
Conf. pac ilse losa v2
 
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesA arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
 
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas consideraçõesA arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
A arte do real e a teoria crítica: algumas considerações
 
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinema
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinemaTrailer: o passaporte da publicidade para o cinema
Trailer: o passaporte da publicidade para o cinema
 
Trabalho meios e linguagens 2 - cinema
Trabalho meios e linguagens 2 - cinemaTrabalho meios e linguagens 2 - cinema
Trabalho meios e linguagens 2 - cinema
 
Ppt jean rouch
Ppt jean rouchPpt jean rouch
Ppt jean rouch
 

Último

PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfLuizaAbaAba
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxedelon1
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptssuser2b53fe
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfRavenaSales1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasSocorro Machado
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 

Último (20)

PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 

408575 – tópicos especiais em cinema[2]

  • 1. 408575 – Tópicos Especiais em Cinema:Documentário UFS – 2011/2 Profa. Maria Beatriz Colucci
  • 2. UNIDADE ITrajetória do documentário no mundo: principais sujeitos e debates teóricos (20h/a)
  • 3.   1.1 O cinema documentário: conceituação e princípios norteadores 1.1.1 Abrangência do termo e formas de abordagem (Bill Nichols) Documentários: um exercício de definição O que dá aos documentários uma voz própria? 1.1.2 “Mas afinal... O que é mesmo documentário? (Fernão Pessoa Ramos) As asserções Indexação, verdade, ética, encenação As fronteiras do documentário: docudrama, reportagem, propaganda, experimental, animação Imagem câmera, a tomada, imagem-intensa, o sujeito da câmera  
  • 4. 1.2 Realidade e representação no filme documentário Uma representação reconhecível do mundo Sobre o realismo cinematográfico Que tipos de documentários existem? (Bill Nichols) A “representificação” no documentário (Paulo Menezes)   1.3 Marcos da história do documentário: origens e desenvolvimento do gênero Antecedentes: o cinema de atrações e a documentação científica Afirmação do documentário nos anos 1920: Robert Flaherty e DzigaVertov Grierson e o movimento documentarista britânico O cinema de propaganda x novos realismos A revolução dos novos cinemas Cinema Direto e Cinema Verdade Sob o risco do real: o documentário contemporâneo (Jean-Louis Comolli)   1.4 Cinema e antropologia: considerações sobre o documentário etnográfico Etnografia e visualidade (James Clifford; Clifford Geertz) Considerações sobre o documentário etnográfico Verdade e imaginação: Jean Rouch e a antropologia partilhada 
  • 5. UNIDADE II Apontamentos histórico-críticos sobre o documentário no Brasil (20h/a)
  • 6.   2.1 O documentário brasileiro na primeira metade do século XX Pioneiros do filme etnográfico: Silvino dos Santos e Major Thomaz Reis INCE, o cinema educativo no Brasil A obra de Humberto Mauro O proto-cinema novo em Arraial do Cabo e Aruanda   2.2 Anos 1960: o documentário brasileiro moderno do Cinema Novo A revolução tecnológica: som direto e entrevista O modelo sociológico (Jean-Claude Bernardet) A produção social, crítica e independente da geração cinemanovista
  • 7. 2.3 As transformações do documentário nas décadas de 1970-1980: por um cinema militante e reflexivo A voz do outro: movimentos sociais e documentário O anti-documentário (Arthur Omar) Um filme síntese: Cabra marcado pra morrer (1984), de Eduardo Coutinho O documentário na TV: a experiência do Globo Repórter 2.4 A expansão do documentário brasileiro dos anos 1990 ao início do século XXI Experiências ensaísticas em Jorge Furtado O documentário e o Cinema da Retomada As questões sociais brasileiras nos filmes do final dos anos 1990 Transformações na produção e no mercado do filme documentário no Brasil
  • 8. UNIDADE IIITendências do documentário contemporâneo (20h/a)
  • 9.   3.1 A entrevista: “A maldição do jornalístico na era digital” (Brian Winston) 2000 nordestes (2001), David França Mendes e Vicente Amorim Janela da alma (2002), João Jardim e Walter Carvalho À margem da imagem (2004), Evaldo Mocarzel Morro da conceição (2005), Cristiana Grumbach Estamira (2006), Marcos Prado   3.2 Diálogos com o cinema direto: a observação e o tempo Entreatos (2004), João Moreira Salles Peões (2004), Eduardo Coutinho Vocação do poder (2005), Eduardo Escorel e José Joffily   3.3 Documentário e auto-representação O prisioneiro da grade de ferro (autorretratos) (2003), Paulo Sacramento Pïrinop, meu primeiro contato (2007), Mari Corrêa e KaranéIkpeng  
  • 10. 3.4 Documentário e mídia: confrontos e diálogos “A vida como ela é” no sensacionalismo televisivo A emergência e permanência dos reality-shows Filmes: Onibus 174 (2001), José Padilha; Edifício Master (2002), E. Coutinho   3.5 Ensaios fílmicos e documentários subjetivos Um passaporte húngaro (2002), Sandra Kogut 33 (2003), Kiko Goifman 500 almas (2004), Joel Pizzini   3.6 “Documentários de dispositivo” e novas formas audiovisuais Dispositivos documentais: o aleatório e o arbitrário das imagens Dispositivos artísticos: a dimensão plástica no documentário Formas audiovisuais contemporâneas: que produções são essas? Filmes: O fim do sem fim (2001), Beto Magalhães, Cao Guimarães e Lucas Bambozzi; Rua de mão dupla (2004), Cao Guimarães; Santiago (2004), João Moreira Salles; Abio (2005), Marília Rocha; Uma encruzilhada aprazível (2006), Ruy Vasconcelos; Acidente (2006), Cao Guimarães e Pablo Lobato.
  • 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS   Básicas COLUCCI, Maria Beatriz.Violência urbana e documentário brasileiro contemporâneo. SP/Campinas: Unicamp, 2007 (tese de doutoramento apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Multimeios). LABAKI, Amir. Introdução ao documentário brasileiro. São Paulo: Francis, 2006. LINS, Consuelo; MESQUITA, Cláudia. Filmar o real. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005. RAMOS, Fernão P. Mas afinal, o que é mesmo documentário? São Paulo: Senac/SP, 2008.  
  • 12. Complementares BARBOSA, Andréa; CUNHA, Edgar Teodoro da. Antropologia e imagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. CAETANO, Daniel (org.). Cinema brasileiro 1995-2005: ensaios sobre uma década. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005. COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder, a inocência perdida: cinema televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. DA-RIN, Sílvio. Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004. LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
  • 13. MIGLIORIN, Cezar (org.). Ensaios no real: o documentário brasileiro hoje. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2010. MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir (org.). O cinema do real. São Paulo: Cosac Naify, 2005. NOVAES, Sylvia Caiuby; BARBOSA, Andréa; CUNHA, Edgar Teodoro da et. al (orgs.). Escrituras da imagem. São Paulo: Edusp, FAPESP, 2004. RAMOS, Fernão P. (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: SENAC, vol. 2, 2005. TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (org.). Documentário no Brasil: tradição e transformação. São Paulo: Summus, 2004. XAVIER, Ismail.  O cinema moderno brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2001. (Coleção Leitura).
  • 14. METODOLOGIA E RECURSOS   As aulas da disciplina serão expositivas/teóricas, com exibição e debate de filmes, além de discussão de textos. Como recursos serão usados quadro, projetor e equipamentos de vídeo/DVD.     FORMAS DE AVALIAÇÃO   Considera-se como ponto essencial do processo de avaliação a participação e o interesse dos alunos durante todo o semestre nas aulas e atividades relacionadas à disciplina. Serão feitas no mínimo três avaliações de conteúdo (prova escrita, trabalho de pesquisa e/ou seminário sobre tópico do conteúdo programático) a serem realizadas individualmente ou em grupo.
  • 15.
  • 16. Para embaralhar fronteiras entre ficção e documentário: O sanduíche (2000), Jorge Furtado ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - O Sanduiche Jorge Furtado.wmv
  • 17. 1.1 O cinema documentário: conceituação e princípios norteadores “Para a pergunta ‘O que é o documentário?‘’ a única resposta é a pergunta de André Bazin‘O que é o cinema?’” (Jean-Louis Comolli in Catálogo O Olhar de Ulisses, Vol. 2, Ed. Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura e Cinemateca Portuguesa, 2000)
  • 18. Documentários: um exercício de definição: Segundo Bill Nichols (2005), para compreender a história do documentário, é preciso considerar, antes de tudo, que o que entendemos por documentário hoje é resultado das diversas tentativas dos pesquisadores em determinar uma história, com começo, meio e fim, para esse “gênero”. Nas origens do cinema não se tinha consciência de estar se inventando uma nova tradição; os interesses eram explorar os limites do cinema e descobrir novas possibilidades não experimentadas. E é exatamente essa característica que o autor acredita que deve ser destacada, pois para ele foi o que permitiu ao documentário manter-se ao longo do tempo como um gênero ativo.
  • 19. “O fato de alguns desses trabalhos terem se consolidado no que hoje denominamos documentário acaba por obscurecer o limite indistinto entre ficção e não-ficção, documentação da realidade e experimentação da forma, exibição e relato, narrativa e retórica, que estimularam esses primeiros esforços” (NICHOLS, 2005, p.116-17).   Isso minimiza as discussões sobre a definição do gênero, marcadas, durante muito tempo, pelo debate sobre as diferenças entre o filme documentário e o filme de ficção. Porém, como demonstrado pela história do cinema, as tentativas de delimitar fronteiras rígidas entre esses gêneros mostraram-se por demais inconsistentes, especialmente a partir do neo-realismoitaliano.
  • 20. NEO-REALISMOITALIANO (Pós segunda guerra, cinema de poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre. Os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e da pequena burguesia.) Ladrões de bicicleta (1948), Vittorio De Sica ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Ladroes de Bicicletas.wmv
  • 21. Paolo Zaglalia comenta que com o neo-realismo, os gêneros de documentário e ficção tornam-se definitivamente entrelaçados: os elementos do real foram fixados em uma história onde os personagens refletem sobre essa realidade (ZAGAGLIA, 1982). Para Nichols, o neo-realismo, “como movimento do cinema de ficção, aceitou o desafio do documentário de organizar sua estética em torno da representação da vida cotidiana, não só no tocante a temas e tipos de personagem, como também na própria organização da imagem, da cena, da história”.
  • 22. A própria definição do termo documentário parece carecer de consenso, podendo abarcar desde o chamado “cinema primitivo”, com as experiências cinematográficas dos irmãos Lumière e outros “cineastas” da época, os filmes de natureza e institucionais, os registros de expedições e acontecimentos históricos até as reportagens de TV. Entretanto, para a maioria dos pesquisadores, o gênero exigiu um longo período de maturação, sendo, portanto, o termo mais restritivo e não adequado a esse cinema das origens.
  • 23.
  • 24. EXERCÍCIO DE DEFINIÇÃO DO TERMO DOCUMENTÁRIO Nicholsconsidera o termo sempre relativo ou comparativo, um “conceito vago”, pois não implica a adoção de um conjunto único e fixo de técnicas, formas, estilos, características comuns. “A imprecisão da definição resulta, em parte, do fato de que definições mudam com o tempo e, em parte, do fato de que, em nenhum momento, uma definição abarca todos filmes que poderíamos considerar documentários” (NICHOLS, 2005, p.48). Com isso, os limites do “gênero” são constantemente alterados e redefinidos segundo determinada visualidade predominante. Portanto, mais importante que dizer o que é ou não o documentário, é examinar modelos, casos exemplares e inovações. Para isso, Nicholsdelimita quatro ângulos de abordagem: “o das instituições, os dos profissionais, o dos textos (filmes) e o do público” (Ibid., p. 49).
  • 25. A estrutura institucional, para Nichols, é uma das primeiras formas de considerar o documentário, pois dá ao filme um status de não-ficção.   “Levando em conta o patrocinador – seja ele o NationalFilmBoard canadense, o canal de notícias Fox, o HistoryChannel ou Michael Moore –, fazemos certas suposições acerca do status de documentário de um filme e acerca do seu provável grau de objetividade, confiabilidade e credibilidade. Pressupomos seu status de não-ficção e a referência que faz ao mundo histórico que compartilhamos, e não a um mundo imaginado pelo cineasta” (Ibid., p. 50).
  • 26. Outro ponto de vista para compreender o que os documentários são é vê-los a partir da comunidade de profissionais que o fazem. Os documentaristas, ao aceitarem a tarefa de representar o mundo histórico, compartilham problemas comuns. “Cada profissional molda ou transforma as tradições que herda, e faz isso dialogando com aqueles que compartilham a consciência de sua missão.” Isso “confirma a variabilidade histórica do modelo: nossa compreensão do que é um documentário muda conforme muda a ideia dos documentaristas quanto ao que fazem” (Ibid., p. 53).
  • 27. A terceira forma de abordagem relaciona-se ao corpo de textos: os filmes. Neste caso, pode-se considerar o documentário como um gênero, pois há convenções consolidadas que os distinguem dos filmes de ficção: voz-off, entrevistas, som direto, cortes, uso de atores sociais e de pessoas em seus papéis cotidianos como personagens principais do filme, etc. (Ibid., p. 54). Também a importância de uma lógica informativa na organização dos filmes e de suas representações do mundo histórico pode ajudar a distinguir o filme documentário. Diz Nichols:
  • 28. “A lógica que organiza um documentário sustenta um argumento, uma afirmação ou uma alegação fundamental sobre o mundo histórico, o que dá ao gênero sua particularidade. Esperamos nos envolver com filmes que se envolvem no mundo. Esse envolvimento e essa lógica liberam o documentário de algumas das convenções em que ele se fia para criar um mundo imaginário” (Ibid., p. 55). A expressão é utilizada para referir-se à narração ou comentário feito por um locutor que não é visível na imagem (voz-off, “voz de Deus”, “voz-over”).
  • 29. A última forma refere-se diretamente ao público. Considerando que os limites entre filme documentário e filme de ficção são permeáveis, “a sensação de que um filme é um documentário está tanto na mente do espectador quanto no contexto ou na estrutura do filme” (Ibid., p. 64). Os espectadores, ao assistirem a um filme caracterizado como documentário, supõem que os sons e as imagens desse filme têm origem no mundo histórico. Isso está relacionado à própria capacidade indexadora da imagem fotográfica e do registro dos sons, de reproduzir aquilo que foi registrado. “Os instrumentos de gravação (câmeras e gravadores) registram impressões (visões e sons) com grande fidelidade. Isso lhes dá valor documental...” (Ibid., p.64).
  • 30. No documentário o espectador conserva sua crença na autenticidade do mundo histórico representado na tela, mas isso não impede seu entendimento do filme como um argumento sobre o mundo, para Nichols uma das principais características do documentário. “Como público, esperamos ser capazes tanto de crer no vínculo indexador entre o que vemos e o que ocorreu diante da câmera como de avaliar a transformação poética ou retórica desse vínculo em um comentário ou ponto de vista acerca do mundo em que vivemos. Adivinhamos uma oscilação entre o reconhecimento da realidade histórica e o reconhecimento de uma representação sobre ela. Essa expectativa distingue nosso envolvimento com o documentário de nosso envolvimento com outros gêneros de filme” (Ibid., p. 68).
  • 31. APROXIMAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO COM OS “DISCURSOS DE SOBRIEDADE” Ao reivindicar uma abordagem e uma capacidade de intervenção no mundo histórico, moldando nossa visão de mundo, o documentário aproxima-se dos discursos de sobriedade, pelos quais falamos de realidades sociais e históricas, como ciência, economia, medicina, estratégia militar, política externa, política educacional, dentre outras. Para Nichols, esses sistemas têm poder instrumental de alterar o próprio mundo, efetuando relações de ação e consequência.   “Os discursos são sóbrios porque eles consideram sua relação com a realidade direta, imediata, transparente. Por isso seu poder se mostra. Por isso as coisas acontecem. Eles são os veículos de dominação e consciência, poder e conhecimento, desejo e possibilidade. O documentário, apesar de seu parentesco, nunca foi aceito como um totalmente igual” (NICHOLS, 1991,p.3-4). 
  • 32. IMPRESSÃO DE AUTENTICIDADE A tradição documentarista está profundamente enraizada na capacidade de o documentário transmitir uma impressão de autenticidade. “Quando acreditamos que o que vemos é testemunho do que o mundo é, isso pode embasar nossa orientação ou ação nele” (NICHOLS, 2005, p. 20). O advento dos meios digitais torna esse fato mais contundente, visto que a impressão de autenticidade se mantém mesmo quando não se tem mais garantia de que houve realmente uma câmera e uma cena, embora as imagens possam ser extremamente fiéis a pessoas e lugares conhecidos.
  • 33. Certas tecnologias e estilos nos estimulam a acreditar numa correspondência estreita entre imagem e realidade, e efeitos de lentes, foco, contraste, profundidade de campo, cor, meios de alta resolução [...] parecem garantir a autenticidade do que vemos. No entanto, tudo isso pode ser usado para dar impressão de autenticidade ao que, na verdade, foi fabricado ou construído (Ibid., 19-20). A impressão de autenticidade é o que parece explicar o atual fascínio pelos formatos reality shows, que exploram a sensação de autenticidade documental, e o sucesso de filmes como A bruxa de Blair: “experimentamos uma forma distinta de fascínio pela oportunidade de testemunhar a vida dos outros quando eles parecem pertencer ao mesmo mundo histórico a que pertencemos” (Ibid., p. 18).
  • 34. Mas afinal... O que é mesmo documentário? (Fernão Pessoa Ramos) As asserções: qual a diferença entre documentário e ficção? “Ao contrário da ficção, o documentário estabelece asserções ou proposições sobre o mundo histórico” (pg. 22) E o trabalho de definição do documentário é conceitual. Estabelecer diferenças entre documentário e ficção não é como distinguir répteis de mamíferos nas ciências naturais. “Lidamos com o horizonte da liberdade criativa de seres humanos, em uma época que estimula experiências extremas e desconfia de definições.” Para pensar a produção cultural de nosso tempo é preciso lidar com conceitos, e na tradição narrativa do documentário existe uma história em que é possível vislumbrar traços recorrentes, que formam períodos. É assim com o documentário: “Designa um conjunto de obras que possuem algumas características singulares e estáveis que as diferenciam do conjunto dos filmes ficcionais.” (pg.23)
  • 35. As asserções do documentário são enunciadas através de estilos diversos, mas há sempre uma voz. No documentário clássico (até final dos anos 1950) predomina a locução fora-de-campo (voz over, voz de Deus). Produção brasileira do INCE – O café ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - O CAF (1958) Filme sobre caf realizado pelo pioneiro do cinema no Brasil.wmv Série WhyWeFight ..ópicosem Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Why We Fight War Comes to America (Frank Capra).wmv
  • 36. Há, porém, uma flexão poética da voz over, em Alberto Cavalcante, nos documentários da escola britânica Night Mail (1935), Coal face (1935) e Industrial Britain (1933) = trabalham de modo inovador a locução, distendendo-a com vozes múltiplas, enunciadas por corais, flexionadas por meio de melodias atonais. Night Mail (1935) ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Night Mail (1936) Part 1.wmv ..ópicosem Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Why We Fight War Comes to America (Frank Capra).wmv Coalface (1935) ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Coal Face (Alberto Cavalcanti, 1935).wmv
  • 37. No documentário "Night Mail" (1936), John Grierson narra a cena de abertura com o poema de WH Auden do mesmo nome, "Night Mail". Auden escreveu o poema especialmente para o filme.
  • 38. A partir de 1960 – no cinema direto/verdade, o documentário mais autoral passa a enunciar por asserções dialógicas, com argumentos sendo expostos na forma de diálogos. “A forma mais participativa do cinema direto/verdade introduz no documentário uma nova maneira de enunciar: a entrevista ou o depoimento. As asserções continuam dialógicas, mas são provocadas pelo cineasta.” Crônica de um verão (1960), Edgar Morin e Jean Rouch ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Cronica de Verao.wmv No documentário contemporâneo mais criativo há uma forte tendência em se trabalhar com a enunciação em 1ª. pessoa, é o eu que fala e estabelece asserções sobre sua própria vida.
  • 39. O documentário contemporâneo clássico – documentário cabo – as vozes aparecem misturadas. A voz do saber, em sua nova forma, perde a exclusividade da modalidade over, sendo os enunciados assertivos assumidos por entrevistas, depoimentos de especialistas, diálogos, filmes de arquivo. O documentário caracteriza-se como narrativa que possui vozes diversas que falam do mundo, ou de si.
  • 40. E os filmes de ficção?? Estabelecem outro tipo de asserções sobre o mundo, e não para o mesmo espectador. Quando vemos uma ficção propomos nos entreter com um universo ficcional e seus personagens. A narrativa cinematográfica se efetiva na recepção. Na maioria dos casos o espectador sabe de antemão estar vendo uma ficção ou um documentário (mesmo no mockumentary). O artista é livre para embaralhar as fronteiras, mas isso não impede que elas existam. A ficção se define a partir da estrutura narrativa, sendo sua ação estruturada em tramas articuladas. A ação é narrada através de procedimentos de montagem, planos, raccordsde tempo e espaço, etc. A locução não é característica estilística central no cinema ficcional.
  • 41.
  • 42. Presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo; rara utilização de atores profissionais; intensidade particular da dimensão da tomada;
  • 43.
  • 44. Decupagem espacial (articulação de planos com angulações díspares mas convergentes, buscando unidade espacial)
  • 45. Montagem de evidência (decupagem espacial e temporal articula-se na exposição do argumento)
  • 46.
  • 47. A verdade: e se o filme manipula a realidade? O fato de asserções documentárias poderem ser falaciosas ou tendenciosas não incide sobre a definição do campo como um todo. Não há dúvidas de que Triunfo da vontade (1936), de Leni Riefenstahl é um documentário. O filme se define assim por sua estruturação narrativa particular e sua forma de indexação, apesar de apresentar pontos de vista e um tipo de manipulação do discurso documentário que não concordamos. “Um documentário pode ou não mostrar a verdade (se é que ela existe) sobre um fato histórico. [...] O fato de documentários poderem estabelecer asserções falsas como verdadeiras (o fato de poderem mentir) também não deve nos levar a negar a existência de documentários.”
  • 48. Na medida em que se propõe a estabelecer asserções sobre o mundo histórico, o documentário estará lidando diretamente com a reconstituição e a interpretação de um fato. Podemos pensar a narrativa documentária como um ensaio histórico (exemplos de interpretações equivocadas ou distorcidas em filmes sobre personagens históricos) “Da mesma forma um documentário precisa mostrar a realidade? Mas de qual realidade estamos falando, dentro do leque de interpretações possíveis que o mundo oferece para mim, espectador? Um documentário pode ser objetivo?” Mas objetividade e realidade são conceitos frágeis... Exemplo: Tiros em Columbine (2002), de Michael Moore e outros documentários do diretor – polêmica sobre utilização de dados em cascata sem o devido cuidado.
  • 49. Se o documentário pode mentir como fica a questão ética? Em uma perspectiva histórica, a ética do documentário não é estática, mas definida dentro de um panorama valorativo. A ética de Flaherty, quando fez Nanook (1922), é vista com os olhos críticos do século XXI, cujo discurso dominante é o da antropologia visual (centrado na desconstrução e subjetividade da voz que enuncia. Para Flaherty, ser ético era, no entanto, enunciar, encenando, costumes antigos extintos de modo que a tradição não se perdesse.
  • 50. Chamamos de ética um conjunto de valores, coerentes entre si, que fornece a visão de mundo que sustenta a valoração da intervenção do sujeito nesse mundo. O corpo-a-corpo com o mundo – através da mediação da câmera, conforme se abre para o espectador e é por ele determinado – sempre foi uma questão premente para o documentário. A ética compõe o horizonte a partir do qual cineasta e espectador debatem-se e estabelecem sua interação, na experiência da imagem-câmera/som conforme constituída no corpo-a-corpo do mundo, na circunstância da tomada.
  • 51.
  • 52. Ética da imparcialidade (fala do mundo, som ambiente);
  • 53.
  • 54.
  • 55. Procedimentos estilísticos: entrevistas/depoimentos;
  • 56. Documentarista pode adquirir espessura de personagem, deixando claro o que está em jogo e de onde sai a enunciação. Os catadores e eu (2000), AgnèsVarda ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 1 - Lesglaneurs et la glaneuse.wmv
  • 57.
  • 58.
  • 59. “Roteiro prévio detalhado e encenação são elementos básicos para a enunciação narrativa documentária”. TIPOS DE ENCENAÇÃO:
  • 60. Encenação construída: - Circunstância da tomada separada da circunstância do mundo. - Aparece tanto no documentário clássico griersoniano – Night mail (1935) , Harry Watt e Basil Wright – quanto no documentário cabo (TV) Walkingwithdinosaurs (1999), BBC ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 11 - Caminhando com os dinossauros.wmv The thin blue line (1988), ErrolMorris ..ópicos em Cinema - Aula 1ídeos Aula 12 - The Thin Blue Line.wmv
  • 61.
  • 62. Encenação feita no local onde o sujeito-da-câmera sustenta a tomada, pedindo ao sujeito filmado que encene.
  • 63. Envolve ações preparadas para a câmera, mas a encenação enfrenta a tensão com a intensidade e indeterminação do mundo.
  • 64. Aruanda (1960), Linduarte Noronha (reconstituição da formação de um quilombo na serra do Talhado);
  • 65. Em R. Flaherty: Nanookera um esquimó, as filmagens foram feitas na baía de Hudson, sob condições adversas de temperatura, mesmo em locais diferentes.
  • 66.
  • 67.
  • 68.
  • 69. Lashurdes /Terra sem pão, (1932), LuisBuñuelVídeos Aula 10 - Las Hurdes, Tierra Sin Pan Luis Buñuel, 1933.wmv
  • 70.
  • 71. O primeiro, feito a partir do livro de Fernando Gabeira, foi acusado de deturpar a realidade histórica, mostrando uma visão infantil da luta armada contra a ditadura e usando uma fôrma clássica para contar a história.
  • 72.
  • 73. Inspiração construtivista: ligação entre vanguarda russa e o primeiro documentarismoda escola britânica.
  • 74. Alberto Cavancanti: incumbido de incorporar nova sensibilidade estética modernista à proposta griersoniana.
  • 75. Rien que lesheures (1926) inspira ciclo de sinfonias metropolitanas
  • 76.
  • 77. Regen / Chuva (1929), Joris Ivens
  • 79. Koyaanisqatsi: uma vida fora de equilíbrio (1982), Godfrey Reggio
  • 80. Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999), Marcelo Mazagão
  • 81. No cinema contemporâneo, a partir dos anos 1990, voz lírica e fragmentação formal retornam, sendo presença significativa no documentário mais autoral, nos filmes em primeira pessoa, e nas experimentações em vídeo.
  • 82.
  • 83.
  • 84. Sempre foi parte do conjunto de procedimentos estilísticos do documentário, como os usados para composição de letreiros, gráficos e ilustrações.
  • 85. Imagens animadas e de arquivo têm a mesma função estrutural na narrativa documentária.
  • 86.
  • 87. REFERÊNCIAS   COLUCCI, Maria Beatriz.Violência urbana e documentário brasileiro contemporâneo. SP/Campinas: UNICAMP, 2007 (tese de doutoramento apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Multimeios). DA-RIN, Sílvio. Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005. ______. Representing reality: issues and concepts in documentary. Bloomington: Indiana University Press, 1991. PENAFRIA, Manuela. O filme documentário: história, identidade, tecnologia. Lisboa: Edição Cosmos, 1999. RAMOS, Fernão P. Mas afinal, o que é mesmo documentário? São Paulo: Senac/SP, 2008. ZAGAGLIA, Paolo. Naissance d’um genre: lê documentaire-fiction. In: Cinema et Réalitè. Bruxelas: VieOuvriere, 1982, p.158-181.