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A ORALIDADE, A ESCRITA, A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO PROF. MSC. Roberta Scheibe
 Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Isso indica que já vivemos na sociedade do conhecimento, em que fatores tradicionais de produção, como a matéria-prima, o trabalho e o capital, terão um papel secundário, conforme apontam diversos pesquisadores. O conhecimento e, portanto, seus processos de aquisição assumiram papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar dos processos educacionais.  À medida que a sociedade torna-se cada vez mais dependente do  conhecimento, é necessário questionar e mudar certos pressupostos que  fundamentam a  educação atual. A aprendizagem é uma atividade contínua, iniciando nos primeiros minutos de vida e estendendo-se ao longo dela, o que significa expandir o conceito de aprendizagem.
Convém ressaltar que o conhecimento vai se costurando como uma produção de muitas mãos. Assim sendo, ocorre a tessitura da teia de saberes que implica uma leitura de mundo não-linear, na qual cada tema, cada conceito, remete para conexões com outros saberes, outros sentidos.   Segundo Freire (1996),  a leitura de mundo revela, evidentemente, a inteligência do  mundo que vem cultural e socialmente se constituindo. Revela também o  trabalho individual de cada sujeito no próprio processo de assimilação da inteligência do mundo (1996, p. 139).
Portanto, aprendemos muito ao longo da vida, vivendo, fazendo coisas e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados por meio de aulas formais. Além disso, as pessoas  também têm capacidade de ensinar, transmitindo valores que a sociedade tem acumulado.  Embora um indivíduo possa aprender bastante ao interagir com o objeto e com as pessoas, a complexidade do mundo acaba demandando que ele procure ajuda para formalizar aquilo que faz intuitivamente.
OS CONCEITOS E AS RELAÇÕES ENTRE LETRAMENTOS E ALFABETIZAÇÃO
ALFABETIZAÇÃOALFABETIZAR              ALFABETIZADOANALFABETISMO             ANALFABETOLETRAMENTOLETRAMENTO                       ILETRADOALFABETISMO
ANALFABETISMO-estado ou condição de analfabeto ANALFABETO – que não conhece o alfabeto, que não sabe ler e escrever. ALFABETIZAR – tornar o individuo capaz de ler e escrever ALFABETIZAÇÃO – é a ação de alfabetizar, de tornar “alfabeto”.
LETRAMENTO LETRADO= Versado em letras, erudito. ILETRADO= Que não tem conhecimentos literários DEFINIÇÃO DA PALAVRA LETRAMENTO LETRA                      +             MENTO LETRAMENTO – Resultado da ação de ensinar e aprender    as práticas sociais da leitura e escrita; ,[object Object],  individuo; ,[object Object],  práticas sociais.
Indivíduo Alfabetizado –  indivíduo que sabe ler e escrever Indivíduo Letrado Não só sabe ler e escrever, mas usa socialmente a leitura e a escrita, e as pratica e responde às demandas Sociais de leitura e de escrita.
Diferença entre alfabetização e letramento ALFABETIZAÇÃO = ação de ensinar/aprender a ler e a escrever LETRAMENTO = estado ou condição de quem não sabe ler e                             escrever, mas cultiva e exerce as práticas Sociais                             que usam a escrita. ALFABETIZAR  LETRANDO = ensinar a ler e a escrever no                            contexto das práticas sociais e da escrita
CONCEITO DE LETRAMENTO: O conceito de letramento foi desenvolvido em campo teórico para qual contribuíram  diversas disciplinas das ciências humanas, a saber: a Sociologia, a História, a Antropologia, a  Psicologia, a Lingüística e os Estudos Literários. Mas recentemente, no Brasil, também vem  sendo apropriado pelo campo pedagógico, no qual ganha novas conotações, passando a ser  referência principalmente para reflexão sobre práticas de alfabetização e de ensino da língua.
Baseados em estudos mais  rigorosos, diversos autores passaram a argumentar que não é o domínio da linguagem escrita em  si que provoca transformações nas pessoas, mas sim os usos que as pessoas fazem dessas  habilidades em diversos contextos.  Segundo Marcuschi (2001):  Uma vez adotada a posição de que lidamos com práticas de letramento e oralidade, será  fundamental considerar que as línguas se fundam em usos e não o contrário. Assim não  serão primeiramente as regras da língua nem a morfologia os merecedores da nossa  atenção, mas os usos da língua, pois o que determina toda a variação lingüística em todas  as suas manifestações são os usos que fazemos dela. (2001, p.16)
Soares (2005) distingue basicamente duas  dimensões de letramento: a individual e a social.  Para ela, a  dimensão individual diz respeito à posse individual de capacidades relacionadas à escrita e à leitura, que inclui não só a habilidade de decodificação de palavras, mas também um amplo conjunto de habilidades de compreensão e interpretação, por exemplo:  estabelecer relações entre idéias; fazer inferência;  reconhecer a linguagem figurada; combinar a informação textual com a informação extratextual etc. Tais habilidades podem, ainda, ser aplicadas a uma ampla gama de textos.
Por outro lado, a  dimensão social do letramento diz respeito às práticas sociais que  envolvem a escrita e a leitura em contextos determinados. O que está em jogo, nesse âmbito, são  os objetivos práticos de quem utiliza a leitura e a escrita, as interações que se estabelecem entre  os participantes da situação discursiva, as demandas que os contextos sociais colocam, as  representações e os valores associados à leitura e à escrita que um determinado grupo cultural  assume e dissemina.
Tradicionalmente, a educação escolar concentrou-se no desenvolvimento de um conjunto delimitado de habilidades de leitura e escrita na alfabetização inicial, o foco eram os mecanismos de codificação e decodificação de letras, sílabas e palavras. O professor de português seguia com o treino de ortografia, a fluência da leitura em voz alta e, finalmente, a compreensão e a interpretação de textos, sobretudo narrativos e literários.
Os professores das demais disciplinas,  por sua vez, apesar de fazerem uso intenso de textos didáticos para ensinar e avaliar os  conteúdos, não focalizavam os processos de leitura propriamente ditos.  Esse tipo de prática escolar não produziu os resultados esperados, junto a um grande  número de alunos, visto que eles não adquiriram o gosto pela leitura e não se tornavam leitores e  escritores autônomos. Também não conseguiam utilizar com eficiência a leitura como meio de  aprender os demais conteúdos escolares, nem tampouco a escrita para demonstrar as  aprendizagens realizadas.
Ao evidenciar que não é a aprendizagem da língua escrita em si  que transforma as  pessoas, mas sim os usos que elas fazem desse instrumento, os estudos sobre o letramento abrem  novas perspectivas para uma reflexão sobre o papel da escola e também para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que respondam com mais eficiência às  demandas sociais relativas ao letramento.
Esses estudos convidam a escola a refletir sobre os gêneros textuais que circulam no meio  social, sobre os diversos usos sociais da leitura e da escrita e também sobre as habilidades  cognitivas, as atitudes e os valores neles implicados. Convidam, ainda, a uma análise das inter-relações entre a oralidade, o letramento e outras esferas da cultura.
Com relação à diversidade de usos sociais da escrita, às  habilidades cognitivas e aos conteúdos culturais a eles associados, há um campo enorme de pesquisa e experimentação a ser explorado pelos educadores.
OS CONCEITOS E AS RELAÇÕES ENTRE ORALIDADE E ESCRITA
Hoje em dia, é impossível investigar oralidade e letramento, sem uma referência direta ao papel dessas duas práticas na sociedade contemporânea. De igual modo, já não se pode observar  satisfatoriamente as semelhanças e diferenças entre  fala e escrita ou seja, o contraponto formal das duas práticas acima nomeadas, sem considerar a distribuição de seus usos na vida cotidiana. Assim fica difícil, senão impossível, o tratamento das relações entre elas, centrando-se exclusivamente na questão do código. Mais do que uma simples mudança de perspectiva, isto representa a construção de um novo objeto de análise, e uma nova concepção de língua e de texto, agora vistos como um conjunto de práticas sociais.
A mudança de visão operou-se a partir dos anos 80, em reação aos estudos de três décadas anteriores em que se examinava a oralidade e a escrita, como opostas, predominando a noção de supremacia  cognitiva da escrita dentro do que Street (1984) chamou de paradigma da autonomia.  Neste modelo conceitual, considerava-se a relação oralidade e letramento como Dicotômicas, atribuindo-se à escrita,  valores cognitivos intrínsecos ao uso da língua, não se vendo nelas, portanto, duas práticas sociais articuladas. Hoje, predomina a posição de que se pode perfeitamente conceber  oralidade e letramento como atividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais.
O letramento (literacy), enquanto prática social formalmente ligada ao uso da escrita, tem uma história rica e multifacetada (não-linear e cheia de contradições), ainda por ser esclarecida, como bem lembra Graff (1995). Numa sociedade como a nossa, a escrita, como manifestação formal dos diversos tipos de letramento é mais que uma simples tecnologia. Ela se tornou um bem social indispensável para enfrentar o dia a dia, seja nos centros urbanos, ou nas zonas rurais.  Por isso, que ela se tornou indispensável, ou seja, sua prática e avaliação social a elevaram a um status mais alto, chegando a simbolizar educação desenvolvimento e poder.
Se é bem verdade que todos os povos, indistintamente têm ou tiveram uma tradição oral, mas relativamente poucos têm ou tiveram uma tradição escrita, isso não torna a oralidade mais importante ou mais prestigiosa que a escrita. Trata-se apenas de perceber que a oralidade tem uma primazia cronológica  indiscutível sobre a escrita (cf. STUBBS, 1980).  Os usos da escrita, no entanto, quando arraigados numa certa sociedade, impõem-se com uma violência inusitada, e adquirem um valor até maior do que a oralidade.
A fala (enquanto manifestação da prática oral) é adquirida naturalmente no contexto social do dia a dia, e nas relações sociais e dialógicas que se instauram desde o momento em que a mãe dá seu primeiro sorriso ao bebê.  Mais do que a decorrência de uma disposição biogenética, o aprendizado e o uso de uma língua natural é uma forma de inserção cultural, e de socialização. Por outro lado, a escrita (enquanto  manifestação formal do letramento), em sua faceta institucional é adquirida em certos contextos formais: na escola, por exemplo. Daí, também, seu caráter mais prestigioso como bem cultural desejável. E daí, também, o fato de uma certa identificação entre alfabetização e escolarização, o que não passa de um mero equívoco (cf. GRAFF, 1995; FRAGO, 1993), pois houve situações históricas, tal como o caso da  Suécia, em que a alfabetização se deu desvinculada da escolarização.
Segundo Marcuschi (2001),  a oralidade seria uma prática social interativa para fins  comunicativos que se apresenta sob várias formas ou gêneros textuais fundados na realidade  sonora: ela vai desde uma realização mais informal a mais formal nos vários contextos de uso  (2001, p. 21).
É fundamental ouvir leituras de diversos gêneros textuais e  em variados suportes,  dialogando com o aprendiz, mas sempre respeitando o que ele pensa. Ao mesmo tempo, elaborar  questões que possam ajudá-lo a avançar na organização do pensamento.
Chartier (1996) enfatiza que  é importante multiplicar no período da aula as oportunidades para que os alunos falem sobre situações da vida, o bairro, a família, as relações de vizinhança, o calendário, os atos da vida cotidiana, que constituem o pano de fundo de muitos escritos escolares (1996, p.115).
Ao concebermos a escrita como modo de representação, somos obrigados a admitir que o simples domínio de sistema não torna o sujeito um escritor competente, porque, além disso, é preciso que ele amplie a sua experiência e seus conhecimentos a ponto de reconhecer a escrita na sua especificidade (vinculada à oralidade, mas não dependente dela), compreender seus modos de representação (que extrapolam a relação biunívoca letra-som) e, finalmente, ampliar a sua experiência sobre as práticas sociais de produção e compreensão/interpretação.
Portanto:
A oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas de gêneros textuais fundados na realidade sonora. Ela vai desde uma realização informal à mais formal passando pelos mais variados contextos de uso. Uma sociedade pode ser totalmente oral, ou de oralidade secundária, como se expressou Ong (1982), ao caracterizar a distinção entre povos com, e sem escrita. Considerando-se essa posição, nós brasileiros, por exemplo, seríamos hoje um povo de oralidade secundária, tendo em vista o uso intenso da escrita neste país.
O  letramento, por sua vez, envolve as mais variadas técnicas de escrita, nas suas variadas formas existentes na sociedade, e pode ir  desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado porque identifica o valor do dinheiro, consegue identificar o ônibus que deve tomar, sabe fazer cálculos complexos, e sabe distinguir as mercadorias pelas mascas etc, mas não escreve cartas e nem lê o jornal regularmente, até uma apropriação profunda, como o indivíduo que desenvolve tratados de Filosofia e Matemática, ou escreve romances. Portanto, letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos do letramento, e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita.
Já a  fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral. Situa-se, portanto, no plano da  oralidade, ou seja, não há a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. Caracteriza-se, também,  pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como aspectos prosódicos, envolvendo, ainda, uma série de recursos expressivos de uma outra ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica.
Por último, a escrita seria um modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais, e se caracteriza por sua constituição gráfica, embora envolva, também,  recursos de ordem pictórica dentre outros. Situa-se, portanto, no plano dos letramentos. Pode manifestar-se, do ponto de vista da tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideogramas  (escrita ideográfica), ou unidades iconográficas, sendo que no geral, não temos uma dessas escritas puras. Trata-se de uma unidade de uso da língua complementar à fala.
“Tudo no mundo está  dando respostas, o que  demora é o tempo  das perguntas”                                               Saramago, escritor  português
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBEZZERRA, Francisca A. M.; FARIA, Francisca E. M.; MACHADO, José A. F. ORALIDADE E ESCRITA - INSTRUMENTOS NA CONSTRUÇÃO DO SABER AO LONGO DA VIDA . Artigo. s/dCITELLI, Adilson.  Linguagem e persuasão.  São Paulo:  Ática, 1991.PEREIRA, Gil Carlos.  A palavra: expressão e criatividades.  São Paulo: Moderna, 1997. SOARES, Magda, “Letramento, um tema em três gêneros”. Belo Horizonte : Autêntica, 1998.

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A oralidade e a escrita prof roberta scheibe1

  • 1. A ORALIDADE, A ESCRITA, A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO PROF. MSC. Roberta Scheibe
  • 2. Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Isso indica que já vivemos na sociedade do conhecimento, em que fatores tradicionais de produção, como a matéria-prima, o trabalho e o capital, terão um papel secundário, conforme apontam diversos pesquisadores. O conhecimento e, portanto, seus processos de aquisição assumiram papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar dos processos educacionais. À medida que a sociedade torna-se cada vez mais dependente do conhecimento, é necessário questionar e mudar certos pressupostos que fundamentam a educação atual. A aprendizagem é uma atividade contínua, iniciando nos primeiros minutos de vida e estendendo-se ao longo dela, o que significa expandir o conceito de aprendizagem.
  • 3. Convém ressaltar que o conhecimento vai se costurando como uma produção de muitas mãos. Assim sendo, ocorre a tessitura da teia de saberes que implica uma leitura de mundo não-linear, na qual cada tema, cada conceito, remete para conexões com outros saberes, outros sentidos. Segundo Freire (1996), a leitura de mundo revela, evidentemente, a inteligência do mundo que vem cultural e socialmente se constituindo. Revela também o trabalho individual de cada sujeito no próprio processo de assimilação da inteligência do mundo (1996, p. 139).
  • 4. Portanto, aprendemos muito ao longo da vida, vivendo, fazendo coisas e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados por meio de aulas formais. Além disso, as pessoas também têm capacidade de ensinar, transmitindo valores que a sociedade tem acumulado. Embora um indivíduo possa aprender bastante ao interagir com o objeto e com as pessoas, a complexidade do mundo acaba demandando que ele procure ajuda para formalizar aquilo que faz intuitivamente.
  • 5. OS CONCEITOS E AS RELAÇÕES ENTRE LETRAMENTOS E ALFABETIZAÇÃO
  • 6. ALFABETIZAÇÃOALFABETIZAR ALFABETIZADOANALFABETISMO ANALFABETOLETRAMENTOLETRAMENTO ILETRADOALFABETISMO
  • 7. ANALFABETISMO-estado ou condição de analfabeto ANALFABETO – que não conhece o alfabeto, que não sabe ler e escrever. ALFABETIZAR – tornar o individuo capaz de ler e escrever ALFABETIZAÇÃO – é a ação de alfabetizar, de tornar “alfabeto”.
  • 8.
  • 9. Indivíduo Alfabetizado – indivíduo que sabe ler e escrever Indivíduo Letrado Não só sabe ler e escrever, mas usa socialmente a leitura e a escrita, e as pratica e responde às demandas Sociais de leitura e de escrita.
  • 10. Diferença entre alfabetização e letramento ALFABETIZAÇÃO = ação de ensinar/aprender a ler e a escrever LETRAMENTO = estado ou condição de quem não sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas Sociais que usam a escrita. ALFABETIZAR LETRANDO = ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais e da escrita
  • 11. CONCEITO DE LETRAMENTO: O conceito de letramento foi desenvolvido em campo teórico para qual contribuíram diversas disciplinas das ciências humanas, a saber: a Sociologia, a História, a Antropologia, a Psicologia, a Lingüística e os Estudos Literários. Mas recentemente, no Brasil, também vem sendo apropriado pelo campo pedagógico, no qual ganha novas conotações, passando a ser referência principalmente para reflexão sobre práticas de alfabetização e de ensino da língua.
  • 12. Baseados em estudos mais rigorosos, diversos autores passaram a argumentar que não é o domínio da linguagem escrita em si que provoca transformações nas pessoas, mas sim os usos que as pessoas fazem dessas habilidades em diversos contextos. Segundo Marcuschi (2001): Uma vez adotada a posição de que lidamos com práticas de letramento e oralidade, será fundamental considerar que as línguas se fundam em usos e não o contrário. Assim não serão primeiramente as regras da língua nem a morfologia os merecedores da nossa atenção, mas os usos da língua, pois o que determina toda a variação lingüística em todas as suas manifestações são os usos que fazemos dela. (2001, p.16)
  • 13. Soares (2005) distingue basicamente duas dimensões de letramento: a individual e a social. Para ela, a dimensão individual diz respeito à posse individual de capacidades relacionadas à escrita e à leitura, que inclui não só a habilidade de decodificação de palavras, mas também um amplo conjunto de habilidades de compreensão e interpretação, por exemplo: estabelecer relações entre idéias; fazer inferência; reconhecer a linguagem figurada; combinar a informação textual com a informação extratextual etc. Tais habilidades podem, ainda, ser aplicadas a uma ampla gama de textos.
  • 14. Por outro lado, a dimensão social do letramento diz respeito às práticas sociais que envolvem a escrita e a leitura em contextos determinados. O que está em jogo, nesse âmbito, são os objetivos práticos de quem utiliza a leitura e a escrita, as interações que se estabelecem entre os participantes da situação discursiva, as demandas que os contextos sociais colocam, as representações e os valores associados à leitura e à escrita que um determinado grupo cultural assume e dissemina.
  • 15. Tradicionalmente, a educação escolar concentrou-se no desenvolvimento de um conjunto delimitado de habilidades de leitura e escrita na alfabetização inicial, o foco eram os mecanismos de codificação e decodificação de letras, sílabas e palavras. O professor de português seguia com o treino de ortografia, a fluência da leitura em voz alta e, finalmente, a compreensão e a interpretação de textos, sobretudo narrativos e literários.
  • 16. Os professores das demais disciplinas, por sua vez, apesar de fazerem uso intenso de textos didáticos para ensinar e avaliar os conteúdos, não focalizavam os processos de leitura propriamente ditos. Esse tipo de prática escolar não produziu os resultados esperados, junto a um grande número de alunos, visto que eles não adquiriram o gosto pela leitura e não se tornavam leitores e escritores autônomos. Também não conseguiam utilizar com eficiência a leitura como meio de aprender os demais conteúdos escolares, nem tampouco a escrita para demonstrar as aprendizagens realizadas.
  • 17. Ao evidenciar que não é a aprendizagem da língua escrita em si que transforma as pessoas, mas sim os usos que elas fazem desse instrumento, os estudos sobre o letramento abrem novas perspectivas para uma reflexão sobre o papel da escola e também para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que respondam com mais eficiência às demandas sociais relativas ao letramento.
  • 18. Esses estudos convidam a escola a refletir sobre os gêneros textuais que circulam no meio social, sobre os diversos usos sociais da leitura e da escrita e também sobre as habilidades cognitivas, as atitudes e os valores neles implicados. Convidam, ainda, a uma análise das inter-relações entre a oralidade, o letramento e outras esferas da cultura.
  • 19. Com relação à diversidade de usos sociais da escrita, às habilidades cognitivas e aos conteúdos culturais a eles associados, há um campo enorme de pesquisa e experimentação a ser explorado pelos educadores.
  • 20. OS CONCEITOS E AS RELAÇÕES ENTRE ORALIDADE E ESCRITA
  • 21. Hoje em dia, é impossível investigar oralidade e letramento, sem uma referência direta ao papel dessas duas práticas na sociedade contemporânea. De igual modo, já não se pode observar satisfatoriamente as semelhanças e diferenças entre fala e escrita ou seja, o contraponto formal das duas práticas acima nomeadas, sem considerar a distribuição de seus usos na vida cotidiana. Assim fica difícil, senão impossível, o tratamento das relações entre elas, centrando-se exclusivamente na questão do código. Mais do que uma simples mudança de perspectiva, isto representa a construção de um novo objeto de análise, e uma nova concepção de língua e de texto, agora vistos como um conjunto de práticas sociais.
  • 22. A mudança de visão operou-se a partir dos anos 80, em reação aos estudos de três décadas anteriores em que se examinava a oralidade e a escrita, como opostas, predominando a noção de supremacia cognitiva da escrita dentro do que Street (1984) chamou de paradigma da autonomia. Neste modelo conceitual, considerava-se a relação oralidade e letramento como Dicotômicas, atribuindo-se à escrita, valores cognitivos intrínsecos ao uso da língua, não se vendo nelas, portanto, duas práticas sociais articuladas. Hoje, predomina a posição de que se pode perfeitamente conceber oralidade e letramento como atividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais.
  • 23. O letramento (literacy), enquanto prática social formalmente ligada ao uso da escrita, tem uma história rica e multifacetada (não-linear e cheia de contradições), ainda por ser esclarecida, como bem lembra Graff (1995). Numa sociedade como a nossa, a escrita, como manifestação formal dos diversos tipos de letramento é mais que uma simples tecnologia. Ela se tornou um bem social indispensável para enfrentar o dia a dia, seja nos centros urbanos, ou nas zonas rurais. Por isso, que ela se tornou indispensável, ou seja, sua prática e avaliação social a elevaram a um status mais alto, chegando a simbolizar educação desenvolvimento e poder.
  • 24. Se é bem verdade que todos os povos, indistintamente têm ou tiveram uma tradição oral, mas relativamente poucos têm ou tiveram uma tradição escrita, isso não torna a oralidade mais importante ou mais prestigiosa que a escrita. Trata-se apenas de perceber que a oralidade tem uma primazia cronológica indiscutível sobre a escrita (cf. STUBBS, 1980). Os usos da escrita, no entanto, quando arraigados numa certa sociedade, impõem-se com uma violência inusitada, e adquirem um valor até maior do que a oralidade.
  • 25. A fala (enquanto manifestação da prática oral) é adquirida naturalmente no contexto social do dia a dia, e nas relações sociais e dialógicas que se instauram desde o momento em que a mãe dá seu primeiro sorriso ao bebê. Mais do que a decorrência de uma disposição biogenética, o aprendizado e o uso de uma língua natural é uma forma de inserção cultural, e de socialização. Por outro lado, a escrita (enquanto manifestação formal do letramento), em sua faceta institucional é adquirida em certos contextos formais: na escola, por exemplo. Daí, também, seu caráter mais prestigioso como bem cultural desejável. E daí, também, o fato de uma certa identificação entre alfabetização e escolarização, o que não passa de um mero equívoco (cf. GRAFF, 1995; FRAGO, 1993), pois houve situações históricas, tal como o caso da Suécia, em que a alfabetização se deu desvinculada da escolarização.
  • 26. Segundo Marcuschi (2001), a oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob várias formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora: ela vai desde uma realização mais informal a mais formal nos vários contextos de uso (2001, p. 21).
  • 27. É fundamental ouvir leituras de diversos gêneros textuais e em variados suportes, dialogando com o aprendiz, mas sempre respeitando o que ele pensa. Ao mesmo tempo, elaborar questões que possam ajudá-lo a avançar na organização do pensamento.
  • 28. Chartier (1996) enfatiza que é importante multiplicar no período da aula as oportunidades para que os alunos falem sobre situações da vida, o bairro, a família, as relações de vizinhança, o calendário, os atos da vida cotidiana, que constituem o pano de fundo de muitos escritos escolares (1996, p.115).
  • 29. Ao concebermos a escrita como modo de representação, somos obrigados a admitir que o simples domínio de sistema não torna o sujeito um escritor competente, porque, além disso, é preciso que ele amplie a sua experiência e seus conhecimentos a ponto de reconhecer a escrita na sua especificidade (vinculada à oralidade, mas não dependente dela), compreender seus modos de representação (que extrapolam a relação biunívoca letra-som) e, finalmente, ampliar a sua experiência sobre as práticas sociais de produção e compreensão/interpretação.
  • 31. A oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas de gêneros textuais fundados na realidade sonora. Ela vai desde uma realização informal à mais formal passando pelos mais variados contextos de uso. Uma sociedade pode ser totalmente oral, ou de oralidade secundária, como se expressou Ong (1982), ao caracterizar a distinção entre povos com, e sem escrita. Considerando-se essa posição, nós brasileiros, por exemplo, seríamos hoje um povo de oralidade secundária, tendo em vista o uso intenso da escrita neste país.
  • 32. O letramento, por sua vez, envolve as mais variadas técnicas de escrita, nas suas variadas formas existentes na sociedade, e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado porque identifica o valor do dinheiro, consegue identificar o ônibus que deve tomar, sabe fazer cálculos complexos, e sabe distinguir as mercadorias pelas mascas etc, mas não escreve cartas e nem lê o jornal regularmente, até uma apropriação profunda, como o indivíduo que desenvolve tratados de Filosofia e Matemática, ou escreve romances. Portanto, letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos do letramento, e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita.
  • 33. Já a fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral. Situa-se, portanto, no plano da oralidade, ou seja, não há a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. Caracteriza-se, também, pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como aspectos prosódicos, envolvendo, ainda, uma série de recursos expressivos de uma outra ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica.
  • 34. Por último, a escrita seria um modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais, e se caracteriza por sua constituição gráfica, embora envolva, também, recursos de ordem pictórica dentre outros. Situa-se, portanto, no plano dos letramentos. Pode manifestar-se, do ponto de vista da tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideogramas (escrita ideográfica), ou unidades iconográficas, sendo que no geral, não temos uma dessas escritas puras. Trata-se de uma unidade de uso da língua complementar à fala.
  • 35. “Tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das perguntas” Saramago, escritor português
  • 36. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBEZZERRA, Francisca A. M.; FARIA, Francisca E. M.; MACHADO, José A. F. ORALIDADE E ESCRITA - INSTRUMENTOS NA CONSTRUÇÃO DO SABER AO LONGO DA VIDA . Artigo. s/dCITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1991.PEREIRA, Gil Carlos. A palavra: expressão e criatividades. São Paulo: Moderna, 1997. SOARES, Magda, “Letramento, um tema em três gêneros”. Belo Horizonte : Autêntica, 1998.