1. Especialização em Mídias na Educação UFG
Polo UAB de Posse - Goiás
Políticas Públicas das Tecnologias
Professor João Ferreira
Orientadora Acadêmica Valdete Machado
Acadêmica Meire Fleuri Pires
Posse, 02 de março de 2012.
Ao
Excelentíssimo Senhor
Dr. Aloízio Mercadante
DD. Ministro da Educação
Senhor Ministro,
Respeitosamente, venho por esta, parabenizá-lo frente a este ministério.
A escolha de sua pessoa não foi em vão, uma difícil tarefa como essa haveria
de ter como líder pessoa de muita determinação, que assumisse tal
responsabilidade no intuito de transformar o cenário atual da educação, visto
que este vive momentos difíceis.
Sou professora da rede pública municipal de Posse-GO. Licenciada em
Informática, Pós-graduada em Metodologia do Ensino Fundamental e aluna no
curso de Pós-graduação em Mídias na Educação. Fui gestora da Unidade
Escolar onde trabalho por dois anos e atualmente ministro aulas para a
educação infantil.
Estou certa que é do interesse de V.Exa. conhecer a fundo todo o
contexto da Educação no Brasil. Acredito que a realidade das escolas
brasileiras, em sua maioria, esteja bem próxima da instituição onde trabalho.
Aqui não se constrói uma sala de aula a mais de dez anos, imagine quanto à
população cresceu em dez anos! Não há condições dignas de trabalho, o
cenário é o mesmo de tantas outras instituições de ensino, salas superlotadas,
poucos funcionários, faltam materiais pedagógicos, estrutura física inadequada,
equipamentos tecnológicos obsoletos e em quantidade insignificante perante o
2. número de alunos. Aqui no meu município a educação vive momentos
contraditórios, talvez pela proximidade das eleições municipais. Esse mês
recebemos o reajuste do Piso Nacional, grande feito que reconhecemos e
valorizamos, uma vez que nossa classe é sempre tão castigada. Poderia fazer
uma carta só com as necessidades da escola, mas quero neste momento
discorrer sobre as políticas públicas voltadas a inclusão digital.
Creio que V.Exa. esteja buscando meios para reconstruir o modelo de
educação no Brasil. Nesse sentido, há que se repensar a política pública
voltada a educação, principalmente à inclusão digital. Sabemos que a
desigualdade de renda no país é imensa, esse fator é determinante quando
falamos em inclusão digital, afinal, não é fácil adquirir um computador, muito
menos pagar por um provedor de acesso a rede. Claro que muitas pessoas
ainda que não possuam computador em casa conseguem acesso no trabalho,
nas escolas, em ambientes públicos, mas isso não os torna inclusos
digitalmente.
Observando os índices de inclusão digital no Brasil podemos visualizar
que esse feito está longe de ser alcançado. Daí, chegamos à conclusão que a
sociedade está muito longe de ser a sexta economia mundial efetivamente.
Como nós, professores, vamos promover a inclusão digital em uma escola que
nem possui mais um dinamizador (responsável pelo laboratório de
informática)? Pois até isso nos foi tirado, um auxílio efetivo, uma vez que além
de poucos computadores, ainda temos que usar o sistema operacional Linux
que é livre, porém, exige certo nível de conhecimento que nem sempre é
possível adquirir no pouco tempo que nos resta livre. Imagine V. Exa., uma sala
de informática com 16 computadores, 45 alunos e ninguém para auxiliar!
Tenho colegas professores que ainda estão excluídos digitalmente. Aqui
ainda não temos facilidades para adquirir um computador. Onde está a política
de inclusão que não chega por aqui?
Neste mundo globalizado cheio de informações não há como se viver
sem estar conectado. Mas essa conexão com a rede exige muito mais que um
computador e o acesso à internet. De nada basta ter a informação e não saber
como usá-la, de nada adianta ter o conhecimento e não saber aplicá-lo. Esse
mundo cada vez mais competitivo deixa clara a importância de se estar sempre
muito bem informado. No entanto, não basta ter a informação, é preciso saber
3. processá-la. Para isso, é necessário ter discernimento, e, contudo, selecionar o
que é realmente relevante. Os educadores têm papel fundamental nesse
sentido, não que eles sejam formadores, mas eles são responsáveis por
contribuir para a formação dos alunos. Para que isso ocorra é fundamental criar
situações de discussão, debate, pesquisa e tudo o que venha favorecer
momentos de reflexão. Uma vez orientados, os alunos podem fazer das mídias
digitais ferramentas construtivas, gerando novas ideias e novos conceitos.
No entanto, temos nossas dificuldades, nos falta capacitação, tempo
para essa capacitação, pois temos que trabalhar em vários turnos e escolas
para ter um salário que nos sustente, equipamentos eficientes, apoio
pedagógico, estrutura adequada nas escolas públicas.
Por tudo isso V. Exa. venho através desta pedir-lhe que tome
providências quanto as políticas públicas de inclusão digital. Faça valer as
existentes e crie novas políticas que possam atender quem realmente precisa
ser incluso no mundo digital. Permita que as tecnologias cheguem aos lugares
mais remotos, as escolas dos pequenos municípios, dos povoados, dos
distritos, zona rural, onde houver um brasileiro sem condições financeiras para
arcar com tal despesa.
Acredito em V. Exa., seu discurso de posse deixou claro sua posição
referente as tecnologias na educação, é verdade que sem elas para dinamizar
o processo de ensino-aprendizagem, não será possível recuperar o tempo
perdido. É preciso vencer a barreira da exclusão digital para sermos uma
nação desenvolvida, capaz de gerir sua economia, capaz de produzir
profissionais de altíssima qualidade.
A Educação conta contigo V. Exa, confiamos em sua competência.
Aguardamos providências imediatas, ainda queremos acreditar na Educação
no Brasil.
Sendo o que desejava expor a Vossa Excelência, despeço-me.
Atenciosamente,
Meire Fleuri Pires