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Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS




    MIGRAÇÃO E O HIATO DE MEMÓRIA: O DESENVOLVIMENTO URBANO DE
                SANTA CRUZ DO SUL (RS) NA NARRATIVA DE JOVENS


                                                                     Sílvio Marcus de Souza Correa ∗
                                                                          Carina Santos de Almeida∗∗

RESUMO
A narrativa dos jovens constitui uma fonte importante sobre os espaços urbanos e sobre a
cultura urbana. Apesar da curta trajetória de vida comparada àquela de adultos e idosos, os
jovens podem ter percepções distintas dos espaços urbanos, pois a cultura urbana se atualiza a
cada nova geração. Este trabalho se propõe a refletir sobre a relação entre tradição oral,
memória e história de uma cidade de porte médio do Rio Grande do Sul, tendo os jovens
migrantes e de “segunda geração” como narradores. Com base na metodologia do focus group
aplicada à história oral, o tema do desenvolvimento urbano foi tratado por cinco grupos de
jovens entre 16 e 21 anos. A análise da narrativa dos jovens revelou um “hiato de memória”
sobre o desenvolvimento urbano devido à ruptura com a tradição oral intergeracional, da mesma
forma acusou para uma história urbana que tem a questão étnica como fulcral.

PALAVRAS-CHAVE
Migração, Oralidade, Memória e Narrativas Juvenis

RÉSUMÉ
Le récit de vie des jeunes constitue une source importante de données sur les espaces urbains et
la culture urbaine. Malgré leur courte trajectoire de vie, comparée à celle des adultes et des
personnes âgées, les jeunes peuvent avoir des perceptions distinctes des espaces urbains, en
effet la culture urbaine se modernise à chaque nouvelle génération. Ce travail est une reflexion
sur la relation entre le tradition orale, la mémoire et l’histoire d'une ville de port moyen du Rio
Grande do Sul, en prenant comme narrateurs, des jeunes migrants de première et de quot;deuxième
générationquot;. À partir de une méthodologie du “focus group” appliquée à l'histoire orale, le
thème du développement urbain a été traité par cinq groupes de jeunes agés de 16 à 21 ans.
L'analyse du récit de ces jeunes a révélé un quot;hiatus de mémoirequot; sur le développement urbain dû
à la rupture avec la tradition orale intergénération, elle a aussi démontré que l’histoire urbaine
est basée sur la question ethnique.

MOTS CLÉS
Migration, Oralité, Mémoire et Récits Juvéniles




∗
   Doutor pela Westfälische Wilhelms-Universität Münster e pesquisador junto ao Centro de Pesquisa sobre
Desenvolvimento Regional (CEPEDER) da Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC.
http://silviomscorrea.siz.com.br
** Mestranda em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC e bolsista CAPES,
carina_almaid@yahho.com.br
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
                                                                                             2


INTRODUÇÃO


      Nas primeiras décadas do século XX, Walter Benjamin criticou aquela visão da história
linear, determinada pela idéia de progresso. Sua concepção de história minou toda a base do que
se convencionou chamar desenvolvimento. No entanto, a idéia de desenvolvimento integra o
imaginário ocidental contemporâneo. Na memória dos jovens, o desenvolvimento também se
faz presente em suas narrativas sobre a história urbana.
      Tendo como foco das entrevistas a história de uma cidade de porte médio do Rio Grande
do Sul, jovens migrantes e de “segunda geração” balizaram suas narrativas com a idéia de
desenvolvimento urbano. Porém, suas narrativas acusaram um tempo múltiplo e, por vezes, em
desconexão. Cabe ressaltar que Benjamim (1994) pleiteou uma escrita da história que
compreendesse as descontinuidades e as múltiplas temporalidades. Por isso, a história
benjamiana se aproxima da memória, porquanto ela se inscreve no tempo daquele que a narra.
Essa injunção da história com a memória foi percebida nas entrevistas com jovens, pois o
passado evocado se inscreve no momento vivido pelo(s) narrador(es).
      Com base na metodologia do focus group aplicada à história oral, foram entrevistados
vários jovens migrantes e de “segunda geração”. Uma fase da pesquisa foi dedicada à realização
de entrevistas com jovens voluntários que, num número determinado de sessões durante o ano
de 2007, discutiram o desenvolvimento urbano de Santa Cruz do Sul. Os jovens entrevistados
foram divididos em cinco grupos focais. As entrevistas foram realizadas nas escolas onde os
jovens estudavam. Essas escolas se localizam em bairros distintos e atendem jovens provindos
de diversos extratos sociais urbanos, sendo quatro escolas da rede pública e uma da rede
particular de ensino.
     A análise das entrevistas revelou um “hiato de memória” que não pôde ser preenchido pela
tradição oral de seus pais e/ou avós. Tal lapso pode ter relação com a crise de identidade dos
jovens entrevistados. Ver-se-á a seguir como a migração dos jovens ou aquela dos pais dos
jovens de “segunda geração” provocaram um desencaixe espacial e temporal que interferiu nas
suas narrativas sobre o desenvolvimento urbano.


      1.   JUVENI NARRANTUR
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
                                                                                             3


     A cidade de Santa Cruz do Sul é o maior ponto de destino da migração na região central
do Rio Grande do Sul. O desenvolvimento desta cidade foi atribuído pela historiografia local à
imigração alemã. A tradição oral também confirma tal vínculo. Escusado lembrar que a
população mais velha em Santa Cruz do Sul é predominantemente de origem alemã. Assim,
história e memória convergem.
     Mas do núcleo colonial de imigrantes alemães dos meados do século XIX ao pólo regional
de migrantes do último quartel do século XX, a história urbana de Santa Cruz do Sul apresenta
vários tempos e espaços sociais que não obedecem à lógica linear das noções de progresso e
desenvolvimento. Atualmente, quase a metade da população urbana de Santa Cruz do Sul é
composta por contingentes vindos de alhures, atraídos pela oferta de trabalho e serviços de
saúde, educação e transporte; assim, boa parte da população residente na cidade não se vincula
ao passado remoto evocado pela memória e/ou pela história local (CORREA, 2007).
      Como em outras cidades de porte médio do Rio Grande do Sul, os migrantes em Santa
Cruz do Sul fazem parte de uma história recente, ou seja, fazem mais parte do presente do que
do passado. Como a história e a memória se alicerçam na questão temporal, para os jovens
migrantes ou de “segunda geração” estar fora do tempo passado é, talvez, estar fora da memória
coletiva da cidade.
      Outras variáveis interferem nesse sentimento de exclusão, de não pertencimento à
comunidade santa-cruzense e, por conseguinte, na narrativa dos jovens sobre o desenvolvimento
urbano de Santa Cruz do Sul. A análise dos diferentes grupos sociais a que os jovens
entrevistados pertencem acusa uma correlação entre distância social e memória. Em outras
palavras, pode-se dizer que os jovens mais próximos da core society se consideram mais filiados
a uma tradição reinventada pelos parvenus. A questão rural e urbana também é uma variável de
controle importante, porquanto jovens do meio rural estariam mais próximos das “raízes” da
colonização de Santa Cruz do Sul. Da mesma forma, jovens com origem étnica alemã tendem a
se identificar mais com o grupo fundador conforme a memória coletiva da comunidade local.
      Além do grupo social, da herança rural ou urbana e do pertencimento étnico, a trajetória
intrageracional é uma variável independente que deve ser observada na narrativa dos jovens. Os
jovens migrantes têm uma relação recente com a memória urbana de Santa Cruz do Sul
enquanto os jovens de “segunda geração” têm uma experiência diferenciada dos primeiros.
Apesar dos pais migrantes, os jovens de “segunda geração” tiveram uma infância na cidade,
além de um processo de escolarização em Santa Cruz do Sul com maior duração do que os
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
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jovens migrantes. Isso significa um eventual complemento da memória sobre o
desenvolvimento urbano – através de informações oriundas das interações sociais com vizinhos
e amigos e das aulas de história na escola – que faltou aos jovens migrantes recém-chegados.


   2. UBI BENE, IBI PATRIA


     A narrativa dos jovens entrevistados acusa uma dimensão temporal e espacial muito
particular. Em relação ao tempo, nota-se que os jovens articulam passado, presente e futuro não
necessariamente de forma linear. Há entrecruzamentos entre suas trajetórias e aquela do
desenvolvimento urbano. Em termos espaciais, o narrador deve ser compreendido como homo
situs. Nesse sentido, sua narrativa depende muito de sua satisfação naquele lugar onde ele narra
a história, evoca sua memória. Por isso, o indivíduo se sente bem quando “encontra” o seu lugar
(ZAOUAL, 2006).
     Os jovens entrevistados demonstraram procurar um lugar para si. Este lugar pode ser um
local que não remonta aos vínculos de origem. Entretanto, a ausência de um passado comum,
pode acarretar num sentimento de não localização. Ser de “fora” implica num conjunto de
relações de poder, de relações de localização (periferia e centro) e de inserção e pertencimento
étnico e/ou social (ELIAS e SCOTSON, 2000).
     A noção de situs se refere ao presente, e neste sentido os jovens se consideram atores do
desenvolvimento urbano, o que não implica numa identificação com a cidade. Com relação à
história e à memória local os jovens reproduzem a tríade da colonização alemã, industrialização,
notadamente a agroindústria do tabaco, e desenvolvimento regional. Vale lembrar que a
economia de Santa Cruz do Sul tem se diversificado nos últimos anos, mas a maior produção da
riqueza ainda se deve à agroindústria do fumo.
     Na realidade, tal narrativa aponta para uma contradição nas falas juvenis. Ao mesmo
tempo em que afirmam que a cidade não tem apenas “alemães” e reconhecem que muitos
possuem identidades e origem alhures, eles associam a história e a memória da cidade à saga
dos imigrantes alemães e seus descendentes.
     Os jovens de “segunda geração” disseram ter mais dificuldades em evocar o passado, as
memórias familiares devido ao maior distanciamento espacial em relação à origem familiar.
Porém, a estrutura familiar se mostrou mais decisiva na ruptura com a memória da trajetória
familiar. Em outras palavras, tanto os jovens migrantes quanto os jovens “de segunda geração”
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
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conhecem menos a história de suas famílias quando vivem em foyers monoparentais. Neste
caso, eles estão condicionados a narrar uma história também monoparental. Isso se deve ao
abrandamento do diálogo intergeracional com progenitores ausentes.
     Apesar das discussões intelectuais apontarem para um discernimento entre a história e a
memória nos estudos contemporâneos, tanto a memória quanto a história se confundiram nas
narrativas dos jovens. Os jovens muitas vezes ao discorrer sobre a “história” da parentela
reconheciam seu pouco conhecimento sobre a “história” da família, mas se empenham em
organizar a “memória” da parentela.
     A narrativa dos jovens entrevistados não demonstrou muita ligação de suas histórias com a
história local porque a mobilidade espacial (migração deles ou dos pais) interferiu na trajetória e
em sua relação com o lugar. Como suas histórias familiares não fazem parte do tempo passado
de Santa Cruz do Sul, surge um “hiato de memória”. Mas, apesar de existir um descompasso da
história dos jovens com aquela da cidade, muitas narrativas apresentaram uma injunção entre a
história e a memória.
     A narrativa juvenil também destacou um cotidiano que se passa mais nos bairros onde
residem os narradores; assim, suas histórias são fragmentadas, descontínuas. Seria equivocado
querer reunir todas essas vivências em diferentes espaços (sub) urbanos como se fossem peças
de um único puzzle.
     Em relação ao desenvolvimento urbano, vale ainda ressaltar que na narrativa dos jovens de
“segunda geração” houve certa comparação com a memória de seus pais. Afinal, eles afirmaram
que os pais chegaram, viram o bairro de um jeito e hoje ele se encontra mudado. Outros jovens
disseram que os pais começaram a se estruturar em Santa Cruz porque a cidade lhes
proporcionou melhor trabalho ou emprego. Neste caso, a mobilidade espacial redundou em
mobilidade social.
     As narrativas também evidenciam que as informações juvenis sobre o desenvolvimento
urbano de Santa Cruz do Sul vêem dos estudos escolares, do que eles lêem nos jornais, do que
assistem na televisão, mas também dos espaços de divertimento que freqüentam e das festas
comemorativas. Dessa forma, a visão otimista dos jovens entrevistados tem a ver com as
representações de outros discursos sobre o desenvolvimento urbano.
     Apesar do “hiato de memória”, os jovens se consideraram atores do desenvolvimento
urbano, pois se identificaram com a cultura urbana, com os atrativos que a cidade de porte
médio lhes possibilita e com as comemorações e festas locais. Se não se identificam com o
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
                                                                                            6


passado da cidade, eles se identificam com o seu presente e projetam um futuro comum para
eles e para a cidade. Cabe lembrar que a narração dos jovens sobre o desenvolvimento urbano
evoca um passado sem querer voltar à restauração do mesmo, sem pretender ingenuamente
resgatá-lo em sua integralidade. Aliás, a narração na história evoca aquilo que passou
(GAGNEBIN 2004; LE GOFF 2003, RICOEUR 2000).
     Mas a narração dos jovens também acusa a influência do presentismo. Além disso, os
jovens migrantes e de “segunda geração” têm em comum uma identificação com a cidade, uma
vez que suas referências pretéritas com a cidade de origem deles ou a de seus pais tendem a
esmaecer pela falta de uma tradição oral. Sem a possibilidade de obter maiores informações
com a parentela distante, esses jovens acabam reforçando seu sentimento de “aqui e agora”.
Disso, decorre também um apego afetivo à cidade onde vivem. Ube bene, ibi patria.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BENJAMIN, Walter. Sobre a filosofia da história. In: ______. Magia e técnica, arte e política.
São Paulo: Brasiliense, 1994.
CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Coimbra: Quarteto, 2001.
CORREA, Sílvio Marcus de Souza. Os Jovens na Cidade de Porte Médio. Texto cedido pelo
autor e em fase de publicação. (Les Éditions de IQRC e Fundação Oswaldo Cruz). 2007.
ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os Estabelecidos e os Outsiders. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 2000.
____; AMADO, Janaína (Orgs.). Apresentação. In: Usos & Abusos da História Oral. Rio de
Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 12 – 25.
FREITAS, Sônia Maria. História oral: possibilidades e procedimentos. 2 ed. São Paulo:
Associação Editorial Humanitas, 2006.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e Narração em Walter Benjamin. 2 ed. São Paulo:
Perspectiva, 2004.
____. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
____. Los Marcos Sociales de la Memoria. Barcelona: Rubí; Concepción: Universidad de la
Concepción; Caracas: Universidad Central de Venezuela, 2004.
Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS
                                                                                              7


LE GOFF, Jaques. História e Memória. 5 ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História Oral: como fazer, como
pensar. São Paulo: Contexto, 2007.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: a Problemática dos Lugares. Tradução de Yara Aun
Khoury. Projeto História. v.10. São Paulo: dez.1993, p.7 – 28.
PORTELLI, Alessandro. O que faz a História Oral diferente?. Tradução de Maria Therezinha
Janine Ribeiro. Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História e
do Departamento de História/PUCSP. n° 14, fev. 1997. p.25 – 39.
RICOEUR, Paul. La memoire, l’histoire, l’oubli. Paris: Seuil, 2000.
RICOEUR, Paul. L’écriture de l’histoire et la représentation du passé. Annales HSS, juillet-août
2000.
ZAOUAL, Hassan. Nova Economia das Iniciativas Locais: Uma Introdução ao Pensamento
Pós-Global. Tradução de Michel Thiollent. Rio de Janeiro: DOP&A: Consulado Geral da
França: COPPE/UFRJ, 2006.

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Carina De Almeida

  • 1. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS MIGRAÇÃO E O HIATO DE MEMÓRIA: O DESENVOLVIMENTO URBANO DE SANTA CRUZ DO SUL (RS) NA NARRATIVA DE JOVENS Sílvio Marcus de Souza Correa ∗ Carina Santos de Almeida∗∗ RESUMO A narrativa dos jovens constitui uma fonte importante sobre os espaços urbanos e sobre a cultura urbana. Apesar da curta trajetória de vida comparada àquela de adultos e idosos, os jovens podem ter percepções distintas dos espaços urbanos, pois a cultura urbana se atualiza a cada nova geração. Este trabalho se propõe a refletir sobre a relação entre tradição oral, memória e história de uma cidade de porte médio do Rio Grande do Sul, tendo os jovens migrantes e de “segunda geração” como narradores. Com base na metodologia do focus group aplicada à história oral, o tema do desenvolvimento urbano foi tratado por cinco grupos de jovens entre 16 e 21 anos. A análise da narrativa dos jovens revelou um “hiato de memória” sobre o desenvolvimento urbano devido à ruptura com a tradição oral intergeracional, da mesma forma acusou para uma história urbana que tem a questão étnica como fulcral. PALAVRAS-CHAVE Migração, Oralidade, Memória e Narrativas Juvenis RÉSUMÉ Le récit de vie des jeunes constitue une source importante de données sur les espaces urbains et la culture urbaine. Malgré leur courte trajectoire de vie, comparée à celle des adultes et des personnes âgées, les jeunes peuvent avoir des perceptions distinctes des espaces urbains, en effet la culture urbaine se modernise à chaque nouvelle génération. Ce travail est une reflexion sur la relation entre le tradition orale, la mémoire et l’histoire d'une ville de port moyen du Rio Grande do Sul, en prenant comme narrateurs, des jeunes migrants de première et de quot;deuxième générationquot;. À partir de une méthodologie du “focus group” appliquée à l'histoire orale, le thème du développement urbain a été traité par cinq groupes de jeunes agés de 16 à 21 ans. L'analyse du récit de ces jeunes a révélé un quot;hiatus de mémoirequot; sur le développement urbain dû à la rupture avec la tradition orale intergénération, elle a aussi démontré que l’histoire urbaine est basée sur la question ethnique. MOTS CLÉS Migration, Oralité, Mémoire et Récits Juvéniles ∗ Doutor pela Westfälische Wilhelms-Universität Münster e pesquisador junto ao Centro de Pesquisa sobre Desenvolvimento Regional (CEPEDER) da Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC. http://silviomscorrea.siz.com.br ** Mestranda em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC e bolsista CAPES, carina_almaid@yahho.com.br
  • 2. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 2 INTRODUÇÃO Nas primeiras décadas do século XX, Walter Benjamin criticou aquela visão da história linear, determinada pela idéia de progresso. Sua concepção de história minou toda a base do que se convencionou chamar desenvolvimento. No entanto, a idéia de desenvolvimento integra o imaginário ocidental contemporâneo. Na memória dos jovens, o desenvolvimento também se faz presente em suas narrativas sobre a história urbana. Tendo como foco das entrevistas a história de uma cidade de porte médio do Rio Grande do Sul, jovens migrantes e de “segunda geração” balizaram suas narrativas com a idéia de desenvolvimento urbano. Porém, suas narrativas acusaram um tempo múltiplo e, por vezes, em desconexão. Cabe ressaltar que Benjamim (1994) pleiteou uma escrita da história que compreendesse as descontinuidades e as múltiplas temporalidades. Por isso, a história benjamiana se aproxima da memória, porquanto ela se inscreve no tempo daquele que a narra. Essa injunção da história com a memória foi percebida nas entrevistas com jovens, pois o passado evocado se inscreve no momento vivido pelo(s) narrador(es). Com base na metodologia do focus group aplicada à história oral, foram entrevistados vários jovens migrantes e de “segunda geração”. Uma fase da pesquisa foi dedicada à realização de entrevistas com jovens voluntários que, num número determinado de sessões durante o ano de 2007, discutiram o desenvolvimento urbano de Santa Cruz do Sul. Os jovens entrevistados foram divididos em cinco grupos focais. As entrevistas foram realizadas nas escolas onde os jovens estudavam. Essas escolas se localizam em bairros distintos e atendem jovens provindos de diversos extratos sociais urbanos, sendo quatro escolas da rede pública e uma da rede particular de ensino. A análise das entrevistas revelou um “hiato de memória” que não pôde ser preenchido pela tradição oral de seus pais e/ou avós. Tal lapso pode ter relação com a crise de identidade dos jovens entrevistados. Ver-se-á a seguir como a migração dos jovens ou aquela dos pais dos jovens de “segunda geração” provocaram um desencaixe espacial e temporal que interferiu nas suas narrativas sobre o desenvolvimento urbano. 1. JUVENI NARRANTUR
  • 3. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 3 A cidade de Santa Cruz do Sul é o maior ponto de destino da migração na região central do Rio Grande do Sul. O desenvolvimento desta cidade foi atribuído pela historiografia local à imigração alemã. A tradição oral também confirma tal vínculo. Escusado lembrar que a população mais velha em Santa Cruz do Sul é predominantemente de origem alemã. Assim, história e memória convergem. Mas do núcleo colonial de imigrantes alemães dos meados do século XIX ao pólo regional de migrantes do último quartel do século XX, a história urbana de Santa Cruz do Sul apresenta vários tempos e espaços sociais que não obedecem à lógica linear das noções de progresso e desenvolvimento. Atualmente, quase a metade da população urbana de Santa Cruz do Sul é composta por contingentes vindos de alhures, atraídos pela oferta de trabalho e serviços de saúde, educação e transporte; assim, boa parte da população residente na cidade não se vincula ao passado remoto evocado pela memória e/ou pela história local (CORREA, 2007). Como em outras cidades de porte médio do Rio Grande do Sul, os migrantes em Santa Cruz do Sul fazem parte de uma história recente, ou seja, fazem mais parte do presente do que do passado. Como a história e a memória se alicerçam na questão temporal, para os jovens migrantes ou de “segunda geração” estar fora do tempo passado é, talvez, estar fora da memória coletiva da cidade. Outras variáveis interferem nesse sentimento de exclusão, de não pertencimento à comunidade santa-cruzense e, por conseguinte, na narrativa dos jovens sobre o desenvolvimento urbano de Santa Cruz do Sul. A análise dos diferentes grupos sociais a que os jovens entrevistados pertencem acusa uma correlação entre distância social e memória. Em outras palavras, pode-se dizer que os jovens mais próximos da core society se consideram mais filiados a uma tradição reinventada pelos parvenus. A questão rural e urbana também é uma variável de controle importante, porquanto jovens do meio rural estariam mais próximos das “raízes” da colonização de Santa Cruz do Sul. Da mesma forma, jovens com origem étnica alemã tendem a se identificar mais com o grupo fundador conforme a memória coletiva da comunidade local. Além do grupo social, da herança rural ou urbana e do pertencimento étnico, a trajetória intrageracional é uma variável independente que deve ser observada na narrativa dos jovens. Os jovens migrantes têm uma relação recente com a memória urbana de Santa Cruz do Sul enquanto os jovens de “segunda geração” têm uma experiência diferenciada dos primeiros. Apesar dos pais migrantes, os jovens de “segunda geração” tiveram uma infância na cidade, além de um processo de escolarização em Santa Cruz do Sul com maior duração do que os
  • 4. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 4 jovens migrantes. Isso significa um eventual complemento da memória sobre o desenvolvimento urbano – através de informações oriundas das interações sociais com vizinhos e amigos e das aulas de história na escola – que faltou aos jovens migrantes recém-chegados. 2. UBI BENE, IBI PATRIA A narrativa dos jovens entrevistados acusa uma dimensão temporal e espacial muito particular. Em relação ao tempo, nota-se que os jovens articulam passado, presente e futuro não necessariamente de forma linear. Há entrecruzamentos entre suas trajetórias e aquela do desenvolvimento urbano. Em termos espaciais, o narrador deve ser compreendido como homo situs. Nesse sentido, sua narrativa depende muito de sua satisfação naquele lugar onde ele narra a história, evoca sua memória. Por isso, o indivíduo se sente bem quando “encontra” o seu lugar (ZAOUAL, 2006). Os jovens entrevistados demonstraram procurar um lugar para si. Este lugar pode ser um local que não remonta aos vínculos de origem. Entretanto, a ausência de um passado comum, pode acarretar num sentimento de não localização. Ser de “fora” implica num conjunto de relações de poder, de relações de localização (periferia e centro) e de inserção e pertencimento étnico e/ou social (ELIAS e SCOTSON, 2000). A noção de situs se refere ao presente, e neste sentido os jovens se consideram atores do desenvolvimento urbano, o que não implica numa identificação com a cidade. Com relação à história e à memória local os jovens reproduzem a tríade da colonização alemã, industrialização, notadamente a agroindústria do tabaco, e desenvolvimento regional. Vale lembrar que a economia de Santa Cruz do Sul tem se diversificado nos últimos anos, mas a maior produção da riqueza ainda se deve à agroindústria do fumo. Na realidade, tal narrativa aponta para uma contradição nas falas juvenis. Ao mesmo tempo em que afirmam que a cidade não tem apenas “alemães” e reconhecem que muitos possuem identidades e origem alhures, eles associam a história e a memória da cidade à saga dos imigrantes alemães e seus descendentes. Os jovens de “segunda geração” disseram ter mais dificuldades em evocar o passado, as memórias familiares devido ao maior distanciamento espacial em relação à origem familiar. Porém, a estrutura familiar se mostrou mais decisiva na ruptura com a memória da trajetória familiar. Em outras palavras, tanto os jovens migrantes quanto os jovens “de segunda geração”
  • 5. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 5 conhecem menos a história de suas famílias quando vivem em foyers monoparentais. Neste caso, eles estão condicionados a narrar uma história também monoparental. Isso se deve ao abrandamento do diálogo intergeracional com progenitores ausentes. Apesar das discussões intelectuais apontarem para um discernimento entre a história e a memória nos estudos contemporâneos, tanto a memória quanto a história se confundiram nas narrativas dos jovens. Os jovens muitas vezes ao discorrer sobre a “história” da parentela reconheciam seu pouco conhecimento sobre a “história” da família, mas se empenham em organizar a “memória” da parentela. A narrativa dos jovens entrevistados não demonstrou muita ligação de suas histórias com a história local porque a mobilidade espacial (migração deles ou dos pais) interferiu na trajetória e em sua relação com o lugar. Como suas histórias familiares não fazem parte do tempo passado de Santa Cruz do Sul, surge um “hiato de memória”. Mas, apesar de existir um descompasso da história dos jovens com aquela da cidade, muitas narrativas apresentaram uma injunção entre a história e a memória. A narrativa juvenil também destacou um cotidiano que se passa mais nos bairros onde residem os narradores; assim, suas histórias são fragmentadas, descontínuas. Seria equivocado querer reunir todas essas vivências em diferentes espaços (sub) urbanos como se fossem peças de um único puzzle. Em relação ao desenvolvimento urbano, vale ainda ressaltar que na narrativa dos jovens de “segunda geração” houve certa comparação com a memória de seus pais. Afinal, eles afirmaram que os pais chegaram, viram o bairro de um jeito e hoje ele se encontra mudado. Outros jovens disseram que os pais começaram a se estruturar em Santa Cruz porque a cidade lhes proporcionou melhor trabalho ou emprego. Neste caso, a mobilidade espacial redundou em mobilidade social. As narrativas também evidenciam que as informações juvenis sobre o desenvolvimento urbano de Santa Cruz do Sul vêem dos estudos escolares, do que eles lêem nos jornais, do que assistem na televisão, mas também dos espaços de divertimento que freqüentam e das festas comemorativas. Dessa forma, a visão otimista dos jovens entrevistados tem a ver com as representações de outros discursos sobre o desenvolvimento urbano. Apesar do “hiato de memória”, os jovens se consideraram atores do desenvolvimento urbano, pois se identificaram com a cultura urbana, com os atrativos que a cidade de porte médio lhes possibilita e com as comemorações e festas locais. Se não se identificam com o
  • 6. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 6 passado da cidade, eles se identificam com o seu presente e projetam um futuro comum para eles e para a cidade. Cabe lembrar que a narração dos jovens sobre o desenvolvimento urbano evoca um passado sem querer voltar à restauração do mesmo, sem pretender ingenuamente resgatá-lo em sua integralidade. Aliás, a narração na história evoca aquilo que passou (GAGNEBIN 2004; LE GOFF 2003, RICOEUR 2000). Mas a narração dos jovens também acusa a influência do presentismo. Além disso, os jovens migrantes e de “segunda geração” têm em comum uma identificação com a cidade, uma vez que suas referências pretéritas com a cidade de origem deles ou a de seus pais tendem a esmaecer pela falta de uma tradição oral. Sem a possibilidade de obter maiores informações com a parentela distante, esses jovens acabam reforçando seu sentimento de “aqui e agora”. Disso, decorre também um apego afetivo à cidade onde vivem. Ube bene, ibi patria. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENJAMIN, Walter. Sobre a filosofia da história. In: ______. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994. CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Coimbra: Quarteto, 2001. CORREA, Sílvio Marcus de Souza. Os Jovens na Cidade de Porte Médio. Texto cedido pelo autor e em fase de publicação. (Les Éditions de IQRC e Fundação Oswaldo Cruz). 2007. ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os Estabelecidos e os Outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. ____; AMADO, Janaína (Orgs.). Apresentação. In: Usos & Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 12 – 25. FREITAS, Sônia Maria. História oral: possibilidades e procedimentos. 2 ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006. GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e Narração em Walter Benjamin. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. ____. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006. HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006. ____. Los Marcos Sociales de la Memoria. Barcelona: Rubí; Concepción: Universidad de la Concepción; Caracas: Universidad Central de Venezuela, 2004.
  • 7. Anais do IX Encontro Nacional de História Oral - 22 a 25/04/2008 - UNISINOS 7 LE GOFF, Jaques. História e Memória. 5 ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História Oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007. NORA, Pierre. Entre Memória e História: a Problemática dos Lugares. Tradução de Yara Aun Khoury. Projeto História. v.10. São Paulo: dez.1993, p.7 – 28. PORTELLI, Alessandro. O que faz a História Oral diferente?. Tradução de Maria Therezinha Janine Ribeiro. Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História e do Departamento de História/PUCSP. n° 14, fev. 1997. p.25 – 39. RICOEUR, Paul. La memoire, l’histoire, l’oubli. Paris: Seuil, 2000. RICOEUR, Paul. L’écriture de l’histoire et la représentation du passé. Annales HSS, juillet-août 2000. ZAOUAL, Hassan. Nova Economia das Iniciativas Locais: Uma Introdução ao Pensamento Pós-Global. Tradução de Michel Thiollent. Rio de Janeiro: DOP&A: Consulado Geral da França: COPPE/UFRJ, 2006.