SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Alma minha gentil, que te partiste.


           Camões lírico.
Soneto

Alma minha gentil, que te partiste          E se vires que pode merecer-te
Tão cedo desta vida, descontente,           Alguma cousa a dor que me ficou
Repousa lá no Céu eternamente,              Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
E viva eu cá na terra sempre triste.
                                            Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Se lá no assento etéreo, onde subiste,      Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Memória desta sida se consente,             Quão cedo de meus olhos te levou
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
1desonestidade ,
deslealdade

                   Referências históricas
    • Este soneto, está associado à morte de Dinamene uma
      chinesa com quem Camões viveu em Macau , este é
      um dos mais conhecidos.
      Segundo o estudo histórico camões foi acusado de 1
      delitos administrativos quando estava na china e
      camões e Dinamene foram levados para a Índia onde
      decorreu o julgamento do poeta. Na viagem para a
      índia (por volta de 1560) o navio naufragou na costa do
      Camboja, junto à foz do rio Mekong.
    • Camões consegui salvar-se e salvar Os Lusíadas, que
      trazia quase concluído, mas teria perdido Dinamene, a
      sua "alma gentil“.
Rio Mekong
• Camoes no soneto faz um apelo aos sentidos
  isto é tenta encontrar Dinamene no Céu, em
  Deus. A morte implica uma espécie de
  purificação, Dinamene´partiu para esse
  "mundo das idéias e formas eternas".
• O poeta sugere a possibilidade de que a
  amada se lembre dele, "lá do assento etéreo".
• No soneto estão presentes a Emoção e a
  razão, tem também uma escrita comovente.

 Observe que, curiosamente, em "Alma
 minha..." o ouvido de Camões foi indiferente a
 uma cacofonia ("maminha"), que hoje seria de
 todo modo evitada.
• No soneto está também presente a serenidade e o
  sofrimento.
• Além do amor como tema, Camões faz também
  referencia que tudo muda, nada é eterno. O ser
  humano mesmo que queira atingir o ideal e/ou a
  perfeição, depara-se sempre com a restrição imposta
  pela própria condição humana.
  O sujeito poético chega à conclusão de que não existe
  o absoluto ou o eterno, dizendo que lhe resta divagar
  sobre o real e o ideal, a morte e a vida, o pessoal e o
  universal.
Conclusão
• O sujeito poético chega à conclusão de que
  não existe o absoluto ou o eterno, dizendo
  que lhe resta divagar sobre o real e o ideal, a
  morte e a vida, o pessoal e o universal.
Curiosidades
• Em "Alma minha..." Camões foi indiferente a
  uma cacofonia ("maminha"), que hoje seria
  evitada.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraHelena Coutinho
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasclaudiarmarques
 
10ºano Luís de Camões - parte A
10ºano Luís de Camões - parte A10ºano Luís de Camões - parte A
10ºano Luís de Camões - parte ALurdes Augusto
 
Louvor das virtudes aos peixes
Louvor das virtudes aos peixesLouvor das virtudes aos peixes
Louvor das virtudes aos peixesDina Baptista
 
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoAmor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoLurdes Augusto
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lurdes Augusto
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagemameliapadrao
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
10ºano camões parte C
10ºano camões parte C10ºano camões parte C
10ºano camões parte CLurdes Augusto
 
Sermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumocolegiomb
 
Características poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisCaracterísticas poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisDina Baptista
 
Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãSofia_Afonso
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 

Mais procurados (20)

A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serra
 
Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa  Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa
 
Canto v 92_100
Canto v 92_100Canto v 92_100
Canto v 92_100
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
 
10ºano Luís de Camões - parte A
10ºano Luís de Camões - parte A10ºano Luís de Camões - parte A
10ºano Luís de Camões - parte A
 
Louvor das virtudes aos peixes
Louvor das virtudes aos peixesLouvor das virtudes aos peixes
Louvor das virtudes aos peixes
 
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo BrancoAmor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição (exceto cap. VI, VII, VIII) de Camilo Castelo Branco
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagem
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
Frei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, sínteseFrei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, síntese
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
10ºano camões parte C
10ºano camões parte C10ºano camões parte C
10ºano camões parte C
 
Dedicatória
DedicatóriaDedicatória
Dedicatória
 
Sermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumo
 
Teste Luis de Camões
Teste Luis de CamõesTeste Luis de Camões
Teste Luis de Camões
 
Características poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisCaracterísticas poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo Reis
 
Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - Antemanhã
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 

Semelhante a Soneto de Camões sobre a morte de Dinamene

Constância
ConstânciaConstância
Constânciaguida04
 
Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaLuciene Gomes
 
Sonetos de camões
Sonetos de camões Sonetos de camões
Sonetos de camões TVUERJ
 
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptMODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptRildeniceSantos
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - OseAndré Damázio
 
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxPabloGabrielKdabra
 
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxPabloGabrielKdabra
 
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01Sarah Michele
 
Romantismo poesia - 2ª geração
Romantismo   poesia -  2ª geraçãoRomantismo   poesia -  2ª geração
Romantismo poesia - 2ª geraçãoLuciene Gomes
 
Classicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaClassicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaPéricles Penuel
 
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIALER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIAElisa Costa Pinto
 
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Walace Cestari
 
Calendário Mensal: Outubro 2010
Calendário Mensal: Outubro 2010Calendário Mensal: Outubro 2010
Calendário Mensal: Outubro 2010Gisele Santos
 
Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas Vinicius Soco
 
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01Juliana Manczak
 

Semelhante a Soneto de Camões sobre a morte de Dinamene (20)

Constância
ConstânciaConstância
Constância
 
Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernista
 
Luís Vaz de Camões
Luís Vaz de CamõesLuís Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões
 
Sonetos de camões
Sonetos de camões Sonetos de camões
Sonetos de camões
 
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptMODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
 
Luis de camões 1
Luis de camões 1Luis de camões 1
Luis de camões 1
 
Luisdecames1
Luisdecames1 Luisdecames1
Luisdecames1
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
 
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
 
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptxANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
ANÁLISE ALGUMA POESIA KDABRA.pptx
 
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01Luisdecames1 110622224318-phpapp01
Luisdecames1 110622224318-phpapp01
 
Romantismo poesia - 2ª geração
Romantismo   poesia -  2ª geraçãoRomantismo   poesia -  2ª geração
Romantismo poesia - 2ª geração
 
Classicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaClassicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografia
 
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIALER PINTURA, ESCREVER POESIA
LER PINTURA, ESCREVER POESIA
 
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
 
Poemas de vários autores
Poemas de vários autoresPoemas de vários autores
Poemas de vários autores
 
Calendário Mensal: Outubro 2010
Calendário Mensal: Outubro 2010Calendário Mensal: Outubro 2010
Calendário Mensal: Outubro 2010
 
Um verso um texto
Um verso um texto Um verso um texto
Um verso um texto
 
Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas
 
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01
Antniogonalvesdiaspowerpointparaapresentar 130617130214-phpapp01
 

Soneto de Camões sobre a morte de Dinamene

  • 1. Alma minha gentil, que te partiste. Camões lírico.
  • 2. Soneto Alma minha gentil, que te partiste E se vires que pode merecer-te Tão cedo desta vida, descontente, Alguma cousa a dor que me ficou Repousa lá no Céu eternamente, Da mágoa, sem remédio, de perder-te, E viva eu cá na terra sempre triste. Roga a Deus, que teus anos encurtou, Se lá no assento etéreo, onde subiste, Que tão cedo de cd me leve a ver-te, Memória desta sida se consente, Quão cedo de meus olhos te levou Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.
  • 3. 1desonestidade , deslealdade Referências históricas • Este soneto, está associado à morte de Dinamene uma chinesa com quem Camões viveu em Macau , este é um dos mais conhecidos. Segundo o estudo histórico camões foi acusado de 1 delitos administrativos quando estava na china e camões e Dinamene foram levados para a Índia onde decorreu o julgamento do poeta. Na viagem para a índia (por volta de 1560) o navio naufragou na costa do Camboja, junto à foz do rio Mekong. • Camões consegui salvar-se e salvar Os Lusíadas, que trazia quase concluído, mas teria perdido Dinamene, a sua "alma gentil“.
  • 5. • Camoes no soneto faz um apelo aos sentidos isto é tenta encontrar Dinamene no Céu, em Deus. A morte implica uma espécie de purificação, Dinamene´partiu para esse "mundo das idéias e formas eternas". • O poeta sugere a possibilidade de que a amada se lembre dele, "lá do assento etéreo".
  • 6. • No soneto estão presentes a Emoção e a razão, tem também uma escrita comovente. Observe que, curiosamente, em "Alma minha..." o ouvido de Camões foi indiferente a uma cacofonia ("maminha"), que hoje seria de todo modo evitada.
  • 7. • No soneto está também presente a serenidade e o sofrimento. • Além do amor como tema, Camões faz também referencia que tudo muda, nada é eterno. O ser humano mesmo que queira atingir o ideal e/ou a perfeição, depara-se sempre com a restrição imposta pela própria condição humana. O sujeito poético chega à conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno, dizendo que lhe resta divagar sobre o real e o ideal, a morte e a vida, o pessoal e o universal.
  • 8. Conclusão • O sujeito poético chega à conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno, dizendo que lhe resta divagar sobre o real e o ideal, a morte e a vida, o pessoal e o universal.
  • 9. Curiosidades • Em "Alma minha..." Camões foi indiferente a uma cacofonia ("maminha"), que hoje seria evitada.