1. Centro Espírita Luz e Amor
Palestra de 19/05/2008
Tema : Os órfãos
EESE086b - Cap. XIII - Item 18
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A - Texto de Apoio:
Meus irmãos amem os órfãos. Se soubesse quanto é triste ser só e abandonado,
sobretudo na infância! Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-
lhes de pais. Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada,
evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o
vício! Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque
compreende e pratica a sua lei. Ponderai também que muitas vezes a criança que
socorreis vos foi cara noutra encarnação, caso em que, se pudésseis lembrar-vos,
já não estaríeis praticando a caridade, mas cumprindo um dever.
Assim, pois, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa
caridade: não, porém, a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola
que queima a mão em que cai, pois freqüentemente bem amargos são os vossos
óbolos! Quantas vezes seriam eles recusados, se na choupana a enfermidade e a
miséria não os estivessem esperando! Dai delicadamente, juntai ao beneficio que
fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de uma
carícia, de um sorriso amistoso.
Evitai esse ar de proteção, que eqüivale a revolver a lâmina no coração que
sangra e considerai que, fazendo o bem, trabalhais por vós mesmos e pelos
vossos. - Um Espírito familiar. (Paris, 1860.)
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - Como devemos proceder para com os órfãos?
2. 2 - Podem, muitas vezes, os órfãos estar ligados à nossa vida?
CONCEITO
Família conjunto de pessoas: pai, mãe e filhos.
Família consangüínea é uma reunião de almas em processo de evolução,
reajuste, aperfeiçoamento ou santificação.
Família espiritual é uma constelação de inteligências, cujos membros estão na
Terra e nos Céus.
Há, pois duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias
pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se
perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as
segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se
dissolvem moralmente, já na existência atual. (Equipe da FEB, 1995)
Que pensar das pessoas que, sofrendo ingratidão por benefícios prestados,
não querem mais fazer o bem, com medo de encontrar ingratos?
Essas pessoas têm mais egoísmo do que caridade, porque fazer o bem
somente para receber provas de reconhecimento, é deixar de lado o desinteresse,
e o único bem agradável a Deus é o desinteressado. São ainda orgulhosas,
porque se comprazem na humildade do beneficiado, que deve rojar-se aos seus
pés para agradecer-lhes. Aquele que busca na Terra a recompensa do bem que
faz, não a receberá no céu, mas Deus a reservará para o que assim não procede.
É necessário ajudar sempre aos fracos, mesmo sabendo-se de antemão
que os beneficiados não agradecerão. Sabeis que, se aquele a quem ajudais
esquecer o benefício, Deus o considerará mais do que se fosseis recompensados
3. pela sua gratidão. Deus permite que às vezes sejais pagos com a ingratidão, para
provar a vossa perseverança em fazer o bem.
Como sabeis, aliás, se esse benefício, momentaneamente esquecido, não
produzirá mais tarde os seus frutos? Ficai certos, pelo contrário de que é uma
semente que germinará com o tempo. Infelizmente, não vedes nunca além do
presente, trabalhais para vós, e não tendo em vista os semelhantes. A
benemerência acaba por abrandar os corações mais endurecidos; pode ficar
esquecida aqui na Terra, mas quando o Espírito se livrar do corpo, ele se
lembrará, e essa lembrança será o seu próprio castigo. Então, ele lamentará a sua
ingratidão, desejará reparar a sua falta, pagar a sua dívida noutra existência,
aceitando mesmo, freqüentemente, uma vida de devotamento ao seu benfeitor. É
assim que, sem o suspeitadores, tereis contribuído para o seu progresso moral, e
reconhecereis então toda a verdade desta máxima: um benefício jamais se perde.
Mas tereis também trabalho para vós, pois tereis o mérito de haver feito o bem
com desinteresse, sem vos deixar bater pelas decepções.
Ah!, meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que, na vida presente,
vos ligam às existências anteriores! Se pudésseis abarcar a multiplicidade das
relações que aproximam os seres uns dos outros, para o seu mútuo progresso,
admiraríeis muito melhor a sabedoria e a bondade do Criador, que vos permite
reviver para chegardes a ele!
Nesta passagem do ESE está implícita a caridade e o amor.
A adopção é, em muitos casos, um compromisso assumido pelo Espírito, que
rapidamente se esquece quando envolvido pela matéria. Há dias aparecia numa
capa de revista uma actriz bem conhecida do nosso público, dizendo que nunca
adoptaria uma criança, pois não era mãe de aluguer (o titulo era mais ou menos
este).
Certo está que nem todos temos que adoptar alguém, pois as contingências da
vida assim o determinam. Mas achei aquela frase de uma desumanidade tão
4. grande que acho que nem devia de ser capa de revista. Também a verdade é que
eu não li o seu conteúdo, por isso posso estar a fazer mau julgamento, pois o
contexto em que ela disse aquilo poderia ser totalmente diferente do “jornalismo”
apresentado.
Mesmo que não se queira adoptar, pois é uma decisão que cabe a cada um, pelo
menos não se devem agredir os órfãos com frases como aquelas.
Já começa a ser tempo do ser humano evoluir, e pensar mais no próximo.
Mas não nos pudemos esquecer que vivemos ainda num mundo de expiações e
provas ;)
Eu vou contar pra vocês uma linda estória de alguém que regressou a patria
espiritual a poucos dias, mas que foi exemplo ao se falar de órfãos e de adoção
Regressou hoje à Pátria Espiritual, ou, para os não espíritas, faleceu hoje Irena
Sandler.
Durante a II Grande Guerra, Irena salvou cerca de 2500 crianças, no guetto
judaico de Varsóvia. A Polónia foi a primeira nação a ser invadida pelos nazis, e
os ocupantes temiam epidemias, pelo que aceitaram a existência de um Conselho
para Ajuda aos Judeus. Como as condições eram cada vez mais horrorosas,
Irena, Enfermeira de profissão, iniciou um processo de recolocação das crianças
em famílias de adopção. Clandestinamente, é claro, pois os Judeus tinham um
plano de extermínio sistemático, como é de todos sabido.
A separação era dolorosa, pois as famílias desejavam que os
filhos sobrevivessem ao Holocausto, já em marcha, mas, compreensivelmente, não se
queriam separar dos seus filhos. Muitas vezes, numa segunda visita às famílias para tentar
convencê-las a encaminhar as crianças, já todos tinham sido embarcados para os campos de
extermínio.
5. Os expedientes que usava para iludir os nazis eram extremamente engenhosos: fazia passar
os meninos por doentes de tifo, em ambulâncias, mas, para ir variando os processos,
também os escondia em caixotes de lixo, sacos de batatas ou caixas de ferramentas.
Persuadiu responsáveis dos Centros de Bem-Estar Social a falsificarem secretamente
documentos e assinaturas para dar uma identidade temporária às crianças.Os dados de 2500
crianças foram cuidadosamente anotados, postos em frascos de vidro, e enterrados sob uma
árvore do seu quintal. Mais tarde, esses documentos permitiram o reencontro de famílias.
Foi detida pela gestapo em 20 de Outubro de 1943, e levada a prisao de Pawiak onde foi
brutalmente torturada. Suportou a tortura e recusou-se a trair os seus colaboradores ou a
revelar o paradeiro de qualquer dos meninos ocultos. Partiram-lhe os pés e as pernas, entre
inúmeras torturas, mas ninguém conseguiu romper a sua vontade.
Condenada à morte, escapou-se devido à cumplicidade de um soldado pago pela
Resistência, que não queria que Irena morresse o segredo da localização dos meninos.
Continuou o seu trabalho sob identidade falsa.
6. Depois da Guerra reconduziu as criaças às suas famílias e retomou uma vida normal. Seria
hoje uma ilustre desconhecida, se não fosse um trabalho de final de curso de um grupo de
estudantes. O trabalho motivou um artigo de jornal, e dessa forma muitos dos seus
protegidos reconheceram-na.
Acabou por ficar confinada a uma cadeira de rodas, por causa das lesões causadas pelas
torturas da Gestapo. Nunca se considerou uma heroína. Nunca reivindicou crédito algum
pelas suas acções. “Poderia ter feito mais”, respondia sempre que se lhe perguntava sobre
o tema.
E acrescentava: “Este lamento vai acompanhar-me até ao dia da minha morte!”.
(Texto adaptado)