1. (C. L. C. 7) Cultura, Língua e Comunicação
Fundamentos de Cultura Língua e Comunicação
Memórias…
Em tempos, distantes mas bastante saudosos, conheci alguém que apesar da
sua tenra idade, já tinha uma enorme perseverança e vontade de viver e de
fazer coisas pouco habituais para alguém com tão pouca idade…
Um dia, estando na praia sentada na areia, perto do seu padrinho que sempre
adorou, observando o mar e saboreando um delicioso gelado, daqueles que
havia antigamente com sabor e forma de banana, repararam ambos num grupo
de três crianças, tão crianças, como a que, em vez de estar junto a elas, a
brincar na areia e a partilhar os seus infantis e alegres diálogos, preferia
deleitar-se com o seu saboroso gelado e com a companhia daquele robusto
mas muito meigo e afável adulto que ela tanto adorava.
As três crianças, semienterradas na areia, lá iam brincando e tagarelando.
Nas suas alegres tagarelices perguntavam entre si…”o que é que tu queres
ser quando fores grande?”
Um, disse apontando para o outro lado da praia…” eu vou ser pintor como
aquele homem que está ali ao fundo”, outro disse…”eu quero antes ser
como o meu pai que é maquinista de comboios”, o terceiro encolheu os
ombros e disse indeciso…”eu ainda não sei, mas às tantas vou ser
professor, jogador de futebol, ou qualquer coisa assim parecida”.
O adulto, que entretanto tinha acabado de comer o seu gelado, virou-se para
a pequena e gulosa afilhada, que já entretanto já tinha o vestido todo sujo e as
mãos pegajosas, do gelado que lhe escorrera por entre os dedos, e perguntoulhe esgueirando-se até ela tentando limpá-la um pouco com o seu lenço…”e tu
Belle? O que é que tu queres ser quando fores grande?”
“Eu padrinho? Mas tu não sabes? Eu quero VOAR, eu quero ser como
tu!!!” …respondeu a lambuzada criança.
Ainda hoje me lembro da expressão refletida no rosto daquele adulto
adorável, expressão essa que era um misto de surpresa, alegria e orgulho.
Também me lembro do brilho refletido nos seus quase lacrimejantes olhos, e
do silêncio que se sucedeu àquele instante, entre os dois, que embora
sentados um pouco distantes um do outro, nunca nas suas muitas posteriores
vivências em comum, se sentiram tão próximos.
Ainda hoje, nas poucas vezes que se reúnem em família, a criança, que já não
o é, mas desejaria voltar a sê-lo para reviver aquele momento, e o adulto já de
cabelos completamente brancos e aspeto franzino, relembram aquele
momento, que para eles foi tão especial, único, ao ponto de, ele, se lembrar
Trabalho elaborado por Isabel Braz
20-07-2010
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detalhadamente de todas e cada uma das palavras que foram ditas, e ela, do
sabor… mas, não só do sabor daquele gelado com sabor e forma de banana,
como também do “sabor” daquele momento que nunca poderá esquecer!
Trabalho elaborado por Isabel Braz
20-07-2010
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