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8 .Tratamento das Lamas
Tratamento das
lamas
 1. Introdução
As lamas são um produto inevitável do tratamento de
águas residuais, provenientes essencialmente da
acumulação dos produtos em suspensão na água
residual afluente, geralmente transformados pela
acção de microrganismos em acção durante o
tratamento.
Em termos genéricos, pode dizer-se que as lamas antes
da sua aplicação final devem ser preferencialmente
estabilizadas com o objectivo de se reduzir o seu poder
de fermentação, responsável pela produção de gases e
odores; reduzidas em volume para facilitar o seu
manuseamento, transporte e armazenamento e,
purificadas para eliminar o máximo de microrganismos
patogénicos e elementos tóxicos.
2
Tratamento das
lamas
 Gestão e Tratamento das Lamas
 Os processos de tratamento de águas residuais
domésticas e industriais, por via biológica ou
recorrendo a processos físico-químicos, em particular
nas águas residuais industriais, implicam a separação e
concentração de poluentes num resíduo final,
designado por Lama.
 Os problemas ambientais, fundamentalmente para as
lamas provenientes de águas residuais industriais, que
podem advir desta situação são muitos, desde a
contaminação de solos e recursos hídricos, à produção
de odores desagradáveis e dum impacte visual
negativo.
 É pois necessário efectuar o tratamento adequado das
lamas nas ETAR’s e definir soluções correctas para a sua
eliminação
3
O volume da lama inicial (1) é reduzido num equipamento
apropriado (2), sendo depois misturado com casca de pinheiro (3), antes de ser
compostado.
Tratamento das
lamas
 2. Origem das lamas

As lamas caracterizam-se por apresentarem um
elevado teor de humidade, de matéria orgânica e
nutrientes (azoto, fósforo e potássio) e
potencialmente metais pesados (micropoluentes
inorgânicos), numa concentração importante de
microrganismos patogénicos.
 Face a estas características, as lamas têm que ser
convenientemente tratadas antes de serem
enviadas para destino final.
 Nas estações de tratamento convencionais, as
lamas têm origem na operação de decantação
primária e nos processos secundário e terciário.
4
Tratamento das
lamas
 2. Origem das lamas
 Em muitos casos, as lamas são obtidas na forma de
lama mista (lamas primárias misturadas com lamas
secundárias) no decantador primário. Noutras
situações, as lamas são separadas em decantadores
distintos e só posteriormente processadas em
comum. As lamas geradas no tratamento terciário
são geralmente em pequena quantidade,
exceptuando quando está envolvida a precipitação
química para remoção de fósforo.
 As lamas são geralmente enviadas para espessamento
de modo a ficarem espessas, tal como o nome indica,
seguindo para desidratação, onde se reduz o volume
de água presente nas lamas. A montante da
desidratação as lamas podem ser estabilizadas,
consoante o seu destino final.
5
Tratamento das
lamas
 3. Impactes no Ambiente e na Saúde Pública
Devido ao seu elevado teor em matéria orgânica, as
lamas têm tendência a desenvolver condições
anaeróbias, fermentando, entrando em putrefacção
e, por conseguinte, gerando efeitos prejudiciais, quer
para o Ambiente quer para a Saúde Pública.
Quando depositadas no solo sem qualquer
tratamento, as lamas libertam gases tóxicos,
resultado da decomposição anaeróbia, o que origina
poluição atmosférica e riscos para o Homem, além
dos óbvios odores intensos que causam incómodo.
6
Tratamento das
lamas
 3. Impactes no Ambiente e na Saúde Pública
 Os metais pesados que potencialmente se
encontram na constituição das lamas (devido à
potencial descarga de águas residuais industriais na
rede de drenagem pública de águas residuais) irão
infiltrar-se no solo, com consequente contaminação
deste e das águas subterrâneas. Os metais pesados
têm um efeito cumulativo e tóxico, pelo que, a
ingestão de alimentos produzidos no solo
contaminado e a utilização destas águas de má
qualidade pode ser letal para o Homem.
 Relativamente aos microrganismos patogénicos,
estes irão proliferar quer no solo, superficialmente
ou por infiltração, quer nas águas subterrâneas, pelo
que, além das evidentes contaminações ambientais,
serão causa de proliferação de doenças.
7
Tratamento das
lamas
 Em termos legais, surgem três cenários possíveis
para a gestão das lamas:
 Tratando-se de lamas susceptíveis de valorização
agrícola, é da responsabilidade dos seus
produtores proceder à valorização das mesmas
 Tratando-se de lamas resultantes de processos
produtivos ou do tratamento prévio de efluentes
industriais (desde que não enquadráveis no
conceito de lamas de depuração susceptíveis de
valorização agrícola) deverão ser consideradas
resíduos industriais e proceder-se à sua
eliminação (ex.: deposição em aterro ou
incineração) obedecendo a licenciamento
industrial ou através de acordo com empresas
autorizadas/autarquias.
8
Tratamento das
lamas
 Apresentando características de resíduo perigoso a sua
eliminação deverá obedecer e ser efectuada em
unidades devidamente licenciadas para esse efeito. Na
prática são de salientar as dificuldades inerentes à
gestão de lamas classificadas como resíduos
perigosos, tanto a nível da eliminação por incineração
ou da deposição em aterro. As soluções passam pelo
armazenamento temporário (pelo produtor ou por
entidades licenciadas para esse efeito) ou pela
exportação para países com capacidade para as
eliminar.
 Em relação à grande parte das lamas produzidas em
ETAR’s, classificadas como não perigosas, as
alternativas existentes passam pela sua valorização ou
pela sua deposição em aterros para Resíduos Sólidos
Urbanos
9
Tratamento das
lamas
 Métodos de tratamento e gestão (soluções finais)
 a) Valorização Agrícola
 A aplicação de lamas residuais digeridas, resultantes das
ETARs, nos solos agrícolas é um método especialmente
atractivo, quer do ponto de vista da conservação do
ambiente, quer do ponto de vista económico. Promove a
reciclagem de nutrientes como o azoto, o fósforo e o
potássio, necessários ao crescimento das plantas, e
renova a matéria orgânica, o que é importante para a
estrutura do solo.
 Porém, há que ter em atenção que substâncias tóxicas
(em particular os metais pesados e o boro) se poderem
acumular no solo até níveis que podem ser nocivos
directamente para as sementes ou que, uma vez
assimilados pelas plantas, podem tornar-se perigosos
para o homem ou para os animais que as comem.
 Os elementos tóxicos mais significativas são o zinco
(Zn), o cobre (Cu), o níquel (Ni), o cádmio (Cd) e, em
menor extensão o boro (B). Com excepção do Cd estes
elementos são sobretudo nocivos devido aos seus efeitos
fitotóxicos. O Cd pode acumular-se na vegetação e
atingir níveis tóxicos para os animais antes de produzir
efeitos fitotóxicos.
10
Tratamento das
lamas
 A generalização das doses de aplicação das lamas em
solos agrícolas é difícil pois depende das
características das lamas residuais e dos solos
receptores, das necessidades das culturas, das
práticas culturais, da frequência e do método de
aplicação e das condições climáticas. Deve evitar-se a
aplicação excessiva ou múltipla e monitorizar a
transferência dos constituintes ao longo da cadeia
lama-solo-água-planta-animal-homem, de modo a
minimizar os impactes ambientais.
 Em termos de caracterização deve-se efectuar a
determinação do valor de pH, do teor em matéria
orgânica (M.O.), azoto (N), fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), ferro (Fe),
manganês (Mn) e do teor em metais pesados: cádmio
(Cd), crómio (Cr), cobre (Cu), mercúrio (Hg), níquel
(Ni), chumbo (Pb) e zinco (Zn).
11
Tratamento das
lamas
 Consideram-se compatíveis com esse fim (a
utilização das lamas tratadas na agricultura )
os tratamentos biológico, químico, térmico
ou qualquer outro processo que tenha como
objectivo “eliminar todos os
microrganismos patogénicos que
ponham em risco a saúde pública e
reduzam significativamente o seu
poder de fermentação, de modo a
evitar a formação de odores
desagradáveis”.
 Nesse sentido recorre-se, normalmente, a
processos de compostagem, digestão
anaeróbia ou calagem (mistura com CaO)
das lamas.
12
Tratamento das
lamas
 b) Incineração/Co-incineração
 O processo de incineração permite a
valorização energética das lamas e é
aplicável tanto a resíduos perigosos como
não perigosos. A co-incineração refere-se,
por sua vez, à incineração efectuada nos
fornos das cimenteiras, sendo a
valorização dos resíduos obtida através da
redução no consumo de combustíveis
fósseis e/ou matérias-primas primárias.
13
Tratamento das
lamas
 c) Deposição em aterro
 Para depositar lamas em aterros é essencial
que estas sejam submetidas a um processo
de desidratação adequado, que reduza o seu
volume e, consequentemente, o espaço que
irão ocupar.
 Na maioria dos casos as lamas desidratadas
são sujeitas a processos de tratamento que
visam a “imobilização” dos poluentes
indesejáveis numa estrutura sólida.
Pretende-se com isto evitar a lixiviação de
substâncias perigosas (ex.: metais pesados).
14
Tratamento das
lamas
 Tratamento (desidratação das lamas)
 As lamas removidas dos órgãos de
sedimentação das ETAR’s apresentam
normalmente um teor em sólidos inferior
a 4%, o que obriga à realização de um
conjunto de etapas de modo a diminuir o
teor em água.
 Para além das etapas de desidratação, que
são essenciais para permitir o
manuseamento, tratamento, transporte e
eliminação final das lamas pelos processos
acima descritos, efectuam-se tratamentos
para estabilizar as lamas, química e
microbiologicamente, ou adequá-las ao
fim pretendido.
15
Tratamento das
lamas
 Condicionamento químico e físico
 O tratamento prévio das lamas, com o objectivo de
aumentar a eficácia da desidratação posterior, pode
ser feito por vários processos, nomeadamente por
floculação química, com a adição de electrólitos
minerais ou de polímeros orgânicos, por tratamento
térmico, por congelação, por electro-osmose ou com
a adição de materiais inertes desagregados.
 Condicionamento químico
 É o método mais utilizado e envolve a adição de
químicos minerais tais como cloreto férrico, sulfato
férrico ou ferroso, cloreto de alumínio e
cal, polielectrólitos ou polímeros orgânicos sintéticos;
16
Tratamento das
lamas
 Condicionamento térmico
 É feito em autoclaves, aplicando temperaturas da
ordem dos 200ºC às lamas sob pressão fixa, durante
períodos de tempo variáveis de 30 a 90 minutos,
conseguindo-se com este tratamento a destruição da
estrutura coloidal das lamas e a solubilização de
algumas matérias em suspensão;
 Congelação
 Embora a congelação tenha uma grande eficácia em
termos de desidratação de lamas, é uma solução
muito cara, sendo por isso pouco aplicada.
 Adição de materiais inertes desagregados
 Esta técnica permite aumentar a coesão da lama,
tornando mais fácil a sua desidratação. Por outro
lado, tem como inconveniente o facto de aumentar
significativamente o volume de matéria sólida.
17
Tratamento das
lamas
 Desidratação
 O primeiro passo no tratamento definitivo das lamas
é a desidratação, normalmente efectuada por
processos mecânicos, com a qual se obtém um teor
em matéria seca nas lamas entre 15 e 30%.
 A desidratação em leitos de secagem é realizada por
acção de drenagem e evaporação. É um processo
moroso e tem uma eficiência reduzida, tendo as
lamas retiradas dos Leitos um elevado teor de
humidade. Além disso, exige grandes áreas.
 Todavia e apesar dos inconvenientes referidos, esta
solução poder-se-á revelar vantajosa para ETAR’s de
pequenas dimensões, com baixa produção de lamas,
uma vez que o investimento associado é mínimo, não
tem custos energéticos e não exige a presença de
operadores com formação específica.
 Por estes motivos, esta é a técnica utilizada em
pequenas estações de tratamento de águas residuais
urbanas.
18
Tratamento das
lamas
 Os leitos de secagem são constituídos por um
conjunto de tanques de forma rectangular,
normalmente construídos em betão, que contém
um meio poroso assente sobre um sistema de
drenagem.
 O meio poroso é constituído por duas ou três
camadas sobrepostas de materiais de diferentes
granulometrias.
 Quando as lamas em excesso são lançadas num
leito de secagem, grande parte da água que as
lamas contem, escoa-se através do meio poroso,
sendo seguidamente drenada para o exterior do
leito, para então ser lançada no meio receptor da
água residual tratada.
 A parte restante dessa água separa-se das lamas
por evaporação
19
Tratamento das
lamas
 Pelo que se disse, conclui-se que a secagem das
lamas é devida principalmente ao escoamento
através do meio poroso da água das lamas.
 Para que a operação de secagem das lamas decorra
em boas condições, é fundamental que o meio
poroso não esteja colmatado, para permitir o fácil
escoamento da água.
 Caso contrário, isto é, se o meio poroso estiver
colmatado, a água terá que ser toda libertada por
evaporação o que implica uma operação muito
mais lenta, e dependente das condições
atmosféricas.
20
Tratamento das
lamas
 Tratamentos finais
 A seguir à desidratação deve-se efectuar um
tratamento que adeque as características das
lamas ao fim pretendido. Refiram-se, como
exemplo, os seguintes:
 Calagem
 Compostagem
 Eliminação por incineração
 Imobilização
 Secagem Térmica
21
Tratamento das
lamas
 “Calagem”: Estabilização química com cal
 Com o intuito de evitar os impactes negativos
ambientais e na saúde pública, torna-se necessário
efectuar um tratamento às lamas tendo em vista a
sua adequada aplicação, garantindo a sua
inocuidade, ou seja, a sua higienização.
 O tratamento com cal viva provoca uma secagem
das lamas devido à extinção da cal (reacção
exotérmica em que é fixada uma molécula de água
por cada molécula de CaO).
A este efeito juntam-se a destruição dos germes
patogénicos, elevação do pH, insolubilização dos
metais, acção sobre as estruturas dos coloides e
reacção pozolânica (formação duma estrutura
sólida por adição de água ou água e cal).
22
A reacção
pozolânica
representa uma
reacção ácido-base
simples entre o
hidróxido de
cálcio, Ca (OH)2, e
ácido silícico
(H4SiO4, ou Si OH)4
Tratamento das
lamas
 Compostagem: este processo visa a
decomposição de materiais orgânicos por acção
microbiana, sob condições ambientais
controladas. Permite a redução de matéria volátil,
a perda de água por evaporação e ventilação
aceleradas e a higienização das lamas (eliminação
de patogénicos), convertendo as lamas num
composto orgânico.
 Pode definir-se como um método de tratamento
de resíduos sólidos provenientes do tratamento de
águas residuais, no qual os compostos orgânicos
decompõem-se biologicamente, em condições
aeróbias controladas, até alcançar um estado que
permita a sua manipulação, o seu armazenamento
e a respectiva aplicação, sem impactes ambientais
negativos, fazendo de todo o composto um
excelente fertilizante e um adjuvante capaz de
melhorar e de enriquecer as propriedades físico-
químicas e biológicas dos solos.
23
Tratamento das
lamas
 Imobilização: este tratamento deverá ser
obrigatório para lamas contaminadas com
substâncias perigosas e que tenham como destino
final a deposição em aterro.
 Existem no mercado vários produtos que podem
ser utilizados para reduzir a mobilidade dos
contaminantes nas lamas.
 Refira-se, por exemplo, a cal viva (CaO), os
produtos Rhenipal (mistura de materiais com base
de cinzas de carvão pulverizadas e com corrector
de pH) e Sanisolo (produto constituído
essencialmente por cortiça e complementado com
um elemento corrector do pH - cal, e aglutinantes
- cimento e/ou gesso).
24
Tratamento das
lamas
 Eliminação por incineração
O objectivo principal deste processo é a queima dos
componentes orgânicos combustíveis das lamas, de
forma a que os produtos resultantes (gases e cinzas)
sejam relativamente inertes. Complementarmente,
conseguem-se obter reduções de cerca de 95 % em
volume e peso sólido das lamas e a destruição de
compostos tóxicos e patogénicos.
A incineração das lamas poderá ser efectuada
aproveitando o poder calorífico das mesmas, em
equipamentos específicos para o efeito, com ou sem
prévia secagem térmica. Existem também a nível
europeu experiências de co-incineração, em
incineradoras de resíduos sólidos urbanos (RSU),
com capacidade excedentária ou a queima em fornos
de cimenteiras ou em centrais termoeléctricas a
carvão.
25
Tratamento das
lamas
 Secagem Térmica: pode ser uma opção válida para o
tratamento final das lamas, principalmente quando o
granulado resultante deste tratamento tem aplicação
na agricultura ou como combustível.
 Este processo consiste em reduzir o teor de humidade
das lamas por adição de calor (através da evaporação
da água), até um teor desejado que pode chegar aos
90 %. Consegue-se desta forma um produto quase
sólido com cerca de 75 a 95 % de matéria seca, de
textura geralmente granular, adequado a vários
destinos finais. Permite ainda estabilizar e higienizar
as lamas, facilitar a sua valorização orgânica ou a sua
incineração, bem como reduzir os custos associados
ao tratamento das lamas.
 Tem também interesse em locais onde o custo de
deposição das lamas é elevado.
 Este processo implica obrigatoriamente um elevado
consumo de energia, pelo que poderá ter custos de
operação muito significativos.
 Todavia, este inconveniente pode ser ultrapassado
obtendo-se a energia necessária a partir do biogás
produzido durante a digestão das lamas.
26
Tratamento das
lamas
 Assim, este novo método pelo qual as lamas podem ser
secas, produzindo um granulado quase inodoro, oferece
uma série de vantagens, como sejam:
• Obtenção de lamas com cerca de 95% de matéria
seca, com consequente redução do volume;
• As lamas secas são mais fáceis de manusear, e os
subsequentes custos de transporte e armazenamento são
reduzidos;
• Durante o processo de secagem as lamas são
higienizadas, destruindo bactérias e vírus infecciosos;
• O granulado tem um elevado valor fertilizante (N e P) e
durante o processo de secagem podem ser adicionados
N, P e K para alcançar uma capacidade fertilizante total;
• O valor calorifico das lamas secas é equivalente ao da palha
e da madeira, sendo desta forma utilizável como
biocombustível;
• Quando utilizadas como biocombustível em substituição
dos combustíveis fósseis, as lamas secas contribuem para
uma redução das emissões de CO 2 .
27
Tratamento das
lamas
 Equipamentos de Desidratação
Mecânica de Lamas
 Estes equipamentos permitem reduzir em
cerca de 90% o volume das lamas
produzidas nas ETAR’s.
 Filtros prensa
 Filtros banda
 Filtros vácuo
 Equipamentos de centrifugação
28
Tratamento das
lamas
 Filtros prensa
 Nestes a desidratação é conseguida submetendo-se as
lamas a uma pressão elevada contra uma superfície
filtrante.
 As lamas são introduzidas em câmaras formadas entre
placas ou pratos colocados verticalmente lado a lado,
fortemente apertados entre si, por sistemas hidráulicos.
 Sobre as duas faces das placas são colocadas telas
filtrantes, normalmente feitas com fibras sintéticas, por
onde aágua sob pressão, extraída das lamas, vai passar,
sendo conduzida através de ranhuras existentes nas
placas para uma conduta comum, que faz a colecta para
o exterior do filtro.
 O regime de funcionamento deste equipamento é
descontínuo, feito por ciclos, cuja duração pode variar
entre uma a seis horas, dependendo de diversos factores,
como qualidade das lamas, presença ou não de óleos e
gorduras, tipo de pré-condicionamento das lamas, tipo
de telas, estado de limpeza e conservação das telas, etc.
29
Tratamento das
lamas
 Filtros prensa
 Este equipamento apresenta algumas vantagens em por
permitirem a obtenção de lamas desidratadas com uma
percentagem elevada de matéria seca, entre 35 e 50%,
apresentando o líquido filtrado um aspecto claro, com
poucos sólidos em suspensão.
 Como principais inconvenientes refira-se o seu
elevado custo e o não permitir uma operação contínua e
necessitar de uma renovação frequente das telas
filtrantes.
 Mais recentemente surgiu no mercado um filtro prensa
do tipo parafuso sem-fim, de eixo tronco cónico, cujos
resultados têm sido muito favoráveis. A lama floculada é
transportada em contínuo, desde a entrada até ao funil
de saída, ao longo de toda a área de filtragem, submetida
a uma pressão crescente do sem-fim e libertando
continuamente água através das estrias filtrantes. Este
sistema permite trabalhar em contínuo, apresentando
valores de eficácia próximos dos filtros de prensa
normal, menor libertação de cheiros e maior facilidade
em termos de limpeza 30
Tratamento das
lamas
 Filtros banda
 Normalmente estas máquinas dispõem de três
zonas onde a desidratação se processa de forma
diferenciada. Primeiro, a lama é descarregada
uniformemente sobre uma das telas, onde
graviticamente parte da água vai ser drenada
através dessa mesma tela. Em seguida as lamas vão
ser comprimidas entre as duas telas, com a ajuda
de rolos, sendo no final, a 3ª fase, comprimidas
fortemente.
 O condicionamento das lamas é feito de modo
eficaz com polímeros orgânicos (doseamento 4-5
kg polielectrólito/ton. peso seco), conseguindo-se
lamas desidratadas com concentrações em sólidos
da ordem dos 25%, podendo atingir 35% no caso
das lamas primárias digeridas e à volta dos 15 a
20% para lamas secundárias.
31
Tratamento das
lamas
 Filtros banda
 As telas precisam de ser continuamente lavadas,
pelo que os consumos de água são importantes. É
comum utilizar-se, para o efeito, o efluente final
da estação de tratamento previamente filtrado.
 As vantagens principais destes filtros têm a ver
com o seu relativamente baixo custo, quando
comparado com os filtros prensa ou filtros de
vácuo; poderem trabalhar em contínuo e disporem
da possibilidade de regulação das velocidades e
pressão em função da qualidade das lamas e da
eficácia da lavagem das telas.
32
Tratamento das
lamas
 Filtros vácuo
 Este tipo de filtro é essencialmente constituído
por um cilindro perfurado, em aço inoxidável
rodando em torno de um eixo horizontal
parcialmente mergulhado (cerca de 1/4) numa
cuba alimentada com um caudal de lamas
constante e com nível regulável com um
descarregador.
 Em volta do tambor é colocada uma tela
filtrante de banda contínua, fazendo-se vácuo
no interior do cilindro, o que leva a que a água
vá sendo filtrada para o interior do cilindro,
através da tela, formando-se, à medida que o
cilindro roda, uma capa de lama húmida sobre a
superfície exterior da tela. Esta capa é raspada
imediatamente antes de voltar a entrar
novamente na cuba, sendo a tela lavada com
projecção da água no sentido inverso da
filtração.
33
Tratamento das
lamas
 Filtros vácuo
 O condicionamento das lamas pode ser feito
quimicamente com cloreto férrico ou cal ou
então com polielectrólitos, obtendo-se
rendimentos ligeiramente superiores com os
reagentes minerais.
 A presença de óleos e gorduras nas lamas
poderá dificultar ou mesmo impedir o
funcionamento dos filtros.
 O custo dos filtros de vácuo e equipamento
acessório é elevado, não sendo fácil a sua
exploração, pelo que cada vez são menos
utilizados em ETAR’s.

34
Tratamento das
lamas
 Equipamentos de centrifugação
 Estes equipamentos são constituídos por
máquinas giratórias que, por acção da força
centrífuga, conseguem separar os sólidos da fase
líquida. Embora possam ser utilizados com
lamas que não sofreram acondicionamento
prévio, o acondicionamento químico com
polielectrólitos, cloreto férrico e cal permite
obter rendimentos superiores e uma maior
retenção dos sólidos de pequenas dimensões.
35
Tratamento das
lamas
 Equipamentos de centrifugação
 Como inconvenientes, além da talvez menor
eficiência na retenção de sólidos, referem-se os
maiores encargos de energia, um nível de ruído
alto produzido pelas máquinas em
funcionamento e o desgaste que se verifica nos
materiais, provocado pelo efeito abrasivo das
lamas em movimento rotativo.
 Apresenta vantagens significativas quando
existem grandes quantidades de óleos e gorduras
nas lamas e é um equipamento que permite o
trabalho com uma maior limpeza de instalação e
menor libertação de cheiros.
36
Tratamento das
lamas
 Aproveitamento de sub-produtos
 As lamas podem ser usadas como material
fertilizante em agricultura.
 Quando removidas dos leitos de secagem contêm
ainda cerca de 30% de água, mas são
perfeitamente manuseáveis à pá e transportáveis
em viatura.
 A sua côr é escura, quase negra, e de cheiro a
húmus.
 O seu valor como fertilizante reside precisamente
no seu conteúdo em húmus (cerca de 50%) e na
presença dos elementos nobres (azoto, fósforo e
potássio).
 As lamas não devem ser usadas directamente na
cultura de alimentos que sejam consumidos crus,
tais como alface, agrião, tomate, morango, cebola,
salsa, etc..
37
Tratamento das
lamas
 Aproveitamento de sub-produtos
 A sua melhor maneira de aplicação consiste
em misturá-la com a terra e espalhar o
conjunto no terreno destinado a ser lavrado ou
cavado
 No que se refere ao efluente final, saído da
ETAR, trata-se de um líquido (água) que,
embora límpido e incolor, contêm ainda certa
quantidade de matéria orgânica e,
eventualmente, germes vivos que podem ser
patogénicos ou não.
 Recomenda-se, por isso, que se esta água for
utilizada na irrigação de terrenos o seja, como
se referiu, para alimentos não consumidos crus
(por exemplo campos de milho, pomares, etc.).
 Esta água, além da sua utilização nas regas,
pode ainda ser reciclada e tratada (se
economicamente se justificar) e utilizada
como água comum.
38
Tratamento das
lamas
 Aproveitamento de sub-produtos
 Outro sub-produto susceptível de
aproveitamento é o bio-gás, que é gerado
naturalmente sempre que a decomposição da
matéria orgânica se processar em meio
anaeróbio.
 A sua composição é naturalmente variável com
as características do substrato que lhe dá origem
e com as características do meio onde se
processa a fermentação.
 Em geral, ele é composto por metano (40% a
75%), gás carbónico (25% a 40%), ácido
sulfídrico (0,1% a 5%) e ainda pequenas
quantidades de hidrogénio, azoto, água,
amoníaco, etc..
39
Tratamento das
lamas
 Aproveitamento de sub-produtos
 A existência de significativas quantidades de
metano na sua composição tornam o bio-gás
um sub-produto de elevado interesse
energético.
 O seu poder calorífico inferior (PCI) é próximo
das 5.000 Kcal/m3 (para 60% CH 4 ), inferior ao
do propano (PCI = 22.000Kcal/m3), mas
superior ao do gás da cidade (PCI = 4.000
Kcal/m3).
 A equivalência geralmente considerada em
relação à electricidade é de 5 Kwh para 1 m3 de
bio-gás. Deve contudo referir-se que, no
domínio das pequenas estações depuradoras,
não se torna geralmente rentável o
aproveitamento deste sub-produto.
40

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8 tratamento de lamas

  • 1. ERNA | 4º ano @2012 8 .Tratamento das Lamas
  • 2. Tratamento das lamas  1. Introdução As lamas são um produto inevitável do tratamento de águas residuais, provenientes essencialmente da acumulação dos produtos em suspensão na água residual afluente, geralmente transformados pela acção de microrganismos em acção durante o tratamento. Em termos genéricos, pode dizer-se que as lamas antes da sua aplicação final devem ser preferencialmente estabilizadas com o objectivo de se reduzir o seu poder de fermentação, responsável pela produção de gases e odores; reduzidas em volume para facilitar o seu manuseamento, transporte e armazenamento e, purificadas para eliminar o máximo de microrganismos patogénicos e elementos tóxicos. 2
  • 3. Tratamento das lamas  Gestão e Tratamento das Lamas  Os processos de tratamento de águas residuais domésticas e industriais, por via biológica ou recorrendo a processos físico-químicos, em particular nas águas residuais industriais, implicam a separação e concentração de poluentes num resíduo final, designado por Lama.  Os problemas ambientais, fundamentalmente para as lamas provenientes de águas residuais industriais, que podem advir desta situação são muitos, desde a contaminação de solos e recursos hídricos, à produção de odores desagradáveis e dum impacte visual negativo.  É pois necessário efectuar o tratamento adequado das lamas nas ETAR’s e definir soluções correctas para a sua eliminação 3 O volume da lama inicial (1) é reduzido num equipamento apropriado (2), sendo depois misturado com casca de pinheiro (3), antes de ser compostado.
  • 4. Tratamento das lamas  2. Origem das lamas  As lamas caracterizam-se por apresentarem um elevado teor de humidade, de matéria orgânica e nutrientes (azoto, fósforo e potássio) e potencialmente metais pesados (micropoluentes inorgânicos), numa concentração importante de microrganismos patogénicos.  Face a estas características, as lamas têm que ser convenientemente tratadas antes de serem enviadas para destino final.  Nas estações de tratamento convencionais, as lamas têm origem na operação de decantação primária e nos processos secundário e terciário. 4
  • 5. Tratamento das lamas  2. Origem das lamas  Em muitos casos, as lamas são obtidas na forma de lama mista (lamas primárias misturadas com lamas secundárias) no decantador primário. Noutras situações, as lamas são separadas em decantadores distintos e só posteriormente processadas em comum. As lamas geradas no tratamento terciário são geralmente em pequena quantidade, exceptuando quando está envolvida a precipitação química para remoção de fósforo.  As lamas são geralmente enviadas para espessamento de modo a ficarem espessas, tal como o nome indica, seguindo para desidratação, onde se reduz o volume de água presente nas lamas. A montante da desidratação as lamas podem ser estabilizadas, consoante o seu destino final. 5
  • 6. Tratamento das lamas  3. Impactes no Ambiente e na Saúde Pública Devido ao seu elevado teor em matéria orgânica, as lamas têm tendência a desenvolver condições anaeróbias, fermentando, entrando em putrefacção e, por conseguinte, gerando efeitos prejudiciais, quer para o Ambiente quer para a Saúde Pública. Quando depositadas no solo sem qualquer tratamento, as lamas libertam gases tóxicos, resultado da decomposição anaeróbia, o que origina poluição atmosférica e riscos para o Homem, além dos óbvios odores intensos que causam incómodo. 6
  • 7. Tratamento das lamas  3. Impactes no Ambiente e na Saúde Pública  Os metais pesados que potencialmente se encontram na constituição das lamas (devido à potencial descarga de águas residuais industriais na rede de drenagem pública de águas residuais) irão infiltrar-se no solo, com consequente contaminação deste e das águas subterrâneas. Os metais pesados têm um efeito cumulativo e tóxico, pelo que, a ingestão de alimentos produzidos no solo contaminado e a utilização destas águas de má qualidade pode ser letal para o Homem.  Relativamente aos microrganismos patogénicos, estes irão proliferar quer no solo, superficialmente ou por infiltração, quer nas águas subterrâneas, pelo que, além das evidentes contaminações ambientais, serão causa de proliferação de doenças. 7
  • 8. Tratamento das lamas  Em termos legais, surgem três cenários possíveis para a gestão das lamas:  Tratando-se de lamas susceptíveis de valorização agrícola, é da responsabilidade dos seus produtores proceder à valorização das mesmas  Tratando-se de lamas resultantes de processos produtivos ou do tratamento prévio de efluentes industriais (desde que não enquadráveis no conceito de lamas de depuração susceptíveis de valorização agrícola) deverão ser consideradas resíduos industriais e proceder-se à sua eliminação (ex.: deposição em aterro ou incineração) obedecendo a licenciamento industrial ou através de acordo com empresas autorizadas/autarquias. 8
  • 9. Tratamento das lamas  Apresentando características de resíduo perigoso a sua eliminação deverá obedecer e ser efectuada em unidades devidamente licenciadas para esse efeito. Na prática são de salientar as dificuldades inerentes à gestão de lamas classificadas como resíduos perigosos, tanto a nível da eliminação por incineração ou da deposição em aterro. As soluções passam pelo armazenamento temporário (pelo produtor ou por entidades licenciadas para esse efeito) ou pela exportação para países com capacidade para as eliminar.  Em relação à grande parte das lamas produzidas em ETAR’s, classificadas como não perigosas, as alternativas existentes passam pela sua valorização ou pela sua deposição em aterros para Resíduos Sólidos Urbanos 9
  • 10. Tratamento das lamas  Métodos de tratamento e gestão (soluções finais)  a) Valorização Agrícola  A aplicação de lamas residuais digeridas, resultantes das ETARs, nos solos agrícolas é um método especialmente atractivo, quer do ponto de vista da conservação do ambiente, quer do ponto de vista económico. Promove a reciclagem de nutrientes como o azoto, o fósforo e o potássio, necessários ao crescimento das plantas, e renova a matéria orgânica, o que é importante para a estrutura do solo.  Porém, há que ter em atenção que substâncias tóxicas (em particular os metais pesados e o boro) se poderem acumular no solo até níveis que podem ser nocivos directamente para as sementes ou que, uma vez assimilados pelas plantas, podem tornar-se perigosos para o homem ou para os animais que as comem.  Os elementos tóxicos mais significativas são o zinco (Zn), o cobre (Cu), o níquel (Ni), o cádmio (Cd) e, em menor extensão o boro (B). Com excepção do Cd estes elementos são sobretudo nocivos devido aos seus efeitos fitotóxicos. O Cd pode acumular-se na vegetação e atingir níveis tóxicos para os animais antes de produzir efeitos fitotóxicos. 10
  • 11. Tratamento das lamas  A generalização das doses de aplicação das lamas em solos agrícolas é difícil pois depende das características das lamas residuais e dos solos receptores, das necessidades das culturas, das práticas culturais, da frequência e do método de aplicação e das condições climáticas. Deve evitar-se a aplicação excessiva ou múltipla e monitorizar a transferência dos constituintes ao longo da cadeia lama-solo-água-planta-animal-homem, de modo a minimizar os impactes ambientais.  Em termos de caracterização deve-se efectuar a determinação do valor de pH, do teor em matéria orgânica (M.O.), azoto (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), ferro (Fe), manganês (Mn) e do teor em metais pesados: cádmio (Cd), crómio (Cr), cobre (Cu), mercúrio (Hg), níquel (Ni), chumbo (Pb) e zinco (Zn). 11
  • 12. Tratamento das lamas  Consideram-se compatíveis com esse fim (a utilização das lamas tratadas na agricultura ) os tratamentos biológico, químico, térmico ou qualquer outro processo que tenha como objectivo “eliminar todos os microrganismos patogénicos que ponham em risco a saúde pública e reduzam significativamente o seu poder de fermentação, de modo a evitar a formação de odores desagradáveis”.  Nesse sentido recorre-se, normalmente, a processos de compostagem, digestão anaeróbia ou calagem (mistura com CaO) das lamas. 12
  • 13. Tratamento das lamas  b) Incineração/Co-incineração  O processo de incineração permite a valorização energética das lamas e é aplicável tanto a resíduos perigosos como não perigosos. A co-incineração refere-se, por sua vez, à incineração efectuada nos fornos das cimenteiras, sendo a valorização dos resíduos obtida através da redução no consumo de combustíveis fósseis e/ou matérias-primas primárias. 13
  • 14. Tratamento das lamas  c) Deposição em aterro  Para depositar lamas em aterros é essencial que estas sejam submetidas a um processo de desidratação adequado, que reduza o seu volume e, consequentemente, o espaço que irão ocupar.  Na maioria dos casos as lamas desidratadas são sujeitas a processos de tratamento que visam a “imobilização” dos poluentes indesejáveis numa estrutura sólida. Pretende-se com isto evitar a lixiviação de substâncias perigosas (ex.: metais pesados). 14
  • 15. Tratamento das lamas  Tratamento (desidratação das lamas)  As lamas removidas dos órgãos de sedimentação das ETAR’s apresentam normalmente um teor em sólidos inferior a 4%, o que obriga à realização de um conjunto de etapas de modo a diminuir o teor em água.  Para além das etapas de desidratação, que são essenciais para permitir o manuseamento, tratamento, transporte e eliminação final das lamas pelos processos acima descritos, efectuam-se tratamentos para estabilizar as lamas, química e microbiologicamente, ou adequá-las ao fim pretendido. 15
  • 16. Tratamento das lamas  Condicionamento químico e físico  O tratamento prévio das lamas, com o objectivo de aumentar a eficácia da desidratação posterior, pode ser feito por vários processos, nomeadamente por floculação química, com a adição de electrólitos minerais ou de polímeros orgânicos, por tratamento térmico, por congelação, por electro-osmose ou com a adição de materiais inertes desagregados.  Condicionamento químico  É o método mais utilizado e envolve a adição de químicos minerais tais como cloreto férrico, sulfato férrico ou ferroso, cloreto de alumínio e cal, polielectrólitos ou polímeros orgânicos sintéticos; 16
  • 17. Tratamento das lamas  Condicionamento térmico  É feito em autoclaves, aplicando temperaturas da ordem dos 200ºC às lamas sob pressão fixa, durante períodos de tempo variáveis de 30 a 90 minutos, conseguindo-se com este tratamento a destruição da estrutura coloidal das lamas e a solubilização de algumas matérias em suspensão;  Congelação  Embora a congelação tenha uma grande eficácia em termos de desidratação de lamas, é uma solução muito cara, sendo por isso pouco aplicada.  Adição de materiais inertes desagregados  Esta técnica permite aumentar a coesão da lama, tornando mais fácil a sua desidratação. Por outro lado, tem como inconveniente o facto de aumentar significativamente o volume de matéria sólida. 17
  • 18. Tratamento das lamas  Desidratação  O primeiro passo no tratamento definitivo das lamas é a desidratação, normalmente efectuada por processos mecânicos, com a qual se obtém um teor em matéria seca nas lamas entre 15 e 30%.  A desidratação em leitos de secagem é realizada por acção de drenagem e evaporação. É um processo moroso e tem uma eficiência reduzida, tendo as lamas retiradas dos Leitos um elevado teor de humidade. Além disso, exige grandes áreas.  Todavia e apesar dos inconvenientes referidos, esta solução poder-se-á revelar vantajosa para ETAR’s de pequenas dimensões, com baixa produção de lamas, uma vez que o investimento associado é mínimo, não tem custos energéticos e não exige a presença de operadores com formação específica.  Por estes motivos, esta é a técnica utilizada em pequenas estações de tratamento de águas residuais urbanas. 18
  • 19. Tratamento das lamas  Os leitos de secagem são constituídos por um conjunto de tanques de forma rectangular, normalmente construídos em betão, que contém um meio poroso assente sobre um sistema de drenagem.  O meio poroso é constituído por duas ou três camadas sobrepostas de materiais de diferentes granulometrias.  Quando as lamas em excesso são lançadas num leito de secagem, grande parte da água que as lamas contem, escoa-se através do meio poroso, sendo seguidamente drenada para o exterior do leito, para então ser lançada no meio receptor da água residual tratada.  A parte restante dessa água separa-se das lamas por evaporação 19
  • 20. Tratamento das lamas  Pelo que se disse, conclui-se que a secagem das lamas é devida principalmente ao escoamento através do meio poroso da água das lamas.  Para que a operação de secagem das lamas decorra em boas condições, é fundamental que o meio poroso não esteja colmatado, para permitir o fácil escoamento da água.  Caso contrário, isto é, se o meio poroso estiver colmatado, a água terá que ser toda libertada por evaporação o que implica uma operação muito mais lenta, e dependente das condições atmosféricas. 20
  • 21. Tratamento das lamas  Tratamentos finais  A seguir à desidratação deve-se efectuar um tratamento que adeque as características das lamas ao fim pretendido. Refiram-se, como exemplo, os seguintes:  Calagem  Compostagem  Eliminação por incineração  Imobilização  Secagem Térmica 21
  • 22. Tratamento das lamas  “Calagem”: Estabilização química com cal  Com o intuito de evitar os impactes negativos ambientais e na saúde pública, torna-se necessário efectuar um tratamento às lamas tendo em vista a sua adequada aplicação, garantindo a sua inocuidade, ou seja, a sua higienização.  O tratamento com cal viva provoca uma secagem das lamas devido à extinção da cal (reacção exotérmica em que é fixada uma molécula de água por cada molécula de CaO). A este efeito juntam-se a destruição dos germes patogénicos, elevação do pH, insolubilização dos metais, acção sobre as estruturas dos coloides e reacção pozolânica (formação duma estrutura sólida por adição de água ou água e cal). 22 A reacção pozolânica representa uma reacção ácido-base simples entre o hidróxido de cálcio, Ca (OH)2, e ácido silícico (H4SiO4, ou Si OH)4
  • 23. Tratamento das lamas  Compostagem: este processo visa a decomposição de materiais orgânicos por acção microbiana, sob condições ambientais controladas. Permite a redução de matéria volátil, a perda de água por evaporação e ventilação aceleradas e a higienização das lamas (eliminação de patogénicos), convertendo as lamas num composto orgânico.  Pode definir-se como um método de tratamento de resíduos sólidos provenientes do tratamento de águas residuais, no qual os compostos orgânicos decompõem-se biologicamente, em condições aeróbias controladas, até alcançar um estado que permita a sua manipulação, o seu armazenamento e a respectiva aplicação, sem impactes ambientais negativos, fazendo de todo o composto um excelente fertilizante e um adjuvante capaz de melhorar e de enriquecer as propriedades físico- químicas e biológicas dos solos. 23
  • 24. Tratamento das lamas  Imobilização: este tratamento deverá ser obrigatório para lamas contaminadas com substâncias perigosas e que tenham como destino final a deposição em aterro.  Existem no mercado vários produtos que podem ser utilizados para reduzir a mobilidade dos contaminantes nas lamas.  Refira-se, por exemplo, a cal viva (CaO), os produtos Rhenipal (mistura de materiais com base de cinzas de carvão pulverizadas e com corrector de pH) e Sanisolo (produto constituído essencialmente por cortiça e complementado com um elemento corrector do pH - cal, e aglutinantes - cimento e/ou gesso). 24
  • 25. Tratamento das lamas  Eliminação por incineração O objectivo principal deste processo é a queima dos componentes orgânicos combustíveis das lamas, de forma a que os produtos resultantes (gases e cinzas) sejam relativamente inertes. Complementarmente, conseguem-se obter reduções de cerca de 95 % em volume e peso sólido das lamas e a destruição de compostos tóxicos e patogénicos. A incineração das lamas poderá ser efectuada aproveitando o poder calorífico das mesmas, em equipamentos específicos para o efeito, com ou sem prévia secagem térmica. Existem também a nível europeu experiências de co-incineração, em incineradoras de resíduos sólidos urbanos (RSU), com capacidade excedentária ou a queima em fornos de cimenteiras ou em centrais termoeléctricas a carvão. 25
  • 26. Tratamento das lamas  Secagem Térmica: pode ser uma opção válida para o tratamento final das lamas, principalmente quando o granulado resultante deste tratamento tem aplicação na agricultura ou como combustível.  Este processo consiste em reduzir o teor de humidade das lamas por adição de calor (através da evaporação da água), até um teor desejado que pode chegar aos 90 %. Consegue-se desta forma um produto quase sólido com cerca de 75 a 95 % de matéria seca, de textura geralmente granular, adequado a vários destinos finais. Permite ainda estabilizar e higienizar as lamas, facilitar a sua valorização orgânica ou a sua incineração, bem como reduzir os custos associados ao tratamento das lamas.  Tem também interesse em locais onde o custo de deposição das lamas é elevado.  Este processo implica obrigatoriamente um elevado consumo de energia, pelo que poderá ter custos de operação muito significativos.  Todavia, este inconveniente pode ser ultrapassado obtendo-se a energia necessária a partir do biogás produzido durante a digestão das lamas. 26
  • 27. Tratamento das lamas  Assim, este novo método pelo qual as lamas podem ser secas, produzindo um granulado quase inodoro, oferece uma série de vantagens, como sejam: • Obtenção de lamas com cerca de 95% de matéria seca, com consequente redução do volume; • As lamas secas são mais fáceis de manusear, e os subsequentes custos de transporte e armazenamento são reduzidos; • Durante o processo de secagem as lamas são higienizadas, destruindo bactérias e vírus infecciosos; • O granulado tem um elevado valor fertilizante (N e P) e durante o processo de secagem podem ser adicionados N, P e K para alcançar uma capacidade fertilizante total; • O valor calorifico das lamas secas é equivalente ao da palha e da madeira, sendo desta forma utilizável como biocombustível; • Quando utilizadas como biocombustível em substituição dos combustíveis fósseis, as lamas secas contribuem para uma redução das emissões de CO 2 . 27
  • 28. Tratamento das lamas  Equipamentos de Desidratação Mecânica de Lamas  Estes equipamentos permitem reduzir em cerca de 90% o volume das lamas produzidas nas ETAR’s.  Filtros prensa  Filtros banda  Filtros vácuo  Equipamentos de centrifugação 28
  • 29. Tratamento das lamas  Filtros prensa  Nestes a desidratação é conseguida submetendo-se as lamas a uma pressão elevada contra uma superfície filtrante.  As lamas são introduzidas em câmaras formadas entre placas ou pratos colocados verticalmente lado a lado, fortemente apertados entre si, por sistemas hidráulicos.  Sobre as duas faces das placas são colocadas telas filtrantes, normalmente feitas com fibras sintéticas, por onde aágua sob pressão, extraída das lamas, vai passar, sendo conduzida através de ranhuras existentes nas placas para uma conduta comum, que faz a colecta para o exterior do filtro.  O regime de funcionamento deste equipamento é descontínuo, feito por ciclos, cuja duração pode variar entre uma a seis horas, dependendo de diversos factores, como qualidade das lamas, presença ou não de óleos e gorduras, tipo de pré-condicionamento das lamas, tipo de telas, estado de limpeza e conservação das telas, etc. 29
  • 30. Tratamento das lamas  Filtros prensa  Este equipamento apresenta algumas vantagens em por permitirem a obtenção de lamas desidratadas com uma percentagem elevada de matéria seca, entre 35 e 50%, apresentando o líquido filtrado um aspecto claro, com poucos sólidos em suspensão.  Como principais inconvenientes refira-se o seu elevado custo e o não permitir uma operação contínua e necessitar de uma renovação frequente das telas filtrantes.  Mais recentemente surgiu no mercado um filtro prensa do tipo parafuso sem-fim, de eixo tronco cónico, cujos resultados têm sido muito favoráveis. A lama floculada é transportada em contínuo, desde a entrada até ao funil de saída, ao longo de toda a área de filtragem, submetida a uma pressão crescente do sem-fim e libertando continuamente água através das estrias filtrantes. Este sistema permite trabalhar em contínuo, apresentando valores de eficácia próximos dos filtros de prensa normal, menor libertação de cheiros e maior facilidade em termos de limpeza 30
  • 31. Tratamento das lamas  Filtros banda  Normalmente estas máquinas dispõem de três zonas onde a desidratação se processa de forma diferenciada. Primeiro, a lama é descarregada uniformemente sobre uma das telas, onde graviticamente parte da água vai ser drenada através dessa mesma tela. Em seguida as lamas vão ser comprimidas entre as duas telas, com a ajuda de rolos, sendo no final, a 3ª fase, comprimidas fortemente.  O condicionamento das lamas é feito de modo eficaz com polímeros orgânicos (doseamento 4-5 kg polielectrólito/ton. peso seco), conseguindo-se lamas desidratadas com concentrações em sólidos da ordem dos 25%, podendo atingir 35% no caso das lamas primárias digeridas e à volta dos 15 a 20% para lamas secundárias. 31
  • 32. Tratamento das lamas  Filtros banda  As telas precisam de ser continuamente lavadas, pelo que os consumos de água são importantes. É comum utilizar-se, para o efeito, o efluente final da estação de tratamento previamente filtrado.  As vantagens principais destes filtros têm a ver com o seu relativamente baixo custo, quando comparado com os filtros prensa ou filtros de vácuo; poderem trabalhar em contínuo e disporem da possibilidade de regulação das velocidades e pressão em função da qualidade das lamas e da eficácia da lavagem das telas. 32
  • 33. Tratamento das lamas  Filtros vácuo  Este tipo de filtro é essencialmente constituído por um cilindro perfurado, em aço inoxidável rodando em torno de um eixo horizontal parcialmente mergulhado (cerca de 1/4) numa cuba alimentada com um caudal de lamas constante e com nível regulável com um descarregador.  Em volta do tambor é colocada uma tela filtrante de banda contínua, fazendo-se vácuo no interior do cilindro, o que leva a que a água vá sendo filtrada para o interior do cilindro, através da tela, formando-se, à medida que o cilindro roda, uma capa de lama húmida sobre a superfície exterior da tela. Esta capa é raspada imediatamente antes de voltar a entrar novamente na cuba, sendo a tela lavada com projecção da água no sentido inverso da filtração. 33
  • 34. Tratamento das lamas  Filtros vácuo  O condicionamento das lamas pode ser feito quimicamente com cloreto férrico ou cal ou então com polielectrólitos, obtendo-se rendimentos ligeiramente superiores com os reagentes minerais.  A presença de óleos e gorduras nas lamas poderá dificultar ou mesmo impedir o funcionamento dos filtros.  O custo dos filtros de vácuo e equipamento acessório é elevado, não sendo fácil a sua exploração, pelo que cada vez são menos utilizados em ETAR’s.  34
  • 35. Tratamento das lamas  Equipamentos de centrifugação  Estes equipamentos são constituídos por máquinas giratórias que, por acção da força centrífuga, conseguem separar os sólidos da fase líquida. Embora possam ser utilizados com lamas que não sofreram acondicionamento prévio, o acondicionamento químico com polielectrólitos, cloreto férrico e cal permite obter rendimentos superiores e uma maior retenção dos sólidos de pequenas dimensões. 35
  • 36. Tratamento das lamas  Equipamentos de centrifugação  Como inconvenientes, além da talvez menor eficiência na retenção de sólidos, referem-se os maiores encargos de energia, um nível de ruído alto produzido pelas máquinas em funcionamento e o desgaste que se verifica nos materiais, provocado pelo efeito abrasivo das lamas em movimento rotativo.  Apresenta vantagens significativas quando existem grandes quantidades de óleos e gorduras nas lamas e é um equipamento que permite o trabalho com uma maior limpeza de instalação e menor libertação de cheiros. 36
  • 37. Tratamento das lamas  Aproveitamento de sub-produtos  As lamas podem ser usadas como material fertilizante em agricultura.  Quando removidas dos leitos de secagem contêm ainda cerca de 30% de água, mas são perfeitamente manuseáveis à pá e transportáveis em viatura.  A sua côr é escura, quase negra, e de cheiro a húmus.  O seu valor como fertilizante reside precisamente no seu conteúdo em húmus (cerca de 50%) e na presença dos elementos nobres (azoto, fósforo e potássio).  As lamas não devem ser usadas directamente na cultura de alimentos que sejam consumidos crus, tais como alface, agrião, tomate, morango, cebola, salsa, etc.. 37
  • 38. Tratamento das lamas  Aproveitamento de sub-produtos  A sua melhor maneira de aplicação consiste em misturá-la com a terra e espalhar o conjunto no terreno destinado a ser lavrado ou cavado  No que se refere ao efluente final, saído da ETAR, trata-se de um líquido (água) que, embora límpido e incolor, contêm ainda certa quantidade de matéria orgânica e, eventualmente, germes vivos que podem ser patogénicos ou não.  Recomenda-se, por isso, que se esta água for utilizada na irrigação de terrenos o seja, como se referiu, para alimentos não consumidos crus (por exemplo campos de milho, pomares, etc.).  Esta água, além da sua utilização nas regas, pode ainda ser reciclada e tratada (se economicamente se justificar) e utilizada como água comum. 38
  • 39. Tratamento das lamas  Aproveitamento de sub-produtos  Outro sub-produto susceptível de aproveitamento é o bio-gás, que é gerado naturalmente sempre que a decomposição da matéria orgânica se processar em meio anaeróbio.  A sua composição é naturalmente variável com as características do substrato que lhe dá origem e com as características do meio onde se processa a fermentação.  Em geral, ele é composto por metano (40% a 75%), gás carbónico (25% a 40%), ácido sulfídrico (0,1% a 5%) e ainda pequenas quantidades de hidrogénio, azoto, água, amoníaco, etc.. 39
  • 40. Tratamento das lamas  Aproveitamento de sub-produtos  A existência de significativas quantidades de metano na sua composição tornam o bio-gás um sub-produto de elevado interesse energético.  O seu poder calorífico inferior (PCI) é próximo das 5.000 Kcal/m3 (para 60% CH 4 ), inferior ao do propano (PCI = 22.000Kcal/m3), mas superior ao do gás da cidade (PCI = 4.000 Kcal/m3).  A equivalência geralmente considerada em relação à electricidade é de 5 Kwh para 1 m3 de bio-gás. Deve contudo referir-se que, no domínio das pequenas estações depuradoras, não se torna geralmente rentável o aproveitamento deste sub-produto. 40