O documento discute o fascismo antigo na Itália e Alemanha e compara-o com o fascismo moderno nos Estados Unidos sob os governos de George W. Bush e Barack Obama. O fascismo moderno americano promove militarismo, vigilância em massa e assassinatos extrajudiciais por drones, apesar de se apresentar sob retórica liberal.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
O fascismo antigo e moderno nos EUA
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O FASCISMO ANTIGO E O MODERNO DOS ESTADOS UNIDOS
Fernando Alcoforado*
O fascismo antigo é um movimento político que surgiu na Itália após a Primeira Guerra
Mundial, na década de 20, sob a liderança de Benito Mussolini. Além do regime de
Mussolini na Itália, são considerados fascistas os da Alemanha de Adolf Hitler e da
Espanha de Francisco Franco, entre outros, que se estabeleceram entre a 1ª e a 2ª Guerra
Mundial, na década de 30. O fascismo antigo representou uma reação das forças
conservadoras da Europa contra a ascensão dos trabalhadores ao poder em vários países
após a vitória do socialismo na União Soviética em 1917 e se baseava em concepções
fortemente nacionalistas e no exercício totalitário do poder, portanto contra o sistema
democrático e liberal, e repressivo ante as ideias socialdemocratas, socialistas e
comunistas.
O fascismo antigo implantado durante as décadas de 20 e 30 do século XX se baseava
em um Estado forte, totalitário, que se afirmava encarnar o espírito do povo, no
exercício do poder por um partido único cuja autoridade se impunha através da
violência, da repressão e da propaganda política. O líder fascista é uma figura que está
acima dos homens comuns. Mussolini era denominado como Il Duce, que deriva do
latim Dux (General) e Hitler de Fuehrer (Condutor, Guia, Líder, Chefe). Ambos eram
lideranças messiânicas e autoritárias, com um poder que era exercido de maneira
unilateral sem consulta a quem quer que seja. Na Alemanha, o fascismo antigo recebeu
a denominação de nazismo. Este movimento teve também um forte componente racial,
que promulgava a superioridade da raça ariana e procurava exterminar os judeus, os
ciganos e os negros.
O fascismo antigo se caracterizou também pelo nacionalismo agressivo, militarismo e
imperialismo a serviço das classes dominantes, pelo culto do chefe, pelo anticomunismo
e pela ditadura. Para por em prática os seus princípios, foram ignorados os direitos
individuais dos cidadãos, o Parlamento foi transformado num simples orgão consultivo
e foi criada a polícia política que esmagava toda a oposição ao regime. O fascismo
serviu de modelo a diversas outras ditaduras que se implantaram na Europa no período
entre as duas Guerras Mundiais, entre as quais as ditaduras de Franco na Espanha e de
Salazar em Portugal, razão pela qual o fascismo passou a se enquadrar também como
regime ditatorial totalitário de extrema direita.
Nos Estados Unidos foi implantado durante os governos de George W. Bush e Barack
Obama um fascismo moderno que é difundido sob a retórica liberal. O fascismo
moderno surgiu como resposta à ameaça terrorista a partir do atentado de 11 de
setembro de 2001 e como estratégia para fazer frente ao declínio dos Estados Unidos
como potência hegemônica no mundo. No fascismo moderno não se veem os soldados
que marcham em passo de ganso, as câmaras de gás e o líder messiânico como na Itália
de Mussolini e na Alemanha de Hitler. Em lugar dos soldados do passo de ganso, há a
militarização de toda a cultura, sempre em constante reforço. No lugar das câmaras de
gás, há, como substituto, o reforço estrutural da violência armada, o encarceramento de
legiões de pobres e desassistidos e a vigilância incansável sobre os cidadãos (Ver o
artigo Era Obama: o fascismo liberal nos EUA disponível no website
<http://www.vermelho.org.br/farc/noticia.php?id_noticia=206628&id_secao=9>). No
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lugar do líder messiânico surgem lideranças pseudoliberais como Barack Obama para
não mostrar o verdadeiro caráter fascista do regime.
O líder pseudoliberal, não messiânico, Obama, chegou ao poder com a tese da
“mudança”, mas que foi substituída pela submissão perfeita ao complexo industrial e
militar e ao sistema financeiro com a aceitação sem protestos da guerra, de assassinatos,
de resgates de bancos e de orçamentos militares obscenos. Obama está fazendo o
possível para manter à tona e operante o capitalismo monopolista. No lugar dos
bombardeiros de mergulho Stukas utilizados pela Alemanha nazista durante a 2ª Guerra
Mundial, há hoje uma arma muito mais eficaz, os aviões não tripulados (drones), que
são usados para assassinatos premeditados e para aterrorizar populações inteiras,
exatamente como os Stukas, associados às bombas voadoras dos nazistas. Ainda que se
abstraíssem dos registros os milhares de indivíduos assassinados com premeditação por
ordem direta, pessoal, do presidente Obama, mesmo assim haveria muitos elementos
para descrever o contexto presidencial nos EUA como florescente fascismo liberal ((Ver
o artigo Era Obama: o fascismo liberal nos EUA disponível no website
<http://www.vermelho.org.br/farc/noticia.php?id_noticia=206628&id_secao=9>).
O militarismo com o uso dos drones, da rede planetária de bases militares, dos
orçamentos extravagantes para comprar os armamentos da mais alta tecnologia, da
ampliação das operações no Pacífico para aumentar a presença dos Estados Unidos na
Ásia para ‘'conter'’ a China está vivo, forte e atuante durante o governo de Obama que
desenha os grandes planos e faz uma guerra perpétua, levada avante por forças militares
com as bombas atômicas ‘'modernizadas'’ mantidas invisíveis perante a opinião pública
mundial. O fascismo moderno sob a capa liberal dos Estados Unidos há muitos anos se
mantém ativo nas ações contrarrevolucionárias e no intervencionismo sobre governos e
negócios em várias partes do mundo atuando militarmente de forma aberta como
ocorreu no Iraque, Afeganistão, Líbia, entre outros países, e de forma subliminar com
atos de espionagem como foi revelado pelo Wikileaks e, mais recentemente, pelas
revelações de Edward Snowden.
No artigo EUA à beira do fascismo sob uma fachada de liberalismo
(<http://www.diarioliberdade.org/mundo/direitos-nacionais-e-imperialismo/32090-eua-
%C3%A0-beira-do-fascismo-sob-uma-fachada-de-liberalismo.html>), há a afirmativa
de que a lista das traições de Obama é longa e cobre, virtualmente, toda a sua política
pública, sem exceção. Na saúde pública, Obama favoreceu as “Big Pharma”, as gigantes
fabricantes de remédios, nas liberdades civis, Obama trabalhou contra os direitos de
habeas corpus dos detidos invocando a Lei Antiespionagem contra vazadores de
informação verdadeira não desmentida; levou seu estado de vigilância e controle muito
além de qualquer governo anterior, com sua Agência de Segurança Nacional, hoje,
quase inacreditavelmente, já legalmente autorizada a ouvir por trás de qualquer porta,
enquanto prossegue o tráfico de prisioneiros postos sob responsabilidade do Estado,
mas que são entregues a outros estados para serem torturados.
No mesmo artigo, é afirmado que, o militarismo está apoiado nos drones – arma que
leva, para todo o planeta, a assinatura de Barack Obama – que aterrorizam cidades
inteiras, que aprenderam a temer a morte que vem do céu, no poder naval ostentado do
Mar do Sul da China ao Mediterrâneo, em toda uma nova geração de armas nucleares já
em linha de montagem e num orçamento militar que é o maior proporcionalmente, de
todos os tempos. É este governo fascista, o de Obama, que sob o pretexto de punir o
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regime de Bashar al-Assad pelo uso não comprovado de armas químicas contra
populações civis, se propõe a agredir militarmente a Síria em represália.
*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.S