O Dia da Vitória em 8 ou 9 de maio deveria ser celebrado em todo o mundo como um dos grandes acontecimentos da história da humanidade porque significou o esmagamento da “serpente” nazifascista que floresceu na Europa na primeira metade do século XX. Este acontecimento deveria ser relembrado como altamente importante na história da humanidade não apenas pelo fato de ter impedido a escalada do nazifascismo em todo o mundo, mas também para atuar na era contemporânea como importante instrumento de conscientização da população para atuar no combate ao nazifascismo, sobretudo na conjuntura atual que se caracteriza pelo avanço do fascismo na Europa, nos Estados Unidos e, também, no Brasil.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Viva os 74 anos do fim da tirania nazifascista
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VIVA OS 74 ANOS DO FIM DA TIRANIA NAZIFASCISTA
Fernando Alcoforado*
O fim da 2ª Guerra Mundial na Europa já era esperado desde fevereiro de 1943, quando
o Exército Soviético venceu a Wehrmacht (Exército alemão) em um dos maiores
confrontos militares da história, conhecido como Batalha de Stalingrado. Mais tarde,
em 6 de junho de 1944, os Aliados desembarcavam na Normandia, data conhecida
como "Dia D". A operação é considerada a maior invasão por mar da história e deu
início à libertação dos territórios ocupados pelos alemães no noroeste da Europa. O fim
da guerra na Europa ocorreu após a Batalha de Berlim, último capítulo da ofensiva
soviética contra as forças alemãs. A batalha teve início em abril de 1945, com a
arremetida das tropas soviéticas nos países ocupados pelos nazistas que depois se
deslocaram até Berlim. Em 30 de abril de 1945, na reta final do confronto, o líder
nazista Adolf Hitler se suicidou. Pouco depois, Berlim se entregava,
encaminhando a rendição que aconteceria no dia 8 de maio de 1945.
O Dia da Vitória está relacionado com o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa no
dia 8 de maio de 1945 que é a data formal da derrota da Alemanha nazista e a vitória
dos Aliados. No dia 7 de maio, houve a assinatura de um documento preliminar, que
indicava a rendição das tropas alemãs. Contudo, a formalidade da rendição aconteceu
no dia 8 de maio, através de representantes da Alemanha, que juntamente com a
presença do Alto Comando das Forças Aliadas e das Forças Armadas Soviéticas,
assinaram a rendição incondicional da Alemanha. A rendição incondicional da
Alemanha foi assinada na madrugada do dia 7 de maio pelo general Alfred Jodl que
seria, mais tarde, condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg por crimes de guerra
e crimes contra a humanidade. Do lado vencedor, a ata de capitulação foi assinada pelo
general Walter Bedell-Smith, chefe do Estado Maior do general estadunidense Dwight
Eisenhower, e pelo general soviético Ivan Suslaparov. François Sevez, adjunto do
general francês Alphonse Pierre Juin, também assinou o documento na condição de
testemunha.
Na realidade, a data intencionada para ser o Dia da Vitória era o dia 9, e não 8 de maio.
Contudo, a imprensa foi capaz de vazar a notícia da rendição e a celebração ocorreu no
mundo no dia 8 de maio. Na União Soviética, o Dia da Vitória foi marcado para dia 9
de maio, como era a data combinada. O número de mortos durante a 2ª Guerra Mundial
correspondeu a 20 milhões na ex-União Soviética, 5,5 milhões na Alemanha, 4 milhões
na Polônia, 2,2 milhões na China, 1,6 milhão na Iugoslávia, 1,5 milhão no Japão, 535
mil na França, 450 mil na Itália, 396 mil na Grã-Bretanha e 292 mil nos Estados
Unidos. Estes números mostram que o esforço de guerra maior visando a derrocada da
Alemanha teve contribuição decisiva da ex-União Soviética. Aproximadamente 47
milhões de pessoas foram mortas durante a Segunda Guerra Mundial. A rendição da
Alemanha em 8 de maio não significou o fim da 2ª Guerra Mundial porque ela ainda
continuava em solo asiático e no Pacífico. O Japão ainda lutava titanicamente contra os
Estados Unidos que estavam derrotando os japoneses. Para forçar a rendição rápida e
incondicional do Japão, os Estados Unidos decidiram fazer o lançamento de duas
bombas atômicas: uma em Hiroshima (em 6 de agosto de 1945) e outra em Nagasaki
(em 9 de agosto de 1945). A rendição japonesa aconteceu em 2 de setembro de 1945.
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Infelizmente, o Dia da Vitória não é devidamente divulgado nos meios de comunicação
no Brasil e em muitos países do mundo. No Brasil, apenas uma pequena parte da
população se lembra da comemoração e do registro dos quase 25 mil brasileiros que
fizeram parte do maior conflito bélico da história. Lamentavelmente, não tem sido
celebrada a heroica participação dos ex-combatentes brasileiros que lutaram contra a
opressão e a tirania nazifascista e contribuíram para a construção de uma nova era de
paz no mundo. O Dia da Vitória em 8 ou 9 de maio deveria ser celebrado em todo o
mundo como um dos grandes acontecimentos da história da humanidade porque
significou o esmagamento da “serpente” nazifascista que floresceu na Europa na
primeira metade do século XX. Este acontecimento deveria ser relembrado como
altamente importante na história da humanidade não apenas pelo fato de ter impedido a
escalada do nazifascismo em todo o mundo, mas também para atuar na era
contemporânea como importante instrumento de conscientização da população para
atuar no combate ao nazifascismo, sobretudo na conjuntura atual que se caracteriza pelo
avanço do fascismo na Europa, nos Estados Unidos e, também, no Brasil.
É importante observar que o fascismo e o nazismo implantados durante as décadas de
1920 e 1930 do século XX se baseava em um Estado forte, totalitário, que se afirmava
encarnar o espírito do povo, no exercício do poder por um partido único cuja autoridade
se impunha através da violência, da repressão e da propaganda política. O líder fascista
e nazista é uma figura que está acima dos homens comuns. Mussolini era denominado
como Il Duce, que deriva do latim Dux (General) e Hitler de Fuehrer (Condutor, Guia,
Líder, Chefe). Ambos eram lideranças messiânicas e autoritárias, com um poder que era
exercido de maneira unilateral sem consulta a quem quer que seja. Na Alemanha, o
fascismo recebeu a denominação de nazismo. Este movimento teve também um forte
componente racial, que promulgava a superioridade da raça ariana e procurava
exterminar os judeus, os ciganos e os negros.
O nazifascismo se caracterizou também pelo nacionalismo agressivo, militarismo e
imperialismo a serviço das classes dominantes, pelo culto do chefe, pelo anticomunismo
e pela ditadura. Para por em prática os seus princípios, foram ignorados os direitos
individuais dos cidadãos, o Parlamento foi transformado num simples orgão consultivo
e foi criada a polícia política que esmagava toda a oposição ao regime. O nazifascismo
serviu de modelo a diversas outras ditaduras de extrema-direita que se implantaram na
Europa no período entre as duas Guerras Mundiais, entre as quais as ditaduras de
Franco na Espanha e de Salazar em Portugal, razão pela qual o nazifascismo passou a se
enquadrar também como regime ditatorial totalitário de extrema direita.
Na era contemporânea, a crise econômica do sistema capitalista mundial que eclodiu em
2008 nos Estados Unidos levou a União Europeia à estagnação econômica com graves
consequências políticas e sociais. Esta crise deu origem ao fortalecimento de partidos
políticos de extrema direita em vários países. A ascensão dos partidos de
extrema direita acontece em boa parte da Europa. Com inclinações nazifascistas ou
nacionalistas, a maioria desses partidos defende o fim da União Europeia, o fim do
Euro, o fortalecimento da unidade e identidade dos países, políticas mais radicais contra
imigrantes, criticam o resgate financeiro de países em crise, são contra direitos de
homossexuais, aborto, liberalismo e globalização, e combatem o que chamam de
islamização.
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Nos Estados Unidos, todas as mensagens do candidato presidencial Donald Trump
apontavam na direção de que, eleito presidente da República, poderia renascer o
fascismo nos Estados Unidos. O renascimento do fascismo sob o comando de Donald
Trump nos Estados Unidos resultou, fundamentalmente, de seu declinio econômico e da
perda de sua hegemonia na cena mundial em um prazo temporal muito curto. É preciso
observar que os Estados Unidos são a organização executiva-chefe do império mundial
do capital. Em outras palavras, pode-se afirmar que é nos Estados Unidos onde se
localiza o estado maior fascista em defesa do capitalismo globalizado. O governo dos
Estados Unidos realiza assassinatos por drones, ocupa países estrangeiros, criou e
apoiou guerrilhas terroristas, como o Estado Islâmico. O governo dos Estados Unidos
oprime e investiga sua própria população doméstica. Faz tudo isso a serviço, não para o
engrandecimento nacional, mas a serviço do capital global. Trata-se de um fascismo
diferente do fascismo antigo que se baseava em um Estado forte, totalitário, que se
afirmava encarnar o espírito do povo, no exercício do poder por um partido único cuja
autoridade se impunha através da violência, da repressão e da propaganda política. O
fascismo atual nos Estados Unidos tem dupla conotação, sendo nacionalista ao
desenvolver ações que visam manter a hegemonia mundial norte-americana e globalista
ao empreender ações em defesa do capitalismo globalizado.
No Brasil, o governo Bolsonaro pode levar o Brasil a uma conflagração social sem
precedentes em sua história. O fascismo está explícito no discurso de Bolsonaro que é
baseado no culto da ordem, na violência do Estado, em práticas autoritárias de governo,
no desprezo social por grupos vulneráveis e fragilizados e no anticomunismo. O perigo
representado por Bolsonaro está na opressão, no machismo, na homofobia, no racismo,
no ódio aos pobres. A História nos diz que, uma vez que alcance o poder, os fascistas
podem destruir os últimos vestígios de um governo democrático no Brasil. No Brasil
contemporâneo, Jair Bolsonaro defende o neoliberalismo econômico diferentemente do
estatismo de Mussolini e Hitler, fato este que não impede de qualificá-lo como fascista
porque não existe uma única fórmula para o fascismo como alguns imaginam. Não
necessariamente o fascismo é estatizante e nacionalista como ocorreu na Itália com
Mussolini e na Alemanha com Hitler. O que caracteriza todo fascismo em todas as suas
variantes é, fundamentalmente a ditadura, o racismo, o anticomunismo, a perseguição a
minorias e a colocação do governo fascista a serviço das elites econômicas e
financeiras.
O nazifascismo que renasce no Brasil e no mundo precisa ser esmagado como
aconteceu em 8 de maio de 1945 com a derrota militar da Alemanha hitlerista.
*Fernando Alcoforado, 79, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e
consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e
planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),
De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto
para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da
Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944,
2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do
Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The
Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM
Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e
Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia
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Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico
e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo
Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017) e Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Bahiana de
Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria).