SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 23
Baixar para ler offline
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




                  Política Nacional de
                Humanização da Atenção e
                    Gestão do SUS




                  Curso de Formação de Apoiadores da PNH no
                               estado do Acre
                                Agosto - 2010
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




    Apoio Institucional - O Efeito Paidéia

   O Apoio Paidéia é uma postura metodológica
   que busca reformular os tradicionais
   mecanismos de gestão;

   É um modo complementar para realizar
   coordenação, planejamento, supervisão e
   avaliação do trabalho em equipe;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




   Em resumo, poder-se-ia afirmar que o recurso de
   apoio procura fugir à tendência comum a várias
   escolas de gerência que intervêm sobre os
   trabalhadores e não de maneira interativa com eles;

   O Apoio parte, por um lado, do pressuposto de que
   as funções de gestão se exercem entre sujeitos,
   ainda que com distintos graus de saber e de poder.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




                Tríplice finalidade do Apoio
   Primeiro, objetiva e interfere com a produção de
   bens ou serviços para pessoas externas à
   organização;

   Segundo, procura sempre assegurar a reprodução
   ampliada da própria organização;

   E, terceiro, acaba interferindo com a produção
   social e subjetiva dos próprios trabalhadores e dos
   usuários
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




   O Apoio Paidéia procura compatibilizar estas três
   finalidades, reconhecendo que a gestão produz
   efeitos sobre os modos de ser e de proceder de
   trabalhadores e de usuários das organizações.

   O Apoio Paidéia depende da instalação de alguma
   forma de co-gestão. É um modo interativo, que
   reconhece a diferença de papéis, de poder e de
   conhecimento, mas que procura estabelecer
   relações construtivas entre os distintos atores
   sociais.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




        O Apoio procura capturar todo este
        significado: não se trataria de comandar
        objetos sem experiência ou sem interesses,
        mas de articular os objetivos institucionais
        aos saberes e interesses dos trabalhadores e
        usuários. Implica em trazer algo externo ao
        grupo que opera os processos de trabalho ou
        que recebem bens ou serviços. Quem apóia,
        sustenta e empurra ao outro. Tudo misturado,
        ao mesmo tempo.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




                          EFEITO PAIDÉIA
   É um processo social e subjetivo em que pessoas ampliam a
   capacidade de compreender-se a si mesmas, aos outros e ao
   contexto, ampliando, em conseqüência, a possibilidade de
   agir sobre estas relações;
   É também uma tentativa de sistematizar modos de intervir
   de forma deliberada nessa dinâmica. Pensar e agir com
   deliberação é atuar segundo finalidades, buscando algum
   sentido para a vida;
   O Efeito Paidéia sobre as pessoas é resultado da contínua
   produção interativa de afetos, de conhecimentos e de poder;
   É um esforço para construir uma nova capacidade de pensar
   e de agir seja de coletivos ou de cada uma das pessoas
   envolvidas.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




   Em toda instituição ocorrem múltiplas sínteses dos efeitos desses três
   fatores; no entanto, a racionalidade gerencial hegemônica pensa a
   gestão de organizações como uma continuidade do poder político, e
   como um espaço em que os padrões de conhecimento e de
   circulação de afetos considerados adequados estariam fixos. Os
   gestores tentam articulá-los para aumentar o controle sobre os
   sujeitos. Na realidade, construiu-se o imaginário de que a gestão não
   interferiria com estas dimensões, ela apenas administraria o já dado
   à priori: a gerência seria um desdobramento “natural” do poder
   constituído, um poder delegado ou pela propriedade privada ou pelo
   Estado; o conhecimento seria levado de fora às organizações,
   injetado por meio de cursos de formação regular ou outras formas de
   capacitação e de assessoria; e quanto ao afeto caberia aos sujeitos
   “adaptaram-se” à lógica de cada organização, acomodando-se às
   relações de poder e protegendo-se da concorrência, dos conflitos,
   etc.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




   O Método Paidéia imagina contaminar a
   política, a gestão, a pedagogia, a clínica
   e a saúde pública com a lógica desta
   tríplice determinação: em todas estas
   maneiras de agir sobre o mundo se
   misturam poder, saber e afetos
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




              RECURSOS METODOLÓGICOS
                PARA O APOIO PAIDÉIA


     Operar com a função de apoiador Paidéia implica
     a tentativa de ampliar a capacidade das pessoas
     lidarem com o poder, com a circulação de afetos e
     com o saber. Lidar enquanto estão fazendo
     coisas, trabalhando, cumprindo tarefas.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




   Lugares Institucionais para o exercício
                  do Apoio

       Dirigente de Organização – gerente que apóia
       sua equipe – viés da eficácia organizacional;

       Suposto saber, de apoiador externo com
       conhecimento presumido, demandado pelo
       grupo, menos i plicados com disputas internas
       pelo poder e circulação viciada de afetos;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




       Suposto saber, de poder institucional, como o
       profissional que apóia usuários do serviço;

       Lugar de paridade, como um membro da equipe
       provocando a democratização das instituições,
       onde todos exercem a gestão – capacidade para
       reconhecer a autoridade dos colegas sem se
       submeter à ela, sem renunciar à sua experiência
       e saber técnico.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




             Recursos úteis à Função Apoio
      1) Construir rodas. Sempre, em todas estas
      possibilidades, o Apoiador deve contribuir
      ativamente para a criação de espaços coletivos;
      ou seja, de arranjos ou dispositivos (settings)
      que propiciem a interação intersujeitos. Mais
      ainda, espaços em que a análise de situações e a
      tomada de decisão sejam possíveis. Instituir o
      hábito de avaliar os processos e as tarefas,
      redefinindo-os conforme o acordado.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




     2) Incluir as relações de poder, de afeto e a
     circulação de conhecimentos em análise;

     3) Trazer para o trabalho de coordenação,
     planejamento, supervisão e avaliação a lógica da
     tríplice finalidade das organizações (qualificar o
     trabalho para produzir valor de uso, defender e
     reconstruir a própria organização e assegurar o
     desenvolvimento e a realização pessoal e
     profissional da equipe);
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




     4) Trabalhar com uma metodologia dialética que
     traga Ofertas externas e que ao mesmo tempo
     valorize as Demandas do grupo. O Apoiador deve
     construir e trazer para as rodas sugestões de
     modos de analisar e de intervir sobre a vida.
     Além disto, deve recolher as Demandas do grupo
     e daqueles com quem ele está interagindo;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




     Valeria aprofundar métodos para ofertar coisas e para incorporar as
     demandas da equipe e dos usuários. Há três campos de onde se
     originam as ofertas e as demandas: um relativo ao que vem de fora
     das organizações, ou seja, à produção de valores de uso e aos modos
     de comprometer-se com os outros. O segundo refere-se às
     instituições, o contexto onde se trabalha. Nestes casos, o apoiador
     deve ofertar e sustentar debate sobre modelos de atenção em saúde,
     modelos pedagógicos, modos de organizar o trabalho, os movimentos,
     etc. Mas comprometer-se de forma crítica, tencionando limites,
     explorando possibilidades de se fazer tarefas de modo distinto. O
     terceiro campo é aquele relativo à ampliação da autonomia do grupo,
     aprender a circular, a transitar, criar asas, depender menos do
     apoiador. E aqui outra diretriz Paidéia: o apoio somente funciona
     quando o grupo consegue ampliar suas referências, e mais, quando
     consegue lidar com estas referências de forma crítica, ou seja, como
     outras ofertas; ou seja, com generosidade crítica; ou seja, sem
     adesão automática e sem paranóia.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




      Quinto: apoiar o grupo tanto para construir
      Objetos de investimento, quanto para compor
      compromissos e contratos com outros. A
      construção de objetos de investimento exige que
      o grupo se autorize a ser feliz, a realizar-se
      pessoal e profissionalmente no contexto real em
      que trabalha. O ressentimento ou a culpa, a não
      apropriação    de    novos   conhecimentos,      a
      concentração de poder, todos são fatores ou
      sintomas que impedem a constituição de objetos
      de investimento, e, nestes casos, o efeito Paidéia
      se cumpre de forma precária, limitada;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




      Gostar do que se faz, apostar em
      projetos, na construção de novas
      relações de afeto e de poder.
      Desfrutar o prazer de saber.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




      6) Pensar e fazer junto com as pessoas e não em lugar
      delas. É importante que o apoiador apóie o grupo para que
      os membros saibam sobre isto, da maneira deles,
      dialogando como suposto saber do apoiador;
      7) Ampliar os espaços onde se aplica o Método.
      Perguntar-se sempre: onde e quando é potente atuar de
      modo Paidéia? Em reuniões, com certeza, mas não
      somente. Fazer junto, estimulando-se espaços de
      reflexão. Ofertar experimentando. Misturar o modo de
      fazer do apoiador com o do grupo. Antes, durante e após
      o fazer, analisar, refletir com base nos resultados, com
      base na prática. O fazer reflexivo é muitas vezes um
      modo eficaz para quebrar resistências e inseguranças
      que o diálogo teórico jamais resolveria;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




          8) Autorizar os grupos a exercer a
          crítica-generosa e a desejar mudanças.
          A Oferta de temas, ou de fragmentos
          de    análise,  buscam     ampliar  a
          capacidade dos agrupamentos lidarem
          com estas interdições: a tarefa de
          colocar em análise temas sagrados,
          não-ditos, relações veladas, direitos
          não exercidos, etc.;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




       9) Autorizar-se a ser agente direto e
       não somente apoiador de equipes –
       exercer a sua função na equipe sem
       esquecer-se de que a função Paidéia
       deve estar presente na tríplice
       finalidade das organizações;
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




                                   E, por fim...

            Todo    Apoiador    minimamente    sábio
            descobre que somente se consegue apoiar
            quando nos autorizamos a sermos apoiados
            pelo grupo a quem pretendemos ajudar.
            Um bom dirigente dirige e é dirigido,
            comanda e é comandado por aqueles com
            quem trabalha.
Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS




                   Referência Bibliográfica



             Campos, GWS. Apoio Paidéia. In: Saúde
             Paidéia. São Paulo, Hucitec, 2007

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagemSistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagem
Danilo Nunes Anunciação
 
Política nacional de humanização
Política nacional de humanizaçãoPolítica nacional de humanização
Política nacional de humanização
Priscila Tenório
 
Aula saúde-da-família[1][1]
Aula saúde-da-família[1][1]Aula saúde-da-família[1][1]
Aula saúde-da-família[1][1]
Monica Mamedes
 
Politica Nacional de Urgencias
Politica Nacional de UrgenciasPolitica Nacional de Urgencias
Politica Nacional de Urgencias
Valderi Ferreira
 
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdfAula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
LarissaMachado97
 
Aula Cuidados Pré Operatórios
Aula Cuidados Pré OperatóriosAula Cuidados Pré Operatórios
Aula Cuidados Pré Operatórios
fernandomadureira
 
Teoria das relações interpessoais em enfermagem
Teoria das relações interpessoais em enfermagemTeoria das relações interpessoais em enfermagem
Teoria das relações interpessoais em enfermagem
Anhanguera Enfermagem A/B
 

Mais procurados (20)

Políticas Públicas de Saúde da Mulher no Brasil
Políticas Públicas de Saúde da Mulher no BrasilPolíticas Públicas de Saúde da Mulher no Brasil
Políticas Públicas de Saúde da Mulher no Brasil
 
Sistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagemSistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagem
 
O Cuidado à Saúde na Atenção Primária
O Cuidado à Saúde na Atenção PrimáriaO Cuidado à Saúde na Atenção Primária
O Cuidado à Saúde na Atenção Primária
 
Política nacional de humanização
Política nacional de humanizaçãoPolítica nacional de humanização
Política nacional de humanização
 
Aula saúde-da-família[1][1]
Aula saúde-da-família[1][1]Aula saúde-da-família[1][1]
Aula saúde-da-família[1][1]
 
Politica Nacional de Urgencias
Politica Nacional de UrgenciasPolitica Nacional de Urgencias
Politica Nacional de Urgencias
 
2a Aula Diagnóstico de Enfermagem - 04_12_19.pptx
2a Aula Diagnóstico de Enfermagem - 04_12_19.pptx2a Aula Diagnóstico de Enfermagem - 04_12_19.pptx
2a Aula Diagnóstico de Enfermagem - 04_12_19.pptx
 
Sistema de informação em saúde
Sistema de informação em saúdeSistema de informação em saúde
Sistema de informação em saúde
 
Gerência em Enfermagem
Gerência em EnfermagemGerência em Enfermagem
Gerência em Enfermagem
 
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdfAula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
 
UFOP (2015) Educação em saúde e mudança de comportamento
UFOP (2015) Educação em saúde e mudança de comportamentoUFOP (2015) Educação em saúde e mudança de comportamento
UFOP (2015) Educação em saúde e mudança de comportamento
 
Aula 02 - A construção do SUS no contexto das políticas públicas
Aula 02 - A construção do SUS no contexto das políticas públicasAula 02 - A construção do SUS no contexto das políticas públicas
Aula 02 - A construção do SUS no contexto das políticas públicas
 
Aula 5 metodologia do planejamento em enfermagem ppt
Aula 5 metodologia do planejamento em enfermagem pptAula 5 metodologia do planejamento em enfermagem ppt
Aula 5 metodologia do planejamento em enfermagem ppt
 
O MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC) NA APS
O MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC) NA APSO MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC) NA APS
O MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC) NA APS
 
Aula Cuidados Pré Operatórios
Aula Cuidados Pré OperatóriosAula Cuidados Pré Operatórios
Aula Cuidados Pré Operatórios
 
Gestão da Estratégia Saúde da Família
Gestão da Estratégia Saúde da FamíliaGestão da Estratégia Saúde da Família
Gestão da Estratégia Saúde da Família
 
Teoria das relações interpessoais em enfermagem
Teoria das relações interpessoais em enfermagemTeoria das relações interpessoais em enfermagem
Teoria das relações interpessoais em enfermagem
 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE  POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
 
Saude da familia
Saude da familiaSaude da familia
Saude da familia
 
Apresentação atenção básica esf
Apresentação atenção básica   esfApresentação atenção básica   esf
Apresentação atenção básica esf
 

Semelhante a ApoioPaideia

Organizações que aprendem
Organizações que aprendemOrganizações que aprendem
Organizações que aprendem
Celia Carvalho
 
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisao
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisaoGestao saude competencias_e_tomadadedecisao
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisao
Mariana Freire
 
Adm particip artigo_3
Adm particip artigo_3Adm particip artigo_3
Adm particip artigo_3
dimarcatto
 
Administração Participativa
Administração ParticipativaAdministração Participativa
Administração Participativa
dimarcatto
 
Texto cultura e poder nas organizações - case bradesco
Texto   cultura e poder nas organizações - case bradescoTexto   cultura e poder nas organizações - case bradesco
Texto cultura e poder nas organizações - case bradesco
Psicologia_2015
 
Humanização do sistema unico de saúde
Humanização do sistema unico de saúdeHumanização do sistema unico de saúde
Humanização do sistema unico de saúde
albaniza sales
 
Módulo 1 - Aula 2
Módulo 1 - Aula 2Módulo 1 - Aula 2
Módulo 1 - Aula 2
agemais
 
Gestão de recursos humanos no desporto
Gestão de recursos humanos no desportoGestão de recursos humanos no desporto
Gestão de recursos humanos no desporto
CatarinaNeivas
 

Semelhante a ApoioPaideia (20)

Aula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humanoAula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humano
 
Organizações que aprendem
Organizações que aprendemOrganizações que aprendem
Organizações que aprendem
 
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisao
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisaoGestao saude competencias_e_tomadadedecisao
Gestao saude competencias_e_tomadadedecisao
 
Adm particip artigo_3
Adm particip artigo_3Adm particip artigo_3
Adm particip artigo_3
 
Administração Participativa
Administração ParticipativaAdministração Participativa
Administração Participativa
 
02 estudo do comportamento individual na organização
02  estudo do comportamento individual na organização02  estudo do comportamento individual na organização
02 estudo do comportamento individual na organização
 
Comportamento organizacional
Comportamento organizacionalComportamento organizacional
Comportamento organizacional
 
Texto cultura e poder nas organizações - case bradesco
Texto   cultura e poder nas organizações - case bradescoTexto   cultura e poder nas organizações - case bradesco
Texto cultura e poder nas organizações - case bradesco
 
Estudio de caso en Paraná, Brasil.
Estudio de caso en Paraná, Brasil.Estudio de caso en Paraná, Brasil.
Estudio de caso en Paraná, Brasil.
 
organizações
organizaçõesorganizações
organizações
 
Organização e administração
Organização e administraçãoOrganização e administração
Organização e administração
 
Humanização do sistema unico de saúde
Humanização do sistema unico de saúdeHumanização do sistema unico de saúde
Humanização do sistema unico de saúde
 
Artigo congresso metodista-gestao_conhecimento_como_aliado_ao_empreendedorismo
Artigo congresso metodista-gestao_conhecimento_como_aliado_ao_empreendedorismoArtigo congresso metodista-gestao_conhecimento_como_aliado_ao_empreendedorismo
Artigo congresso metodista-gestao_conhecimento_como_aliado_ao_empreendedorismo
 
Tga abordagem estruturalista
Tga   abordagem estruturalistaTga   abordagem estruturalista
Tga abordagem estruturalista
 
Módulo 1 - Aula 2
Módulo 1 - Aula 2Módulo 1 - Aula 2
Módulo 1 - Aula 2
 
290322 acetatos%20 4374a04aa3f48
290322 acetatos%20 4374a04aa3f48290322 acetatos%20 4374a04aa3f48
290322 acetatos%20 4374a04aa3f48
 
Gestao De Pessoas
Gestao De PessoasGestao De Pessoas
Gestao De Pessoas
 
1.2 e 1.3 Gestão de Pessoas.pptx
1.2  e 1.3 Gestão de Pessoas.pptx1.2  e 1.3 Gestão de Pessoas.pptx
1.2 e 1.3 Gestão de Pessoas.pptx
 
Gestão de recursos humanos no desporto
Gestão de recursos humanos no desportoGestão de recursos humanos no desporto
Gestão de recursos humanos no desporto
 
N assistência social
N assistência socialN assistência social
N assistência social
 

Mais de estrategiabrasileirinhos

Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBSCorina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
estrategiabrasileirinhos
 
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
estrategiabrasileirinhos
 
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 210920112 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
estrategiabrasileirinhos
 
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
estrategiabrasileirinhos
 

Mais de estrategiabrasileirinhos (20)

Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBSCorina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
Corina - Apresentação Projeto Avaliação EBBS
 
9 Apresentação Projeto Avaliação EBBS
9  Apresentação Projeto Avaliação EBBS9  Apresentação Projeto Avaliação EBBS
9 Apresentação Projeto Avaliação EBBS
 
8 Suely - Avaliação 2
8   Suely - Avaliação 28   Suely - Avaliação 2
8 Suely - Avaliação 2
 
7 apres v oficina jorge
7 apres v oficina jorge7 apres v oficina jorge
7 apres v oficina jorge
 
6 Luciana EBBS BSB set2011 definitivo
6 Luciana EBBS BSB set2011 definitivo6 Luciana EBBS BSB set2011 definitivo
6 Luciana EBBS BSB set2011 definitivo
 
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
5 Natercia Apresentação EBBS Araripina set
 
4 Apresentação EBBS Campo Grande 2011
4 Apresentação EBBS Campo Grande 20114 Apresentação EBBS Campo Grande 2011
4 Apresentação EBBS Campo Grande 2011
 
3 Rio Branco Apresentação 21 de set
3 Rio Branco Apresentação 21 de set3 Rio Branco Apresentação 21 de set
3 Rio Branco Apresentação 21 de set
 
2 Mikaelle - Santa Filomena
2 Mikaelle - Santa Filomena2 Mikaelle - Santa Filomena
2 Mikaelle - Santa Filomena
 
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 210920112 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
2 Mesa Liliane Apresentação BSB 21092011
 
Rede Cegonha SP
Rede Cegonha SPRede Cegonha SP
Rede Cegonha SP
 
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
I Encontro Nacional de Coordenadores 20set2011
 
A linguagem dos bebes012
A linguagem dos bebes012A linguagem dos bebes012
A linguagem dos bebes012
 
A linguagem dos Bebês
A linguagem dos BebêsA linguagem dos Bebês
A linguagem dos Bebês
 
br_semanadobebe
br_semanadobebebr_semanadobebe
br_semanadobebe
 
manual_avaliacao_5
manual_avaliacao_5manual_avaliacao_5
manual_avaliacao_5
 
ORGANIZACAO_DAS_OFICINAS
ORGANIZACAO_DAS_OFICINASORGANIZACAO_DAS_OFICINAS
ORGANIZACAO_DAS_OFICINAS
 
cartilha_mae_trabalhadora_amamenta
cartilha_mae_trabalhadora_amamentacartilha_mae_trabalhadora_amamenta
cartilha_mae_trabalhadora_amamenta
 
cartilha_do_pai
cartilha_do_paicartilha_do_pai
cartilha_do_pai
 
OficinaQualificacaoNASF
OficinaQualificacaoNASFOficinaQualificacaoNASF
OficinaQualificacaoNASF
 

ApoioPaideia

  • 1. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Curso de Formação de Apoiadores da PNH no estado do Acre Agosto - 2010
  • 2. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Apoio Institucional - O Efeito Paidéia O Apoio Paidéia é uma postura metodológica que busca reformular os tradicionais mecanismos de gestão; É um modo complementar para realizar coordenação, planejamento, supervisão e avaliação do trabalho em equipe;
  • 3. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Em resumo, poder-se-ia afirmar que o recurso de apoio procura fugir à tendência comum a várias escolas de gerência que intervêm sobre os trabalhadores e não de maneira interativa com eles; O Apoio parte, por um lado, do pressuposto de que as funções de gestão se exercem entre sujeitos, ainda que com distintos graus de saber e de poder.
  • 4. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Tríplice finalidade do Apoio Primeiro, objetiva e interfere com a produção de bens ou serviços para pessoas externas à organização; Segundo, procura sempre assegurar a reprodução ampliada da própria organização; E, terceiro, acaba interferindo com a produção social e subjetiva dos próprios trabalhadores e dos usuários
  • 5. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS O Apoio Paidéia procura compatibilizar estas três finalidades, reconhecendo que a gestão produz efeitos sobre os modos de ser e de proceder de trabalhadores e de usuários das organizações. O Apoio Paidéia depende da instalação de alguma forma de co-gestão. É um modo interativo, que reconhece a diferença de papéis, de poder e de conhecimento, mas que procura estabelecer relações construtivas entre os distintos atores sociais.
  • 6. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS O Apoio procura capturar todo este significado: não se trataria de comandar objetos sem experiência ou sem interesses, mas de articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses dos trabalhadores e usuários. Implica em trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho ou que recebem bens ou serviços. Quem apóia, sustenta e empurra ao outro. Tudo misturado, ao mesmo tempo.
  • 7. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS EFEITO PAIDÉIA É um processo social e subjetivo em que pessoas ampliam a capacidade de compreender-se a si mesmas, aos outros e ao contexto, ampliando, em conseqüência, a possibilidade de agir sobre estas relações; É também uma tentativa de sistematizar modos de intervir de forma deliberada nessa dinâmica. Pensar e agir com deliberação é atuar segundo finalidades, buscando algum sentido para a vida; O Efeito Paidéia sobre as pessoas é resultado da contínua produção interativa de afetos, de conhecimentos e de poder; É um esforço para construir uma nova capacidade de pensar e de agir seja de coletivos ou de cada uma das pessoas envolvidas.
  • 8. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Em toda instituição ocorrem múltiplas sínteses dos efeitos desses três fatores; no entanto, a racionalidade gerencial hegemônica pensa a gestão de organizações como uma continuidade do poder político, e como um espaço em que os padrões de conhecimento e de circulação de afetos considerados adequados estariam fixos. Os gestores tentam articulá-los para aumentar o controle sobre os sujeitos. Na realidade, construiu-se o imaginário de que a gestão não interferiria com estas dimensões, ela apenas administraria o já dado à priori: a gerência seria um desdobramento “natural” do poder constituído, um poder delegado ou pela propriedade privada ou pelo Estado; o conhecimento seria levado de fora às organizações, injetado por meio de cursos de formação regular ou outras formas de capacitação e de assessoria; e quanto ao afeto caberia aos sujeitos “adaptaram-se” à lógica de cada organização, acomodando-se às relações de poder e protegendo-se da concorrência, dos conflitos, etc.
  • 9. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS O Método Paidéia imagina contaminar a política, a gestão, a pedagogia, a clínica e a saúde pública com a lógica desta tríplice determinação: em todas estas maneiras de agir sobre o mundo se misturam poder, saber e afetos
  • 10. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS RECURSOS METODOLÓGICOS PARA O APOIO PAIDÉIA Operar com a função de apoiador Paidéia implica a tentativa de ampliar a capacidade das pessoas lidarem com o poder, com a circulação de afetos e com o saber. Lidar enquanto estão fazendo coisas, trabalhando, cumprindo tarefas.
  • 11. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Lugares Institucionais para o exercício do Apoio Dirigente de Organização – gerente que apóia sua equipe – viés da eficácia organizacional; Suposto saber, de apoiador externo com conhecimento presumido, demandado pelo grupo, menos i plicados com disputas internas pelo poder e circulação viciada de afetos;
  • 12. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Suposto saber, de poder institucional, como o profissional que apóia usuários do serviço; Lugar de paridade, como um membro da equipe provocando a democratização das instituições, onde todos exercem a gestão – capacidade para reconhecer a autoridade dos colegas sem se submeter à ela, sem renunciar à sua experiência e saber técnico.
  • 13. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Recursos úteis à Função Apoio 1) Construir rodas. Sempre, em todas estas possibilidades, o Apoiador deve contribuir ativamente para a criação de espaços coletivos; ou seja, de arranjos ou dispositivos (settings) que propiciem a interação intersujeitos. Mais ainda, espaços em que a análise de situações e a tomada de decisão sejam possíveis. Instituir o hábito de avaliar os processos e as tarefas, redefinindo-os conforme o acordado.
  • 14. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS 2) Incluir as relações de poder, de afeto e a circulação de conhecimentos em análise; 3) Trazer para o trabalho de coordenação, planejamento, supervisão e avaliação a lógica da tríplice finalidade das organizações (qualificar o trabalho para produzir valor de uso, defender e reconstruir a própria organização e assegurar o desenvolvimento e a realização pessoal e profissional da equipe);
  • 15. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS 4) Trabalhar com uma metodologia dialética que traga Ofertas externas e que ao mesmo tempo valorize as Demandas do grupo. O Apoiador deve construir e trazer para as rodas sugestões de modos de analisar e de intervir sobre a vida. Além disto, deve recolher as Demandas do grupo e daqueles com quem ele está interagindo;
  • 16. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Valeria aprofundar métodos para ofertar coisas e para incorporar as demandas da equipe e dos usuários. Há três campos de onde se originam as ofertas e as demandas: um relativo ao que vem de fora das organizações, ou seja, à produção de valores de uso e aos modos de comprometer-se com os outros. O segundo refere-se às instituições, o contexto onde se trabalha. Nestes casos, o apoiador deve ofertar e sustentar debate sobre modelos de atenção em saúde, modelos pedagógicos, modos de organizar o trabalho, os movimentos, etc. Mas comprometer-se de forma crítica, tencionando limites, explorando possibilidades de se fazer tarefas de modo distinto. O terceiro campo é aquele relativo à ampliação da autonomia do grupo, aprender a circular, a transitar, criar asas, depender menos do apoiador. E aqui outra diretriz Paidéia: o apoio somente funciona quando o grupo consegue ampliar suas referências, e mais, quando consegue lidar com estas referências de forma crítica, ou seja, como outras ofertas; ou seja, com generosidade crítica; ou seja, sem adesão automática e sem paranóia.
  • 17. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Quinto: apoiar o grupo tanto para construir Objetos de investimento, quanto para compor compromissos e contratos com outros. A construção de objetos de investimento exige que o grupo se autorize a ser feliz, a realizar-se pessoal e profissionalmente no contexto real em que trabalha. O ressentimento ou a culpa, a não apropriação de novos conhecimentos, a concentração de poder, todos são fatores ou sintomas que impedem a constituição de objetos de investimento, e, nestes casos, o efeito Paidéia se cumpre de forma precária, limitada;
  • 18. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Gostar do que se faz, apostar em projetos, na construção de novas relações de afeto e de poder. Desfrutar o prazer de saber.
  • 19. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS 6) Pensar e fazer junto com as pessoas e não em lugar delas. É importante que o apoiador apóie o grupo para que os membros saibam sobre isto, da maneira deles, dialogando como suposto saber do apoiador; 7) Ampliar os espaços onde se aplica o Método. Perguntar-se sempre: onde e quando é potente atuar de modo Paidéia? Em reuniões, com certeza, mas não somente. Fazer junto, estimulando-se espaços de reflexão. Ofertar experimentando. Misturar o modo de fazer do apoiador com o do grupo. Antes, durante e após o fazer, analisar, refletir com base nos resultados, com base na prática. O fazer reflexivo é muitas vezes um modo eficaz para quebrar resistências e inseguranças que o diálogo teórico jamais resolveria;
  • 20. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS 8) Autorizar os grupos a exercer a crítica-generosa e a desejar mudanças. A Oferta de temas, ou de fragmentos de análise, buscam ampliar a capacidade dos agrupamentos lidarem com estas interdições: a tarefa de colocar em análise temas sagrados, não-ditos, relações veladas, direitos não exercidos, etc.;
  • 21. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS 9) Autorizar-se a ser agente direto e não somente apoiador de equipes – exercer a sua função na equipe sem esquecer-se de que a função Paidéia deve estar presente na tríplice finalidade das organizações;
  • 22. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS E, por fim... Todo Apoiador minimamente sábio descobre que somente se consegue apoiar quando nos autorizamos a sermos apoiados pelo grupo a quem pretendemos ajudar. Um bom dirigente dirige e é dirigido, comanda e é comandado por aqueles com quem trabalha.
  • 23. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS Referência Bibliográfica Campos, GWS. Apoio Paidéia. In: Saúde Paidéia. São Paulo, Hucitec, 2007