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O Feudalismo

             “Sabemos agora que a Idade das Trevas não foi de trevas. Ignorância, letargia,
      desordem, existiram como hoje e longe estiveram de predominar numa época ansiosa de
       conhecimento, vigorosa em seu poder de viver e de se expressar, e idealista nas suas
         cosntruções. Talvez não seja demais dizer que a sociedade medieval tinha formas
      funcionais com que a idade antiga nem sonhara, formas essas que levaram a fins jamais
        imaginados em épocas anteriores (...) O fato de que as condições, acontecimentos e
        povos se tivessem reunido de tal forma no princípio da Idade Média foi extremamente
                        feliz para os atuais herdeiros da tradição ocidental.”
                                                  Bark, Willian. As origens da Idade Média. Editora Zahar.


                                                                 De outro lado, os po-


       D
                 o século VIII ao XII, a Europa Oci      vos germanos invasores que
                 dental viveu o apogeu da Ordem Feu      deram o cheque-mate no de-
                 dal. A sociedade que se estruturou      cadente Império Romano,
nessa época apresentou características peculiares e      trouxeram para o mundo oci-
marcou a Idade Média como a época da fé cristã e dos     dental características culturais
corajosos cavaleiros. Do outro lado, nos bastidores da   que ajudaram na formação da
história, foi também o período da servidão enquanto      Ordem Feudal. Com efeito,
forma de trabalho e a exploração da população cam-       eram povos migrantes que
ponesa que vivia na dependência dos senhores feudais.    desprezavam o uso de moe-
        A Ordem Feudal se estruturou a partir da desa-   das e valorizavam a posse de
gregação do Império Romano, quando então aconte-         jóias. Dentro do possível eram
ceram diversas mudanças que alteraram o perfil do        excelentes agricultores, culti-
Mundo Antigo. A consolidação da Ordem Feudal se          vando os campos quando se
deu na Alta Idade Média, cronologicamente situada        fixavam em algum local. Eram
entre os séculos V e X. Olhando para trás na história,   também excepcionais guerrei-
se observa que a partir da queda do Império Romano,      ros e produziam armas fantás-
a população foi gradativamente abandonando as cida-      ticas, desconhecidas no mun-
des e migrando para as zonas rurais, fugindo das inva-   do ocidental. O costume do
sões germânicas. Paradoxalmente, nos campos cresci-      comitatus - relação de fideli-
am propriedades denominadas villas, com característi-    dade guerreira entre o rei e
ca de auto-suficiência que se beneficiaram bastante do   seus guerreiros - contribuiu para estruturar os laços de Uma lavra de
grande afluxo de mão-de-obra deslocado para os cam-      suserania e vassalagem na Ordem Feudal.                  arado em
pos.                                                                                                             setembro
                                                                                                                 aparece no
                                                                                                                 breviário
  O Tempo da História                                                                                            flamengo. Para
                                                                                                                 os camponeses o
                                                                                                                 arado era o
                                                                                                                 emblema de
   Séculos III - V                                  Séculos V - IX                               Século IX       todos os
                                                                                                                 trabalhos
    Contribuições Romanas                         Contribuições germânicas
                                                                                                 Apogeu da
                                                                                                 Ordem Feudal
    - Colonato                                    - Comitatus
    - Villas                                      - Beneficium
    - Latim                                       - Direito Consuetudinário
    - Cristianismo                                - Economia Agro-Pastoril
Por tudo isso, a época feudal teve como carac-            Parte das terras - as glebas - eram arrendadas
                      terísticas principais a existência de uma economia na-    aos camponeses que pagavam uma parte da produção
                      tural baseada na troca de mercadorias, raramente ocor-    ao senhor feudal. Além do pagamento percentual por
                      rendo o uso de moedas. Normalmente as trocas se da-       região cultivada os servos desempenhavam o trabalho
                      vam dentro dos próprios feudos, pois o comércio entre     não remunerado nas melhores terras do feudo desig-
                      os feudos não era frequente. No aspecto político ca-      nadas como domínio ou reserva senhorial. Essa obri-
                      racterizou-se como um período descentralizado e frag-     gação chamada - corvéia - é considerada por muitos
                      mentado, onde cada feudo tinha grande autonomia e         historiadores, como a grande fonte de lucro do senhor
                      os senhores feudais eram suprema autoridade nas suas      feudal, por se tratar do plantio nas áreas de melhor
                      terras. No aspecto social foi uma época marcada pela      qualidade, conseqüentemente, de melhor produtivida-
       O Feudalismo




                      grande dependência, entre servos e senhores feudais e     de.
                      vassalos e suseranos.                                             Normalmente, em três dias da semana o servo
                                                                                cultivava a área arrendada no contrato e nos outros
                                                                                três, cultivava o domínio, sem nada ganhar por isso.
                              O FEUDALISMO FOI UM SISTEMA                       Além dessas obrigações havia uma grande carga de
                         DE GOVERNOIMPROVISADO E TEMPO-                         impostos, tais como:
                         RÁRIO, QUE PROPORCIONOU UMA
                         CERTA ORDEM, JUSTIÇA E LEI DURAN-                                 banalidades - taxas cobradas pelo uso do
                         TE UMA ÉPOCA DE COLAPSO, LOCA-                                    forno, do moinho, carroças e instrumentos
                         LISMO E TRANSIÇÃO. In Marwin Perry                                de trabalho. A necessidade de moer o trigo
                                                                                           para o pão e prensar a uva para o fabrico
                                                                                           do vinho, colocava o servo nas mãos do
                                                                                           senhor feudal, obrigando-o ao pagamento
                                                                                           das banalidades.
                                                                                           mão-morta - imposto pago pelos herdei-
                                                                                           ros do servo que garantia a permanência na
                                                                                           terra.
                                                                                           capitação - imposto pago em proporção
                                                                                           do número de familiares do servo.
                                                                                           dízimo - imposto cobrado pela Igreja Ca-
                                                                                           tólica, apelidado de "Tostão de Pedro".

                                                                                        Essa intrincada rede de impostos ligava os ser-
                                                                                vos ao senhor feudal, dificultando ao máximo o desli-
                                                                                gamento e obtenção da autonomia servil. Entretanto a
                                                                                servidão não era a escravidão. O senhor não podia ven-
                                                                                der o servo. Em contrapartida, um servo nascia e nor-
                                                                                malmente morria na terra, sendo raro o deslocamento
                                                                                de servos para outros feudos. Mais tarde, a partir do
                                                                                século XII, com o dinamismo do comércio e o cresci-
                                                                                mento das cidades esse quadro tenderia a mudar para
                                                                                uma sociedade mais dinâmica e de melhores oportuni-
                                                                                dades.

Modelo de feudo,      O FEUDO E OS SERVOS
unidade de
produção típica
da idade Média.               Geralmente os feudos eram grandes extensões               O FEUDALISMO NÃO CONSTITUÍA
Ao lado,              de terra sem delimitações precisas, o que naturalmente       UM SISTEMA DEDUZIDO LOGICAMEN-
esquema de            provocava constantes conflitos entre os senhores feu-
rotação de                                                                         TE DE PRINCÍPIOS ABSTRATOS, MAS
culturas em três      dais. Ao contrário do que se pensa, nem todos os feudos      UMA RESPOSTA IMPROVISADA AO DE-
campos.               tinham suntuosos castelos, sendo mais comum a habi-          SAFIO RESULTANTE DE UMA AUTORI-
Hitstória Geral.      tação básica, onde viviam o nobre feudal e os familia-       DADE CENTRAL INEFICIENTE.
Claudio               res.
Vicentino. pág
108.                          Imensas florestas circundavam os feudos, sen-
                      do úteis na proteção do local e no fornecimento de ma-
                      deira e caça de animais selvagens. Calcula-se que no
                      auge do feudalismo, pelo menos metade das terras do
                      ocidente, eram gigantescas e imensas florestas.
A atividade agrícola era extensiva com                    Quanto maior o número de vassalos maior o
baixíssima produtividade. O arado era de madeira com     poder do suserano. A escolha de um rei para manter a
formato inconveniente que pouco sulcava a terra. O       ordem numa região, obrigatoriamente recaía sobre os
esterco só era utilizado na área do manso senhorial e    suseranos mais poderosos. Muitos tinham dezenas de
até o século XI a rotação de terras era adotada em       vassalos interligados pelo juramento de lealdade e obe-
raríssimos feudos. Em geral a produção agrícola era      diência. No caso de conflito entre nobres feudais o
inferior à necessidade de consumo. Longos períodos       suserano podia exercer o papel de mediador e juiz. Con-
de secas e pragas destruíam as plantações e a baixa      tudo, apesar de todo o prestígio os reis tinham autori-
produtividade mesclava-se com a escassez de técnicas     dade política restrita aos limites do feudo, não interfe-
que pudessem melhorar a agricultura.                     rindo nos feudos dos vassalos. A existência dos reis não




                                                                                                                                O Feudalismo
                                                         diminuía a característica de descentralização, marca re-
                                                         gistrada da Europa Ocidental desde o início da Idade
                                                         Média. Daí o slogan político referente ao período me-
        “QUALQUER ECONOMIA BASEA-                        dieval: Os reis, reinam mas não governam.
   DA NA AGRICULTURA É SEMPRE PRE-
   CÁRIA, MESMO EM TEMPOS PROPÍCI-
   OS; NO INÍCIO DA IDADE MÉDIA ELA
   ERA UMA RISCO PERMANENTE”. In.
   Anne Fremantle




       A alta taxa de mortalidade ajustava a oferta de
mão-de-obra impedindo um excedente incômodo para
os nobres feudais. Em relação a área cultivada, havia
um certo equilíbrio entre mão-de-obra e trabalho ofe-
recido. Embora a servidão fosse predominante, em al-                                                                 Feudos como
                                                                                                                     este, nos
guns feudos ainda se usava trabalho escravo no servi-                                                                montes
ço mais pesado. A opção pelo escravo era contida pelo                                                                Costwold da
alto valor de aquisição e a escassez de fornecimento.                                                                Inglaterra eram
O final das conquistas romanas cortou a fonte de ob-                                                                 quase auto-
                                                                                                                     suficientes. Do
tenção da mão-de-obra escrava, que foi desaparecen-                                                                  relativo conforto
do gradativamente ao longo da Idade Média.                                                                           de sua mansão
                                                                                                                     de pedra o
                                                                 A fragmentação política do período influenciou      senhor mandava
SUSERANIA E VASSALAGEM                                                                                               em quase tudo.
                                                         o desmembramento das leis que existiam em caráter
        Entre os nobres havia a relação de suserania e   local. Como não existiam nações no aspecto formal,
vassalagem. Consistia no contrato entre dois indivídu-   não existiam também leis nacionais. Nos feudos eram
os, em que o nobre suserano concedia ao seu vassalo      adotadas leis particulares transmitidas de pai para filho
o direito de uso de um feudo ou terras de menor porte,   - Direito Consuetudinário. A justiça era implacável com
garantindo em troca a lealdade do vassalo em qual-       os mais humildes e todo castelo tinha masmorra e pri-
quer circunstância. A cerimônia de nomeação e            sões subterrâneas. Os castigos eram severos, podendo-
vassalagem contava com a presença de todos os no-        se arrancar os olhos do infrator, decepar-lhe as mãos
bres e cavaleiros do feudo. Normalmente o juramento      ou imersão do corpo em água quente. Os critérios de
acontecia num feriado santificado, o que garantia a      justiça dependiam do bom humor do senhor feudal e
participação de figuras ilustres do clero. O ritual de   normalmente castigava os mais pobres de forma radi-
vassalagem exigia do vassalo o juramento de lealdade,    cal.
ajoelhado aos pés do seu senhor suserano.
A Igreja Católica

                                                                                         Boa parte da riqueza foi obtida com doações
                                                                                                   de nobres que acreditavam (ou fin-


                           S
       O Feudalismo




                                   e a Idade Média foi a época dos cavalei                         giam acreditar) receber um lugar ga-
                                   ros e dos servos foi também a Idade da                          rantido no céu.
                                   Fé, quando então a Igreja Católica teve                                 "O cargo de papa, como o
                   nas mãos um poder de caráter supranacional, acima de                            cargo de bispo e abade, tornou-se
                   todos os homens na terra. Com efeito, após o início                             objeto de disputas políticas. Por
                   das invasões germânicas e a consequente fragmenta-                              quê? Por causa do volume de bens,
                   ção de toda a Europa Ocidental, a Igreja exerceu o pa-                          direitos e propriedades que perten-
                   pel de convergência na fé em Deus, unindo os homens                             ciam à instituição e, além disso, pelo
                   em torno de uma só religião que prometia o paraíso            prestígio que tais cargos conferiam a seu detentor.
                   aos cristãos. No longo período de guerras e tormentos                 Na Idade Média os bispos eram freqüentemente
                                                          do início da Idade     senhores temporais de territórios que administravam
                                                          Média a Igreja ad-     com o auxílio de um conjunto de prelados. Os aba-
                                                          ministrou o caos,      des, líderes dos mosteiros, eram também administra-
                                                          prestando assis-       dores de feudos, desempenhando a um só tempo fun-
                                                          tência aos pobres e    ção religiosa, administrativa e até mesmo militar.
                                                          indigentes, ofere-             Isso explica uma série de práticas correntes
                                                          cendo hospeda-         entre os componentes da Igreja, como a venda de car-
                                                          gem aos viajantes      gos eclesiásticos ou a indicação de parentes para
                                                          além de preservar      ocupá-los. Assim, em 926, Hébet, conde de
                                                          as obras escritas da   Vermandois, fez eleger seu filho Hugo como arcebis-
                                                          antiga cultura         po de Reims. Nessa ocasião, o "arcebispo" tinha cin-
                                                          greco-romana.          co anos de idade!
                                                                  Roma se
                                                          tornou o centro do
                                                          império da fé e                    “VOSSA VIDA AQUI É APE-
                                                          para lá convergiam            NAS UMA PEREGRINAÇÃO” DE-
                   centenas de fiéis peregrinos. Com grande poder e pres-               CLARAVA NO SÉCULO XIV O PO-
Durante a Idade
                   tígio os papas foram aclamados autoridade máxima da                  ETA GUILAUME DIGULLEVILLE
Média exerceu
grande influência cristandade, exercendo absoluto controle sobre a cris-
na transmissão     tandade no mundo ocidental. Além do papa a comple-
do                 xa hierarquia cristã se completava com o "exército" re-
conhecimento.
                                                                                         Muito tempo depois, em meados do século XIV,
                   ligioso de bispos, sacerdotes, padres e clérigos.             um jovem de dezessete anos chamado Pedro Rogério
Na gravura
acima, observa-             Estruturada e rigidamente hierarquizada, a Igreja    foi feito cardeal pelo tio, o papa Clemente VI. Em
se o trabalho de   Católica passou ao largo da confusão que se seguiu à          1370, o jovem Pedro Rogério se tornaria papa, com o
um monge                                     queda do Império Romano. A
“copista”.
                                                                                 nome de Gregório XI.
                                             consolidação do fé cristã entre             Que diferença em relação aos cristãos dos pri-
                  A lei é imposta            os germanos foi facilitada pela
                  pelo medo, cujo
                                                                                 meiros tempos! Quanto mais a Igreja adquiriu orga-
                                             conversão dos francos, na épo-      nização interna, mais os "pastores" distanciaram-se
                  nome verdadeiro
                  é Deus                     ca do rei Clóvis, em 510. Na        das "ovelhas".
                                             medida em que os francos con-               Um grande historiador da Idade Média, Pierre
                                             quistavam regiões na Europa         Riché, resumiu essa situação numa bela frase: "A
                                     Ocidental, impunham também a crença         Igreja, para salvar o corpo, arriscou-se a perder a
                      no cristianismo. Mais tarde, retribuindo o apoio dos       alma". Ou seja, no esforço para criar e manter uma
                   francos, a Igreja Católica coroou no ano 800, o rei fran-     estrutura religiosa, a instituição perdeu muito do es-
                   co Carlos Magno como rei dos cristãos.                        pírito original do Cristianismo". (In. Rivair José
                            Os frutos da hegemonia religiosa no mundo oci-       Macedo. Religiosidade e Messianismo. Editora
                   dental foram colhidos com maior intensidade a partir          Moderna. pág 19/20)
                   do século VIII, quando a Igreja consolidou-se como
                   instituição de caráter supranacional.
A TEOLOGIA MEDIEVAL                                           a vida material, Sto Agostinho exaltava a vida espiritu-
                                                              al ao lado de Deus. A felicidade perfeita seria encontra-
                                A inexistência de um          da após a breve passagem pela Terra e o posterior in-
                         poder político centralizado dei-     gresso no Paraíso.
                        xou a Igreja sem concorrentes.                O teólogo foi o pai da idéia da predestinação do
                        Como instituição mais podero-         cristão que seria mais tarde retomada por Lutero. San-
                       sa do mundo ocidental sua auto-        to Agostinho também foi importante na transição do
                      ridade eclesiástica se estendia ao      racionalismo clássico. Desenvolvendo o alicerce da
                     plano político, ideológico e mo-         espiritualidade medieval afirmava que a razão não era




                                                                                                                          O Feudalismo
ral. A cristandade seguia a orientação da Igreja, que         única fonte de sabedoria. Com isso consolidava o prin-
teve como base ideológica a obra de Santo Agostinho,          cípio da fé acima de todas as coisas. Na opinião do teó-
escrita no fim da Idade Antiga, quando Roma havia             logo, era impossível admitir a existência de Deus, cria-
sido invadida e praticamente destruída pelos bárbaros.        dor da humanidade, sem a crença na infalibilidade no
        Em 410, com o saque a Roma, houve um pâni-            poder divino. Com Santo Agostinho os padrões éticos
co generalizado. Nesse contexto Sto Agostinho escre-          foram condicionados à aprovação de Deus. Ao contrá-
veu "A Cidade de Deus", perfeita resposta espiritual à        rio dos humanistas, que supervalorizavam a razão, a
crise que ameaçava a religião católica.                       obra de Santo Agostinho legou para a Idade Média, o
        Afirma o autor em sua obra, que todo cristão          slogan de Idade da Fé, marcada no seu apogeu por um
tinha como objetivo a busca do Paraíso. Minimizando           obsessivo teocentrismo.



                              A Perigosa Viagem da Alma

              A grande maioria da população medieval era analfabeta e, assim,
        nada deixou escrito sobre suas crenças. Mas pode-se perceber cla-
      ramente a piedade popular daquela era pelas várias influências que lhe
    deram forma e que ainda hoje sobrevivem: os ensinamentos cristãos, as
          esculturas alegóricas, os versos, o “teatro de moralidades” ou
       “mistérios”; e as experiências místicas, tais como a visão simbólica e
    complicada descrita pela monja Hildegarda de Bingen num manuscrito do
     século XIII. Tais elementos de convicção persuadiam o homem medieval
      de que o mundo espiritual era tão completamente real quanto o mundo
     físico; e a importância principal da sua vida, neste mundo, consistia em
       preparar o destino de sua alma, no outro. Diariamente se travava uma
       verdadeira luta. (In. Anne Fremantle. A Idade da Fé. História Universal.
                                  Time-Life. Pág 61).

                                                            Visão mística da natureza do
                                                            homem e do seu lugar no
                                                            cosmos, tal como a recebeu uma monja




                                                               Punição Eterna para Legiões de Pecadores

                                                       O Dia de Juízo estava sempre iminente para a gente medieval e o seu
                                              programa era-lhe assustadoramente familiar. À meia-noite desse dia terrível,
                                               todas as almas deveriam aparecer em forma corporal perante o Criador. E
                                                  todos seriam pesados segundo escreveu Dante - “para, segundo seus
                                                   méritos ou suas faltas, receber o prêmio ou a punição de justiça”. Os
                                              pecadores seriam mandados ao inferno, representado às vezes pela boca de
                                              um monstro. Na visão do inferno, recebida pela freira Hildegarda de Bingen,
                                              “algumas almas eram queimadas, outras recebiam uma cinta de serpentes...
                                               E vi demônios, com medonhos açoites, vergastando uns e outros...” E no
                                                 inferno, em tormentos, os pecadores passariam a eternidade. (In. Anne
                                                     Fremantle. A Idade da Fé. História Universal. Time-Life. Pág 66).

                                             As entranhas do inferno engolem os danados com os seus incansáveis
                                             carrascos e são fechados para sempre.
PARA VOCÊ
                                                SABER
                                                MAIS.




                                   O papel social da
       O Feudalismo




                                              Igreja                                        diversos locais de caridade: às vezes
                                                                                                uma hospedaria, para alojar os
                                                                                              viajantes, os peregrinos, os men-
                                                                                              digos; às vezes hospitais para os
                                                                                             doentes, especialmente os leprosos.
                                                                                 Nessa época foram construídas as "casas de
                                                                                pobres", os primeiros asilos e albergues de que
                                 Não pensemos, todavia, que a Igreja                              se tem notícia.
                         deixava de ter profunda importância na Idade                      Desde os primeiros séculos da Idade
                         Média. Ela desempenhou importantes papéis                 Média, os bispos auxiliavam os carentes e
                      naquele momento, assumindo responsabilidades              desafortunados, alimentando-os e protegendo-
                         bastante significativas. Numa época cheia de             os. A Igreja fez da caridade uma condição da
                       calamidades, dominada pelas guerras, pela fome          salvação; daí o ditado ainda atual: "Quem dá aos
                      e pela insegurança, a organização da Igreja serviu         pobres, empresta a Deus". De modo geral, os
                         como importante ponto de apoio para os ne-              bispos eram chamados de "pais dos pobres",
                                                    cessitados.                   alguns chegando a manter centenas de indi-
                                                     Em primeiro lugar,         gentes. Além disso, os representantes da Igreja
                                        coube aos religiosos criar meios             estimulavam os poderosos a ajudar os
                                        para a transmissão da educação.                            necessitados.
                                         O ensino era praticamente todo                   Nem sempre, entretanto, esse espírito
                                             desenvolvido por homens            de caridade era desinteressado. Na maior parte
                                        ligados à Igreja, no campo e nas       das vezes, a ajuda aos pobres era vista como um
                                             cidades. As universidades          meio de purificação espiritual. Não se ajudava o
                                            surgidas a partir do séc XII,      pobre por ele ser pobre, por ter necessidades ou
                                         contaram sempre com o incen-           por ter direitos. A ajuda era um modo de o rico
                                       tivo dos papas, e os professores,         garantir um lugar no reino dos céus. Um livro
                                        de um modo geral, eram homens            escrito no século VII, chamado Vida de Santo
                                              com formação religiosa.               Elói, demonstra bem isso. Eis um trecho:
                                                    Por outro lado, numa                    "Deus teria podido fazer todos os
                                        época em que as desigualdades            homens ricos, mas quis que houvesse pobres
                                            sociais eram profundas, os            neste mundo para que os ricos tenham uma
                                           integrantes da Igreja sempre           oportunidade de redimir seus pecados". In.
                                             prestaram assistência aos                Macedo, José Rivair. Religiosidade e
                      necessitados, praticando e estimulando a prática          Messianismo na Idade Média. Editora Moderna.
Cristo em sua
majestade, tema
                                      da caridade cristã.                                           Pág. 21-22.
principal dos                    Em volta das igrejas e mosteiros, era
artistas                 comum bispos e abades mandarem construir




                         A piedade infantil do homem medieval revelava-se dramati-
               camente através de recursos por ele adotados a fim de fortificar a alma
                  durante a perigosa travessia. Imaginativo, mas de espírito literal, o
               homem da Idade Média representava como pessoas as virtudes, ou as
                  concebia como degraus de uma escada a ligar a terra ao céu. Os
                  números lhe davam um sentimento de segurança. Por exemplo o 3
                 representava o espírito, 4 o corpo; a soma de ambos, 7, a perfeição
                            mística. (In. Anne Fremantale. op. cit. pág 65.
                                           A vida luxuosa dos representantes da Igreja, representada
                                           por artistas do século XV




medievais
O Cotidiano da História
Peregrinações




                                                                                            O Feudalismo
          A peregrinação era uma viagem a um importante
local religioso. Geralmente era um santuário onde esta-
   va enterrado algum santo, mas às vezes era a própria
   Terra Santa. Todos os anos milhares de pessoas visi-
  tavam os conhecidos lugares de peregrinação, como a
   Basílica de São Pedro, em Roma, ou os santuários de
Santo Tomás à Becket, em Canterbury, ou St.James, em
                          Compostela.
           As viagens eram longas e perigosas. Bandidos
  armavam tocaias nas estradas percorridas pelos pere-
   grinos, e os piratas sabiam que os navios com
   peregrinos eram presas fáceis. Mesmo assim,
    muitas pessoas faziam peregrinações porque
  acreditavam que a visita ao túmulo de um santo
  podia ajuda-las em muitas coisas. Em casos de
doenças graves, alguns prometiam fazer uma pe-
regrinação se ficassem bons, ou iam aos lugares
  santos para mostrar que estavam arrependidos
 dos seus pecados. Com sorte e uma companhia
 agradável, a peregrinação podia ser como umas
    férias - uma mudança bem-vinda na vida coti-
diana. Durante a viagem, os peregrinos contavam
 histórias - nem todas sobre assuntos religiosos -
para distrair os outros e jogavam. Viajavam a ca-
 valo ou a pé, passando as noites em estalagens
                        lotadas.
         Quando chegavam à cidade onde estava o
santuário, eram recebidos por uma enorme quan-
 tidade de vendedores que viviam das visitas dos
peregrinos. Vendiam imagens de santos e peque-
 nos enfeites como lembrança. Relíquias falsas -
 como pedaços de osso de porco (supostamente do crâ-
nio de Santo Tomás) ou lascas de madeira (comerciadas            “Quatro caminhos levam
   como fragmentos da verdadeira cruz) - vendiam muito     a Santiago de Compostela, mas
bem. O povo acreditava que as relíquias tinham poderes    todos se juntam em Puente de la
miraculosos para afastar os demônios ou curar doenças.                Reina”.
Vendedores desonestos vendiam falsos perdões e indu-
  lgências - documentos que, segundo eles, garantiam o
  perdão dos pecadores ou a permissão para desobede-
                   cer alguma lei da Igreja.
           Os peregrinos, cansados e confusos depois da
longa jornada, eram presas fáceis para esses farsantes.
A atmosfera estranha e altamente emotiva da cidade do
santuário, com suas procissões, multidões de visitantes
   e de mendigos, certamente aumentava sua confusão.
(In. Fiona Macdonald. O Cotidiano Europeu na Idade
          Média. Editora Melhoramentos. Pág 40.
O Cotidiano da História
O Feudalismo




                    As casas residenciais
                         Quem viajava pela Europa na Idade Média via casas de diferentes for-
                      mas e tamanhos. Nos países do sul, nas margens do Mediterrâneo e nas
                      montanhas, a maioria das casas era feita de pedra do local com telhados
                     em ponta ou de telhas. No norte mais frio, onde as imensas florestas pro-
                       duziam grande quantidade de madeira, as casas eram construídas com
                       estrutura de madeira, paredes de adobe (argila com lama) e telhado de
                      palha. No século XV, começaram a usar tijolos de argila cozida, especial-
                            mente nas cidades de Flandres (que hoje pertence à Bélgica).
                        Grande parte das pessoas construía a própria casa com ajuda dos arte-
                       sãos locais. As casas de madeira mais simples precisavam ser comple-
                     tamente reconstruídas depois de setenta e cinco anos, mas as de tijolos e
                                             de pedra duravam muito mais.
                         Em qualquer parte da Europa, as casas geralmente possuíam apenas
                       um ou dois aposentos, além de depósito e estrebaria. O povo do campo
                    passava a maior parte do tempo fora de casa, voltando apenas para comer
                     e dormir e para se abrigar do frio rigoroso do inverno. Nas cidades, a idéia
                    de cômodos diferentes para comer e para dormir começava a ser colocada
A forja do           em prática. Em muitas casas da cidade a janela que dava para a rua pos-
povoado onde o
ferreiro             suía venezianas que podiam ser abaixadas para formar um balcão de loja,
consertava todo       uma vez que os artesãos e comerciantes quase sempre trabalhavam em
tipo de utensílio                                         casa.
de ferro e o              O chão normalmente era de terra batida e no centro da casa ficava o
equipamento
para trabalhar      lugar para acender o fogo, onde era feita a comida. No fim da Idade Média,
na terra.             começaram a aparecer as chaminés, que proporcionavam maior conforto
                                                      no interior das residências.
                                        A única iluminação era dada por pequenas janelas sem
                                    vidro e fechadas com pesadas portas de madeira para evitar
                                      a entrada da luz. Como as velas eram muito caras para a
                                       maioria das pessoas, o tempo que tinham para trabalhar
                                     dependia da estação do ano e da luz natural. Nas noites de
                                     inverno, as pessoas se reuniam ao redor do fogo para con-
                                         versar, mas a luz não era suficiente para trabalhar.
                                          Os móveis eram simples. Muitas vezes toda a família
                                      dormia na mesma cama, tendo um colchão de palha e co-
                                    bertores de lã ou mantas de pele como cobertas. A mesa de
                                    refeição era uma tábua sobre dois cavaletes, e sentavam-se
                                     em bancos de madeira. Cadeiras eram luxo. Podiam ter um
                                    ou dois baús de madeira trancados para guardar coisas pre-
                                       ciosas, como o sal. Poucas panelas, algumas tigelas e
                                     canecas de madeira e às vezes um caldeirão de bronze de-
                                     pendurado sobre o fogo eram quase sempre todos os uten-
                                                  sílios domésticos de uma família.
                                        (In. Fiona Macdonald. O Cotidiano Europeu na Idade
                                              Média. Editora Melhoramentos. Pág 22).
O lado curioso
                 da História




                                                                                                 O Feudalismo
         Aprendiz de cavaleiro

                   No século XII, a elite militar da Europa ocidental estava se tor-
         nando uma aristocracia social e política, mas os cavaleiros continuavam
            a ser guerreiros e sua educação enfatizava sobretudo as qualidades
         marciais. Seus ideais, tais como os de seus antepassados guerreiros da
           Alta Idade Média, eram força física, habilidade nas armas, coragem e
                                     lealdade aos líderes.
                 Durante o século XII, a essas virtudes militares acrescentaram-se
           as idéias cristãs de serviço, humildade e misericórdia para formar um
           código cavalheiresco que se disseminou pela Europa. Do treino como
           escudeiro até a elevação a cavaleiro, o jovem aprendia
          não apenas as artes do combate, mas também a ética de
         conduta cavalheiresca. Os torneiros davam ao cavaleiro a
           oportunidade de impressionar tanto por suas artes mar-
           ciais como por seu comportamento cortês. Muitos cava-
         lheiros já eram alfabetizados e, além de exaltarem a glória
             da batalha em verso, esses trovadores aristocráticos
         deleitavam-se em cantar a dor e os prazeres platônicos do
             amor cortês. (In. Given-Wilson, Cristopher. A Ordem
            feudal na Europa. História em Revista. Time-Life. Pág.
                                       24).




                                                                                       Os jovens eram
                                                                                       treinados para
                                                                                       lutar e manobrar
                                    A coleção de contos                                a unidade
                        tendo como personagem o Rei                                    montada básica
                         Artur e os Cavaleiro da Távola                                de guerra
                             Rwdonda representou a                                     medieval da
                          suprema expressão da cava-                                   Europa ocidental.
                           laria romântica. Acredita-se                                Esses corpos
                         que o verdadeiro Artur era um                                 cerrados e
                                                                                       disciplinados
                         campeão galês, do século VI;                                  foram essenciais
                        suas façanhas, contudo, foram                                  nas cargas
                        embelezadas pela lenda e a sua                                 devastadoras
                             corte transformou-se no                                   empregadas
                         símbolo perfeito da cavalaria                                 posteriormente
                         medieval. (I. Anne Fremantle.                                 nas Cruzadas.
                                  op. cit. pág. 114)



A gravura da direita mostra Sir Galaad ajoelhado diante
do altar, enquanto à esquerda o rei Artur portando a sua
coroa, contempla a cena.

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  • 1. O Feudalismo “Sabemos agora que a Idade das Trevas não foi de trevas. Ignorância, letargia, desordem, existiram como hoje e longe estiveram de predominar numa época ansiosa de conhecimento, vigorosa em seu poder de viver e de se expressar, e idealista nas suas cosntruções. Talvez não seja demais dizer que a sociedade medieval tinha formas funcionais com que a idade antiga nem sonhara, formas essas que levaram a fins jamais imaginados em épocas anteriores (...) O fato de que as condições, acontecimentos e povos se tivessem reunido de tal forma no princípio da Idade Média foi extremamente feliz para os atuais herdeiros da tradição ocidental.” Bark, Willian. As origens da Idade Média. Editora Zahar. De outro lado, os po- D o século VIII ao XII, a Europa Oci vos germanos invasores que dental viveu o apogeu da Ordem Feu deram o cheque-mate no de- dal. A sociedade que se estruturou cadente Império Romano, nessa época apresentou características peculiares e trouxeram para o mundo oci- marcou a Idade Média como a época da fé cristã e dos dental características culturais corajosos cavaleiros. Do outro lado, nos bastidores da que ajudaram na formação da história, foi também o período da servidão enquanto Ordem Feudal. Com efeito, forma de trabalho e a exploração da população cam- eram povos migrantes que ponesa que vivia na dependência dos senhores feudais. desprezavam o uso de moe- A Ordem Feudal se estruturou a partir da desa- das e valorizavam a posse de gregação do Império Romano, quando então aconte- jóias. Dentro do possível eram ceram diversas mudanças que alteraram o perfil do excelentes agricultores, culti- Mundo Antigo. A consolidação da Ordem Feudal se vando os campos quando se deu na Alta Idade Média, cronologicamente situada fixavam em algum local. Eram entre os séculos V e X. Olhando para trás na história, também excepcionais guerrei- se observa que a partir da queda do Império Romano, ros e produziam armas fantás- a população foi gradativamente abandonando as cida- ticas, desconhecidas no mun- des e migrando para as zonas rurais, fugindo das inva- do ocidental. O costume do sões germânicas. Paradoxalmente, nos campos cresci- comitatus - relação de fideli- am propriedades denominadas villas, com característi- dade guerreira entre o rei e ca de auto-suficiência que se beneficiaram bastante do seus guerreiros - contribuiu para estruturar os laços de Uma lavra de grande afluxo de mão-de-obra deslocado para os cam- suserania e vassalagem na Ordem Feudal. arado em pos. setembro aparece no breviário O Tempo da História flamengo. Para os camponeses o arado era o emblema de Séculos III - V Séculos V - IX Século IX todos os trabalhos Contribuições Romanas Contribuições germânicas Apogeu da Ordem Feudal - Colonato - Comitatus - Villas - Beneficium - Latim - Direito Consuetudinário - Cristianismo - Economia Agro-Pastoril
  • 2. Por tudo isso, a época feudal teve como carac- Parte das terras - as glebas - eram arrendadas terísticas principais a existência de uma economia na- aos camponeses que pagavam uma parte da produção tural baseada na troca de mercadorias, raramente ocor- ao senhor feudal. Além do pagamento percentual por rendo o uso de moedas. Normalmente as trocas se da- região cultivada os servos desempenhavam o trabalho vam dentro dos próprios feudos, pois o comércio entre não remunerado nas melhores terras do feudo desig- os feudos não era frequente. No aspecto político ca- nadas como domínio ou reserva senhorial. Essa obri- racterizou-se como um período descentralizado e frag- gação chamada - corvéia - é considerada por muitos mentado, onde cada feudo tinha grande autonomia e historiadores, como a grande fonte de lucro do senhor os senhores feudais eram suprema autoridade nas suas feudal, por se tratar do plantio nas áreas de melhor terras. No aspecto social foi uma época marcada pela qualidade, conseqüentemente, de melhor produtivida- O Feudalismo grande dependência, entre servos e senhores feudais e de. vassalos e suseranos. Normalmente, em três dias da semana o servo cultivava a área arrendada no contrato e nos outros três, cultivava o domínio, sem nada ganhar por isso. O FEUDALISMO FOI UM SISTEMA Além dessas obrigações havia uma grande carga de DE GOVERNOIMPROVISADO E TEMPO- impostos, tais como: RÁRIO, QUE PROPORCIONOU UMA CERTA ORDEM, JUSTIÇA E LEI DURAN- banalidades - taxas cobradas pelo uso do TE UMA ÉPOCA DE COLAPSO, LOCA- forno, do moinho, carroças e instrumentos LISMO E TRANSIÇÃO. In Marwin Perry de trabalho. A necessidade de moer o trigo para o pão e prensar a uva para o fabrico do vinho, colocava o servo nas mãos do senhor feudal, obrigando-o ao pagamento das banalidades. mão-morta - imposto pago pelos herdei- ros do servo que garantia a permanência na terra. capitação - imposto pago em proporção do número de familiares do servo. dízimo - imposto cobrado pela Igreja Ca- tólica, apelidado de "Tostão de Pedro". Essa intrincada rede de impostos ligava os ser- vos ao senhor feudal, dificultando ao máximo o desli- gamento e obtenção da autonomia servil. Entretanto a servidão não era a escravidão. O senhor não podia ven- der o servo. Em contrapartida, um servo nascia e nor- malmente morria na terra, sendo raro o deslocamento de servos para outros feudos. Mais tarde, a partir do século XII, com o dinamismo do comércio e o cresci- mento das cidades esse quadro tenderia a mudar para uma sociedade mais dinâmica e de melhores oportuni- dades. Modelo de feudo, O FEUDO E OS SERVOS unidade de produção típica da idade Média. Geralmente os feudos eram grandes extensões O FEUDALISMO NÃO CONSTITUÍA Ao lado, de terra sem delimitações precisas, o que naturalmente UM SISTEMA DEDUZIDO LOGICAMEN- esquema de provocava constantes conflitos entre os senhores feu- rotação de TE DE PRINCÍPIOS ABSTRATOS, MAS culturas em três dais. Ao contrário do que se pensa, nem todos os feudos UMA RESPOSTA IMPROVISADA AO DE- campos. tinham suntuosos castelos, sendo mais comum a habi- SAFIO RESULTANTE DE UMA AUTORI- Hitstória Geral. tação básica, onde viviam o nobre feudal e os familia- DADE CENTRAL INEFICIENTE. Claudio res. Vicentino. pág 108. Imensas florestas circundavam os feudos, sen- do úteis na proteção do local e no fornecimento de ma- deira e caça de animais selvagens. Calcula-se que no auge do feudalismo, pelo menos metade das terras do ocidente, eram gigantescas e imensas florestas.
  • 3. A atividade agrícola era extensiva com Quanto maior o número de vassalos maior o baixíssima produtividade. O arado era de madeira com poder do suserano. A escolha de um rei para manter a formato inconveniente que pouco sulcava a terra. O ordem numa região, obrigatoriamente recaía sobre os esterco só era utilizado na área do manso senhorial e suseranos mais poderosos. Muitos tinham dezenas de até o século XI a rotação de terras era adotada em vassalos interligados pelo juramento de lealdade e obe- raríssimos feudos. Em geral a produção agrícola era diência. No caso de conflito entre nobres feudais o inferior à necessidade de consumo. Longos períodos suserano podia exercer o papel de mediador e juiz. Con- de secas e pragas destruíam as plantações e a baixa tudo, apesar de todo o prestígio os reis tinham autori- produtividade mesclava-se com a escassez de técnicas dade política restrita aos limites do feudo, não interfe- que pudessem melhorar a agricultura. rindo nos feudos dos vassalos. A existência dos reis não O Feudalismo diminuía a característica de descentralização, marca re- gistrada da Europa Ocidental desde o início da Idade Média. Daí o slogan político referente ao período me- “QUALQUER ECONOMIA BASEA- dieval: Os reis, reinam mas não governam. DA NA AGRICULTURA É SEMPRE PRE- CÁRIA, MESMO EM TEMPOS PROPÍCI- OS; NO INÍCIO DA IDADE MÉDIA ELA ERA UMA RISCO PERMANENTE”. In. Anne Fremantle A alta taxa de mortalidade ajustava a oferta de mão-de-obra impedindo um excedente incômodo para os nobres feudais. Em relação a área cultivada, havia um certo equilíbrio entre mão-de-obra e trabalho ofe- recido. Embora a servidão fosse predominante, em al- Feudos como este, nos guns feudos ainda se usava trabalho escravo no servi- montes ço mais pesado. A opção pelo escravo era contida pelo Costwold da alto valor de aquisição e a escassez de fornecimento. Inglaterra eram O final das conquistas romanas cortou a fonte de ob- quase auto- suficientes. Do tenção da mão-de-obra escrava, que foi desaparecen- relativo conforto do gradativamente ao longo da Idade Média. de sua mansão de pedra o A fragmentação política do período influenciou senhor mandava SUSERANIA E VASSALAGEM em quase tudo. o desmembramento das leis que existiam em caráter Entre os nobres havia a relação de suserania e local. Como não existiam nações no aspecto formal, vassalagem. Consistia no contrato entre dois indivídu- não existiam também leis nacionais. Nos feudos eram os, em que o nobre suserano concedia ao seu vassalo adotadas leis particulares transmitidas de pai para filho o direito de uso de um feudo ou terras de menor porte, - Direito Consuetudinário. A justiça era implacável com garantindo em troca a lealdade do vassalo em qual- os mais humildes e todo castelo tinha masmorra e pri- quer circunstância. A cerimônia de nomeação e sões subterrâneas. Os castigos eram severos, podendo- vassalagem contava com a presença de todos os no- se arrancar os olhos do infrator, decepar-lhe as mãos bres e cavaleiros do feudo. Normalmente o juramento ou imersão do corpo em água quente. Os critérios de acontecia num feriado santificado, o que garantia a justiça dependiam do bom humor do senhor feudal e participação de figuras ilustres do clero. O ritual de normalmente castigava os mais pobres de forma radi- vassalagem exigia do vassalo o juramento de lealdade, cal. ajoelhado aos pés do seu senhor suserano.
  • 4. A Igreja Católica Boa parte da riqueza foi obtida com doações de nobres que acreditavam (ou fin- S O Feudalismo e a Idade Média foi a época dos cavalei giam acreditar) receber um lugar ga- ros e dos servos foi também a Idade da rantido no céu. Fé, quando então a Igreja Católica teve "O cargo de papa, como o nas mãos um poder de caráter supranacional, acima de cargo de bispo e abade, tornou-se todos os homens na terra. Com efeito, após o início objeto de disputas políticas. Por das invasões germânicas e a consequente fragmenta- quê? Por causa do volume de bens, ção de toda a Europa Ocidental, a Igreja exerceu o pa- direitos e propriedades que perten- pel de convergência na fé em Deus, unindo os homens ciam à instituição e, além disso, pelo em torno de uma só religião que prometia o paraíso prestígio que tais cargos conferiam a seu detentor. aos cristãos. No longo período de guerras e tormentos Na Idade Média os bispos eram freqüentemente do início da Idade senhores temporais de territórios que administravam Média a Igreja ad- com o auxílio de um conjunto de prelados. Os aba- ministrou o caos, des, líderes dos mosteiros, eram também administra- prestando assis- dores de feudos, desempenhando a um só tempo fun- tência aos pobres e ção religiosa, administrativa e até mesmo militar. indigentes, ofere- Isso explica uma série de práticas correntes cendo hospeda- entre os componentes da Igreja, como a venda de car- gem aos viajantes gos eclesiásticos ou a indicação de parentes para além de preservar ocupá-los. Assim, em 926, Hébet, conde de as obras escritas da Vermandois, fez eleger seu filho Hugo como arcebis- antiga cultura po de Reims. Nessa ocasião, o "arcebispo" tinha cin- greco-romana. co anos de idade! Roma se tornou o centro do império da fé e “VOSSA VIDA AQUI É APE- para lá convergiam NAS UMA PEREGRINAÇÃO” DE- centenas de fiéis peregrinos. Com grande poder e pres- CLARAVA NO SÉCULO XIV O PO- Durante a Idade tígio os papas foram aclamados autoridade máxima da ETA GUILAUME DIGULLEVILLE Média exerceu grande influência cristandade, exercendo absoluto controle sobre a cris- na transmissão tandade no mundo ocidental. Além do papa a comple- do xa hierarquia cristã se completava com o "exército" re- conhecimento. Muito tempo depois, em meados do século XIV, ligioso de bispos, sacerdotes, padres e clérigos. um jovem de dezessete anos chamado Pedro Rogério Na gravura acima, observa- Estruturada e rigidamente hierarquizada, a Igreja foi feito cardeal pelo tio, o papa Clemente VI. Em se o trabalho de Católica passou ao largo da confusão que se seguiu à 1370, o jovem Pedro Rogério se tornaria papa, com o um monge queda do Império Romano. A “copista”. nome de Gregório XI. consolidação do fé cristã entre Que diferença em relação aos cristãos dos pri- A lei é imposta os germanos foi facilitada pela pelo medo, cujo meiros tempos! Quanto mais a Igreja adquiriu orga- conversão dos francos, na épo- nização interna, mais os "pastores" distanciaram-se nome verdadeiro é Deus ca do rei Clóvis, em 510. Na das "ovelhas". medida em que os francos con- Um grande historiador da Idade Média, Pierre quistavam regiões na Europa Riché, resumiu essa situação numa bela frase: "A Ocidental, impunham também a crença Igreja, para salvar o corpo, arriscou-se a perder a no cristianismo. Mais tarde, retribuindo o apoio dos alma". Ou seja, no esforço para criar e manter uma francos, a Igreja Católica coroou no ano 800, o rei fran- estrutura religiosa, a instituição perdeu muito do es- co Carlos Magno como rei dos cristãos. pírito original do Cristianismo". (In. Rivair José Os frutos da hegemonia religiosa no mundo oci- Macedo. Religiosidade e Messianismo. Editora dental foram colhidos com maior intensidade a partir Moderna. pág 19/20) do século VIII, quando a Igreja consolidou-se como instituição de caráter supranacional.
  • 5. A TEOLOGIA MEDIEVAL a vida material, Sto Agostinho exaltava a vida espiritu- al ao lado de Deus. A felicidade perfeita seria encontra- A inexistência de um da após a breve passagem pela Terra e o posterior in- poder político centralizado dei- gresso no Paraíso. xou a Igreja sem concorrentes. O teólogo foi o pai da idéia da predestinação do Como instituição mais podero- cristão que seria mais tarde retomada por Lutero. San- sa do mundo ocidental sua auto- to Agostinho também foi importante na transição do ridade eclesiástica se estendia ao racionalismo clássico. Desenvolvendo o alicerce da plano político, ideológico e mo- espiritualidade medieval afirmava que a razão não era O Feudalismo ral. A cristandade seguia a orientação da Igreja, que única fonte de sabedoria. Com isso consolidava o prin- teve como base ideológica a obra de Santo Agostinho, cípio da fé acima de todas as coisas. Na opinião do teó- escrita no fim da Idade Antiga, quando Roma havia logo, era impossível admitir a existência de Deus, cria- sido invadida e praticamente destruída pelos bárbaros. dor da humanidade, sem a crença na infalibilidade no Em 410, com o saque a Roma, houve um pâni- poder divino. Com Santo Agostinho os padrões éticos co generalizado. Nesse contexto Sto Agostinho escre- foram condicionados à aprovação de Deus. Ao contrá- veu "A Cidade de Deus", perfeita resposta espiritual à rio dos humanistas, que supervalorizavam a razão, a crise que ameaçava a religião católica. obra de Santo Agostinho legou para a Idade Média, o Afirma o autor em sua obra, que todo cristão slogan de Idade da Fé, marcada no seu apogeu por um tinha como objetivo a busca do Paraíso. Minimizando obsessivo teocentrismo. A Perigosa Viagem da Alma A grande maioria da população medieval era analfabeta e, assim, nada deixou escrito sobre suas crenças. Mas pode-se perceber cla- ramente a piedade popular daquela era pelas várias influências que lhe deram forma e que ainda hoje sobrevivem: os ensinamentos cristãos, as esculturas alegóricas, os versos, o “teatro de moralidades” ou “mistérios”; e as experiências místicas, tais como a visão simbólica e complicada descrita pela monja Hildegarda de Bingen num manuscrito do século XIII. Tais elementos de convicção persuadiam o homem medieval de que o mundo espiritual era tão completamente real quanto o mundo físico; e a importância principal da sua vida, neste mundo, consistia em preparar o destino de sua alma, no outro. Diariamente se travava uma verdadeira luta. (In. Anne Fremantle. A Idade da Fé. História Universal. Time-Life. Pág 61). Visão mística da natureza do homem e do seu lugar no cosmos, tal como a recebeu uma monja Punição Eterna para Legiões de Pecadores O Dia de Juízo estava sempre iminente para a gente medieval e o seu programa era-lhe assustadoramente familiar. À meia-noite desse dia terrível, todas as almas deveriam aparecer em forma corporal perante o Criador. E todos seriam pesados segundo escreveu Dante - “para, segundo seus méritos ou suas faltas, receber o prêmio ou a punição de justiça”. Os pecadores seriam mandados ao inferno, representado às vezes pela boca de um monstro. Na visão do inferno, recebida pela freira Hildegarda de Bingen, “algumas almas eram queimadas, outras recebiam uma cinta de serpentes... E vi demônios, com medonhos açoites, vergastando uns e outros...” E no inferno, em tormentos, os pecadores passariam a eternidade. (In. Anne Fremantle. A Idade da Fé. História Universal. Time-Life. Pág 66). As entranhas do inferno engolem os danados com os seus incansáveis carrascos e são fechados para sempre.
  • 6. PARA VOCÊ SABER MAIS. O papel social da O Feudalismo Igreja diversos locais de caridade: às vezes uma hospedaria, para alojar os viajantes, os peregrinos, os men- digos; às vezes hospitais para os doentes, especialmente os leprosos. Nessa época foram construídas as "casas de pobres", os primeiros asilos e albergues de que Não pensemos, todavia, que a Igreja se tem notícia. deixava de ter profunda importância na Idade Desde os primeiros séculos da Idade Média. Ela desempenhou importantes papéis Média, os bispos auxiliavam os carentes e naquele momento, assumindo responsabilidades desafortunados, alimentando-os e protegendo- bastante significativas. Numa época cheia de os. A Igreja fez da caridade uma condição da calamidades, dominada pelas guerras, pela fome salvação; daí o ditado ainda atual: "Quem dá aos e pela insegurança, a organização da Igreja serviu pobres, empresta a Deus". De modo geral, os como importante ponto de apoio para os ne- bispos eram chamados de "pais dos pobres", cessitados. alguns chegando a manter centenas de indi- Em primeiro lugar, gentes. Além disso, os representantes da Igreja coube aos religiosos criar meios estimulavam os poderosos a ajudar os para a transmissão da educação. necessitados. O ensino era praticamente todo Nem sempre, entretanto, esse espírito desenvolvido por homens de caridade era desinteressado. Na maior parte ligados à Igreja, no campo e nas das vezes, a ajuda aos pobres era vista como um cidades. As universidades meio de purificação espiritual. Não se ajudava o surgidas a partir do séc XII, pobre por ele ser pobre, por ter necessidades ou contaram sempre com o incen- por ter direitos. A ajuda era um modo de o rico tivo dos papas, e os professores, garantir um lugar no reino dos céus. Um livro de um modo geral, eram homens escrito no século VII, chamado Vida de Santo com formação religiosa. Elói, demonstra bem isso. Eis um trecho: Por outro lado, numa "Deus teria podido fazer todos os época em que as desigualdades homens ricos, mas quis que houvesse pobres sociais eram profundas, os neste mundo para que os ricos tenham uma integrantes da Igreja sempre oportunidade de redimir seus pecados". In. prestaram assistência aos Macedo, José Rivair. Religiosidade e necessitados, praticando e estimulando a prática Messianismo na Idade Média. Editora Moderna. Cristo em sua majestade, tema da caridade cristã. Pág. 21-22. principal dos Em volta das igrejas e mosteiros, era artistas comum bispos e abades mandarem construir A piedade infantil do homem medieval revelava-se dramati- camente através de recursos por ele adotados a fim de fortificar a alma durante a perigosa travessia. Imaginativo, mas de espírito literal, o homem da Idade Média representava como pessoas as virtudes, ou as concebia como degraus de uma escada a ligar a terra ao céu. Os números lhe davam um sentimento de segurança. Por exemplo o 3 representava o espírito, 4 o corpo; a soma de ambos, 7, a perfeição mística. (In. Anne Fremantale. op. cit. pág 65. A vida luxuosa dos representantes da Igreja, representada por artistas do século XV medievais
  • 7. O Cotidiano da História Peregrinações O Feudalismo A peregrinação era uma viagem a um importante local religioso. Geralmente era um santuário onde esta- va enterrado algum santo, mas às vezes era a própria Terra Santa. Todos os anos milhares de pessoas visi- tavam os conhecidos lugares de peregrinação, como a Basílica de São Pedro, em Roma, ou os santuários de Santo Tomás à Becket, em Canterbury, ou St.James, em Compostela. As viagens eram longas e perigosas. Bandidos armavam tocaias nas estradas percorridas pelos pere- grinos, e os piratas sabiam que os navios com peregrinos eram presas fáceis. Mesmo assim, muitas pessoas faziam peregrinações porque acreditavam que a visita ao túmulo de um santo podia ajuda-las em muitas coisas. Em casos de doenças graves, alguns prometiam fazer uma pe- regrinação se ficassem bons, ou iam aos lugares santos para mostrar que estavam arrependidos dos seus pecados. Com sorte e uma companhia agradável, a peregrinação podia ser como umas férias - uma mudança bem-vinda na vida coti- diana. Durante a viagem, os peregrinos contavam histórias - nem todas sobre assuntos religiosos - para distrair os outros e jogavam. Viajavam a ca- valo ou a pé, passando as noites em estalagens lotadas. Quando chegavam à cidade onde estava o santuário, eram recebidos por uma enorme quan- tidade de vendedores que viviam das visitas dos peregrinos. Vendiam imagens de santos e peque- nos enfeites como lembrança. Relíquias falsas - como pedaços de osso de porco (supostamente do crâ- nio de Santo Tomás) ou lascas de madeira (comerciadas “Quatro caminhos levam como fragmentos da verdadeira cruz) - vendiam muito a Santiago de Compostela, mas bem. O povo acreditava que as relíquias tinham poderes todos se juntam em Puente de la miraculosos para afastar os demônios ou curar doenças. Reina”. Vendedores desonestos vendiam falsos perdões e indu- lgências - documentos que, segundo eles, garantiam o perdão dos pecadores ou a permissão para desobede- cer alguma lei da Igreja. Os peregrinos, cansados e confusos depois da longa jornada, eram presas fáceis para esses farsantes. A atmosfera estranha e altamente emotiva da cidade do santuário, com suas procissões, multidões de visitantes e de mendigos, certamente aumentava sua confusão. (In. Fiona Macdonald. O Cotidiano Europeu na Idade Média. Editora Melhoramentos. Pág 40.
  • 8. O Cotidiano da História O Feudalismo As casas residenciais Quem viajava pela Europa na Idade Média via casas de diferentes for- mas e tamanhos. Nos países do sul, nas margens do Mediterrâneo e nas montanhas, a maioria das casas era feita de pedra do local com telhados em ponta ou de telhas. No norte mais frio, onde as imensas florestas pro- duziam grande quantidade de madeira, as casas eram construídas com estrutura de madeira, paredes de adobe (argila com lama) e telhado de palha. No século XV, começaram a usar tijolos de argila cozida, especial- mente nas cidades de Flandres (que hoje pertence à Bélgica). Grande parte das pessoas construía a própria casa com ajuda dos arte- sãos locais. As casas de madeira mais simples precisavam ser comple- tamente reconstruídas depois de setenta e cinco anos, mas as de tijolos e de pedra duravam muito mais. Em qualquer parte da Europa, as casas geralmente possuíam apenas um ou dois aposentos, além de depósito e estrebaria. O povo do campo passava a maior parte do tempo fora de casa, voltando apenas para comer e dormir e para se abrigar do frio rigoroso do inverno. Nas cidades, a idéia de cômodos diferentes para comer e para dormir começava a ser colocada A forja do em prática. Em muitas casas da cidade a janela que dava para a rua pos- povoado onde o ferreiro suía venezianas que podiam ser abaixadas para formar um balcão de loja, consertava todo uma vez que os artesãos e comerciantes quase sempre trabalhavam em tipo de utensílio casa. de ferro e o O chão normalmente era de terra batida e no centro da casa ficava o equipamento para trabalhar lugar para acender o fogo, onde era feita a comida. No fim da Idade Média, na terra. começaram a aparecer as chaminés, que proporcionavam maior conforto no interior das residências. A única iluminação era dada por pequenas janelas sem vidro e fechadas com pesadas portas de madeira para evitar a entrada da luz. Como as velas eram muito caras para a maioria das pessoas, o tempo que tinham para trabalhar dependia da estação do ano e da luz natural. Nas noites de inverno, as pessoas se reuniam ao redor do fogo para con- versar, mas a luz não era suficiente para trabalhar. Os móveis eram simples. Muitas vezes toda a família dormia na mesma cama, tendo um colchão de palha e co- bertores de lã ou mantas de pele como cobertas. A mesa de refeição era uma tábua sobre dois cavaletes, e sentavam-se em bancos de madeira. Cadeiras eram luxo. Podiam ter um ou dois baús de madeira trancados para guardar coisas pre- ciosas, como o sal. Poucas panelas, algumas tigelas e canecas de madeira e às vezes um caldeirão de bronze de- pendurado sobre o fogo eram quase sempre todos os uten- sílios domésticos de uma família. (In. Fiona Macdonald. O Cotidiano Europeu na Idade Média. Editora Melhoramentos. Pág 22).
  • 9. O lado curioso da História O Feudalismo Aprendiz de cavaleiro No século XII, a elite militar da Europa ocidental estava se tor- nando uma aristocracia social e política, mas os cavaleiros continuavam a ser guerreiros e sua educação enfatizava sobretudo as qualidades marciais. Seus ideais, tais como os de seus antepassados guerreiros da Alta Idade Média, eram força física, habilidade nas armas, coragem e lealdade aos líderes. Durante o século XII, a essas virtudes militares acrescentaram-se as idéias cristãs de serviço, humildade e misericórdia para formar um código cavalheiresco que se disseminou pela Europa. Do treino como escudeiro até a elevação a cavaleiro, o jovem aprendia não apenas as artes do combate, mas também a ética de conduta cavalheiresca. Os torneiros davam ao cavaleiro a oportunidade de impressionar tanto por suas artes mar- ciais como por seu comportamento cortês. Muitos cava- lheiros já eram alfabetizados e, além de exaltarem a glória da batalha em verso, esses trovadores aristocráticos deleitavam-se em cantar a dor e os prazeres platônicos do amor cortês. (In. Given-Wilson, Cristopher. A Ordem feudal na Europa. História em Revista. Time-Life. Pág. 24). Os jovens eram treinados para lutar e manobrar A coleção de contos a unidade tendo como personagem o Rei montada básica Artur e os Cavaleiro da Távola de guerra Rwdonda representou a medieval da suprema expressão da cava- Europa ocidental. laria romântica. Acredita-se Esses corpos que o verdadeiro Artur era um cerrados e disciplinados campeão galês, do século VI; foram essenciais suas façanhas, contudo, foram nas cargas embelezadas pela lenda e a sua devastadoras corte transformou-se no empregadas símbolo perfeito da cavalaria posteriormente medieval. (I. Anne Fremantle. nas Cruzadas. op. cit. pág. 114) A gravura da direita mostra Sir Galaad ajoelhado diante do altar, enquanto à esquerda o rei Artur portando a sua coroa, contempla a cena.