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O ESPÍRITO DORME NO MINERAL
Ainda hoje, as teorias darwinistas são objeto de preconceito nos círculos religiosos
dos Estados Unidos. Por incrível que pareça, o cientista Charles Darwin voltou a ser
considerado um herege, como no tempo em que publicou um dos livros mais importantes
da história da ciência, A Origem das Espécies (1859), provocando violenta reação de
religiosos e conservadores. Não resta dúvida de que para superar os preconceitos
arraigados dos dogmáticos da religião, vale lembrar o que disse Albert Einstein: “é mais
fácil desintegrar o núcleo de um átomo do que um preconceito”.
O lobby religioso está longe de se restringir aos estados americanos mais religiosos
e vem atuando com desenvoltura por todo o país. Já existem cerca de vinte Projetos de Lei
enviados às assembléias locais. Esses projetos ganharam um poderoso defensor: o
presidente George W. Bush. Numa entrevista no Texas, ele apoiou os grupos que
defendem o direito de “ensinar a controvérsia”.
Recentemente, o diretor de uma escola pública na pequena cidade de Dover, na
Pensilvânia, lançou um manifesto no qual afirma que o pensamento evolucionista de
Charles Darwin, obrigatório no currículo escolar, “é só uma teoria, não um fato”. Como
alternativa, o texto sugere a idéia de que um “design inteligente” teria criado os seres vivos
tais como agora os conhecemos, sob a explicação de que a vida é complexa demais para
ter sido criada ao acaso.
JUSTIÇA A DARWIN
Antes de tudo, é necessária a correção de um equívoco para se fazer justiça a
Charles Darwin, já que a vertente que hoje se denomina darwinista é, na verdade,
neodarwinista. É que Darwin, após a conclusão de seu trabalho, chamou a atenção para o
fato de que sua teoria não era capaz de explicar o todo, mas sim parte da evolução das
espécies. E afirmou, na conclusão de seu livro, que “a origem da vida foi planejada
primitivamente por um criador”. Foram os neodarwinistas que preencheram algumas das
lacunas deixadas por Darwin, com as leis da Genética, e atribuíram ao “acaso” aquilo que
não puderam explicar. Esse absurdo não tem lógica, tendo em vista que o Universo não
pode ter sido obra do “acaso”, mas sim de uma causa inteligente e primária de todas as
coisas, a que Darwin chamou de “criador”.
Devemos também lembrar, para melhor compreensão do assunto, que o
criacionismo religioso tem predominado nos conceitos humanos em função de cada
religião ter sua própria teoria a respeito da origem dos seres, admitindo que as suas
diferentes espécies são imutáveis. Porém, o respeito aos Textos Sagrados não pode
obrigar a Ciência a calar-se, por ser a sua missão descobrir as leis da Natureza. Sendo
essas leis obra de Deus, jamais elas serão contrárias às religiões baseadas na verdade.
Foi por essa razão que, no século XIX, a partir do trabalho de cientistas como Charles
Darwin, surgiram novas idéias sobre a origem e a evolução dos seres vivos.
O EQUÍVOCO DOS CRIACIONISTAS
É bom salientar que, enquanto os criacionistas admitem que o planeta tenha
somente entre 6 e 10 mil anos de existência, o pesquisador e escritor norte-americano
Henry Thomas, no livro A História da Raça Humana, diz que “foram necessários 40
milhões de anos para que o macaco se transformasse no homem-macaco. Mais de 300 mil
anos levou ele para aprender a andar de cabeça erguida e para matar sua presa com
instrumentos de pedra”.
A ciência de hoje concluiu que a Terra se formou há pelo menos 4,5 bilhões de
anos, através da condensação de poeira cósmica liberada pela grande explosão (Big
Bang) que originou o Universo. Depois de 1,5 bilhão de anos, com o resfriamento da
superfície terrestre, esta abrigou as primeiras organizações moleculares. Delas
apareceram os sistemas protéicos, e estes primitivos elementos foram tornando-se cada
vez mais complexos, até se tornarem as células que hoje conhecemos como seres
unicelulares, tanto vegetais quanto animais.
Charles Darwin, em sua obra A Origem das Espécies, demonstrou a tendência dos
animais de se afastarem de sua origem ancestral por mutação e seleção natural, formando
novas espécies com características diferentes. Com algumas inovações introduzidas pelos
avanços da Ciência, a teoria darwinista é ainda a que melhor explica a biodiversidade de
nosso planeta. Não há, portanto, um ser vivo pronto e perfeito na Terra. Tudo está em
evolução, e isso não é simplesmente uma teoria; trata-se de fatos comprovados pela
Ciência. E contra a evidência dos fatos, como se sabe, não há argumentos
preconceituosos que resistam ao crivo da razão e do tempo.
Um exemplo esclarece a questão: o homem é o produto evolutivo de uma espécie
simiesca, cujos ancestrais já desapareceram. Isto é, uma determinada espécie de
macacos, há milhares de anos atrás, começou a se desenvolver na direção do que somos
fisicamente hoje. Nenhuma outra espécie de macaco seguiu essa rota evolutiva, mas cada
uma percorreu e percorre rotas paralelas.
EVOLUÇÃO E ESPIRITISMO
Até o advento do Espiritismo, predominava na civilização ocidental a idéia da
criação do espírito no momento do nascimento do ser, em especial do Homem, pois o
animal era considerado sem alma. Com a publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857, e
a posterior complementação do pensamento espírita ali enfeixado, novas luzes surgiram
para o entendimento da evolução do Espírito. Interessante é notar que a obra de Darwin
surgiu apenas dois anos depois!
Vários autores, encarnados e desencarnados, contribuíram para compreendermos a
grande luta evolutiva desde a formação do planeta Terra até os dias atuais, trazida pela
mônada celeste para chegar à condição de Humanidade. Dentre esses, os Espíritos André
Luiz e Emmanuel, pelo médium Chico Xavier, trouxeram idéias que se vão juntando para
formar o grande quebra-cabeça da evolução espiritual, tanto no mundo físico como no
extra-fisico.
AÇÃO DE JESUS
Por informações dos espíritos, sabemos que Jesus já era um espírito evoluidíssimo,
há bilhões de anos. Esta condição fez com que recebesse de Deus a incumbência de
organizar e desenvolver o Planeta Terra. Ele, então, convocou Espíritos de superior
hierarquia e sabedoria para assessorá-lo nessa grande tarefa, formando uma Assembléia
de Espíritos encarregados da execução de suas ordens.
Emmanuel, no livro “A Caminho da Luz” relata que “(...) quando serenaram os
elementos do mundo nascente, (...) viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos
espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório
planetário em repouso. Daí algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo
dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a
Terra. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara
Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens”.
Tem-se, assim, a notícia de que o princípio inteligente, criado por Deus, fôra
semeado na Terra quando houve condições climáticas e ambientais para o
desenvolvimento das primeiras substâncias capazes de desenvolverem trocas metabólicas
com o meio onde se encontravam.
DO PRINCÍPIO INTELIGENTE AO REINO ANIMAL
Em cada reino da natureza, o princípio inteligente foi adquirindo aprendizado longo e
laborioso, mas constante e contínuo na esteira do tempo. No reino mineral, onde
predomina a rígida lei dos princípios químicos e físicos, o ser divino só obedece, sem
tentar impor a sua inteligência, pois é, nesta fase, um aluno ávido por conhecer os
segredos da química e da física. Após longo tempo, o reino vegetal surge como um novo
campo de trabalho, expressando, de um modo mais elaborado, os conhecimentos
adquiridos pelo ser, num domínio dos princípios físico-químicos pela inteligência
desenvolvida.
Há, portanto, a predominância da inteligência sobre os rígidos fenômenos da
matéria, apresentando características supramateriais, tal como a capacidade de responder
aos estímulos ambientais. No reino animal, há claramente o domínio da inteligência para
dirigir os recursos do funcionamento orgânico, quer seja a nível celular ou sistêmico; o ser
dirige a matéria, explorando suas potencialidades e conduzindo suas reações para fins
específicos, com objetivos bem elaborados. Atingindo a condição de hominal, o fruto de
seu longo e elaborado aprendizado é expresso de forma contínua e interligada, o que
chamamos de raciocínio inteligente.
Em suma: podemos conciliar a idéia do Criacionismo, no sentido de que Deus é a
causa primária de todas as coisas, com a do Evolucionismo, pelo fato de que há uma
evolução universal, como pode ser resumido na expressão do renomado filósofo espírita
Léon Denis: “o Espírito dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta
no homem”.
BIBLIOGRAFIA
DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 13.ed. Rio de Janeiro, FEB,
1985. 404 p.
KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução
de Guillon Ribeiro. 37.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 423 p.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 80.ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1998. 494 p.
THOMAS, Henry. A História da Raça Humana. 9.ed. São Paulo: Ed. Globo.
XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 24.ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1999. 218 p.
XAVIER, Francisco Cândido; e VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo
Espírito André Luiz. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999 219 p.
Gerson Simões Monteiro
é Presidente da Fundação Cristã-Espírita
Cultural Paulo de Tarso
e-mail: gerson@radioriodejaneiro.am.br

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2005 dezgmo espiritodormenomineralespiritismoeciencia

  • 1. O ESPÍRITO DORME NO MINERAL Ainda hoje, as teorias darwinistas são objeto de preconceito nos círculos religiosos dos Estados Unidos. Por incrível que pareça, o cientista Charles Darwin voltou a ser considerado um herege, como no tempo em que publicou um dos livros mais importantes da história da ciência, A Origem das Espécies (1859), provocando violenta reação de religiosos e conservadores. Não resta dúvida de que para superar os preconceitos arraigados dos dogmáticos da religião, vale lembrar o que disse Albert Einstein: “é mais fácil desintegrar o núcleo de um átomo do que um preconceito”. O lobby religioso está longe de se restringir aos estados americanos mais religiosos e vem atuando com desenvoltura por todo o país. Já existem cerca de vinte Projetos de Lei enviados às assembléias locais. Esses projetos ganharam um poderoso defensor: o presidente George W. Bush. Numa entrevista no Texas, ele apoiou os grupos que defendem o direito de “ensinar a controvérsia”. Recentemente, o diretor de uma escola pública na pequena cidade de Dover, na Pensilvânia, lançou um manifesto no qual afirma que o pensamento evolucionista de Charles Darwin, obrigatório no currículo escolar, “é só uma teoria, não um fato”. Como alternativa, o texto sugere a idéia de que um “design inteligente” teria criado os seres vivos tais como agora os conhecemos, sob a explicação de que a vida é complexa demais para ter sido criada ao acaso. JUSTIÇA A DARWIN Antes de tudo, é necessária a correção de um equívoco para se fazer justiça a Charles Darwin, já que a vertente que hoje se denomina darwinista é, na verdade, neodarwinista. É que Darwin, após a conclusão de seu trabalho, chamou a atenção para o fato de que sua teoria não era capaz de explicar o todo, mas sim parte da evolução das espécies. E afirmou, na conclusão de seu livro, que “a origem da vida foi planejada primitivamente por um criador”. Foram os neodarwinistas que preencheram algumas das lacunas deixadas por Darwin, com as leis da Genética, e atribuíram ao “acaso” aquilo que não puderam explicar. Esse absurdo não tem lógica, tendo em vista que o Universo não pode ter sido obra do “acaso”, mas sim de uma causa inteligente e primária de todas as coisas, a que Darwin chamou de “criador”. Devemos também lembrar, para melhor compreensão do assunto, que o criacionismo religioso tem predominado nos conceitos humanos em função de cada religião ter sua própria teoria a respeito da origem dos seres, admitindo que as suas diferentes espécies são imutáveis. Porém, o respeito aos Textos Sagrados não pode obrigar a Ciência a calar-se, por ser a sua missão descobrir as leis da Natureza. Sendo essas leis obra de Deus, jamais elas serão contrárias às religiões baseadas na verdade. Foi por essa razão que, no século XIX, a partir do trabalho de cientistas como Charles Darwin, surgiram novas idéias sobre a origem e a evolução dos seres vivos. O EQUÍVOCO DOS CRIACIONISTAS É bom salientar que, enquanto os criacionistas admitem que o planeta tenha somente entre 6 e 10 mil anos de existência, o pesquisador e escritor norte-americano Henry Thomas, no livro A História da Raça Humana, diz que “foram necessários 40 milhões de anos para que o macaco se transformasse no homem-macaco. Mais de 300 mil anos levou ele para aprender a andar de cabeça erguida e para matar sua presa com instrumentos de pedra”.
  • 2. A ciência de hoje concluiu que a Terra se formou há pelo menos 4,5 bilhões de anos, através da condensação de poeira cósmica liberada pela grande explosão (Big Bang) que originou o Universo. Depois de 1,5 bilhão de anos, com o resfriamento da superfície terrestre, esta abrigou as primeiras organizações moleculares. Delas apareceram os sistemas protéicos, e estes primitivos elementos foram tornando-se cada vez mais complexos, até se tornarem as células que hoje conhecemos como seres unicelulares, tanto vegetais quanto animais. Charles Darwin, em sua obra A Origem das Espécies, demonstrou a tendência dos animais de se afastarem de sua origem ancestral por mutação e seleção natural, formando novas espécies com características diferentes. Com algumas inovações introduzidas pelos avanços da Ciência, a teoria darwinista é ainda a que melhor explica a biodiversidade de nosso planeta. Não há, portanto, um ser vivo pronto e perfeito na Terra. Tudo está em evolução, e isso não é simplesmente uma teoria; trata-se de fatos comprovados pela Ciência. E contra a evidência dos fatos, como se sabe, não há argumentos preconceituosos que resistam ao crivo da razão e do tempo. Um exemplo esclarece a questão: o homem é o produto evolutivo de uma espécie simiesca, cujos ancestrais já desapareceram. Isto é, uma determinada espécie de macacos, há milhares de anos atrás, começou a se desenvolver na direção do que somos fisicamente hoje. Nenhuma outra espécie de macaco seguiu essa rota evolutiva, mas cada uma percorreu e percorre rotas paralelas. EVOLUÇÃO E ESPIRITISMO Até o advento do Espiritismo, predominava na civilização ocidental a idéia da criação do espírito no momento do nascimento do ser, em especial do Homem, pois o animal era considerado sem alma. Com a publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857, e a posterior complementação do pensamento espírita ali enfeixado, novas luzes surgiram para o entendimento da evolução do Espírito. Interessante é notar que a obra de Darwin surgiu apenas dois anos depois! Vários autores, encarnados e desencarnados, contribuíram para compreendermos a grande luta evolutiva desde a formação do planeta Terra até os dias atuais, trazida pela mônada celeste para chegar à condição de Humanidade. Dentre esses, os Espíritos André Luiz e Emmanuel, pelo médium Chico Xavier, trouxeram idéias que se vão juntando para formar o grande quebra-cabeça da evolução espiritual, tanto no mundo físico como no extra-fisico. AÇÃO DE JESUS Por informações dos espíritos, sabemos que Jesus já era um espírito evoluidíssimo, há bilhões de anos. Esta condição fez com que recebesse de Deus a incumbência de organizar e desenvolver o Planeta Terra. Ele, então, convocou Espíritos de superior hierarquia e sabedoria para assessorá-lo nessa grande tarefa, formando uma Assembléia de Espíritos encarregados da execução de suas ordens. Emmanuel, no livro “A Caminho da Luz” relata que “(...) quando serenaram os elementos do mundo nascente, (...) viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens”. Tem-se, assim, a notícia de que o princípio inteligente, criado por Deus, fôra semeado na Terra quando houve condições climáticas e ambientais para o
  • 3. desenvolvimento das primeiras substâncias capazes de desenvolverem trocas metabólicas com o meio onde se encontravam. DO PRINCÍPIO INTELIGENTE AO REINO ANIMAL Em cada reino da natureza, o princípio inteligente foi adquirindo aprendizado longo e laborioso, mas constante e contínuo na esteira do tempo. No reino mineral, onde predomina a rígida lei dos princípios químicos e físicos, o ser divino só obedece, sem tentar impor a sua inteligência, pois é, nesta fase, um aluno ávido por conhecer os segredos da química e da física. Após longo tempo, o reino vegetal surge como um novo campo de trabalho, expressando, de um modo mais elaborado, os conhecimentos adquiridos pelo ser, num domínio dos princípios físico-químicos pela inteligência desenvolvida. Há, portanto, a predominância da inteligência sobre os rígidos fenômenos da matéria, apresentando características supramateriais, tal como a capacidade de responder aos estímulos ambientais. No reino animal, há claramente o domínio da inteligência para dirigir os recursos do funcionamento orgânico, quer seja a nível celular ou sistêmico; o ser dirige a matéria, explorando suas potencialidades e conduzindo suas reações para fins específicos, com objetivos bem elaborados. Atingindo a condição de hominal, o fruto de seu longo e elaborado aprendizado é expresso de forma contínua e interligada, o que chamamos de raciocínio inteligente. Em suma: podemos conciliar a idéia do Criacionismo, no sentido de que Deus é a causa primária de todas as coisas, com a do Evolucionismo, pelo fato de que há uma evolução universal, como pode ser resumido na expressão do renomado filósofo espírita Léon Denis: “o Espírito dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”. BIBLIOGRAFIA DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 13.ed. Rio de Janeiro, FEB, 1985. 404 p. KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 37.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 423 p. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 80.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. 494 p. THOMAS, Henry. A História da Raça Humana. 9.ed. São Paulo: Ed. Globo. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 24.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. 218 p. XAVIER, Francisco Cândido; e VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999 219 p. Gerson Simões Monteiro é Presidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso e-mail: gerson@radioriodejaneiro.am.br