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                     Da série Pílulas Democráticas 13

     A DEMOCRACIA NÃO TEM PROTEÇÃO EFICAZ
         CONTRA O DISCURSO INVERÍDICO

                            Augusto de Franco




Excertos do original sem-revisão do livro Alfabetização Democrática (Curitiba: Rede de
Participação Política: 2007) republicados em 2010.




Se os votos da maioria da população pudessem ficar acima das
instituições, não haveria possibilidade de democracia

É reconhecidamente uma falha “genética” da democracia sua falta de
proteção contra o discurso inverídico, pelo menos no curto prazo. Tal
falha – que já se manifestava entre os gregos (como jactância, por
exemplo) – manifesta-se atualmente como bravata ou, simplesmente,



                                           1
como mentira mesmo, no nível mais chulo do termo. O discurso inverídico
é, em geral, feito na forma de promessas ao povo, que não poderão ser
cumpridas mas que têm como objetivo apenas angariar simpatias e votos.
Ontem como hoje tudo se baseia na idéia demagógica de que democracia
é fazer a vontade do povo.

A idéia de que democracia é fazer a vontade do povo é uma variante
populista de (in)compreensão da democracia. O fato de a democracia ser
uma política feita ex parte populis não significa que alguém – um
representante supostamente ungido pelo povo – possa encarnar a missão
de fazer a vontade do povo (e, antes, que tal representante tenha o
condão de interpretar essa vontade), como sugere a expressão. Ao
contrário, no máximo, seria possível dizer que a democracia é uma
maneira de o povo realizar sua vontade, mas referindo-se isso ao processo
democrático como um todo e não à delegação de tal missão a um
representante escolhido por maioria.

A mitificação da noção de ‘vontade do povo’ leva, não raro, a outras
perversões, como a de que os votos da maioria da população estão acima
das decisões das instituições democráticas quando tais instituições
representam apenas as minorias e a de que um grande líder identificado
com o povo pode fazer mais do que instituições cheias de políticos
controlados pelas elites.

No primeiro caso, estamos diante de um argumento construído para
legitimar a degeneração das instituições, para que elas não possam mais
ser capazes de frear a voracidade pelo poder da maioria. Se as instituições
ficassem ao sabor da vontade da maioria, não poderiam ser fiéis do
processo democrático e não poderia, a rigor, subsistir qualquer regime
democrático. Instituições não têm que “representar” – stricto sensu – nem
maioria, nem minorias. Seu papel é garantir que a democracia seja o
regime em que as (múltiplas) minorias possam vir a se tornar maioria e,
em qualquer circunstância, possam continuar existindo como minorias,
mesmo quando já tenham sido maioria. Em suma, antes de impor uma


                                    2
ordem que favoreça a governabilidade (para o bom exercício dos
mandatos da maioria), cabe às instituições democráticas estabelecer
aquele tipo de ordem capaz de garantir a liberdade, sobretudo a liberdade
daqueles que discordam da maioria e a ela se contrapõem dentro das
regras institucionais vigentes. Assim, se os votos da maioria da população
pudessem ficar acima das instituições, não haveria possibilidade de
democracia.

No segundo caso estamos diante de uma perigosíssima afirmação para a
democracia, em geral difundida por líderes populistas. Vale a pena abrir
aqui um parênteses para examinar o populismo, na medida em que ele se
constitui como uma forma de subverter a democracia.

O historiador mexicano Enrique Krauze (2006) escreveu recentemente que
o populismo – ao contrário do que se imaginava – continua sendo uma
variante política da atualidade, sobretudo na América Latina (1). Ele
mostrou como está surgindo o fenômeno da emergência de um
“populismo latino-americano pós-moderno” – que também poderia ser
chamado de neopopulismo – que se diferencia das formas tradicionais,
mais conhecidas (de populismo), que se caracterizavam por uma
irresponsabilidade macroeconômica.

Líder carismático, demagogia e palanquismo, dificuldade em aceitar a
crítica e a opinião do outro, esbanjamento de recursos públicos
(sobretudo para financiar gastos crescentes do Estado com pessoal, quer
dizer, com aparelhamento), assistencialismo, incentivo à divisão da
sociedade na base dos pobres contra os ricos (ou do povo contra as elites),
mobilização das massas, criação de inimigos, desprezo pela ordem legal e
desvirtuamento das instituições – todos esses ingredientes, quando
combinados, compõem a fórmula do novo populismo.

O neopopulismo é esse novo tipo de populismo que floresce quando
líderes carismáticos e salvacionistas, apoiados por correntes estatistas e
corporativistas, apossam-se, pela via eleitoral, das instituições da


                                    3
democracia e as corrompem, gerando um ambiente degenerativo que
perverte a política, privatiza partidariamente a esfera pública e
enfraquece a sociedade civil. Trata-se de uma vertente política de caráter
autoritário, que convive com a democracia mas que exerce sobre ela uma
espécie de parasitismo; ou seja, que usa a democracia contra a
democracia para enfrear e reverter o processo de democratização da
sociedade, assegurando condições para a permanência, por longo tempo,
de um mesmo líder e de seu grupo no poder.

Esse tipo de projeto de poder em geral não trabalha por fora das
instituições e sim por dentro (daí sua característica de parasitismo da
democracia). Enganam-se, portanto, os que acham que vão surpreender
os neopopulistas em uma tentativa de golpe de Estado. Sua via principal é
a eleitoral. Tudo o que fazem tem como objetivo continuar ganhando as
eleições, sucessivamente: de um lado, o palanquismo-messiânico (do líder
que se diz predestinado a salvar os pobres) regado com assistencialismo-
clientelista (o neoclientelismo) e, de outro, a conquista dos meios
institucionais pela privatização partidária da esfera pública e pela
alteração da lógica de funcionamento das instituições. Essa é a fórmula do
neopopulismo.

À pergunta de “por que renasce de tempos em tempos a erva daninha do
populismo na América Latina?”, Krauze responde:

    “As razões são diversas e complexas, mas aponto duas. Em primeiro
    lugar, porque suas raízes se fundem em uma noção mais antiga de
    "soberania popular" que os neo-escolásticos do século 16 e 17
    propagaram nos domínios espanhóis, que teve uma influência
    decisiva nas guerras de independência de Buenos Aires ao México. O
    populismo tem, além disso, uma natureza perversamente
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                                    4
verdade, adormece, corrompe e degrada o espírito público. Desde os
     gregos até o século 21, passando pelo aterrador século 20, a lição é
     clara: o efeito inevitável da demagogia é subverter a democracia” (2).




Indicações de leitura

É bom ler e reler várias vezes o artigo de Enrique Krauze, “Os dez mandamentos do
populismo”, traduzido e republicado pelo jornal O Estado de São Paulo. Outro artigo
interessante é “El hipnótico modelo populista”, de Marcos Aguinis, publicado pelo
jornal La Nación (15/06/07).



Notas

(1) Krause, Enrique (2006). “Os dez mandamentos do populismo”. O Estado de São
Paulo (15/04/06). Enrique Krauze Kleinbort é editor, historiador e ensaísta mexicano,
diretor da Editorial Clío e da revista cultural “Letras Libres”.

(2) Idem.




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Pilulas democraticas 13 Demagogia

  • 1. Demagogia Da série Pílulas Democráticas 13 A DEMOCRACIA NÃO TEM PROTEÇÃO EFICAZ CONTRA O DISCURSO INVERÍDICO Augusto de Franco Excertos do original sem-revisão do livro Alfabetização Democrática (Curitiba: Rede de Participação Política: 2007) republicados em 2010. Se os votos da maioria da população pudessem ficar acima das instituições, não haveria possibilidade de democracia É reconhecidamente uma falha “genética” da democracia sua falta de proteção contra o discurso inverídico, pelo menos no curto prazo. Tal falha – que já se manifestava entre os gregos (como jactância, por exemplo) – manifesta-se atualmente como bravata ou, simplesmente, 1
  • 2. como mentira mesmo, no nível mais chulo do termo. O discurso inverídico é, em geral, feito na forma de promessas ao povo, que não poderão ser cumpridas mas que têm como objetivo apenas angariar simpatias e votos. Ontem como hoje tudo se baseia na idéia demagógica de que democracia é fazer a vontade do povo. A idéia de que democracia é fazer a vontade do povo é uma variante populista de (in)compreensão da democracia. O fato de a democracia ser uma política feita ex parte populis não significa que alguém – um representante supostamente ungido pelo povo – possa encarnar a missão de fazer a vontade do povo (e, antes, que tal representante tenha o condão de interpretar essa vontade), como sugere a expressão. Ao contrário, no máximo, seria possível dizer que a democracia é uma maneira de o povo realizar sua vontade, mas referindo-se isso ao processo democrático como um todo e não à delegação de tal missão a um representante escolhido por maioria. A mitificação da noção de ‘vontade do povo’ leva, não raro, a outras perversões, como a de que os votos da maioria da população estão acima das decisões das instituições democráticas quando tais instituições representam apenas as minorias e a de que um grande líder identificado com o povo pode fazer mais do que instituições cheias de políticos controlados pelas elites. No primeiro caso, estamos diante de um argumento construído para legitimar a degeneração das instituições, para que elas não possam mais ser capazes de frear a voracidade pelo poder da maioria. Se as instituições ficassem ao sabor da vontade da maioria, não poderiam ser fiéis do processo democrático e não poderia, a rigor, subsistir qualquer regime democrático. Instituições não têm que “representar” – stricto sensu – nem maioria, nem minorias. Seu papel é garantir que a democracia seja o regime em que as (múltiplas) minorias possam vir a se tornar maioria e, em qualquer circunstância, possam continuar existindo como minorias, mesmo quando já tenham sido maioria. Em suma, antes de impor uma 2
  • 3. ordem que favoreça a governabilidade (para o bom exercício dos mandatos da maioria), cabe às instituições democráticas estabelecer aquele tipo de ordem capaz de garantir a liberdade, sobretudo a liberdade daqueles que discordam da maioria e a ela se contrapõem dentro das regras institucionais vigentes. Assim, se os votos da maioria da população pudessem ficar acima das instituições, não haveria possibilidade de democracia. No segundo caso estamos diante de uma perigosíssima afirmação para a democracia, em geral difundida por líderes populistas. Vale a pena abrir aqui um parênteses para examinar o populismo, na medida em que ele se constitui como uma forma de subverter a democracia. O historiador mexicano Enrique Krauze (2006) escreveu recentemente que o populismo – ao contrário do que se imaginava – continua sendo uma variante política da atualidade, sobretudo na América Latina (1). Ele mostrou como está surgindo o fenômeno da emergência de um “populismo latino-americano pós-moderno” – que também poderia ser chamado de neopopulismo – que se diferencia das formas tradicionais, mais conhecidas (de populismo), que se caracterizavam por uma irresponsabilidade macroeconômica. Líder carismático, demagogia e palanquismo, dificuldade em aceitar a crítica e a opinião do outro, esbanjamento de recursos públicos (sobretudo para financiar gastos crescentes do Estado com pessoal, quer dizer, com aparelhamento), assistencialismo, incentivo à divisão da sociedade na base dos pobres contra os ricos (ou do povo contra as elites), mobilização das massas, criação de inimigos, desprezo pela ordem legal e desvirtuamento das instituições – todos esses ingredientes, quando combinados, compõem a fórmula do novo populismo. O neopopulismo é esse novo tipo de populismo que floresce quando líderes carismáticos e salvacionistas, apoiados por correntes estatistas e corporativistas, apossam-se, pela via eleitoral, das instituições da 3
  • 4. democracia e as corrompem, gerando um ambiente degenerativo que perverte a política, privatiza partidariamente a esfera pública e enfraquece a sociedade civil. Trata-se de uma vertente política de caráter autoritário, que convive com a democracia mas que exerce sobre ela uma espécie de parasitismo; ou seja, que usa a democracia contra a democracia para enfrear e reverter o processo de democratização da sociedade, assegurando condições para a permanência, por longo tempo, de um mesmo líder e de seu grupo no poder. Esse tipo de projeto de poder em geral não trabalha por fora das instituições e sim por dentro (daí sua característica de parasitismo da democracia). Enganam-se, portanto, os que acham que vão surpreender os neopopulistas em uma tentativa de golpe de Estado. Sua via principal é a eleitoral. Tudo o que fazem tem como objetivo continuar ganhando as eleições, sucessivamente: de um lado, o palanquismo-messiânico (do líder que se diz predestinado a salvar os pobres) regado com assistencialismo- clientelista (o neoclientelismo) e, de outro, a conquista dos meios institucionais pela privatização partidária da esfera pública e pela alteração da lógica de funcionamento das instituições. Essa é a fórmula do neopopulismo. À pergunta de “por que renasce de tempos em tempos a erva daninha do populismo na América Latina?”, Krauze responde: “As razões são diversas e complexas, mas aponto duas. Em primeiro lugar, porque suas raízes se fundem em uma noção mais antiga de "soberania popular" que os neo-escolásticos do século 16 e 17 propagaram nos domínios espanhóis, que teve uma influência decisiva nas guerras de independência de Buenos Aires ao México. O populismo tem, além disso, uma natureza perversamente "moderada" ou "provisória": não termina sendo plenamente ditatorial nem totalitário; por isso alimenta sem cessar a enganosa ilusão de um futuro melhor, mascara os desastres que provoca, posterga o exame objetivo de seus atos, amansa a crítica, adultera a 4
  • 5. verdade, adormece, corrompe e degrada o espírito público. Desde os gregos até o século 21, passando pelo aterrador século 20, a lição é clara: o efeito inevitável da demagogia é subverter a democracia” (2). Indicações de leitura É bom ler e reler várias vezes o artigo de Enrique Krauze, “Os dez mandamentos do populismo”, traduzido e republicado pelo jornal O Estado de São Paulo. Outro artigo interessante é “El hipnótico modelo populista”, de Marcos Aguinis, publicado pelo jornal La Nación (15/06/07). Notas (1) Krause, Enrique (2006). “Os dez mandamentos do populismo”. O Estado de São Paulo (15/04/06). Enrique Krauze Kleinbort é editor, historiador e ensaísta mexicano, diretor da Editorial Clío e da revista cultural “Letras Libres”. (2) Idem. 5