1. A República e a Educação – princípios e realidades Luís Alves | Marcelo Magalhães | Tiago Reigada| Bruno Pinheiro Centro de Formação Júlio Resende - Auditório da Biblioteca Municipal de Gondomar 17 de Abril de 2010
20. 1 – Introdução/Justificação “O nosso ensino é particularmente defeituoso por não ser educativo (…)” “O aluno que sai das nossas escolas é um tipo de intelectualidade gaguejante, de vontade tíbia, de moralidade duvidosa” Jaime Cortesão, 1912
21. Aspectos que cruzam o pensamento pedagógico e educativo da 1ª República princípios da demopedia republicana peso da herança monárquica “homem novo” urgência de utilizar a educação e a escola como meio para legitimar e salvaguardar o novo regime
22. Viagem aos Dezasseis anos da Primeira República Privilegiando: intenções expendidas no enquadramento legal diferentes graus de ensino alguns resultados em 1926
23. 2 - Ensino Infantil e Ensino Primário “e é lá [na escola primária] que verdadeiramente se há-de formar a alma da pátria republicana” Preâmbulo do Decreto de 29 de Março de 1911
24. 2.1. Principais documentos legais Decreto de 29 de Março de 1911 – Ensino Infantil, Primário e Normal Primário Programa das Escolas Infantis de 1911 – Ensino Infantil
26. Permitir a criação cidadãos educados e instruídos; Fornecer uma educação laica e neutra; Aumentar a importância dada aos professores; Favorecer um ensino leccionado de modo harmonioso com o desenvolvimento orgânico, fisiológico, intelectual e moral dos alunos; Privilegiar a vertente prática, nomeadamente rudimentos agrícolas, comerciais e industriais que pudessem ser utilizados na vida dos alunos; Garantir a descentralização do ensino.
27. 2.3. As propostas inovadoras para o Ensino Infantil Estrutura curricular; Preocupações pedagógicas; Influências de pedagogos internacionais (FriedrichFröbel e Maria Montessori); Corpo Docente; Fixação de pré requisitos para o funcionamento de uma escola infantil.
28. 2.4. Seria possível uma concretização prática destas propostas? Evolução das Escolas Infantis em funcionamento entre 1910 e 1926
34. 2.9. A Herança do Ensino Primário deixada pela Primeira República Bons princípios orientadores teóricos mas poucas concretizações práticas
35. 3 - Ensino Secundário Liceal 3.1. A Reforma estrutural do Liceu – Jaime Moniz 1894/95
36. “as ciências disputam a primazia outorgada às letras (…) contra o saber que se diz puro peleja o saber que se chama utilitário”. Jaime Moniz, 1894
37. Em 1894, Jaime Moniz organiza o ensino liceal num plano de estudos de sete anos composto por um Curso Geral de cinco anos e um Curso Complementar de dois anos.
39. “(…) essa reforma, não obstante marcar um grande progresso pedagógico, é hoje unanimemente reconhecido que carece de apurada revisão.” D. G. nº 194, de 30 de Agosto de 1905 Tentativa de equilibrar o pendor entre Letras e Ciências acabando mesmo por se inclinar mais para a vertente científica .
40. Ensino Feminino “Sem dúvida que a principal missão do liceu é criar mulheres instruídas e ilustradas suficientemente para poderem (…) comparecer na sociedade culta (…) [e] ensinar os seus filhos” Decreto de 31 de Janeiro de 1906
41. 3.3. A República e o Ensino Liceal O curso geral tinha como função “dar aos alunos um conjunto de conhecimentos geralmente úteis como saber e proveitosos como meio para o desenvolvimento regular e harmónico das suas faculdades” Decreto de 17 de Abril de 1917
42. “a instrução secundária é um dos ramos da instrução pública que mais cuidados e atenções carece” uma vez que tem como finalidade “ministrar os elementos de uma cultura geral e habilitar para os estudos superiores” através “da aquisição de um determinado conjunto de conhecimentos, o progressivo desenvolvimento intelectivo do espírito (…) e a educação do sentimento e da vontade” D. G nº 157, de 14 de Julho de 1918
47. Finalidades do ensino secundário liceal: - formação do homem - preparação para a vida produtiva - acesso aos estudos superiores “entre a ilusão da pureza legislativa e as realidades concretas das escolas vai uma grande distância” António Nóvoa, 2003
48. 4 – Ensino Secundário Técnico “O nosso atraso provém apenas da insuficiência do nosso ensino técnico que ontem era um mal e hoje é um perigo, dada a luta de competências que é preciso suportar na concorrência dos mercados de todo o mundo (...)” Decreto de 23 de Maio de 1911 de criação do Instituto Superior Técnico
49. Quatro ideias nucleares: urgência das medidas na área educativa crítica clara e contundente ao regime anterior falta de competências técnicas e profissionais o ensino técnico é o espaço educativo privilegiado para mais facilmente recuperarmos competitividade externa e capacidade produtiva interna.
55. 5 – Ensino Superior Universitário “Artigo 1º No território da República Portuguesa, além da Universidade de Coimbra, já existente, são criadas mais duas Universidades – uma com sede em Lisboa e outra no Pôrto”. Decreto de 22 de Março de 1911
57. “a) Fazer progredir a sciência, pelo trabalho dos seus mestres, e iniciar um escol de estudantes – nos métodos de descoberta e inovação scientífica; b) Ministrar o ensino geral das sciências e das suas aplicações, dando a sua preparação indispensável às carreiras que exigem uma habilitação scientífica e técnica; c) Promover o estudo metódico dos problemas nacionais e difundir a alta cultura na massa da Nação pelos métodos de extensão universitária.” Diário do Governo, 22 de Abril de 1911
59. 1919 – Criação da Faculdade de Letras do Porto “Considerando que, sendo as condições da cidade do Porto de mais larga actividade que as de Coimbra, convém que na Universidade do Porto haja uma Faculdade de Letras; Considerando que a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra tem orientado, embora notavelmente, a cultura dos seus alunos de modo a darem preferência à erudição livresca sobre a de especulações originais do espírito moderno, manifestando-se na filosofia revelada nas obras dos seus principais professores e alunos laureados uma quase completa orientação tomista de forma escolástica […] Art.º 1.º - É desanexada da Universidade de Coimbra a Faculdade de Letras (…) e colocada na Universidade do Porto”. Diário do Governo, 10 de Maio de 1919
70. 6. Conclusões:Da frieza dos números às ideias que desafiam o tempo. A mensagem republicana, hoje
71. Em termos gerais a situação em 1926 evidenciava: - uma taxa de analfabetismo que descia para 67,8% (embora o número absoluto de analfabetos tenha aumentado); - uma incompleta reforma do ensino normal primário; - um saldo positivo para os avanços nos ensinos secundário e profissional. - uma Universidade profundamente reformada com a criação das Universidades de Lisboa e do Porto e reestruturação da de Coimbra.
72. “Assinalem-se apenas as Universidades Livres e Populares, a Liga de Educação Nacional, a Liga Nacional de Instrução, a Sociedade de Estudos Pedagógicos, a Liga de Acção Educativa, os numerosos Congressos Pedagógicos e de Educação Popular, e as Associações contra o analfabetismo (…). O melhor da República situou-se para além da escola” . António Nóvoa, 1987
73. Valores Republicanos a prevalência do interesse público (ou da “coisa pública” – res publica) sobre os interesses particulares ou privados a prática de uma cidadania fortemente participativa e alicerçada numa ética do altruísmo o entendimento do exercício do poder como um serviço público a defesa de um regime institucional de democracia representativa a crença no valor da liberdade e no modo como se articula com os valores de justiça e da solidariedade o enaltecimento do sentido da fraternidade a importância da laicidade
74. Perigos presentes no nosso quotidiano a cultura do individualismo; o corporativismo, o lobbismo e o populismo; o laxismo; a desvalorização da cultura de serviço público; a homogeneização cultural da globalização; a xenofobia e o racismo; o indiferentismo ou mesmo desprezo pela política; a pseudodemocracia de opinião ou teledemocracia.