Texto extraído e editado a partir de minha participação no fórum de discussão realizado no contexto da disciplina "História da Igreja na América Latina" tendo como assunto "Religiosidade, Piedade e Teologia na Época Colonial". Fórum realizado dentro do formato proposta pela EST - Escola Superior de Teologia.
1. 30/6/2014 Sacerdotalismo Evangélico
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Começo refletindo sobre o contraponto da proposição: clero e povo. O
fortalecimento de uma casta sacerdotal é o que há de mais contrário a evangelho
libertador de Cristo. Ressalto a questão pelo fato de entender que a simples
necessidade de considerar o assunto dessa forma revela quão distante
estávamos na época colonial e estamos hoje de experimentar as boas novas do
Reino.
O cristianismo colonial luso-brasileiro, a despeito do entendimento de alguns, não
inventou nada. Tão somente é herdeiro de uma mentalidade sacerdotal que
dominou a religiosidade humana desde épocas imemoriais, serviu de arcabouço e
esboço de fé na aliança de Deus com o judeus e foi reformada em Jesus a partir
de seu entendimento de que não importa se a adoração é no monte ou no templo
em Jerusalém (sob orientação sacerdotal); mas sim que seja em espírito e em
verdade.
Nessa abordagem destaco os papéis ativo e passivo destinados respectivamente
ao clero e ao povo. O sacerdotalismo bem pode ser visto como uma estratégia de
manutenção de poder. É o sacerdote que sabe como a adoração deve ser feita,
porque é ele quem sabe como Deus é e como gosta que as coisas aconteçam,
portanto ele que está no controle; é o sacerdote que conhece os rituais, os sons,
as cores, as palavras que devem e podem ser ditas, o que é bom e o que é ruim,
portanto é ele quem deve conduzir o culto; é o sacerdote quem fala do jeito que
Deus entende e por isso é ele quem fala com Deus. Ao povo compete a
passividade de cumprir as orientações sacerdotais e tentar fazer tudo certinho,
torcendo para que Deus não fique irritado caso alguma coisa saia diferente do
Sacerdotalismo Evangélico
2. 30/6/2014 Sacerdotalismo Evangélico
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esperado.
Não devemos nos enganar: o sacerdotalismo não é prerrogativa do catolicismo
hierárquico e institucionalizado. Esteve presente nos povos antigos, entre os
judeus e tem forte presença na igreja brasileira dita evangélica (reformada,
pentecostal ou neo-pentecostal). Quem fala? Quem ensina? Quem ora? Quem se
veste diferente? Quem tem destaque sobre os demais? Quem deve ser respeitado
mais que os outros? Quem tem as palavras mais sábias? Quem deve ser
seguido? O sacerdote!
Penso que a multiplicidade de dons e ministérios na efervescente e libertada
igreja neotestamentária foi aos poucos sendo sufocada pelo retorno de um
sacerdotalismo que, mesmo ferido de morte pelas palavras e vida de Cristo,
ressurgiu alimentado pela natureza caída de um ser humano prepotente e sedento
de poder.
Quando a Graça multiforme de Deus, concedida pelo uso dos múltiplos dons do
Espírito na diversidade da igreja é substituída pela confiança em um superministro
sacerdotal que concentra em si a comunicação e o acesso à presença divina, a
igreja sofre imensamente (como tem sofrido e parece que ainda irá sofrer por
algum tempo), subsistindo aquém daquilo que o seu Senhor pensou para ela.
Texto extraído e editado a partir de minha participação no fórum de discussão realizado no contexto da disciplina
"História da Igreja na América Latina" tendo como assunto "Religiosidade, Piedade e Teologia na Época
Colonial". Fórum realizado dentro do formato proposta pela EST - Escola Superior de Teologia.
Postado há 15th July 2012 por Aristarco Coelho