2. Origens da Semana Farroupilha
A Semana Farroupilha, cuja simbologia cívica
representativa é o Candeeiro e a Chama Crioula,
símbolos autênticos da tradição gaúcha, tiveram
origem na “Ronda Gaúcha”, programação
especial promovida em 1947 por estudantes,
integrantes do “Grupo dos Oito”.
3. A Semana Farroupilha hoje
Hoje, quando vivenciamos a Semana Farroupilha,
estamos vivenciando a maior festa de civismo e do
amor ao Rio Grande e as suas tradições, estamos
demonstrando o nosso espírito de brasilidade. É
quando mais uma vez o Rio Grande se levanta e,
orgulhosamente, reverencia a bravura, a lealdade
e a coerência dos anseios do gaúcho de antanho,
seu alto espírito de civismo evidenciado a cada
passo, em prol da pátria brasileira. Anseios esses,
que nada se diferenciam dos atuais. O civismo é a
maior peculiaridade do povo gaúcho, pois é
tradição, é costume do povo rio-grandense amar o
seu pago, projetar e fortalecer sua tradição,
enaltecer a história do Rio Grande Farrapo,
Gaúcho e Tradicionalista, não importa o canto
brasileiro por onde estiver.
4. Quem é o gaúcho?
O gaúcho é o tipo característico da campanha. É o nome que se dá ao
homem do campo na região dos pampas e, por extensão, aos
nascidos no Rio Grande do Sul. O termo gaúcho passou a se
generalizar a partir de 1800. Até então, os nascidos no nosso Estado
eram chamados continentinos ou rio-grandenses.
O gaúcho surgiu da miscigenação entre o índio, o espanhol e o
português, que viviam livres cuidando do gado no pampa gaúcho. Por
estar ligado ao campo, tornou-se hábil cavaleiro, manejador do laço
e da boleadeira.
5. O gaúcho hoje
O gaúcho de hoje é fruto da contribuição do índio, do negro,
do português, do espanhol, do alemão, do italiano e tantos
outros povos, que para cá vieram construir o Rio Grande com
uma vida melhor. Por isso, aos poucos o termo gaúcho
passou a identificar os filhos do Rio Grande do Sul. O
adjetivo se estende ao que é referente a esses homens da
vida pastoril, como vida gaúcha, dança gaúcha.
O povo gaúcho valoriza muito suas
tradições, exalta a coragem e a bravura
de seus antepassados, canta seu apego
à terra, seu amor à liberdade,
6. Os costumes do gaúcho
Os hábitos do gaúcho são em geral ligados à vida
no campo. Os mais conhecidos são:
• È ágil no uso do laço – o gaúcho sabe laçar um cavalo ou um boi usando o
laço, feito de couro trançado
• Ser condutor de gado, ou seja, tropeiro- normalmente esse trabalho é
realizado por um peão tanto de dia como à noite, faça sol ou faça chuva,
esteja nevando ou soprando o minuano.
• Fazer do cavalo um companheiro – o gaúcho procura nunca se separar do
cavalo, animal introduzido, no nosso rincão gaúcho, através das Missões,
pelos padres jesuítas. O cavalo é chamado pelo gaúcho de pingo. O Rio
Grande do Sul tem manadas de grande beleza: os baios, os alazões, os
pangaré e tantas outras pelagens
• Seu alimento predileto é o churrasco e o arroz de carreteiro.
• Sua bebida preferida é o chimarrão.
8. O chimarrão
O chimarrão é um legado do índio Guarani. Sempre presente no dia-a-dia, o
chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na
tradição representativa do nosso pago. Também
conhecido como mate amargo, como bebida
preferida pelo gaúcho, constitui-se no símbolo da
hospitalidade e da amizade do gaúcho. É o mate
cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e
sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate,
planta nativa das matas sul-americanas, inclusive do RS.
O homem do campo passou o hábito para a cidade, até
consagrá-lo regional. O Chimarrão é um hábito, uma
tradição, uma espécie de resistência cultural espontânea.
9. Significado dos mates
• Mate com açúcar: quero a tua amizade
• Mate com açúcar queimado: és simpático
• Mate com canela: só penso em ti
• Mate com casca de laranja: vem buscar-me
• Mate com mel: quero casar contigo
• Mate frio: desprezo-te
• Mate lavado: vai tomar mate em outra casa
• Mate enchido pelo bico da bomba: vás embora
• Mate muito amargo ( redomão): chegaste tarde, já tenho outro amor
• Mate com sal: não apareças mais aqui
• Mate muito longo: a erva está acabando
• Mate curto: pode prosear a vontade
• Mate servido com a mão esquerda: você não é bem vindo
• Mate doce: simpatia
10. Partes do mate
a – Topete, respiro, morrete, cerro,
barranco, crista (fica à esquerda da
bomba).
b – Bomba, bombilha. Se ficar a
esquerda do topete, é mate de canhoto.
c – Beiço, boca.
d – Pescoço (na cuia de beiço).
e – Cuia, mate, porongo.
f – Umbigo, cabo, bico.
11. Os dez mandamentos do chimarrão
1. Não peças açúcar no mate.
2. Não digas que o chimarrão é anti-higiênico.
3. Não digas que o mate está quente demais.
4. Não deixes um mate pela metade.
5. Não te envergonhes do ronco do mate.
6. Não mexas na bomba.
7. Não alteres a ordem em que o mate é sorvido.
8. Não durmas com a cuia na mão.
9. Não condenes o dono da casa por tomar o primeiro mate.
10.Não digas que o chimarrão dá câncer na garganta.
12. Culinária Gaúcha
Para o estudo da cozinha gaúcha, devem-se considerar as particularidades
regionais: a Praiana (à base de produtos do mar); a cozinha da Campanha e
Missões (predominando as carnes vacum e ovina); a da região dos Campos
de Cima da Serra (onde o pinhão tem presença e o café com graspa
sobrepõem-se ao chimarrão)
O churrasco, assimilado por diversos grupos, é largamente apreciado
reunindo pessoas em dias festivos. O arroz “carreteiro” aparece em quase
todo o Estado.
13. A Música
Aventureiros que por aqui passavam trazendo mais de dois séculos de Brasil-Colônia cantavam e
dançavam temas que vieram a formar o que se chamou de "Fandango Rio-grandense". Fandango
teve origem na Península-Ibérica e no nosso caso é de influência Portuguesa, possuindo uma
característica muito peculiar: a de ser dançado somente por homens. Esta característica foi muito
apreciada pelos farrapos, dando origem, na época, a outros temas, já com a participação de
mulheres, chamados cantigas e danças fandangueiras.
São do período farrapo estas cantiladas e fandangueadas:
Meu Boi Barroso
Meu boi pitanga
O teu ligar (ai)
É lá na canga.
Eu mandei fazer um laço
Do couro do jacaré
Pra laçar meu boi barroso
Lá no passo de Bagé.
Ai bota aqui
Ai bota aqui
O teu pezinho
O teu pezinho
Bem juntinho
Com o meu.
E depois
Não vá dizer
Que você
Já me esqueceu.
Vou cantar a Chimarrita
Que hoje ainda não cantei
Deus lhe dê as boas noites
Que hoje ainda não lhes dei.
Vou cantar a Chimarrita
Que uma moça me pediu;
Não quero que a moça diga:
Ingrato! Não me serviu.
14. A expressão Tchê
A expressão Tchê ou Chê
é herança dos índios guaranis,
que habitavam o estado. Ainda
hoje tem característica no linguajar
dos habitantes do Rio Grande do Sul.
Tem o sentido de meu, principalmente
referindo-se a relações de parentesco:
Che reii (minha família), Che maranungá
(meu parente), Che tuti (meu tio materno),
Che piá (meu coração) e assim por diante.
15. Hino Riograndense
Letra de: Francisco Pinto da Fontoura
Música de: Joaquim José Mendanha
Como a aurora precursora
Do farol da divindade,
Foi o vinte de setembro
O precursor da liberdade.
Estribilho
Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
Entre nós revive Atenas
Para assombreo dos tiranos
Sejamos gregos na glória
E na virtude, romanos
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo;
Povo que não tem virtude,
Acaba por ser escravo.
Repete estribilho
16. Ditados gaúchos
Mais amontoado
que uva em cacho
Mais a toa que guri
no mato
Mais ansioso que anão
em comício
Cheirando bem como
cangote de china
Bonita que nem laranja
de amostra
Esfarrapado que nem
poncho de gaudério
Feia como mulher
de cego
Quente como frigideira
sem cabo
17. Mini dicionário do folclórico gaúcho
• A la pucha: exprime
admiração, espanto
• Bagual: cavalo manso que se
tornou selvagem
• Bater as botas: morrer
• Duro de pelear: difícl de
fazer, trabalhoso
• Embretado: encerrado no
brete, metido em apertos,
apuros, dificuldades
• Entrevero: mistura,
desordem, confusão de
pessoas, animais ou objetos
• Fatiota: terno; conjunto de
roupas do homem: calça,
colete e paletó
• Guaiaca: cinto largo de couro
macio ordinariamente
enfeitado com bordados ou
com moedas de prata ou de
ouro, que serve para o porte
de armas e para guardar
dinheiro e pequenos objetos
• Guaipeca: cão pequeno, cusco
• Pelear: brigar, lutar
• Tropeiro: condutor de tropas,
de gado, de éguas, de mulas,
ou de cargueiros
• Trovar: conversar, prosear