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A Construção da Avenida Presidente 
Vargas 
(O Antes, o Durante e o Depois) 
Quem hoje passa pela movimentada Avenida Presidente Vargas, 
no Rio de Janeiro, não faz ideia dos transtornos ocorridos por 
ocasião da construção da vasta avenida . 
A abertura da avenida era parte de um amplo Plano de Obras 
levado a efeito na gestão do Prefeito Henrique Dodsworth, 
encomendado ao engenheiro Édison Passos, Secretário de Viação, 
com o objetivo de desafogar o trânsito da cidade. 
Clique Para Mudar de Slide
• Grandes foram as dificuldades enfrentadas para a sua 
realização: a oposição dos proprietários dos imóveis que 
estavam em seu traçado; a extinção de logradouros públicos 
como o Largo do Capim; o Largo de São Domingos; a famosa 
Praça Onze, da qual hoje existe um simples arremedo; uma 
grande parte da Praça da República que foi, também, 
eliminada para a passagem do leito da nova avenida; a 
destruição de importantes edificações como o Paço 
Municipal, sede da Prefeitura, assim como a comoção 
provocada no espírito religioso e tradicionalista de muitos 
pela demolição de diversos templos, dentre os quais as igrejas 
de São Pedro, do Bom Jesus do Calvário, de Nossa Senhora 
da Conceição e a Capela de São Domingos. Cogitou-se, até 
mesmo, de pôr abaixo a Igreja da Candelária, a qual só foi 
preservada ao se decidir que ela permaneceria dentro da 
própria avenida.
Construída entre os anos de 1732 e 1740, a Igreja de São 
Pedro dos Clérigos era ornamentada com obras do Mestre 
Valentim e tinha um estilo único na cidade: o corpo era em 
rotunda, com quatro arcos, e o zimbório (espécie de domo) 
copiava os templos romanos. Foi feita uma tentativa de 
removê-la para outro lugar. No entanto, bastou os operários 
iniciarem as escavações dos alicerces da igreja para que o 
templo simplesmente “Foi assim, de fato, dpeeslaab asismsep.les e obstinada preocupação de 
pôr-se o eixo da nova Avenida Presidente Vargas em rigoroso 
alinhamento com a Avenida do Mangue, que se obteve do 
Presidente da República cancelar a inscrição daqueles 
monumentos nos Livros do Tombo, despojando-nos, feita 
abstração dos outros, da joia singular da arquitetura sacra, que 
era a Igreja de São Pedro”, assim descreve o historiador Gastão 
COrbuslesr evmaç sãeou: lAivvreon “idAap adroê nMciaans gduoe Reiroa dae aJnatniegiaro d”.esignação do 
trecho da atual Avenida Presidente Vargas desde a Praça 
Onze até a Avenida Francisco Bicalho.
Foram demolidos os quarteirões que formavam o lado par da 
Rua General Câmara e o ímpar da Rua de São Pedro, fundindo 
as duas em uma só via. Da mesma maneira, também as ruas 
Visconde de Itaúna e Senador Eusébio, ao longo do Canal do 
Mangue, também se fundiram numa só para a construção da 
avenida. 
A Rua General Câmara era tradicionalmente conhecida como 
Rua do Sabão e a designação devia-se à localização em um de 
seus trechos do armazém de sabão aonde a população do Rio 
colonial ia se abastecer desse produto, no tempo em que o 
monopólio de fabricá-lo e vendê-lo pertencia, sempre, a um 
amigo do Rei português ou a um de seus ministros. Esse nome 
serviu para designá-la até 1870, quando a Câmara Municipal 
mudou o seu nome para General Câmara, em homenagem ao 
vencedor do combate do Serro Corá que, com a morte de Lopez, 
pôs fim à Guerra do Paraguai. 
Quando foi aberta outra em continuação, além do Campo de 
Santana, foi denominada pelo povo de Rua do Sabão da 
Cidade Nova, também rebatizada de Visconde de Itaúna após 
o seu prolongamento até a Ponte dos Marinheiros.
• A centenária Rua de São Pedro se desenvolveu a partir da 
igreja nela construída pela Irmandade dos Clérigos de São 
Pedro ou de São Pedro dos Clérigos, rica e bela como 
poucas havia no país. A rua se estendia desde a altura da 
Candelária até o Campo de Santana (Praça da República). 
• Tal qual a Rua do Sabão, ao ser aberta outra além do 
Campo, como continuação dela, o povo que tanto a queria, 
a denominou Rua de São Pedro da Cidade Nova. Anos 
mais tarde, ao ser prolongada até a altura da atual Ponte 
dos Marinheiros, teve o nome alterado para Senador 
Eusébio. 
• A Avenida Presidente Vargas foi, enfim, inaugurada no 
dia 7 de setembro de 1944 quando, pela primeira vez, nela 
se realizou o desfile militar comemorativo da 
Independência do Brasil e que contou com a presença, 
entre outras autoridades, do próprio homenageado na 
designação da avenida, o Presidente Vargas.
Sob os acordes plangentes de “Sons de Carrilhões”, de autoria 
de João Pernambuco, em exímia execução de Dilermando Reis, 
como que a lamentar o silêncio imposto aos sinos que dobravam 
em diversas igrejas demolidas para a abertura da ampla 
avenida, apresento algumas fotos retratando o seu espaço , 
antes, durante e após a construção.
O “ANTES “DA 
CONSTRUÇÃO
Campo de Santana
1927
Praça 11 de Junho – 1922 (Foto de Augusto 
Malta)
Praça 11 de Junho - 1930
Em 1910, o Canal do Mangue era atração turística
O Canal do Mangue em 1919
A Antiga Estação da Central do Brasil
A Antiga Estação da Central do 
Brasil Com o Novo Prédio em 
Construção ao Fundo
Escola Rivadávia Correa, em 1904
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Remonta a 1876
Largo de São Domingos – A Igreja e o Largo se 
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General Câmara
Igreja de São Domingos situada no largo de mesmo 
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A Praça da República, em 1905, Com a Escola Rivadávia 
Correa ao Fundo 
(Este é o espaço hoje ocupado pelo Panteon do Duque de 
Caxias. Observe-se que as árvores da praça muito se
O Paço Municipal, sede da Prefeitura, demolido para a 
abertura da Avenida Presidente Vargas (foto de 1893- 
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da Av. Presidente Vargas (Foto de Augusto
Largo do Capim – Situava-se entre as ruas Gen. Câmara, de São 
Pedro e dos Andradas. Em 1790, a municipalidade determinou 
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quando desapareceu com a abertura da Av. Presidente Vargas.
O “DURANTE” A 
CONSTRUÇÃO
Obras de abertura da Av. Presidente Vargas , 
vendo-se o extinto Largo de São Domingos e 
as suas árvores.
Obras de pavimentação da Av. Presidente Vargas, vendo-se, 
ao fundo, a Praça da República ainda no seu trajeto.
Rua Senador Eusébio, cruzamento com a Rua de Santana, 
com várias edificações já demolidas (Ao fundo, vê-se o 
prédio da Central do Brasil ainda sem o seu característico 
relógio).
Rua Senador Eusébio em fase de demolição para a 
abertura da Av. Presidente Vargas (Ao fundo, vê-se 
parte da Praça da República) 
1943
O ANTES DA 
CONSTRUÇÃO 
Rua Senador Eusébio - 
1943
Rua Senador Eusébio esquina com a Praça da 
República - 1943
Rua Visconde de Itaúna em fase de demolição para a 
abertura da Av. Presidente Vargas (Vê-se o prédio da 
Central do Brasil ainda sem o relógio e, ao fundo, parte 
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Praça 11 de Junho – O Processo de Demolição - 1943
Esquina da Av. Presidente Vargas com a Praça da República 
(atente-se, à esquerda do prédio, a Casa de Deodoro até hoje 
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panorâmica tirada a partir da 
Igreja da Candelária
Vista panorâmica da Av. Presidente Vargas . À esquerda, 
vê-se parte do edifício do atual Comando Militar do Leste 
(antigo Ministério da Guerra); aEscola Rivadávia Correa; 
ao fundo, a Igreja da Candelária e, à direita da foto, parte 
da Praça da República (Fotografia tirada, provavelmente, 
do edifício da Central do Brasil) - Ano 1944
O “DEPOIS” DA CONSTRUÇÃO
Vista Panorâmica da Av. Presidente Vargas - 
1949
Vista Panorâmica da Av. Presidente Vargas - 1951
Trevo das Forças Armadas no final da Av. Presidente Vargas 
Final da década de 1960
O centenário Canal do Mangue, na Av. Presidente Vargas. 
Ao fundo, vê-se a Igreja da Candelária – Foto de O Globo.
Vista Panorâmica Atual da Av. 
Presidente Vargas Com Destaque Para a 
Praça Duque de Caxias.
Referências Bibliográficas: 
-Aparências do Rio de Janeiro, de Gastão Cruls 
- História das Ruas do Rio, de Brasil Gerson 
- Memórias da Cidade do Rio de Janeiro, de Vivaldo 
Coaracy 
- Sites diversos disponíveis na Internet 
- Fundo Musical: Sons de Carrilhões, Autoria de João 
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Autor: R.A. Macedo 
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  • 1. A Construção da Avenida Presidente Vargas (O Antes, o Durante e o Depois) Quem hoje passa pela movimentada Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, não faz ideia dos transtornos ocorridos por ocasião da construção da vasta avenida . A abertura da avenida era parte de um amplo Plano de Obras levado a efeito na gestão do Prefeito Henrique Dodsworth, encomendado ao engenheiro Édison Passos, Secretário de Viação, com o objetivo de desafogar o trânsito da cidade. Clique Para Mudar de Slide
  • 2. • Grandes foram as dificuldades enfrentadas para a sua realização: a oposição dos proprietários dos imóveis que estavam em seu traçado; a extinção de logradouros públicos como o Largo do Capim; o Largo de São Domingos; a famosa Praça Onze, da qual hoje existe um simples arremedo; uma grande parte da Praça da República que foi, também, eliminada para a passagem do leito da nova avenida; a destruição de importantes edificações como o Paço Municipal, sede da Prefeitura, assim como a comoção provocada no espírito religioso e tradicionalista de muitos pela demolição de diversos templos, dentre os quais as igrejas de São Pedro, do Bom Jesus do Calvário, de Nossa Senhora da Conceição e a Capela de São Domingos. Cogitou-se, até mesmo, de pôr abaixo a Igreja da Candelária, a qual só foi preservada ao se decidir que ela permaneceria dentro da própria avenida.
  • 3. Construída entre os anos de 1732 e 1740, a Igreja de São Pedro dos Clérigos era ornamentada com obras do Mestre Valentim e tinha um estilo único na cidade: o corpo era em rotunda, com quatro arcos, e o zimbório (espécie de domo) copiava os templos romanos. Foi feita uma tentativa de removê-la para outro lugar. No entanto, bastou os operários iniciarem as escavações dos alicerces da igreja para que o templo simplesmente “Foi assim, de fato, dpeeslaab asismsep.les e obstinada preocupação de pôr-se o eixo da nova Avenida Presidente Vargas em rigoroso alinhamento com a Avenida do Mangue, que se obteve do Presidente da República cancelar a inscrição daqueles monumentos nos Livros do Tombo, despojando-nos, feita abstração dos outros, da joia singular da arquitetura sacra, que era a Igreja de São Pedro”, assim descreve o historiador Gastão COrbuslesr evmaç sãeou: lAivvreon “idAap adroê nMciaans gduoe Reiroa dae aJnatniegiaro d”.esignação do trecho da atual Avenida Presidente Vargas desde a Praça Onze até a Avenida Francisco Bicalho.
  • 4. Foram demolidos os quarteirões que formavam o lado par da Rua General Câmara e o ímpar da Rua de São Pedro, fundindo as duas em uma só via. Da mesma maneira, também as ruas Visconde de Itaúna e Senador Eusébio, ao longo do Canal do Mangue, também se fundiram numa só para a construção da avenida. A Rua General Câmara era tradicionalmente conhecida como Rua do Sabão e a designação devia-se à localização em um de seus trechos do armazém de sabão aonde a população do Rio colonial ia se abastecer desse produto, no tempo em que o monopólio de fabricá-lo e vendê-lo pertencia, sempre, a um amigo do Rei português ou a um de seus ministros. Esse nome serviu para designá-la até 1870, quando a Câmara Municipal mudou o seu nome para General Câmara, em homenagem ao vencedor do combate do Serro Corá que, com a morte de Lopez, pôs fim à Guerra do Paraguai. Quando foi aberta outra em continuação, além do Campo de Santana, foi denominada pelo povo de Rua do Sabão da Cidade Nova, também rebatizada de Visconde de Itaúna após o seu prolongamento até a Ponte dos Marinheiros.
  • 5. • A centenária Rua de São Pedro se desenvolveu a partir da igreja nela construída pela Irmandade dos Clérigos de São Pedro ou de São Pedro dos Clérigos, rica e bela como poucas havia no país. A rua se estendia desde a altura da Candelária até o Campo de Santana (Praça da República). • Tal qual a Rua do Sabão, ao ser aberta outra além do Campo, como continuação dela, o povo que tanto a queria, a denominou Rua de São Pedro da Cidade Nova. Anos mais tarde, ao ser prolongada até a altura da atual Ponte dos Marinheiros, teve o nome alterado para Senador Eusébio. • A Avenida Presidente Vargas foi, enfim, inaugurada no dia 7 de setembro de 1944 quando, pela primeira vez, nela se realizou o desfile militar comemorativo da Independência do Brasil e que contou com a presença, entre outras autoridades, do próprio homenageado na designação da avenida, o Presidente Vargas.
  • 6. Sob os acordes plangentes de “Sons de Carrilhões”, de autoria de João Pernambuco, em exímia execução de Dilermando Reis, como que a lamentar o silêncio imposto aos sinos que dobravam em diversas igrejas demolidas para a abertura da ampla avenida, apresento algumas fotos retratando o seu espaço , antes, durante e após a construção.
  • 7. O “ANTES “DA CONSTRUÇÃO
  • 9.
  • 10.
  • 11.
  • 12. 1927
  • 13. Praça 11 de Junho – 1922 (Foto de Augusto Malta)
  • 14. Praça 11 de Junho - 1930
  • 15. Em 1910, o Canal do Mangue era atração turística
  • 16. O Canal do Mangue em 1919
  • 17. A Antiga Estação da Central do Brasil
  • 18. A Antiga Estação da Central do Brasil Com o Novo Prédio em Construção ao Fundo
  • 20. Hospital São Francisco de Assis, Cuja Criação Remonta a 1876
  • 21. Largo de São Domingos – A Igreja e o Largo se localizavam onde hoje é a Av. Presidente Vargas, em frente à Av. Passos. O largo fazia esquina com a Rua General Câmara
  • 22. Igreja de São Domingos situada no largo de mesmo nome
  • 23. Igreja de São Pedro dos Clérigos, demolida para a abertura da Av. Presidente Vargas.
  • 24. Igreja de São Pedro dos Clérigos (Foto de Marc Ferrez)
  • 25. A Praça da República, em 1905, Com a Escola Rivadávia Correa ao Fundo (Este é o espaço hoje ocupado pelo Panteon do Duque de Caxias. Observe-se que as árvores da praça muito se
  • 26. O Paço Municipal, sede da Prefeitura, demolido para a abertura da Avenida Presidente Vargas (foto de 1893- 1894)
  • 27. Rua General Câmara, desaparecida com a abertura da Av. Presidente Vargas (Foto de Augusto
  • 28. Largo do Capim – Situava-se entre as ruas Gen. Câmara, de São Pedro e dos Andradas. Em 1790, a municipalidade determinou que ali fosse estabelecido um local para a forragem dos animais de montaria, carruagens e veículos de carga, surgindo, assim, a denominação de Largo do Capim. Em 1925, o seu nome foi alterado para Praça Lopes Trovão que perdurou até 1943, quando desapareceu com a abertura da Av. Presidente Vargas.
  • 29. O “DURANTE” A CONSTRUÇÃO
  • 30. Obras de abertura da Av. Presidente Vargas , vendo-se o extinto Largo de São Domingos e as suas árvores.
  • 31. Obras de pavimentação da Av. Presidente Vargas, vendo-se, ao fundo, a Praça da República ainda no seu trajeto.
  • 32. Rua Senador Eusébio, cruzamento com a Rua de Santana, com várias edificações já demolidas (Ao fundo, vê-se o prédio da Central do Brasil ainda sem o seu característico relógio).
  • 33. Rua Senador Eusébio em fase de demolição para a abertura da Av. Presidente Vargas (Ao fundo, vê-se parte da Praça da República) 1943
  • 34. O ANTES DA CONSTRUÇÃO Rua Senador Eusébio - 1943
  • 35. Rua Senador Eusébio esquina com a Praça da República - 1943
  • 36. Rua Visconde de Itaúna em fase de demolição para a abertura da Av. Presidente Vargas (Vê-se o prédio da Central do Brasil ainda sem o relógio e, ao fundo, parte da Praça da República ) - 1943
  • 37. Praça 11 de Junho – O Processo de Demolição - 1943
  • 38. Esquina da Av. Presidente Vargas com a Praça da República (atente-se, à esquerda do prédio, a Casa de Deodoro até hoje existente) - Foto de O Globo
  • 39. Av. Presidente Vargas – Foto panorâmica tirada a partir da Igreja da Candelária
  • 40. Vista panorâmica da Av. Presidente Vargas . À esquerda, vê-se parte do edifício do atual Comando Militar do Leste (antigo Ministério da Guerra); aEscola Rivadávia Correa; ao fundo, a Igreja da Candelária e, à direita da foto, parte da Praça da República (Fotografia tirada, provavelmente, do edifício da Central do Brasil) - Ano 1944
  • 41. O “DEPOIS” DA CONSTRUÇÃO
  • 42. Vista Panorâmica da Av. Presidente Vargas - 1949
  • 43. Vista Panorâmica da Av. Presidente Vargas - 1951
  • 44. Trevo das Forças Armadas no final da Av. Presidente Vargas Final da década de 1960
  • 45. O centenário Canal do Mangue, na Av. Presidente Vargas. Ao fundo, vê-se a Igreja da Candelária – Foto de O Globo.
  • 46. Vista Panorâmica Atual da Av. Presidente Vargas Com Destaque Para a Praça Duque de Caxias.
  • 47. Referências Bibliográficas: -Aparências do Rio de Janeiro, de Gastão Cruls - História das Ruas do Rio, de Brasil Gerson - Memórias da Cidade do Rio de Janeiro, de Vivaldo Coaracy - Sites diversos disponíveis na Internet - Fundo Musical: Sons de Carrilhões, Autoria de João Pernambuco Interpretação de Dilermando Reis
  • 48. Autor: R.A. Macedo Julho de 2012