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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga:
Água e Saneamento, desafios à conservação

28 e 29 de Novembro de 2012

Sorocaba - SP
     Dinâmica e Estrutura da Comunidade Procarionte na Represa de
                            Itupararanga - SP
 Laís Américo Soares 1; Emiliana Manesco Romagnoli2, Maria do Carmo Calijuri 3, André
Cordeiro Alves dos Santos1 (1 Universidade Federal de São Carlos – campus – Sorocaba;
    2
        Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – Esalq/USP; 3 Departamento de
                           Hidraulica e Saneamento EESC/USP)

                                  americo.lais@gmail.com

RESUMO

As comunidades microbianas em reservatórios sofrem alterações de acordo com as propriedades
do corpo d’água no qual se inserem, podendo causar doenças à população que estão em contato
com a água destes reservatórios. Com este trabalho, objetivou-se determinar a riqueza de
bactérias e archaea em dois pontos do reservatório de Itupararanga ao longo da coluna d’água.
Para tanto amostras de água foram coletadas na barragem e na entrada da represa (seis e três
profundidades respectivamente) e filtradas com membrana de poro 0,22µm. O DNA microbiano foi
extraído da membrana, quantificado por Reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR)
e a estrutura da comunidade foi analisada por eletroforese em gel de gradiente desnaturante
(DGGE). O maior e o menor número de bactérias (6,79.10 7 e 2,16.107) foram encontrados em
uma profundidade de 4M no ponto da barragem e da entrada, respectivamente. Apesar de
diversos trabalhos considerarem a ocorrência de Archaea apenas em condições extremas, foram
encontradas até 57 comunidades deste domínio em ambos os pontos de estudo, indicando que
estes organismos, assim como as bactérias, distribuem-se nos mais diversos ambientes.




Palavras – Chave: Archaea; Bacteria; PCR/DGGE/PCR tempo real.
1. Introdução


Os organismos procariontes são distribuídos em dois domínios: Bacteria, cujos
organismos são conhecidos desde o século XIX; e Archaea, descoberto a partir da
metade do século XX (Woese e Fox, 1977). Apesar das comunidades serem conhecidas,
as condições de sobrevivência, tipos de metabolismo e interação entre bactéria e
arquéias em condições naturais é pouco entendido (Beman et al., 2011)

Por terem sido encontradas em condições extremas, inicialmente acreditou-se que as
Archaea ocorriam apenas em ambientes muito específicos, como em altas temperaturas e
salinidade, baixo pH e sob efeito de elevada pressão. No entanto, estes organismos têm
sido encontrados em diversos ambientes, como sedimento de manguezais (Taketani, et
al., 2010); solos alagados amazônicos (Pazinato, et al., 2010); água marinha litorânea
(Cury, et al., 2011); em associação com corais (Lins de Barros, et al., 2009) e em rumem
de cabras (Cunha, et al., 2011).

Embora apenas parte da diversidade de bactérias planctônicas seja conhecida, este
grupo é melhor caracterizado do que o domínio Archaea, além disso várias espécies já
foram isoladas e seus papéis no metabolismo do ecossistema já foi desvendado porém há
um número ainda muito maior de espécies desconhecidas e com papel no ecossistema
não compreendido.. Portanto, o estudo das comunidades de microrganismos procariontes
em ambientes aquáticos continentais além de permitir o melhor entendimento do
metabolismo aquático é também importante na descoberta de uma biodiversidade que
tem influência em todos os processos de manutenção deste ecossistema.

      2.     Material e Métodos
             2.1. Área de Amostragem
O reservatório de Itupararanga localizado no interior de São Paulo pertence à Unidade de
Gerenciamento Hídrico - 10 (UGRHI -10). A UGRHI-10 compreende a bacia do rio
Sorocaba e possui área de drenagem de 11.829Km2, sendo 17,5% de sua extensão
coberta por vegetação nativa, e população de aproximadamente 1.811.904 habitantes.

A represa de Itupararanga apresentou em 2009 o melhor índice de qualidade da água da
UGRHI-10 apesar de também ter sido observado, a partir deste ano, o predomínio de
cianobactérias na comunidade fitoplanctônica (Relatório de situação dos recursos
Hidricos-2010) podendo ocasionar aumento no processo de eutrofização do reservatório
que atualmente classifica-se como mesotrófico.
Foram coletadas amostras de água com garrafa de Van Dorn e sedimento com Draga de
Birke-Eckman em dois pontos ao longo da represa de Itupararanga, na entrada dos rios
(Trans) e próximo à Barragem do reservatório (Estação de coleta 3 - EC3), conforme a
figura 2.




            Figura 1: Estações de amostragem: EC3- Barragem e Trans - Entrada dos rios.


Na estação de coleta Trans foram amostradas águas de três profundidades, superfície,
meio e fundo (0,0 m; 4,0 m; 8,0m), enquanto que na EC3, por apresentar maior
profundidade com relação ao ponto anterior, as amostras de água foram retiradas de
cinco profundidades (0,0 m; 2,0 m; 4,0 m; 10,0 m; 15,5 m), conforme figura 3.




  Figura 2: Esquema de amostragem de água nas duas estações de amostragem, Trans e EC3 nas
                                  diferentes profundidades.
As coletas ocorreram no dia 16 de abril de 2012, na EC3 às 14h00min e na estação Trans

por volta das 15h30min. No momento da amostragem havia sol com nuvens e vento forte.

As amostras de água e sedimento coletadas nos dois pontos, Trans e EC3, foram

armazenadas à 4ºC até o momento das análises.


As análises físico-químicas, temperatura, pH, condutividade e concentração de nutrientes

foram realizadas no momento da coleta Através de sonda multiparâmetros e

posteriormente no Laboratório de Microbiologia Ambiental do Campus Sorocaba da

UFSCar e no Laboratório de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São

Carlos da USP através de métodos padrão APHA (2005)


Amostras de DNA presentes na água dos dois pontos nas diferentes profundidades foram

extraídas com o Kit para isolamento de DNA metagenômico de água (Epicentre), segundo

o protocolo do fabricante.


A região V6 do gene 16S do rDNA de Bacteria foi amplificada com os iniciadores:
U968FGC e 1378 e Archaea em duas etapas, a primeira com ARCH21F ARCH 958R e a
segunda reação (nested PCR) com: ARCH340FGC e ARCH519R .

Para as análises de DGGE, os produtos de PCR de Bacteria foram aplicados em gel de
eletroforese com 8% de acrilamida, bisacrilamida (37,5:1) à um gradiente 30% a 60% de
formamida e ureia, em que 100% de desnaturação apresentam 7M de ureia e 80% de
formamida . A eletroforese foi realizada a 180V e 60ºC por 4 horas. Para o domínio
Archaea, os produtos da PCR foram adicionados em gel de eletroforese com 8% de
acrilamida:bisacrilamida, em um gradiente de 15% a 55% de formamida e ureia. A
eletroforese foi realizada durante 3,5 horas a 200V e 60 ºC.

Para quantificação do gene 16S DNAr foi realizada reação em cadeia de polimerase em
tempo real (qPCR) no laboratório de Genética da Esalq/USP. As reações foram feitas em
duplicata e corridas no equipamento Bio-Rad iQ5 Optical System. Os iniciadores usados
para Bacteria foram: P1 (5’- CCT AGC GGA GGC AGC AG - 3’) e P2 (5’ - ATT ACC GCG
GCT GCT GG – 3’).
3. Resultados e Discussão
Nas duas estações de amostragem ocorreu estratificação química na concentração de
oxigênio dissolvido, com maiores concentrações na superfície: 8,29 mg.L -1 e 5,65 mg.L-1,
e menores na região próxima ao sedimento: 1,40 mg.L -1 e 2,5 mg.L-1, EC3 e TRANS,
respectivamente.

Não foi encontrada condição anóxica próximo aos sedimentos em nenhuma das estações,
porém em ambas foi observada hipoxia (concentrações de 1,4 mg.L-1 em EC3 e 2,5 mg.L-
1
    em TRANS) podendo estar relacionada ao descarte de esgoto sem tratamento prévio
adequado, uma vez que, segundo dados da CBH-SMT (2008), apenas 20% do esgoto
doméstico gerado na sub-bacia do Alto Sorocaba é tratado.

Os maiores valores de pH foram encontrados na superfície da estação EC3 e em TRANS
(7,34 e 6,92, respectivamente). Enquanto que na estação TRANS o menor pH foi
verificado próximo ao sedimento (6,33), e na EC3 o menor valor foi encontrado à 10
metros de profundidade (6,15) aumentando para 6,45 à 15,5 metros, região próxima ao
sedimento.

Na estação de coleta EC3 foi observada estratificação térmica, com variação de 1,69 ºC,
embora as maiores temperaturas (26,16 ºC) tenham sido verificadas à 4 metros de
profundidade nesta estação e na superfície ( 23,14 ºC) da estação de coleta TRANS, em
ambas as estações, a menor temperatura foi encontrada na região próxima ao sedimento
(22,7 ºC e 22,28 ºC, EC3 e TRANS, respectivamente).

A estação de coleta TRANS apresentou condutividade mais alta em relação à EC3, onde
o maior valor (98 µS.cm-1) foi encontrado no fundo do reservatório. Tais condições são
padrão em ambientes ou períodos com pouca influência de vento e pode ser observado
em diversos reservatórios da região sudeste do Brasil (Tundisi et al., 2004).

Na estação de coleta EC3 há predomínio de sólidos suspensos orgânicos e na TRANS de
sólidos suspensos inorgânicos. Correlação positiva foi encontrada entre sólidos
suspensos inorgânicos e quantidade de comunidades bacterianas (r=0,84 p=0,005), que
também se correlacionou com a concentração de nutrientes dissolvidos: ortofosfato
(r=0,95 p=0,005), nitrato (r=0,97 p=0,005), nitrito (r=0,92 p=0,005).

Análises de qPCR para bactéria foi realizada para ambas as estações de coleta.
Quantitativamente, na EC3 foram observadas maiores densidades de bactérias do que na
estação TRANS.
Na estação TRANS, a densidade de bactérias por litro de água aumentou de 4,19 x107
bactéria.L-1 na superfície para 6,55 x107 no fundo. Já na EC3 na superfície foi encontrada
6,64 x107 bactérias e no fundo 4,89 x107.

A técnica de DGGE permite separação dos fragmentos de DNA com sequências
nucleotídicas distintas, porém com a mesma quantidade de pares de base, devido ao
gradiente de desnaturação cuja dupla hélice do DNA é submetida. Para o domínio
Bacteria, o gradiente desnaturante (ureia-formamida) aplicado foi de 30 a 60%.

A partir das análises da eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) pode-se
verificar a presença de comunidades de organismos dos domínios Archaea e Bacteria na
coluna d’água da represa de Itupararanga. No entanto, a riqueza (quantidade de
comunidades) de bactérias foi maior do que a de arqueias.

A presença de Archaea em ambientes aquáticos continentais como rios já foi observada
(Fan et al, 2010), porém não há, até o momento, outros relatos na literatura da presença
de Archaea em reservatórios e devido ao pouco conhecimento sobre seu metabolismo
esta presença pode abrir novas alternativas para se entender a dinâmica do metabolismo
destes ecossistemas (Dolan, 2005).

A partir da distribuição da comunidade pode se afirmar que a comunidade de Archaea é
relacionada a profundidade do reservatório, enquanto que a comunidade de Bacteria
sofre, além desta, influencia de outras variáveis como, por exemplo, a disponibilidade de
nutrientes.

Em trabalhos recentes (Barberán e Casamayor,2011) foi observado o endemismo de
bactérias em algumas profundidades em ambientes de águas continentais estratificados e
com camadas anóxicas, porém neste trabalho os dados preliminares parecem indicar uma
maior homogeneidade entre as comunidades observadas nas diversas profundidades.

As Archaea não extremófilas mais descritas na literatura são espécies metanogênicas, as
quais são anaeróbias estritas ou facultativas, com isso esperava-se encontrar maior
riqueza deste grupo em regiões profundas do reservatório, no entanto, foram observados
filotipos em todas as profundidades analisadas da coluna d’água o que pode indicar
outros tipos de metabolismos.

Estudos mais aprofundados sobre a composição especifica destas comunidade já estão
sendo realizados para permitir um melhor entendimento da contribuição desta diversidade
no metabolismo do ecossistema.
4. Conclusões
         Foram encontradas comunidades de Archaea e Bacteria em ambas as
              estações, nas diferentes profundidades de coleta;
             A presença de comunidades de Archaea em reservatórios, apesar de ser
              esperada, não foi ainda reportada na literatura.
             Foi observada uma maior riqueza (número de comunidades) de Bacteria em
              relação à Archaea em ambos as estações de coleta;
             As comunidades de Bacteria foram mais similares entre as profundidades do
              que as comunidades de Archaea;
             Existe um padrão de distribuição claro das comunidades de Archaea em
              relação a profundidade. Esta distribuição não foi observada para bactéria,
              porém     esta    comunidade      parece    estar    relacionada    com     maiores
              concentrações de nutrientes.


5. Referências


BARBERÁN, A. & CASAMAYOR, E.O. Euxinic Freshwater Hypolimnia Promote Bacterial
Endemicity in Continental Areas. Microb Ecol 61:465–472, 2011.

BEMAN J.M., STEELE, J.A. AND FUHRMAN, J. A. Co-occurrence Patterns for Abundant Marine
Archaeal and Bacterial Lineages in the Deep Chlorophyll Maximum of Coastal California. Isme
journal 5, 1077–1085., 2011.

CALIJURI, M.C. ; DOS SANTOS, A.C.A. ; JATI, S. Temporal changes in the phytoplankton
community structure in a tropical and eutrophic reservoir (barra bonita, s.p. - brazil). JOURNAL OF
PLANKTON RESEARCH, 24: 617-634, 2002.

CBH-SMT - Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê. Plano de Bacia da
UGRHI 10. CBH-SMT, IPT, 1- 512, 2008.

CUNHA, I. S. BARRETO, C. C. COSTA, O. Y. A. BOMFIM, M. A. CASTRO, A. P. KRUGER, R. H.
QUIRINO, B. F. Bacteria and Archaea community structure in the rumem microbiome of goats
(Capra hircus) from de semiarid region of Brazil. Anaerobe 17: 118-124, 2011.

CURY, J. C. ARAUJO, F. V. COELHO-SOUZA, S. A. PEIXOTO, R. A. OLIVEIRA, J. A. L.
SANTOS, H. F. DÁVILA, A. M. R. ROSADO, A. S. Microbial diversity of a Brasilian coastal region
influenced by na upwelling system and anthropogenic activity. PLoS one 6:1-13, 2011.
DOLAN, J.R. An introduction to the biogeography of aquatic microbes.. Aquat Microb Ecol Vol. 41:
39–48, 2005.

FAN G, ZHU G, WANG Y, WANG S, WANG C, YIN C. New functional microorganisms in nitrogen
cycle   restoration   of   river riparian   ecosystems.   Huanjing   kexue   xuebao/acta    scientiae
circumstantiae, v. 30, n. 8, p. 1558-63, 2010.

LINS DE BARROS, M. M. VIEIRA, R. P. CARDOSO, A. M. MONTEIRO, V. A. TURQUE, A. S.
SILVEIRA, C. B. ALBANO, R. M. CLEMENTINO, M. M. MARTINS, O. B. Archaea, bacteria and
algal plastids with the reef-building corals siderastrea stellate and mussismilia hispida from búzios,
south atlantic ocean, brazil. Invertebrate microbiology 59: 523-532, 2009.

PAZINATO, J. M. PAULO, E. N. MENDES, L. W. VAZOLLER, R. F. TSAI, S. M. Moleculat
characterization of the archaeal community in an amazonian wetland soil and culture –dependent
isolation of methanogenic archaea. Diversity 2:1026-1047, 2010.

TAKETANI, R. G. YOSHIURA, C. A. FRANCO DIAS, A. C. ANDREOTE, F. D. TSAI, S. M.
Diversity and identification of methanogenic archaea and sulphate-reducing bactéria in sediments
from a pristine tropical mangrove. Antonie van leeuwenhoek 97:401 – 411, 2010.

TUNDISI, J. G. MATSUMURA – TUNDISI, T. ARANTES JUNIOR, J. D. TUNDISI, J. E. M.
MANZINE, N. F. DUCROT, R. The response of Carlos Botelho (Lobo/Broa) reservoir to the
passage of cold fronts as reflected by physical, chemical and biological variables. In Brazilian
Journal of Biology 64: 177-186, 2004.

TUNDISI, J. G. MATSUMURA – TUNDISI, T. PEREIRA, K. C. LUZIA, A. P. PASSERINI, M. D.
CHIBA, WAC, MORAIS, M. A. SEBASTIEN, N. Y. Cold Fronts and reservoir limnology: an
integrated approach towards the ecological dynamics of freshwater ecosystems. In Brazilian
Journal of Biology 70: 815-824, 2010.

WOESE, C. R.; FOX, G. E. Phylogenetic structure of the prokaryotic domain: The primary
kingdoms. Proceedings of the National Academy of Sciences, 1-5090, 1977.

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  • 1. III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga: Água e Saneamento, desafios à conservação 28 e 29 de Novembro de 2012 Sorocaba - SP Dinâmica e Estrutura da Comunidade Procarionte na Represa de Itupararanga - SP Laís Américo Soares 1; Emiliana Manesco Romagnoli2, Maria do Carmo Calijuri 3, André Cordeiro Alves dos Santos1 (1 Universidade Federal de São Carlos – campus – Sorocaba; 2 Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – Esalq/USP; 3 Departamento de Hidraulica e Saneamento EESC/USP) americo.lais@gmail.com RESUMO As comunidades microbianas em reservatórios sofrem alterações de acordo com as propriedades do corpo d’água no qual se inserem, podendo causar doenças à população que estão em contato com a água destes reservatórios. Com este trabalho, objetivou-se determinar a riqueza de bactérias e archaea em dois pontos do reservatório de Itupararanga ao longo da coluna d’água. Para tanto amostras de água foram coletadas na barragem e na entrada da represa (seis e três profundidades respectivamente) e filtradas com membrana de poro 0,22µm. O DNA microbiano foi extraído da membrana, quantificado por Reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) e a estrutura da comunidade foi analisada por eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE). O maior e o menor número de bactérias (6,79.10 7 e 2,16.107) foram encontrados em uma profundidade de 4M no ponto da barragem e da entrada, respectivamente. Apesar de diversos trabalhos considerarem a ocorrência de Archaea apenas em condições extremas, foram encontradas até 57 comunidades deste domínio em ambos os pontos de estudo, indicando que estes organismos, assim como as bactérias, distribuem-se nos mais diversos ambientes. Palavras – Chave: Archaea; Bacteria; PCR/DGGE/PCR tempo real.
  • 2. 1. Introdução Os organismos procariontes são distribuídos em dois domínios: Bacteria, cujos organismos são conhecidos desde o século XIX; e Archaea, descoberto a partir da metade do século XX (Woese e Fox, 1977). Apesar das comunidades serem conhecidas, as condições de sobrevivência, tipos de metabolismo e interação entre bactéria e arquéias em condições naturais é pouco entendido (Beman et al., 2011) Por terem sido encontradas em condições extremas, inicialmente acreditou-se que as Archaea ocorriam apenas em ambientes muito específicos, como em altas temperaturas e salinidade, baixo pH e sob efeito de elevada pressão. No entanto, estes organismos têm sido encontrados em diversos ambientes, como sedimento de manguezais (Taketani, et al., 2010); solos alagados amazônicos (Pazinato, et al., 2010); água marinha litorânea (Cury, et al., 2011); em associação com corais (Lins de Barros, et al., 2009) e em rumem de cabras (Cunha, et al., 2011). Embora apenas parte da diversidade de bactérias planctônicas seja conhecida, este grupo é melhor caracterizado do que o domínio Archaea, além disso várias espécies já foram isoladas e seus papéis no metabolismo do ecossistema já foi desvendado porém há um número ainda muito maior de espécies desconhecidas e com papel no ecossistema não compreendido.. Portanto, o estudo das comunidades de microrganismos procariontes em ambientes aquáticos continentais além de permitir o melhor entendimento do metabolismo aquático é também importante na descoberta de uma biodiversidade que tem influência em todos os processos de manutenção deste ecossistema. 2. Material e Métodos 2.1. Área de Amostragem O reservatório de Itupararanga localizado no interior de São Paulo pertence à Unidade de Gerenciamento Hídrico - 10 (UGRHI -10). A UGRHI-10 compreende a bacia do rio Sorocaba e possui área de drenagem de 11.829Km2, sendo 17,5% de sua extensão coberta por vegetação nativa, e população de aproximadamente 1.811.904 habitantes. A represa de Itupararanga apresentou em 2009 o melhor índice de qualidade da água da UGRHI-10 apesar de também ter sido observado, a partir deste ano, o predomínio de cianobactérias na comunidade fitoplanctônica (Relatório de situação dos recursos Hidricos-2010) podendo ocasionar aumento no processo de eutrofização do reservatório que atualmente classifica-se como mesotrófico.
  • 3. Foram coletadas amostras de água com garrafa de Van Dorn e sedimento com Draga de Birke-Eckman em dois pontos ao longo da represa de Itupararanga, na entrada dos rios (Trans) e próximo à Barragem do reservatório (Estação de coleta 3 - EC3), conforme a figura 2. Figura 1: Estações de amostragem: EC3- Barragem e Trans - Entrada dos rios. Na estação de coleta Trans foram amostradas águas de três profundidades, superfície, meio e fundo (0,0 m; 4,0 m; 8,0m), enquanto que na EC3, por apresentar maior profundidade com relação ao ponto anterior, as amostras de água foram retiradas de cinco profundidades (0,0 m; 2,0 m; 4,0 m; 10,0 m; 15,5 m), conforme figura 3. Figura 2: Esquema de amostragem de água nas duas estações de amostragem, Trans e EC3 nas diferentes profundidades.
  • 4. As coletas ocorreram no dia 16 de abril de 2012, na EC3 às 14h00min e na estação Trans por volta das 15h30min. No momento da amostragem havia sol com nuvens e vento forte. As amostras de água e sedimento coletadas nos dois pontos, Trans e EC3, foram armazenadas à 4ºC até o momento das análises. As análises físico-químicas, temperatura, pH, condutividade e concentração de nutrientes foram realizadas no momento da coleta Através de sonda multiparâmetros e posteriormente no Laboratório de Microbiologia Ambiental do Campus Sorocaba da UFSCar e no Laboratório de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da USP através de métodos padrão APHA (2005) Amostras de DNA presentes na água dos dois pontos nas diferentes profundidades foram extraídas com o Kit para isolamento de DNA metagenômico de água (Epicentre), segundo o protocolo do fabricante. A região V6 do gene 16S do rDNA de Bacteria foi amplificada com os iniciadores: U968FGC e 1378 e Archaea em duas etapas, a primeira com ARCH21F ARCH 958R e a segunda reação (nested PCR) com: ARCH340FGC e ARCH519R . Para as análises de DGGE, os produtos de PCR de Bacteria foram aplicados em gel de eletroforese com 8% de acrilamida, bisacrilamida (37,5:1) à um gradiente 30% a 60% de formamida e ureia, em que 100% de desnaturação apresentam 7M de ureia e 80% de formamida . A eletroforese foi realizada a 180V e 60ºC por 4 horas. Para o domínio Archaea, os produtos da PCR foram adicionados em gel de eletroforese com 8% de acrilamida:bisacrilamida, em um gradiente de 15% a 55% de formamida e ureia. A eletroforese foi realizada durante 3,5 horas a 200V e 60 ºC. Para quantificação do gene 16S DNAr foi realizada reação em cadeia de polimerase em tempo real (qPCR) no laboratório de Genética da Esalq/USP. As reações foram feitas em duplicata e corridas no equipamento Bio-Rad iQ5 Optical System. Os iniciadores usados para Bacteria foram: P1 (5’- CCT AGC GGA GGC AGC AG - 3’) e P2 (5’ - ATT ACC GCG GCT GCT GG – 3’).
  • 5. 3. Resultados e Discussão Nas duas estações de amostragem ocorreu estratificação química na concentração de oxigênio dissolvido, com maiores concentrações na superfície: 8,29 mg.L -1 e 5,65 mg.L-1, e menores na região próxima ao sedimento: 1,40 mg.L -1 e 2,5 mg.L-1, EC3 e TRANS, respectivamente. Não foi encontrada condição anóxica próximo aos sedimentos em nenhuma das estações, porém em ambas foi observada hipoxia (concentrações de 1,4 mg.L-1 em EC3 e 2,5 mg.L- 1 em TRANS) podendo estar relacionada ao descarte de esgoto sem tratamento prévio adequado, uma vez que, segundo dados da CBH-SMT (2008), apenas 20% do esgoto doméstico gerado na sub-bacia do Alto Sorocaba é tratado. Os maiores valores de pH foram encontrados na superfície da estação EC3 e em TRANS (7,34 e 6,92, respectivamente). Enquanto que na estação TRANS o menor pH foi verificado próximo ao sedimento (6,33), e na EC3 o menor valor foi encontrado à 10 metros de profundidade (6,15) aumentando para 6,45 à 15,5 metros, região próxima ao sedimento. Na estação de coleta EC3 foi observada estratificação térmica, com variação de 1,69 ºC, embora as maiores temperaturas (26,16 ºC) tenham sido verificadas à 4 metros de profundidade nesta estação e na superfície ( 23,14 ºC) da estação de coleta TRANS, em ambas as estações, a menor temperatura foi encontrada na região próxima ao sedimento (22,7 ºC e 22,28 ºC, EC3 e TRANS, respectivamente). A estação de coleta TRANS apresentou condutividade mais alta em relação à EC3, onde o maior valor (98 µS.cm-1) foi encontrado no fundo do reservatório. Tais condições são padrão em ambientes ou períodos com pouca influência de vento e pode ser observado em diversos reservatórios da região sudeste do Brasil (Tundisi et al., 2004). Na estação de coleta EC3 há predomínio de sólidos suspensos orgânicos e na TRANS de sólidos suspensos inorgânicos. Correlação positiva foi encontrada entre sólidos suspensos inorgânicos e quantidade de comunidades bacterianas (r=0,84 p=0,005), que também se correlacionou com a concentração de nutrientes dissolvidos: ortofosfato (r=0,95 p=0,005), nitrato (r=0,97 p=0,005), nitrito (r=0,92 p=0,005). Análises de qPCR para bactéria foi realizada para ambas as estações de coleta. Quantitativamente, na EC3 foram observadas maiores densidades de bactérias do que na estação TRANS.
  • 6. Na estação TRANS, a densidade de bactérias por litro de água aumentou de 4,19 x107 bactéria.L-1 na superfície para 6,55 x107 no fundo. Já na EC3 na superfície foi encontrada 6,64 x107 bactérias e no fundo 4,89 x107. A técnica de DGGE permite separação dos fragmentos de DNA com sequências nucleotídicas distintas, porém com a mesma quantidade de pares de base, devido ao gradiente de desnaturação cuja dupla hélice do DNA é submetida. Para o domínio Bacteria, o gradiente desnaturante (ureia-formamida) aplicado foi de 30 a 60%. A partir das análises da eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) pode-se verificar a presença de comunidades de organismos dos domínios Archaea e Bacteria na coluna d’água da represa de Itupararanga. No entanto, a riqueza (quantidade de comunidades) de bactérias foi maior do que a de arqueias. A presença de Archaea em ambientes aquáticos continentais como rios já foi observada (Fan et al, 2010), porém não há, até o momento, outros relatos na literatura da presença de Archaea em reservatórios e devido ao pouco conhecimento sobre seu metabolismo esta presença pode abrir novas alternativas para se entender a dinâmica do metabolismo destes ecossistemas (Dolan, 2005). A partir da distribuição da comunidade pode se afirmar que a comunidade de Archaea é relacionada a profundidade do reservatório, enquanto que a comunidade de Bacteria sofre, além desta, influencia de outras variáveis como, por exemplo, a disponibilidade de nutrientes. Em trabalhos recentes (Barberán e Casamayor,2011) foi observado o endemismo de bactérias em algumas profundidades em ambientes de águas continentais estratificados e com camadas anóxicas, porém neste trabalho os dados preliminares parecem indicar uma maior homogeneidade entre as comunidades observadas nas diversas profundidades. As Archaea não extremófilas mais descritas na literatura são espécies metanogênicas, as quais são anaeróbias estritas ou facultativas, com isso esperava-se encontrar maior riqueza deste grupo em regiões profundas do reservatório, no entanto, foram observados filotipos em todas as profundidades analisadas da coluna d’água o que pode indicar outros tipos de metabolismos. Estudos mais aprofundados sobre a composição especifica destas comunidade já estão sendo realizados para permitir um melhor entendimento da contribuição desta diversidade no metabolismo do ecossistema.
  • 7. 4. Conclusões  Foram encontradas comunidades de Archaea e Bacteria em ambas as estações, nas diferentes profundidades de coleta;  A presença de comunidades de Archaea em reservatórios, apesar de ser esperada, não foi ainda reportada na literatura.  Foi observada uma maior riqueza (número de comunidades) de Bacteria em relação à Archaea em ambos as estações de coleta;  As comunidades de Bacteria foram mais similares entre as profundidades do que as comunidades de Archaea;  Existe um padrão de distribuição claro das comunidades de Archaea em relação a profundidade. Esta distribuição não foi observada para bactéria, porém esta comunidade parece estar relacionada com maiores concentrações de nutrientes. 5. Referências BARBERÁN, A. & CASAMAYOR, E.O. Euxinic Freshwater Hypolimnia Promote Bacterial Endemicity in Continental Areas. Microb Ecol 61:465–472, 2011. BEMAN J.M., STEELE, J.A. AND FUHRMAN, J. A. Co-occurrence Patterns for Abundant Marine Archaeal and Bacterial Lineages in the Deep Chlorophyll Maximum of Coastal California. Isme journal 5, 1077–1085., 2011. CALIJURI, M.C. ; DOS SANTOS, A.C.A. ; JATI, S. Temporal changes in the phytoplankton community structure in a tropical and eutrophic reservoir (barra bonita, s.p. - brazil). JOURNAL OF PLANKTON RESEARCH, 24: 617-634, 2002. CBH-SMT - Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê. Plano de Bacia da UGRHI 10. CBH-SMT, IPT, 1- 512, 2008. CUNHA, I. S. BARRETO, C. C. COSTA, O. Y. A. BOMFIM, M. A. CASTRO, A. P. KRUGER, R. H. QUIRINO, B. F. Bacteria and Archaea community structure in the rumem microbiome of goats (Capra hircus) from de semiarid region of Brazil. Anaerobe 17: 118-124, 2011. CURY, J. C. ARAUJO, F. V. COELHO-SOUZA, S. A. PEIXOTO, R. A. OLIVEIRA, J. A. L. SANTOS, H. F. DÁVILA, A. M. R. ROSADO, A. S. Microbial diversity of a Brasilian coastal region influenced by na upwelling system and anthropogenic activity. PLoS one 6:1-13, 2011.
  • 8. DOLAN, J.R. An introduction to the biogeography of aquatic microbes.. Aquat Microb Ecol Vol. 41: 39–48, 2005. FAN G, ZHU G, WANG Y, WANG S, WANG C, YIN C. New functional microorganisms in nitrogen cycle restoration of river riparian ecosystems. Huanjing kexue xuebao/acta scientiae circumstantiae, v. 30, n. 8, p. 1558-63, 2010. LINS DE BARROS, M. M. VIEIRA, R. P. CARDOSO, A. M. MONTEIRO, V. A. TURQUE, A. S. SILVEIRA, C. B. ALBANO, R. M. CLEMENTINO, M. M. MARTINS, O. B. Archaea, bacteria and algal plastids with the reef-building corals siderastrea stellate and mussismilia hispida from búzios, south atlantic ocean, brazil. Invertebrate microbiology 59: 523-532, 2009. PAZINATO, J. M. PAULO, E. N. MENDES, L. W. VAZOLLER, R. F. TSAI, S. M. Moleculat characterization of the archaeal community in an amazonian wetland soil and culture –dependent isolation of methanogenic archaea. Diversity 2:1026-1047, 2010. TAKETANI, R. G. YOSHIURA, C. A. FRANCO DIAS, A. C. ANDREOTE, F. D. TSAI, S. M. Diversity and identification of methanogenic archaea and sulphate-reducing bactéria in sediments from a pristine tropical mangrove. Antonie van leeuwenhoek 97:401 – 411, 2010. TUNDISI, J. G. MATSUMURA – TUNDISI, T. ARANTES JUNIOR, J. D. TUNDISI, J. E. M. MANZINE, N. F. DUCROT, R. The response of Carlos Botelho (Lobo/Broa) reservoir to the passage of cold fronts as reflected by physical, chemical and biological variables. In Brazilian Journal of Biology 64: 177-186, 2004. TUNDISI, J. G. MATSUMURA – TUNDISI, T. PEREIRA, K. C. LUZIA, A. P. PASSERINI, M. D. CHIBA, WAC, MORAIS, M. A. SEBASTIEN, N. Y. Cold Fronts and reservoir limnology: an integrated approach towards the ecological dynamics of freshwater ecosystems. In Brazilian Journal of Biology 70: 815-824, 2010. WOESE, C. R.; FOX, G. E. Phylogenetic structure of the prokaryotic domain: The primary kingdoms. Proceedings of the National Academy of Sciences, 1-5090, 1977.