Este documento descreve uma pesquisa sobre o trabalho de professores. A pesquisa utilizou autoconfrontações para analisar o trabalho prescrito versus o trabalho realizado. Isso permitiu identificar diferentes vozes que influenciam as ações dos professores, como as vozes da didática, da escola e do coletivo de trabalho.
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
interacionismo sociodiscursivo
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUISTICA
Disciplina: Fundamentos em Linguística Aplicada
Professora: Carla Lynn Reichmann
Alunas:
Senizia cordeiro de Sousa Ramos - Orientadora: Betânia Passos Medrado
Fernanda do Nascimento Paiva – Orientadora: Monica Mano Trindade
Ferraz
2. “
ARTIGO: A EMERGÊNCIA DA VOZ
MÉTIER EM TEXTOS SOBRE O TRABALHO
”
DO PROFESSOR (2011)
PROF. DRA. ELIANE GOUVÊIA LOUSADA
Tese: Entre o trabalho Prescrito e Realizado: Um
espaço para a emergência do trabalho real do
professor. (2006)
3. OBJETIVOS DA PESQUISA
Tese
Investigar o trabalho educacional, mais
precisamente caracterizar o trabalho de
um professor de francês como LE,
procurando mostrar aspectos
representativos de seu trabalho,
tomando do ponto de vista do trabalho
que lhe é prescrito, do trabalho
realizado por ele e de seu trabalho real.
Artigo
Apresentar resultados de uma pesquisa
(a tese), que visa fornecer elementos
para uma melhor compreensão do
trabalho do professor de LE, por meio do
estudos das praticas de linguagem que
se desenvolvem no trabalho
educacional, o intuito de identificar sua
influencia no agir do professor (p.61)
4. LINHA TEÓRICO-METODOLÓGICA GERAL
ISD – INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO
O FOLHADO TEXTUAL DE BRONCKART (1999)
• Análise do contexto sociointeracional de produção
• Análise da infra estrutura textual - Identificação do plano geral do
texto
- Identificação dos tipos de discurso
dominantes
- Identificação dos tipos de
sequencia dominantes
• Análise dos mecanismos de
textualização
- Mecanismos de conexão
- Mecanismos de coesão nominal
- Mecanismos de coesão verbal
• Análise dos mecanismos
enunciativos
- Modalizações
- Vozes
• Análise do tipo semântico - Semiologia do agir (2009)
5. CLINICA DA ATIVIDADE (CLOT, 1999)
Em muitas situações de trabalho, os trabalhadores são submetidos a
uma verdadeira amputação do seu poder de agir, de sua grande
parte das capacidades, com o silenciamento e ocultamento de uma
série de atividade que poderiam desenvolver.
TRABALHO PRESCRITO: anterior ao trabalho propriamente dito, que diz o
que o trabalhador deve fazer para a realização das tarefas.
TRABALHO REALIZADO: como o termo indica, o trabalho efetivamente
realizado, aquele efetivamente realizado, aquele que é visível.
TRABALHO REAL: que indica o trabalho que é realizado, mas que vai
além dele, incorporando também as atividades contrarias ao
trabalhador, isto é, todas as atividades que ele poderia desenvolver ,
mas que são impedidas ou contrariadas por diferentes fatores próprios
de cada situação de trabalho.
6. INSTRUMENTO: AUTOCONFRONTAÇÃO
(CLOT, 2006 E FAÏTA, 2005)
O que é?
Nessas metodologias, ocorre uma inversão de papéis, na medida em
que os sujeitos observados em seu trabalho se tornam observadores de sua
própria atividade o que é, segundo Clot (2001), uma maneira pela qual a
experiência vivida pode se tornar um meio de viver outras experiências,
contribuindo, assim, para o desenvolvimento da consciência
etapas
i) constituição do grupo de análise;
ii) filmagem de situações de trabalho, previamente
selecionadas;
iii) Autoconfrontação simples (ACS)
iv) Autoconfrontação cruzada
v) Extenção ao coletivo de trabalho
8. DIFERENTES TIPOS DE TEXTOS QUE CIRCUNDAM O TRABALHO
E CONFIGURAM O AGIR (BRONCKART, 2004)
a) Textos produzidos durante a atividade de trabalho;
Ex.: textos gravados em audio/vídeo;
b) Textos produzidos antes das situações de trabalho;
Ex.: LDB; PCN; OCEM, etc.
c) Textos produzidos antes ou depois da atividade de trabalho;
Ex.: textos autoavaliativos/interpretativos: AC, diários, blogs, entrevistas, etc.
d) Textos produzidos por observadores externos ao trabalho desenvolvido;
Ex.: textos dos pesquisadores
e) Textos da mídia que trazem representações sobre o trabalho docente*;
Ex.: programas especializados em problemas educacionais.
f) Textos de instruções de professores para um possível substituto, antes da
realização da tarefa*.
Ex.: Instrução ao sócia
*recentemente utilizados pelo grupo ALTER-LAEL.
9. DADOS DA PESQUISA
Tese
• Preparação de aulas para o
curso, a pedido do diretor da
escola;
• Filmagem de 04 aulas escolhidas;
• Filmagem das
autoconfrontações;
• Escolha de um texto que
apresenta o curso avançado
como objeto de análise;
• Realização de uma entrevista
escrita com o professor
• Levantamento de outro dados
que circulam a escola.
Artigo
• Apenas as Autoconfrotações
10. PLANO DOS CONTEXTOS (BRONCKART,
1999)
Contexto físico
Emissor
Receptor
Local de produção
Momento de produção
Contexto social
Enunciador (função social do
emissor)
Destinatário (função social do
receptor)
Lugar social
Objetivo (s) da interação (o
efeito que o enunciador quer
produzir sobre o destinatário)
Informaçõesda tese:
Enunciador: grupo GRAD (Group de recherches et d’applications em
didactique)- 06 pessoas: 04 professores e 02 diretores;
Destinatário: professores que darão aulas no curso de nível avançado
* Para o artigo o professor voluntário (Paulo) compunha o grupo GRAD
11. ANÁLISE DOS DADOS
Análise do plano dos contextos
a) Contexto físico:
As autoconfrontações se desenvolveram em locais diferentes: 03 em
uma das unidades da escola e 01 na casa do professor voluntario
b) Contexto sociosubjetivo
Do ponto de vista do pesquisador: o enunciador é um professor que
trabalha na escola, porem com mais experiência que o destinatário e
desenvolve as mesmas atividades.
Do ponto de vista do professor voluntário:
i) Queria ajudar o pesquisador
ii) Pretendia melhorar e aperfeiçoar seu trabalho como professor
iii) Via a pesquisadora como alguém com mais experiência do que ele.
12. ANÁLISE DOS MECANISMOS ENUNCIATIVOS
Modalizações (Bronckart, 1999):
A) Modalizações lógicas: avaliação do conteúdo temático do enunciado
– condições de verdade (fatos certos; possíveis; prováveis;
improváveis). Ex.: é possível que chova, ele virá provavelmente a tarde,
etc.
B) Modalizações deônticas: avaliação do conteúdo temático do
enunciado como sendo do domínio das permissões, obrigações, dos
direitos e deveres. Ex.: é preciso que você venha, você deveria vir, etc.
C) Modalizações apreciativas: envolve as apreciações subjetivas do
enunciador, que avaliam o conteúdo temático do enunciado como
positivo ou negativo para o enunciador. Ex.: estou contente que você
fez, é inacreditável que isso tenha acontecido, é essencial que isso seja
feito, etc.
D) Modalizações pragmáticas: explica interpretações sobre alguns dos
elementos do agir de um determinado protagonista do enunciado
(personagem, grupo, etc.) atribuindo-lhe intenções, razões (causas,
restrições, etc.), ou ainda suas capacidades de ação. Ex.: ele tentou
fazer o exercício, ele quis fazer o exercício, etc.
13. ANÁLISE DOS MECANISMOS
ENUNCIATIVOS
Vozes (Bronckart, 1999)
A)Voz do autor empírico: voz do enunciador que intervém,
comentando ou avaliando
B) Voz de personagem: aquelas vozes que procedem de
entidades ou seres humanos e que se responsabilizam
como agentes pelos acontecimentos e ações.
C)As vozes sociais: representadas pelos sujeitos ou
instituições sociais, não tem o poder de intervir, sendo
apenas mencionadas.
14. ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS
POR PAULO
Vozes da didática (FLE): expressa aspectos baseados nessas
teorias;
Voz da instituição, a escola: expressa convicções e prescrições que
tem sua origem na escola;
Voz do coletivo de trabalho mais restrito: especialmente a voz do
conjunto de professores da escola;
Voz do métier: voz do coletivo de trabalho mais amplo, embasada
na tradição do métier, que explica a parte subentendida o trabalho
do professor, e que, geralmente, não é explicitada.
15. RESULTADO DAS ANÁLISES - O DIÁLOGO ENTRE AS VOZES
vozes Ocorrências
Da didática 7 Mostra que conhece a prescrição de deixar os alunos falarem, falar
menos que eles, mas mostra varias vezes discordância em relação a
isso, afirmando a importância da fala do professor, mesmo que esse
fale mais que os alunos.
Acata a prescrição de fazer atividades orais.
Acata a decisão de fazer fichas de compreensão oral. Mas não tem
tempo de fazer.
Acata a prescrição de ter objetivos que devem ser desenvolvidos
durante as aulas.
da escola 3 Acata o programa do CA, com a fusão entre os dois livros, mas acha
difícil. Acata a prescrição de chegar 10 min antes e concorda com a
sua interpretação da voz da escola, segunda a qual não deve insistir
na escrita.
Do coletivo 2 Fala em nome do coletivo de trabalho, salientando o caráter
individual do trabalho do professor e a dificuldade de lidar com o
excesso de material.
Do métier 11 Expressa convicções do professor, ou autoprescrições, com as
quais está, na maioria das vezes, de acordo. Os temas que
aparecem através dessa voz estão relacionados com: ganhar
tempo/ não perder tempo, aproveitar os momentos, ser
dinâmico, ser claro, etc.
16. CONCEITO DE GÊNERO PROFISSIONAL
Resultado da dicotomia trabalho prescrito e trabalho realizado.
Proposto por Clot (1999), Clot et al. (2001) e Faïta (2004, 2005)
segundo o qual existe uma parte já subtendida na atividade, o que
evita que tenhamos que cria-la a cada realização.
Os trabalhadores de determinada área compartilham de uma serie
de modos de agir, de fazer que não necessitam de prescrição. (ex.:
pedreiros: ao construírem um muro há uma sequência de atitudes
que não estão prescritas e são característicos dos pedreiros).
Os gêneros profissionais são os pressupostos sociais da atividade
em curso, uma memoria impessoal e coletiva que se traduz em
maneiras de agir.
Papel e importância desses modos individuais de trabalho do estilo
na formação e evolução dos gêneros.