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Universidade do Algarve
Escola Superior de Educação e Comunicação
Licenciatura em Educação Social - PL
Unidade Curricular de Seminário de Supervisão
3º Ano – 2º Semestre
O Educador Social
e a Freguesia de
Almodôvar
Docente:
Joaquim do Arco
Discente:
Ricardo da Palma, nº 43043.
Faro e UAlg-ESEC, abril de 2013
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
2
Índice
Introdução.............................................................................................................................. 3
O estudo – que caminhos?..................................................................................................... 4
Contextualizando – A Educação Social e a teoria................................................................. 6
Da teoria à prática.......................................................................................................9
Considerações finais............................................................................................................ 14
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 18
Anexo .................................................................................................................................. 20
Entrevista A1............................................................................................................21
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
3
Introdução
Enquadrado no conteúdo programático da Unidade Curricular de Seminário de
Supervisão, do 3º ano – 2º semestre da Licenciatura de Educação Social (pós laboral) da Esec-
UAlg, orientada e coordenada pelo professor Joaquim do Arco, o presente trabalho consiste
na elaboração de uma comunicação pessoal fundamentada por um dos temas do contexto de
Práticas. Neste sentido, entendi e senti-me preparado para correr o risco de realizar um
trabalho abordando os fundamentos da Educação Social e do Educador Social enquanto
profissional envolvido num contexto rural, e, neste caso concreto, adequando ao contexto da
Freguesia de Almodôvar.
Pretende-se com este trabalho, contribuir para a concretização definitiva do sentido da
Educação Social (ES) e do que é um Educador Social, o que faz, com quem trabalha, onde
trabalha e quais as suas dinâmicas profissionais, definição esta que teima em se afirmar
perante a sociedade e que não contribui para a sua afirmação social e, logo, no mercado de
trabalho, que pela ausência de uma cultura profissional não ajuda a estreitar os laços de
colegialidade, a racionalizar experiências e a firmar saberes no sentido de uma afirmação
progressiva, de identidade própria e de autonomia. Pretende-se também, após identificar as
áreas e contextos de atuação do Educador Social, enquanto educador, mediador, gestora de
recursos, articulador institucional e promotor participativo comunitário e de desenvolvimento
local, explicitar e demonstrar que contributos pode(ria) trazer um Educador Social à Freguesia
de Almodôvar, adequando a sua intervenção com as mais diversas faixas etárias (crianças,
jovens, adultos, idosos) e nos mais diferentes contextos (sociais, culturais, educativos e
económicos) e mostrar que esta polivalência interventiva favorece a profissão ao nível da
empregabilidade.
Nesta abordagem, propõe-se diagnosticar alguns aspetos fundamentais para o
reconhecimento público e consolidação do Educador Social enquanto profissional ativo e
eficaz, impulsionador das mudanças e da rentabilização dos recursos humanos e dos
equipamentos a nível local e regional, onde a sua ação não pode continuar a ser vista como
uma experiência inacabada e imperfeita e como tal necessita cada vez mais de uma
fundamentação teórico-prática adequada aos desafios que a sociedade lhe coloca. Sendo um
dinamizador de grupos, capaz de lidar com afetos, emoções, angústias, os êxitos e as
desilusões das pessoas, um agente promotor de mudanças e de aproveitamento dos recursos
humanos, materiais e financeiros disponíveis, quer a nível local quer a nível regional, e tem na
educação escolar, educação para a saúde, educação na infância e juventude, autarquias, justiça
e à reeducação o seu campo fértil de intervenção.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
4
O estudo – que caminhos?
Em qualquer trabalho em ciências sociais é necessário recorrer a métodos, técnicas, e
estratégias específicas consoante o assunto em questão (Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.;
Ruquoy, D. & Saint-Georges, P., 1995). Assim, e sem procedimentos rígidos, uma vez que o
trabalho de investigação no campo é flexível e a metodologia está constantemente a ser
adaptada e redefinida pelo investigador (Burgess, 1997), no processo de efetivação do projeto
de Práticas foi empregue uma das técnicas fundamentais – a observação – que, segundo Bell
(1997) e Pérez Serrano (1994), consideram-na como uma das técnicas mais poderosas. Neste
contexto social, foi aplicada a observação direta, da qual fazem parte, entre outros, os
cadernos de campo, os guias de observação e as notas de campo, (Burgess, 1997; Machado,
2004; Pérez Serrano, 1994), desmultiplicando-se da observação não participante durante os
meses de Setembro, Outubro e Novembro de 2012, com recolha de registos fotográficos e
com a elaboração de notas em cadernos de campo que permitiram registar as caraterísticas
culturais e organizacionais, e participante, através de fóruns auto diagnóstico que se tornaram
desde logo a ação mais concertada, concreta, interativa e que resultaria na técnica com
melhores resultados no que toca à riqueza dos dados recolhidos e onde se apuraram as
opiniões gerias da comunidade bem como certas perceções aos investigadores que
conduziram ao diagnóstico da definição da problemática a ser trabalhada.
Nesta recolha de dados, procurou-se saber como a comunidade da Vila de Almodôvar está
organizada, quer a nível funcional - comércio, equipamentos, infraestruturas, espaço
residencial e lazer e também a nível de ocupação - quem são os habitantes, quem utiliza este
espaço, quem são os líderes e representantes da população, tendo sido realizadas algumas
conversas informais que nos permitiram uma recolha de dados muito significativos e serviram
para aprofundarmos a observação. Estas conversas informais, segundo Duarte (2002), devem
ser utilizadas na fase preliminar da investigação para ajudar às questões pertinentes para o
estudo e sempre que possível devem ser registadas nos cadernos de campo. Outras das
técnicas usadas foram as entrevistas semi-diretivas, as quais efetuadas à Vereadora da Cultura
da Câmara Municipal de Almodôvar, Dra. Sílvia Batista, e ao tutor, Dr. Ricardo Colaço,
Presidente da Junta de Freguesia de Almodôvar, que levaram aos investigadores a explorar
uma informação mais específica, técnica e abrangente sobre este território. A recolha de dados
oficiais através do fornecimento de documentos oficiais e das consultas e pesquisas
documentais sobre a história, cultura, educação, estatística, organigrama institucional;
relatórios anuais, etc., e páginas web, conduziram para a obtenção de dados mais fiáveis e
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
5
ricos, sendo esta a organização metodológica e crítica das práticas de investigação (Almeida
& Pinto, 1982).
Optou-se por efetuar um cruzamento dos dados apurados de forma a serem
confrontados determinados resultados e aferir as suas inferências diretas, ou não, na
comunidade da vila de Almodôvar, sendo, contudo, operacionalizadas as análises resultantes
das observações e conversas informais, fóruns de autodiagnóstico, análise e pesquisa
documental, estatísticas, etc., com a entrevista realizada à Vereadora da Cultura, uma vez que
esta se mostrou mais completa, abrangente, e que despertou algumas curiosidades aquando da
análise. Estes dados, que fundamentam a presente comunicação, reforçando que serão
mencionados os considerados mais pertinentes, citam-se desde já os que se mostraram mais
peculiares e que serviram de ponto de partida para este trabalho: “Almodôvar (vila em si) está
muito bem dotada de serviços e equipamentos, mas a comunidade não adere muito aos
mesmos…”; “…efetivamente existem várias entidades e associações desportivas, culturais e
sociais em Almodôvar, mas a interação esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre
uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não
existe muito essa…, esse hábito, essa prática (…) há uma retração a esse nível…”; “…às
vezes tínhamos necessidade de uma maior participação (…) o Clas as entidades até vão todas
e as instituições, mas há muito pouca participação ativa” “…a participação das pessoas
sempre foi um problema…, é muito baixa (…)” (E1).
Num claro sentido de Educador Social, onde “traço marcante é, sem dúvida, a
capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no sentido do bem-
estar da pessoa e da sociedade” (Cardoso, 2006, p.14), e, numa clara metodologia de
investigação-ação, a qual aplicada ao contexto de práticas, pretende-se com a presente
comunicação expor as caraterísticas culturais, económicas, sociais, relacionais, etc. da
comunidade da vila de Almodôvar, explicitar as suas dinâmicas sociais e justificar a utilização
a vertente da animação comunitária como “ferramenta” fulcral no desenvolvimento do
projeto, onde a motivação do investigador é a base fundamental para o sucesso numa
intervenção comunitária. Esta, deve ter uma perceção o mais real e aprofundado possível do
contexto que irá experimentar, e, não basta saber ou conhecer os princípios da animação,
sendo o lado intrínseco (motivação, vontade, crer, ética, envolvimento pessoal, etc.) do
investigador fundamental para o seu progresso. Rui Fonte (s/d), afirma pelo mesmo padrão na
revista dos animadores, “O destino da animação não depende da origem etimológica.
Depende sim das capacidades e motivações de cada animador” (p.22).
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
6
Contextualizando – A Educação Social e a teoria
Já existente na Europa há alguns anos, a profissão do Educador Social emerge
particularmente valorizada num contexto social marcado pela crise do Estado Providência,
visto que a conceção tradicional dos direitos sociais, ligada à identificação entre solidariedade
e segurança social que o sustenta, tem-se revelado ineficaz para equacionar problemas como a
insegurança laboral, que tende a gerar desemprego, a pobreza e todas as formas de exclusão
que marcam a contemporaneidade (Rosanvallon, 1995, citado por Pires, 2003). Embora na
Freguesia de Almodôvar não sejam muito significativos os valores da exclusão social, da
pobreza, do desemprego, etc., atendendo ao claro dinamismo socioeconómico provocado pela
empresa mineira Somincor, que é um dos polos económicos mais importantes da região
alentejana, e provavelmente do país no que toca a esta atividade, podem surgir fenómenos
futuros resultantes da má gestão dos recursos e gerar alguma agitação em alguns setores do
tecido social, condicionando desse modo, direta ou indiretamente, o desaparecimento desta
empresa mineira, que de uma forma geral baseia a sua atividade na exploração de um recurso
natural – o minério, e logo, o modo de vida das pessoas desta região. É neste campo que a ES
pode ter um papel preponderante neste contexto territorial da vila de Almodôvar, pela
capacidade estratégica de poder ser considerada uma via possível para a melhoria da
qualidade de vida das populações e para a conquista de modos de vida mais sustentáveis. A
ES pode ajudar a promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas (desenvolvimento
humano), tendo em conta todas as pessoas (desenvolvimento social) aquelas que vivem hoje e
as que viverão no futuro (desenvolvimento sustentável) e tende a ser, cada vez mais, a nova
ferramenta na promoção do desenvolvimento e crescimento mais sustentáveis, capazes de
suprir as suas necessidades imediatas, de descobrir ou despertar as suas vocações locais e de
desenvolver as suas potencialidades específicas sem comprometer gerações futuras.
Neste campo, o Educador Social, orientado por critérios de competência profissional
baseados em metodologias e técnicas orientadas para uma prática social de intervenção,
corresponde, no entender de Carvalho e Baptista (2004), a um espaço profissional desenhado
entre o cruzamento da área de trabalho social com a área da educação. Neste sentido, a falta
de adesão da comunidade à utilização dos serviços e equipamentos que, efetivamente,
Almodôvar dispõe, a pouca articulação e interação entre entidades e associações e o parco
estímulo ao desenvolvimento participativo é resultado de uma má dinâmica relacional do
campo da educação com a área social. Isto é, antes de se criarem infra-estruturas que, decerto
fundamentais para o desenvolvimento de um local ou de uma região, há que efetuar um
estudo prévio do local, produzir um diagnóstico baseado na realidade social e educar as
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
7
associações e entidades privadas existentes, pô-las em ação e funcionamento como
ferramentas de auxílio às entidades gestoras para que elas próprias cooperem no estimular da
comunidade e na promoção da participação social e para que os recursos sejam valorizados,
contribuindo assim para o bem estar comum.
Atualmente, talvez um dos maiores desafios que se colocam às comunidades é o
desenvolvimento de uma cultura de participação e, segundo Barroso (1998), a participação
comunitária não se pode reduzir apenas a momentos específicos e concretos, antes pelo
contrário, a cultura participativa deverá ser encarada como uma forma de estar na vida em
sociedade e deve ser interiorizada como um processo permanente e que deve promover um
equilíbrio constante entre as diferentes forças ou entre os diferentes intervenientes no
processo social. Cada vez mais a participação é uma responsabilidade repartida por toda a
comunidade e não apenas por uma pessoa, cabendo ao Educador Social intervir positivamente
na vida das pessoas, transformando mentalidades, levando-as a refletir e despertando-as para
que vejam na participação um ponto de viragem e de estratégia nesta época de crise e que tem
funções motivadoras, pedagógicas, sociais, políticas e culturais, uma vez que são as próprias
pessoas da comunidade que melhor conhecem os seus problemas e as mais interessadas em
sair da situação em que se encontram. São essas mesmas as pessoas que, ao refletirem sobre
esses desafios ou problemas que as rodeiam, leva a que se vejam como sujeitos, se valorizem,
se organizem e acima de tudo que ganhem capacidade de espírito crítico e que lhe irão
permitir lutar pelos seus direitos, não somente como um ser adaptado mas sim integrado à
realidade (Freire, 1980). É fundamental capacitar estas pessoas para valorizar o direito de
participar como um dos direitos humanos e de democracia fundamentais, fazendo com que
estimulem o espírito reflexivo e crítico, a vontade e a liberdade de expressão, fazendo-se
ouvir, a capacidade de se organizarem, fazendo valer os seus direitos, e ser entendida como
um meio para atingir vários fins.
A participação das pessoas está intimamente ligada ao processo de conscientização, tal
como foi definido por Paulo Freire (1987) e todos os resultados conseguidos através desta
participação fazem com que as próprias pessoas sintam que é possível transformar a sociedade
que as rodeia e toda a sua realidade social. Esta conscientização, alargando os horizontes e
permitindo que as pessoas enfrentem desafios e os tomem como alavanca de dinamização,
autonomia, capacitação, espírito crítico e reflexivo, etc., irá emancipar esta comunidade e
fazer com que exista uma maior potencialidade e competitividade saudável entre todos,
reforçando as suas próprias capacidades, que irão não só impulsionar como potenciar o
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
8
desenvolvimento, e, obedecendo a uma lógica humanista e de acordo com uma distinção clara
de Paulo Freire (1998) leva a que educação permita contrariar as perspetivas redutoras que
apresentam as pessoas como meros “recursos humanos” ou como meros “beneficiários do
desenvolvimento”, valorizando-as como sujeitos capazes de participar. É nesta dimensão, a
finalidade de estimular e capacitar a comunidade da vila de Almodôvar para uma maior
participação social, política e económica, que foram baseadas as Práticas, tendo como
princípios fundamentais o despertar da participação ativa; da consciência crítica, procurando
desenvolver as capacidades do individuo e da comunidade, fomentando o desenvolvimento
comunitário em prol do bem-estar, de modo a envolver as próprias pessoas da comunidade e
de proporcionar um contributo para a resolução dos problemas existentes.
Embora hoje já bem mais consolidada do que nos seus tempos iniciais, a profissão de
Educador Social revela ainda algumas lacunas ao nível da própria carreira profissional
(característica de uma profissão "nova") e ao nível da interação laboral com as entidades
empregadoras.
Segundo Morin (citado por Carvalho, 2008, p.34)
“…o homem é, um ser complexo porque é um ser biocultural, onde a
dimensão do indivíduo não deixa nunca de se relacionar com a de espécie e
com a de sociedade, mesmo enquanto ser livre para ser um pouco mais
feliz”,
e a Educação acompanha o homem desde o nascimento até à morte e esta deve ser social já
que se processa em diversos contextos desde a família até à comunidade (Ortega, 1999).
Nesta senda, a Educação Social pode ser entendida de diferentes pontos de vista, sendo um
deles visto como didático do social, ou seja, nesta perspetiva, é vista como tendo um papel de
intervenção sócio comunitária face aos problemas existentes na sociedade. O papel do
Educador Social entende-se como a ajuda ao desenvolvimento social dos indivíduos com o
objectivo de este viver correctamente com os aspectos sociais da sua vida a nível pessoal,
comunitário, cívico e político (Quintana, 1944).
Haro, A. (1998), refere que “A Educação Social é orientada para a polivalência de
modo a dar respostas ajustadas e compreensivas aos problemas sociais, e de contribuir para
a sua melhoria”. Seguindo este raciocínio, sendo o Educador Social um exímio mediador de
conflitos e articulador de esforços para promoção da mudança e ir ao encontro do bem estar
social, e, sendo sabido que em Almodôvar não existe uma cultura forte de interações entre
instituições/organizações/associações, as quais funcionam ainda fechadas nas suas 4 paredes,
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
9
é aqui um dos campos férteis da atuação do Educador Social e da aplicação da sua doutrina e
o seu reconhecimento enquanto profissional dependerá não só das dinâmicas sociais como
também da sua postura ética e da qualidade da formação académica e do rigor da sua análise
sobre os problemas e da eficácia, eficiência e efetividade da sua intervenção (Cardoso, 2006).
Já Carvalho e Baptista (2004), indicam que com uma sua formação académica que o
capacita para um trabalho social em rede, integrador, globalizante, versátil e possuidor de uma
inteligência curricular que lhe permite operar numa realidade multifacetada e problemática em
constante mudança, ao educador social é assente também a possibilidade de desenhar
estratégias de intervenção de tipo sistémico, pedagogicamente diferenciadas e interactivas (p.
84). Contudo, e segundo Diaz (2006), é pela Educação Social que o Educador Social a
adquire competências sociais capazes, “…na medida em que é uma acção educativa que
procura que os indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade se formem e adquiram
as habilidades e competências sociais, consideradas necessárias para alcançar a integração
social” (p. 100).
Da teoria à prática
Desde logo que o crer, a identificação e a paixão por esta comunidade se mostrou mais
forte que qualquer dos critérios para a realização deste estudo. Isto é, sempre tive uma grande
vontade de estudar e tentar perceber mais de perto a comunidade que me viu nascer e crescer -
quer de dentro para dentro quer de fora para dentro - qual a sua evolução, quais as pessoas que
nela permanecem, quem se identifica com ela, amor ou ódio, etc., sendo esta determinação
superior à forma como o faria, com que meios e modos, com que regras e ferramentas… E
determinei-me à sua realização… Assim, e no enquadramento das disciplinas de Práticas,
propus inicialmente ao meu grupo de trabalho (todos algarvios e que desde logo ficaram
conscientes das deslocações frequentes à Vila de Almodôvar, mas que aceitaram a proposta)
um estudo sobre comunidade de Almodôvar e que a partir daí identificássemos uma
problemática nesta comunidade e traçássemos uma finalidade objetiva e desenvolvêssemos a
partir dela um projeto que produzisse efeitos na mesma e que fosse um propulsor na melhoria
das relações pessoais, sociais e institucionais na comunidade e que levasse ao objetivo comum
do bem estar social. Assim, e tendo como problemática a fraca participação da comunidade de
Almodôvar, e em articulação de ideias com o ora tutor, Ricardo Colaço, Presidente da Junta
de Freguesia de Almodôvar, entidade acolhedora, propôs-se elaborar um projeto de animação
comunitária. Num claro conceito de animação enquanto entendida como sinónimo de vida, de
movimento, de atividade, de alegria, de interação, de satisfação de necessidades físicas e/ou
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
10
psicológicas, que leve esta mesma comunidade à identificação da sua problemática e, partindo
dela própria, levar as pessoas a participar mais ativamente e positivamente nas ações sociais,
políticas e económicas, elaborando um conjunto de atividades interdisciplinares e realizadas
em diversas áreas com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de
pessoas e grupos, bem como levar ao reconhecimento das mesmas dos recursos existentes,
serviços e equipamentos, enfim, que promovessem uma maior valorização e identificação
com e deste território. Partindo do princípio de que a animação comunitária se destina
essencialmente a pessoas que querem e podem ter uma voz ativa na comunidade, esta conduz
a que cada pessoa participe ativamente no seio da comunidade em que está inserida e se sinta
como elemento válido, ativo e útil.
Para tal, e após início do processo (início de Agosto de 2012) com a mediação efetuada
com o ora tutor, Ricardo Colaço que passou por apresentar ao mesmo os eixos orientadores do
projeto e diagnosticar quais os recursos, disponíveis e utilizáveis, que autonomia, que
materiais, etc., tornou-se desde logo uma iniciativa bem aceite e que despertou bastante
interesse ao tutor, que considerou o projeto como uma mais-valia para a Freguesia e para a
comunidade em geral, tendo este disponibilizado todos os recursos ao alcance da Junta de
Freguesia de Almodôvar (humanos, materiais, físicos e financeiros) bem como os contatos
institucionais que funcionam de forma articulada com a Junta de Freguesia (Escolas,
Bombeiros, GNR, Santa Casa da Misericórdia, Câmara Municipal, etc.) para o pleno
desenvolvimento do projeto, resultando de forma natural a celebração do protocolo entre a
entidade acolhedora - Junta de Freguesia de Almodôvar - e Universidade do Algarve.
Assim, e dotando-nos de autonomia suficiente, quer pela dada desde logo pelo tutor
quer pela boa relação pessoal que disponho com os representantes de algumas instituições
quer com alguns líderes locais, foram desde logo encetados contatos com esses representantes
no sentido de dar a conhecer os objetivos do projeto. Deste modo, e considerando o Educador
Social como um modificador de realidades, que deve assegurar a participação ativa de todos
os cidadãos e sendo estas as pedras basilares do projeto, resultaram no imediato a promoção
de dois fóruns, denominados por fóruns de autodiagnóstico, que como o próprio nome indica
e numa primeira fase serviram como uma das técnicas de recolha de dados (na fase de
diagnóstico). Num primeiro fórum, com um caráter mais institucional, reunimos com
representantes da GNR, dos Bombeiros, das Escolas, do CNO, da Santa Casa da Misericórdia,
da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Almodôvar, com os objetivos de que com
aquela ação, além da recolha de dados que nos auxiliaram na identificação da problemática,
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
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promovesse por si só o estabelecer de um compromisso entre estas instituições para possíveis
atividades, levando inclusive a toma-las como parceiras, ou apoiantes, do projeto. Num
segundo fórum, mais direcionado para a sociedade civil, associações e comunidade em geral,
definido com os mesmo princípios e objetivos de recolha de dados e de estabelecimento de
parcerias/apoios, foi percetível desde logo alguma hesitação e até desconfiança no que se
propunha, denotando-se inicialmente que se iria ter alguns estrangulamentos, principalmente
no tocante à participação nas atividades, embora não definidas mas que poderiam dali resultar,
o que veio a dar maior consistência à problemática identificada.
Contudo, estes dois fóruns, que pessoalmente foram as atividades que me
proporcionaram mais prazer, não só pelo caráter do objetivo específico a que se propunham
mas também pelo fato de só com aquelas duas ações já se estaria a produzir Educação Social
nesta comunidade, quer pelo fato de se ter promovido dois encontros comunitários,
institucionais ou não, tendo por base a identificação de um problema e que de uma forma
geral veio a contrariar por si só o que a Vereadora da Cultura frisava na entrevista quando
dizia que “…efetivamente existem várias entidades e associações desportivas, culturais e
sociais em Almodôvar, mas a interação esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre
uns e outros, ainda não acontece com regularidade…” e que “…o Clas, as entidades até vão
todas e as instituições, mas há muito pouca participação ativa…”, sendo que “...a
participação das pessoas sempre foi um problema…, é muito baixa”. Ora, tais afirmações,
além de se mostrarem contrárias ao que tínhamos verificado, onde com apenas duas
atividades havia-se conseguido promover o encontro entre a comunidade e instituições para
debate e partilha de ideias, tornando-se ainda mais consistente aquando da apresentação do
projeto a todas a entidades, associações e comunidade em geral, onde se verificou uma grande
adesão, participação e colaboração na definição de objetivos estratégicos do projeto,
estimulando ainda mais o interesse que já existia na sua elaboração e continuação.
Partindo assim das potencialidades encontradas nesta comunidade da vila de Almodôvar
e não nos seus estrangulamentos e da continuação das demais atividades resultantes do
diagnóstico e baseadas na problemática identificada, foi considerada e reconhecida como uma
lacuna social a pouca identificação desta comunidade com as novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC). Desse modo, e uma vez que os recursos físicos e materiais
foram disponibilizados para o projeto pela Escola Secundária de Almodôvar, quer no
momento do autodiagnóstico que posteriormente aquando da apresentação e objetivos do
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
12
projeto, sendo os recursos humanos (técnico/formador de informática) desde logo integrados
no projeto, onde o Engº José Gonçalo se disponibilizou a colaborar e assim efetuar as ações
que julgássemos necessárias. Nesta ordem de ideias, foram operacionalizadas datas, horas e
divulgação de uma ação de formação na área das TIC, direcionada para a comunidade sénior
mas aberta ao geral, a qual pelo interesse demonstrado, pela motivação e principalmente pela
vontade e a pedido dos participantes levou desde logo a que esta atividade tivesse
continuidade, o que se veio a verificar. Atualmente já vamos para 3ª formação na área, sendo
que contamos promover cerca de 4 a 5 ações, tendo os meios físicos e materiais inicialmente
cedidos ao dispor do grupo de trabalho por parte da direção da Escola Secundária. Desta
formação, e para gáudio do grupo de trabalho e do formador, onde já se verificam resultados
significativos, atendendo que existiam pessoas que apenas sabiam ligar e desligar o
computador, ir-se-á já obter resultados a curto-médio prazo, tendo as participantes aceite o
desafio proposto pelo grupo e que se prende com uma apresentação final em PowerPoint com
algumas imagens das atividades em que participaram, a qual por elas produzida.
Contudo, foi também identificado pelo grupo de trabalho que não basta só apostar na
formação e no dotar de conhecimentos e competências sobre as novas tecnologias como
veículo de comunicação e dinamização pessoal e social, há que apostar numa base sólida
educativa e que leve a própria comunidade à identificação de certos problemas derivados do
uso da Internet e com ações concretas e concertadas previna algumas utilizações de risco. E
neste campo, promoveu-se uma ação de sensibilização e prevenção quanto ao uso da Internet
e das novas tecnologias de informação comunicação, onde após solicitação de colaboração da
Polícia Judiciária de Faro, na pessoa do Inspetor Ricardo Valadas, se veio a dinamizar uma
palestra sobre os perigos da Internet no auditório do CNO de Almodôvar, a qual com bastante
adesão e que não só pelo tema, teor e capacidade comunicativa do orador, levou a que a
mesma fosse entendida e considerada como uma base preventiva em futuras utilizações das
TIC. Esta atividade serviu não só para dotar competências e conhecimentos aos participantes,
como para aferir, neste caso concreto, que esta comunidade só não usa os equipamentos e
serviços disponíveis na vila de Almodôvar, por não saberem como usa-los, tornando-os
subaproveitados. Não há nada mais gratificante do que ter equipamentos rentabilizados e
utilizáveis e uma comunidade informada, educada, culta e integrada numa sociedade
globalizada e isso faz-se com a educação, com a promoção de formações direcionadas e que
muito pouco custam ao erário público.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
13
Ainda enquadrado na dimensão socioeducativa da animação comunitária, foi também
projetada uma atividade direcionada para a comunidade sénior, a qual consistiu numa
caminhada seguida de uma palestra sobre o envelhecimento ativo e saudável. Eram objetivos
desta ação reconhecer a importância da atividade física e hábitos saudáveis no processo de
envelhecimento, desenvolver hábitos saudáveis, identificar os benefícios da atividade física,
formular opiniões e ideias sobre o conceito do envelhecimento ativo e saudável e estimular
para o romper de hábitos sedentários. Nesta atividade, apoiada pela Câmara Municipal de
Almodôvar que cedeu o espaço (edifício das piscinas municipais) para ser realizada a palestra,
pelos Bombeiros Municipais de Almodôvar, que acompanharam sempre de perto e até ao fim
da atividade os caminhantes com uma ambulância e dois elementos da corporação, pela GNR
de Almodôvar, que se mostrou sempre disponível para o corte de algumas vias de trânsito,
embora o percurso tenha sido previamente preparado e planeado para que se balizasse às ruas
circundantes da Vila de Almodôvar, quer para não causar quaisquer prejuízos para o trânsito e
para os utentes das vias quer também para não por em perigo as pessoas participantes, pela
Sta. Casa da Misericórdia de Almodôvar com quem foi estabelecido o acordo entre o grupo e
a direção do Lar para a participação dos idosos institucionalizados, onde o grupo assumiu o
compromisso de efetuar o transporte dos idosos com menor mobilidade, transporte este
efetuado com viaturas da entidade acolhedora do Projeto - Junta de Freguesia – e da Sta. Casa
da Misericórdia, tendo este compromisso sido o fator de maior satisfação uma vez que
conseguimos ter a presença de cerca 20 idosos na palestra, que apesar de não terem
capacidade de efetuar a caminhada, mostraram-se bastante agradados com o fato de saírem da
sua zona de conforto, sendo perfeitamente observável a sua alegria e satisfação, e pelos
oradores convidados Maria Esteves e Eduardo Fernandes (Mestres), da Direção Regional de
Educação do Algarve que proporcionaram uma palestra elucidativa, educativa, útil e do
agrado das dezenas de participantes.
Por último, numa dimensão cultural, a atividade articulada com o grupo de práticas de
Alcoutim, resulta do contato efetuado inicialmente e com o objetivo claro de serem
desenvolvidas interações e dinâmicas culturais (cantares alentejanos; gastronomia; produtos
tradicionais locais, artesanato, hábitos e tradições, etc.) e intergeracional entre ambas as
comunidades (Almodôvar e Alcoutim), com vista a criar uma maior aproximação comunitária
entre todos os segmentos populacionais, em todas as suas dimensões, e sensibilizar para um
interior do país cada vez mais desertificado e envelhecido, promovendo assim uma maior
ação relacional entre as populações.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
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Na mediação, e após apresentação oficial à entidades acolhedoras de ambos os projetos,
Câmara Municipal de Alcoutim e Junta de Freguesia de Almodôvar, foram expostos os
principais objetivos e com um propósito claro de continuar com ações deste tipo e em
articulação com outros concelhos, no sentido de divulgar e promover a cultura local, sendo o
evento encarado pela entidades parceiras como uma via de aproximação cultural, social e
económica entre duas regiões e como uma das formas de promover a participação
comunitária, sendo certo que quando as pessoas se mostram participativos na sua
comunidade, dando assim o seu contributo social, cultural e económico, consideram-se mais
úteis, identificadas, valorizadas e reconhecem mais e melhor os seus territórios. Resultou
também deste intercâmbio cultural o compromisso da Junta de Freguesia de Almodôvar em
realizar no ano de 2014, ou numa outra data a agendar, um encontro sociocultural na vila de
Almodôvar, o qual se irá guiar pelos mesmos princípio orientadores e com os mesmos
propósitos. Nesta articulação de esforços em prol da comunidade e com a comunidade, foram
mediados desde logo os apoios materiais, logísticos e humanos com o Setor da Cultura da
Câmara Municipal de Almodôvar, onde foram disponibilizados quer meios humanos (técnico
informático) para a preparação, produção, divulgação do evento (produção de cartazes,
impressões) e materiais/logísticos, no transporte dos grupos corais de Almodôvar para
Alcoutim (e respetivo motorista) e os encargos daí resultantes (gasóleo, motorista, etc.).
Nesta desenvolvimento do evento, e uma vez que o mesmo se irá realizar em Alcoutim,
foi ainda articulado com a Associação de Solidariedade Social, Cultura, Desporto e Arte dos
Balurcos, localidade do concelho de Alcoutim, que propôs aos dois grupos de projeto
(Almodôvar e Alcoutim) serem o dinamizadores de uma festa tradicional e já com largos anos
de existência daquela localidade, conhecida como a Festa da Maia, sendo o desafio
prontamente atendido. E isto porque, quer pelo fato de se efetuar apenas uma festa/evento
num só local e data (ambos estavam previstos para a data 18 de maio de 2013) quer pelo fator
económico de não acarretar despesas extra à Câmara de Alcoutim com dois eventos por si
apoiados financeiramente, mas também pela boa dinâmica dos grupos ao verificarem
atempadamente que as datas dos eventos coincidiam e que após ser exposto a todas as
entidades e pessoas resultou que fosse efetuado apenas num só local e data.
Considerações finais
Com isto, e em termos de identidade profissional, pretende-se esclarecer quer à
comunidade de Almodôvar envolvida (entidades; organizações e sociedade civil) que os
educadores sociais estão especificamente preparados para desenvolver uma ação educativa em
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
15
espaços sociocomunitários, que o seu trabalho é transversal ao de outros trabalhadores sociais,
mostrando uma clara relação híbrida entre as áreas da educação e do social.
Neste sentido, o compromisso que o Educador Social pode(ria) assumir num território
como o da Freguesia de Almodôvar é ajudar a comunidade a desenvolver-se e a capacitar-se
para que apreenda, identifique e valorize a sua realidade, na medida em que tratando-se em
concreto de um território predominantemente rural, e logo aliado aos conceitos de isolamento
e exclusão social, a realidade pode ser concebida enquanto território que comporta diferentes
modos e hábitos de vida, se comparados aos espaços urbanos, pois os ambientes rurais ao
longo da cultura e sociedade humana podem ser vistos como sendo o lugar onde as pessoas
procuram fortalecer laços de amizade e afetos, de respeito e união, mas também onde se
representam as relações de poder expressas pela materialidade ou pelo simbolismo cultural.
O Educador Social é um ator social, um profissional da condição humana preparado
para apoiar pessoas, ou grupos, com dificuldades (educativas, sociais, culturais,) na
concretização das suas aspirações e realizações pessoais que, dadas as suas capacidades
comunicativas, pode funcionar como mediador na promoção da relação entre escola, família,
trabalho, comunidade e instituições. Um dos campos férteis da sua atuação é também o saber
ser o elo de articulação entre instituições que se dedicam às causas sociais, capacitando-as e
impulsionando para que trabalhem em rede e em parceria, podendo desta forma colmatar
lacunas existentes. Em Almodôvar, e existindo bastantes potencialidades no que toca ao
movimento associativo, embora com algum desinteresse para o coletivo e para o trabalho em
conjunto, a existência de um Educador Social, no setor público ou no setor privado, que
permitisse e promovessem uma maior interação entre todos os agentes comunitários iria
proporcionar um maior grau relacional entre todos, cooperação e partilha de esforços. Até no
momento de crise que o país e o mundo atravessam, o despertar de consciências para estas
interações sociais, dinamizadas por um Educador Social, ajudaria a proporcionar e a elevar o
conceito de solidariedade, voluntariado e entreajuda, criando uma maior proximidade entre as
pessoas. É nas alturas de crise (política, económica e principalmente social) que os países
atravessam que as populações mais se devem apoiar e unir como forma estratégica de
contribuir para o seu desenvolvimento e que as pessoas se apoiem mais, mostrem união e
solidariedade, e a ES baseando as suas (principais) dimensões no plano do conhecimento, que
lhe permite ter capacidades para entender os fenómenos sociais; no plano de ação, criando
atividades e envolvimento nas pessoas, dando-lhes sentimentos de autoconfiança e
capacitando-as para enfrentarem os seus problemas; e no plano da relação, com intenção de
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
16
intervir positivamente na vida das pessoas, procurando influenciar o seu percurso de
desenvolvimento e promovendo a interação e convivência entre todos, gerando melhorias nas
relações sociais e promovendo o bem estar social. O Educador Social, enquanto profissional
competente, exerce um trabalho que não basta apenas saber fazer, mas gostar de fazer, sendo
indispensáveis as motivações, a empatia, o compromisso com a mudança e o crescimento
pessoal e, como tal, torna-se essencial conhecer as suas aptidões e capacidades bem como as
suas limitações que levem a uma maior identidade, atendendo que cada Educador Social tem
o seus métodos, técnicas e estilo pessoal e único em saber e em fazer e que com isso leve à
superação das dificuldades.
O Projeto “Lado a Lado”, tratando-se de um projeto com um cariz muito institucional,
onde sem as instituições envolvidas não seriam possível realiza-lo, e não obstante da relação
próxima que mantenho com as entidades que as representam bem como as pessoas desta
comunidade, todas as atividades realizadas e as ainda projetadas foram mediadas oficiosa e
oficialmente entre a entidade acolhedora e as mesmas, mostrando não só que um Educador
Social, embora tido como um especialista de mãos vazias é um exímio mediador, sem falsos
pretextos, sem receitas miraculosas, mas com dedicação, profissionalismo e sentido ético, que
deve ser respeitado e que, obviamente, não tem soluções imediatas para a pluralidade de
problemas que encontra mas, estando especialmente capacitado para trabalhar no âmbito de
uma educação não formal, pode, com projetos educativos dinâmicos, promover a intervenção
entre a escola e as famílias, impulsionar atividades de tempos livres, etc., e, no entanto,
apoiado num saber profissional próprio, dispõe-se ajudar as pessoas e comunidades a dar-lhes
o empowerment, promovendo a satisfação de competências pessoais e capacitando para a
autonomia, autorrealização e autoestima; promovendo o desenvolvimento das relações sociais
e capacitando para o associativismo e para organizações sociais coletivas e formando
capacidades que promovam a coparticipação dos membros da comunidade de Almodôvar para
que se unam, se tornem mais coesos e que promova a ação com vista à transformação das suas
condições de vida para um mundo melhor, mais igualitário e equitativo.
Em género de conclusão, e pela presente comunicação e que serve de súmula ao
conteúdo do projeto, acredito que um Educador Social seria útil na comunidade de
Almodôvar, onde seria o promotor de uma maior articulação de entidades-pessoas-
associações-comunidade, locais e extra-locais, um impulsionador da identificação e
valorização do território por parte dos seus habitantes, um dinamizador cultural que estimula
o gosto pela cultura local e pela sua divulgação como forma de desenvolvimento local e um
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
17
promotor da valorização de recursos e propulsor para as suas utilizações e
sobreaproveitamentos e um educador interventivo que leve à participação da comunidade em
ações sociais, políticas, culturais, educativas e económicas.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
18
Referências Bibliográficas
 Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.; Ruquoy, D. & Saint-Georges, P. (1995),
“Práticas e Métodos de Investigação em Ciências Sociais”. Gradiva.
 Barroso, J. (1998), “Para o Desenvolvimento de uma Cultura de Participação na
Escola”. Lisboa. Instituto de Inovação Educacional – Cadernos de organização e gestão
escolar.
 Bell, J. (1997), “Como realizar um projecto de, investigação: um guia para a pesquisa
em ciências sociais e da educação”. Lisboa, Gradiva, - Colecção Trajectos.
 Burgess, R. (1997), “A Pesquisa de Terreno. Uma Introdução”. Oeiras: Celta Editora.
 Cardoso, A. (2006), “Alguns desafios que se colocam à Educação Social”. Cadernos de
Estudo. Porto, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, n.º 3, pp. 7-15.
 Carvalho, A.(2008), “Edgar Morin e a renovação do humanismo”. Disponível em
[URL]: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1348.pdf, acedido em 25-03-13.
 Carvalho, A. e Baptista, I. (2004), “Educação Social – Fundamentos e estratégias”.
Porto: Porto Editora.
 Diaz, S. (2006), “Uma Aproximação à Pedagogia - Educação Social”. Revista
Lusófona de Educação, 7, 91-100.
 Fonte, R. (s/d.), “Animação instantânea – agitar só depois de usar”. Editora:
Intervenção – revista dos animadores.
 Freire, P. (1967), “Educação como prática da liberdade”. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
 Freire, P. (1980), “Conscientização”. São Paulo, Moraes.
 Freire, P. (1987), “Acção Cultural para a Liberdade”. São Paulo: Editora Paz e Terra.
 Freire, P. (1998), “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”.
São Paulo: Paz e Terra.
 Haro, A. (1998), "La Educacíon Social en Marcha". Valencia: Nau Llisbres.
 Ortega, J. (1999), “Educación social especializada”. Barcelona: Ariel.
 Pires, M. (2003), “Dádiva, economia social e cooperativismo: a promulgação de uma
nova ética societária?”. Disponível em [URL]:
http://www.unircoop.org/unircoop/files/revue/Release/Artigo%20UFRPEvf_1_(1).pdf,
acedido em 19-03-13.
 Quintana, J. (1944), “Pedagogia Social”. Madrid: Editorial Dykinson.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
19
 Serrano, G. (2008), “Elaboração de Projetos Sociais – Casos Práticos”. Editora: Porto.
Edição nº7. Coleção Educação e trabalho social.
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
20
ANEXO
Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar
21
Entrevista A1
1. Dados
Drª
Sílvia
Batista
Junta de
Freguesia de
Almodôvar
17-11-2012 11H58 Ricardo da Palma 01:33´12

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Ação do ES na Freguesia de Almodôvar

  • 1. Universidade do Algarve Escola Superior de Educação e Comunicação Licenciatura em Educação Social - PL Unidade Curricular de Seminário de Supervisão 3º Ano – 2º Semestre O Educador Social e a Freguesia de Almodôvar Docente: Joaquim do Arco Discente: Ricardo da Palma, nº 43043. Faro e UAlg-ESEC, abril de 2013
  • 2. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 2 Índice Introdução.............................................................................................................................. 3 O estudo – que caminhos?..................................................................................................... 4 Contextualizando – A Educação Social e a teoria................................................................. 6 Da teoria à prática.......................................................................................................9 Considerações finais............................................................................................................ 14 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 18 Anexo .................................................................................................................................. 20 Entrevista A1............................................................................................................21
  • 3. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 3 Introdução Enquadrado no conteúdo programático da Unidade Curricular de Seminário de Supervisão, do 3º ano – 2º semestre da Licenciatura de Educação Social (pós laboral) da Esec- UAlg, orientada e coordenada pelo professor Joaquim do Arco, o presente trabalho consiste na elaboração de uma comunicação pessoal fundamentada por um dos temas do contexto de Práticas. Neste sentido, entendi e senti-me preparado para correr o risco de realizar um trabalho abordando os fundamentos da Educação Social e do Educador Social enquanto profissional envolvido num contexto rural, e, neste caso concreto, adequando ao contexto da Freguesia de Almodôvar. Pretende-se com este trabalho, contribuir para a concretização definitiva do sentido da Educação Social (ES) e do que é um Educador Social, o que faz, com quem trabalha, onde trabalha e quais as suas dinâmicas profissionais, definição esta que teima em se afirmar perante a sociedade e que não contribui para a sua afirmação social e, logo, no mercado de trabalho, que pela ausência de uma cultura profissional não ajuda a estreitar os laços de colegialidade, a racionalizar experiências e a firmar saberes no sentido de uma afirmação progressiva, de identidade própria e de autonomia. Pretende-se também, após identificar as áreas e contextos de atuação do Educador Social, enquanto educador, mediador, gestora de recursos, articulador institucional e promotor participativo comunitário e de desenvolvimento local, explicitar e demonstrar que contributos pode(ria) trazer um Educador Social à Freguesia de Almodôvar, adequando a sua intervenção com as mais diversas faixas etárias (crianças, jovens, adultos, idosos) e nos mais diferentes contextos (sociais, culturais, educativos e económicos) e mostrar que esta polivalência interventiva favorece a profissão ao nível da empregabilidade. Nesta abordagem, propõe-se diagnosticar alguns aspetos fundamentais para o reconhecimento público e consolidação do Educador Social enquanto profissional ativo e eficaz, impulsionador das mudanças e da rentabilização dos recursos humanos e dos equipamentos a nível local e regional, onde a sua ação não pode continuar a ser vista como uma experiência inacabada e imperfeita e como tal necessita cada vez mais de uma fundamentação teórico-prática adequada aos desafios que a sociedade lhe coloca. Sendo um dinamizador de grupos, capaz de lidar com afetos, emoções, angústias, os êxitos e as desilusões das pessoas, um agente promotor de mudanças e de aproveitamento dos recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis, quer a nível local quer a nível regional, e tem na educação escolar, educação para a saúde, educação na infância e juventude, autarquias, justiça e à reeducação o seu campo fértil de intervenção.
  • 4. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 4 O estudo – que caminhos? Em qualquer trabalho em ciências sociais é necessário recorrer a métodos, técnicas, e estratégias específicas consoante o assunto em questão (Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.; Ruquoy, D. & Saint-Georges, P., 1995). Assim, e sem procedimentos rígidos, uma vez que o trabalho de investigação no campo é flexível e a metodologia está constantemente a ser adaptada e redefinida pelo investigador (Burgess, 1997), no processo de efetivação do projeto de Práticas foi empregue uma das técnicas fundamentais – a observação – que, segundo Bell (1997) e Pérez Serrano (1994), consideram-na como uma das técnicas mais poderosas. Neste contexto social, foi aplicada a observação direta, da qual fazem parte, entre outros, os cadernos de campo, os guias de observação e as notas de campo, (Burgess, 1997; Machado, 2004; Pérez Serrano, 1994), desmultiplicando-se da observação não participante durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro de 2012, com recolha de registos fotográficos e com a elaboração de notas em cadernos de campo que permitiram registar as caraterísticas culturais e organizacionais, e participante, através de fóruns auto diagnóstico que se tornaram desde logo a ação mais concertada, concreta, interativa e que resultaria na técnica com melhores resultados no que toca à riqueza dos dados recolhidos e onde se apuraram as opiniões gerias da comunidade bem como certas perceções aos investigadores que conduziram ao diagnóstico da definição da problemática a ser trabalhada. Nesta recolha de dados, procurou-se saber como a comunidade da Vila de Almodôvar está organizada, quer a nível funcional - comércio, equipamentos, infraestruturas, espaço residencial e lazer e também a nível de ocupação - quem são os habitantes, quem utiliza este espaço, quem são os líderes e representantes da população, tendo sido realizadas algumas conversas informais que nos permitiram uma recolha de dados muito significativos e serviram para aprofundarmos a observação. Estas conversas informais, segundo Duarte (2002), devem ser utilizadas na fase preliminar da investigação para ajudar às questões pertinentes para o estudo e sempre que possível devem ser registadas nos cadernos de campo. Outras das técnicas usadas foram as entrevistas semi-diretivas, as quais efetuadas à Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Almodôvar, Dra. Sílvia Batista, e ao tutor, Dr. Ricardo Colaço, Presidente da Junta de Freguesia de Almodôvar, que levaram aos investigadores a explorar uma informação mais específica, técnica e abrangente sobre este território. A recolha de dados oficiais através do fornecimento de documentos oficiais e das consultas e pesquisas documentais sobre a história, cultura, educação, estatística, organigrama institucional; relatórios anuais, etc., e páginas web, conduziram para a obtenção de dados mais fiáveis e
  • 5. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 5 ricos, sendo esta a organização metodológica e crítica das práticas de investigação (Almeida & Pinto, 1982). Optou-se por efetuar um cruzamento dos dados apurados de forma a serem confrontados determinados resultados e aferir as suas inferências diretas, ou não, na comunidade da vila de Almodôvar, sendo, contudo, operacionalizadas as análises resultantes das observações e conversas informais, fóruns de autodiagnóstico, análise e pesquisa documental, estatísticas, etc., com a entrevista realizada à Vereadora da Cultura, uma vez que esta se mostrou mais completa, abrangente, e que despertou algumas curiosidades aquando da análise. Estes dados, que fundamentam a presente comunicação, reforçando que serão mencionados os considerados mais pertinentes, citam-se desde já os que se mostraram mais peculiares e que serviram de ponto de partida para este trabalho: “Almodôvar (vila em si) está muito bem dotada de serviços e equipamentos, mas a comunidade não adere muito aos mesmos…”; “…efetivamente existem várias entidades e associações desportivas, culturais e sociais em Almodôvar, mas a interação esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não existe muito essa…, esse hábito, essa prática (…) há uma retração a esse nível…”; “…às vezes tínhamos necessidade de uma maior participação (…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca participação ativa” “…a participação das pessoas sempre foi um problema…, é muito baixa (…)” (E1). Num claro sentido de Educador Social, onde “traço marcante é, sem dúvida, a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no sentido do bem- estar da pessoa e da sociedade” (Cardoso, 2006, p.14), e, numa clara metodologia de investigação-ação, a qual aplicada ao contexto de práticas, pretende-se com a presente comunicação expor as caraterísticas culturais, económicas, sociais, relacionais, etc. da comunidade da vila de Almodôvar, explicitar as suas dinâmicas sociais e justificar a utilização a vertente da animação comunitária como “ferramenta” fulcral no desenvolvimento do projeto, onde a motivação do investigador é a base fundamental para o sucesso numa intervenção comunitária. Esta, deve ter uma perceção o mais real e aprofundado possível do contexto que irá experimentar, e, não basta saber ou conhecer os princípios da animação, sendo o lado intrínseco (motivação, vontade, crer, ética, envolvimento pessoal, etc.) do investigador fundamental para o seu progresso. Rui Fonte (s/d), afirma pelo mesmo padrão na revista dos animadores, “O destino da animação não depende da origem etimológica. Depende sim das capacidades e motivações de cada animador” (p.22).
  • 6. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 6 Contextualizando – A Educação Social e a teoria Já existente na Europa há alguns anos, a profissão do Educador Social emerge particularmente valorizada num contexto social marcado pela crise do Estado Providência, visto que a conceção tradicional dos direitos sociais, ligada à identificação entre solidariedade e segurança social que o sustenta, tem-se revelado ineficaz para equacionar problemas como a insegurança laboral, que tende a gerar desemprego, a pobreza e todas as formas de exclusão que marcam a contemporaneidade (Rosanvallon, 1995, citado por Pires, 2003). Embora na Freguesia de Almodôvar não sejam muito significativos os valores da exclusão social, da pobreza, do desemprego, etc., atendendo ao claro dinamismo socioeconómico provocado pela empresa mineira Somincor, que é um dos polos económicos mais importantes da região alentejana, e provavelmente do país no que toca a esta atividade, podem surgir fenómenos futuros resultantes da má gestão dos recursos e gerar alguma agitação em alguns setores do tecido social, condicionando desse modo, direta ou indiretamente, o desaparecimento desta empresa mineira, que de uma forma geral baseia a sua atividade na exploração de um recurso natural – o minério, e logo, o modo de vida das pessoas desta região. É neste campo que a ES pode ter um papel preponderante neste contexto territorial da vila de Almodôvar, pela capacidade estratégica de poder ser considerada uma via possível para a melhoria da qualidade de vida das populações e para a conquista de modos de vida mais sustentáveis. A ES pode ajudar a promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas (desenvolvimento humano), tendo em conta todas as pessoas (desenvolvimento social) aquelas que vivem hoje e as que viverão no futuro (desenvolvimento sustentável) e tende a ser, cada vez mais, a nova ferramenta na promoção do desenvolvimento e crescimento mais sustentáveis, capazes de suprir as suas necessidades imediatas, de descobrir ou despertar as suas vocações locais e de desenvolver as suas potencialidades específicas sem comprometer gerações futuras. Neste campo, o Educador Social, orientado por critérios de competência profissional baseados em metodologias e técnicas orientadas para uma prática social de intervenção, corresponde, no entender de Carvalho e Baptista (2004), a um espaço profissional desenhado entre o cruzamento da área de trabalho social com a área da educação. Neste sentido, a falta de adesão da comunidade à utilização dos serviços e equipamentos que, efetivamente, Almodôvar dispõe, a pouca articulação e interação entre entidades e associações e o parco estímulo ao desenvolvimento participativo é resultado de uma má dinâmica relacional do campo da educação com a área social. Isto é, antes de se criarem infra-estruturas que, decerto fundamentais para o desenvolvimento de um local ou de uma região, há que efetuar um estudo prévio do local, produzir um diagnóstico baseado na realidade social e educar as
  • 7. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 7 associações e entidades privadas existentes, pô-las em ação e funcionamento como ferramentas de auxílio às entidades gestoras para que elas próprias cooperem no estimular da comunidade e na promoção da participação social e para que os recursos sejam valorizados, contribuindo assim para o bem estar comum. Atualmente, talvez um dos maiores desafios que se colocam às comunidades é o desenvolvimento de uma cultura de participação e, segundo Barroso (1998), a participação comunitária não se pode reduzir apenas a momentos específicos e concretos, antes pelo contrário, a cultura participativa deverá ser encarada como uma forma de estar na vida em sociedade e deve ser interiorizada como um processo permanente e que deve promover um equilíbrio constante entre as diferentes forças ou entre os diferentes intervenientes no processo social. Cada vez mais a participação é uma responsabilidade repartida por toda a comunidade e não apenas por uma pessoa, cabendo ao Educador Social intervir positivamente na vida das pessoas, transformando mentalidades, levando-as a refletir e despertando-as para que vejam na participação um ponto de viragem e de estratégia nesta época de crise e que tem funções motivadoras, pedagógicas, sociais, políticas e culturais, uma vez que são as próprias pessoas da comunidade que melhor conhecem os seus problemas e as mais interessadas em sair da situação em que se encontram. São essas mesmas as pessoas que, ao refletirem sobre esses desafios ou problemas que as rodeiam, leva a que se vejam como sujeitos, se valorizem, se organizem e acima de tudo que ganhem capacidade de espírito crítico e que lhe irão permitir lutar pelos seus direitos, não somente como um ser adaptado mas sim integrado à realidade (Freire, 1980). É fundamental capacitar estas pessoas para valorizar o direito de participar como um dos direitos humanos e de democracia fundamentais, fazendo com que estimulem o espírito reflexivo e crítico, a vontade e a liberdade de expressão, fazendo-se ouvir, a capacidade de se organizarem, fazendo valer os seus direitos, e ser entendida como um meio para atingir vários fins. A participação das pessoas está intimamente ligada ao processo de conscientização, tal como foi definido por Paulo Freire (1987) e todos os resultados conseguidos através desta participação fazem com que as próprias pessoas sintam que é possível transformar a sociedade que as rodeia e toda a sua realidade social. Esta conscientização, alargando os horizontes e permitindo que as pessoas enfrentem desafios e os tomem como alavanca de dinamização, autonomia, capacitação, espírito crítico e reflexivo, etc., irá emancipar esta comunidade e fazer com que exista uma maior potencialidade e competitividade saudável entre todos, reforçando as suas próprias capacidades, que irão não só impulsionar como potenciar o
  • 8. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 8 desenvolvimento, e, obedecendo a uma lógica humanista e de acordo com uma distinção clara de Paulo Freire (1998) leva a que educação permita contrariar as perspetivas redutoras que apresentam as pessoas como meros “recursos humanos” ou como meros “beneficiários do desenvolvimento”, valorizando-as como sujeitos capazes de participar. É nesta dimensão, a finalidade de estimular e capacitar a comunidade da vila de Almodôvar para uma maior participação social, política e económica, que foram baseadas as Práticas, tendo como princípios fundamentais o despertar da participação ativa; da consciência crítica, procurando desenvolver as capacidades do individuo e da comunidade, fomentando o desenvolvimento comunitário em prol do bem-estar, de modo a envolver as próprias pessoas da comunidade e de proporcionar um contributo para a resolução dos problemas existentes. Embora hoje já bem mais consolidada do que nos seus tempos iniciais, a profissão de Educador Social revela ainda algumas lacunas ao nível da própria carreira profissional (característica de uma profissão "nova") e ao nível da interação laboral com as entidades empregadoras. Segundo Morin (citado por Carvalho, 2008, p.34) “…o homem é, um ser complexo porque é um ser biocultural, onde a dimensão do indivíduo não deixa nunca de se relacionar com a de espécie e com a de sociedade, mesmo enquanto ser livre para ser um pouco mais feliz”, e a Educação acompanha o homem desde o nascimento até à morte e esta deve ser social já que se processa em diversos contextos desde a família até à comunidade (Ortega, 1999). Nesta senda, a Educação Social pode ser entendida de diferentes pontos de vista, sendo um deles visto como didático do social, ou seja, nesta perspetiva, é vista como tendo um papel de intervenção sócio comunitária face aos problemas existentes na sociedade. O papel do Educador Social entende-se como a ajuda ao desenvolvimento social dos indivíduos com o objectivo de este viver correctamente com os aspectos sociais da sua vida a nível pessoal, comunitário, cívico e político (Quintana, 1944). Haro, A. (1998), refere que “A Educação Social é orientada para a polivalência de modo a dar respostas ajustadas e compreensivas aos problemas sociais, e de contribuir para a sua melhoria”. Seguindo este raciocínio, sendo o Educador Social um exímio mediador de conflitos e articulador de esforços para promoção da mudança e ir ao encontro do bem estar social, e, sendo sabido que em Almodôvar não existe uma cultura forte de interações entre instituições/organizações/associações, as quais funcionam ainda fechadas nas suas 4 paredes,
  • 9. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 9 é aqui um dos campos férteis da atuação do Educador Social e da aplicação da sua doutrina e o seu reconhecimento enquanto profissional dependerá não só das dinâmicas sociais como também da sua postura ética e da qualidade da formação académica e do rigor da sua análise sobre os problemas e da eficácia, eficiência e efetividade da sua intervenção (Cardoso, 2006). Já Carvalho e Baptista (2004), indicam que com uma sua formação académica que o capacita para um trabalho social em rede, integrador, globalizante, versátil e possuidor de uma inteligência curricular que lhe permite operar numa realidade multifacetada e problemática em constante mudança, ao educador social é assente também a possibilidade de desenhar estratégias de intervenção de tipo sistémico, pedagogicamente diferenciadas e interactivas (p. 84). Contudo, e segundo Diaz (2006), é pela Educação Social que o Educador Social a adquire competências sociais capazes, “…na medida em que é uma acção educativa que procura que os indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade se formem e adquiram as habilidades e competências sociais, consideradas necessárias para alcançar a integração social” (p. 100). Da teoria à prática Desde logo que o crer, a identificação e a paixão por esta comunidade se mostrou mais forte que qualquer dos critérios para a realização deste estudo. Isto é, sempre tive uma grande vontade de estudar e tentar perceber mais de perto a comunidade que me viu nascer e crescer - quer de dentro para dentro quer de fora para dentro - qual a sua evolução, quais as pessoas que nela permanecem, quem se identifica com ela, amor ou ódio, etc., sendo esta determinação superior à forma como o faria, com que meios e modos, com que regras e ferramentas… E determinei-me à sua realização… Assim, e no enquadramento das disciplinas de Práticas, propus inicialmente ao meu grupo de trabalho (todos algarvios e que desde logo ficaram conscientes das deslocações frequentes à Vila de Almodôvar, mas que aceitaram a proposta) um estudo sobre comunidade de Almodôvar e que a partir daí identificássemos uma problemática nesta comunidade e traçássemos uma finalidade objetiva e desenvolvêssemos a partir dela um projeto que produzisse efeitos na mesma e que fosse um propulsor na melhoria das relações pessoais, sociais e institucionais na comunidade e que levasse ao objetivo comum do bem estar social. Assim, e tendo como problemática a fraca participação da comunidade de Almodôvar, e em articulação de ideias com o ora tutor, Ricardo Colaço, Presidente da Junta de Freguesia de Almodôvar, entidade acolhedora, propôs-se elaborar um projeto de animação comunitária. Num claro conceito de animação enquanto entendida como sinónimo de vida, de movimento, de atividade, de alegria, de interação, de satisfação de necessidades físicas e/ou
  • 10. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 10 psicológicas, que leve esta mesma comunidade à identificação da sua problemática e, partindo dela própria, levar as pessoas a participar mais ativamente e positivamente nas ações sociais, políticas e económicas, elaborando um conjunto de atividades interdisciplinares e realizadas em diversas áreas com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas e grupos, bem como levar ao reconhecimento das mesmas dos recursos existentes, serviços e equipamentos, enfim, que promovessem uma maior valorização e identificação com e deste território. Partindo do princípio de que a animação comunitária se destina essencialmente a pessoas que querem e podem ter uma voz ativa na comunidade, esta conduz a que cada pessoa participe ativamente no seio da comunidade em que está inserida e se sinta como elemento válido, ativo e útil. Para tal, e após início do processo (início de Agosto de 2012) com a mediação efetuada com o ora tutor, Ricardo Colaço que passou por apresentar ao mesmo os eixos orientadores do projeto e diagnosticar quais os recursos, disponíveis e utilizáveis, que autonomia, que materiais, etc., tornou-se desde logo uma iniciativa bem aceite e que despertou bastante interesse ao tutor, que considerou o projeto como uma mais-valia para a Freguesia e para a comunidade em geral, tendo este disponibilizado todos os recursos ao alcance da Junta de Freguesia de Almodôvar (humanos, materiais, físicos e financeiros) bem como os contatos institucionais que funcionam de forma articulada com a Junta de Freguesia (Escolas, Bombeiros, GNR, Santa Casa da Misericórdia, Câmara Municipal, etc.) para o pleno desenvolvimento do projeto, resultando de forma natural a celebração do protocolo entre a entidade acolhedora - Junta de Freguesia de Almodôvar - e Universidade do Algarve. Assim, e dotando-nos de autonomia suficiente, quer pela dada desde logo pelo tutor quer pela boa relação pessoal que disponho com os representantes de algumas instituições quer com alguns líderes locais, foram desde logo encetados contatos com esses representantes no sentido de dar a conhecer os objetivos do projeto. Deste modo, e considerando o Educador Social como um modificador de realidades, que deve assegurar a participação ativa de todos os cidadãos e sendo estas as pedras basilares do projeto, resultaram no imediato a promoção de dois fóruns, denominados por fóruns de autodiagnóstico, que como o próprio nome indica e numa primeira fase serviram como uma das técnicas de recolha de dados (na fase de diagnóstico). Num primeiro fórum, com um caráter mais institucional, reunimos com representantes da GNR, dos Bombeiros, das Escolas, do CNO, da Santa Casa da Misericórdia, da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Almodôvar, com os objetivos de que com aquela ação, além da recolha de dados que nos auxiliaram na identificação da problemática,
  • 11. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 11 promovesse por si só o estabelecer de um compromisso entre estas instituições para possíveis atividades, levando inclusive a toma-las como parceiras, ou apoiantes, do projeto. Num segundo fórum, mais direcionado para a sociedade civil, associações e comunidade em geral, definido com os mesmo princípios e objetivos de recolha de dados e de estabelecimento de parcerias/apoios, foi percetível desde logo alguma hesitação e até desconfiança no que se propunha, denotando-se inicialmente que se iria ter alguns estrangulamentos, principalmente no tocante à participação nas atividades, embora não definidas mas que poderiam dali resultar, o que veio a dar maior consistência à problemática identificada. Contudo, estes dois fóruns, que pessoalmente foram as atividades que me proporcionaram mais prazer, não só pelo caráter do objetivo específico a que se propunham mas também pelo fato de só com aquelas duas ações já se estaria a produzir Educação Social nesta comunidade, quer pelo fato de se ter promovido dois encontros comunitários, institucionais ou não, tendo por base a identificação de um problema e que de uma forma geral veio a contrariar por si só o que a Vereadora da Cultura frisava na entrevista quando dizia que “…efetivamente existem várias entidades e associações desportivas, culturais e sociais em Almodôvar, mas a interação esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade…” e que “…o Clas, as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca participação ativa…”, sendo que “...a participação das pessoas sempre foi um problema…, é muito baixa”. Ora, tais afirmações, além de se mostrarem contrárias ao que tínhamos verificado, onde com apenas duas atividades havia-se conseguido promover o encontro entre a comunidade e instituições para debate e partilha de ideias, tornando-se ainda mais consistente aquando da apresentação do projeto a todas a entidades, associações e comunidade em geral, onde se verificou uma grande adesão, participação e colaboração na definição de objetivos estratégicos do projeto, estimulando ainda mais o interesse que já existia na sua elaboração e continuação. Partindo assim das potencialidades encontradas nesta comunidade da vila de Almodôvar e não nos seus estrangulamentos e da continuação das demais atividades resultantes do diagnóstico e baseadas na problemática identificada, foi considerada e reconhecida como uma lacuna social a pouca identificação desta comunidade com as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Desse modo, e uma vez que os recursos físicos e materiais foram disponibilizados para o projeto pela Escola Secundária de Almodôvar, quer no momento do autodiagnóstico que posteriormente aquando da apresentação e objetivos do
  • 12. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 12 projeto, sendo os recursos humanos (técnico/formador de informática) desde logo integrados no projeto, onde o Engº José Gonçalo se disponibilizou a colaborar e assim efetuar as ações que julgássemos necessárias. Nesta ordem de ideias, foram operacionalizadas datas, horas e divulgação de uma ação de formação na área das TIC, direcionada para a comunidade sénior mas aberta ao geral, a qual pelo interesse demonstrado, pela motivação e principalmente pela vontade e a pedido dos participantes levou desde logo a que esta atividade tivesse continuidade, o que se veio a verificar. Atualmente já vamos para 3ª formação na área, sendo que contamos promover cerca de 4 a 5 ações, tendo os meios físicos e materiais inicialmente cedidos ao dispor do grupo de trabalho por parte da direção da Escola Secundária. Desta formação, e para gáudio do grupo de trabalho e do formador, onde já se verificam resultados significativos, atendendo que existiam pessoas que apenas sabiam ligar e desligar o computador, ir-se-á já obter resultados a curto-médio prazo, tendo as participantes aceite o desafio proposto pelo grupo e que se prende com uma apresentação final em PowerPoint com algumas imagens das atividades em que participaram, a qual por elas produzida. Contudo, foi também identificado pelo grupo de trabalho que não basta só apostar na formação e no dotar de conhecimentos e competências sobre as novas tecnologias como veículo de comunicação e dinamização pessoal e social, há que apostar numa base sólida educativa e que leve a própria comunidade à identificação de certos problemas derivados do uso da Internet e com ações concretas e concertadas previna algumas utilizações de risco. E neste campo, promoveu-se uma ação de sensibilização e prevenção quanto ao uso da Internet e das novas tecnologias de informação comunicação, onde após solicitação de colaboração da Polícia Judiciária de Faro, na pessoa do Inspetor Ricardo Valadas, se veio a dinamizar uma palestra sobre os perigos da Internet no auditório do CNO de Almodôvar, a qual com bastante adesão e que não só pelo tema, teor e capacidade comunicativa do orador, levou a que a mesma fosse entendida e considerada como uma base preventiva em futuras utilizações das TIC. Esta atividade serviu não só para dotar competências e conhecimentos aos participantes, como para aferir, neste caso concreto, que esta comunidade só não usa os equipamentos e serviços disponíveis na vila de Almodôvar, por não saberem como usa-los, tornando-os subaproveitados. Não há nada mais gratificante do que ter equipamentos rentabilizados e utilizáveis e uma comunidade informada, educada, culta e integrada numa sociedade globalizada e isso faz-se com a educação, com a promoção de formações direcionadas e que muito pouco custam ao erário público.
  • 13. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 13 Ainda enquadrado na dimensão socioeducativa da animação comunitária, foi também projetada uma atividade direcionada para a comunidade sénior, a qual consistiu numa caminhada seguida de uma palestra sobre o envelhecimento ativo e saudável. Eram objetivos desta ação reconhecer a importância da atividade física e hábitos saudáveis no processo de envelhecimento, desenvolver hábitos saudáveis, identificar os benefícios da atividade física, formular opiniões e ideias sobre o conceito do envelhecimento ativo e saudável e estimular para o romper de hábitos sedentários. Nesta atividade, apoiada pela Câmara Municipal de Almodôvar que cedeu o espaço (edifício das piscinas municipais) para ser realizada a palestra, pelos Bombeiros Municipais de Almodôvar, que acompanharam sempre de perto e até ao fim da atividade os caminhantes com uma ambulância e dois elementos da corporação, pela GNR de Almodôvar, que se mostrou sempre disponível para o corte de algumas vias de trânsito, embora o percurso tenha sido previamente preparado e planeado para que se balizasse às ruas circundantes da Vila de Almodôvar, quer para não causar quaisquer prejuízos para o trânsito e para os utentes das vias quer também para não por em perigo as pessoas participantes, pela Sta. Casa da Misericórdia de Almodôvar com quem foi estabelecido o acordo entre o grupo e a direção do Lar para a participação dos idosos institucionalizados, onde o grupo assumiu o compromisso de efetuar o transporte dos idosos com menor mobilidade, transporte este efetuado com viaturas da entidade acolhedora do Projeto - Junta de Freguesia – e da Sta. Casa da Misericórdia, tendo este compromisso sido o fator de maior satisfação uma vez que conseguimos ter a presença de cerca 20 idosos na palestra, que apesar de não terem capacidade de efetuar a caminhada, mostraram-se bastante agradados com o fato de saírem da sua zona de conforto, sendo perfeitamente observável a sua alegria e satisfação, e pelos oradores convidados Maria Esteves e Eduardo Fernandes (Mestres), da Direção Regional de Educação do Algarve que proporcionaram uma palestra elucidativa, educativa, útil e do agrado das dezenas de participantes. Por último, numa dimensão cultural, a atividade articulada com o grupo de práticas de Alcoutim, resulta do contato efetuado inicialmente e com o objetivo claro de serem desenvolvidas interações e dinâmicas culturais (cantares alentejanos; gastronomia; produtos tradicionais locais, artesanato, hábitos e tradições, etc.) e intergeracional entre ambas as comunidades (Almodôvar e Alcoutim), com vista a criar uma maior aproximação comunitária entre todos os segmentos populacionais, em todas as suas dimensões, e sensibilizar para um interior do país cada vez mais desertificado e envelhecido, promovendo assim uma maior ação relacional entre as populações.
  • 14. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 14 Na mediação, e após apresentação oficial à entidades acolhedoras de ambos os projetos, Câmara Municipal de Alcoutim e Junta de Freguesia de Almodôvar, foram expostos os principais objetivos e com um propósito claro de continuar com ações deste tipo e em articulação com outros concelhos, no sentido de divulgar e promover a cultura local, sendo o evento encarado pela entidades parceiras como uma via de aproximação cultural, social e económica entre duas regiões e como uma das formas de promover a participação comunitária, sendo certo que quando as pessoas se mostram participativos na sua comunidade, dando assim o seu contributo social, cultural e económico, consideram-se mais úteis, identificadas, valorizadas e reconhecem mais e melhor os seus territórios. Resultou também deste intercâmbio cultural o compromisso da Junta de Freguesia de Almodôvar em realizar no ano de 2014, ou numa outra data a agendar, um encontro sociocultural na vila de Almodôvar, o qual se irá guiar pelos mesmos princípio orientadores e com os mesmos propósitos. Nesta articulação de esforços em prol da comunidade e com a comunidade, foram mediados desde logo os apoios materiais, logísticos e humanos com o Setor da Cultura da Câmara Municipal de Almodôvar, onde foram disponibilizados quer meios humanos (técnico informático) para a preparação, produção, divulgação do evento (produção de cartazes, impressões) e materiais/logísticos, no transporte dos grupos corais de Almodôvar para Alcoutim (e respetivo motorista) e os encargos daí resultantes (gasóleo, motorista, etc.). Nesta desenvolvimento do evento, e uma vez que o mesmo se irá realizar em Alcoutim, foi ainda articulado com a Associação de Solidariedade Social, Cultura, Desporto e Arte dos Balurcos, localidade do concelho de Alcoutim, que propôs aos dois grupos de projeto (Almodôvar e Alcoutim) serem o dinamizadores de uma festa tradicional e já com largos anos de existência daquela localidade, conhecida como a Festa da Maia, sendo o desafio prontamente atendido. E isto porque, quer pelo fato de se efetuar apenas uma festa/evento num só local e data (ambos estavam previstos para a data 18 de maio de 2013) quer pelo fator económico de não acarretar despesas extra à Câmara de Alcoutim com dois eventos por si apoiados financeiramente, mas também pela boa dinâmica dos grupos ao verificarem atempadamente que as datas dos eventos coincidiam e que após ser exposto a todas as entidades e pessoas resultou que fosse efetuado apenas num só local e data. Considerações finais Com isto, e em termos de identidade profissional, pretende-se esclarecer quer à comunidade de Almodôvar envolvida (entidades; organizações e sociedade civil) que os educadores sociais estão especificamente preparados para desenvolver uma ação educativa em
  • 15. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 15 espaços sociocomunitários, que o seu trabalho é transversal ao de outros trabalhadores sociais, mostrando uma clara relação híbrida entre as áreas da educação e do social. Neste sentido, o compromisso que o Educador Social pode(ria) assumir num território como o da Freguesia de Almodôvar é ajudar a comunidade a desenvolver-se e a capacitar-se para que apreenda, identifique e valorize a sua realidade, na medida em que tratando-se em concreto de um território predominantemente rural, e logo aliado aos conceitos de isolamento e exclusão social, a realidade pode ser concebida enquanto território que comporta diferentes modos e hábitos de vida, se comparados aos espaços urbanos, pois os ambientes rurais ao longo da cultura e sociedade humana podem ser vistos como sendo o lugar onde as pessoas procuram fortalecer laços de amizade e afetos, de respeito e união, mas também onde se representam as relações de poder expressas pela materialidade ou pelo simbolismo cultural. O Educador Social é um ator social, um profissional da condição humana preparado para apoiar pessoas, ou grupos, com dificuldades (educativas, sociais, culturais,) na concretização das suas aspirações e realizações pessoais que, dadas as suas capacidades comunicativas, pode funcionar como mediador na promoção da relação entre escola, família, trabalho, comunidade e instituições. Um dos campos férteis da sua atuação é também o saber ser o elo de articulação entre instituições que se dedicam às causas sociais, capacitando-as e impulsionando para que trabalhem em rede e em parceria, podendo desta forma colmatar lacunas existentes. Em Almodôvar, e existindo bastantes potencialidades no que toca ao movimento associativo, embora com algum desinteresse para o coletivo e para o trabalho em conjunto, a existência de um Educador Social, no setor público ou no setor privado, que permitisse e promovessem uma maior interação entre todos os agentes comunitários iria proporcionar um maior grau relacional entre todos, cooperação e partilha de esforços. Até no momento de crise que o país e o mundo atravessam, o despertar de consciências para estas interações sociais, dinamizadas por um Educador Social, ajudaria a proporcionar e a elevar o conceito de solidariedade, voluntariado e entreajuda, criando uma maior proximidade entre as pessoas. É nas alturas de crise (política, económica e principalmente social) que os países atravessam que as populações mais se devem apoiar e unir como forma estratégica de contribuir para o seu desenvolvimento e que as pessoas se apoiem mais, mostrem união e solidariedade, e a ES baseando as suas (principais) dimensões no plano do conhecimento, que lhe permite ter capacidades para entender os fenómenos sociais; no plano de ação, criando atividades e envolvimento nas pessoas, dando-lhes sentimentos de autoconfiança e capacitando-as para enfrentarem os seus problemas; e no plano da relação, com intenção de
  • 16. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 16 intervir positivamente na vida das pessoas, procurando influenciar o seu percurso de desenvolvimento e promovendo a interação e convivência entre todos, gerando melhorias nas relações sociais e promovendo o bem estar social. O Educador Social, enquanto profissional competente, exerce um trabalho que não basta apenas saber fazer, mas gostar de fazer, sendo indispensáveis as motivações, a empatia, o compromisso com a mudança e o crescimento pessoal e, como tal, torna-se essencial conhecer as suas aptidões e capacidades bem como as suas limitações que levem a uma maior identidade, atendendo que cada Educador Social tem o seus métodos, técnicas e estilo pessoal e único em saber e em fazer e que com isso leve à superação das dificuldades. O Projeto “Lado a Lado”, tratando-se de um projeto com um cariz muito institucional, onde sem as instituições envolvidas não seriam possível realiza-lo, e não obstante da relação próxima que mantenho com as entidades que as representam bem como as pessoas desta comunidade, todas as atividades realizadas e as ainda projetadas foram mediadas oficiosa e oficialmente entre a entidade acolhedora e as mesmas, mostrando não só que um Educador Social, embora tido como um especialista de mãos vazias é um exímio mediador, sem falsos pretextos, sem receitas miraculosas, mas com dedicação, profissionalismo e sentido ético, que deve ser respeitado e que, obviamente, não tem soluções imediatas para a pluralidade de problemas que encontra mas, estando especialmente capacitado para trabalhar no âmbito de uma educação não formal, pode, com projetos educativos dinâmicos, promover a intervenção entre a escola e as famílias, impulsionar atividades de tempos livres, etc., e, no entanto, apoiado num saber profissional próprio, dispõe-se ajudar as pessoas e comunidades a dar-lhes o empowerment, promovendo a satisfação de competências pessoais e capacitando para a autonomia, autorrealização e autoestima; promovendo o desenvolvimento das relações sociais e capacitando para o associativismo e para organizações sociais coletivas e formando capacidades que promovam a coparticipação dos membros da comunidade de Almodôvar para que se unam, se tornem mais coesos e que promova a ação com vista à transformação das suas condições de vida para um mundo melhor, mais igualitário e equitativo. Em género de conclusão, e pela presente comunicação e que serve de súmula ao conteúdo do projeto, acredito que um Educador Social seria útil na comunidade de Almodôvar, onde seria o promotor de uma maior articulação de entidades-pessoas- associações-comunidade, locais e extra-locais, um impulsionador da identificação e valorização do território por parte dos seus habitantes, um dinamizador cultural que estimula o gosto pela cultura local e pela sua divulgação como forma de desenvolvimento local e um
  • 17. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 17 promotor da valorização de recursos e propulsor para as suas utilizações e sobreaproveitamentos e um educador interventivo que leve à participação da comunidade em ações sociais, políticas, culturais, educativas e económicas.
  • 18. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 18 Referências Bibliográficas  Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.; Ruquoy, D. & Saint-Georges, P. (1995), “Práticas e Métodos de Investigação em Ciências Sociais”. Gradiva.  Barroso, J. (1998), “Para o Desenvolvimento de uma Cultura de Participação na Escola”. Lisboa. Instituto de Inovação Educacional – Cadernos de organização e gestão escolar.  Bell, J. (1997), “Como realizar um projecto de, investigação: um guia para a pesquisa em ciências sociais e da educação”. Lisboa, Gradiva, - Colecção Trajectos.  Burgess, R. (1997), “A Pesquisa de Terreno. Uma Introdução”. Oeiras: Celta Editora.  Cardoso, A. (2006), “Alguns desafios que se colocam à Educação Social”. Cadernos de Estudo. Porto, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, n.º 3, pp. 7-15.  Carvalho, A.(2008), “Edgar Morin e a renovação do humanismo”. Disponível em [URL]: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1348.pdf, acedido em 25-03-13.  Carvalho, A. e Baptista, I. (2004), “Educação Social – Fundamentos e estratégias”. Porto: Porto Editora.  Diaz, S. (2006), “Uma Aproximação à Pedagogia - Educação Social”. Revista Lusófona de Educação, 7, 91-100.  Fonte, R. (s/d.), “Animação instantânea – agitar só depois de usar”. Editora: Intervenção – revista dos animadores.  Freire, P. (1967), “Educação como prática da liberdade”. Rio de Janeiro: Paz e Terra.  Freire, P. (1980), “Conscientização”. São Paulo, Moraes.  Freire, P. (1987), “Acção Cultural para a Liberdade”. São Paulo: Editora Paz e Terra.  Freire, P. (1998), “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”. São Paulo: Paz e Terra.  Haro, A. (1998), "La Educacíon Social en Marcha". Valencia: Nau Llisbres.  Ortega, J. (1999), “Educación social especializada”. Barcelona: Ariel.  Pires, M. (2003), “Dádiva, economia social e cooperativismo: a promulgação de uma nova ética societária?”. Disponível em [URL]: http://www.unircoop.org/unircoop/files/revue/Release/Artigo%20UFRPEvf_1_(1).pdf, acedido em 19-03-13.  Quintana, J. (1944), “Pedagogia Social”. Madrid: Editorial Dykinson.
  • 19. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 19  Serrano, G. (2008), “Elaboração de Projetos Sociais – Casos Práticos”. Editora: Porto. Edição nº7. Coleção Educação e trabalho social.
  • 20. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 20 ANEXO
  • 21. Seminário de Supervisão A ação do ES - O caso de Almodôvar 21 Entrevista A1 1. Dados Drª Sílvia Batista Junta de Freguesia de Almodôvar 17-11-2012 11H58 Ricardo da Palma 01:33´12