1. Sessão de
Sensibilização
Abordagem sobre identificação de problemáticas no
desenvolvimento infantil dos 0 aos 6 anos de idade.
Patrícia Ferreira
Psicóloga Clínica e Educacional
2. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
As crianças pequenas são naturalmente mexidas, excitadas, barulhentas e irrequietas.
Embora isso seja cansativo, não há geralmente motivo para preocupação.
Por vezes denominamos estas crianças instáveis, irrequietas e até hiperactivas; este último
termo pode introduzir a confusão entre uma criança irrequieta normal e uma criança
realmente hiperactiva com Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção.
3. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
O que é a Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA)?
As crianças com PHDA têm uma série de sinais e comportamentos:
• são agitadas, incapazes de estar paradas;
• falam sem parar, interrompem os outros e têm dificuldade em esperar a sua vez;
• distraem-se com tudo e têm muita dificuldade em acabar o que começam;
• são impulsivas e não pensam antes de agir.
4. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
No entanto estes comportamentos têm também as seguintes características:
• são muito mais intensos do que os das outras crianças da mesma idade;
• interferem com o dia a dia, e com a adaptação escolar e social da criança;
• geralmente estão presentes desde os primeiros anos de vida da criança.
Esta situação é mais frequente nos rapazes e existe uma certa tendência familiar.
5. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
Quais são as causas do problema?
Factores genéticos e do sistema nervoso
• Transmitidos como uma tendência familiar para o problema
O Temperamento da criança
• Cada criança nasce com um temperamento diferente: por vezes calmo, adaptável e fácil de lidar, outras
vezes agitado, irregular e difícil de satisfazer. As crianças com este segundo tipo de temperamento são
mais exigentes e precisam de uma maior firmeza e capacidade de contenção por parte do meio que as rodeia.
Se uma criança destas nasce numa família mais frágil ou menos disponível, é possível que a situação se
complique e que se instale uma Perturbação de Hiperactividade.
6. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
Dificuldades de audição, visão ou aprendizagem :
• Estas situações limitam as capacidades da criança, diferenciam-na dos outros e geram sofrimento e mal-
estar. Estes, por sua vez, expressam-se muitas vezes na criança através do comportamento podendo dar
origem ou agravar uma PHDA pré existente.
Factores familiares:
• Se existem problemas sócio-familiares que cansam, esgotam ou perturbam os pais de qualquer forma,
estes estarão menos disponíveis e menos atentos aos filhos. Nestes casos, a criança rapidamente se
apercebe que a melhor forma de obter a atenção dos pais é fazendo asneiras ou agitando-se, como
que a dizer “Estou aqui, olha para mim!”.
7. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
Quais as consequências do problema?
• integrar-se e aprender na escola ou noutras actividades;
• fazer novos amigos mas sobretudo mantê-los. Estes problemas podem criar ou acentuar
na criança sentimentos de tristeza e desvalorização, aos quais ela poderá reagir agitando-
se ainda mais, revoltando-se e agredindo quem a rodeia. Criam-se assim círculos viciosos
que tendem a agravar o comportamento da criança e a complicar a sua relação com os
outros.
Dificuldades em:
8. Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperactividade e
Défice de Atenção
Como pode ser prevenido ou diminuído o problema?
• passarem mais tempo com os filhos e mostrarem-lhes o seu afecto;
• fazer com eles algo que dê prazer a ambos (pais e filhos);
• lembrar-se que a criança precisa de tempo e espaço para fazer barulho, correr, saltar e “gastar” a energia
que tem;
• aproveitar todas as oportunidades para elogiar e valorizar a criança;
• manifestar de forma clara e simples o seu desagrado perante as situações em que a criança ultrapassa os
limites previamente estabelecidos;
• defina com ele/ela as consequências da quebra das regras combinadas e cumpra-as.
9. Tristeza e depressão na criança
Os sentimentos de tristeza, desapontamento, desvalorização e culpa, surgem pontualmente no nosso dia a
dia e a criança, ao longo do seu crescimento, aprende igualmente a conviver com eles.
São geralmente sentimentos transitórios que ocorrem na sequência de episódios de vida difíceis,
frustrantes ou perturbadores, como por exemplo: o nascimento de um irmão (“Os meus pais agora já não
gostam de mim!”), a doença ou morte de um familiar próximo (Será que foi porque eu me zanguei com
ele/ela?”) ou um insucesso na escola ou noutra atividade (“Não presto para nada!”).
Nestas circunstâncias, a criança, tende a ultrapassar espontaneamente a situação com algum apoio dos
pais ou outros adultos próximos. Mas nem sempre estes sentimentos são benignos, transitórios e
facilmente ultrapassáveis.
10. Tristeza e depressão na criança
O que é a depressão da criança e do adolescente? A depressão é frequente na criança e
muito frequente no adolescente em particular no sexo feminino. A criança deprimida
sente-se desvalorizado e/ou culpado, de modo persistente e tal interfere no seu dia a dia
e no seu desenvolvimento.
Pode ter:
• um ar triste, insatisfeito, por vezes chora com facilidade;
• um cansaço ou aborrecimento constantes,
• alterações do sono ou do apetite;
• isola-se dos outros, fala pouco;
11. Tristeza e depressão na criança
• parece desinteressado em relação a tudo e não tem prazer em nada;
• o seu rendimento escolar tende a baixar, tem dificuldade em concentrar-se, falta à escola;
anda irritado, revoltado, agressivo;
• é extremamente sensível à rejeição e ao insucesso;
• é propenso a acidentes;
• tem pensamentos de suicídio, tenta suicidar-se ou fazer mal a si próprio.
12. Tristeza e depressão na criança
A criança mais nova, tem dificuldade em expressar o que sente por palavras e o seu mal
estar manifesta-se de outras formas:
• um aspecto pouco saudável (com palidez ou olheiras);
• cansaço, dores de cabeça ou barriga
• comportamento excessivamente calmo ou, mais frequentemente irritável, agressivo ou
revoltado;
• diminuição do rendimento escolar.
13. Tristeza e depressão na criança
Quais as causas deste problema?
Os factores que contribuem para a depressão da criança, são múltiplos:
• características da própria criança ou jovem, como o seu temperamento ou a sua
personalidade, que o tornam mais frágil e vulnerável a esta perturbação;
• uma tendência familiar para a depressão que pode ser herdada;
14. Tristeza e depressão na criança
• factores familiares, tais como: - dificuldades no relacionamento pais-criança, em
particular nos primeiros anos de vida; - separações repetidas dos pais ou mudanças
frequentes de dadores de cuidados nos primeiros anos de vida; estas situações podem ser
sentidas pela criança como experiências de perda; - depressão dos pais que os torna pouco
disponíveis, irritáveis, desistentes e pouco capazes de apoiar e estimular a criança; -
conflitos ou violência familiar; - maus tratos ou rejeição da criança.
• acontecimentos vividos como traumáticos: - separação, morte ou doença grave de um
familiar próximo; - ruptura de uma relação romântica na adolescência, experiências de
frustração, abandono e rejeição no grupo de pares; - experiências repetidas de pequenas
frustrações no quotidiano, com sentimentos de rejeição, abandono, desvalorização, vividas
em particular por crianças já fragilizadas, com falhas anteriores de auto- estima.
15. Tristeza e depressão na criança
Quais as consequências do problema?
A depressão limita o funcionamento global da criança e do jovem e, quanto mais cedo se inicia
e mais tardio é o tratamento, maior é o impacto que tem no próprio desenvolvimento.
• As dificuldades de aprendizagem são muito frequentes e podem limitar o sucesso da
escolaridade.
• As dificuldades de socialização perturbam o desenvolvimento e interferem na integração
escolar, social e mais tarde na adaptação ao mundo do trabalho.
• O consumo de drogas e álcool é também mais frequente nestes casos, assim como a gravidez
na adolescência, pois constituem formas do jovem tentar fugir ao seu sofrimento interior.
• Finalmente o suicídio é um risco real nestas situações, em particular na adolescência e mostra
como é fundamental o diagnóstico e tratamento da depressão nestas idades.
16. Tristeza e depressão na criança
Como pode ser prevenido ou diminuído o problema?
É importante:
• que os pais estejam atentos ao eventual sofrimento da criança ou do jovem, que pode,
como vimos, manifestar-se de muitas formas (diminuição do rendimento escolar,
isolamento, desinteresse, irritabilidade, etc.);
• tentar melhorar o relacionamento mútuo pais/filhos, mostrar disponibilidade para ouvir
as preocupações da criança ou jovem e tentar entender as razões do seu mal estar;
• perante situações de vida mais difíceis e eventualmente traumáticas, os pais devem estar
alerta para o impacto que estas possam ter no filho(a) e para uma possível necessidade de
ajuda.
17. Perturbação bipolar na criança
O que é a perturbação bipolar na criança?
É uma doença psiquiátrica pouco frequente e severa que geralmente se inicia no fim da
adolescência ou na idade adulta. A ocorrência na criança antes da puberdade é muito rara
e, nestas idades mais precoces as manifestações são geralmente diferentes das do adulto. A
criança com perturbação bipolar tem grandes variações de funcionamento:
• Grandes oscilações do humor, variando entre uma grande excitação, agitação e aparente
alegria e uma extrema irritabilidade, agressividade, tristeza e depressão.
Perturbações do humor na criança
18. • Por vezes alguns destes sintomas manifestam-se simultaneamente e as variações do
humor são muito mais intensas e rápidas do que o habitual em crianças da mesma
idade.
• Um discurso muito rápido, com mudanças constantes de assunto ou, por outro lado,
uma recusa em falar, aliada a apatia e isolamento.
• Grandes oscilações do apetite e do peso e desinteresse pela higiene pessoal.
• Irregularidade do sono e do nível de energia com fases de grande energia, sem
necessidade de dormir e com insónia e outras fases grande cansaço, perda de energia,
sono constante e isolamento.
Perturbações do humor na criança
19. • Extrema sociabilidade ou alheamento e afastamento da família e amigos.
• Sentimentos de grandeza e grande poder (sentir-se um super-heroi) ou, por outro lado,
sentimentos de culpa, desespero e perda da auto-estima.
• Comportamentos de risco como o abuso de álcool ou drogas, condução perigosa ou
relações sexuais não protegidas e/ou com múltiplos parceiros.
• Preocupações com a morte e tentativas de suicídio.
• Ideias, crenças ou experiências estranhas.
Perturbações do humor na criança
20. Entre estas oscilações e perturbações do humor e do comportamento podem existir ou não
períodos em que a criança ou adolescente funciona normalmente.
No entanto quanto mais nova é a criança mais rápidas e frequentes tendem a ser as
variações emocionais e do comportamento e a associação de manifestações de
excitação/alegria com irritação/agressividade/tristeza.
Perturbações do humor na criança
21. Quais são as causas desta perturbação?
As causas não são ainda bem conhecidas mas, embora a doença possa afectar qualquer
pessoa, existe uma tendência familiar e, se os pais ou familiares próximos sofrerem deste
problema, é maior o risco de que a criança o venha a ter também. Doenças físicas ou
acontecimentos perturbadores podem desencadear a doença ou novas descompensações
em crianças ou adolescentes vulneráveis.
Perturbações do humor na criança
22. Quais as consequências desta doença?
As grandes oscilações do funcionamento causadas por esta perturbação afectam várias
áreas da vida da criança:
• dificultam a sua relação com a família, os colegas e os outros de um modo geral;
• diminuem a capacidade de concentração e aprendizagem escolar;
• provocam comportamentos que colocam a sua saúde e vida em risco;
• perturbam o sentimento de controle sobre si próprio e sobre a sua vida.
Perturbações do humor na criança
23. Medos e ansiedade na criança
À medida que cresce e descobre o mundo à sua volta, a criança vai-se apercebendo
como este é grande e por vezes assustador.
Os medos e as preocupações são de facto normais ao longo do crescimento, desde que se
mantenham dentro de certos limites e não perturbem o global funcionamento e
desenvolvimento da criança.
24. Medos e ansiedade na criança
Conforme a idade da criança, também o tipo de medos e preocupações varia:
• entre os 6 meses e os 3 anos, são frequentes e normais o medo dos estranhos, da
separação em relação aos pais, do escuro, dos trovões ou outros ruídos fortes;
• entre os 2 anos e os 5 anos, os medos são muito frequentes e variados, como por
exemplo de animais, fantasmas, monstros, palhaços e ainda do escuro das trovoadas,
etc.
25. Medos e ansiedade na criança
O que são as perturbações de ansiedade na criança?
Nestas situações a preocupação ou medo da criança é muito intenso e mantém-se por
longos períodos, interferindo no seu dia a dia.
Por vezes ao medo associam-se dores variadas (de cabeça, de barriga), náuseas ou
vómitos, palpitações, tremores, tonturas e outros sintomas para os quais não é encontrada
nenhuma razão “médica”.
26. Medos e ansiedade na criança
De entre as perturbações mais frequentes nestas idades, destacam-se:
• A recusa escolar que é geralmente devida a uma dificuldade da criança em separar-se
dos pais e da segurança sentida em casa. As queixas físicas de dores e mal-estar quando
se aproxima a hora da escola/jardim-de-infância, são frequentes. Muitas vezes a situação é
desencadeada por modificações ou problemas familiares (nascimento de um irmão,
doença dos pais, etc.). Por vezes existem também problemas escolares (dificuldades de
aprendizagem, problemas de relacionamento com colegas ou professores, etc.).
• Os medos e fobias estão ligados a situações ou objectos específicos (por exemplo cães,
aranhas, cobras, agulhas, médicos, etc.). O medo é muito intenso e surgem uma série de
comportamentos que a criança usa para evitar o objecto causador do medo – condutas de
evitamento – que podem ser elas próprias limitativas para a vida da criança (por exemplo
não sair à rua, etc.).
27. Medos e ansiedade na criança
Quais são as causas destes problemas?
• Problemas familiares :
- Conflitos ou violência familiar que provocam um sentimento de insegurança
generalizada na criança; - Divórcio ou separação dos pais, o que coloca a criança numa
situação de divisão de lealdades (para com o pai e para com a mãe) causando-lhe
ansiedade e mal-estar; - A morte ou a doença de um familiar próximo; - O modo de
relacionamento entre pais e filhos e o estilo educativo dos pais: uma disciplina
demasiado rígida e exigente ou, por outro lado uma atitude de superproteção exagerada,
determinam insegurança e falta de autoconfiança da criança.
28. Medos e ansiedade na criança
• Problemas escolares : - Crianças que são vítimas de ameaças (bulling) ou abusos na
escola e têm dificuldade em defender-se; - Crianças com dificuldades de
aprendizagem que se sentem desvalorizadas e ansiosas.
• Experiências traumáticas anteriores.
• Factores genéticos ou modos de funcionamento familiar : por vezes os sentimentos
generalizados de insegurança e ansiedade são partilhados por outros membros da
família, constituindo como que um modo de funcionamento particular e específico
daquela família.
29. Medos e ansiedade na criança
Quais as consequências do problema?
A ansiedade e o medo podem limitar o desenvolvimento e o quotidiano da criança,
impedindo-a por exemplo de frequentar regularmente a escola, aprender, sair à rua,
fazer amigos. A solidão e a falta de autoconfiança podem também ser problemas
duradouros.
30. Medos e ansiedade na criança
Como podem ser prevenidos ou diminuídos estes problemas?
• Estas situações podem passar despercebidas ou não ser valorizadas durante algum
tempo porque não chamam a atenção nem são muito perturbadoras para os outros. No
entanto devem ser reconhecidas para que a criança seja ajudada a ultrapassá-las.
• Para prevenir o seu aparecimento, os pais podem preparar antecipadamente a criança
para situações novas que podem ser difíceis para algumas crianças, tais como o
nascimento de um irmão, a entrada para a escola ou o jardim de infância, explicando-lhe
o que vai acontecer e porquê.
31. Medos e ansiedade na criança
• Todas as famílias passam fases de grande tensão e preocupação; se nessas alturas a
criança manifestar medos ou ansiedade mais intensa, é importante que os pais a
entendam e estejam disponíveis para a ajudar.
• Sugere-se ainda que os pais confortem e apoiem a criança mas simultaneamente
mantenham uma atitude firme e segura de modo a transmitir-lhe confiança.
• A criança deve ser incentivada a encontrar, ela própria, soluções para enfrentar a
situação difícil; os pais devem dar-lhe apoio nesse processo.
• As situações que causam ansiedade à criança não devem ser excessivamente evitadas
mas ela também não deve ser forçada a enfrentá- las para além da sua capacidade de
adaptação.
32. As psicoses são doenças mentais raras que, geralmente, se iniciam no fim da adolescência
ou idade adulta.
O seu início na criança antes da puberdade é muito raro e nem sempre é fácil de
reconhecer. São situações que alteram a noção da realidade e a capacidade de se relacionar
e comunicar com os outros. Existem essencialmente dois tipos de psicoses nestas faixas
etárias:
• A esquizofrenia
• Autismo
As psicoses na criança
33. As psicoses na criança
a) Esquizofrenia na criança
O que é a esquizofrenia na criança?
É uma doença psiquiátrica grave em que existem pensamentos e emoções estranhas e o
comportamento se encontra também perturbado. O início antes da puberdade é raro mas
pode ocorrer. Nas fases iniciais as alterações dos pensamentos, emoções e comportamento
podem ser ligeiras e difíceis de detectar:
• pensamentos confusos;
• desinteresse por actividades apreciadas anteriormente;
• diminuição do rendimento escolar.
Esquizofrenia
34. Progressivamente ou de forma mais rápida surge então o quadro completo dos sintomas:
• comportamento, pensamento ou discurso confusos, sem sentido, estranhos;
• confusão entre fantasias, sonhos, filmes e a realidade;
• ver coisas ou, mais frequentemente, ouvir vozes que não existem (alucinações);
• sensação de ser alvo de conversas, críticas ou perseguições (atitude de desconfiança e
vigilância constante);
• grande angústia e medos excessivos;
• isolamento, dificuldade em relacionar-se com os colegas e em manter as amizades;
• diminuição da higiene pessoal;
• grande agitação.
As psicoses na criança
Esquizofrenia
35. Quais são as causas da esquizofrenia?
A causa desta doença não é ainda conhecida. Sabemos que o funcionamento cerebral se
encontra alterado e parece existir uma certa tendência familiar para o problema que pode
ser herdada. Alguns factores do ambiente circundante podem também contribuir para
desencadear a doença em crianças ou jovens mais vulneráveis, tais como o consumo de
drogas ou experiências traumáticas.
As psicoses na criança
Esquizofrenia
36. Quais são as consequências do problema?
A esquizofrenia é uma doença grave que, sem tratamento, perturba seriamente o
funcionamento global e o quotidiano da criança ou adolescente, a sua integração e
aprendizagem escolar e a relação com a família e amigos. Por esse motivo é essencial a sua
detecção e tratamento precoces.
As psicoses na criança
Esquizofrenia
37. O autismo é uma perturbação em que as crianças são incapazes de estabelecer
relações sociais normais, comportando-se de maneira compulsiva. Afecta múltiplos
aspectos da forma como uma criança vê o mundo e aprende a partir das suas
próprias experiências. As crianças com autismo não notam o interesse habitual na
interacção social.
As psicoses na criança
Autismo
38. As manifestações do transtorno variam, dependendo do
nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
As crianças com este transtorno podem ignorar as outras
crianças (incluindo os irmãos), podem não ter ideia das
necessidades dos outros, ou não perceber o sofrimento das outras
pessoas.
Autismo
As psicoses na criança
39. Tipos de autismo
• Autismo de baixo
funcionamento
Retardo
mental
severo
• Autismo de alto
funcionamento
• Síndrome de
Asperger
QI normal
ou super
normal
Autismo
40. Incidência
Quando o autismo é mais rigorosamente classificado e
diagnosticado, em geral são relatadas taxas de prevalência
de 2 casos para 10.000 habitantes.
Autismo
As psicoses na criança
41. Transtornos associados
Os indivíduos com Transtorno Autista podem apresentar uma
série de sintomas comportamentais, incluindo
hiperactividade, desatenção, impulsividade, agressividade,
comportamentos auto-agressivos e, particularmente em
crianças mais jovens, acessos de raiva.
Autismo
As psicoses na criança
42. Características típicas do autismo:
• Dificuldades quanto ao relacionamento com pessoas, objectos ou eventos;
• Uso invulgar de brinquedos ou objectos;
• Incapacidade de estabelecer interacções sociais som outras crianças;
• Incapacidades de ter consciência dos outros;
• Relacionamento em que os outros são tratados como objectos inanimados;
• Contacto visual difícil sendo normalmente evitado;
• Incapacidade para receber afectividade;
Autismo
As psicoses na criança
44. Dificuldades de aprendizagem
Também chamada
desordem de aprendizagem
ou transtorno de
aprendizagem.
Desordem pela qual um
indivíduo apresenta
dificuldades em aprender
efectivamente.
Afecta a capacidade do cérebro em receber e processar
informação, o que pode tornar problemática a
aprendizagem, criando diferenciação entre os sujeitos.
A expressão é usada para referir as condições sócio-biológicas que afectam as
capacidades de aprendizagem dos sujeitos, em termos de aquisição, construção
e desenvolvimento das funções cognitivas, e abrange transtornos tão diferentes
como incapacidade de percepção, dano cerebral, disfunção cerebral mínima,
autismo, dislexia e afasia desenvolvimental.
45. Dislexia
Dislexia é uma dificuldade duradoura da
aprendizagem da leitura e aquisição do
seu mecanismo, em crianças inteligentes,
escolarizadas, sem quaisquer perturbação
sensorial e psíquica já existente.
As crianças disléxicas tendem a apresentar um baixo rendimento
académico e alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades
persistentes e recorrentes na aprendizagem e automatização da leitura e
escrita.
46. DURANTE A INFÂNCIA:
• Atraso na aquisição da linguagem.
(fala e construção) ;
• Apresentou problemas de
linguagem durante o seu
desenvolvimento, dificuldades em
pronunciar determinados sons,
linguagem ‘abebezada’ para além do
tempo normal.
• Apresentou dificuldades em
memorizar e acompanhar canções
infantis e a rima das lenga-lengas.
• Dificuldade na consciência e
manipulação fonológica.
Dificuldade em se aperceber que os
sons das palavras podem dividir-se
em bocados mais pequenos e em
manipular esses mesmos sons.
• …
NA IDADE ESCOLAR:
• Lentidão na aprendizagem dos
mecanismos da leitura e escrita.
• Bastantes dificuldades na leitura, com a
presença constante de erros e incorrecções,
inventando palavras ao ler um texto.
• Escrita com múltiplos erros ortográficos e
a qualidade da caligrafia é bastante
deficiente.
• Lacunas acentuadas na organização das
ideias no texto e na construção frásica.
• Utiliza estratégias e truques para não ler.
Não revela qualquer prazer pela leitura.
• Distrai-se com bastante facilidade perante
qualquer estímulo, parecendo que está a
"sonhar acordado". Curtos períodos de
atenção.
• Dificuldades ao nível da organização
pessoal.
• …
47. Disgrafia
Alguns sinais: postura
incorrecta, forma
incorrecta de segurar o
lápis ou a caneta,
demasiada pressão ou
pressão insuficiente no
papel, ritmo da escrita
muito lento ou
excessivamente rápido
Alteração da escrita que a afecta na forma ou no significado,
sendo do tipo funcional. Perturbação na componente motora do
acto de escrever, provocando compressão e cansaço muscular,
que por sua vez são responsáveis por uma caligrafia deficiente,
com letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal
proporcionadas.
O que pode fazer:
Encorajar a expressão através de diferentes
materiais (plasticina, pinturas e lápis). Todas
as tarefas que impliquem o uso das mãos e
dos dedos são positivas.
Incitar a criança a recortar desenhos e figuras,
a fazer colagens e picotar.
Promover situações em que a criança utilize a
escrita (ex.: escrever pequenos recados, fazer
convites e postais).
Fazer actividades como contornar figuras,
pintar dentro de limites, ligar pontos, seguir
um tracejado, etc.
Deixar a criança expressar-se livremente no
papel, sem corrigir nem julgar os resultados.
48. Disortografia
conjunto de erros da escrita que afectam a palavra mas não o seu traçado ou
grafia; é a incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem, podendo
manifestar-se no desconhecimento ou negligência das regras gramaticais,
confusão nos artígos e pequenas palavras, e em formas mais banais na troca
de plurais, falta de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes ou na
correspondência incorrecta entre o som e o símbolo escrito, (omissões,
adições, substituições, etc.).
•Sinais indicadores:
•Substituição de letras semelhantes.
•Omissões e adições, inversões e rotações.
•Uniões e separações.
•Omissão - adição de “h“.
•Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“.
•Substituição de “r“ por “rr“.
49. Disortografia
Encorajar as tentativas de escrita da criança, mostrar interesse pelos trabalhos escritos e
elogiá-la.
Incitar a criança a elaborar os seus próprios postais e convites, a escrever o seu diário
no final do dia como rotina.
Chamar a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a utilização
da escrita.
Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta.
Não valorize demasiado os erros ortográficos da criança uma vez que estes já são
motivo de repreensão e frustração demasiadas vezes.
Não corrija simplesmente os seus erros mas tente antes procurar a solução com a
criança (ex.: "qual a outra letra que podemos usar para fazer esse som?").
Recorra a livros de actividades que existem no mercado que permitem à criança
trabalhar os vários casos de ortografia.
Não sobrecarregue, contudo, a criança com trabalhos e fichas que a cansem demasiado
e a levem a ver as actividades académicas como desagradáveis. Também é preciso
brincar.
50. Discalculia
transtorno de carácter desenvolvimental, adquirido
da habilidade para realizar operações matemáticas,
depois de estas se terem desenvolvido e
consolidado (de acalculia, que é uma lesão)
• Sinais indicadores:
• Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva)
• Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e
associar um numeral a cada um)
• Escassa habilidade para contar
• Dificuldade na compreensão de conjuntos
• Dificuldade na compreensão de quantidade
• Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de um número
• Dificuldades nos cálculos
• Dificuldades na compreensão do conceito de medida
• Dificuldade para aprender a dizer a hora
• Dificuldade na compreensão do valor das moedas
• Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos
• Dificuldade em resolver problemas orais
51. Discalculia:
• Usar cartas de jogar em jogos de cartas simples como o "peixinho": mostrar como
se poderá atribuir valores às cartas pela contagem dos símbolos. Para evitar
confusões retirar as cartas de figuras, utilizando apenas as de 2 a 10.
• Jogos de tabuleiro são excelentes para aprender os números, solicitando a
contagem dos espaços a mover em cada volta. Podem ser introduzidas algumas
referências à adição ou à subtracção no decorrer do jogo.
• Utilizar ou inventar "cantigas e lengalengas com números". Muitas crianças
podem aprender conceitos matemáticos mais rápidamente (e recordarem por
mais tempo) quando a música, rima e ritmo são utilizados para os ensinar.
• Encorajar a criança a utilizar os números diariamente:
– Contar os produtos no supermercado.
– Contar por ordem decrescente.
– "Quantas rodas tem o teu carrinho de brincar?"; "Quantas rodas tem a tua bicicleta?";
"Qual dos dois tem mais rodas?"
– "Que idade tens?"; "Que idade tem o teu irmão ou irmã?"; "qual é o mais velho?"; "Qual é
a diferença de idade entre os dois?"
– "Quantos amigos vais convidar para a tua festa de aniversário?"; "Quantas fatias de bolo
devem ser cortadas?"; "E se cada menino ficar com duas fatias?"
52. • Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem
não apresenta necessariamente baixo ou alto QI.
• As dificuldades de aprendizagem normalmente
são identificadas na fase de escolarização, por
profissionais como psicólogos, através de
avaliações específicas de inteligência, conteúdos e
processos de aprendizagem.
• Todos os profissionais na área da Educação devem
estar atentos e vigilantes, e dialogar com os seus
parceiros educativos sobre o desenvolvimento dos
sujeitos a seu cargo.
• Estes indivíduos não podem ser curados ou
melhorados, uma vez que o problema é crónico, ou
seja, para toda a vida. Entretanto, com o apoio e
intervenções adequados, esses mesmos indivíduos
podem ter sucesso escolar e continuar a progredir
em carreiras bem sucedidas, e mesmo de destaque,
ao longo de suas vidas.