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Marco Oliveira
I – A Inflação

II – A evolução da inflação em
           Portugal
A inflação
• A inflação é a subida continua e generalizada
  dos preços dos bens e serviços de uma dada
  economia, de forma continua.
Causas da inflação
• De entre a variedade de factores que está na
  base da inflação, podemos destacar o aumento
  da procura e o aumento dos custos de
  produção.
Causas da inflação
• Aumento da procura
- Poderá verificar-se um aumentos da procura
  relativamente a oferta:
- Este excesso de procura originará uma subida
  de preços.
Causas da inflação
• Aumento dos custos de produção
- Segundo a teoria da inflação pelos custos, a
  inflação é o resultado do aumento dos custos
  de produção.
 os mecanismos de inflação pela procura e de
  inflação pelos custos estão muitas vezes
  interligados.
Causas da inflação
• O excesso de moeda em circulação

O aumento de moeda em circulação, sem o
 correspondente aumento de produção de bens e
 serviços acarreta um excesso de procura de
 bens e de serviços face respectiva oferta por
 parte dos produtores, originando a consequente
 subida do preço.
Causas da inflação
• As relações comerciais entre países.

As próprias relações comerciais entre países por
 vezes originam ou incrementam o processo
 inflacionário. Nestas circunstancias fala-se de
 inflação importada e afecta os países
 dependentes dos países com maior inflação.
Causas da inflação
• O aumento da massa salarial distribuída sem
  aumento de produtividade

A elevação dos salarios pode contribuir para o
 desenvolvimento a inflação, a dois níveis: por um
 lado, pode concretizar-se num aumento da
 procura de bens e de serviços não satisfeito pela
 respectiva oferta e, por outro, vem onerar os
 custos de produção e consequentemente , os
 preços de venda, a fim de que possam manter-se
 as margens de lucro dos empresários.
Causas da inflação
• As praticas de açambarcamento

O açambarcamento de alguns bens por parte dos
 produtores ou dos distribuidores origina uma
 escassez desses bens no mercado e,
 consequentemente, a subida dos respectivos
 preços.
Causas da inflação
• A politica de crédito prosseguida pelas
  entidades oficiais.

A procura dos empresários de crédito para
 financiarem as suas actividades. Naturalmente,
 se as taxas de juro forem elevadas, os
 empresários são muito “caros” e o preço dos
 bens será forçado a subir.
A inflação

                      Subida dos
                       preços de
                         venda




Subida dos                                    Descida do
 custos de                                     poder de
 produção                                       compra




         Subida dos                Reivindicações
          salários                    salariais
Desinflação, deflação e estagflação
• A desinflação traduz a desaceleração do ritmo de
  crescimento dos preços.
• A deflação é caracterizada por uma quebra geral
  dos preços dos bens e serviços, associada a uma
  restrição da procura, da produção e do emprego
• A estagflação caracteriza uma fase da economia
  de menor crescimento económico, não foi
  acompanhada de menor crescimento dos preços
Depreciação do valor da moeda
• A inflação provoca a depreciação do valor da
  moeda.
• Assim, assiste-se a deterioração do poder de
  compra.
• O poder de compra traduz-se na quantidade de
  bens e serviços que um certo rendimento permite
  obter.
• O poder de compra esta relacionado, não só com
  o rendimento auferido, mas também com o preço
  dos bens
Como se mede a inflação ?
• Os preços não variam da mesma maneira, logo
  é fundamental utilizar índices de preços como
  instrumentos de medida.
• Os índices de preços são médias ponderadas
  dos preços dos vários bens.
• Um dos índices de preços mais importante é o
  Índice de Preços do Consumidor (IPC).
Como se mede a inflação?
• O IPC é calculado definindo um cabaz de
  compras que se considera representativo do
  consumidor médio.
• Um índice de preços mede a evolução dos
  preços entre uma época base e uma época
  actual.
• O ano base é aquele que serve para medir, em
  valor relativo, a variação da grandeza
  estudada.
Como se mede a inflação?

• Podemos encontrar:
1. Índice particular ou elementar – mede a
   evolução do preço de um bem


   I1/0 = p1/p0 X 100
Como se mede a inflação?
• Índice sintético – mede a evolução dos preços
   de um conjunto de bens.
- Simples – média aritmética simples dos índices
   particulares dos produtos que entram na sua
   composição.
 I 1/0 = i1+i2….+ik X 100
             K
Como se mede a inflação?
• Ponderado – média aritmética ponderada dos
  índices particulares. Cada índice particular é
  afectado por um coeficiente de ponderação,
  cujo valor é função da importância relativa do
  produto correspondente ao conjunto dos bens
  cuja evolução se pretende medir.
  I 1/0 = n1i1 + n1i2 + ……+ nkik x 100
                      N
Tipos de inflação
• Inflação moderada – caracterizada pelo aumento
  lento e previsível dos preços pode ser definida
  como uma inflação anual de um só dígito.
• Inflação galopante – é uma inflação a dois ou três
  dígitos de 20%, 100% ou 200% ao ano.
• Hiperinflação – é uma inflação numa economia
  de mercado em que os preços estejam a aumentar
  1 milhão ou mesmo 1 bilião por cento ao ano
Taxa de inflação
• Se compararmos a evolução do custo de um
  cabaz ao longo de um certo tempo, temos uma
  medida de inflação.
• A taxa de inflação é um indicador que permite
  medir a variação dos preços entre dois
  períodos de tempo diferentes.
• A taxa de inflação representa a taxa de
  crescimento do IPC entre duas datas.
Taxa de inflação
 Esta taxa de inflação pode ser medida de
 várias formas, como diferentes perspectivas da
 evolução dos preços.

 taxa de inflação = IPC1 – IPC0 x 100
                       IPC0
Taxa de inflação
• Taxa de inflação mensal: mede a evolução dos
  preços entre um mês X do ano Y e o mês X+1
  desse mesmo ano.
• Taxa homóloga de inflação: compara um mês
  com o mês homólogo do ano anterior.
• Taxa média de inflação: determina-se através
  da média aritmética simples das ultimas doze
  taxas homólogas e expressa a tendência de
  evolução dos preços.
A inflação em Portugal e na UE
• Com a moeda única europeia, os paises
  deixaram de ter politicas monetárias
  autónomas.
• A gestão da moeda única é feita agora pela
  BCE que veio substituir os bancos centrais
  nacionais nessa função.
• Na prossecução do objectivo de garantia da
  estabilidade de preço é necessário que a
  inflação se situe entre 0% e 2%.
Parte II
A evolução da inflação em Portugal
Este gráfico mostra perfeitamente por que razão o governo de
Marcelo Caetano se fragilizou ao ponto de cair “de podre” em
1974: a inflação instalou-se e mais que duplicou entre 1970 e
1973, ainda antes do “choque petrolífero”, numa dinâmica
que tem toda a aparência de motivação estritamente interna (a
política “social” então encetada certamente que teve tudo a
ver com isto, sacrificando o anterior rigor orçamental a
“investimentos públicos” também convenientes do ponto de
vista político para o então presidente do Conselho de
Ministros).
A este propósito – e por contraste –, deve dizer-se que a
duração do governo de Salazar deveria ser mais relacionada
pelos historiadores com a sua política monetária e
financeira: o rigor orçamental e o “escudo forte”, que
controlaram a inflação e as derrapagens das contas
públicas, tornaram o seu governo politicamente sólido no
médio e no longo prazo porque permitiram um crescimento
real do rendimento dos particulares num cenário em que a
moeda perdia muito pouco do seu poder aquisitivo,
bastando um ligeiro crescimento anual do P.I.B. para esse
efeito de enriquecimento deslizante descomprimir as
tensões (e a sua sempre possível “politização”) decorrentes
das expectativas das pessoas.
Ora, as pressões no sentido de abandonar o enquadramento
“macroeconómico” criado por Salazar sempre se tinham
manifestado desde 1945 (as políticas “industrialistas” à Daniel
Barbosa era isso que pediam) e os conselhos que povoam o
célebre livro do Prof. Valentim Xavier Pintado (Structure and
Growth of the Portuguese Economy, Genebra: E.F.T.A., 1964;
reed. Lisboa: I.C.S., 2002) – e que formaram a geração
“reformista” que chegou ao poder na burocracia estatal em
meados da década de 60 – iam no mesmo sentido. Caetano
chegou assim à chefia do governo num clima já favorável da
“opinião técnica” vigente a maiores gastos com programas
keynesianos de distribuição da riqueza e de demand
management; daí que, em demanda de uma legitimação da sua
liderança entre a nova geração de quadros e profissionais,
Caetano tenha optado por aquilo que ele próprio denominou
“Estado social”, com o seu modelo universal de educação,
saúde e pensões de reforma.
Por isso é um erro atribuir ao crescimento dos gastos
militares com a guerra no ultramar o peso decisivo nesta
pressão despesista que levou o governo de Caetano a recorrer
à depreciação do escudo para financiar as despesas públicas:
segundo os dados de Eugénia Mata e Nuno Valério (História
Económica de Portugal: Uma Perspectiva Global, Lisboa:
Editorial Presença, 1994, p. 271), as despesas com a defesa
representaram 19.1% das despesas totais em 1970 e 14.2%
em 1973.
Em 1974 estava já plenamente instalada a perda crescente de
poder aquisitivo do escudo que deverá ter criado uma
sensação difusa mas fundamentada na sociedade de
degradação do poder de compra, não admirando que o golpe
de Estado militar tenha colhido apoio entre o funcionalismo
público militar e civil a partir de uma motivação claramente
salarial (ver as reivindicações iniciais do M.F.A., que só
depois se “politiza” para poder levar a cabo uma mudança
política de fundo que alterasse a situação “profissional” dos
oficiais das forças armadas; entre estes, mesmo que
inconscientemente, a perda de poder de compra deverá ter
introduzido crescentes dúvidas em relação à validade dos
sacrifícios pessoais e familiares envolvidos no esforço de
guerra e cada vez menos compensados financeiramente).
A influência do marxismo nos círculos oposicionistas desde
os anos 40 explica a sua adopção – primeiro funcional,
depois explícita – pelos actores militares do derrube da II
República na Primavera de 1974. Essa ideologia, que, no
poder, sempre se tornou num “socialismo de Estado”,
legitimou um aprofundamento de duas das principais
tendências do marcelismo (alargamento do alcance e das
despesas com o Welfare State) com repercussões claras na
política financeira e monetária: monetarização da despesa
pública e depreciação da moeda.
Sem surpresas, a inflação quase triplicou em 1974, devendo-
se a desaceleração de 1975 e 1976 provavelmente a ajudas
externas e ao fim dos encargos com a guerra e o ultramar
(segundo Mata e Valério, Op. Cit., p. 265, mesmo que a
valores correntes, as receitas continuaram a crescer durante o
período revolucionário, pelo que poderiam transferir-se para
os gastos “sociais” e suportar, como suportaram, um
continuado aumento geral da despesa: esta era de 47.6
milhões de contos em 1973 e de 122.6 milhões de contos em
1976).
A instabilidade política que dominou os primeiros anos da
III República não incentivou os governos da época nem a
um maior rigor orçamental nem a uma estabilização do
escudo, pelo que, de 1976 a 1979, houve uma média de
inflação de 22.9% ao ano; só o governo de maioria de Sá
Carneiro conseguiu que, em 1980, uma política monetária
mais restrictiva baixasse a inflação para 16.6%, o que se
veio a revelar um fenómeno passageiro, já que, entre 1981 e
1984, no seguimento da crise e instabilidade – primeiro
latente, depois patente – instalada no seguimento da morte
do primeiro-ministro, a inflação quase duplica novamente.
A ajuda financeira do F.M.I., possibilitada pela breve
coligação do “bloco central”, permitiu que, a partir de 1985,
se conseguisse voltar a baixar a inflação (cai 10%), tendência
que se consolida nos anos seguintes com a estabilidade
política permitida pela liderança de Cavaco Silva – só esta
consegue um mandato popular para criar uma situação
macroeconómica estabilizada que neutraliza a influência dos
elementos     perturbadores     da     ordem     constitucional
(comunismo e eanismo) e encontra margem de manobra para,
de modo continuado e sustentado, fazer a inflação regressar
ao nível de 1970.
É só então que o actual regime verdadeiramente se
consolida e fica imune a uma instabilidade crónica do poder
executivo que o marcara desde o início; neste contexto,
tanto os fundos comunitários como a aceitação da disciplina
monetária e financeira dos tratados da União Europeia
aliviaram as pressões internas de monitorização das
despesas e funcionaram como um travão dos efeitos
negativos de descontrolos orçamentais conjunturais como o
que ocorreu durante os governos de António Guterres
(1995-2002), mostrando a evolução da taxa de inflação em
2002 que o maior rigor orçamental posto em prática pelo
governo liderado por Durão Barroso que fez surtir um efeito
positivo.
Mas desde 2002 que os portugueses
sentem que a inflação está a subir,
quando ela está a descer. Há uma clara
discrepância entre o aumento de preços
percepcionado por cada um de nós e a
estatística oficial de preços.
Fim

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A evolução da inflação em portugal

  • 2. I – A Inflação II – A evolução da inflação em Portugal
  • 3. A inflação • A inflação é a subida continua e generalizada dos preços dos bens e serviços de uma dada economia, de forma continua.
  • 4. Causas da inflação • De entre a variedade de factores que está na base da inflação, podemos destacar o aumento da procura e o aumento dos custos de produção.
  • 5. Causas da inflação • Aumento da procura - Poderá verificar-se um aumentos da procura relativamente a oferta: - Este excesso de procura originará uma subida de preços.
  • 6. Causas da inflação • Aumento dos custos de produção - Segundo a teoria da inflação pelos custos, a inflação é o resultado do aumento dos custos de produção.  os mecanismos de inflação pela procura e de inflação pelos custos estão muitas vezes interligados.
  • 7. Causas da inflação • O excesso de moeda em circulação O aumento de moeda em circulação, sem o correspondente aumento de produção de bens e serviços acarreta um excesso de procura de bens e de serviços face respectiva oferta por parte dos produtores, originando a consequente subida do preço.
  • 8. Causas da inflação • As relações comerciais entre países. As próprias relações comerciais entre países por vezes originam ou incrementam o processo inflacionário. Nestas circunstancias fala-se de inflação importada e afecta os países dependentes dos países com maior inflação.
  • 9. Causas da inflação • O aumento da massa salarial distribuída sem aumento de produtividade A elevação dos salarios pode contribuir para o desenvolvimento a inflação, a dois níveis: por um lado, pode concretizar-se num aumento da procura de bens e de serviços não satisfeito pela respectiva oferta e, por outro, vem onerar os custos de produção e consequentemente , os preços de venda, a fim de que possam manter-se as margens de lucro dos empresários.
  • 10. Causas da inflação • As praticas de açambarcamento O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidores origina uma escassez desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivos preços.
  • 11. Causas da inflação • A politica de crédito prosseguida pelas entidades oficiais. A procura dos empresários de crédito para financiarem as suas actividades. Naturalmente, se as taxas de juro forem elevadas, os empresários são muito “caros” e o preço dos bens será forçado a subir.
  • 12. A inflação Subida dos preços de venda Subida dos Descida do custos de poder de produção compra Subida dos Reivindicações salários salariais
  • 13. Desinflação, deflação e estagflação • A desinflação traduz a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços. • A deflação é caracterizada por uma quebra geral dos preços dos bens e serviços, associada a uma restrição da procura, da produção e do emprego • A estagflação caracteriza uma fase da economia de menor crescimento económico, não foi acompanhada de menor crescimento dos preços
  • 14. Depreciação do valor da moeda • A inflação provoca a depreciação do valor da moeda. • Assim, assiste-se a deterioração do poder de compra. • O poder de compra traduz-se na quantidade de bens e serviços que um certo rendimento permite obter. • O poder de compra esta relacionado, não só com o rendimento auferido, mas também com o preço dos bens
  • 15. Como se mede a inflação ? • Os preços não variam da mesma maneira, logo é fundamental utilizar índices de preços como instrumentos de medida. • Os índices de preços são médias ponderadas dos preços dos vários bens. • Um dos índices de preços mais importante é o Índice de Preços do Consumidor (IPC).
  • 16. Como se mede a inflação? • O IPC é calculado definindo um cabaz de compras que se considera representativo do consumidor médio. • Um índice de preços mede a evolução dos preços entre uma época base e uma época actual. • O ano base é aquele que serve para medir, em valor relativo, a variação da grandeza estudada.
  • 17. Como se mede a inflação? • Podemos encontrar: 1. Índice particular ou elementar – mede a evolução do preço de um bem I1/0 = p1/p0 X 100
  • 18. Como se mede a inflação? • Índice sintético – mede a evolução dos preços de um conjunto de bens. - Simples – média aritmética simples dos índices particulares dos produtos que entram na sua composição. I 1/0 = i1+i2….+ik X 100 K
  • 19. Como se mede a inflação? • Ponderado – média aritmética ponderada dos índices particulares. Cada índice particular é afectado por um coeficiente de ponderação, cujo valor é função da importância relativa do produto correspondente ao conjunto dos bens cuja evolução se pretende medir. I 1/0 = n1i1 + n1i2 + ……+ nkik x 100 N
  • 20. Tipos de inflação • Inflação moderada – caracterizada pelo aumento lento e previsível dos preços pode ser definida como uma inflação anual de um só dígito. • Inflação galopante – é uma inflação a dois ou três dígitos de 20%, 100% ou 200% ao ano. • Hiperinflação – é uma inflação numa economia de mercado em que os preços estejam a aumentar 1 milhão ou mesmo 1 bilião por cento ao ano
  • 21. Taxa de inflação • Se compararmos a evolução do custo de um cabaz ao longo de um certo tempo, temos uma medida de inflação. • A taxa de inflação é um indicador que permite medir a variação dos preços entre dois períodos de tempo diferentes. • A taxa de inflação representa a taxa de crescimento do IPC entre duas datas.
  • 22. Taxa de inflação  Esta taxa de inflação pode ser medida de várias formas, como diferentes perspectivas da evolução dos preços. taxa de inflação = IPC1 – IPC0 x 100 IPC0
  • 23. Taxa de inflação • Taxa de inflação mensal: mede a evolução dos preços entre um mês X do ano Y e o mês X+1 desse mesmo ano. • Taxa homóloga de inflação: compara um mês com o mês homólogo do ano anterior. • Taxa média de inflação: determina-se através da média aritmética simples das ultimas doze taxas homólogas e expressa a tendência de evolução dos preços.
  • 24. A inflação em Portugal e na UE • Com a moeda única europeia, os paises deixaram de ter politicas monetárias autónomas. • A gestão da moeda única é feita agora pela BCE que veio substituir os bancos centrais nacionais nessa função. • Na prossecução do objectivo de garantia da estabilidade de preço é necessário que a inflação se situe entre 0% e 2%.
  • 25. Parte II A evolução da inflação em Portugal
  • 26.
  • 27. Este gráfico mostra perfeitamente por que razão o governo de Marcelo Caetano se fragilizou ao ponto de cair “de podre” em 1974: a inflação instalou-se e mais que duplicou entre 1970 e 1973, ainda antes do “choque petrolífero”, numa dinâmica que tem toda a aparência de motivação estritamente interna (a política “social” então encetada certamente que teve tudo a ver com isto, sacrificando o anterior rigor orçamental a “investimentos públicos” também convenientes do ponto de vista político para o então presidente do Conselho de Ministros).
  • 28. A este propósito – e por contraste –, deve dizer-se que a duração do governo de Salazar deveria ser mais relacionada pelos historiadores com a sua política monetária e financeira: o rigor orçamental e o “escudo forte”, que controlaram a inflação e as derrapagens das contas públicas, tornaram o seu governo politicamente sólido no médio e no longo prazo porque permitiram um crescimento real do rendimento dos particulares num cenário em que a moeda perdia muito pouco do seu poder aquisitivo, bastando um ligeiro crescimento anual do P.I.B. para esse efeito de enriquecimento deslizante descomprimir as tensões (e a sua sempre possível “politização”) decorrentes das expectativas das pessoas.
  • 29. Ora, as pressões no sentido de abandonar o enquadramento “macroeconómico” criado por Salazar sempre se tinham manifestado desde 1945 (as políticas “industrialistas” à Daniel Barbosa era isso que pediam) e os conselhos que povoam o célebre livro do Prof. Valentim Xavier Pintado (Structure and Growth of the Portuguese Economy, Genebra: E.F.T.A., 1964; reed. Lisboa: I.C.S., 2002) – e que formaram a geração “reformista” que chegou ao poder na burocracia estatal em meados da década de 60 – iam no mesmo sentido. Caetano chegou assim à chefia do governo num clima já favorável da “opinião técnica” vigente a maiores gastos com programas keynesianos de distribuição da riqueza e de demand management; daí que, em demanda de uma legitimação da sua liderança entre a nova geração de quadros e profissionais, Caetano tenha optado por aquilo que ele próprio denominou “Estado social”, com o seu modelo universal de educação, saúde e pensões de reforma.
  • 30. Por isso é um erro atribuir ao crescimento dos gastos militares com a guerra no ultramar o peso decisivo nesta pressão despesista que levou o governo de Caetano a recorrer à depreciação do escudo para financiar as despesas públicas: segundo os dados de Eugénia Mata e Nuno Valério (História Económica de Portugal: Uma Perspectiva Global, Lisboa: Editorial Presença, 1994, p. 271), as despesas com a defesa representaram 19.1% das despesas totais em 1970 e 14.2% em 1973.
  • 31. Em 1974 estava já plenamente instalada a perda crescente de poder aquisitivo do escudo que deverá ter criado uma sensação difusa mas fundamentada na sociedade de degradação do poder de compra, não admirando que o golpe de Estado militar tenha colhido apoio entre o funcionalismo público militar e civil a partir de uma motivação claramente salarial (ver as reivindicações iniciais do M.F.A., que só depois se “politiza” para poder levar a cabo uma mudança política de fundo que alterasse a situação “profissional” dos oficiais das forças armadas; entre estes, mesmo que inconscientemente, a perda de poder de compra deverá ter introduzido crescentes dúvidas em relação à validade dos sacrifícios pessoais e familiares envolvidos no esforço de guerra e cada vez menos compensados financeiramente).
  • 32. A influência do marxismo nos círculos oposicionistas desde os anos 40 explica a sua adopção – primeiro funcional, depois explícita – pelos actores militares do derrube da II República na Primavera de 1974. Essa ideologia, que, no poder, sempre se tornou num “socialismo de Estado”, legitimou um aprofundamento de duas das principais tendências do marcelismo (alargamento do alcance e das despesas com o Welfare State) com repercussões claras na política financeira e monetária: monetarização da despesa pública e depreciação da moeda.
  • 33. Sem surpresas, a inflação quase triplicou em 1974, devendo- se a desaceleração de 1975 e 1976 provavelmente a ajudas externas e ao fim dos encargos com a guerra e o ultramar (segundo Mata e Valério, Op. Cit., p. 265, mesmo que a valores correntes, as receitas continuaram a crescer durante o período revolucionário, pelo que poderiam transferir-se para os gastos “sociais” e suportar, como suportaram, um continuado aumento geral da despesa: esta era de 47.6 milhões de contos em 1973 e de 122.6 milhões de contos em 1976).
  • 34. A instabilidade política que dominou os primeiros anos da III República não incentivou os governos da época nem a um maior rigor orçamental nem a uma estabilização do escudo, pelo que, de 1976 a 1979, houve uma média de inflação de 22.9% ao ano; só o governo de maioria de Sá Carneiro conseguiu que, em 1980, uma política monetária mais restrictiva baixasse a inflação para 16.6%, o que se veio a revelar um fenómeno passageiro, já que, entre 1981 e 1984, no seguimento da crise e instabilidade – primeiro latente, depois patente – instalada no seguimento da morte do primeiro-ministro, a inflação quase duplica novamente.
  • 35. A ajuda financeira do F.M.I., possibilitada pela breve coligação do “bloco central”, permitiu que, a partir de 1985, se conseguisse voltar a baixar a inflação (cai 10%), tendência que se consolida nos anos seguintes com a estabilidade política permitida pela liderança de Cavaco Silva – só esta consegue um mandato popular para criar uma situação macroeconómica estabilizada que neutraliza a influência dos elementos perturbadores da ordem constitucional (comunismo e eanismo) e encontra margem de manobra para, de modo continuado e sustentado, fazer a inflação regressar ao nível de 1970.
  • 36. É só então que o actual regime verdadeiramente se consolida e fica imune a uma instabilidade crónica do poder executivo que o marcara desde o início; neste contexto, tanto os fundos comunitários como a aceitação da disciplina monetária e financeira dos tratados da União Europeia aliviaram as pressões internas de monitorização das despesas e funcionaram como um travão dos efeitos negativos de descontrolos orçamentais conjunturais como o que ocorreu durante os governos de António Guterres (1995-2002), mostrando a evolução da taxa de inflação em 2002 que o maior rigor orçamental posto em prática pelo governo liderado por Durão Barroso que fez surtir um efeito positivo.
  • 37. Mas desde 2002 que os portugueses sentem que a inflação está a subir, quando ela está a descer. Há uma clara discrepância entre o aumento de preços percepcionado por cada um de nós e a estatística oficial de preços.
  • 38. Fim