2. I – A Inflação
II – A evolução da inflação em
Portugal
3. A inflação
• A inflação é a subida continua e generalizada
dos preços dos bens e serviços de uma dada
economia, de forma continua.
4. Causas da inflação
• De entre a variedade de factores que está na
base da inflação, podemos destacar o aumento
da procura e o aumento dos custos de
produção.
5. Causas da inflação
• Aumento da procura
- Poderá verificar-se um aumentos da procura
relativamente a oferta:
- Este excesso de procura originará uma subida
de preços.
6. Causas da inflação
• Aumento dos custos de produção
- Segundo a teoria da inflação pelos custos, a
inflação é o resultado do aumento dos custos
de produção.
os mecanismos de inflação pela procura e de
inflação pelos custos estão muitas vezes
interligados.
7. Causas da inflação
• O excesso de moeda em circulação
O aumento de moeda em circulação, sem o
correspondente aumento de produção de bens e
serviços acarreta um excesso de procura de
bens e de serviços face respectiva oferta por
parte dos produtores, originando a consequente
subida do preço.
8. Causas da inflação
• As relações comerciais entre países.
As próprias relações comerciais entre países por
vezes originam ou incrementam o processo
inflacionário. Nestas circunstancias fala-se de
inflação importada e afecta os países
dependentes dos países com maior inflação.
9. Causas da inflação
• O aumento da massa salarial distribuída sem
aumento de produtividade
A elevação dos salarios pode contribuir para o
desenvolvimento a inflação, a dois níveis: por um
lado, pode concretizar-se num aumento da
procura de bens e de serviços não satisfeito pela
respectiva oferta e, por outro, vem onerar os
custos de produção e consequentemente , os
preços de venda, a fim de que possam manter-se
as margens de lucro dos empresários.
10. Causas da inflação
• As praticas de açambarcamento
O açambarcamento de alguns bens por parte dos
produtores ou dos distribuidores origina uma
escassez desses bens no mercado e,
consequentemente, a subida dos respectivos
preços.
11. Causas da inflação
• A politica de crédito prosseguida pelas
entidades oficiais.
A procura dos empresários de crédito para
financiarem as suas actividades. Naturalmente,
se as taxas de juro forem elevadas, os
empresários são muito “caros” e o preço dos
bens será forçado a subir.
12. A inflação
Subida dos
preços de
venda
Subida dos Descida do
custos de poder de
produção compra
Subida dos Reivindicações
salários salariais
13. Desinflação, deflação e estagflação
• A desinflação traduz a desaceleração do ritmo de
crescimento dos preços.
• A deflação é caracterizada por uma quebra geral
dos preços dos bens e serviços, associada a uma
restrição da procura, da produção e do emprego
• A estagflação caracteriza uma fase da economia
de menor crescimento económico, não foi
acompanhada de menor crescimento dos preços
14. Depreciação do valor da moeda
• A inflação provoca a depreciação do valor da
moeda.
• Assim, assiste-se a deterioração do poder de
compra.
• O poder de compra traduz-se na quantidade de
bens e serviços que um certo rendimento permite
obter.
• O poder de compra esta relacionado, não só com
o rendimento auferido, mas também com o preço
dos bens
15. Como se mede a inflação ?
• Os preços não variam da mesma maneira, logo
é fundamental utilizar índices de preços como
instrumentos de medida.
• Os índices de preços são médias ponderadas
dos preços dos vários bens.
• Um dos índices de preços mais importante é o
Índice de Preços do Consumidor (IPC).
16. Como se mede a inflação?
• O IPC é calculado definindo um cabaz de
compras que se considera representativo do
consumidor médio.
• Um índice de preços mede a evolução dos
preços entre uma época base e uma época
actual.
• O ano base é aquele que serve para medir, em
valor relativo, a variação da grandeza
estudada.
17. Como se mede a inflação?
• Podemos encontrar:
1. Índice particular ou elementar – mede a
evolução do preço de um bem
I1/0 = p1/p0 X 100
18. Como se mede a inflação?
• Índice sintético – mede a evolução dos preços
de um conjunto de bens.
- Simples – média aritmética simples dos índices
particulares dos produtos que entram na sua
composição.
I 1/0 = i1+i2….+ik X 100
K
19. Como se mede a inflação?
• Ponderado – média aritmética ponderada dos
índices particulares. Cada índice particular é
afectado por um coeficiente de ponderação,
cujo valor é função da importância relativa do
produto correspondente ao conjunto dos bens
cuja evolução se pretende medir.
I 1/0 = n1i1 + n1i2 + ……+ nkik x 100
N
20. Tipos de inflação
• Inflação moderada – caracterizada pelo aumento
lento e previsível dos preços pode ser definida
como uma inflação anual de um só dígito.
• Inflação galopante – é uma inflação a dois ou três
dígitos de 20%, 100% ou 200% ao ano.
• Hiperinflação – é uma inflação numa economia
de mercado em que os preços estejam a aumentar
1 milhão ou mesmo 1 bilião por cento ao ano
21. Taxa de inflação
• Se compararmos a evolução do custo de um
cabaz ao longo de um certo tempo, temos uma
medida de inflação.
• A taxa de inflação é um indicador que permite
medir a variação dos preços entre dois
períodos de tempo diferentes.
• A taxa de inflação representa a taxa de
crescimento do IPC entre duas datas.
22. Taxa de inflação
Esta taxa de inflação pode ser medida de
várias formas, como diferentes perspectivas da
evolução dos preços.
taxa de inflação = IPC1 – IPC0 x 100
IPC0
23. Taxa de inflação
• Taxa de inflação mensal: mede a evolução dos
preços entre um mês X do ano Y e o mês X+1
desse mesmo ano.
• Taxa homóloga de inflação: compara um mês
com o mês homólogo do ano anterior.
• Taxa média de inflação: determina-se através
da média aritmética simples das ultimas doze
taxas homólogas e expressa a tendência de
evolução dos preços.
24. A inflação em Portugal e na UE
• Com a moeda única europeia, os paises
deixaram de ter politicas monetárias
autónomas.
• A gestão da moeda única é feita agora pela
BCE que veio substituir os bancos centrais
nacionais nessa função.
• Na prossecução do objectivo de garantia da
estabilidade de preço é necessário que a
inflação se situe entre 0% e 2%.
27. Este gráfico mostra perfeitamente por que razão o governo de
Marcelo Caetano se fragilizou ao ponto de cair “de podre” em
1974: a inflação instalou-se e mais que duplicou entre 1970 e
1973, ainda antes do “choque petrolífero”, numa dinâmica
que tem toda a aparência de motivação estritamente interna (a
política “social” então encetada certamente que teve tudo a
ver com isto, sacrificando o anterior rigor orçamental a
“investimentos públicos” também convenientes do ponto de
vista político para o então presidente do Conselho de
Ministros).
28. A este propósito – e por contraste –, deve dizer-se que a
duração do governo de Salazar deveria ser mais relacionada
pelos historiadores com a sua política monetária e
financeira: o rigor orçamental e o “escudo forte”, que
controlaram a inflação e as derrapagens das contas
públicas, tornaram o seu governo politicamente sólido no
médio e no longo prazo porque permitiram um crescimento
real do rendimento dos particulares num cenário em que a
moeda perdia muito pouco do seu poder aquisitivo,
bastando um ligeiro crescimento anual do P.I.B. para esse
efeito de enriquecimento deslizante descomprimir as
tensões (e a sua sempre possível “politização”) decorrentes
das expectativas das pessoas.
29. Ora, as pressões no sentido de abandonar o enquadramento
“macroeconómico” criado por Salazar sempre se tinham
manifestado desde 1945 (as políticas “industrialistas” à Daniel
Barbosa era isso que pediam) e os conselhos que povoam o
célebre livro do Prof. Valentim Xavier Pintado (Structure and
Growth of the Portuguese Economy, Genebra: E.F.T.A., 1964;
reed. Lisboa: I.C.S., 2002) – e que formaram a geração
“reformista” que chegou ao poder na burocracia estatal em
meados da década de 60 – iam no mesmo sentido. Caetano
chegou assim à chefia do governo num clima já favorável da
“opinião técnica” vigente a maiores gastos com programas
keynesianos de distribuição da riqueza e de demand
management; daí que, em demanda de uma legitimação da sua
liderança entre a nova geração de quadros e profissionais,
Caetano tenha optado por aquilo que ele próprio denominou
“Estado social”, com o seu modelo universal de educação,
saúde e pensões de reforma.
30. Por isso é um erro atribuir ao crescimento dos gastos
militares com a guerra no ultramar o peso decisivo nesta
pressão despesista que levou o governo de Caetano a recorrer
à depreciação do escudo para financiar as despesas públicas:
segundo os dados de Eugénia Mata e Nuno Valério (História
Económica de Portugal: Uma Perspectiva Global, Lisboa:
Editorial Presença, 1994, p. 271), as despesas com a defesa
representaram 19.1% das despesas totais em 1970 e 14.2%
em 1973.
31. Em 1974 estava já plenamente instalada a perda crescente de
poder aquisitivo do escudo que deverá ter criado uma
sensação difusa mas fundamentada na sociedade de
degradação do poder de compra, não admirando que o golpe
de Estado militar tenha colhido apoio entre o funcionalismo
público militar e civil a partir de uma motivação claramente
salarial (ver as reivindicações iniciais do M.F.A., que só
depois se “politiza” para poder levar a cabo uma mudança
política de fundo que alterasse a situação “profissional” dos
oficiais das forças armadas; entre estes, mesmo que
inconscientemente, a perda de poder de compra deverá ter
introduzido crescentes dúvidas em relação à validade dos
sacrifícios pessoais e familiares envolvidos no esforço de
guerra e cada vez menos compensados financeiramente).
32. A influência do marxismo nos círculos oposicionistas desde
os anos 40 explica a sua adopção – primeiro funcional,
depois explícita – pelos actores militares do derrube da II
República na Primavera de 1974. Essa ideologia, que, no
poder, sempre se tornou num “socialismo de Estado”,
legitimou um aprofundamento de duas das principais
tendências do marcelismo (alargamento do alcance e das
despesas com o Welfare State) com repercussões claras na
política financeira e monetária: monetarização da despesa
pública e depreciação da moeda.
33. Sem surpresas, a inflação quase triplicou em 1974, devendo-
se a desaceleração de 1975 e 1976 provavelmente a ajudas
externas e ao fim dos encargos com a guerra e o ultramar
(segundo Mata e Valério, Op. Cit., p. 265, mesmo que a
valores correntes, as receitas continuaram a crescer durante o
período revolucionário, pelo que poderiam transferir-se para
os gastos “sociais” e suportar, como suportaram, um
continuado aumento geral da despesa: esta era de 47.6
milhões de contos em 1973 e de 122.6 milhões de contos em
1976).
34. A instabilidade política que dominou os primeiros anos da
III República não incentivou os governos da época nem a
um maior rigor orçamental nem a uma estabilização do
escudo, pelo que, de 1976 a 1979, houve uma média de
inflação de 22.9% ao ano; só o governo de maioria de Sá
Carneiro conseguiu que, em 1980, uma política monetária
mais restrictiva baixasse a inflação para 16.6%, o que se
veio a revelar um fenómeno passageiro, já que, entre 1981 e
1984, no seguimento da crise e instabilidade – primeiro
latente, depois patente – instalada no seguimento da morte
do primeiro-ministro, a inflação quase duplica novamente.
35. A ajuda financeira do F.M.I., possibilitada pela breve
coligação do “bloco central”, permitiu que, a partir de 1985,
se conseguisse voltar a baixar a inflação (cai 10%), tendência
que se consolida nos anos seguintes com a estabilidade
política permitida pela liderança de Cavaco Silva – só esta
consegue um mandato popular para criar uma situação
macroeconómica estabilizada que neutraliza a influência dos
elementos perturbadores da ordem constitucional
(comunismo e eanismo) e encontra margem de manobra para,
de modo continuado e sustentado, fazer a inflação regressar
ao nível de 1970.
36. É só então que o actual regime verdadeiramente se
consolida e fica imune a uma instabilidade crónica do poder
executivo que o marcara desde o início; neste contexto,
tanto os fundos comunitários como a aceitação da disciplina
monetária e financeira dos tratados da União Europeia
aliviaram as pressões internas de monitorização das
despesas e funcionaram como um travão dos efeitos
negativos de descontrolos orçamentais conjunturais como o
que ocorreu durante os governos de António Guterres
(1995-2002), mostrando a evolução da taxa de inflação em
2002 que o maior rigor orçamental posto em prática pelo
governo liderado por Durão Barroso que fez surtir um efeito
positivo.
37. Mas desde 2002 que os portugueses
sentem que a inflação está a subir,
quando ela está a descer. Há uma clara
discrepância entre o aumento de preços
percepcionado por cada um de nós e a
estatística oficial de preços.