O documento discute diferentes perspectivas sobre o que é a felicidade. Alguns a veem como um sonho impossível devido aos problemas da vida, enquanto outros a associam ao consumo e prazeres materiais propagados pela mídia. Aristóteles define felicidade como o bem supremo procurado por si mesmo, e não como meio para outros fins.
4. • Os pessimistas acham a felicidade um
sonho impossível. Os problemas do
cotidiano, os sofrimentos físicos e
morais, a fome, a pobreza, a violência,
o tédio são empecilhos severos.
5. • O poder da propaganda: A felicidade
estaria nos momentos de consumo, longe
do trabalho, com todo o conforto e
prazer que o dinheiro pode dar, um doce
“nada fazer”. Por isso tantos esperam as
férias, a aposentadoria ou o prêmio da
loteria.
6. • Felicidade publicitária (felicidade
fantasiosa): em algumas revistas os
famosos estampam apenas sorrisos.
7. • Enquanto em outras é exposta com
certa crueldade a intimidade de
relações malsucedidas, brigas,
internações para tratamento de
dependência de drogas...
8. • 26/04/1989: O cantor Cazuza ficou tão
transtornado com esta capa da Veja, que
chegou a ser hospitalizado. A entrevista que
ele dera à revista foi usada de forma
reprovável. Na capa, um Cazuza
assustadoramente cadavérico ilustrava a
sensacionalista chamada. A abertura da
matéria decretava sua morte: “O mundo de
Cazuza está se acabando com estrondo e sem
lamúrias. Primeiro ídolo popular a admitir que
está com Aids, o roqueiro carioca nascido há
31 anos com o nome de Agenor de Miranda
Araújo Neto definha um pouco a cada dia
rumo ao fim inexorável. [...] A repórter Ângela
Abreu, uma das responsáveis pela entrevista,
se demitiu ao ver o que fora feito de sua
apuração (na Veja, as matérias não são escritas
por quem as apura, mas por redatores que
recebem a apuração já pronta).
9. • Pelos consultórios médicos passam pessoas
com estresse. O enfrentamento de
depressões desemboca na banalização do
consumo de psicofármacos. Aqui a felicidade
é vista pelo seu avesso: como a não dor, o
não sofrimento, a não perda.
10. • A Felicidade encontra-se naquilo que o ser
humano faz de si próprio e menos no que
consegue alcançar com os bens materiais ou
o sucesso.
• Apenas as posses não nos tornam felizes,
porque a riqueza nunca é um bem em si, mas
um meio para nos propiciar outras coisas.
• Por achar que a riqueza, o dinheiro, o
sucesso é um bem em si, as pessoas acabam
invertendo valores essenciais e considerando
o ser humano / a humanidade como meio
para alcançar outros objetivos.
11. • Felicidade para Aristóteles:
[...] É ela procurada sempre por si mesma e
nunca como vistas em outra coisa, ao passo
que à honra, ao prazer, à razão e a todas as
virtudes nós de fato escolhemos por si
mesmos [...], mas também os escolhemos
no interesse d felicidade, pensando que a
posse deles nos tornará felizes. A felicidade,
todavia, ninguém a escolhe tendo em vista
algum destes, nem, em geral, qualquer
coisa que não seja ela própria”.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 255. Col.
Os Pensadores.
12. Felicidade para Aristóteles:
• É o bem supremo procurado por todos os homens;
• Para se ter uma vida feliz, os homens escolhem o
que lhes é agradável e evitam a dor. O prazer é parte
da natureza humana;
• O homem necessita de prosperidade exterior,
porquanto a nossa natureza não basta a si mesma
para os fins de contemplação: nosso corpo também
precisa de gozar saúde, de ser alimentado e cuidado.
Não se pense, todavia, que o homem para ser feliz
necessite de muitas ou de grandes coisas, só porque
não pode ser supremamente feliz sem bens
exteriores.
• Deve buscar o meio: o justo meio, deve viver
usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente
os prazeres e conhecer, corretamente, o que deve
temer.