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Psicologia: Teoria e Prática 
1999, 1(2) : 71-79 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: UMA ABORDAGEM 
CONCEITUAL. 
Antonio Maspoli de Araujo Gomes 
Universidade Presbiteriana Mackenzie 
Universidade Metodista de São Paulo 
Resumo: Este artigo apresenta as principais tentativas de conceituação das correntes teóricas sobre a 
psicologia comunitária, ligadas a psicologia social. A partir da análise dos dados obtidos podemos 
afirmar que a Psicologia Comunitária é um saber em construção, pragmático, derivado da Psicologia 
Social. Concluímos também que muitas das teorias referenciadas e das técnicas citadas pelos 
psicólogos que trabalham em Psicologia Comunitária são derivadas dos referenciais teóricos da 
Psicologia Comunitária. 
Palavras-chave: Psicologia Comunitária, Psicologia Social, Comunidade, Teorias Psicológicas, 
Técnicas Psicológicas. 
COMMUNITY PSYCHOLOGY: A CONCEPTUAL APPROACH. 
Abstract: This research presents the routes treaded by Community Psychology, from its beginning to 
present date. Through the analysis of the data we can state that Community Psychology is a pragmatic 
knowledge being structured, with its origins in Social Psychology. We also conclude that many of the 
reference theories and techniques mentioned by the subjects derive from existing Community 
Psychology theories references. 
Keywords: Community Techniques, Social Psychology, Community, theories Psycoligicals Theories 
references, Psycologficals Techniques. 
Introdução. 
71 
O termo Psicologia Comunitária 
ainda é bastante novo e amplo, sendo, por 
isso mesmo, de difícil conceituação. O 
termo em si é ambíguo e varia de acordo 
com o referencial teórico considerado 
e/ou a práxis do psicólogo que o define. 
São comuns os termos “Psicologia na 
Comunidade” (Bender, 1978); “Psicologia 
do Desenvolvimento Comunitário” 
(Escovar, 1979); “Saúde Mental 
Comunitária” (Berenger, 1982); 
“Psicologia Comunitária/na Comunidade” 
(Bonfim, 1992); etc. 
Esta ambigüidade de termos para 
definir uma das ramificações da 
Psicologia Social, não se constitui, por si 
só, num indício de fragilidade. “Esta 
indefinição não decorre de insuficiência, 
mas é própria da constituição desse 
saber”. (Nascimento, 1990).D’Amorim 
(1980, p.104) chama a atenção para 
algumas vantagens dessa indefinição, diz 
ela: 
“Esta dificuldade de identificação 
está na base de duas implicações para o 
treinamento do psicólogo comunitário: a 
fragmentação do conceito de psicologia 
comunitária valoriza a criatividade e a 
flexibilidade no treinamento dos 
psicólogos e o respeito pelas diversas 
concepções neste domínio embora um 
esforço deve ser feito para valorizar os 
elementos comuns e manter os canais de 
comunicação”. 
Os psicólogos sociais vem 
realizando um esforço para definir a 
Psicologia Comunitária e superar a 
ambigüidade apontada acima, e convém 
considerá-lo. 
Bender (1978, p. 18): “Eu a 
definiria como uma tentativa para tornar 
mais efetivos os campos da Psicologia
Antônio Maspoli de Araújo Gomes 
Aplicada no fornecimento de seus 
serviços e mais receptivos às necessidades 
e carências das comunidades por eles 
servidas”. 
72 
Escovar (1979, p. 2): “A 
Psicologia Comunitária, ou psicologia do 
desenvolvimento, é uma espécie de jardim 
com caminhos que se bifurcam e de onde 
grupos de psicólogos tomam distintos 
rumos na base de decisões axiológicas ou 
políticas”. 
Montero (1980, p.3), influenciado 
por Escovar (1979), propõe a seguinte 
definição: “uma psicologia para o 
desenvolvimento, entendido este como o 
processo mediante o qual o homem 
adquire maior controle sobre seu meio 
ambiente”. 
Marin (1980, p. 71): “Em um 
sentido, a Psicologia Social Comunitária 
desenvolvida na América Latina é uma 
aproximação multidisciplinar para a 
solução de problemas sociais”. 
Brea (1985, p. 169): “A ausência 
de um marco teórico articulado nos leva a 
definir a psicologia comunitária como a 
aplicação de conhecimentos da psicologia 
em um determinado contexto geográfico 
social; este modelo serve de correção para 
os diferentes modelos teóricos que 
integram esta disciplina”. 
Gallindo (1981, p.13): “A 
Psicologia Comunitária é um movimento 
dentro de um campo maior de psicologia 
aplicada e que se caracteriza como uma 
nova abordagem para se lidar com os 
problemas de comportamento humano. 
Ela enfatiza mais o ambiente social do 
que fatores intrapsíquicos como 
determinantes da saúde mental”. 
Andery (1986, p. 203): “A palavra 
psicologia na comunidade vem sendo 
usada para designar a instrumentalização 
de conhecimentos e de técnicas 
psicológicas que possam contribuir para 
uma melhora na qualidade de vida das 
pessoas e grupos distribuídos nas 
inúmeras aglomerações humanas que 
compõem a grande cidade”. 
Franco (1988, p. 70): “A 
Psicologia Comunitária se caracteriza por 
trabalhar com sujeitos sociais em 
condições ambientais específicas, atento 
às suas respectivas psiques. Seus 
objetivos se referem a melhoria das 
relações entre os sujeitos e entre estes e a 
natureza. Nesta perspectiva está todo o 
esforço para a mobilização das 
comunidades na busca de melhores 
condições de vida”. 
Uma análise dessas diversas 
definições demonstra alguns aspectos 
comuns a Psicologia Comunitária, embora 
a mesma seja o estuário de diferentes 
correntes psicológicas. 
a) Uma visão pragmática da psicologia, 
isto é, uma preocupação com a 
aplicação prática dos achados da 
psicologia a situações sociais 
concretas, e pouco interesse com 
questões de natureza teórica e 
científica. 
b) Uma ênfase psicológica voltada para a 
melhoria da qualidade de vida das 
comunidades como objeto do saber 
psicológico. 
c) Primado das questões interpessoais, a 
comunidade, em lugar da preocupação 
tradicional da psicologia, o indivíduo 
e as questões intrapsíquicas. 
O termo Psicologia Comunitária, 
portanto, inclui os estudos que se vêm 
realizando na Psicologia Social Aplicada 
às Comunidades, o Movimento de Saúde 
Mental Comunitário, a Psicologia do 
Desenvolvimento Comunitário e o 
Movimento de Ação Comunitária na 
América Latina, e outros fazeres de 
psicologia relacionados a comunidade. 
Este termo pode ser compreendido como 
uma visão pragmática da psicologia, que 
busca o desenvolvimento e a aplicação de 
técnicas psicológicas que sejam relevantes
Psicologia Comunitária: Uma 
Abordagem Conceitual 
73 
para a melhoria da qualidade de vida da 
comunidade. 
Conceituação de Comunidade. 
Outro conceito importante e 
necessário à compreensão da Psicologia 
Comunitária é o conceito de comunidade, 
seu objeto material e campo de atuação. O 
termo Comunidade, utilizado hoje em dia 
na Psicologia Social, é bastante elástico e 
capaz de incluir em seu escopo desde um 
pequeno grupo social, um bairro, uma 
vila, uma escola, um hospital, um 
sindicato, uma associação de moradores, 
uma organização não - governamental, até 
abarcar os indivíduos que interagem numa 
cidade inteira. E as definições de 
comunidade tem sido cada vez mais 
abrangentes pois se destinam a cobrir toda 
esta gama de habitats sociais. 
Schilling (1974), na obra 
“História das Idéias Sociais, indivíduo, 
comunidade e sociedade”, afirma que: 
“Comunidade designa qualquer corpo 
social mais ou menos importantes 
(matrimônio, família, parentesco, tribo, 
povo, Estado, associação, Igreja, seita e 
até mesmo uma fábrica ou uma empresa) 
somente quando os vínculos entre seus 
membros, uns em relação aos outros, são 
de tal forma primordiais e sólidos que 
qualquer litígio que a vida possa 
ocasionar entre seus membros se eleva 
além desse vínculo, que nunca é posto em 
dúvida”. (p. 53) 
Koenig (1962), citando MacIver, 
define a comunidade não apenas em 
função do espaço comum, mas dos 
interesses compartilhados pelos seus 
membros: “Robert M. Maciver, em 
Society Its Estruture and Changes, 
entendeu a comunidade como um grupo 
de pessoas que vivem juntas, relacionam-se 
umas com as outras, de modo que 
compartilham não só esse como aquele 
interesse particular, mas todo um conjunto 
de interesses bastante amplos e completos 
para incluir suas vidas”. (p.209) 
Nisbet (1978, p. 255) define a 
comunidade em função do indivíduo 
humano em sua teia de relações sociais: 
“Ao falar em Comunidade, refiro-me a 
algo muito mais amplo que a comunidade 
local. No sentido em que é empregado por 
muitos pensadores dos séculos XIX e XX, 
o termo abrange todas as formas de 
relacionamento caracterizado por um grau 
elevado de intimidade pessoal, profundeza 
emocional, engajamento moral, coerção 
social e continuidade do tempo. A 
comunidade encontra seu fundamento no 
homem visto em sua totalidade e não 
neste ou naquele papel que possa 
desempenhar na ordem social.” 
Sanchez e Wiesenfeld (1983) 
estabelece alguns critérios significativos 
para uma melhor definição de 
comunidade que estejam relacionados 
com a Psicologia Social, por 
contemplarem os principais aspectos da 
interação humana: “Podemos dizer que 
uma comunidade se caracteriza por: 
a) ser um grupo de pessoas, não um 
agregado social, com determinado 
grau de interação social; 
b) repartir interesse, sentimentos, 
crenças, atitudes; 
c) residir em um território específico; e 
d) possuir um determinado grau de 
organização”. 
As definições consideradas 
apontam para a comunidade como sendo 
um grupo social com certo grau de 
organização, que compartilha o mesmo 
espaço físico e psicológico, e alguns 
objetivos comuns derivados de crenças, 
valores e atitudes compartilhados e 
mantém um sistema de interação 
duradouro no tempo e no espaço. 
Neste sentido, a comunidade é o 
espaço privilegiado da práxis da 
psicologia social e será considerada neste
Antônio Maspoli de Araújo Gomes 
trabalho como o lugar de construção do 
saber psicológico comunitário e da 
operacionalização de técnicas 
psicológicas que sejam eficazes na 
compreensão da construção desse saber 
ou sua reconstrução, como resultado da 
relação da psicologia com a demanda dos 
sujeitos no espaço comunitário. 
Desafios Teóricos da Psicologia 
Comunitária. 
74 
Na América Latina e no Brasil, a 
Psicologia Comunitária seguiu três 
grandes modelos teóricos: o modelo 
norte-americano de movimento em prol 
da saúde mental, de inspiração 
multidisciplinar, seguindo, contudo, o 
modelo adaptativo da psicologia; o 
modelo cognitivista, voltado para a 
psicologia do desenvolvimento social, 
também adaptativo; e a ação comunitária, 
que utiliza o método derivado do 
materialismo histórico, voltada para uma 
psicologia de transformação social. 
A totalidade destas correntes em 
psicologia Comunitária apresenta os 
mesmos problemas conceituais. A análise 
da literatura utilizada neste trabalho sobre 
este tema aponta para diversas 
dificuldades da Psicologia Comunitária: 
falta de referencial teórico adequado em 
Psicologia Social, necessidade de 
articulação entre teoria e práxis, 
inadequação da metodologia utilizada, etc. 
No entanto, estes problemas devem ser 
considerados naturais para um saber 
psicológico que tem menos de quarenta 
anos de desenvolvimento e articulação e 
encontra-se em plena construção. 
Rappaport (1977) afirma que a 
Psicologia Comunitária está envolvida no 
clássico conflito entre Psicologia do 
Indivíduo e Psicologia do Grupo Social, 
pois reúne em sua definição dois termos 
paradoxais entre si: psicologia, que se 
refere ao indivíduo e comunidade, que se 
refere ao grupo social. A Psicologia 
Comunitária surge como uma tentativa de 
resolver este paradoxo. 
A falta de uma definição precisa 
sobre o que é Psicologia Comunitária é 
uma decorrência direta deste paradoxo e 
da tentativa da Psicologia de resolvê-lo. 
Esta indefinição conceitual não chega a se 
constituir em um entrave, pois aumenta o 
espectro de alternativas teóricas e 
metodológicas na busca de possibilidades 
de práxis desta psicologia (Bender, 1978; 
Amorim, 1980; Rodrigues 1987; Freitas, 
1988; Nascimento, 1990). 
Do ponto de vista das teorias e 
das práxis empreendidas em nome da 
Psicologia Comunitária, Brea (1985) 
enumera algumas críticas importantes 
para se compreender a fragilidade deste 
saber psicológico em construção. 
Vejamos tais críticas: 
a) Comunitarismo - é a preocupação 
exacerbada desta Psicologia com os 
problemas comunitários em 
detrimento da consideração pelos 
problemas de natureza teórica e 
metodológica suscitada por esta 
abordagem. 
b) Academicismo - é o oposto do 
comunitarismo. Aqui a preocupação 
da Psicologia Comunitária volta-se 
para problemas acadêmicos, 
preocupada apenas com o 
desenvolvimento de teorias e técnicas 
cientificamente relevantes, sem 
considerar a relevância social destes 
achados. 
c) Idealismo - este seria o resultado da 
visão reformista de alguns psicólogos 
comunitários que reduzem todos os 
problemas sociais a fatores políticos, 
sem considerar a necessidade do 
conjunto da sociedade humana e, às 
vezes, as necessidades de mudança da 
própria psicologia. 
d) Assistencialismo - identificação da 
Psicologia com obras caritativas e 
assistências, que servem apenas para
Psicologia Comunitária: Uma 
Abordagem Conceitual 
75 
alimentar a dependência da 
comunidade. 
Freitas (1988) levanta algumas 
questões importantes sobre os referenciais 
teóricos e metodológicos da Psicologia 
Comunitária. Diz ela: “Não se trata aqui 
de recriminar a adoção das mesmas 
práticas existentes em consultórios, 
escolas ou organizações para a 
comunidade. Não podemos clinicalizar a 
comunidade ou a psicologia comunitária, 
e muito menos socializar a psicologia. Se 
fizermos a primeira, estaremos 
simploriamente mudando a situação 
especial da atuação da psicologia clínica, 
talvez deselitizando-a. Se fizermos a 
segunda, estaremos contribuindo para um 
descrédito em relação à nossa profissão e 
tentando nos superpor aos cientistas 
sociais”. (p. 79) 
Rodrigues (1987) alerta também 
para o baixo valor heurístico de um saber 
psicológico voltado apenas para a 
instrumentalização de técnicas 
psicológicas, sem considerações mais 
consistentes quanto às questões teóricas e 
metodológicas envolvidas. 
Conclusão. 
Esta trabalho teve como 
motivação básica as inquietações do autor 
quanto a necessidade de encontrar 
respaldo teórico em Psicologia Social 
capaz de dar sustentação conceitual a 
psicologia na comunidade. A fim de 
atingir este objetivo foi realizada a revisão 
da literatura existente sobre este tema, 
verificando especialmente o material 
acadêmico que vem sendo produzido no 
Brasil e nos Estados Unidos. A 
bibliografia utilizada segue como ponto 
de referência para outros pesquisadores 
que queiram aprofundar ainda mais o 
tema. 
A revisão da literatura desvelou 
três ramificações da Psicologia Social que 
dão suporte a Psicologia Comunitária no 
Brasil: o movimento em prol da saúde 
mental, a psicologia comunitária do 
desenvolvimento, ligada a psicologia 
social cognitiva e a psicologia de ação 
comunitária ligada ao materialismo 
dialético. A existência destas três 
correntes, por si só, são suficientes para 
demonstrar uma certa indefinição 
conceitual sobre o que se convencionou 
denominar Psicologia Comunitária. Esta 
Psicologia pode significar algo para um 
psicólogo que se dedica à saúde mental e 
logo vem significar outra coisa para outro 
psicólogo que se dedica a pesquisa e 
muda de sentido ainda para outro que 
trabalha com prostitutas e homossexuais. 
Respeitando esta dificuldade de definição 
podemos afirmar que a Psicologia 
Comunitária é a práxis da Psicologia na 
comunidade. Entendendo a comunidade 
como o lugar onde os indivíduos 
interagem, por um espaço de tempo 
definido pela sua duração e num espaço 
geográfico comum. Além das dificuldades 
de conceituação pode-se apontar ainda as 
seguintes fragilidades teóricas e 
metodológicas: 
a) Fragilidade Teórica - A Psicologia 
Comunitária é um saber em 
construção que vem sendo edificado 
mais pela ação do contato direto da 
Psicologia com a Comunidade do que 
pela elaboração de teorias 
apropriadas em Psicologia Social. Isto 
pode facilitar o desenvolvimento de 
um certo pragmatismo da parte do 
psicólogo na operacionalização de 
teorias e sua articulação com as 
técnicas a serem manipuladas por este 
na comunidade. 
Este pragmatismo impede o 
desenvolvimento de construções teóricas 
coerentes e impossibilita até mesmo uma 
preocupação maior com a congruência 
entre as teorias utilizadas no mapeamento
Antônio Maspoli de Araújo Gomes 
da realidade e a metodologia 
instrumentalizada no atendimento da 
demanda comunitária. 
b) Fragilidade Metodológica - Esta 
76 
fragilidade teórica se reflete na 
metodologia instrumentalizada pelos 
sujeitos para atender a demanda da 
comunidade. Parece que o importante 
é fazer uma psicologia que atenda a 
demanda comunitária sem uma 
preocupação mais consistente sobre o 
aspecto relevante da relação que deve 
existir entre a teoria e técnica 
psicológica instrumentalizada e às 
vezes sem um levantamento adequado 
das necessidades da comunidade que 
possibilita a escolha da metodologia 
apropriada ao desenvolvimento de um 
trabalho mais consistente. Isto 
compromete não só a avaliação dos 
resultados obtidos como a própria 
construção de uma metodologia 
adequada a práxis do psicólogo na 
comunidade que seja capaz de atender 
a demanda comunitária sem 
comprometer a psicologia dos 
psicólogos. 
Os psicólogos comunitários, 
todavia tem se utilizado destas 
fragilidades de forma heurística e vem 
produzindo teorias e técnicas capazes de 
superar este impasse e criar formas mais 
validadas cientificamente e eticamente de 
lidar com os problemas da comunidade 
seja no campo da saúde mental, do 
desenvolvimento comunitário ou da 
própria organização comunitária. 
A Psicologia Comunitária tem seu 
estatus garantido não só pela superação 
destes problemas mas porque tornou-se 
extremamente viável na demanda do 
terceiro setor, mas isto já é outra história. 
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Organizacional 
Rua Itambé, 145 – Prédio 14 - 1° andar 
Higienópolis – São Paulo – SP 
01239-902 
e-mail: psicoclinica@mackenzie.br

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  • 1. Psicologia: Teoria e Prática 1999, 1(2) : 71-79 PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL. Antonio Maspoli de Araujo Gomes Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Metodista de São Paulo Resumo: Este artigo apresenta as principais tentativas de conceituação das correntes teóricas sobre a psicologia comunitária, ligadas a psicologia social. A partir da análise dos dados obtidos podemos afirmar que a Psicologia Comunitária é um saber em construção, pragmático, derivado da Psicologia Social. Concluímos também que muitas das teorias referenciadas e das técnicas citadas pelos psicólogos que trabalham em Psicologia Comunitária são derivadas dos referenciais teóricos da Psicologia Comunitária. Palavras-chave: Psicologia Comunitária, Psicologia Social, Comunidade, Teorias Psicológicas, Técnicas Psicológicas. COMMUNITY PSYCHOLOGY: A CONCEPTUAL APPROACH. Abstract: This research presents the routes treaded by Community Psychology, from its beginning to present date. Through the analysis of the data we can state that Community Psychology is a pragmatic knowledge being structured, with its origins in Social Psychology. We also conclude that many of the reference theories and techniques mentioned by the subjects derive from existing Community Psychology theories references. Keywords: Community Techniques, Social Psychology, Community, theories Psycoligicals Theories references, Psycologficals Techniques. Introdução. 71 O termo Psicologia Comunitária ainda é bastante novo e amplo, sendo, por isso mesmo, de difícil conceituação. O termo em si é ambíguo e varia de acordo com o referencial teórico considerado e/ou a práxis do psicólogo que o define. São comuns os termos “Psicologia na Comunidade” (Bender, 1978); “Psicologia do Desenvolvimento Comunitário” (Escovar, 1979); “Saúde Mental Comunitária” (Berenger, 1982); “Psicologia Comunitária/na Comunidade” (Bonfim, 1992); etc. Esta ambigüidade de termos para definir uma das ramificações da Psicologia Social, não se constitui, por si só, num indício de fragilidade. “Esta indefinição não decorre de insuficiência, mas é própria da constituição desse saber”. (Nascimento, 1990).D’Amorim (1980, p.104) chama a atenção para algumas vantagens dessa indefinição, diz ela: “Esta dificuldade de identificação está na base de duas implicações para o treinamento do psicólogo comunitário: a fragmentação do conceito de psicologia comunitária valoriza a criatividade e a flexibilidade no treinamento dos psicólogos e o respeito pelas diversas concepções neste domínio embora um esforço deve ser feito para valorizar os elementos comuns e manter os canais de comunicação”. Os psicólogos sociais vem realizando um esforço para definir a Psicologia Comunitária e superar a ambigüidade apontada acima, e convém considerá-lo. Bender (1978, p. 18): “Eu a definiria como uma tentativa para tornar mais efetivos os campos da Psicologia
  • 2. Antônio Maspoli de Araújo Gomes Aplicada no fornecimento de seus serviços e mais receptivos às necessidades e carências das comunidades por eles servidas”. 72 Escovar (1979, p. 2): “A Psicologia Comunitária, ou psicologia do desenvolvimento, é uma espécie de jardim com caminhos que se bifurcam e de onde grupos de psicólogos tomam distintos rumos na base de decisões axiológicas ou políticas”. Montero (1980, p.3), influenciado por Escovar (1979), propõe a seguinte definição: “uma psicologia para o desenvolvimento, entendido este como o processo mediante o qual o homem adquire maior controle sobre seu meio ambiente”. Marin (1980, p. 71): “Em um sentido, a Psicologia Social Comunitária desenvolvida na América Latina é uma aproximação multidisciplinar para a solução de problemas sociais”. Brea (1985, p. 169): “A ausência de um marco teórico articulado nos leva a definir a psicologia comunitária como a aplicação de conhecimentos da psicologia em um determinado contexto geográfico social; este modelo serve de correção para os diferentes modelos teóricos que integram esta disciplina”. Gallindo (1981, p.13): “A Psicologia Comunitária é um movimento dentro de um campo maior de psicologia aplicada e que se caracteriza como uma nova abordagem para se lidar com os problemas de comportamento humano. Ela enfatiza mais o ambiente social do que fatores intrapsíquicos como determinantes da saúde mental”. Andery (1986, p. 203): “A palavra psicologia na comunidade vem sendo usada para designar a instrumentalização de conhecimentos e de técnicas psicológicas que possam contribuir para uma melhora na qualidade de vida das pessoas e grupos distribuídos nas inúmeras aglomerações humanas que compõem a grande cidade”. Franco (1988, p. 70): “A Psicologia Comunitária se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais em condições ambientais específicas, atento às suas respectivas psiques. Seus objetivos se referem a melhoria das relações entre os sujeitos e entre estes e a natureza. Nesta perspectiva está todo o esforço para a mobilização das comunidades na busca de melhores condições de vida”. Uma análise dessas diversas definições demonstra alguns aspectos comuns a Psicologia Comunitária, embora a mesma seja o estuário de diferentes correntes psicológicas. a) Uma visão pragmática da psicologia, isto é, uma preocupação com a aplicação prática dos achados da psicologia a situações sociais concretas, e pouco interesse com questões de natureza teórica e científica. b) Uma ênfase psicológica voltada para a melhoria da qualidade de vida das comunidades como objeto do saber psicológico. c) Primado das questões interpessoais, a comunidade, em lugar da preocupação tradicional da psicologia, o indivíduo e as questões intrapsíquicas. O termo Psicologia Comunitária, portanto, inclui os estudos que se vêm realizando na Psicologia Social Aplicada às Comunidades, o Movimento de Saúde Mental Comunitário, a Psicologia do Desenvolvimento Comunitário e o Movimento de Ação Comunitária na América Latina, e outros fazeres de psicologia relacionados a comunidade. Este termo pode ser compreendido como uma visão pragmática da psicologia, que busca o desenvolvimento e a aplicação de técnicas psicológicas que sejam relevantes
  • 3. Psicologia Comunitária: Uma Abordagem Conceitual 73 para a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Conceituação de Comunidade. Outro conceito importante e necessário à compreensão da Psicologia Comunitária é o conceito de comunidade, seu objeto material e campo de atuação. O termo Comunidade, utilizado hoje em dia na Psicologia Social, é bastante elástico e capaz de incluir em seu escopo desde um pequeno grupo social, um bairro, uma vila, uma escola, um hospital, um sindicato, uma associação de moradores, uma organização não - governamental, até abarcar os indivíduos que interagem numa cidade inteira. E as definições de comunidade tem sido cada vez mais abrangentes pois se destinam a cobrir toda esta gama de habitats sociais. Schilling (1974), na obra “História das Idéias Sociais, indivíduo, comunidade e sociedade”, afirma que: “Comunidade designa qualquer corpo social mais ou menos importantes (matrimônio, família, parentesco, tribo, povo, Estado, associação, Igreja, seita e até mesmo uma fábrica ou uma empresa) somente quando os vínculos entre seus membros, uns em relação aos outros, são de tal forma primordiais e sólidos que qualquer litígio que a vida possa ocasionar entre seus membros se eleva além desse vínculo, que nunca é posto em dúvida”. (p. 53) Koenig (1962), citando MacIver, define a comunidade não apenas em função do espaço comum, mas dos interesses compartilhados pelos seus membros: “Robert M. Maciver, em Society Its Estruture and Changes, entendeu a comunidade como um grupo de pessoas que vivem juntas, relacionam-se umas com as outras, de modo que compartilham não só esse como aquele interesse particular, mas todo um conjunto de interesses bastante amplos e completos para incluir suas vidas”. (p.209) Nisbet (1978, p. 255) define a comunidade em função do indivíduo humano em sua teia de relações sociais: “Ao falar em Comunidade, refiro-me a algo muito mais amplo que a comunidade local. No sentido em que é empregado por muitos pensadores dos séculos XIX e XX, o termo abrange todas as formas de relacionamento caracterizado por um grau elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional, engajamento moral, coerção social e continuidade do tempo. A comunidade encontra seu fundamento no homem visto em sua totalidade e não neste ou naquele papel que possa desempenhar na ordem social.” Sanchez e Wiesenfeld (1983) estabelece alguns critérios significativos para uma melhor definição de comunidade que estejam relacionados com a Psicologia Social, por contemplarem os principais aspectos da interação humana: “Podemos dizer que uma comunidade se caracteriza por: a) ser um grupo de pessoas, não um agregado social, com determinado grau de interação social; b) repartir interesse, sentimentos, crenças, atitudes; c) residir em um território específico; e d) possuir um determinado grau de organização”. As definições consideradas apontam para a comunidade como sendo um grupo social com certo grau de organização, que compartilha o mesmo espaço físico e psicológico, e alguns objetivos comuns derivados de crenças, valores e atitudes compartilhados e mantém um sistema de interação duradouro no tempo e no espaço. Neste sentido, a comunidade é o espaço privilegiado da práxis da psicologia social e será considerada neste
  • 4. Antônio Maspoli de Araújo Gomes trabalho como o lugar de construção do saber psicológico comunitário e da operacionalização de técnicas psicológicas que sejam eficazes na compreensão da construção desse saber ou sua reconstrução, como resultado da relação da psicologia com a demanda dos sujeitos no espaço comunitário. Desafios Teóricos da Psicologia Comunitária. 74 Na América Latina e no Brasil, a Psicologia Comunitária seguiu três grandes modelos teóricos: o modelo norte-americano de movimento em prol da saúde mental, de inspiração multidisciplinar, seguindo, contudo, o modelo adaptativo da psicologia; o modelo cognitivista, voltado para a psicologia do desenvolvimento social, também adaptativo; e a ação comunitária, que utiliza o método derivado do materialismo histórico, voltada para uma psicologia de transformação social. A totalidade destas correntes em psicologia Comunitária apresenta os mesmos problemas conceituais. A análise da literatura utilizada neste trabalho sobre este tema aponta para diversas dificuldades da Psicologia Comunitária: falta de referencial teórico adequado em Psicologia Social, necessidade de articulação entre teoria e práxis, inadequação da metodologia utilizada, etc. No entanto, estes problemas devem ser considerados naturais para um saber psicológico que tem menos de quarenta anos de desenvolvimento e articulação e encontra-se em plena construção. Rappaport (1977) afirma que a Psicologia Comunitária está envolvida no clássico conflito entre Psicologia do Indivíduo e Psicologia do Grupo Social, pois reúne em sua definição dois termos paradoxais entre si: psicologia, que se refere ao indivíduo e comunidade, que se refere ao grupo social. A Psicologia Comunitária surge como uma tentativa de resolver este paradoxo. A falta de uma definição precisa sobre o que é Psicologia Comunitária é uma decorrência direta deste paradoxo e da tentativa da Psicologia de resolvê-lo. Esta indefinição conceitual não chega a se constituir em um entrave, pois aumenta o espectro de alternativas teóricas e metodológicas na busca de possibilidades de práxis desta psicologia (Bender, 1978; Amorim, 1980; Rodrigues 1987; Freitas, 1988; Nascimento, 1990). Do ponto de vista das teorias e das práxis empreendidas em nome da Psicologia Comunitária, Brea (1985) enumera algumas críticas importantes para se compreender a fragilidade deste saber psicológico em construção. Vejamos tais críticas: a) Comunitarismo - é a preocupação exacerbada desta Psicologia com os problemas comunitários em detrimento da consideração pelos problemas de natureza teórica e metodológica suscitada por esta abordagem. b) Academicismo - é o oposto do comunitarismo. Aqui a preocupação da Psicologia Comunitária volta-se para problemas acadêmicos, preocupada apenas com o desenvolvimento de teorias e técnicas cientificamente relevantes, sem considerar a relevância social destes achados. c) Idealismo - este seria o resultado da visão reformista de alguns psicólogos comunitários que reduzem todos os problemas sociais a fatores políticos, sem considerar a necessidade do conjunto da sociedade humana e, às vezes, as necessidades de mudança da própria psicologia. d) Assistencialismo - identificação da Psicologia com obras caritativas e assistências, que servem apenas para
  • 5. Psicologia Comunitária: Uma Abordagem Conceitual 75 alimentar a dependência da comunidade. Freitas (1988) levanta algumas questões importantes sobre os referenciais teóricos e metodológicos da Psicologia Comunitária. Diz ela: “Não se trata aqui de recriminar a adoção das mesmas práticas existentes em consultórios, escolas ou organizações para a comunidade. Não podemos clinicalizar a comunidade ou a psicologia comunitária, e muito menos socializar a psicologia. Se fizermos a primeira, estaremos simploriamente mudando a situação especial da atuação da psicologia clínica, talvez deselitizando-a. Se fizermos a segunda, estaremos contribuindo para um descrédito em relação à nossa profissão e tentando nos superpor aos cientistas sociais”. (p. 79) Rodrigues (1987) alerta também para o baixo valor heurístico de um saber psicológico voltado apenas para a instrumentalização de técnicas psicológicas, sem considerações mais consistentes quanto às questões teóricas e metodológicas envolvidas. Conclusão. Esta trabalho teve como motivação básica as inquietações do autor quanto a necessidade de encontrar respaldo teórico em Psicologia Social capaz de dar sustentação conceitual a psicologia na comunidade. A fim de atingir este objetivo foi realizada a revisão da literatura existente sobre este tema, verificando especialmente o material acadêmico que vem sendo produzido no Brasil e nos Estados Unidos. A bibliografia utilizada segue como ponto de referência para outros pesquisadores que queiram aprofundar ainda mais o tema. A revisão da literatura desvelou três ramificações da Psicologia Social que dão suporte a Psicologia Comunitária no Brasil: o movimento em prol da saúde mental, a psicologia comunitária do desenvolvimento, ligada a psicologia social cognitiva e a psicologia de ação comunitária ligada ao materialismo dialético. A existência destas três correntes, por si só, são suficientes para demonstrar uma certa indefinição conceitual sobre o que se convencionou denominar Psicologia Comunitária. Esta Psicologia pode significar algo para um psicólogo que se dedica à saúde mental e logo vem significar outra coisa para outro psicólogo que se dedica a pesquisa e muda de sentido ainda para outro que trabalha com prostitutas e homossexuais. Respeitando esta dificuldade de definição podemos afirmar que a Psicologia Comunitária é a práxis da Psicologia na comunidade. Entendendo a comunidade como o lugar onde os indivíduos interagem, por um espaço de tempo definido pela sua duração e num espaço geográfico comum. Além das dificuldades de conceituação pode-se apontar ainda as seguintes fragilidades teóricas e metodológicas: a) Fragilidade Teórica - A Psicologia Comunitária é um saber em construção que vem sendo edificado mais pela ação do contato direto da Psicologia com a Comunidade do que pela elaboração de teorias apropriadas em Psicologia Social. Isto pode facilitar o desenvolvimento de um certo pragmatismo da parte do psicólogo na operacionalização de teorias e sua articulação com as técnicas a serem manipuladas por este na comunidade. Este pragmatismo impede o desenvolvimento de construções teóricas coerentes e impossibilita até mesmo uma preocupação maior com a congruência entre as teorias utilizadas no mapeamento
  • 6. Antônio Maspoli de Araújo Gomes da realidade e a metodologia instrumentalizada no atendimento da demanda comunitária. b) Fragilidade Metodológica - Esta 76 fragilidade teórica se reflete na metodologia instrumentalizada pelos sujeitos para atender a demanda da comunidade. Parece que o importante é fazer uma psicologia que atenda a demanda comunitária sem uma preocupação mais consistente sobre o aspecto relevante da relação que deve existir entre a teoria e técnica psicológica instrumentalizada e às vezes sem um levantamento adequado das necessidades da comunidade que possibilita a escolha da metodologia apropriada ao desenvolvimento de um trabalho mais consistente. Isto compromete não só a avaliação dos resultados obtidos como a própria construção de uma metodologia adequada a práxis do psicólogo na comunidade que seja capaz de atender a demanda comunitária sem comprometer a psicologia dos psicólogos. Os psicólogos comunitários, todavia tem se utilizado destas fragilidades de forma heurística e vem produzindo teorias e técnicas capazes de superar este impasse e criar formas mais validadas cientificamente e eticamente de lidar com os problemas da comunidade seja no campo da saúde mental, do desenvolvimento comunitário ou da própria organização comunitária. A Psicologia Comunitária tem seu estatus garantido não só pela superação destes problemas mas porque tornou-se extremamente viável na demanda do terceiro setor, mas isto já é outra história. Referências Bibliográficas. ANDERY, A. A.(1986) Psicologia na Comunidade. Psicologia Social - O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense. BENDER, M.P.(1978) Psicologia na Comunidade. Rio de Janeiro: Zahar. BERENGER, M.E.(1982) A Psicologia Em Instituições de Assistência Social. Relato de uma experiência. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC. BLAIN, D.(1959) The Organizaction of Psyquiatry in the United States. In: ARIETI, S. New York: American Handbook of Psychiatry. Basic Books. New York. BOMFIM, E. M.(1990) Psicologia Comunitária no Brasil.Reflexões históricas, teóricas e práticas. Anais do III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico. Águas de São Pedro, São Paulo: ANPEPP. __________. Et. Al.(1992) Fazeres em Psicologia Social. Campinas: Átomos, Conselho Federal de Psicologia. BREA, L. (1985) Psicologia Comunitária, condiciones para el surgimento de um nuevo paradigma em la psicologia comunitária. Cadernos de Psicologia, v. 7 n. 1, 1985. CALLILE JÚNIOR, M.(1972) Comunidade em Questão. Rio de Janeiro: Artes Gráficas. CAMPOS. R.H.F.(1990) Psicologia Comunitária no Brasil. Anais do III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico. Águas de São Pedro, São Paulo: ANPEPP, 1990.
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