2. Segunda categoria
Alucinações telepáticas em que o animal é o
percipiente
Os casos desta categoria, embora não deixem de ser
interessantes, não podem revestir-se de um verdadeiro valor
científico, devido à impossibilidade de se garantir o que realmente
aconteceu com o animal e o que verdadeiramente ele percebeu
quando, num determinado momento, coincidindo com a morte de
uma pessoa ausente que lhe era familiar, ele pareceu, através de
alguns sinais manifestos, pressentir ou perceber algo anormal.
No entanto, se pensarmos que as manifestações paranormais
pertencentes a uma mesma classe devem ser vistas em conjunto e
não isoladamente, tais fenômenos podem, então, adquirir
indiretamente um determinado valor teórico. De fato, se as outras
categorias de manifestações análogas parecem realmente
verídicas, é lógico concluir que os incidentes de natureza
nãoverificável da presente categoria devem, por sua vez, ser
verídicos, pelo menos no seu conjunto. De qualquer forma, limito-
3. Caso 1
Em La Revue Spirite de janeiro de 1905 (pág. 51), o barão
Joseph de Kronhelm relata o seguinte fato que aconteceu com
pessoas de seu convívio:
4. “Um oficial conhecido, alojado em Gajsin, na Podólia, partiu no
mês de abril para a Manchúria (Rússia), na guerra contra o Japão. À
véspera de sua partida, entregou seu cão de caça, um belo animal,
muito inteligente e ao qual ele era bastante apegado, a um amigo,
outro oficial do mesmo regimento, grande aficionado da caça,
pedindo-lhe que cuidasse do animal até seu retorno, se Deus o
permitisse voltar. Caso morresse, o cão devia ficar com seu amigo.
Três meses após a partida do oficial, numa manhã, o cachorro, sem
nenhum motivo aparente, pôs-se a emitir ganidos terríveis, que
incomodaram muito a família do oficial e toda a vizinhança. Tudo o
que se fazia para acalmá-lo de nada adiantava. O pobre animal não
deu a mínima importância aos afagos do oficial e de sua mulher, não
quis comer nada, uivava continuamente noite e dia e só parou de
gritar no terceiro dia.
5. O oficial, um homem bastante esclarecido que já tinha ouvido
falar de pressentimentos em animais, anotou ciosamente a data
daquele acontecimento e disse a sua mulher: “Deus ajude que eu
esteja enganado... Mas aquele choro do nosso cachorro, sem
nenhum motivo aparente, é sinal de má sorte... Vai certamente nos
acontecer alguma desgraça ou virá uma notícia funesta”. E a
desgraça não demorou a chegar. Algum tempo depois chegou a
notícia da morte do oficial, dono do cachorro, o qual tinha sido morto
durante um confronto com os japoneses, na manhã do dia em que
seu cão tinha soltado os uivos.”
Tal fato oferece evidências probantes no sentido nitidamente
telepático, pois se o animal se pôs, de repente, a ganir e a queixar-
se, sem causa aparente, e persistiu com essa atitude apesar das
carícias que lhe davam os familiares, recusando todo e qualquer
alimento, é certamente necessário supor que devia existir uma causa
oculta qualquer, proporcional à desolação manifesta do pobre
animal. Ora, como foi constatado que no momento em que ele
começou a gritar seu dono tinha sido morto na guerra, tudo contribui
a presumir que o animal realmente tenha tido a visão telepática do