EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
45 quinta categoria - terceiro subgrupo - caso 4
1.
2. Quinta categoria
Animais e pressentimentos de morte
Terceiro subgrupo
Casos 04
O senhor William Ford, residente em Reading (Inglaterra), escreveu na
revista Light o seguinte (1921, pág. 569):
“Durante minha juventude, eu possuía um cão pastor de raça cruzada e
com rabo curto, adestrado por mim para reunir e guiar carneiros e bois.
Passamos juntos muitos dias felizes na fazenda de meu pai; mas chegou
o dia em que os
negócios me obrigaram a deixar a casa e meu cão foi dado a um velho
fazendeiro residente perto de Maidstone. Logo esse velho e o cão
tornaram-se companheiros inseparáveis: onde quer que o homem fosse o
animal o seguia, e essa amizade afetuosa continuou assim por três anos.
3. Numa manhã, o velho fazendeiro não se levantou na hora costumeira e
seu filho foi ver o que poderia significar esta infração dos hábitos
paternos. O genitor, com a maior calma, anunciou que sua hora tinha
chegado e pediu que lhe trouxessem o cão, pois ele queria vê-lo mais
uma vez antes de
morrer.
O filho tentou dissuadir o pai, dizendo que aquelas afirmações eram
nada mais que produto de uma lúgubre fantasia; porém, como sua
insistência contrariava o velho, ele foi procurar pelo cão e o trouxe até
ele. Assim que o animal entrou no quarto, saltou sobre a cama e
consolou seu dono; depois
se meteu num canto e começou a ganir lastimosamente.
Levaram-no dali e o acariciaram; nada podia reconfortá-lo ou fazê-lo
calar. Ele acabou se metendo em seu canil, entregue a um abatimento
tão profundo e tão desesperado que acabou morrendo às 20:30. Seu
velho dono o seguiu ao outro lado às 22 horas.
4. Dez anos depois, eu estava sentado num círculo experimental particular.
Num determinado momento, o médium teve um sobressalto.
Perguntaram-lhe o que ele via e ele respondeu: “Parecia-me que via um
urso, mas era só um cão. Ele pulou no círculo de repente, apoiou as
patas da frente nos joelhos do senhor Ford e o lambeu”. Em seguida,
uma descrição minuciosa do cão que tinha lhe aparecido correspondia
exatamente àquela de meu cão pastor. O médium concluiu dizendo: “Ele
tinha um focinho que parecia sorrir”.
Este detalhe também se adaptava bastante a meu cão. Quanto a mim,
não duvido em nenhum momento da identidade do animal que
apareceu.”
Neste fato, a premonição de morte pelo animal é menos interessante que
nos casos precedentes, visto que ela se produziu apenas 12 horas antes
do falecimento, no momento em que o velho já sabia que estava
morrendo. Estas circunstâncias não impedem, no entanto, que haja,
exatamente como nos outros casos, uma percepção de morte iminente
do cão; há, além disso,
o emocionante episódio do falecimento do animal após uma profunda
5. O último incidente da aparição do cão ao longo da sessão mediúnica,
dez anos depois de sua morte, transforma este relato num caso de
transição entre a presente categoria e a seguinte, onde trataremos dos
casos de aparições identificadas de fantasmas de animais.
Na minha coletânea dos fatos não encontramos outros exemplos de
premonições de morte pelos animais, o que não significa de forma
alguma que as manifestações desse tipo sejam raras, mas somente que
esquecemos até então de coletá-las. O que contribui para mostrar isto é
que, quando fazemos alusões aos fatos desse tipo nos meios populares,
têm-se quase sempre relatos análogos de manifestações. Estes últimos,
infelizmente, são contados de maneira tão vaga ou são passados por
tantas bocas que não podemos incluí-las numa classificação científica.
Segue daí que, embora tudo contribua para provar a realidade das
manifestações em questão, seria, todavia, prematuro discuti-las; o
exame delas será oportuno somente no momento em que conseguirmos
acumular uma quantidade suficiente de materiais brutos dos fatos, de
modo que possamos analisá-los,
compará-los e classificá-los segundo um método rigorosamente
científico.