A civilização do Extremo Oriente desenvolveu-se na China e no Japão com base na agricultura e no trabalho do campo. A China foi o primeiro estado organizado com uma sociedade hierárquica e religião agrária, enquanto o Japão foi influenciado pela cultura chinesa, adotando suas formas arquitetônicas e de organização urbana. Ambas as culturas valorizam a harmonia com a natureza e constroem em madeira, seguindo regras estéticas e filosóficas.
1. Extremo Oriente: China e Japão
A Civilização do Extremo Oriente
BIBLIOGRAFIA
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COLE, Emily. A Gramática da Arquitetura. Lisboa:
Centralivros, 2003
GOEPPER, Roger. O Mundo da Arte. Mundo Oriental.
Rio de Janeiro. José Olympio. 1966.
HOLMES, Caroline. Icons of Garden Design. Londres.
Prestel. 2001.
JANSON, H. W. História Geral da Arte. São Paulo. Martins
Fontes, 1993.
NUTTGENS, Patrick. The story of architecture. 2 ed.
Phaidon, 1997.
Lótus e Gansos. Caquemono; séc. XIII – XIV. Tinta sobre seda
(1,28mx78cm) Museu de Berlim.
O lótus nascendo do pântano é símbolo primário do budismo.
Pintores profissionais executavam estes caquemonos em pares
ou grupos para uso nos templos.
2. Extremo Oriente: China e Japão
A Civilização do Extremo Oriente
A China é ocupada por povos
originários da própria região,
desde o período neolítico
baseados na agricultura,
aproveitando a fertilidade dos
rios Yang-tsé e Amarelo.
O primeiro estado organizado
que se tem notícia surgiu na
China em 1500 a.C. e é
denominado período Xang ou
Yin. Com características de
civilização urbana fortemente
alicerçada no trabalho do
campo. No topo da pirâmide
social havia o rei que era
também o principal sacerdote
e tinha origem divina.
3. Extremo Oriente: China e Japão
A Civilização do Extremo Oriente
Neste período, a religião chinesa
tinha forte conteúdo agrário. O
rei se situava entre os poderes
de natureza e da criação; e os
agricultores eram dependentes
da fertilidade da terra.
Desenvolveu-se uma espécie de
feudalismo, pois o rei concedia
feudos e adiantamentos, tanto
aos membros da casa, como aos
servidores do estado.
4. Extremo Oriente: China e Japão
A Civilização do Extremo Oriente
A partir do séc. VI, uma
nova dinastia assumiu o
poder ( período Chou),
cuja ideologia dominante
foi codificada por
Confúcio ( 551-479 a.C).
A entrada do budismo na
China teve efeito
transformador na cultura
chinesa, com reflexos na
arte e na arquitetura.
5. Extremo Oriente: China e Japão
China: A Muralha da China (210 a.C)
A obsessão pela segurança é evidente no
macrocosmo e no microcosmo.
A nação é cercada pela muralha de 3.813 km,
construída em 210 a.C. de proteção contra os
mongóis. Única obra humana visível do espaço.
As cidades são cercadas por muralhas e ás
vezes dentro delas, como em Pequim, partes
são muradas, como a Cidade Proibida (1406-
1420) que abrigava a família real.
Casas possuem jardins também cercados por
muros.
7. Extremo Oriente: China e Japão
China: Ch’i-nien-tien - Câmara das Oferendas (Cidade Proibida, Pequim:1420 - 1889)
8. Extremo Oriente: China e Japão
China: Ch’i-nien-tien - Câmara das Oferendas (Cidade Proibida, Pequim:1420 - 1889)
Câmara das Oferendas do Altar Celeste,
(Pequim) Período Ming – Séc. XV d.C.
Construído em 1420 e reconstruído em 1889, é
o local onde o imperador fazia suas oferendas a
Deus.
Há um simbolismo no telhado tróplice que
simboliza os estágios do céu e na estrutura
com 12 colunas representando os meses do
ano.
9. Extremo Oriente: China e Japão
China: Ch’i-nien-tien - Câmara das Oferendas (Cidade Proibida, Pequim:1420 - 1889)
14. Extremo Oriente: China e Japão
O Pagode
Quase toda cidade chinesa possui um
pagode. O pagode é uma construção sagrada
que tem a função de afastar os maus
espíritos da entrada da cidade.
É interessante notar que, ao contrário do que
vemos no ocidente, a arquitetura dos templos
e pagodes não são as edificações mais
marcantes.
Pelo contrário, é a arquitetura das casas que
inspira e define a arquitetura dos principais
monumentos chineses.
15. Extremo Oriente: China e Japão
O Pagode
Há dois tipos
fundamentais de
pagodes chineses:
A original torre de
madeira cm vários
pisos, criada antes
da chegada do
budismo no século I
d.C. e a stupa
budista originária
da Índia.
16. Extremo Oriente: China e Japão
O Pagode
As preferências pela planta básica
variaram de acordo com períodos
dinásticos.
A planta quadrada predominou até
o século X d.C., mas a partir de
então predominaram as plantas
poligonais.
17. Extremo Oriente: China e Japão
China: Shisanling (Entrada para o túmulo do Imperador, Pequim:1540)
19. Extremo Oriente: China e Japão
China: A longa passagem para o Palácio de Verão (séc. XVIII)
20. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Castelo Himei-ji (A Grande Garça, Hiogo - 1608)
Influenciado pela técnica européia, alguns
castelos de pedra foram construídos nos séc.
XVI e XVII, seguindo inovações que tornaram
redutos de madeira obsoletos.
O formato evidencia a mescla de elementos
europeus com os das fortificações chinesas.
A parte principal do castelo era o calabouço com
diversos pavimentos.
Himei-ji. Prefeitura de Hiogo - Japão; 1608
Construído entre 1570 e 1608, o castelo é também
conhecido como “A Grande Garça”.
Influenciados pela técnica européia, alguns castelos de
pedra, deste tipo, foram construídos no período,
seguindo inovações que tornaram os redutos de
madeira obsoletos. O formato mescla elementos
chineses e europeus.
21. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Horiu-ji (Nara- 714)
A partir do século VI, a
arquitetura japonesa
começou a sofrer a influência
chinesa, quer no
ordenamento das cidades,
quer na localização dos
edifícios importantes.
À semelhança dos modelos
chineses, como Pequim, as
cidades de Nara e Quioto
(séc. VIII) foram ordenadas
segundo uma grelha
retangular de ruas, com o
palácio imperial ao centro, e
as casas dos nobres, outros
palácios e edifícios do
governo dispostos
simetricamente ao longo de
um eixo norte-sul.
Horiu-ji. Nara - Japão; 670 - 714
22. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Horiu-ji (Nara- 714)
Se a arquitetura dos
templos e habitações se
destaca pela ausência de
monumentalidade, os
edifícios da nobreza e do
governo tiveram um
maior impacto na
paisagem.
Horiu-ji. Nara - Japão; 670 – 714
Vista do kondo e do pagode
23. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Kinkaku-ji (Pavilhão Dourado, Kioto - 1397)
Shogun Askikaga Yoshimitsu construiu este pavilhão
à beira de um lago para servir como casa de campo e
mosteiro.
A construção era revestida com folhas de ouro.
Depois de renunciar às atividades de governo,
Shogun passou uma vida agradável nesta casa, onde
recebia a visita do imperador.
26. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Kinkaku-ji (Pavilhão Dourado, Kioto - 1397)
Construído em 1053, era a casa do regente, depois transformada em
templo budista.
Depois que o regente Fugiwara Yorimichi transformou a casa de seu
pai em templo budista, construiu a Câmara do Fênix ali (o nome se
refere às linhas do projeto arquitetônico que sugere um pássaro de
asas abertas.
28. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Byodo-in (Câmara do Fênix, Uji - 1053)
O requinte da construção
sugere mais um palácio do
que um templo.
29. Extremo Oriente: China e Japão
Arquitetura: Casas de Madeira e Ornamentos Externos
Na China pré-moderna, a
grande maioria dos edifícios
eram estruturas de madeira,
que sempre tinham sido
consideradas habitações
adequadas para os vivos ou
lugares de culto para os
deuses.
O edifício chinês mais
característico consistia de uma
sala retangular sobre uma
plataforma elevada. As suas
colunas de madeira estavam
unidas por meio de juntas
macho e fêmea num
complicado sistema de traves
horizontais, e a estrutura era
fechada por muros de vedação
em vez de paredes.
Provavelmente no século VII
d.C., as sofisticadas técnicas
modulares foram totalmente
desenvolvidas e usadas em
toda a parte, padronizando a
planta e a construção.
Isto traduziu-se na
adaptabilidade das salas de
madeira a diversos fins. Os
seus vãos espaçosos criavam
espaços de grandes dimensões
e sem obstáculos, conferindo
Estrutura de Cobertura em madeira. uma liberdade total à colocação
Templo Toshodai–ji, Nara - Japão; 768
de portas e janelas e à
ampliação do piso térreo em
todas as direções.
30. Extremo Oriente: China e Japão
Arquitetura: Casas de Madeira e Ornamentos Externos
Os edifícios chineses em madeira destacam-se por sua franqueza Templo Foguang.
estrutural e pela estreita ligação entre os ornamentos e a Shanxi - China; 857
estrutura. Em geral, os ornamentos têm igualmente uma função
estrutural.
A pintura, por exemplo, aplica-se aos elementos estruturais do
edifício, para proteger a madeira da umidade, mas ao mesmo
tempo tem funções decorativas.
31. Extremo Oriente: China e Japão
Arquitetura: Casas de Madeira e Ornamentos Externos
O exterior de uma sala
pode dividir-se em 4 partes,
nas quais se utilizam
diversos tipos de
ornamentação:
- a cobertura com uma aba
saliente para proteger o
edifício da chuva;
- os cachorros pintados,
que têm função estrutural e
ornamental;
- o edifício propriamente
dito, com colunas, parede,
portas e janelas pintadas;
- e a plataforma ou terraço
em que se assenta o
edifício, para proteger a
madeira da umidade.
Em todos os períodos
dinásticos foram criadas leis
suntuárias específicas que
ditavam a escala, a forma e
os ornamentos dos
edifícios.
Altar de Kasuga. Nara - Japão; 768
Colunas vermelhas e plataforma
32. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Palácio Imperial de Katsura (Kioto - 1590)
A maior parte das construções
era feita em madeira, material
de pouca durabilidade. Além
disso, tanto chineses quanto
japoneses nunca tiveram
grande apego ao luxo e a
pompa, característica dos
impérios ocidentais que
legaram palácios suntuosos.
Embora, fizessem também
construções em pedra e tijolos,
a madeira é o principal
material da arquitetura
chinesa.
Outra característica da
arquitetura chinesa e japonesa
é uma série de regras (escritas
ou não) que determinam
aspectos importantes do
projeto de uma casa ou de
uma cidade. Essas leis não
determinam apenas as relações
sociais e políticas envolvidas,
mas principalmente se
amparam em uma filiosofia de
harmonia com a natureza
chamada Feng-shui.
Salão de chá da casa Shokintei - O Feng-shui estabelece as
Palácio Imperial - Japão, Kioto: 1590 condições propícias para a
orientação do edifício, o
espaço, a cor, etc.
33. Extremo Oriente: China e Japão
Japão: Palácio Imperial de Katsura (Kioto - 1590)
Palácio Imperial de Katsura Rikiu. Kioto - Japão;
séc. XVII
35. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
Tanto em casas simples como
nos palácios, há uma mesma
relação entre jardim e
construção.
Enquanto na casa há um rigor
geométrico nas divisões
internas e no padrão das
fachadas; no jardim, o que se
vê é a liberdade das linhas e a
busca do universo.
Ryoan-ji. Kioto - Japão; séc. XII
O jardim seco do Templo de
Ryoan-ji é formado por musgos e
areia. Foi criado em 1150, antes da
construção do templo, em 1450. É
constituído de 15 rochas,
agrupadas em 5, 3 e 2.
É patrimônio mundial da Unesco
desde 1994.
36. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
A dualidade microcosmo/macrocosmo
persiste. O jardim chinês é uma versão
reduzida da visão oriental do mundo.
Montanhas reduzidas a pequenas pedras; rios
e lagos; florestas e oceanos. Não há linhas
retas, todos os acessos são sinuosos, como
que a impedir a passagem dos maus espíritos.
Na China há uma lenda que, quando da
criação do Universo, Deus criou duas forças
opostas, Ying e Yang, para governar o mundo.
Nas casa e jardins chineses essas duas forças
convivem em grande harmonia.
Ryoan-ji. Kioto - Japão; séc. XII
O jardim seco do Templo de Ryoan-ji é formado por
musgos e areia. Foi criado em 1150, antes da
construção do templo, em 1450. É constituído de 15
rochas, agrupadas em 5, 3 e 2.
É patrimônio mundial da Unesco desde 1994.
37. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
Daisen-in. Kioto - Japão; séc. XVI
O jardim seco é formado por cones de seixos, que
representam ilhas em um oceano vazio.
38. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
Daisen-in. Kioto - Japão; séc. XVI
Aqui vemos a alegoria de uma cachoeira de
pedras.
O jardim japonês é para ser apreciado, como uma
pintura, e não para percorrê-lo.
39. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
Yu Yin (sombra dos peixes).
Suzhou - China; 1140.
O Mestre dos Jardins interliga
residências, em uma área de 2,5
acres.
São 10 jardins, que ao longo de sua
existência sofreu reformas e
redesenhos, revelando a riqueza de
seus moradores.
42. Extremo Oriente: China e Japão
O Jardim Oriental
Yu Yin (sombra dos peixes).
Suzhou - China; 1140.
A sombra do jardim sobre a parede
adiciona outra dimensão ao jardim
chinês.
43. Extremo Oriente: China e Japão
Arte e Artesanato
Cântaro. China. Dinastia Ming; séc. XVI.
Porcelana com verniz amarelo e
pigmentação ferrugem (21 cm).
44. Extremo Oriente: China e Japão
Arte e Artesanato
Biwa (bosatsu)). Japão; séc. VIII.
Madeira com incrustações em
madrepérola, âmbar e tartaruga.
45. Extremo Oriente: China e Japão
Arte e Artesanato
Figura sentada de Lo-han. Dinastia Ming, séc. XVI
Estatueta pertencente a um conjunto de 16 ou 18 Lo-hans,
discípulos de Buda.
46. Extremo Oriente: China e Japão
Arte e Artesanato
O grande rei de Monte T’ai.
Caquemono: Dinastia Sung, séc. XIII ou XIV
47. Extremo Oriente: China e Japão
Arte e Artesanato
Amida Buda. Sacerdote Ganjin.
Bronze: Dinastia kamakura (12,45m de altura), séc. XIII Laca pintada: Dinastia Nara (81,7 cm de altura), séc. VIII