A universidade como mecanismo para aumentar a capacidade de inovar nas PMEs
1. A UNIVERSIDADE COMO MECANISMO PARA
AUMENTAR A CAPACIDADE DE INOVAR NAS
PMES
THE UNIVERSITY AS A MECHANISM TO INCREASE THE
CAPACITY TO INNOVATE IN SMES
Ramon Narcizo
Laboratório de Empreendimentos Inovadores (LEI/UFF)
2. A IMPORTÂNCIA DAS PMES PARA A ECONOMIA
BRASILEIRA
Correspondem a 99% das empresas formais, isso
significa 5,7 milhões de empreendimentos.
Geram 20% do produto interno bruto (PIB), cerca
de R$ 700 bilhões.
Empregam cerca de 60% da mão de obra do
país, ou seja, 56,4 milhões de empregos.
Fonte: IBGE (2011)
2
3. CARACTERÍSTICAS TRADICIONAIS DAS PMES
Especificidades Especificidades
Especificidades Individuais
Organizacionais Decisionais
Pobreza de recursos.
Gestão centralizadora. Onipotência do
Situação extra- proprietário/dirigente.
Tomada de decisão
organizacional Identidade entre pessoa
intuitiva.
incontrolável. física e jurídica.
Horizonte temporal de
Baixa maturidade Dependência perante
curto prazo.
organizacional. certos funcionários.
Inexistência de dados
Fraqueza das partes no Influência pessoal do
quantitativos.
mercado. proprietário/dirigente.
Alto grau de autonomia
Estrutura simples e leve. Simbiose entre
decisória.
Ausência de patrimônio social e
Racionalidade
planejamento. pessoal.
econômica, política e
Fraca especialização. Propriedade dos capitais.
familiar.
Estratégia intuitiva. Propensão a riscos
Sistema de informações calculados.
simples. 3
Fonte: Leone (2009)
4. A CAPACIDADEDE INOVAR COMO
FERRAMENTA COMPETITIVA PARA AS MPES
As inovações “podem ter um efeito significativo
sobre a posição da empresa no mercado, e são
provavelmente os principais determinantes da sua
competitividade em longo prazo” (GEROSKI et al.,
1997, p. 34).
4
5. MAS A INOVAÇÃO NAS PMES FOI TRADICIONALMENTE
ENCARADA PELA ACADEMIA DE FORMA...
I. Essencialmente descartada ou negligenciada, baseando-
se na questionável premissa de que MPEs não inovam –
seja por escolha, por restrições de mercado (e
competitividade) ou por simples incompetência e limitações
intrinsecamente inerentes a essas organizações.
II. De forma indireta e escassa, abordando-a na mesma
perspectiva adotada para grandes organizações, porém de
forma reducionista e limitada.
Fontes: Avermaete et al., 2004; Laforet, 2009;
Forsman, 2011; Som et al., 2011.
5
6. NO ENTANTO,
UM NOVO PARADIGMA TEM SURGIDO...
“[...] gestores interessados em promover o
desempenho inovador de suas empresas devem
saber que praticar ou não P&D não é a única
decisão relevante a ser tomada. Eles podem tomar
outras ações que podem produzir resultados
favoráveis. Isso é especialmente importante para
os gestores de empresas que têm dificuldade em
realizar atividades de P&D.”
Barges-Gil (2011, p. 24)
6
7. UM CASO DE SUCESSO: A ATUAÇÃO DO LABORATÓRIO DE
EMPREENDIMENTOS INOVADORES NA BACIA DE CAMPOS (RJ)
O Laboratório de Empreendimentos Inovadores
(LEI):
É um laboratório multidisciplinar de pesquisa em
engenharia da Universidade Federal Fluminense
(UFF), instalado desde abril de 2009 no interior do Estado do
Rio de Janeiro.
Atua como escritório de projetos e como uma unidade
avançada da incubadora de empresas da UFF.
Busca criar uma sinergia entre universidade, os governos
locais e a indústria de exploração e produção de petróleo e
gás natural na região da Bacia de Campos. 7
8. UM CASO DE SUCESSO: A ATUAÇÃO DO LABORATÓRIO DE
EMPREENDIMENTOS INOVADORES NA BACIA DE CAMPOS (RJ)
A região da Bacia de Campos (RJ):
Composta pelos municípios Arraial do Cabo, Cabo Frio, Armação
dos Búzios, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé, Carapebus,
Quissamã, Campos dos Goytacazes e São João da Barra.
Em 2010 a região foi responsável por 85% da produção nacional de
petróleo e 49,7% da produção nacional de gás natural (ANP, 2011).
Possui mais de 1.500 PMEs atuando direta ou indiretamente na
cadeia produtiva de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás
natural.
Enfrenta uma nova era de desafios de inovação e tecnologia no
cenário da E&P na região da camada Pré-Sal.
Apesar da importância econômica para o estado (e o Brasil), não
possui tradição de pesquisa ou de cooperação com universidades
8
e centros de produção de conhecimento.
9. A ABORDAGEM DO LEI SOBRE A CAPACIDADE
DE INOVAR:
“Constitui um conjunto de habilidades
organizacionais que propiciam a
sustentada transformação de
conhecimentos e ideias em novas
iniciativas de criação de valor para
o benefício da empresa e suas partes
interessadas.”
9
10. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Desdobrados
em
DIMENSÕES PARÂMETROS VARIÁVEIS
Explicitadas
na forma de
Mediados por HABILIDADES DE INOVAÇÃO
10
11. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Princípios ou fundamentos que servem como
bases conceituais para a compreensão da
capacidade de inovar:
Desdobrados
em
•Aprendizagem
•Cultura
DIMENSÕES PARÂMETROS
•Estratégia VARIÁVEIS
•Estrutura
•Finanças
•Liderança
•Mercado
•Pessoas
•Processos
•Relacionamentos
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12. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Desdobramento de uma
dimensão na forma de
DIMENSÕES PARÂMETROS VARIÁVEIS
requisitos ou características
necessárias à capacidade
Explicitadas de inovação numa dada
na forma de dimensão.
12
13. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Desdobrados
em
Desdobramentos finais dos parâmetros, na
forma de características de interesse
DIMENSÕES PARÂMETROS VARIÁVEIS
individuais e suficientemente explicitadas, de
forma que sejam passíveis de medição e
Explicitadas
avaliação.
na forma de
13
14. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Mediadores que orientam a customização do modelo à realidade e ao
contexto das PMEs estudadas.
Desdobrados
em
•Cultura de tomada e gestão de riscos.
•Organização que aprende.
DIMENSÕES PARÂMETROS VARIÁVEIS
•Empowerment e Empreendedorismo.
•Conhecimento sobre o mercado.
Explicitadas
•Planejamento e desenvolvimento do negócio.
•Integraçãoforma de
na e comunicação aberta.
Mediados por HABILIDADES DE INOVAÇÃO
14
15. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
Desdobrados
em
DIMENSÕES PARÂMETROS VARIÁVEIS
Explicitadas
na forma de
Mediados por HABILIDADES DE INOVAÇÃO
15
16. O MODELO PROPOSTO PELO LEI PARA A
CAPACIDADE DE INOVAR
O modelo é, simultaneamente:
Uma proposta teórica para a sistematização do
conhecimento.
Uma metodologia prática para a mensuração da
capacidade de inovar das PMEs.
Uma nova forma de fomento e desenvolvimento da
inovação, onde a centralidade e importância da P&D como
ferramentas para o processo inovativo são significativamente
minimizadas.
Um primeiro passo fundamental prévio à implantação do
processo de gestão da inovação em qualquer tipo de 16
organização, independentemente do seu porte ou setor.
17. APLICAÇÕES PRÁTICAS DO MODELO NA REGIÃO DA BACIA
DE CAMPOS: ALGUNS RESULTADOS ATÉ O MOMENTO
Atuando há três anos na região, o LEI já:
Captou cerca de R$ 10 milhões, junto aos órgão de fomento,
em projetos de inovação, desenvolvimento tecnológico e
pesquisa conjuntos entre academia-indústria-governo.
Executou diversos projetos de capacitação, pesquisa,
ensino e extensão, envolvendo alunos de graduação, pós-
graduação e empresariado local.
Promoveu aproximações, parcerias e cooperações com o
poder público, especialmente nos municípios de Rio das
Ostras, Macaé e Cabo Frio.
Tem sido o principal articular de iniciativas conjuntas para a 17
implantação de um parque tecnológico na região.
18. CONCLUSÕES
A universidade é cada vez mais um ator central para
as inovações na sociedade do conhecimento,
substituindo a empresa como a principal fonte para o
desenvolvimento econômico e social.
A Universidade Empreendedora deve englobar, além
da pesquisa e do ensino, a missão do desenvolvimento
econômico.
A interação entre universidade-indústria-governo é a
fonte de origem para o desenvolvimento de movimentos
de incubadoras, centros de pesquisa
18
interdisciplinares e parques tecnológicos.
19. REFERÊNCIAS
ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Anuário Estatístico
Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Rio de Janeiro: ANP, 2010.
AVERMAETE, T.; VIAENE, J.; MORGAN, E. J. et al. Determinants of product and process
innovation in small food manufacturing firms. Trends in Food Science & Technology, v. 15, n.
10, p. 474–483, 2004.
BARGES-GIL, A.; NIETO, M. J.; SANTAMARÍA, L. Hidden innovators: the role of non-R&D
activities. Technology Analysis & Strategic Management, v. 23, n. 4, p. 415–432, 2011.
FORSMAN, H. Innovation capacity and innovation development in small enterprises. A
comparison between the manufacturing and service sectors. Research Policy, 2011.
GEROSKI, P. A.; VAN REENEN, J.; WALTERS, C. F. How persistently do firms innovate?
Research Policy, v. 26, n. 1, p. 33–48, 1997.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2011. IBGE:: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em:
15/04/2012.
LAFORET, S. Effects of size, market and strategic orientation on innovation in non-high-tech
manufacturing SMEs. European Journal of Marketing, v. 43, n. 1/2, p. 188–212, 2009.
LEONE, N. M. C. P. G. As especificidades das pequenas e médias empresas. Revista de
Administração. v. 34, n 2, p. 91-94, 1999.
SOM, O.; DREHER, C.; MALOCA, S. Innovation patterns of non-R&D performing firms in the
German manufacturing industry. An evolutionary approach to heterogeneity in firms’ innovation
strategy. 13th Conference of the International Schumpeter Society. v. 1, p.52, 2011.
Universidade de Aalborg, Dinamarca. 19