1. O Brasil tornou-se independente de Portugal entre 1808 e 1822, em um longo e complexo processo que durou cerca de 3 décadas.
2. A proclamação formal da independência em 1822 manteve a monarquia e a unidade territorial do Brasil, preservando os interesses da elite local.
3. A independência brasileira envolveu uma guerra de 21 meses contra forças portuguesas e contou com divisões regionais no Brasil.
A independência brasileira: um longo processo de 3 décadas
1. 1
1
A vinda da família real e a
independência
Amaury Gremaud
Formação Econômica e Social do Brasil I
2. Independência:
uma historia de 3 décadas
1808 – abertura dos Portos
1815 – elevação à reino Unido
1817 – coroação d. João VI
1822 – proclamação da Independência
1824 – outorga da Constituição
1831 – renuncia de D. Pedro I
1840 – coroação de D. Pedro II
Longo e cumulativo processo
2
4. Independência da América
um assunto incestuoso
Brasil e América: +/- 300 anos de
colonização
Enraizamento, miscigenação e persistência
colonial diferente das colonizações da África-
Ásia no XX
Independência diferente
Sempre saída/expulsão de alguém
mas de quem contra quem?
Africa/Asia – expulsão dos outros:
“colonizadores brancos”
América: colono expulsando colonizador
4
5. A crise do Antigo Regime e do
Antigo Sistema Colonia
Independência dentro da
Passagem do capitalismo mercantil para o industrial
Crise do Absolutismo e da política mercantilista
Revolução Industrial – Inglaterra tem consequências importantes:
impõe fim das relações coloniais e dos exclusivismo – ampliação
dos mercados
GB: dois grupos em disputa:
Exportadores de têxteis laníferos (associados importadores de
vinhos) interesse em manter regime
Exportadores de têxteis de algodão – ligação com o Brasil (Ne) -
interesse no livre comércio
Adam Smith – critica mercantilismo –defesa do livre comércio
Revoluções: questionam o poder absoluto e a importância política
da nobreza
- constitucionalistas e republicanas
Portugal e Espanha
Situação marginal e persistência dos sistemas tradicionais
5
6. América portuguesa: até 1808 mantida isolada
Analfabeta, controlada (diferente dos EUA):
Proibição de manufaturas incluía a indústria gráfica e a
publicação de jornais
Circulação de livros submetida a três instancias de censura
Direito à reunião era vigiado
Educação limitada aos níveis mais básicos e para pequena
parcela da população
Idéias revolucionárias chegam ao Brasil
geralmente de forma clandestina
Publicações contrabandeadas
Reuniões de sociedades secretas (maçonaria)
Ou na bagagem da elite que fora estudar na Europa
Esta por trás de movimentos rebeldes
A Colônia e as novas ideias
7. A face interna da crise do sistema
colonial
Movimento nativista dentro da colônia cresce,
especialmente depois do reforço das regras
metropolitanas
Contrabando
Revolta de Beckman no Maranhão; mascates em
Pernambuco e rebeliões em Minas Gerais
Oposição à regras como
Exclusivismos e monopólios
Disputa entre produtores e comerciantes oficiais
Proibições de atividades
Problemas com funcionários
Interferências nas determinações internas
(camaras)
7
8. Liberalismo até onde ?
Portugal:
imposição de
limites ao poder
real - regras
constitucionais
Fim de
monopólios e
exclusivismo,
mas
Brasil: fim de
monopólios e do
exclusivismo
metropolitiano
liberalismo
= abolição
da
escravidão
?
Liberalismo
=
democracia
?
8
9. Brasil e suas particularidades
1807 – invasão das tropas napoleônicas de Junot
(3 invasões – resistência portuguesa e inglesa)
Vinda da família real: experiência única
Idéia Antiga: 1580 / 1640 / 1755
Comitiva de D. João VI: 15.000 pessoas
Esquadra inglesa: vários anos na Guanabara
Mudanças importantes:
1) Abertura dos Portos às nações amigas
Motivações ideológicas (Visconde de cairu) ou questão pragmática
2) Instalação de uma máquina administrativa
Imprensa Regia
Banco do Brasil – emissão de notas (lastro joias da Coroa)
3) Liberdade de fundação de fábricas
4) Tratados de comércio com a Inglaterra 9
10. 10
Tratados de 1810
Consequências duradouras para o Brasil:
15% para os produtos ingleses
16% para produtos portugueses
24 % para outros
Rápido aumento das importações inglesas
Já antes do acordo – único fornecedor
Fim do surto manufatureiro que ocorria a partir de 1808
Sem reciprocidade
Açúcar e café brasileiros são discriminados em favor da
produção das colônias inglesas
Favorecimentos anteriores: vinhos, azeites, algodão e
paus de tinturaria
Grandes déficits na Balança Comercial
11. 11
Outros Pontos do Acordo
1) Autorização para comprar e cortar madeira de construção
2) Navios de guerra poderiam entrar nos portos
3) Não à Inquisição
4) Portugal: monopólio na venda de marfim, madeira tintorial,
urzela, diamantes, ouro em pó, pólvora e tabaco
manufatureiro
5) Porto de Santa Catarina como porto franco
6) Abolição gradual do tráfico de escravos e limites para o
tráfico nas costas da África
Portugal recebia tratamento “platônico” de nação
mais favorecida, mas Inglaterra recebia vantagens
concretas
Necessidade de equilibrar autonomia e apoio militar e
político
Afeta Brasil e depois Brasil terá o mesmo problema -
preço do reconhecimento da independência em 1825 foi o
mesmo
12. 12
Tratados de 1810
1818: Governo português altera alguns termos:
Imposto de Importação de mercadorias portuguesas: de
16% para 15%
Manufaturas portuguesas: 10%
1826: 15% para os produtos franceses
1828: Demais nações
Dois efeitos econômicos mais importantes:
Barateamento inicial do custo de vida
Déficit comercial
Liberalismo inapropriado (?)
Nações hegemônicas – nem sempre apregoam aquilo que
praticaram
Smith: o que se deve fazer, ou o que se fez ?
Não recomendação aos norte-americanos
13. EUA e A. Hamilton: protegem sua industria desde 1816
Contrariamente ao que pregavam e
recomendavam os teóricos liberais como A.
Smith que viam o país fadado a depender da
agricultura como a Polônia
“Se os americanos, seja mediante boicote, seja por
meio de qualquer outro tipo de violência,
suspenderem a importação de manufaturas
européias e, assim, concederem um monopólio
aos seus compatriotas capazes de fabricar os
mesmos bens, desviando uma parcela considerável
do capital para esse fim, estarão retardando o
futuro crescimento do valor de seu produto anual,
em vez de acelerá-lo, e estarão obstruindo o
progresso do país rumo à riqueza e à grandeza
verdadeira, em vez de promovê-lo”
Adam Smith, A
Riqueza das
Nações, 1776
14. Nem tudo no acordo vai para frente
Questão do tráfico
Tratados de 1810, 1825, 1830
Apesar de alguma apoio interno anti-escravista (sul
– antes do café)
José Bonifácio:
efeito econômicos perversos da escravidão: baixo
dinamismo tecnológico e baixo efeito multiplicador de
economia escrava
Risco de convulsão social
racismo
forças internas resistem durante 40 anos
Não consenso na Inglaterra
demandantes de matéria prima (algodão) e wage goods
(café e açúcar)
Investidores no tráfico
Não claro entre economistas liberais 14
15. Maioria no Brasil defendia a manutenção do
“Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve”
criado por D. João em 16.12.1815
Defendia nova posição brasileira
S.B. Holanda:
Independência foi resultado de uma guerra civil entre
os portugueses desencadeada pela Revolução Liberal
do Porto de 1820 e do ressentimento de alguns
setores metropolitanos em relação vantagens obtidas
pela colônia nos anos anteriores
Pedido de volta de D. João VI e Pedro
Volta da condição colonial
Durante a Revolução do Porto e a reunião das Cortes
– alguns setores metropolitanas defenderam a volta
do Brasil ao status de colônia
Conflitos internos em Portugal
16. Independência de quem?
Maxwell: Brasil se tornou independente de 1808 e 22
“Proclamação da Independência” é manutenção da
independência
1820: Portugal (Cortes) proclamam a independência (em relação ao
Brasil ?)
Teria ocorrido movimento de independência sem passo das cortes
portuguesas ?
Brasil não precisa de Portugal: O que esta em jogo é:
Estabilidade
Monarquia
Integridade territorial
Brasil pleitearia a independência contra a monarquia; iríamos para uma
república ?
Até onde movimentos republicanos são representativos ?
Existem posições regionais diferentes
O Problema dinástico e a figura de D. Pedro I
Independência: golpe dinástico
16
17. Presença institucional desde 1808:
Unificação inicial de uma colônia desunida
S. B. Holanda: Sentimento de medo fez com que
elite colonial nas diferentes províncias se mantivesse
unida em torno da coroa, em torno de D. Pedro
Riscos do processo de ruptura grandes: guerra civil, guerra
étnica- sentimento de medo (Haiti)
Maxwell:Solução republicana arriscada para elite
Predisposição a republica mais forte em Portugal que no
Brasil
Brasil: elite liberdade sim, mas não se pode exagerar na
igualdade
Elites preservam seus interesses e acabam por
constituir uma país singular na América (uma flor
exótica na América: um Império unificado)
A unificação e a independencia
18. Independência – vai além de um negociata entre pai e
filho
Houve uma Guerra da Independência – longa (21
meses) e desgastante
Bahia 16.000 brasileiros x 5.000 portugueses (mais que
América Espanhola)
Exercito e Marinha brasileiros eram fracos/inferiores, recorre-
se a mercenários
Estima-se 2/3 mil vitimas
Batalha de Jenipapo (Campo Maior - Pi)
Maior batalha da independência (13.3.1823) – fortes perdas
brasileiras
Duas frentes:
Sul – resistência na Cisplatina, vencida em 18.11.23 por
Frederic Lecor – Barão de Laguna)
N/Ne : Cochrane e Marinha acabam por expulsar portugueses
Divisões nas regiões
Pa, Ma – aderem às corte portuguesas
Ce, RN e Pe – hesitam mas aderem a D. Pedro
Ba – posição estratégica – usado por Portugal como pólo de resistência
A Guerra da Independência
19. Alexander Thomas Cochrane
Fundador e primeiro almirante da Marinha de Guerra
brasileira
Participa da Guerra de independência e expulsa tropas
portuguesas do Norte e Nordeste
Mas
saqueia os habitantes de São Luiz do Maranhão
Rouba um navio brasileiro
Acreditava que merecia mais $ que D. Pedro fosse pagá-lo
Na verdade era um mercenário
Escocês, foi combatente de Napoleão e depois
deputado no Parlamento inglês
Problemas na Bolsa de Londres – foge e se vende para
independência brasileira, peruana, chilena e grega
Lorde Cochrane – herói maldito
20. Independência sem rompimento com a ordem
social vigente
Abolição da escravidão impraticável pelo menos a
curto prazo
País foi edificado de cima para baixo
Pequena elite imperial conduz processo ao longo do
XIX de modo a evitar que a ampliação da
participação política resultasse em caos e em
rupturas temáticas
Não era a única independência possível
Nem todos ficaram satisfeitos
Debates internos e revoltas não devem ser
subestimadas
Independência: saída conservadora
21. Brasil: de herói a
vilão
Herói - D. Pedro I
independência
brasileira
Vilão
Autoritarismo
Pensamento em
Portugal
Portugal: de vilão
a herói
Vilão
Independência
brasileira
Herói – D Pedro IV
Liberalismo
(constituição
liberal)
Luta contra
despotismo do
irmão
D Pedro: Portugal e Brasil
22. Nasce no Palácio de Queluz – 12.10.1798
Herdeiro da Coroa portuguesa, deixado no Rio
de Janeiro com 22 anos para governar o Brasil
Inicialmente assustado, acaba aceitando o
projeto de independência e aglutina em seu
entorno interesses antes dispersos
Jovem príncipe romântico e aventureiro – herói
marcial, sem vacilações ou defeitos
X
Inculto, mulherengo, boêmio e arbitrário
D Pedro I: de herói a vilão (1)
23. Cavalgadas (Ouro Preto e São Paulo) o ajudaram a
ter a lealdade do centro sul passa a ter a mítica do
herói da independência
Um ano depois já inicio dos problemas que o levam
a abdicação (07.04.31):
Escândalos da vida privada em um país moralista, católico e
conservador
Marquesa de Santos x Imperatriz Leopoldina
Oscilações entre interesses portugueses e nacionais
Aceitação da indenização para o reconhecimento
Custo alto demais
Discussões em torno do Trono português
Longa guerra com Argentina pela Província de Cisplatina
Custo e derrota (1828)
Instabilidade Política do reino
D Pedro I: de herói a vilão (3)
24. Instabilidade as vezes atribuída ao gênio
impulsivo e autoritário de D. Pedro I -
mina apoio inicial
Dissolução da Constituinte de 1823
Censura à imprensa
perseguição aos jornalistas, maçons e
adversários políticos
Cruel tratamento ao revoltosos da
Confederação do Equador
Em 9 anos foram 11 gabinetes (45
ministros)
Oposição crescente
D Pedro I: de herói a vilão (3)
25. Desde 1822 – D. Pedro situação dúbia
Imperador do Brasil e herdeiro do trono português
Com a morte de D. João VI (20.3.26)- vira rei de
Portugal como D Pedro IV (29º)
Aceita o trono em 26.04.26
Abdica do trono em nome de sua filha Maria da Gloria em
(2.5.26)
No período outorga uma nova constituição para Portugal
(constituição liberal)
Passa a ser avalista da sorte da filha em Portugal
Pelo menos até que esta fosse maior de idade
Problemas com D Miguel seu irmão que toma o trono da sobrinha
Depois da abdicação – trava batalha em Portugal em nome da filha
D Pedro
equilibrista entre Portugal e o Brasil
Restos mortais divididos (Petrópolis e Porto)
D Pedro I e os interesses em Portugal
26. Existem divergências sobre a forma de
organizar o país pós independência - o mais
grave dos confronto com o poder central
ocorreu em Pernambuco (com adesão de
outras províncias) – Confederação do
Equador
Conseqüência da dissolução da Constituinte
Confirma visão autoritária de D. Pedro
Pernambuco – já tinha muitas desconfianças com relação
ao autoritarismo do Imperador
Posições federalistas eram marcantes:autonomia das
províncias que se organizam numa federação
Posições se chocavam com as de Bonifácio p.ex.
A Confederação do Equador
27. Quando noticia chega em Pernambuco o Grande conselho
(colégio eleitoral formado por fazendeiros, comerciantes,
padres e intelectuais) se reúne na catedral de Olinda e
substitui governo local (Junta dos Matutos) por outra
assembléia presidida por Manuel de Carvalho Paes de
Andrade,
Conflita com D Pedro que nomeara Francisco Paes Barreto
(futuro Marques de Recife)
Rebelião oficialmente se inicia em 2.7.24 – Paes de
Andrade convoca províncias do Norte para formarem um
país como os EUA
Da margem esquerda do S Francisco (Alagoas) até o Maranhão
Reação de D Pedro rápida e devastadora
Tropas por Mar (Cochrane) e terra (Caxias – pai)
12.9.24 – capital é tomada, Pernambuco perde 60% do
território para a Bahia
Paes de Andrade se refugia em fragata inglesa
Frei Caneca (vira o símbolo da revolução) e outros fogem pelo interior –
interceptados e fuzilados
A Confederação do Equador
28. Consolidação
Afastamento de questões Portuguesas
1831
Centralização e fim das questões
separatistas regionais
1840
Monarquia, centralizadora
Pais unitário
Escravidão
29