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O fémur Português
Autor(es): Tamagnini, Eusébio; Campos, Daniel Saraiva Vieira de
Publicado por: Universidade de Coimbra. Instituto de Antropologia
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/35166
Accessed : 23-Mar-2021 11:52:11
digitalis.uc.pt
impactum.uc.pt
o femur portuques {
Dur ante a fase de desenvolvimento dos estudos antropol6gicos
o cr anio ocupou qu asi pOl' completo a actividade dos estudiosos, que
nele faziam numerosas rnedic oes, muitas das quais actualmente se
consideram de fraca importanci a scientifica. As atencces for am-s e
porern voltando pouco a pouco para as outras partes do esqueleto,
e, sem que 0 estudo do cra nio tenha perdido a primitiva importan-
cia, e-se hoje de opiniao que os outros ossos nao devern ser abando-
nudos, e podem fornecer indicacoes preciosas.
o estudo dos ossos longos tem sido objec to de trabalhos de valor,
a que andam ligados os nom es de B ROCA, TOP INARD , MANOUVRIER, e
outros. 0 estabel ecimento de for mulas mais ou me nos exac tas para
a reconstrucao da estatura a partir do comprimento dos ossos lon-
gos, e um dos res ultados desses estudos (MANOUVRIER, Mem. de la
S oc. d'Autli. de Paris, tom. IV) . 0 femur e, dos ossos longos, 0
que da resultados mais precisos, e e tambern dos ossos que mais
facilmente se foss iIizam.
Um dos pontos sabre que versa 0 nosso trabalho e0 estudo dos
caractere s sexuais do femur, e como no Instituto de AntropoIogia de
Coimbra aind a nao ha uma numerosa coleccao de esqueletos autenti-
cos, estudarnos pr eviarnente a coleccao FERRAZ DE MACEDO, 'da FacuI-
dade de Sciencias de Lisbon, que se compce de perto de 140 esque-
Ietos completos e autenticos, em mui to born estado de 'conservaiYuo,
1 0 presente tr ab alho foi elabo rado com os eleme nto s qu e 0 meu antigo
discipulo DANIEL VIEIRA DE CAMPOS coli giu durante os seus estudos e trabalhos
praticos no Institute de Antropologia da Universidade de Coimbra. 0 cal culo
dos val ores med ics, variab ilidades, erros provaveis e percentagens dos diferentes
car act eres estudados sao de suainreira responsabi lidade.
o meu assis tente dr, J. G. DE BARROS E CUNHA co nferiu e corrigiu OS valo-
res corres pondenres aos fernu res ing leses de Ro thwell, estudados por PARSON
S.
Nesta rei mpressao os va lores pub licados dos coeficientes da correlacao dos
var ios cara ct er es es tudados sao os val ores corrigidos a qu e se refere a Nota-
-errata publicada no vol. v, pag, 280-344 da R evista da Universidade de Coimbra,
, tendo sido 0 text o, por isso, posr o de harmoni a com esses valores, - DR. Euse-
BIO T AM
AGNINI.
6 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
enos forneceu os dados indispen saveis para a deterrninacao do sexo
dos fernures da coleccao de Coimbra, composta na sua grande parte
de ossos provenientes da Se Catedral e da igreja de S. Joao. No
nos so estudo guiarno-nos pela memoria do sr. PARSONS, professor
de Anatomi a na Universidade de Londres, sabre 0 fem ur ingles de
Rothwell. (PARSONS, The Characters of the Englisli Thigh-Bone
-Jounzal of Anatomy and Phy siology , third series, vol. IX, 19'4,
pag. 238).
As seri es sabre que efectua rnos as medidas sao sensivelmente
superiores as de PARSONS . Calcula rnos 0 desvio padrao e OS erros
provaveis de todos os caracteres, para podermos apreciar a impor-
tancia de certas e determinadas diferencas entre as medias.
I
Medidas efectuadas e tecnica seguida
Em tod as as medidas adoptarnos como unidade de comprimento
o milirnetro, e de angulo 0 grau .
Conformando-nos com as indicacoes do Congresso antropologico
de Monaco, passamos a descrever os caracteres que estudarnos e a
tecnica seguida:
1.0 Comprimento obliquo (ou em posicao). - Medida efectuada
na prancha osteometrica, colocando os dois condilos em contacto
com 0 plano fixo vertical.
2 .° Comprimento maximo. - Determina-se tarnbern na prancha
osteornetrica ; e a dist anci a compreendida entre a cabeca do femur
e 0 condilo interno.
3.° Diametro maximo da cabeca. - O btern-se com a craveira,
tendo 0 cu idado de conservar sempre as duas barras paralelas ao
eixo do colo ; a leitura faz-se na posicao em que 0 afastamento
e maior. Em geral esta posicao coincide com 0 plano verti ca l.
4.° Mellor diametro transversal da dia tise. - Com a craveira.
Em geral e no meio do osso que 0 diarnetro e minimo, mas nem
sempre assim sucede. E sta medida e imp ortante porque d.i idea da
robustez do individuo.
5.° Maior didmetro dntero-posterior da didfise. - Esta medida
da idea do desenvolvimento da linha aspera ; muitas vezes e tambern
maxima ao meio do ossa.
6.0
L argura da articulaciio inferior. - Mede-se com a craveira
colocada na posicao da fig. I . Esta medida e importante por con-
tribuir, juntamente com 0 diametro da cabec a, para a deterrninacao
do sexo,
o femur portugues 7
7.0
Platimeria : a) Didmetro dntero-posterior, - Este diarnetro
'e tornado logo abaixo do pequeno trocanter, tendo 0 cuidado de
nao levar as barras da craveira ate abranger a linha asp era. A pre-
senca do terceiro trocanter pode tambern viciar a medida se nao se
tiver cuidado.
Fig. I, - Lar gura da arrlculacfio inferior, Posicfio da craveira e do 0 55 0
b) Diiimetro transversal. - Tornado exactamente na mesma
altura que 0 anterior, por meio da craveira.
c) indice. - Este indice obtem-se multiplicando por . 10 0 0
diametro antero- posterior e dividindo 0 resultado pelo diametro
transversal:
, I" diarnetro antero-posterior X 100
Indice de p atimerra = .
diametro transversal
Quanto menor e 0 indice, tanto mais achatado e 0 femur na direc-
~ao antero-posterior.
8.° Curvatura a) Flecha maxima. - Como 0 nome indica, e a
maior altura da curva femural quando 0 osso assenta no plano hori-
zontal. Urna maneira facil de tamar esta medida e a seguinte: sabre
uma mesa colocam-se dois calces de madeira, da mesma espessura,
e assentam-se neles a prancha osteornetrica onde se ajusta 0 femur
de modo que 0 eixo do corpo do osso corra paralelo ao bordo da
prancha. Introduz-se a barra fixa da craveira no vao que fica entre
a prancha e a mesa, aplicando-a estreitamente de encontro aprancha
de modo que a aste graduada seja perpendicular ao plano em que
8 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
assenta 0 osso. Mante ndo a craveira nesta orientacao, apoia-se a
su a barra movel na face anterior can vexa do carpo do femur, e por
tenta tivas, correndo 0 ins trume nto par a urn e para 0 out ro lado,
deterrnina-se 0 afastamento maximo. Desconta ndo a este valor a
espessura da prancha, ter-se-ha a flecha maxima.
b) indice de curua tura r--: Para uma dada flecha, 0 femur pare-
cera tanto mais curvo quanto mais curto for. A curvatu ra relativa
do osso ava lia-se por meio dum indice, que se obtem multiplicando
por 10 0 a flecha maxima e dividindo 0 pr oduto pelo com primento
oblique do fem ur:
, . flech a maxim a x 100
Indice de curvatura = . bl"
compnrnento 0 Iquo
g.O Angulo de torsdo , - Es ta med ida, que e a mais trab a-
Ihosa, exige, para se efectuar com rigor, urn aparelho urn ta nto
de licado, 0 paralelografo ·(fig. 2).
Tomam-se duas agu lhas finas de aco com cerca de 25cm de
comprido . Por meio duma substan-
cia plastics (cera e terebentina) fixa-se
uma de las a extremida de superi or
do femur, na direccao do eixo supe-
rior do colo i, e prend e-se a outra
a face posterio r dos condilos, nu
direccao da linha que une os pontos
de tangenc ia dessa face com 0 plano
horizontal 2. Feito isto, coloca-se 0
femur 110 osteoforo , projectam-se so -
bre urn pap el, por meio do par a-
lelografo, dois pontos afas tados de
cada uma nas agulhas , e mede-se
. com 0 transferi dor 0 angulo por elas
formado . E es te 0 angulo de torsiio
do femur .
F ig. 2 - 0 paralel6grafo de M ARTIN Deve . haver todo 0 cuidado em
colocar as agulhas na posicao atras
ind icada, porq ue uma rna colocacao influe ma is no valor do angulo
do qu e um erro de projeccao ou de leitura.
Ge ra lmente, quando se coloca 0 femur na posicao normal , a linh a
1 0 eixo superior do colo fica situado no plano qu e, passando pelo centro
da sup erficie articular da cabeca, divide ao meio do co lo, visto de cima.
2 Para determinar es ta segunda di reccao , ima gma-se 0 femur assente na
prancha osteo me trica pela face post erior.
o femur portugues 9

o
o
Fig. 5. - Dcsenho esqu ern.itico cia extremidude
do femur, mostra ndo a posl ciio das linnas que
definem a au gulo do colo
F rg . 3. - Angulo de torcfio, F ernures esqu erdos.
OB, Iinha dos co ndrlos ; OA, eixo superior do
colo (tingulo s positivos); OC, clxo superior do
colo (an gulos negativos)
Fig. 4. - Angu lo de torsfio, Fernurcs dir eit os. As diferen tes
Iiuhas teem a mesma s igni n ca~ao que na figura anterior
qu e passa pel o colo dirige-se para diante (angulo pos itivo), ta nto
nos fernures esq uerdos como nos direitos. Ha no entanto casos em
qu e suc ed e 0 contrario, e }.
o ang ulo considera-se nega-
tivo (fig. 3 e 4).
1O .0 Comprimento do
colo. - Esta medida impor-'
tante e rnuito variavel. De-
ter rnin a-se com a craveira,
ne direccao do eixo do colo,
tornando a distancia que vai
desd e 0 centro da ca beca ate
alinha es piral do fem ur .
1 1 .~ Angulo do colo. - T racam-se a lapis 0 eixo anterior do colo 1
e 0 eixo do corpo do
femur, e mede-se com
o transferidor 0 angulo
obtuso formado pelos
do is eixos (fig. 5).
12 .
0
Obliquidade
d a didfase ,- Esta me -
did a efec tua -se como-
damente numa pran-
cha osteornetrica pro-
o femur com os condilos encostados
vida de goniornetro. Co loca-se
ao plano fixe vertical da
prancha, e ajust a-se 0 pon-
teiro do goniometro de rna-
. neir a que coincida com 0
eixo do corro do femu r.
o numero de graus, a par-
tir de goO, qu e a ponteiro
marcar no tr ansfer idor, ex-
prime a obliquidade do cor -
po do femur, que outra
cous a nao e senao 0 valor
do angulo que a eixo da dia-
fise forma com a ver tical,
quando as superfic ies art i-
cui ar es infer iores dos con-
dilos assentam no plano horizontal.
1 0 eixo an ter ior do co lo do femur e a linha qu e, passando pelo ce ntro da
, supe rlfcie articula r da cabeca do ossa, fica situada no pla no que divide ao meio
a face anterior do co lo.
[0 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
II
Cotec~ao Ferraz de Macedo
Como dissemos, para que se possa, com probabilidades de exito,
determinar 0 sexo dum dado femur, e precise ter calculado os valo-
r es me dics dos seus car acteres numa se rie de ossos autenticos, per-
tencentes a mesma populacao.
Foi por isso qu e, nao esta ndo feito este tr abalho par a os fernures
portugueses, fom os expressame nte a Lisboa estudar a colecc ao FERRAZ
DE M ACEDO, que nos Iorn eceu, aler
n doutras observacfies, dados bas-
tantes seguros par a ,0 tim que se tinha em vist a i.
O s esquelectos desta coleccao, provenientes dos ce rn ite rios de
Lisboa, vao designados nas Tabelas I e II por numeros que supa-
mos se re ferem aos das campas que ocupa ram .
Os valores dos car act ere s dos fernures , dire ito e esquerdo, de
cada indi viduo VaG escritos na mesma linha, para mai s Iacilmente se
poderem comparar.
Nestes fernures nao estudarnos, por falta de tempo, senao : os
car act eres sexuais de 1. a orde m - didmetro da cabeca e largura
da articulacdo inf erior, 0 comprimento obliquo - medida sexual
secundaria, e 0 menor diametro transversal da diafise, qu e da idea
da robustez do ind ividuo.
As medi as e os desvios padr6es, apesar de terem sid o ca lculados
ate a 3.a ou 4. a
decimal, nao vao designado s alern da 2. por ser
desnecess aria maior ap roximacao.
Comprimento obliquo, - Esta me dida e 0 comprimento maximo
variam entre limites muito largos. O btivemos os seguintes valores:
Fem urcs Valor medlo
Desv io pad rfio Valor Valor
corrigido m aximo minima
- ---
mlm m/m m/m mlm
65 ;S d ire ito s . 444-3 1± 1.726 20 64 ± 1.22 495 393
65 3' esquerdos . 445.08 -+- I 84 22.005 + 1.30 494 392
62 ~ direitos . 397.42 ± I f ) 20.96 + 1. 2 7 453 347
6! ~ esquerdos 397·74+ I 79 20 86 j- 1.26 457 354
I E do nosso dever agradecermos nest e lug ar ao ex .mo sr. d ire cto r do
Museu de H ist ori a Na tural da Faculdade de Scienci as de Li sb on, a am abil i-
dade co m que nos atend eu, e a so lic itude co m que p6s it nossa d isposicao todo
o material qu e cons titue a valiostssirna co lecc ao FERRAZ DE MA CE DO. A sua ex ."
pre sta rnos assim 0 preito do nosso profundo reconhecim ento . - DA NIEL VIEIR A
DE CAMPOS.
ofemur portugues II
Ve -se que os femures esq uerdos, tanto maseulinos como femininos,
apresentam uma media um poueo superior embora a diferenca se ja
muito pequena. PARSONS ach a que a media dos esquerdos exeede pOI'
3 m/m a dos di reitos .
Estes resultados nao confirmam as eonclus6es deduzidas pelo
Sf. ABILIO DA SILVA BARREIROS numa memoria sabre A lei da asime-
tri a que existe l lO S membros do homem, onde afirrna que, em geral,
os ossos direitos exeedem pelos seus earaeteres osteornetricos os
ossos esquerdos respeetivos. 0 trabalho em questao enferma de
deteitos graves, nao so porque 0 autor nao op erou sobre ossos de
sexo de terrninado, como tambern porque fez muito poueas observa-
cces. Ju sto e dizer pore rn que , na nota a pag. 35 da memoria
eitada, 0 autor reeonheee serem as suas afirmacoes urn poueo ousa-
das , principalmente no que se refere ao femur.
Didmetro da cabeca. - It esta a medida mais importante debaixo
do ponto de vista sexual. Obtivemos os seguintes valores:
Femurcs Valor medi c
Dcsvio padrfio Va lo r Valor
corrigido maximo minimo
- - - --
m/m m/m m/m m/m
65 J dire itos . 46.08 ± 0.19 2.23 ±0.13 52 42
65 6' esquerdos 46.03 + 0.19 2.31+ 0.14 52 4'1.
62 'i' direi tos . 39·97 + 0.17 2.04±0 .1 2 44 35
62 'i' esquerd os . 31).87 ± o.17 1.97 ± 0.12 43 35
Como se ve os limites de var iac ao, dentro de eada sexo, sao
peq uenos, e ha uma grande concordancia entre os fernures di reitos
e as esquerdos de eada sexo.
Nenhurn femur maseulino apresentou menos de 4 2m/m, nem nenhum
femur fem inino ma is de 44m/m, para diametro de cabeca.
Menor didmetro transversal da diafise. - E ste diarnetro e, ate
eerto ponto, uma medida se xual secundaria. E m geral, os fernures
masculines, que 'sao rnais robustos, apresentarn urn valor maior.
O btivernos os seguintes valores :
Valo r medi c
Dcsvi o padriio Va lo r Valor
F cmures
corrigido maxim o minima
- - - -
m/m m/m m/m m/m
65 6 direitos . 26.12 ± 0. 15 1.96 ± 0.12 30 22
65 J esquerdos :&37 ± o.16 1.93 + 0.11 30 22
62 'i' direitos . 23.55 + 0.1.1- 1.76 + 0. 11 28 20
62 'i' esqu erdos 23.80+0.1<1 1.80 + 0. 11 28 20
12 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Neste caracter nota-se um ligeiro aumento a favor dos fernures
esquerdos. Os lim ites de vari acao sao muito peq uenos , e os desvios
padr6es, por isso me smo, teem tarnbern pequeno valor.
Largura da articulacdo inferior. - Medida muito importante na
distincao do sexo, nao s6 quando falta 0 diarn etro da cabeca, mas
tambern quando 0 valor deste caracter esta compreendido entre limi-
tes du vidosos.
O s valores que obtivemos, de harmoni a com a tecnica indicada,
sao os seguintes:
Desvio padriio I Valor
I
Valor
Fc rnures Valo r rnedio
cor rigido maximo minirno
m/m m/m m/m m/m
65 ~ direitos .. 75.02 + 0.3 1 3'70 + 022 87 68
65 (3' esq ue rdos . 1 75-46 + 0.33 3.94 + 0.23 88 67
62 ~ di ire ilOs "' 1 6 ).03 + 0.28 3.26 ± 0.20 70 57
62 ~ esquerdos . 64.95 + 0.28 3.21 + 0.19 7 1 57
Hauma ligeira diferenca a favor dos fernures direitos.
Nao ha nenhum femur masculino com menos de 6i "/IlI
, nem
nenhum feminino com mais de 7101/11I. Como se ve, os limites que
separ am os casos duvidosos sao urn pouco m ais afastados do que os
relativos ao diarnetro da cabeca.
Disiincdo do sexo, - Pereorrendo as Tabelas I e II nota-se qu e
todos os fernures masculines eujo dia rnetro da cabeca est a compreen-
did o entre 42111/111 e 4411I/01 (3. exce pcfio de dois) teem a largura da arti-
culacao inferior maior que 7 1Ill/III.
Por sua vez os fernuros femin inos cujo diametro da cabcca esta
eompreendido entre os mesmos limites, teem a largura da artieula-
c;ao inferior sempr e menor que 71111/1ll.
Podemos pois eoncluir que sao mascul ines os fernures que teem:
a) 0 diam etro da cabeca maior do que 44"'/"' e a largura da arti-
culac ao inferior mnior que 7 1111/01.
b) 0 diametro da cabeca com preendido entre 4 2111;111 e 4401/01 (sern-
pr e acima de 4 101/11l) e simultunearnente a largura da ar ticulacao infe-
rior maior que 7 1Ill/Ill ;
c) A Iargura da articul acfio inferior compreend ida entre 6in/m
e 7 101/111 (sempre acima de b6",/III) e sirnulta nearnente 0 diarnetro da
cabe ca maior qu e 4401/01.
Por sua vez sao fem inines os fernures qu e teem:
a) 0 diametro da cabeca menor qu e 4211l/01 e a largura da arti-
culacao inferior menor que 7 1OI/m ;
ofemur portugues 13
b) 0 diametro da cabeca cornpreendido entre 42m/m e 44m/m
(sempre aba ixo de 45m/m) e simultanearnente a largura da ar ticulacao
inferior menor que 7101/01 ;
c) A largura da articulacao inferior compreendida entre 67m/m
e 7 1m
/m (sempre menor que 7 I m
/m
) e simulta nearnente 0 diametro da
cabeca menor que 4501/01.
Havera poucos femu res que nao fiquem desta maneira nitida-
me nte separados. Nos casos duvidos os podemos ainda dis por de
out ros caracteres secundarios, tais como os comprimentos obliquo
e m aximo, 0 comprimento do colo, etc ., que perrnitern quasi sempre
resolver a questao.
III
Colec~iio 'de Coimbra
COMPRIMENT O OBLiQuo
Dos nu meros registados por PAPSONS 1 calculamos os seguintes
valores do cornprimento obliquo medic e desvio padrao dos fem ures
ingleses de Rothwell:
75 (; dire itos .
102 (; esquerdos
52 ~ direitos . .
51 ~ esq uerdos.
Fernure s ingleses Valor medio
tn/m
453 + 1·49
456 + 1. 29
415 + 1.88
4 18 ± 1.7 0
Desvio padrfio
m/Ill
Ig.18 ± 1.05
Ig.25 +O'go
20.07 ± 1.32
18.06 + 1.2 1
Destes resultados pa rece poder-se conc luir que 0 comprimento
obliquo medic dos ossos esquerdos eligeiramente superior (3m/Ill) ao
dos direitos, tanto num sexo como no outro. 0 mesmo resultado
obteve 0 referido autor estudando Iemures autenticos provenientes
dos 'hospitais' de S . Tomas e Guy.
Esta ques tao, da diferenca de valor metrico entre os varios
ca racteres dos fernure s direitos e esquerdos, parece-nos destituida
1 Prof. F. C. PARSONS, The Chara cters oj the Englisli Trigh-Bone, pags, 244- /
-25t ,
Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
de interesse porque de estud o por nos efectuado ve-se que a signi-
ficacao est atistica de semelhantes diferencas se pode considerar pra-
ticamente nula.
Em primeiro lugar, 0 sr. An n.ro DA S I LVA BARREIROS achou - no
estu do jl referido, sab re alguns fernures das coleccces de Coimbra i ,
que os «caracteres osteomeiricos dos ossos longos direitos excedem
os dos esquerdos pelo seu grau de superioridade», 0 que est a em
contr adicao com as conclus6es de PARSONS. Po r outro lado, os
result ados por nos obtidos nao sao concordantes : a coleccao FER-
RAZ DE MA
CED
O deu par a 0 comprimento obliguo medic dos femu- '
res esquerdos urn valor maior do que 0 correspoodente aos ossos
direitos, observando-se 0 contrario na coleccao de Coimbra.
Donde resulta que, se reunirmos numa so serie 2 os nurneros
relativos a coleccao FERRA
Z D
E MACEDO e os correspond entes a
coleccao de Coimbra, se obteem pratic amente os mesmos valores
para os ossos direitos e esquerdos, conforme se ve pelo seguinte
guadro :
Femures portugueses
<!; 137 di reitos •
<!; 127 esquerdos
'i! 125 direitos . •
'i! 125 esquerdos
Val or medic
Ill/Ill
444.78 + 1.13
445.00 :t 1.25
399.80 ± 1.12
398.8 ~ ± 1.12
Desvi o padrfio
m/m
19.53 + 0.79
20.84 ± 087
18'75 + 0.80
18.80 ± 0.80
Fin almente, quando se comparam est as diferencas com os desvios
padroes respectivos, verifica-se imediatamente a sua insigni ficancia.
Pelo que res peita a coleccao FERRAZ DE M.CEDO, a diferenc a entre
os valores medics do comprimento obliquo dos fernures direitos e
t A. BARRE IROS, Lei da asimetria que existe /IGS inembros do homem, Coi m-
bra, 1904.
2 0 ca lculo das medias e variabilidades das seri es reunidas, Iaz-se, em
todos os casos, pelas formulas co nhecidas (cr. G. U DNY Y UL E, An introduction
to the Theory of Statiscs, 115 e 143):
e·
ofem ur portugues 15
esque rdos (O.77m/lIl
) e uma fr accao insignificante (0 . 20 ) do de svio
padrao respectivo.
A difere nca entre as com primentos obliques medics dos fern ures
ingleses d ireitos e esquerdos estudados por PARSONS e de 3.42mjm,
e 0 desvio padrjio d a diferenca das medias e igual <l 2.93. Por
consegu inte, es ta diferenca, que e muito maior, deve ainda cons i-
derar-se desprovida de significacao estatistica, porque 0 quociente
da diferenca das medias pelo desvio padrao e apenas igual a 1.1 6 i .
Em nossa opidiao, as difer encas entre os va lores medics dos
ca racteres osteornetricos dos ossos d ireitos e esquerdos devem atri-
bui r-se, na maior parte dos casos, aflutuacao das series.
N esta ordem de ideas, reunimos numa serie (mica os ossos direi-
tos e esquerdos, de cada sexo, 0 que nos levou, no caso do compri-
m ento oblique, aos seguintes resultados finais :
Portug ueses :
264 J . . . .
250 ~ . •. .
In g leses:
177 J .
103 ~ . . . .
Femures Valor medio
Ill/Ill
4H'91+ 0,84
39g.32 + 0.80
454.97 + 0.g8
416.6g+ 1'27
Desv io padrfio
m/m
20.2~ + 0.58
18,77 + 0.56
Ig.30+ 0.6g
Ig.30 + 0 go
E ncontramse re unidos no quadro seguinte os valores medics do
eomprime nto ob Iiquo do femur da s populac oes que nos pareeeu mais
interessante eomparar com os portugu eses ; ve-se que, pelo compri-
mento obliquo do femur, os po rt ugueses se aproximam dos franceses
aetuais, e dos franeeses neolit icos do tipo Beaumes-Chaudes-Homme-
-Mort:
1 0 desv io pad rfio da soma ou difer en ca de duas medias e dado pela
expressao
VO'l 0'2
! = - +- ,
III 112
onde III e liZ rep resent am 0 numero das observacoes don de se ca lcularam as
medias e 0' ( e 0'2 os desvios padr6es das series respectivas.
Com o se sa be, pa ra pod ermos atribuir significacao estansrica it difere nca
entre du as medi as e preciso qu e 0 valor dessa difere nca seja, pe lo rnenos, igual
a tr es vezes 0 desvio padrao respectivo. Cf. G. U NDY YU LE, An introduction to the
Theory of Statistics, pag, 341.
I6 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Comprimento obliquo
J 'i' Autores
m/m m/m
indios de Pa ltaca lo . . 408.2 (56) 1 371.9 (38) ANTHONY et RIVET 2
Neo liticos de Chamblandes 14 15.8 ( 15) 395.2 (9) A. . SCHENK3
Neoliticos de -Mon tigny .. '1438.09 ( 12) 399'75 (4) L. MANOUVRIER I
Neoliticos de Chalons - sur-
Marn e. . . . . . 441.3 (23) 406 3 ( 10) L. MANOUVRIER 5
Franceses actuai s . 44 1 (62) 3g6 (38) RAHON6
Dolmens do Lo zere .
142 (5) - 1. RAHON6
Dolmen de Menouville 443 (2) 381 (2) L. MANOUVRIER 7
Portugueses . 444.91 (264) 399.32 (250) VIEIRA DE CAMPOS
Ca verna de L'H omme-Mort . 448 (4) 409 (3) J. RAHON 6
Polinesios 448 - BELLO Y RODRIGUEZ 8
Dolmens da Argelia . 449 ( 16) 405 (8) J RAHON6
Gua nches 9 . 450.6 ( (63) 408.6 (7 1) J. RAHON6
lngleses de Ro thwell 454.97 (177 ) 416 .6g ( 103) PARSONS10
Pa tag6 es . . . 463 - BELLO Y RODRIGUEZ 8
Gallo-Romanos 469 -
"
Cro-Magnon . 510.6 (6) - "
Os nurner os entre parentes is indicam os exemplares que foram emprega-
dos no calcu lo das medias.
2 ANTHONY et RIV
ET, Etude anthropologique des "aces prccolombiennes de la
R epublique de L'E quateur. Recherches anatomiques sur les ossements (os des
membres) des abris sous roches de Pa ltaca lo. Bul. et Mem . de la So c. d'Anthr,
de Paris, Ig08, pag. 314 et seq.
:
1 A. SCHENK, Les squelettes prehistoriques de Cliambla ndes (Suisse).· Revue
de l'Ecole d'Anthropologie de Paris, Ig04, pag, 335 et seq.
4 L. MANOUVRIER e t ANTHONY, Etude des ossements humains de la sepulture
neolithique de Montign
y-E sbly: B ul et Mem . de la Soc . d'Anthr. de Paris, Igoi,
pag, 537 et seq.
5 L. MANOUVRIER, Etude des ossements et cranes humains de la sepulture neo-
lithique de Chalons-sur-Marne, Revue de l'E cole d'Anthropologie de Paris, 18g6,
pag, 161 et seq.
6 J. RAHON, Recherches sur les ossements humains anciens et prehistoriques
ell vue de la reco nstitution de la taille. Memo ires de la Societe d'Anthropologie
de Paris. 2.e serie, tom. IV, pag, 403 et seq.
7 L. MANOUVRIER, Les cranes et ossements du dolmen de Menouville (Sein e-
et-Oise) . Bu l. et Mem . de la Soc . d'A nthr, de Paris, 1907, pag, 168 et seq.
8 BELLO Y RODRIGUEZ, S ur quelques variations morpholog iques du femur
humain. L 'A nthropologie, vol. XIX, pag . 437 et seq.
9 As medias relat ivas aos Gua nches foram calculadas pelos num ercs publi-
dos pOl' RAHON e que dizem respeit o tis coleccoes CHIL e do Museu de Hi srori a
Natural de Pa ris.
10 PARSON
S, Prof. F. G. The Characteres of the English Th igh-Bone.
ofemur portugues
Os fernures ingleses de Rothwell sao sensivelmente mais com-
pridos que os portugueses ; as diferencas entre os val ores medics
respectivos sao muito importantes (1011/11 para os homens e 17m
/m
para as mulheres) '. O utro tanto se pode dizer relativamente a
r aca de Cro-M agnon qu e, pe lo comprime nto do femur, como pOl'
tantos outros caracteres, difere co ns ide ravelmente da nossa popu-
lacao actual.
Considerando os casos indi vidu ais, reconhece-se qu e a amplitude
das variacoes do cornprimento obliquo do femur, nas di fer entes racas,
e muito gr ande . R eportando -nos aos dados de BELLO y RODRIGUEZ 2,
ve-se que os negritos das Filipinas ocupa m '0 lug ar m ais baixo da
escala (3:'011/11), e os gal o-r om ancs 0 Dutro extreme (54:'11/11). Os
gauleses (503m
/m), patagc es (50:,m/m
), os novi-zelandeses (51011/m
) e os
individuos da raca de Cro-.Magnon apresenta m ta rnbe rn Iemures
muito compridos.
o va lor maxim o pOl' nos encontrado na coleccao de Coimbra foi
de 499m
/11, qu e j<
l econsiderav el; P ARSONS, na coleccao de Rothw ell
registou 0 m axim o de 53811/11.
Comparando as se ries m asculinas com as femininas reconhece-se,
tanto para as ingleses como para os portugueses, que a diferenca
sexual do comprimento oblique medic do femur e consideravel.
OvaloI' dessa difer enca, expresso em m ilim etros, e porern urn pouco
maior nos portugu eses (.::j 5.5g11/m) do qu e nos ingleses (38.24m
/m).
Tendo em con side racao 0 valor numerico do desv io padrao cor-
respondente adiferenca das m edi as, reconhece-s e logo a significacao
estatis tica de se rnelhante difere nca , e pOl' conseguinte a irnportancia
sexual do comprimento obliquo do femur :I..
o cornprirnento oblique do femur tem sido emprega do pOl' vanes
observadores par a a avaliacao da estatura provavel dos individuos
respectivos 3.
d/~
26.5
16.0
Desv io padr ao
(~)
l.g1
2.24
(d)
10.06mim
17.37
Dif. sex ua l das medias
45.5gm/1I1
38.28
Dif. e tn ica das medi as
1 Coinp obliq ue do femur
(Poriugueses e ing leses)
Fe rnur es masculinos .
Fe rnures fem ininos.
Portugueses .
Ingleses .. .
Cf. nota a pag. 15.
2 BE LLO YRODRIGUEZ, L'Antliropologie, vol. XIX, pag. 437 et seq.
3 Cf. L. M ANOUV RIE R, La determ ination de la taille a'apres les grands os des
membres ; J. RAHO~, R echerches stir les ossements luunains allciells et prehistori-
ques ell vue de la reconstitution de la tail/e. Memoires de fa S ociete d'AIlthrop 0-
logie de Paris, 2.' serie, tom. IV, pags. 347 e 403.
18 Dr. E. Tatnagnini e D. Vieira de Campos
Empregando os coeficientes de MANOUVRI ER obtivemos os seguln-
tes resultados:
E sta tura provavcl
Femures - -"-- - Diferen ca
sex ual
J <j!
m m m
Portugu eses . 1.647 1.502 0. 145
Ingleses 1.662 1.543 0.119
o valor achado concord a suficientemente com 0 atribuido pelo
sr . FONSECA CARD
OSO1 a estatura dos portugueses actuais ( 1lJ1645, 6').
COMPRIMENTO MAx IMO
Este caracter tern sido empregado, 'do mesrn o modo que 0 com-
prime nt oblique, para 0 calculo da est atura provavel dos indivi-
duos, ou das racas, de que apenas se conhece rn os ossos longos
(PEARSON).
PARSONS, no estudo que ,fez dos fernures ingleses de Ro thwell,
cons iderou tam bern este caracter e dos nurneros por ele registados
deduzem-se as seguintes resultados:
76 J direitos . •
98 J esquerdos .
55 <j! direitos ..
49 <j! esquerdos .
F emures ingleses Valor medic
m/m
456.25 + 1.48
460.05 + 1.32
4 18.09+2.11
42194+ 1.79
Desvio padriio
m/m
19.25 + 1.06
19.43 + 0.93
23.20± 1..48
18'74 + 1'.27
Continuam portanto as observacoes deste autor a revelar para os
femmes esquerdos urn certo excesso de cornprimento que todavia nao
tern significacao estatistica,
1 cr. F ONSE CA CA RDOSO, Notas sabre Portugal, vol. I, pag, 6g.
o femur portugues
Basta comparar as variabilidades das se ries femininas para se
notal' a ma ior amplitude de variacfio da serie direita, que se apre-
se nta muito menos hornogenea do que a esquerda.
Pela nossa part e, obti vernos pa ra os fernures de Co imbra os
seguintes valor es :
F euiures
Va lor media
l iesvio padr.io Val or Valor
po rtuguescs co r rigido maximo minima
I
m/m lIl/m m/m m/m
72 J dire itos . 448.06 + 1.46 18'48 + 1·°4 406 4°°
62 J esq uerdos . 447.82 + 1'75 20.49 ± 1.24 500 409
63 ~ direitos . 406.11 ± 1.36 16.05 + 0.96 44 1 37 1
63 ~ esquerdos . 403.81 ± I.3g 16.42 ± 0·97 44 3 369
POl' onde se ve que existe uma concordancia sufic iente entre os
valores relati ves aos fernures direitos e esquerdos, havendo um a
ligeira diferenca a favor dos ossos direitos. Este resultado vern
mais LIma vez confirmar a opiniao, ja expendida, de que as diferen -
cas obse rvadas entre os valores medias dos dife rentes ca racteres
osteornetricos dos ossos direitos e esquerdos se devem, em regra,
atribuir a fiutuacao das series.
Proced endo analogamente ao que fizernos com 0 comprimento
obliquo obtivemos os seguintes resultados:
Portuguese: :
134 J .
126 ~ .
Ingleses :
174 J .
104 ~ . . . .
Fernurcs Valo r med io
m/m
447.95 + 1.22
4°4.96 + 0.g8
458.39 + °gg
419'91 ± 1.40
Desvio padrfio
m/m
2Log + 0.87
16.28 + 0.68
19-4f + 0·70
2 1.20 ::[ 1.00
o gdfico (fig. 6) del. uma idea da variabilidade do caracter nos
fernures port ugueses dos dois sexos .
So b 0 ponto de vista das cornparacces etnicas, os seguintes
valores confir rnam 0 que se disse a proposito do cornprime nto em
posicao :
20 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Comprimento maximo
. 6' ~ Au tores
Ill/m Ill/ Ill
indios de Palt acalo 4 12.7 (6, ) 377· I (42) A NT HONY e t R IVET 1
Ne o liticos de Charnbla ndes 4 15.8 ( 14) 3g8.5 (g) A. SCHE NK ?
Neo liticos de Mon tign y-E s-
bl y . 44045 (II) 4°5,75 (4) MA NO UVR IER e t A NT HONY 3
Neo liticos de Cha lons-s ur-
-M arne , 443.8 (23) 410 (10) L. M ANOU VRIE R 1
Portugueses . 447 .95 (134) 404. 96 (126) V IE IRA DE CAMPO S
l ngleses de Rothwell. 458.3g ( 174) 4' 9'9 1 ( 1(4) PA RS ONS 5
'12.
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V  i/ 
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Ii
'J
F ig. 6.- Polfgonos de variacfio do co rnprimento maxim o dos femu re s po rtugues es
Limitando as nossas consideracc es as du as ultimas se ries, que sao
as unicas que encerram um numero suficiente de casas indi vidu ais ,
Bul, et Mem. de la S ec. d'Anthr de Paris, Ig08, pag. 314 et seq.
Revue.de l'E cole d'Anthropolog ie de Paris, 1<;04, pag. 335 et seq.
3 Bul. et Mem. de fa Soc. d'Anthr, de Paris, Ig07, pag 537 et seq.
1 Revue de l'Ecole d'Anthropolog ie de Paris, 18g6, pag 161 et seq
5 Journal oj Anatolll
X and Physiology , 3.' serie, vo l. IX, pag. 238 et seq.
o f emur portugues 21
ve-se que a difer enca etnica do comprimento maxim o do femur se
pode computar em 10 .44
m
/m par a os hom ens e I4.g5111
/
111
para as
mu lhe res, re sultados que conc ordam su ficientem ente com os obtidos
a partir do comprimento em posicao,
Pelo que respeita ao valor das diferericas sexua is achamos os
seguintes valores :
Portugueses . . . . .
Ingleses de Ro thwell .
m/m
43
38.
Co mo a variabilidade do comprimento maximo do femur e repre-
sentada par um numero aprox imadamente igual ao que corresponde
ao comprimento em pos icao, parece podermos inferir destes resul-
tados a igualdade do valor antropol6g ico dos dais ca ra cteres, e, por
conseguinte , a indifer enc a do emprego dum ou do outro nas investi -
gacoes antropol6gicas.
Como dissernos, alguns observa dores teem empregado 0 compri-
mento maximo do femur, em vez do comprime nta em pos icao, na
avaliacao da estatura. Por este motivo pareceu-nos interessante apre-
sentar os resultados obtidos com as f ormulas de regressdo de PEARSON{.
Para 0 caso do femur a equacao de regressao e
E = 81.306 + 1.880 F,
onde E representa a estatura provavel e F 0 comprimento do femur,
expresso em centimetros.
E ntrando nesta equacao com os valores de F correspondentes
aos portugueses e ingleses de Rothwell obtivemos os seguintes
resultados:
Estat ura pro vave l
Femurc s - ~
- Dlieren ca
sexual
6' «
III III III
Porrugueses . 1.655 r.516 0 . 13g
Ingleses de Ro thw ell 1.674 I.545 0. 12 9
1 K. P E AR SON, Mathematical Contributi ons to the The ory of Evo lution. V. On
tile reconstru ction of the Stature of Pr ehistoric Ra ces. Plulosophical Transactions
'of the Royal .Society: of London, vol. Ig't-A, pag. 16g et seq.
22 Dr. E. Tamagnini e D. V ieira de Campos
Como se ve, 0 ernprego da formula de PEARSON da, tanto para os
portugueses como para os ingleses, valores mais elevados da esta-
tu ra. Relativamente aos portugueses, e-nos absolutamente impos-
sivel afi rrnar, duma ma neira categorica, qual dos resultados e mais
exacto, nao obstante 0 valor medic atribuido pOI' FONSECA CARDOSO
a estatura dos portugueses coincidir com 0 calculado por nos com
o ernprego dos coeficientes de JVLNOUVRIER. Em primeiro lugar, 0
numero indicado pOI' FONSECA C."ROOSO njio se pode considerar
definitivo em virt ude da limitacao geografica e nurne rica do mate-
rial pOI' cle estudado. POI' Dutro lado os coeficientes de MA
N
OU-
VRIER sao valores empiricos cujo rigor nao e comp aravel aos das
equaciies de regressiio estabelecidas segundo as principios da Esta-
tistica.
Urn outro assunto interessante, para 0 qua l PARSONS chama a
atencao no seu estudo dos caracte res do femur ingles, e 0 que se
refere a diferenca, pOI' vezes consideravel, que se nota entre 0
comp rimento maximo e 0 comprimento em posicao. PARSON
S sugere
a idea de que semelhante diferenca se deve atri buir a obliqiiidad e
da diafise femural , mas nao determina 0 valor coeficiente de cor-
relacao entre os dois caracteres. Compreende-se que 0 valor da
obliquidade da diafise femural deva influir no valor da diferenca
entre os dois comprimentos, mas como semelhante diferenca tam-
bern pode depender da variacao doutros caracreres - dngulo colo-
diafis ar, comprimento do colo, etc., reso lvemos estudar a quest ao
mais min.iciosamente.
Verificamos que a diferenca entre as dois compr imentos do
femur aprese nta sensivelmente 0 mesmo valor med ic e a mesma
variabilidade, tanto nas series dos ossos direitos como nas dos
ossos esquerdos.
Diferenlra entre 0 comprimento maximo e 0 comprimento em posilrio
Fcruures portugueses Val or medi o
m,'m
3.06± 0.97
3.60 ± 0.95
LJesvio padriio
m/m
1:67± 0.68
L58 + 0.66
A discrepancia encontrada pOI' PARSO~S (ob. cit., pag, 243) entre
ofemur port ugues 2.5
os ossos dire itos e esquerdos deve, por conseguinte, atri bu ir-se a
flutu acao das series i .
O s va lores do coeficiente de correlacao entre a difere nca do
cornpr irnento m axi mo para 0 compri me nto em posicao e os outros
caracteres ind icados constam do seguinte quadro:
Fernurcs portugueses Caracrer relativo Coeficienle de correlacao
Comprimento do co lo
r = 0.70 + 0 .0 4
r = 0 .80 + 0.03
r = 0 .1 7 + 0 .08
r = - 0 .0 4 + o.og .
r = -0 06 ±0.og
r = 0 .08 + 0 .09
«
«
» )
Angulo do colo
.  Ob liquidade da diafise
·1 » »
t34 6'
126 '?
134 6'
126 ,?
134 <3
12 6 '?
It evidente qu e existe um a correlacao elevada ent re a obliquidade
da diafise fernural e a -diferenca do comprimento m ax imo do femur
para 0 comprimento em possicao, sendo interessante notar que essa
correla cao e sens ivelmente maior nos femmes femininos 2.
R elativamente aos outros caracteres - angulo e comprimento do
colo, os valores do coe ficiente de correlacao podem considerar-se
praticarnente nu los .
DIAMETRO DA CABE<;:A
Como se disse, 0 diarnetro da cabeca fernural e considerado um
dos me lho re s caracteres sexuais do esqueleto hum ano. No grafico
junto (fig. 7) nota-se bem 0 valor das difere ncas sexua is.
F oi principalmente 0 diarnetro da cabeca que. estudado previa-
mente nos esqueletos autenticos da coleccao FERRAZ DE MACEDO, nos
permitiu a separacao sexua l dos femures existentes nas coleccces de
Coimbra. Os va lores medios, as variabilidades e os limites da
1 Os vaJores medic s, por nos encontrad os, para as series dos femmes.por-
tug ueses, direitos e esquerdos, sa o os seguin tes:
72 6' direi tos .
62 6' esquerdos
111/ 111
3.11 63 ~ direitos
3 00 63 ~ esquerdos
ml1l1
3.59
3.60
Z Para apreciarrnos 0 gl'au ele vado de se me lhante correlacfi o basta notal'
qu e 0 valo r dos coeficientes de co rrelacao .oscila entre + I.
Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
variacao do caracter nas se ries de Coi mbra vao indicados no qu adro
junto :
F ernu ros
Valor medio
Desvio padrfio Val or
I
Valor
portugueses corrigido maximo minima
m/m m/m m/m m/m
72 (!; direiros . 40.64 + 0.15 1.92 + 0. 11 53 42
62 (!; esquerdos . 46.53 + 0.19 2.23 ± 0.13 52 42
03 '? dire iro s . 4().67 + 0.14 1.64 ± 0.10 44 37
63 '? esq uerdos . 40.25 j- 0.14 1.65 + 0.10 43 37
Ve-se que os valores relativos acoleccao F ERRAZ DE MACEDO e os
cor respondentes a coleccao de Coirnbra, bem como os que dizem
respeito, em cada coleccao, as series direitas e esquerdas sao pra-
--
I
I 
"4' ,," u d'.
, 
r-;

- - - -- I ~(J ) /If."" f-J $-
I 

,, 
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tr
, ••• 31 38 39 uo " , 112 113 "" H I/~ "1 1/8 1/9 .~ !7 ~.2 .' 3 H
Fig. 7. - Po llgonos da variciio do diamctro da cabcca des Icrnures port ugueses
.1"
ticam ente equivalentes. Pa ra as nossas cornparacdes et nicas junta-
mos por isso as duas coleccoes e nao separ amos os ossos dire itos
dos esquerdos.
Partindo dos dados publicados por P ARSONS, calcularnos tambern
as medias e variabilidades do caracter nos femures de Rothwell e
obtivemos os seguintes valores:
P ortug ueses :
264 (!; • . . .
250 <j> • • • •
lng leses :
174 (!; .
105 <j> • • • •
o femur portugues
Valor medio
m/m
46.33 + o.og
'1 4o.19 + 0.08
4g.14 ± 0. 12
42.46 + 0.13
25
Desvio padrfio
m/m
2.25 + 0.07
1.86 + 0.06
2.38 ± o.og
1.97 + o.og
Os fernures femininos ap resentam portanto uma cabeca de meno-
re s dimens oes e vari abilidade, como se reconh ece pelo menor valor
do desvio padrao.
A dife renca sexual, express a em funcfio do de svio pad rao da
difer enca das medias, e muito grande, tanto par a os portugueses
como para os ingleses i .
Sob 0 ponto de vista da s cornparacoes etnicas , reunimos no quadro
seguinte algu ns numer os que niio deixarn de ser interessanres :
Diametro da cabeca f'emural
s <j> Autores
m/m m/m
Neolitic os de Chamblandes H ( ;6) 40.5 ( I I) A. SCHEN
K2
Dolmen de Menou ville . 45 (1) 38.5 (2) L. MAN
OUVRIER 3
Neolitieos de Mont igny-Es-
bly . 4502 (' 0) 40 .00 (g) MANOUl'RIERet AN
THONY I
P ortugueses . 46.33 (264) 40.19 (250) VIEIRA DE CAMPOS
Neolitieos de Cna lons-sur-
-M arne , 4G
.5 (23) 40 8 (9) L. MANOUVRIER5
Ingleses de Ro thwell 49.14 (174) 42046 (105) PARSONS G
Norte-ameriean os 4<)·68 (100) 43 84 (200) DWIGHT7
Cro-Magnon . 54-2 (5) - VERNEAU8
1 Didin. da cabeca [eniur al DiL sexual das med ias desvio padriio d/!
(d) (!)
Femures port ugueses . 5.14Ill/Ill 0.18 2 28.2
Femm es ingleses . . . 6.G8 0. 26~ 25.3
2 R evue de l'Ecole d'A ntropologie de Paris, 1 90~, pag, 335 et seq.
3 B ul. et Mem. de la Soc d'Antlir. de Paris, Ig07, pag, t68 et seq.
i B ul. et Mem . de la So c d'Anthr, de Paris, Ig07, pag . 537 et seq.
5 R evue de I'Ecoie d'Antropologie de Pa ris, 1896, pag. 161 et seq.
6 Journal of rlnatolll)' and Ph
ysioloey', 3.- ser ie, vol IX, pag. 23~ et seq.
7 American Jour nal ofAllatolllj', vol IV
, n.v Ig, pag, Ig; eit. em PARSO
NS, op. cit.
8 L es Grottes de Gr ima ldi, tom . II, fas c. I, pag. 108.
26 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
P elas dimensoes da cabeca do femur, os portugueses aproxi-
mam-se sensivelmente das populacoes neo liticas europeias de baixa
estatura (tipo Beaumes Chaudes-Homme-Mort), afastando-se consi-
deravelmente dos ingleses i , norte-americanos e sobretudo dos indi -
viduos tipicos da raca de Cro-Magnon.
As menor es dime nsoes da cabeca do femur sao, em parte, devi-
das ao menor comprimento da diafise fem ural. Na re alidade, entre
estes dois caracteres ha uma correlacao positiva apreciavel 2.
DIM,tETRO TRANSVERSO MiN IMO DA DIAF ISE
Como se disse, esta medida da uma idea da robustez do ossa.
as valores obtidos pa ra a coleccao de Co imb ra, constantes do
quad ro junto, nao diferem significativamente dos corresponcentes
a coleccao FERRAZ DE M ACEDO, e as series dos ossos direitos e
esquerdos fornecem pr aticamente os mesrnos valores, facto que
tarnbern se verifica nas series de Rothwell 3 :
Fernure s Valor media
Desv io pa drfio Valor Valor
corrigido max imo minimo
- - -
m/m m/m m/m m/m
72 (!; di re iros . 26.06+ 0.14 175 + o.og 31 23
6 1 <j> esquerdos . 26·14± O.16 1.85 + 0.11 31 22
63 6' direitos . 23,97 + 0.13 I 1.50 ± o.og 28 20
63 <j> esquerdos 24. '4 + 0. 13
I
1-48 + 00·9 28 20
Didmcfemural da cabeca DiL etnica das medias Des vio padrdo dlI
(Portugu ese s e ingl eses) (d) (z)
Fe rnu res m ascu lino s . . 2.8 1m/m 0.227 12.37
2 Os valores do co eficiente de correlacao entre 0 comprim en to obl iquo do
femur e 0 diarn etro da ca bec a, na cc lec cdo de Coimbra , sao os seguintes :
Fernures 6' .
Fernu res <j> •
r = 0.48 ±0.07
r = 0.50 + 0.07.
3 Tanto na se rie de Rothwell co mo nas se ries port uguesas (col. FERRAZ DE
MA CE DO e col. de Coimbra), os valo res medi cs rel ati vos aos ossos esque rdos sa o
ligei ramen te superi ores ao s dos ossos di reitos, mas as dIerencas mio teem im por-
tunci a es ta tistica. No caso mais favoravel - serie mascul ina de Rothwell, a drfe -
ren ca dos va lo res rnedios (0'714m/m)exp ressa no desvio padrao respec tivo (0.2)1)
e igu al a 2+
o femur portugues 27
Re unindo as series de Coimbra com as da colecciio FERRAZ DE
MACEDO e nao distinguindo os ossos direitos dos esquerdos, orgarn-
zamos 0 seguinte qu ad ro :
Fem ures Valor medic Desvio padrii o
Portug ueses :
263 3' .
250 <j? . .. .
m/rn
26.24 + 0.08
23.86 ± 0.07
m/m
1.85 + 0.06
1.68 + 0.07
Ingleses :
1843' .
108<j?
29.68± 0.10
26.60 +0.I2
1.98 -j- 0.07
1.89 + 0.09
Verifica-se assim que 0 ca racrer ap resen ta uma diferenca sexual
importa nte tanto nos fem ures port ugueses como nos ingleses. Os
fernures feminines sao em regra menos robustos e 0 valor da dife-
renca e esta tisticamente significativa i .
Sob 0 ponto de vista etnico nao dispom os de suficiente nu mero
de elementos de cornparacao ; limitando-nos aos dados disponiveis,
verifica -sc que 0 diarnetro tr ansverso rninimo da diafise dos fernures
ingleses e signi ficativamente maior i.
o diam etro da ca bec a lemural, pa reee estar, em cert a medida,
na dependencia do comp rimento do osso , conforme se reconhece
pelos valores dos respectivcs eoefic ientes de correlacao 2.
DIAMET RO ANTERO -I'OS TE RIOR MA.X I ~O DA DIAFASE
Das nossas observacoes sabre os valores deste cara cter nos femu-
res da colec cao de Co imbra conclue-se que devemos considerar pratt-
d/!
Desvio padrfio
(!)
0.156
0 .234
Didm . transv, mill. da did!
(Portugueses e ingl eses)
Fern ure s port ugu eses
Fernures ingl es es .
OiL sexual das medias
(d)
2.38m
/
1O
3'08
OiL etnica das medi as
Fe rnures masculinos 3.44m
;m 0.214 16 87
Fe rnures femi nin es . . . 2.74 0 21I 12.:i9
z 0 coeficiente de co rrelactio entre 0 comprim ento ob ltquo do femur e o :
diarnetro tran sverse minimo da diafise tern, na cc lecca o de Coimbra, os seguin-
tes valores :
Fernures mascul inos
Fernures femi ninos .
r = 0.I4 + 0.07
r = o 30+ 008.
28 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
cam ent e equiva lentes as series dos ossos direitos e esquerdos de
am bos os sexos :
Femmes Vblor mcdio
Des vlo padrfio Valor Valor
corrig ido maximo minimo
--- - - --- - -
m/m m/m m/m rn/rn
72 ;3' direi to s . '1 29.75 + 0.17 2.17 ± 0.12 34 24
62 (!; esquer do s . 29·74+ 0 24 2'78+ 0.17 42 26
63 <jl dire ito s '1 26.89 + 0.16 1.89 + 0.11 32 23
63 <jl esquerdos . 26.32 + 0. 16 1.85 + 0.11 32 23
Dos numeros registados pOl' PARSONS resulta para os ossos
csquerdos do sexo ma sculino um valor ligeiramente maior do que
o correspondente aos ossos direitos 1, mas que nao se pode con-
side rar de finitivamente sign ifieativo. Mas na serie ferninina de
Rothwell a diferenca e pOI' assim dizer inapreciavel, e 0 mesmo
se repete nas series masculina e terninina portuguesas. Deve por-
tanto tratar-se de flutu acces de seriacao.
o quadro seguinte resume os resultados correspondentes as se ries
direitas e esquerdas reunidas :
Fernures Va lor med ic Desvio padrfio
Portugueses :
13.
+6 ' ...
12 0 <jl • .• •
lng leses :
18-1- 6 '
105 <jl • • •• . '1
. .
m/m
29.75 + o.q
26.60 + 0. 11
3 1.g3 + 0.12
27.64+ 0.15
m/m
2.47 ± 0.10
1.89+ 0.08
2.44± 0.09
2.26 +0.11
Ve-se logo que os femures ingleses sao nitidamente mats fortes
do que os portugueses, e que os femures masculinos sao" sempre
ma is robustos que os fem inines . E stas diferencas sao estatis tica-
mente significativas, se ndo rnais importante a diferenca sexual 2.
I 1.9
13,0
3.66
Fernures po rtugueses
Fe mures ingleses . .
I A diferenca ent re os val ores medi c s das duas ser ies e igu al a 0.g83, e
com o 0 desvio padrao resp ect ivo e igual a 035 2,0 quoci en te dj! = 2.79.
2 Di/illl. alit -post. ind x ,da dia], Drf. etnica Lias medias Desvio padr.io dj'1.
(P ortugueses e ingleses) (d) p:)
Fernures rnasculinos . 2.18m/m 0.279
Fernures femininos . 1.04 0.27 5
Dif. sex ual das medi as
3.15 m{m
o f emur portugues
o diametr o an tero-posterior m ax imo da diafise fernu ra l anda
claramente correlac ionado com 0 comprimento do osso i, e com 0
diametro transversa minino 2.
Os valores do coeficiente de regressao 3 do diametro transverso
minirno sabre a diametro antero-posterior maximo sao 0.33 , para os
fernures m asculinos, e 0.37 para os femininos ; por conseguinte, as
equacoes de re gressiio, que permitem calcular 0 va lor medic do dia-
metro transversa minima (.,t~) correspondente a um dado valor (Y)
do diarnetro antero posterior maximo da di afase, podem escrever-se
x = 16-43 + 0.3 3 Y (J),
X = 14.22 + 0.37 Y ( <jl).
LARGURA DA ARTICUL At;:AO INFERIOR
A grande im portancia deste carac ter na separacao sexual dos
fernures reconhece-se pela simples inspeccao do grafico junto (fig. 8)
onde se ve que as suas variacoes teem lugar, nos dois sexos, em
campos quasi independentes.
Femurcs Valor media
Desvio padrfio Valor Valor
corrigido mtiximo minimo
- m/m m/m m/Ill lIl/m
72 J di rei t os 74.8 , ± 0.25 3. 12 ± 0.17 83 68
6'2 3' esque rdos . 7+68 + 0.25 - 2.g5 + 0.18 83 6g
63 <jl direi to s . 65.83 + o lg 2.2) + 0.13 70 60
63~<jl es q uer dos . 65.56 + 020 2.37 + 0.14 70 60
Ve-se tarnbern (cf. quadro) qu e os valores medics relativos as
coleccoes portuguesas por nos estudadas (col. F ERRAZ DE MACEDO e
1 Valores do coeficiente de correlacao entre 0 comprim ento obliquo do
femur e 0 dia me tro an tero-posterior maximo da diafise (fem ur portugues) :
Femmes mascu lin e s .
Femmes Ierninin os . .
r = 0.34 ±o.of
r = 0-40 j- 0.08.
2 Va lores do coefic iente de correlacao entre 0 di amet ro transverso minim o
e 0 alllero· posteri or maximo da diafise fernur al (femur portugues} :
Femmes mascul inos .
Femmes femin inos .
3 cr. Y ULE, op. cit., pag. 175 et seq.
r = 0.44 + 0 08
r = 0.45 + 0.08.
-------- ------------
30 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
col. de Coirnbra) na o diferem estatrsticamente, e q ue outro tanto se
repete com as series direitas e esquerdas.
P od em os par conseguinte reunir todos as elementos das diferen-
7 'f ,
I
I I
IJ q '1;;Ja. "
r &f 0 _
I
,
I
I
,
h'flIvts
- - - - - 12. s,-
, I
i
, I , I 
I  , 
"
I
-,
I I
I -.
I I I . 1 I

I I  I 1

 I
I  / 
I
" I  II  (
II 
I I
II 
I
I  ........
/ -,
 /
1/ -,
/
1
/
I
1
/ /  
, I
/ 
,
./' I /"
I
./ 
6"0 bl b1 C'3 Gl( Gf" (10 '"I bK 6: " /'1 ;J t'l ,. 76 IT 1f 19 ,ttJ 8"1 81. 83 e»
3
n
21
12-
Fig. 8. - l' olig onos de vuriacfio da largura da art iculaeao inferior dos fernures portu gueses
tes series, 0 qu e nos conduz aos seguintes val ores finais que utiliza-
rernos nas comparacoes :
Fe mures Valor medlo Desvi o padriio
Portugueses (co l. F. de II'I. +col. de Coimb ra):
2646 ' .
2;'0'? : .
101m
7 5.14 ± 0. 15
65.34± 0.12
101m
3-47 ± 1.10
2.85 ± 0.09
lngle.es (col, de Ro th well):
160 6' .
8g ,? . . . . .
76·77 + 0 . 19
' 1 D
7·73 ± 0.lg
3.63+ 0. 14
2.6g ± 0 13
o f emur portugues .3!
Con frontando estes resultados rec onhece-se imed iatarnente que os
valores relati vos ao femur ingles sao mais elevados, e que os fernu -
res masculinos teem se mpre a articulacao inferior notave lme nte mais
larga. E stas diferencas sao es tatisticarnente significativas, muito
particularmente a diferenca sexual ' .
A largura da articul acao inferio r anda corre lacionada com 0
comprimento do femur, e, pa r conseguinte, um a parte destas
diferencas, e devid a as maiores dimensces dos fernures mas-
culinos 2.
Como se disse, a diarnetro da cabeca femural e urn caracter
sexual de grande valor, e por este motivo nos pareceu inte res -
sante a deterrninacao do gra u de correlacao, que por ven tura
exista, entre este car acter e a largur a da articulacao inferior, pois
a eficricia do ernpr ego simultaneo dos dois caractere s na diagn ose
sex ua l dum femur depende fundamentalrnente do valor dessa cor-
relacao. Com efeito, se a correlacao for absoluta, havera tanta
vantagem em rec orrer aos dois carac teres como em empregar
apenas urn , porque a cada valor do diametro da cabe ca corres-
pondera sempre urn un ico valor da largur a da articulacao inferior .
No caso de nao haver ccrrelacao, isto e, de serem os dois car acteres
inde pende ntes, e evidente qu e 0 ern prego do segu ndo resolved
muitas vezes os casos duvidosos, porq ue os limites da variacao
e os valores medics do caracter relativo nao coincid irjicnos dois
sexos.
o coeficiente de correlacao entre 0 diametro da cabeca e a lar-
I Larg. da articulo inferior OiL etnica das med ias Desv io padriio d/:i.
Fernures mascul inos .
Fernures femininos
(d)
1.63m
/
m
2.3g
(:i.)
0.358
0.337
Dif. sexu al da s medias
Fernures portugu eses g.80"/"'
Fernures ingl eses . . . . . . . 9.04
35.12
22.37
2 Os valores do coefici ente de co rrelacac entre 0 co mprimento obliqu o
do lem ur e a largu ra da ar riculacao infer ior, cal culados para a colecc fio de
Co imbra, sao :
Fe rnures mas cul inos .
Femures' fem ini nos . .
r = 0.38 ±0.08
/' = 0.40 ± 0.08.
.32 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
gura da articulacao infe rior e igual a 0.63 nos fernures portugueses
de ambos os sexos 1
P Ol' consegu int e os dois caracter es variam, ate um certo ponto,
independentemente urn do outro.
As equacocs de re gresso (cf. not a 3 a pag. 29) sao as seguintes :
X = '26 60 +0 96 Y (3),
e
x = 30.19 +0·97 Y ( Cj?),
onde ..tt representa 0 val or mais provavel da la rg ura da articulacao
inferior qu e cc rres ponde a urn dado valor Y do diarnetro da cabeca
fumeral.
Largura media Largura media
Amplitu de
d. d.
l)iumelro d. cabec u femura l
articulacfio inferi or art icu laciio inferi or
da vari aciio
(tcor. ca) (observada)
(observ ada)
Ill/ m I Ill/Ill
I
m/m m/m
41{~' :
7°,93 7 1• 17 69-74
66,92 67.34 61- 7 1
3{3 . 71.0° 73.33 67-76
4 Cj? 67·ti8 67.56 63-7 0
44fr
72,87 73.81 70 -77
68.84
I
67.67 67 -69
Observando os graficos correspondentes a variaca o do diamet ro
da cab eca do femur (cf. fig. 7, pag. 24), not a-se qu e a zona do campo
da variacao qu e e comum aos dois sexos, fica co mpreendida entre
1 Para eSle ca lcul o reunirn os a colecc ao FERRAZ 0 1> M AC I>OO it de Coimbra,
e nao separarnos os os sos di reitos dos esquerdo s, ° que nos deu os scg uinres
va lores :
Dlametro da cabeca
Largu i a da a rti -
culacfio inferior
Feruures ~-~-~ ~-~-~
Coe ficicme
(co l. F. de Matos +co l. de Coim bra)
I
de cor retaciio
Valor Desvio Va lor Des vio
me dic padrfi o medio padrfio
- - -
Ill/m m/m m/m m/ Ill
264 CS . 46.33 2.25 75.14 3-47 r = 0.63 j- 003
250 Cj? 4° ·19 1.86 65.34 2 48 r = 0.63 + 0.03
o femur portugues JJ
as orde nadas que passam pelos valores 42 e 44. Calculando, pelas
equacoes de regressao os valor es mais provavei s da lar gura da arti-
culacao inferi or corresp ondentes a essa regiao, verifica-s e fac ilmente,
que na ma ioria dos casos, 0 segundo cara cter permite eliminar as
duvidas acerca do sexo dum femur.
a quadro anterior mostra com efeito qu e a um dado valor do
diametro da cabeca femura l, compreendid o na zona do campo de
va riacao comum aos dois sexos, correspondern valores da largura da
·articula<; 8.o inferior que, no se xo mrsculino excedem por 4 milime-
tros, em medi a, os valores medics do mesmo caracter nas series
relativas correspondentes ao outro sexo.
PLATIMERIA
Foi MANOUVRIER i quem ch amou a atenc ao para 0 achatamento
antero-poste rior que a diafise fem ural alguma s vezes apresenta logo
abaixo do pequeno tr ocanter , particularidad e morfol6gica a que deu
o nome de platimeria, pr opondo para a sua ava liacao qu antitativa
um indice a que deu 0 nome de indice de platimeria.
a indi ce de platimeria e a re lac ao centesim al entre 0 diarnetro
antero-posterior e 0 diametro tr ansversal da diafise do femur, deter-
minados amesma altura e logo abaixo do pequeno tr ocanter .
Diametro antero-posterior sub-trocanteriano, - as val ores re la-
tivos a coleccao de ' Coimbra, constantes do qu adro junto, most ram
que sao insignificantes as diferencas entre os ossos direitos e esquer-
dos de ambos os sexos. Esta afirm acao e igualmente verdadeira
par a os fernures ingleses de Rothwell:
Fernures Valor media
Desvio padriio Valor Valor
corrigido maximo minimo
m/m m/m mlm m/m
72 (!; direitos . 26·75 ± 0.15 1.86 ± 0.10 32 23
62 (!; esq uerdos 26.66 + 0.13 r.S8 + 009 30 24
63 ~ di reitos . 23.76 + 0.14 r.64 + 0.10 27 20
63 ~ esquerd os . 23.44 + 0.16 1.84 + O.Il 28 20
P ar a as nossas comparacces podemos, por conseguinte, reunir as
series direitas com as esquerdas 0 qu e da os seguintes valor es :
1 I.. MANOUVRIER, La Platymerie, C. R. du Congrcs Intern. d'Anth, et Arch.
prehistorique, Paris, 18g l; Etudes sur les variations morphologiques du femur clie;
l'Ho mme et les Anth ropoides, Hull. et Mem . de la So c. d'Anth. de Paris, 1893
3
Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Femures Va lor medic Desvio padriio
Portugueses :
134 J .
126 c;> • • ••
m/m
26.71 + o.ro
23.60 ± O.II
m/m
I.74 + 0.07
I.75 + 0.07
Ingleses :
185 3' .
107 c;> • • ••
29.05 ± o.tr
25.42 + O.II
2.I4:t 0.07
I.72+ 0.08
As diferencas, tanto etnicas como sexuais, sao sensivelmente da
mesma ordem que as re gistadas para 0 diametro antero-posterior
maximo da diafise (cf. pag. 28) i. 0 caracter apresenta urn va lor
mais elevad o nos fernures ingleses; os fernures masculinos tern sern-
pre diametros antero -posteriores maiores do que os femininos. Este
diametro emuito pequeno nos fernures neoliticos 2.
Didmetro transuerso sub-trocanteriano, - Das observacoes de
PARSONS sobre os fcmures ingleses de Rothw ell 'parece concluir-se
qu e existe nos valores deste ca racter uma certa dife renca sig nifica-
tiva a favor dos fernures esquerdos de ambos os sexos. As nossas
observacoes sobre os Iernures portugues es nao confirmam aqueles
resultados; os va lores que obtivemos sao praticarnente identicos nos
fernures dos dois lados :
Femur es Valor medic
I
Desvio padrao Yalo,' Valor
corrlgido maximo minirno
I
01/ 111 01/111 m/m m/m
72 J direitos : '1 3I.76 + 0.20 2·52± 0.14 42 26
62 J esque rdos . 3I.82 + 0.23 2.74 + 0.17 43 26
63 c;> direitos 29.59 + 0.19 2.25+ 0.13 36 26
63 c;> esq uerdos . 29.30+ 0.17 2.01 + 0.12 33 25
d/I
10·7
8.0
Desvio padra o
(!)
0.2 18
0.228
Dif ernica das medias
Dam ant-post. sub-troc,
(P ort ugueses e ingleses)
Fernures m asculinos .
Fern ures femin inos .
(d )
2.34m
/
m
1.82
OiL se xua l das medias
Fernures portug ueses 3.lIm
/ ," 0217 14.3
Fernures inglese s . . 3.63 0.22g 15.g
2 A. S CHE NK, Squelettes prehistoriques de Cliamblandes. Revue Mens. de
l'Ecole d'Anth, de Paris, I g o4, pag. 342 et seq.; L. MA NOU VRIER, Les cranes et
ossements du dolmen de Menouville (Seine-et-Olse). Bull. et Mem. de La S oc.
d'Anth, de Paris, I g07, pag, 168.
ofemur portugues 35
No gu adro seguinte podemos verificar a posicao dos fernures por-
tugueses re lativamente aos ingleses.
Femure s Valor medic Desvio padriio
Portugueses :
134 rs .. . .
126 <j? • • ••
Ingleses:
185 rs .
107 <j? ••••
tn /Ill
31.79 + 0.15
29.44+ 0.13
35.55 ± 0.14
32.60+ 0.17
mlm
2.63± O.II
2.14 ± 0.09
2.77 + 0 .10
2.63 + 0.12
Os femures portugueses apresentam urn diametro tr ans versal sub-
trocanteriano rnenor. Tanto as diferencas etnicas como as sexuais
sao estatisticamente significativas i.
indice de platimeria. - Pela definicao do indice ve-se que 0 seu
valor numerico varia ao inverso do diam etro tr ansversal, isto e,
qu anto ma is achatada nos parece a diafise femural ta nto mais ba ixo
e 0 valor do indice.
o indice de platimeria ap resenta uma grande amplit ude de varia-
'tao nas diferentes racas humanas, e os autores que se tern ocupado
do caracter costumarn dividir os fernures nos seguintes grupos 2 :
Com platimeria muito grande: 1< 65;
Com platimeria bem caracterizada : 65 <I <75 ;
Com platimeria incipiente: 75 <I <80;
Sem platimeria: I> 80.
MANOUVR IER propos uma expl icacao fisiol6gica da platimeria, atri-
buindo-a ao aume nto das superficies de insercao do rnusculo qua-
dricip ite crural, determinado pela hip ertrofi a resul tante do seu uso
exce ssivo durante a marcha, na fase de extensao do tronco sobre a
coxa, accao que se exerce a cada passad a, na ultima fase do movi-
mento e com uma ene rg ia mu ito particular durante a ascensao das
encostas. MA NOUV RIER, de harmonia com esta exp licacao, afirmou
d/l:
12.30
9·94
Oesvio pa drao
(l:)
0.305
0.318
0.296 /.95
0.326 9.05
morphologiques du f emur
OiL etnica das medias
1 Dam. transv, sub-trocant,
(Port ugueses e ing leses)
Fernures masculinos .
Fernur es femininos . .
(d)
3'76m
/m
3.16
OiL sexual das medias
Fernures po rt ugu eses 2.35 -r
Fem mes ingleses . . 2.95
Z BELLO y R ODRIGUE Z, Sur quelques. varia tions
humain, L'Anthropologie.; vol. XIX, pag, 437 et seq.
36 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
que a platimeria era independ ente cia raca, e menos acentuada, ou
frequente, nas mulheres do que nos homens.
Sem querermos entrar ria apreciacao critica de sernelhante expli-
cacao sempre diremos que nem a platirneria e const ante entre os
montanheses, como ser ia de espera r, nem 0 seu sign ificado etnico
par ece nul o. Com efeito, 0 proprio M ANOUVRIER reconheceu ser a
platimeria muito mais fr equente nas racas neoliticas do que nas
actua is, e bastante vulgar nos guanches, antigos habitantes das
Can arias. Trab alhos mais recentes confirmam estas ideias ( B ELLO
Y RODRI GUEZ, "P: cit.) t .
, 0 es tudo de ce rtos fernures parologicos (d. PAUL-Bo NCOUR, E tude des
modifications squelettiques consecutives a l'liemiplegie infantile - Bul. et Mem. de
la S oc. d'Anth, de Paris, IgO
O
, pag. 3g et seq.) parece de mo nstra r, de urn modo
evi de nte, a falsidade da explicacao de MANOUVRIER, ndo obsta nte todo 0 engenho
qu e PAUL-BoNC~UR emprega para acomodar os f'ac tos com a referi da exp licacao.
Pondo de pa rt e a p latlmeria tra nsversal, ou melhor estenomeria (d. R. MAR-
TIN, Lehrbucli del' Anthr opologie, pag. 102 1J, veri fica -se que nos esque leto s obser-
vad os pOl' PAUL-BoNCOUR, 0 ca racter e exclusivo, ou mais acentuado, do lad o
doente, na o obs ta nte a atrofia muscul ar co ncomita nte.
o artificio empregado pOI' PAUL-BoNCOUR par a eliminar a dificuld ade con-
siste em substitu ir 0 indi ce pela descr icao morfol6gi ca das mod ificacoos qu e,
em regr a, se enco ntram na porcao superior dos Iernu res plarirneri cos.
Ora esta subs tituicao nao e, de fac to, leg itima, po rquanto 0 Ind ice de pl ati-
meri a nao nos indica mais do que a proporcao que exisre entr e do is diame tros
perp endicular es da extremidade sup er ior do fem ur. T endo co nvencionado cha-
mar plat irnericos aos Iernures cujo indice nao excede urn determinad o valor,
nenhuma outra con sider acao nos pod e obriga r a uma classificacao diferen te dos
mesmos exe mplares. E urn contra-senso esta afirmacao de PAUL-BoNCOUR (op.
cit , pag, 396J: En resume: Les indices ne sent pas la signification exacte du
degre de platymerie : ils sont produits et exag eres par la rencontre d'un agrandis-
sement asses notable du diatnetre transversal, et de l'atrophie du diam etre antero-
-posierieur»: Or a e precisamente a cornbinacao destes dois fact os - exage racao
do diam etro transverso e reducao do diam et ro ante ro- poste rior, qu e produz a
platimeri a. Nao tern valo r a distincao subtil qu e 0 auror pretende fazer entre a
atrofi a do diametro ante ro -pos lerior e 0 achatamento da dia fise, 0 achatame nto
nao e de fact o real em caso algum ; trar a-s e sempre de um a dcficien cia de desen-
volvimento num a dada direccao , que pode ser resultado de causas var iadas.
A demonstrar qu e na realidade niio ha ac hatamen to da extremidade supe-
rior da diafise do s fernures norm ais es ra a circunstftncia de ser positiva, e de
cer ta irnp orran cia nurn erica, a correlacao entre os diam etros qu e entr am na
definicao do indice. Os valores do coeficiente de corre lacao entre 0 diarnerro
antero-pos te rior e 0 diilmetro tra nsver sal sub-troc anteriano s sao, nos fernures
de Coimbra, 0.43 +0.05 (3') e 0.36 ±0.05 (<j?); se houvesse achamento a correIa-
criio deveria ser negativa.
POl' outro lado, 0 estu do morfologico da ex tremida de proxim al da diafise
femural nao contradiz as indicacoes forne cidas pelo indice de platim eri a.
Con sider an do ap enas os exempla res que, pe lo valor do indice, sao real-
ment e plati rner icos verifica-se que neles se encon tram as seguintes pa rticulari-
dades rnorfologicas «sig nes d'ulle platymerie veritable»: crista femural exte rna,
ofemur portugues
O s tipos e as variabilidades do indice de platimeria dos fernures
portugueses const am do quadro seguinte:
Femur es Valor medic
Des vio padrfio Va lor Valor
corrig ido maximo minirno
mlm mlm mlm mlm
72 J direitos . 84.33 + 0.52 6 51+ 0.37 100 fig
62 ~ esquerdos . 84.15 ± 0.58 6,73 + 0-41 97 65
63 J direi tos . . 81.18 + 0.59
I
6,99 ± 0.42
I
96
I
63
63 ~ esque rdos 80.36 + 0.37 6.13 + 0.37 96 65
o valor medic do indice e bastante elev ado, podendo afirmar-se
que 0 femur port ugues nao e platirnerico. Nao se notam diferencas
apreciaveis entre os ossos direitos e esquerdos, e por isso podemos
reunir as duas series de cada sexo:
Portug ueses :
1343' .
126 ~ .
lng leses :
185 J.
107 ~ .. . .
Fernurc s Valor medio
mlm
84.25 + 0.38
'1 80'77 + 0.40
82.02 ± 0.37
7835 + 0.43
Desvio padrfio
mjm
6.61 ± 0.27
6.59+ 0.28
7.48 ± 0.26
6.58+0.30
go teira hipo tr ocanterina, fac e anteri or lar ga, et cela avec llll e frequence et tIIle
intensite superieures au cote sain » / (op. cit., pag. 394).
Mas para PAUL-BoNCOUR todas es ta s indicacoes sa o falsas porque nos feruu-
res doen tes nfio se encontram algumas da s outras particu laridades possiveis ! !
Les cotes sains, all contraire, ma lg re les chiffr es de l'indice (!) presentent la
reunion de tous ou presque tous les phenomenes habituels.
Mas , segundo a nossa .maneira de interpretar 0 indice, a maior parte dos
fernures saos observados por PAUL-BoNCOUR nao tem pla timeria ant ero-pos~erior,
e no un ico em que ela e bern caracter iza da (I = 75.7) <
de petit tr ochanter est un
peu masque" !
A oc ultacfio do pequeno troch anter em coriseq uencia do ala rgamento da
face anterior do femur e uma das part ic ularidades a que aq uele autor da mais
peso na definicao da platimeria. Ve-se qu e 0 unico femur sao, nitidamente pla -
tirnerico, apresenta 0 ca ra cter em grau reduzido, Se 0 numero de exemplares
sfios obse rvad os fos se maior, possivelmente 0 auror teria encontrado alguns
co m 0 pequ eno trochanter a descoberto, como de facto se observa em todas as
co leccoes,
38 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos .
P arece que nos femmes ingleses de Rothwell a platimeri a e m ais
acentuada do lado direito do corpo, mas as diferencas nao sao signi-
ficativas i ,
Nao nos limitando a cons ideracao dos valores medics e fazendo
a ana lise detalh ada das series portuguesas verifica-se faci lmente que
o nurnero de fernures platimericos e, na rea lidade, rnuit o pequeno,
Co m efeito, com platimaria acentuada (1 <75) encontra mos ape-
nas 4-48 % dos femmes masculines e 1349 o dos femininos 2.
Fernures ingleses
80 (!; direi tos . .
105 (!; esque rdo s
57 <jl direitos . .
50 <jl esquerdos,
Valor mcdio
Ill/m
82.51+ 0.62
81.65 + 0,45
79,76 ± 0,57
76.74± 0.61
Desvio padrfio
m/m
8.23 ± 0.44
6.82 + 0.32
6.38 ± 0-40
6,42 + 0.43
No easo mais Iavorav e! (sexo fem ini no), a di fer enca dos valores medic s (3.02)
expressa no desvio padriio (1.24) e ap enas iguaI a 204-
2
Fc murcs portugu eses
3' %
I
<jl %
I
Com indiee de platimeria <65 - - I 2 1.59
»
" entre 65 e 75 6 4-48 IS II·9°
" u » 75 e 80 24 17.91 37 29.36
"
u de platimeria> 80 104 77-61 72 57.15
134 100.00 126 100.00
Co nfroute-se esta dis tri buicfio dos va lores do Indice de pla tirneria co m a
co rrespondente as populacoes neolitieas de Charnblaudes :
Fernur es necliticos
s % <jl %
- - - - - --
Com indice de platimeri a <65 2 10 - -
» » entre 65 e 75 6 30 7 4I.18
" » » 75 e 80 . " 12 60 7 4I.I8
» » de platirneri a > 80 - - 3 17.64
20 100 17 100.00
o femur portugues 39
No quadro seguinte reunimos alguns da dos comparativos qu e nos
'pareceram inte ressantes:
Indice de platimeria
I
s ~ Autorcs
indios de Paltacalo 73.24 (7 1) 71 g8 (53) ANTHONY et RIVET 1
Indi os da Cal ifornia 73.68 (56) - BELLO Y RODRIGUEZ 2
Ain os .. 73'7 6g.2 KOGANEI3
Neollticos de Chamblan-
des . . . 73'72 (20) 75'72 (17) A. SCHEN
K5
Pe ruanos . . . 74-8 72.0 BELLO y RODRIGUEZ 3
Japoneses . .. . . . . 76.4 i;,g KOGANEI3
Neoliticos de Chalons-
-su r-Marne . 76.1 (23) 72.4 ( 10) L. MANOUVRIER 4
Dolmen de Ep one 76.65 (26) 75.0 (21) P. DU CARNE er MANOUVRIER 6
Alama nos da Suissa 80.5 78.5 SCHWERZ7
Negros . . 82.g 80.1 R. MARTIN
Ingleses de Ro thwe lI . 82.02 (185) 78.35 ( 107) PARSONS 8
Bajuvares 83.6 77-3 LEHMANN-NITSCHE 9
Portuguese. 84.25 (134) 80.77 (126) VIEIRA DE CAMPOS
Fr anc eses . 85.5 8407 R. MARTIN
Reconhec e-se ass im a existencia de notaveis diferencas etnicas no
valor do indice. Dum a maneira gera l, as ra~as americanas e mon-
goloides tendem para a platimeria, ao passo que os europeus actuais,
conjuntamente com os elementos etnicos de afinidades negroides, ten-
dem para a eurimeria. As ra cas neoliticas europeias sao platime ras 1.0.
1 B ill. et Mem, de L
a S oc. d'Anth, de Paris, r908, pag. 314 et seq.
2 L'An thropologie , vol. XIX, r908, pag, 437 et seq.
3 Cit. em MARTIN, L ehrbucli del' Anthropologie, pag, 1023.
R ev Mens. de l'Ecole d'Anth. de Paris, r896, pag, r61 et seq.
R ev. Mens. de t'Ecole d'Anth. de Pa ri s, 1904, pag, 342 et seq.
6 B ill. et Mem. de la S oc. d'Allth. de Paris, 1895, pag, 273 et seq.
7 Cit. em MARTIN, op. cit., pag, I022.
8 Jour. of Anat. and Phys., vol. XLVIII, pag, 238 et seq.
9 Cit em MA RTIN
, ap. cit., pag, 1022.
10 Embora a difer enca ent re OS valor es medios d o indi ce de platimeri a nos
fernures portugueses e ingleses de Ro thwell, seja aproximadamente igual a duas
unidades, niio se pode ainda considerar estatrs ticarnenre significa tiva :
i ndice de platimeria Dif, etnica das medias . Desvio pad riio df ].
(Portugueses e ingleses) (d ) (1)
Fernures masculinos 2.23"I" 0.793 2.8
Fernures feminines. . • 2.42 0.865 2.8
40 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Verifica-se tarnbern que, contrariamente a suposicao de MANOU-
VRIER, a platim eri a e mais acentuad a nas mulheres que nos homens -.
A diferenca sexual do va lor do ind ice de pl atimeria e significativa
tanto para as por tugueses como pa ra os ingleses t .
Ha uma co rrelacao positiva ligeira, ta lvez nao significat iva, entre
o compri mento do osso e a platimeria 2; contrar iamente ao que
ANTHONY e RI VET encontraram nos femures dos indios de Paltacalo 3.
Nao ha correlacao apreciavel entre a platimeria e a torsao do
femur 4.
CURVATURA FEMURAL
PARSONS ava liou 0 gra u de encurv ame nto da di afise femural por
m eio de urn ind ice em que se cornpara 0 valor da flecha maxima da
curvatur a anterior do fem ur com 0 comprimento do osso (cf. pag. 283) 5.
Fleclia maxima. - Os va lores obtidos para os fe rnure s portugue-
ses constam do quadro seguinte:
Femuros
I
Valor media
Desvio padrfio Va lor Valor
portugueses corrlg ldo maximo minima
m/m m/m m/m m/m
72 (!; dir eitos . 59.08 + 0.27 30{2 + 0.19 68 52
62 (!; esq uerdos . 59.85 + 0.34 4-00 + 0.24 70 51
113 ~ dire itos . 55.19 + 0.24 2·79 ± 0.17 64 52
63 ~ esq uerdos . 55.06 j- 0.22 2.65 + 0.16 61 51
1 indice de pl atimeria Dif. sex ual das medi as Desvio padnio d/~
~) ~)
Fernures ponugueses . 3.48 -r 0.81g 4.2
Fe rnures ingleses . . . 3.67 0.840 4.4
Z Os valores do coeficiente de co rrelacao ent re 0 ind ice de platimeria e 0
comprime nto obliquo do femur sa o os segui ntes :
Fern ure s masculinos (col de Coimbra)
Fernure s femini nos »
r = 0.24 + 0.08
r = 0.20 ± o.og.
3 E tude anth ropolog ique des races precoloiubiaunes de la R epub lique de
l' Equatenr, B ul. et Melli, de L
a Soc. d'Anth. de Paris, Ig08, pag. 370.
I Os valores do coefi ciente de correlacdo entre 0 angulo de t orsfi o do
femur e 0 indi ce de platimeri a sao os seg uintes :
Fernuros masculinos (col. de Coi mbra).
Fe rnure s femininos
r = O.Ig + 0.08.
r = - 0.I3 + 0.09.
5 Em vinude das criticas que se podem Iazer ao me rodo seguido par PAR-
SONS, reser vamos para um trabalho especial a estudo da curva tura do femur,
ofemur portugues 41
Nao se nota diferenc a aprecia vel entre os ossos direi tos e os
esquerd os, e a diferenca de curva tura ent re os fernures portugueses
e os ingleses de Rothwell e tarnbern insignificante conforme se ve
pelos numeros constantes do quadro junto:
Fernure s Va lor medic Desvio padrii o
Portugueses :
134 6 ' .. .
126 ~ .
Ing leses :
174 6 '
l OS ~ • • • .
m{m
59.44+ 0.22
55.33 + 0.16
'.1 60.87 + 0.26
55.16+0.32
m{m
3'72 ± 0.15
2.74+ 0.12
5.08 ± 0.18
4.82 + 0 .22
As series portuguesas sao notavelrnente ma is hornogeneas do que
as inglesas ; tern desvios padroes muito menores.
A diferenca sexual , tanto pa ra os femures ingleses como para os
portugueses, e imp ortant e {.
indice de curuatura. - 0 ind ice de curvatura dos Iernures por-
tugueses tern sen sivelm ente 0 mesmo valor nos ossos dos dois lados
do corpo:
Fem ures Valor medic
I
Desvi o padriio
Valor Valo r
maxi 0 minima
72 6 direitos 13.24 + 0.06 0.77 + 0.04 15·3 1r.6
62 J esquerdos . 13-41 + 0.06 0·73 + 0.04 J5·0 II.8
134 J [direitos e esquerdos) . 13.32 + 0.04 0.76 + 0.03 - -
63 ~ direitos 13·77 + 0.05 0.64 + 0.04 15·5 12.2
63 ~ esque rdos J3.92 ± 0.07 0.78 + 0·°5 15·4 12·3
126 ~ [direiros e esquerdos) . 13·75 + 0.04 0.69 + 0·(3 - -
PARSONS (ob cit., pag. 2 6 0 ) achou que a curvatura femural depende
do comprimento do osso; nas ser ies de Roth w ell, os fernures mais
curtos sao tambern os mais cur ves.
10.17
9·43
Desvio padrtio
(!)
0·4°4
0.605
Fernures portugu eses
Fernures ingl eses • ..
Iim irau do-n os neste lugar ao calculo do s valo res rne dios e var iab ilidade da flecha
max ima e do indice de curvatura, com 0 fim de compararmos os nossos resulta-
tudes com os obridos por aq uele autor,
1 Fteclia maxIlIla Drf, sexual das medias
(d)
4·IIm;m
5.71
42 Dr . Tamagnini e D. Vieira de Campos
Se atentarmos na formula que serve par a 0 calculo do indice de
curvatura ve-se que, entrando 0 comprimento do femur no domina-
do r dessa expressao, para cada valor da flecha maxima, 0 valor do
indice sera tanto mais elevado quanto me nos comp rido for 0 femur.
Desta maneira se podera exp licar 0 indice de curvatura mais elevado
dos Iernures femininos que sa o senslvelrnente mais curtos do que os
masculines . Mas com o existe uma correlacao re lativamente elevada
entre a flech a maxim a e 0 comprimento do femur, 0 indice de cur-
vatura pouco depende deste ultimo caracter t.
Nos fernu res portugueses a dife renca sexua l das medias 2 niio
deve ser significativa 3.
Nao se nota qualquer diferenca etn ica significativa no va lor deste
caracter entre os fernures ingleses e os portugueses 4.
I 0 co eficiente de co rr el ac ao entre a Ilecha m axim a e 0 comprime nto ob lt-
quo do fem ur, calc ula do para os 134 ex emplares da co lecctio de Coim bra (sexo
masculi no) e igual a 0.40 ±0.07.
2 in dice de curvatur a Dif. sex ual da s med ias
(d)
Fernures portugu eses 0.43 "["
Desvio padriio
(l:)
0.08g
d/'f.
2.8
3 Este resultado co nfirm a as co nc lus6es a que chegaram ANTHONY et
RIVET no seu es tu do sobre os fernures de Pal tacalo ( But. et. Mem de La
Soc. d' Anth de Paris , Ig08, pag. 39S) ; empre gando 0 raio de curvatura para
eXprt mlr a curva tur a lemura l ancer ro r, acharam que, em media, 0 caracter
tinha se ns ive lmen te 0 mesmo va lor nos doi s sex os .
Dos nurner os registados p OI' PARSONS para os [emures ingleses de Rothwell
(ef. quadro respect ivo) resu lta tarnbern urna drferenca sex ual insign ificante para
a curvatura fem ural.
Fcrnures de Rot hwell
69 I!; direitos .
97 I!; esquerd os .
1666 (dire itos e esquerdos)
52 'jl dire ito s .
50 'jl esquerd os . . • . . . .
102 'jl (direitos e esq uerdos)
Valor medio
13.62+ o.oo
13.31 + 0.08
13.41 + 0.06
13.63 ±0.12
I2.97 ± O.IO
13.48 ±0.07
Desvio padrfio
1.14 + 0.07
1.18 + 0.06
1.17 ± 0.04
1.24 + 0.08
Log + 0.07
1.22 + 0.06
(d)
Ma sculinos o.oo
Fe minino s. 0.27
1 In dice de curvatllra OiL etnica das med ias Des vio pa driio
('f.)
1.03
1.76
d/'f.
o.oo
0.15
o femur portugues
ANGULO DE TORSAO
o femur, do mesmo modo que 0 humero, apresenta uma tors ao
qu e se determina, como dissemos, rnedindo 0 angu lo formado pelo
eixo do colo com 0 plano tangente a superficie pos terior convexa
dos condilos.
Obtivemos os valores constantes do quadro junto:
Fernure s Valor rnedio
Desvio padrfi o Valor Va lor
corrigido maxim o rninimo
- - --
0 0 0 0
72 J dire itos . 12.19 + 0.61 7 70 +0.43 32 - 7
62 J esquerdos 11.63 + 0.69 8.07 + 0.49 32 - 4
63 <j' di reitos . 11.95 + 0·94 I 1 08 ± 0.66 34 - 16
63 <j' es que rdo s . I I.57 ± 0.80 9-40 ± 0.56 37 -1 2
Destes numeros pode concluir-se que nao existe diferenca apre-
ciavel no valor de torsao dos fernures direitos e esquerdos e que a
diferenca sexual e tambern pr aticamente nul a i.
I Nao se pode afirmar ou tro tanto dos fernu res ingl eses de Rothwel ; a serie
feminin a apresenta uma torsa o se nsivelrne ute m ais elevada e a diferen ca e ap a-
rentemente sign ific ativa.
Os va lores ca1cula dos pa ra as se ries de Rothwell , masculin a e fem inina, sem
distingui r 0 lado do corpo, sa o os seguintes:
166 J .
1 00 <j' •
Fcmures de Roth well Valor medlo
o
13. 2 7 + o·H
17. 2 2 ± 0 .6 3
Desv io pad rfio
o
8,47 ± 0 ·3 I
9·33 ± 9·45
Nal gumas racas americana s enos eg ip cios an rigos (Naqadar, a torsao fernu-
raj parece mais ace ntuada no . sexo femi nino (cf. II'IART IN, Lehrbuclt der Anthro-
pologie ; pag. 1025) ; A NTHONY et RI VET (cf. Bill. et Mem . de la So c. d'A nth. de
Paris, pag. 378) ob tiveram pelo contrario para os do is sexos aproxirnada -
mente os mesmos va lo res medic s. P arece portanto que 0 assunto requer melhor
es tudo,
Al ern disso 0 caract er e susceptive! de vari ar entre limites muito largos con-
forme a tecnica se guida (d. BOULE , L' Home f ossile de la Cltapelle-aux-Saints, e
44 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Relativamente as cornparacces etnicas, organiza mos 0 quadro
seguinte com nu meros em grande parte extraidos da obra de R. M AR-
TI N, tantas vezes citad a :
Torsio do femur
Valores medios Autores
0
Suissos ' .. 8 MARTIN
Japon eses . II.5 KOGANEI
Portugueses 11.9 VIEIRA DE CAMPOS
Austriacos 12 MIKuI.ICZ
Ingleses de Rothwell . 13 (J) PARSON
S
Fra nceses ac tuais . 14·4 BELLO y RODRIGUEZ
Guan ches . 15·3 )J
Neolitic os franceses 18·5
Melanes ios 22.8
Negriros , 23 )J
Maoris 39·7
C ro-Magno n 35 )J
as portugueses fieam pois compreendidos entre as populacoes
euro peias, que manifestam uma torsao femura l minima, em contra-
pos icao as populacoes negroides, ame ricanas , melan es icas e poline-
sicas euja torsao fem ural emuito forte.
COMPRIMENTO DO CO LO
A coleccao dos fernures de Coimbra forneeeu os seguintes valores:
Femurcs Valor media
Desvio pad rfio Valor Va lor
corrigido maximo minima
m/m m/"n m/m m/m
72 J dire itos 64-90 ± 0.31 3.91 ± 0.22 76 55
62 3' esque rr' os 6+31 -j-- 0.38 4.44 + 0.27 80 56
63 <j? direiios . 56·54± 0.29 3.46 + 0.2 [ 65 50
63 <j? esquerdo s . 56.08 + 0.26 3.01 j- 0.18 65 50
MANOUVRIER, Rev. Mens. de l'E cole d'A nth. de Paris, 1896, pag, 165 (Elude des
ossements et cranes humains de la sepulture neolithique de Chalons-sur-Marn e} ;
Je dois ajouter ici Ime reserve relativement ala comparabilite des angles de tor-
sion mesures pa,r des.operatellrs differents.
o femur portugues
A difere nca entre os ossos direitos e os esquerdos dos dois sexos
continu a a ser insignificante , facto que se repete nos femures ingleses
de Ro thwell.
Para fins comparativos podemos pois reunir os ossos direitos aos
esquerdos, 0 que nos fornece os seguintes valores :
Femure s Valor medlo Desvio padrfio
Port ugueses :
134 J .
126 Cj! ....
ln g leses :
178 J .
105 Cj! . •. •
mlm
64.63 + 0.24
56.31 + 2.20
65.74 + 0.25
56.48 + 0.22
mlm
4.18 + 0.17
3.26 + 0.14
4.94 + 0.18
3.39 ± 0.r6
Ve-se que existe uma diferenca considerave l entre os femures
masculin os e os fem ininos; os fern ures da rnu lher tern 0 colo sen-
sivelm ente mais curto i .
o corn primento do colo mantem uma correlacao positiva apre -
ciavel (0,5 aproximadamente) com 0 comprimento obliquo do femur ,
com 0 diametro de cabeca fem ura l e com a largur a de artic ulacao
inferior 2.
Oil. sexua l das medias d/4
18·3
18.6
do colo e
Oesvio padrdo
(4)
0·45
0.50
o comprimento
entre
1 Compriinento do colo
(d)
Fernur es portu gueses 8.32 m
/m
Fernures ingleses . . 9.16
Z Valores do co efic ie nre de correlacao
out ros caracteres do femur portugues :
Femur es portugue ses Caractor relative Coeficiente de correlacfio
1341; ·
I :l6 Cj!.
134 J .
126 Cj! .
134 (3 .
126 Cj! •
Comprimento ob liq ue r = 0.55 + 0.06
» r = 0.42 + 0.07
Diametro da cabeca r = 0.48 + 0.07
» r = 0.49 + 0.07
Largura da art icu lacao inferior r = 0.42 + 0.07
» r = 0.55 ± 0.06
Es tes res ultados nao confirmam a oplt1lao de PAUL-BoNCOUR (Etude des
modifications squelettiques . " (Bul. et Mem , de la Soc. d/Anthr. de Pans, 1900,
pag, 366) "La f emme axant des femurs moins vigoureux et moins longs que
I'homm e, le col suivr a les variations du reste de l'os»,
Dr. Tarnagnini e D. Vieira de Campos
A diferenca entre os femures de Ro thwell e os fernures portugue -
ses einsignificante i .
ANGULO DO COLO
a s valores deste caracter na coleccao dos fernures de Coimbra
constam do quadro junto:
Fernures Valor med ic
Iresv io padr:lo Valor Valor
corrigido minima maximo
0 0 0 0
72 6 direitos . ]27.30 ± 0·4t 5.20 ± 0.29 140 lIS
62 6 esquerdos . 126·34 + 0.49 5.68 + 0·34 141 110
63 <j> direi tos . 124.78 ± 0.48 5.65 + 0·34 140 IIO
63 <j> esquerdos . 125.54 + 0.40 4.70 ± 0.28 140 JI8
Os fernures direitos nao diferem dos esquerd os 2, e a diferenca
sexual e tarnbern insignificante 3.
P ARS ONS che gou aos mesm os resultados para os fernures de
Rothwell 3. Re unindo os ossos direitos e esquerdos obtivernos os
seguin tes valores :
Portug ueses :
134 6 ' . ..
126 <j> •
Ingleses :
183 6 '
187 <j> • •• •
F ernures ValOl' mcdlo
o
126.81 ± 0.32
125.13 ±0·3t
126.16 +0.27 I
125.41 ± 0.21
Desvio pa drfio
o
5.46+ 0.22
5.14 ± 0.22
5.36+ 0.19
4.25 ± 0.15
a s femures ingleses de Rothwell nao diferem sen sivelrnente des
Iernures portugueses no que resp eita ao valor num er ico do angulo
I Comprimento do colo Dil. etnica das medias Desvio padr ao d/J.
(P ortugueses e ingleses) (d) (I)
Fernures mascu linos. 1.11m/m 0.52 2.14
z Ang ulo de colo Di f, das med ias Desvio padrao d/I
(d) (~)
Fernures masculinos . 0.96 0·94 r.02
3 Angulo do colo Oif. sex ual das medias Desvio padrfio d{J.
(d) (J.)
Fernures portugueses r.68 0:66 2·54
Fernures ingleses 0·75 0·57 1.31
o femur portugues 47
cervico-diafisar ; para comparacao com outras racas organizamos 0
qu adro seguinte com dados fornecidos, em grande parte, por R. MAR-
TIN (op. cit., pag. 1027):
Angulo do colo
Valores medics
o
Autores
indios de Paltacal o . , .
Ber beres .
Neoliti cos de Montign y-E sbl y
F ra nceses ac tuais . , .
lngleses de Ro thwell , .
Neo liticos de Chambla nd es '
Negros . ..
Pcr- tugueae e . ' '. . . . ' . .
Bavaros recentes .. .
Neo li ti cos de Chal ons-s ur-Marne .
Ja poneses •.
A ustralianos .
Negritos .. .
12I.2
124·1
124.2 (20)
125·8
126.I6 (6')
126·74 (I7)
rr6,8
126.81 (3)
127
I 28.2 (23)
128.2
13°
I32 •6
RIVET
B ELl.O Y RODR IGUEZ
MANO UVRIER et A NTHONY
B ELLO Y RODRIGUEZ
PARSO NS
A. S CHENK
MA NOU IIRIER
VU:IRA DE CAMPOS
I3UMULLE R
M ANOUVRIE R
K OGANEI
L USTIG
BELL O Y RO DRI GUEZ
Parece pois que os portugneses, conjuntamente com outras racas
europeias, ocupam na escala dos valores do angulo do colo uma posi-
cao interrnedia, ficando de urn lado as racas aborigenes americanas
e de out ro os australianos e negritos .
Relativamente adiferenca sexual, nao estao de acordo os resulta-
dos obtidos pelos diferentes autores ; assim por exemplo, ao passo
qu e dos numeros pu blicados por BELLO y RODRIGUEZ se conc lue que,
na m aioria dos grupos etn icos estudados por este autor, 0 angulo do
colo e mais aberto nas mulheres do que nos homens, os resultados do
estudo de P ARSONS sobre os fernures de Rothwell, de VE LJO ZA:-lOLLl
so bre os fernures bolonheses i , e os nossos prop rios es tudos, revelam
o contrario. Parece pois tratar-se de um caracter cuja significacao
ainda precisa de ser melhor estudada. A diferenca sexual etodavia
muito pequena.
Afirma HIRSCH i.Anatomische Hef te, Band xxxvu-rSqq) a existen-
cia de um a certa correlacso positiva entre 0 angulo cervico-diafisar e
o comprimento do colo. PARSONS (ob cit ., pag. 26'2) confirma, mas
ape nas no qu e se refere aos fernures masculinos, a existencia dessa
corre lacao. Os resu ltados obtidos com os fernures da coleccao de
I VEl.IO ZA NOLI.I, Stud, di Antropologia bolognese. Omeri e fe mori (Atti dell'
Acadellli,l S cientifica veneto-trentino-istriana, 3.' seri e, I.O an o, 1908) , cit. in L'An-
throp olie, vol , xx, 1909, pag. 229. .
48 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
Co irnbra nao estao de acordo com est as 0p lnloes ; tanto para urn
como par a 0 outro sexo, os valores num ericos do coeficiente de cor-
relaciio entre os dois caracteres citados sao pra ticarnc ntc nulos t.
Tarnbern reconhecemos nao existir, praticarnente, em ' contraste
com a opiniao de HUMPHRY 2, correlacao apreciave l entre 0 angulo
do colo e 0 comprimento do femur; 0 valor do cceficiente de corre-
elacao dos dois caracteres nas series masculinas de Co imbra e igual
a 0.20 + 0.08 .
OBLlQUIDADE DA DlAFASE
Os va lores medics do caracter nos fernures da coleccao de Coim-
bra consta m do seguinte quad ro :
Femures Valor med io
Oesvi o pa driio Valor Va lor
corrigido maximo minimo
0 0 0 0
72 J di reitos 8.65+ 0.I6 2.05 + O.II J3 3
62 J es querdos 9.61 + 0.19 2.18 ± 0.13 I4 5
63 <j> d ireitos 9.75 + 0.20 2.40 + 0.14 IS 4
63 <j> esquerdos IO·s2 ±0.I7 2.01 + 0.12
I
I6 7
A diferenca entre os valores me dics relativos aos ossos direitos
e esquerdos, em bora seja relativ ame nte gra nde, e estatisticame nte
insignificante 3.
Com os fernures ingleses de Rothwell sucede out ro tanto; p OI'
conseguinte, podernos reunir os ossos direitos aos esquerdos 0 que
da os seguintes resultados:
Portugueses :
134 J .. . .
126 <j>' • ••
Ingleses :
168 J
99 <j> .. ..
F ernures Valor medio
o
9.10 ± 0.13
10.13 + 0.14
9.43± O.II
10·53 + O.Is
lJesvio pa drfio
o
2.I7 + 0·09
2.25 ± 0.10
2.06:::t 0.08
2.24+ O.II
I Col ecca o de Co imbra:
Fe rnu re s rnascuh nos . . . . . . . . . . . . . . r = 0.06 ± 0.09
Fernures femin ines . . . . . . . . . . . . . .. /. = 0.19 + 0.09
2 Ci t. in MARTIN, Lehrbuclt der Anthropologie, png. I028.
3 Fernures pol't ug ueses Dif. das m edias Desvio padrfio dl'J.
( OSSOS dir. e esq )
(d) ('J. )
Fernures masculinos . 0.96 0.368 2.6
Fernures femininos . . 0.78 6.395 1.9
ofem ur portugues 49
Estes resul tados mostr am que a diferenca sexual e estatistica-
me nte sig nificativa, e indicam maior divergencia do fem ur feminine I..
Para a cornparacao etnica nao disp omos de muitos dados ; reuni-
mos no q uadro seguinte alguns va lores publicados po r R . MARTIN
(op. cit., pag. 1027) com outros por nos eoligidos:
Obliquidade da diafise femural
(l; ~ Autorcs
Portugueses 9.10 (I34) 10.13 (I26) VIEIRA DE CAMPOS
Ingleses de Ro thw ell . 9.43 (I68) IO·53 (99) PARSON
S
Bavaros recentes . 9·5 - MARTIN
Neoliti cos de Charnb lande s. 9.83 (60) IO.I3 (34) RIVET et ANTHONY
Indios de Paltacalo . 9·7 (16) 9·3 (ro) A. SCHENK
Neoliticos de Cbalons-sur-Marne . 10.2 (22) IO·5 (9) MANOUVRIER
Suissos recent es II - MARTIN
Ve -se clarame nte que 0 femur portugues nao dife re essencial-
m ente dos fernures europeus actua is. 0 assunto precisa de ser
estudado de um modo mais completo.
o angulc de diver gencia pareee ser independente do co mprirnento
do fem ur e do eompri mento e angulo do colo 2.
1 Angulo de diverg encia Dif sexual das medias Desvio padriio djI
(d) (!)
Fernures portugueses. 1.03 0.274 3.76
Fern ur es ing les es . . . I.IO 0.276 3.98
2 Tabela dos valo res numericos do coeficien re de correlacao entre 0 angu!o
de divergenc ia e outros caracteres do femur.
I34 (l;.
126 ~ .
1346'·
I26 ~.
134 (l;.
I26 ~ .
Fernu res Caract er relative Coeficiente de correlacfio
Comp rimento em posicfio - 0.07 ± 0.09
- 0.I2 ± 0.09
Comprirnen to do colo - 0.01 ± 0.09
» 0.06 ± a 09
Angulo do colo - 0.I2 ± 0.09
» - 0.27 ± 0.08
50 Dr. E. Tamagnini e D . Vieira de Campos
FACETA DA FACE ANTERIOR DO COLO E IM
PR
ESSAO IliAC 
Muitas vezes a cartilagem articular da cabeca femural estende-se
em ponta sabre a face anterior do colo, dando lugar a uma faceta
de dimens6es bastante var iaveis ; quando a cartilagem articular se
nao dese nvolve desta maneira, verifica-se que no lugar da faceta se
encontra uma depressao rugosa, de contornos mais ou menos nitidos ,
a impressaa iliaca (POIRIER i). Foi BERTEAUX '2 que m primeiro chamou
a atencao para estas particularidades morfol6gicas do femur, que se
tern atribuida amaior amp litude de certos movimentos (fleccao fort e
com rotacao interna da coxa) correlativos de determinadas atitudes
habi tuais (por exemplo, 0 habito de descansar numa posicao aga-
chada, au de cocoras). Nesta posicao, a parte superior do bordo da
cavidade cotiloide aplica-se contra a face anterior do colo femura l e
este con tacto' prolongado, e muitas vezes repetido, determinari a a
for macao das particularidades morfologicas indicadas (POIRIER).
PAUL-BoNCOUR afirma a necessidade de distinguir a irnpressao
iliaca do avanco da cartilagern articular; e, conclue que, nao se
podendo explicar a presen<;:a da irnpressao iliaca nos fernures do
lado sao por uma atitude particular habitua l, se deve racionalm ente
proc urar a sua origem na marcha especial dos hemiplcgicos infantis
(B ul, et Mem, de la Soc. d'Anth, de Paris, IgoO, pag. 370 e 373).
FELIX REG:-<AULT que tam bern estudou esta particularidade mor-
fol6gica afirma ser ela mais freque nte nos fernures pr ehist6ricos
(2 2 vezes em 3g casos) do que nos fernu res das racas brancas actuais 3.
.Notamos porern que semelhante afirrnaciio nao esta de acordo nem
com os resultados dos estudos de PARSONS sobre OS femures de
Rothwell, nern com os obtidos por nos ,para os fernures por tugueses
actuais.
Considerando, como fez REGNAULT, a faceta e a im pr essao iliaca
conjuntamente, acharam -se as seguintes percentagens da presen<;:a do
caracter em questao :
POIRIER, Traite d'Anatomie, t. I, pags. 210, 220 e 653, cit. ill PAUL-BoucOUR.
BERTEAX, L'Humerus et le Femur. pag. II4, cit. i ll PAUL-BoUCOUR.
3 F. REGNAULT, Forme des surfaces articula ires des me mbres inf erieurs (S oc.
d'Anthr, de P aris, 1898.
Portugueses :
(!; direito s . .
(!; esquerd os .
'i' direitos . . .
¥ esgue rdos.
Ingleses :
(!; di reitos . .
(!; esguerdos
'i'direitos . .
'i' esgue rdos.
o femur portugues
F'COl UI'CS 010
78
79
71
60
79
79
58
67
51
~~ interessante not ar, co mo fez PARSONS, que estas percentagens
nao sao essencialmente diferentes d as que corresp ondem aos fernures
prehist orico s. Se nos rep ortarmos aos numer os de REGNAULT , veri-
tica -se que 0 caracter e mais frequente nas raca s brancas actua is do
que nas prehistoricas, niio sendo possiv el fa zer entrar na explicacao
do facto a atitu de h abitual (acocorada) de descanco que se atribue
aos nossos antep as sad os prehi st oricos.
Verifica-se tarnb ern que 0 ca racte r emats frequente nos homens
do que nas mulheres .
TER CEIRO T ROCAN rER E FO SSA HIl' OTRO CANTERIA NA
E stas duas anornalias en contram-se com uma certa frequencia nos
fernures humanos actuais e parece terem sido m ais frequentes nos
nossos antepass ados.
o terceiro trocanter i e, co mo se sab e, uma apofise de volume
variavel, as vezes m aior que O' pequeno trocanter, situada ao mesmo
nivel que ele, na bifurcacao externa d a linha as pera,
No homem, onde se encontra anorrnalmente , a significacao da
sua natureza, at avi ca ou fisiol6gic a, nao esta ainda esclarecida, P ;UL-
-BONCOUR 2 diz: ames observations me permettent d'affirmer que sa
naissance (je ne dis pas sa forme) est indepen.lante de tout deue-
loppement musculaire ».
1 0 tercei ro trod .nt er e uma apofise normal nalgumas ordens de Terios
afastada s dos Primatas.
Z PAUL-BoNCOUR, Etude des modifications squelettiques, et c. ; BlIZ
. et Mem,
de la Soc. d'Antli, de Paris, 1900, pag. 4°4.
52 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
A fossa hipotrocanteriana e uma depressao longitudin al situada
imediatamente abaixo do grande tr ocanter, frequente nos Iernures
neoliticos enos dos hornens de idade da rena. A frequencia desta
anomalia nas diferentes racas human as e bastante variavel , e pOl'
iss o BELLO y RODRIGUEZ i im agina que 0 car.icter tem algu ma irn por-
tancia etnica. Parece tarnbern, segundo 0 referido autor, haver urn a
certa correlacao, facil de explicar, entre a platimeria e a presenya da
fossa hipotrocanteriana.
o terceiro tr ocanter e a fossa hipotrocanteriana encontrarn-se
algumas vezes associad os no mesmo exemplar, e qualquer dos ca rac-
teres, pode existir apen asnum do s fernures do mesmo ind ivid uo.
Foi 0 que se obser vou duas vezes nos esqueletos da coleccao
FERRAZ DE MACEDO ; num dos ind ividuos 0 femur esq uerdo apresen-
tava 0 3.0
tr ocanter, .que nao existia no osso direito correspondente ;
o outro individuo tinha a referida anomal ia apenas no femur direito.
Pelo que respeita acoleccao de Coimbra, as duas anomalias em ques-
tao foram encontrad as com as frequencias indicadas no quadro junto.
Treceiro
Fossa hipo- Cocx isten-
Vestigios
Vestigios da Vestigios
Fe rnures trocanrer
.rocante- cia dos dois
do terceiro
fossa hipo- do s dois
nitido
rianc caractcres
trocant er
troeante- caract cres
nit ida nitidos d ana associados
% % % % 0 1
%
10
72 3' direitos . 69 I2·5
° I8 .0 11.1 5·5
62 rs esquerdos 8.0 17·7 1.6 14·5 9·7 3.2
63 Cj? direitos . I5·8 20.6 6·3 14.2 23.8 9·5
63 Cj? esquerdos . 12·7 3O•I 6·3 12·7 11.1 6·3
Como se ve os dois caracteres sao senslvelmente mais frequentes
nos fernures femininos.
Conclusoes gerais
i) As diferencas entre os fernures direitos e os esquerdos, re Ia-
tivas aos valores m edics de todos os caracteres estudados, sao esta-
tisticamente insignificantes, e podem atribuir-se afluctuacao das series.
ii) E xceptuando 0 angulo do colo e a torsao fernural, todos os
outros caracteres m anifestamdlferell~assexuais estatisticamente signi-
ficativas.
1 BELLO Y RO DRI GUE Z, Sur quel ques var iatio ns morphologiques du femur
hnmain. L'Anthropologie, vol, XXI X, pag, 444.
ofemur portugues S3
o angulo do colo, os comprim entos ma ximo e obliquo da
diafise, a largura da articulacao inferior e 0 diametro
da cabeca sao os caracteres menos variaveis, e por
conseguinte os de maior importancia na caracterizacao
etnica dos portugueses ;
iii) A
tr a que :
a)
Dispondo os caracteres pela ordem da su a imp ortancia sexual
obtem-se a seguinte classificacao :
a) largura da articulaciio inferior, diarnetro da cabeca, com-
primento oblique e comprimento do colo;
b) diametros transversais e antero-poster iores cia diafise,
flecha max ima;
c) indices de platimeria e de curvatura, angulo de divergen-
cia da diafise.
ana lise dos valores do coeficiente de variacdo 1 mo s-
1 Quando se pr etende apre ciar a va riabilidade relativa de caracteres corres-
pondentes dos dois sexos, ou de di fcr entes caracteres, e indisp ensavel urn coefi-
ci ente qu e sej a independente das unidades de medida empregadas. Par a esse
efeito PEARSON pr op ol (Phil. Trails. ojtlze Royal Soc., serie A, vol. 186, pag. 253)
urn coeficiente de variaciio, C = 100 a:ill, onde a represent a 0 des vio padriio e ill
o valor medio do caracter considerad o.
Coeficient e de variaciio : C= 100 ai M
- A
-
Caracteres estudados
Feruures inglescs Femures portuguescs
- ~
- - ~
-
s ¥ 6' ~
Angulo do co lo. 4.31 +0.18 4.II + 0.17 4·25+ 0.:u 3.39 + 0.12
Cornprime nto ob liquo 4·54 ± 0.13 4.70± 0.14 4.24 + 0.15 4·63±0.22
Largura da artic ulacao in-
Ieri or 4.62 + 0.14 4.36+ 0.13 4.73 ±0.I8 3·97 -t 0.20
Cornprirnen to maximo . 4.71 j- 0.19 4.02+ 0.17 4.24 + 0.I5 5.05 + 0.24
Diflrne tro da cabeca 4.86 + 0.14 4.63 ± 0.14 4.84 + 0.18 4.64 + 0.22
lndice de curvatura , 5.71 + 0.24 5.02 ± 0.21 8·72± 0.33 9·05 + 0·43
Flecha m ax im a . 6.26+ 0.26 4.95 ± 0.22 8.35 + 0·30 8.74+ 0·41
Cornprimen to do colo 6·47 + 0.27 5.i9±0.25 7.51 + 0.27 6.00±0.28
Diftrnetro tran sverso min.
da diafise 7.05 ±0.21 7.04 ± 0.2I 6.67 + 0.24 i ·II ±0·33
Diflrnerro an t. post.. max.
da diafise 8.30 + 0·34 i .II ± 0.30 7.64 + 0.27 8.II +0.38
lndice de platimeri a 7.85+ 0.33 8.16 ±0.35 9.12 ± 0.32 8.40 + 0·39
<?bl iqil idade da di afis e . 23.85 + L04 22.21 ±0.99 2L85 ±0.84 2L2i + L06
An gulo de torsiio. 66.05 ± 3.27 87·33 ± 590 63.83 + 3.18 54.18+ 3.26
54 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos
b) os indices de curvatura e de platimeria, a flecha maxima,
o comprimento do colo e os diametros transve rsa e
antero-posterior da diafise tern variabilidad es sensivel-
mente rnaiores ;
c) a obliquidade da diafise eo angulo de tors ao apresentam
variabilidades tao grandes que diflcilmen te se poderao
empregar com prov eito na diagnose dos tipos etnicos
europeus.
d) As series dos fernures de Rothwell manifes tam menor
homogene idade que as dos portugueses a res peito dos
caracteres do grupo b.
iu ; Do estudo da cor relacdo entre as diferentes caracteres do
femur pode concl uir-se que :
a) existe uma correlacao apreciavel entre 0 comp r imento
obliquo e 0 comp rirnento do colo, a largur a da art icula-
<;:ao inferior, 0 diametro 'da cabeca femural e 0 diame-
tro rtntero-postericr maximo da di.ifise.
b) 0 didmeiro da cabeca do femur rnantern uma correla-
~ao elevada com a largur a da articulacao inferior e
com 0 cornprimento do colo. .
c) 0 comprimento obliquo e independente do tlngulo do
colo, do diamet ro transverso minimo da diafise, da
obliquidade e do indice de platimeria.
d) 0 angu lo de torsao e indcpendente da platimeria.
e) 0 angul o cervico-diafisar e independente do comprimento
do colo e da obliquidade da diafise.
f) 0 comprimento do colo c independente da largura da
articulacao inferior.
v) Pelo conjunto dos valores medics dos diferentes caracte res
estudados os femures portugueses ndo se dis tillguem . dos femures
euro peus actuais - <l.ngulo e comprimento do colo, obliquidade da
diafise, angulo de torsao, Ilecha maxim a, indices de cur vatura e de
platimeria -, aproximando-se mais estreitamente dos femures das
populacoes de baixa estatura - comprimcnto oblique, diarnetro da
cabeca, diametros transversos e antero-posterior da diafise, largura
da articulacao inferior.
vi) Relativamente as populacces prehist6ricas da E uropa, os
fernures portugueses aproximam-se cons ideravelmeute dos femures
do tipa de Beaumes-Chaudes-Homme-1Uort, afastando-se nitidarnente
dos fernures do tipo de Cro-Magnon .
o femur portugues
TA BELA I
Colec~ao Ferraz de Maced o
Fem ures (!) direitos e esquerdos
S5
(!) Dire itos (!) Eesq uerdos
-
~ ~
0
0 os
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I !
7405 453 46 ~~
75 458 47 27 75
I -,
7431 492 49 30 80 494 49 30 80
7300 415 43 23 80 'I' 3 43 30 81
7421 428 47 26 73 430 46 27 72
8363 431 45 24 72 439 44 23 71
759 447 42 23 70 447 42 23 69
,
7132 441 i 45 24 69 441 45 24 67
509 448 46 25 73 444 45 25 74
7°95 435 45 27 73 439 44 27 73
741 451 46 . 30 71 457 46 29 72
7447 427
I
47 26 75 428 48 27 76
7455 429 44 25
. 73 423 44 25 72
7377 4~ 5 45 24 73 437 I 46 25 73
7107 443 47 23 73 439 46 25 72
7256
I
44° 47 27 75 444 47 26 74
7087 458 47 28 78 457 49 29 78
7269 458 45 23 73 458 45 23 74
7100 417 44 22 77 421 43 22 76
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7064 . 458 47 29 77 459 47 29 76
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  • 1. A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. O fémur Português Autor(es): Tamagnini, Eusébio; Campos, Daniel Saraiva Vieira de Publicado por: Universidade de Coimbra. Instituto de Antropologia URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/35166 Accessed : 23-Mar-2021 11:52:11 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt
  • 2.
  • 3. o femur portuques { Dur ante a fase de desenvolvimento dos estudos antropol6gicos o cr anio ocupou qu asi pOl' completo a actividade dos estudiosos, que nele faziam numerosas rnedic oes, muitas das quais actualmente se consideram de fraca importanci a scientifica. As atencces for am-s e porern voltando pouco a pouco para as outras partes do esqueleto, e, sem que 0 estudo do cra nio tenha perdido a primitiva importan- cia, e-se hoje de opiniao que os outros ossos nao devern ser abando- nudos, e podem fornecer indicacoes preciosas. o estudo dos ossos longos tem sido objec to de trabalhos de valor, a que andam ligados os nom es de B ROCA, TOP INARD , MANOUVRIER, e outros. 0 estabel ecimento de for mulas mais ou me nos exac tas para a reconstrucao da estatura a partir do comprimento dos ossos lon- gos, e um dos res ultados desses estudos (MANOUVRIER, Mem. de la S oc. d'Autli. de Paris, tom. IV) . 0 femur e, dos ossos longos, 0 que da resultados mais precisos, e e tambern dos ossos que mais facilmente se foss iIizam. Um dos pontos sabre que versa 0 nosso trabalho e0 estudo dos caractere s sexuais do femur, e como no Instituto de AntropoIogia de Coimbra aind a nao ha uma numerosa coleccao de esqueletos autenti- cos, estudarnos pr eviarnente a coleccao FERRAZ DE MACEDO, 'da FacuI- dade de Sciencias de Lisbon, que se compce de perto de 140 esque- Ietos completos e autenticos, em mui to born estado de 'conservaiYuo, 1 0 presente tr ab alho foi elabo rado com os eleme nto s qu e 0 meu antigo discipulo DANIEL VIEIRA DE CAMPOS coli giu durante os seus estudos e trabalhos praticos no Institute de Antropologia da Universidade de Coimbra. 0 cal culo dos val ores med ics, variab ilidades, erros provaveis e percentagens dos diferentes car act eres estudados sao de suainreira responsabi lidade. o meu assis tente dr, J. G. DE BARROS E CUNHA co nferiu e corrigiu OS valo- res corres pondenres aos fernu res ing leses de Ro thwell, estudados por PARSON S. Nesta rei mpressao os va lores pub licados dos coeficientes da correlacao dos var ios cara ct er es es tudados sao os val ores corrigidos a qu e se refere a Nota- -errata publicada no vol. v, pag, 280-344 da R evista da Universidade de Coimbra, , tendo sido 0 text o, por isso, posr o de harmoni a com esses valores, - DR. Euse- BIO T AM AGNINI.
  • 4. 6 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos enos forneceu os dados indispen saveis para a deterrninacao do sexo dos fernures da coleccao de Coimbra, composta na sua grande parte de ossos provenientes da Se Catedral e da igreja de S. Joao. No nos so estudo guiarno-nos pela memoria do sr. PARSONS, professor de Anatomi a na Universidade de Londres, sabre 0 fem ur ingles de Rothwell. (PARSONS, The Characters of the Englisli Thigh-Bone -Jounzal of Anatomy and Phy siology , third series, vol. IX, 19'4, pag. 238). As seri es sabre que efectua rnos as medidas sao sensivelmente superiores as de PARSONS . Calcula rnos 0 desvio padrao e OS erros provaveis de todos os caracteres, para podermos apreciar a impor- tancia de certas e determinadas diferencas entre as medias. I Medidas efectuadas e tecnica seguida Em tod as as medidas adoptarnos como unidade de comprimento o milirnetro, e de angulo 0 grau . Conformando-nos com as indicacoes do Congresso antropologico de Monaco, passamos a descrever os caracteres que estudarnos e a tecnica seguida: 1.0 Comprimento obliquo (ou em posicao). - Medida efectuada na prancha osteometrica, colocando os dois condilos em contacto com 0 plano fixo vertical. 2 .° Comprimento maximo. - Determina-se tarnbern na prancha osteornetrica ; e a dist anci a compreendida entre a cabeca do femur e 0 condilo interno. 3.° Diametro maximo da cabeca. - O btern-se com a craveira, tendo 0 cu idado de conservar sempre as duas barras paralelas ao eixo do colo ; a leitura faz-se na posicao em que 0 afastamento e maior. Em geral esta posicao coincide com 0 plano verti ca l. 4.° Mellor diametro transversal da dia tise. - Com a craveira. Em geral e no meio do osso que 0 diarnetro e minimo, mas nem sempre assim sucede. E sta medida e imp ortante porque d.i idea da robustez do individuo. 5.° Maior didmetro dntero-posterior da didfise. - Esta medida da idea do desenvolvimento da linha aspera ; muitas vezes e tambern maxima ao meio do ossa. 6.0 L argura da articulaciio inferior. - Mede-se com a craveira colocada na posicao da fig. I . Esta medida e importante por con- tribuir, juntamente com 0 diametro da cabec a, para a deterrninacao do sexo,
  • 5. o femur portugues 7 7.0 Platimeria : a) Didmetro dntero-posterior, - Este diarnetro 'e tornado logo abaixo do pequeno trocanter, tendo 0 cuidado de nao levar as barras da craveira ate abranger a linha asp era. A pre- senca do terceiro trocanter pode tambern viciar a medida se nao se tiver cuidado. Fig. I, - Lar gura da arrlculacfio inferior, Posicfio da craveira e do 0 55 0 b) Diiimetro transversal. - Tornado exactamente na mesma altura que 0 anterior, por meio da craveira. c) indice. - Este indice obtem-se multiplicando por . 10 0 0 diametro antero- posterior e dividindo 0 resultado pelo diametro transversal: , I" diarnetro antero-posterior X 100 Indice de p atimerra = . diametro transversal Quanto menor e 0 indice, tanto mais achatado e 0 femur na direc- ~ao antero-posterior. 8.° Curvatura a) Flecha maxima. - Como 0 nome indica, e a maior altura da curva femural quando 0 osso assenta no plano hori- zontal. Urna maneira facil de tamar esta medida e a seguinte: sabre uma mesa colocam-se dois calces de madeira, da mesma espessura, e assentam-se neles a prancha osteornetrica onde se ajusta 0 femur de modo que 0 eixo do corpo do osso corra paralelo ao bordo da prancha. Introduz-se a barra fixa da craveira no vao que fica entre a prancha e a mesa, aplicando-a estreitamente de encontro aprancha de modo que a aste graduada seja perpendicular ao plano em que
  • 6. 8 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos assenta 0 osso. Mante ndo a craveira nesta orientacao, apoia-se a su a barra movel na face anterior can vexa do carpo do femur, e por tenta tivas, correndo 0 ins trume nto par a urn e para 0 out ro lado, deterrnina-se 0 afastamento maximo. Desconta ndo a este valor a espessura da prancha, ter-se-ha a flecha maxima. b) indice de curua tura r--: Para uma dada flecha, 0 femur pare- cera tanto mais curvo quanto mais curto for. A curvatu ra relativa do osso ava lia-se por meio dum indice, que se obtem multiplicando por 10 0 a flecha maxima e dividindo 0 pr oduto pelo com primento oblique do fem ur: , . flech a maxim a x 100 Indice de curvatura = . bl" compnrnento 0 Iquo g.O Angulo de torsdo , - Es ta med ida, que e a mais trab a- Ihosa, exige, para se efectuar com rigor, urn aparelho urn ta nto de licado, 0 paralelografo ·(fig. 2). Tomam-se duas agu lhas finas de aco com cerca de 25cm de comprido . Por meio duma substan- cia plastics (cera e terebentina) fixa-se uma de las a extremida de superi or do femur, na direccao do eixo supe- rior do colo i, e prend e-se a outra a face posterio r dos condilos, nu direccao da linha que une os pontos de tangenc ia dessa face com 0 plano horizontal 2. Feito isto, coloca-se 0 femur 110 osteoforo , projectam-se so - bre urn pap el, por meio do par a- lelografo, dois pontos afas tados de cada uma nas agulhas , e mede-se . com 0 transferi dor 0 angulo por elas formado . E es te 0 angulo de torsiio do femur . F ig. 2 - 0 paralel6grafo de M ARTIN Deve . haver todo 0 cuidado em colocar as agulhas na posicao atras ind icada, porq ue uma rna colocacao influe ma is no valor do angulo do qu e um erro de projeccao ou de leitura. Ge ra lmente, quando se coloca 0 femur na posicao normal , a linh a 1 0 eixo superior do colo fica situado no plano qu e, passando pelo centro da sup erficie articular da cabeca, divide ao meio do co lo, visto de cima. 2 Para determinar es ta segunda di reccao , ima gma-se 0 femur assente na prancha osteo me trica pela face post erior.
  • 7. o femur portugues 9 o o Fig. 5. - Dcsenho esqu ern.itico cia extremidude do femur, mostra ndo a posl ciio das linnas que definem a au gulo do colo F rg . 3. - Angulo de torcfio, F ernures esqu erdos. OB, Iinha dos co ndrlos ; OA, eixo superior do colo (tingulo s positivos); OC, clxo superior do colo (an gulos negativos) Fig. 4. - Angu lo de torsfio, Fernurcs dir eit os. As diferen tes Iiuhas teem a mesma s igni n ca~ao que na figura anterior qu e passa pel o colo dirige-se para diante (angulo pos itivo), ta nto nos fernures esq uerdos como nos direitos. Ha no entanto casos em qu e suc ed e 0 contrario, e }. o ang ulo considera-se nega- tivo (fig. 3 e 4). 1O .0 Comprimento do colo. - Esta medida impor-' tante e rnuito variavel. De- ter rnin a-se com a craveira, ne direccao do eixo do colo, tornando a distancia que vai desd e 0 centro da ca beca ate alinha es piral do fem ur . 1 1 .~ Angulo do colo. - T racam-se a lapis 0 eixo anterior do colo 1 e 0 eixo do corpo do femur, e mede-se com o transferidor 0 angulo obtuso formado pelos do is eixos (fig. 5). 12 . 0 Obliquidade d a didfase ,- Esta me - did a efec tua -se como- damente numa pran- cha osteornetrica pro- o femur com os condilos encostados vida de goniornetro. Co loca-se ao plano fixe vertical da prancha, e ajust a-se 0 pon- teiro do goniometro de rna- . neir a que coincida com 0 eixo do corro do femu r. o numero de graus, a par- tir de goO, qu e a ponteiro marcar no tr ansfer idor, ex- prime a obliquidade do cor - po do femur, que outra cous a nao e senao 0 valor do angulo que a eixo da dia- fise forma com a ver tical, quando as superfic ies art i- cui ar es infer iores dos con- dilos assentam no plano horizontal. 1 0 eixo an ter ior do co lo do femur e a linha qu e, passando pelo ce ntro da , supe rlfcie articula r da cabeca do ossa, fica situada no pla no que divide ao meio a face anterior do co lo.
  • 8. [0 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos II Cotec~ao Ferraz de Macedo Como dissemos, para que se possa, com probabilidades de exito, determinar 0 sexo dum dado femur, e precise ter calculado os valo- r es me dics dos seus car acteres numa se rie de ossos autenticos, per- tencentes a mesma populacao. Foi por isso qu e, nao esta ndo feito este tr abalho par a os fernures portugueses, fom os expressame nte a Lisboa estudar a colecc ao FERRAZ DE M ACEDO, que nos Iorn eceu, aler n doutras observacfies, dados bas- tantes seguros par a ,0 tim que se tinha em vist a i. O s esquelectos desta coleccao, provenientes dos ce rn ite rios de Lisboa, vao designados nas Tabelas I e II por numeros que supa- mos se re ferem aos das campas que ocupa ram . Os valores dos car act ere s dos fernures , dire ito e esquerdo, de cada indi viduo VaG escritos na mesma linha, para mai s Iacilmente se poderem comparar. Nestes fernures nao estudarnos, por falta de tempo, senao : os car act eres sexuais de 1. a orde m - didmetro da cabeca e largura da articulacdo inf erior, 0 comprimento obliquo - medida sexual secundaria, e 0 menor diametro transversal da diafise, qu e da idea da robustez do ind ividuo. As medi as e os desvios padr6es, apesar de terem sid o ca lculados ate a 3.a ou 4. a decimal, nao vao designado s alern da 2. por ser desnecess aria maior ap roximacao. Comprimento obliquo, - Esta me dida e 0 comprimento maximo variam entre limites muito largos. O btivemos os seguintes valores: Fem urcs Valor medlo Desv io pad rfio Valor Valor corrigido m aximo minima - --- mlm m/m m/m mlm 65 ;S d ire ito s . 444-3 1± 1.726 20 64 ± 1.22 495 393 65 3' esquerdos . 445.08 -+- I 84 22.005 + 1.30 494 392 62 ~ direitos . 397.42 ± I f ) 20.96 + 1. 2 7 453 347 6! ~ esquerdos 397·74+ I 79 20 86 j- 1.26 457 354 I E do nosso dever agradecermos nest e lug ar ao ex .mo sr. d ire cto r do Museu de H ist ori a Na tural da Faculdade de Scienci as de Li sb on, a am abil i- dade co m que nos atend eu, e a so lic itude co m que p6s it nossa d isposicao todo o material qu e cons titue a valiostssirna co lecc ao FERRAZ DE MA CE DO. A sua ex ." pre sta rnos assim 0 preito do nosso profundo reconhecim ento . - DA NIEL VIEIR A DE CAMPOS.
  • 9. ofemur portugues II Ve -se que os femures esq uerdos, tanto maseulinos como femininos, apresentam uma media um poueo superior embora a diferenca se ja muito pequena. PARSONS ach a que a media dos esquerdos exeede pOI' 3 m/m a dos di reitos . Estes resultados nao confirmam as eonclus6es deduzidas pelo Sf. ABILIO DA SILVA BARREIROS numa memoria sabre A lei da asime- tri a que existe l lO S membros do homem, onde afirrna que, em geral, os ossos direitos exeedem pelos seus earaeteres osteornetricos os ossos esquerdos respeetivos. 0 trabalho em questao enferma de deteitos graves, nao so porque 0 autor nao op erou sobre ossos de sexo de terrninado, como tambern porque fez muito poueas observa- cces. Ju sto e dizer pore rn que , na nota a pag. 35 da memoria eitada, 0 autor reeonheee serem as suas afirmacoes urn poueo ousa- das , principalmente no que se refere ao femur. Didmetro da cabeca. - It esta a medida mais importante debaixo do ponto de vista sexual. Obtivemos os seguintes valores: Femurcs Valor medi c Dcsvio padrfio Va lo r Valor corrigido maximo minimo - - - -- m/m m/m m/m m/m 65 J dire itos . 46.08 ± 0.19 2.23 ±0.13 52 42 65 6' esquerdos 46.03 + 0.19 2.31+ 0.14 52 4'1. 62 'i' direi tos . 39·97 + 0.17 2.04±0 .1 2 44 35 62 'i' esquerd os . 31).87 ± o.17 1.97 ± 0.12 43 35 Como se ve os limites de var iac ao, dentro de eada sexo, sao peq uenos, e ha uma grande concordancia entre os fernures di reitos e as esquerdos de eada sexo. Nenhurn femur maseulino apresentou menos de 4 2m/m, nem nenhum femur fem inino ma is de 44m/m, para diametro de cabeca. Menor didmetro transversal da diafise. - E ste diarnetro e, ate eerto ponto, uma medida se xual secundaria. E m geral, os fernures masculines, que 'sao rnais robustos, apresentarn urn valor maior. O btivernos os seguintes valores : Valo r medi c Dcsvi o padriio Va lo r Valor F cmures corrigido maxim o minima - - - - m/m m/m m/m m/m 65 6 direitos . 26.12 ± 0. 15 1.96 ± 0.12 30 22 65 J esquerdos :&37 ± o.16 1.93 + 0.11 30 22 62 'i' direitos . 23.55 + 0.1.1- 1.76 + 0. 11 28 20 62 'i' esqu erdos 23.80+0.1<1 1.80 + 0. 11 28 20
  • 10. 12 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos Neste caracter nota-se um ligeiro aumento a favor dos fernures esquerdos. Os lim ites de vari acao sao muito peq uenos , e os desvios padr6es, por isso me smo, teem tarnbern pequeno valor. Largura da articulacdo inferior. - Medida muito importante na distincao do sexo, nao s6 quando falta 0 diarn etro da cabeca, mas tambern quando 0 valor deste caracter esta compreendido entre limi- tes du vidosos. O s valores que obtivemos, de harmoni a com a tecnica indicada, sao os seguintes: Desvio padriio I Valor I Valor Fc rnures Valo r rnedio cor rigido maximo minirno m/m m/m m/m m/m 65 ~ direitos .. 75.02 + 0.3 1 3'70 + 022 87 68 65 (3' esq ue rdos . 1 75-46 + 0.33 3.94 + 0.23 88 67 62 ~ di ire ilOs "' 1 6 ).03 + 0.28 3.26 ± 0.20 70 57 62 ~ esquerdos . 64.95 + 0.28 3.21 + 0.19 7 1 57 Hauma ligeira diferenca a favor dos fernures direitos. Nao ha nenhum femur masculino com menos de 6i "/IlI , nem nenhum feminino com mais de 7101/11I. Como se ve, os limites que separ am os casos duvidosos sao urn pouco m ais afastados do que os relativos ao diarnetro da cabeca. Disiincdo do sexo, - Pereorrendo as Tabelas I e II nota-se qu e todos os fernures masculines eujo dia rnetro da cabeca est a compreen- did o entre 42111/111 e 4411I/01 (3. exce pcfio de dois) teem a largura da arti- culacao inferior maior que 7 1Ill/III. Por sua vez os fernuros femin inos cujo diametro da cabcca esta eompreendido entre os mesmos limites, teem a largura da artieula- c;ao inferior sempr e menor que 71111/1ll. Podemos pois eoncluir que sao mascul ines os fernures que teem: a) 0 diam etro da cabeca maior do que 44"'/"' e a largura da arti- culac ao inferior mnior que 7 1111/01. b) 0 diametro da cabeca com preendido entre 4 2111;111 e 4401/01 (sern- pr e acima de 4 101/11l) e simultunearnente a largura da ar ticulacao infe- rior maior que 7 1Ill/Ill ; c) A Iargura da articul acfio inferior compreend ida entre 6in/m e 7 101/111 (sempre acima de b6",/III) e sirnulta nearnente 0 diarnetro da cabe ca maior qu e 4401/01. Por sua vez sao fem inines os fernures qu e teem: a) 0 diametro da cabeca menor qu e 4211l/01 e a largura da arti- culacao inferior menor que 7 1OI/m ;
  • 11. ofemur portugues 13 b) 0 diametro da cabeca cornpreendido entre 42m/m e 44m/m (sempre aba ixo de 45m/m) e simultanearnente a largura da ar ticulacao inferior menor que 7101/01 ; c) A largura da articulacao inferior compreendida entre 67m/m e 7 1m /m (sempre menor que 7 I m /m ) e simulta nearnente 0 diametro da cabeca menor que 4501/01. Havera poucos femu res que nao fiquem desta maneira nitida- me nte separados. Nos casos duvidos os podemos ainda dis por de out ros caracteres secundarios, tais como os comprimentos obliquo e m aximo, 0 comprimento do colo, etc ., que perrnitern quasi sempre resolver a questao. III Colec~iio 'de Coimbra COMPRIMENT O OBLiQuo Dos nu meros registados por PAPSONS 1 calculamos os seguintes valores do cornprimento obliquo medic e desvio padrao dos fem ures ingleses de Rothwell: 75 (; dire itos . 102 (; esquerdos 52 ~ direitos . . 51 ~ esq uerdos. Fernure s ingleses Valor medio tn/m 453 + 1·49 456 + 1. 29 415 + 1.88 4 18 ± 1.7 0 Desvio padrfio m/Ill Ig.18 ± 1.05 Ig.25 +O'go 20.07 ± 1.32 18.06 + 1.2 1 Destes resultados pa rece poder-se conc luir que 0 comprimento obliquo medic dos ossos esquerdos eligeiramente superior (3m/Ill) ao dos direitos, tanto num sexo como no outro. 0 mesmo resultado obteve 0 referido autor estudando Iemures autenticos provenientes dos 'hospitais' de S . Tomas e Guy. Esta ques tao, da diferenca de valor metrico entre os varios ca racteres dos fernure s direitos e esquerdos, parece-nos destituida 1 Prof. F. C. PARSONS, The Chara cters oj the Englisli Trigh-Bone, pags, 244- / -25t ,
  • 12. Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos de interesse porque de estud o por nos efectuado ve-se que a signi- ficacao est atistica de semelhantes diferencas se pode considerar pra- ticamente nula. Em primeiro lugar, 0 sr. An n.ro DA S I LVA BARREIROS achou - no estu do jl referido, sab re alguns fernures das coleccces de Coimbra i , que os «caracteres osteomeiricos dos ossos longos direitos excedem os dos esquerdos pelo seu grau de superioridade», 0 que est a em contr adicao com as conclus6es de PARSONS. Po r outro lado, os result ados por nos obtidos nao sao concordantes : a coleccao FER- RAZ DE MA CED O deu par a 0 comprimento obliguo medic dos femu- ' res esquerdos urn valor maior do que 0 correspoodente aos ossos direitos, observando-se 0 contrario na coleccao de Coimbra. Donde resulta que, se reunirmos numa so serie 2 os nurneros relativos a coleccao FERRA Z D E MACEDO e os correspond entes a coleccao de Coimbra, se obteem pratic amente os mesmos valores para os ossos direitos e esquerdos, conforme se ve pelo seguinte guadro : Femures portugueses <!; 137 di reitos • <!; 127 esquerdos 'i! 125 direitos . • 'i! 125 esquerdos Val or medic Ill/Ill 444.78 + 1.13 445.00 :t 1.25 399.80 ± 1.12 398.8 ~ ± 1.12 Desvi o padrfio m/m 19.53 + 0.79 20.84 ± 087 18'75 + 0.80 18.80 ± 0.80 Fin almente, quando se comparam est as diferencas com os desvios padroes respectivos, verifica-se imediatamente a sua insigni ficancia. Pelo que res peita a coleccao FERRAZ DE M.CEDO, a diferenc a entre os valores medics do comprimento obliquo dos fernures direitos e t A. BARRE IROS, Lei da asimetria que existe /IGS inembros do homem, Coi m- bra, 1904. 2 0 ca lculo das medias e variabilidades das seri es reunidas, Iaz-se, em todos os casos, pelas formulas co nhecidas (cr. G. U DNY Y UL E, An introduction to the Theory of Statiscs, 115 e 143): e·
  • 13. ofem ur portugues 15 esque rdos (O.77m/lIl ) e uma fr accao insignificante (0 . 20 ) do de svio padrao respectivo. A difere nca entre as com primentos obliques medics dos fern ures ingleses d ireitos e esquerdos estudados por PARSONS e de 3.42mjm, e 0 desvio padrjio d a diferenca das medias e igual <l 2.93. Por consegu inte, es ta diferenca, que e muito maior, deve ainda cons i- derar-se desprovida de significacao estatistica, porque 0 quociente da diferenca das medias pelo desvio padrao e apenas igual a 1.1 6 i . Em nossa opidiao, as difer encas entre os va lores medics dos ca racteres osteornetricos dos ossos d ireitos e esquerdos devem atri- bui r-se, na maior parte dos casos, aflutuacao das series. N esta ordem de ideas, reunimos numa serie (mica os ossos direi- tos e esquerdos, de cada sexo, 0 que nos levou, no caso do compri- m ento oblique, aos seguintes resultados finais : Portug ueses : 264 J . . . . 250 ~ . •. . In g leses: 177 J . 103 ~ . . . . Femures Valor medio Ill/Ill 4H'91+ 0,84 39g.32 + 0.80 454.97 + 0.g8 416.6g+ 1'27 Desv io padrfio m/m 20.2~ + 0.58 18,77 + 0.56 Ig.30+ 0.6g Ig.30 + 0 go E ncontramse re unidos no quadro seguinte os valores medics do eomprime nto ob Iiquo do femur da s populac oes que nos pareeeu mais interessante eomparar com os portugu eses ; ve-se que, pelo compri- mento obliquo do femur, os po rt ugueses se aproximam dos franceses aetuais, e dos franeeses neolit icos do tipo Beaumes-Chaudes-Homme- -Mort: 1 0 desv io pad rfio da soma ou difer en ca de duas medias e dado pela expressao VO'l 0'2 ! = - +- , III 112 onde III e liZ rep resent am 0 numero das observacoes don de se ca lcularam as medias e 0' ( e 0'2 os desvios padr6es das series respectivas. Com o se sa be, pa ra pod ermos atribuir significacao estansrica it difere nca entre du as medi as e preciso qu e 0 valor dessa difere nca seja, pe lo rnenos, igual a tr es vezes 0 desvio padrao respectivo. Cf. G. U NDY YU LE, An introduction to the Theory of Statistics, pag, 341.
  • 14. I6 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos Comprimento obliquo J 'i' Autores m/m m/m indios de Pa ltaca lo . . 408.2 (56) 1 371.9 (38) ANTHONY et RIVET 2 Neo liticos de Chamblandes 14 15.8 ( 15) 395.2 (9) A. . SCHENK3 Neoliticos de -Mon tigny .. '1438.09 ( 12) 399'75 (4) L. MANOUVRIER I Neoliticos de Chalons - sur- Marn e. . . . . . 441.3 (23) 406 3 ( 10) L. MANOUVRIER 5 Franceses actuai s . 44 1 (62) 3g6 (38) RAHON6 Dolmens do Lo zere . 142 (5) - 1. RAHON6 Dolmen de Menouville 443 (2) 381 (2) L. MANOUVRIER 7 Portugueses . 444.91 (264) 399.32 (250) VIEIRA DE CAMPOS Ca verna de L'H omme-Mort . 448 (4) 409 (3) J. RAHON 6 Polinesios 448 - BELLO Y RODRIGUEZ 8 Dolmens da Argelia . 449 ( 16) 405 (8) J RAHON6 Gua nches 9 . 450.6 ( (63) 408.6 (7 1) J. RAHON6 lngleses de Ro thwell 454.97 (177 ) 416 .6g ( 103) PARSONS10 Pa tag6 es . . . 463 - BELLO Y RODRIGUEZ 8 Gallo-Romanos 469 - " Cro-Magnon . 510.6 (6) - " Os nurner os entre parentes is indicam os exemplares que foram emprega- dos no calcu lo das medias. 2 ANTHONY et RIV ET, Etude anthropologique des "aces prccolombiennes de la R epublique de L'E quateur. Recherches anatomiques sur les ossements (os des membres) des abris sous roches de Pa ltaca lo. Bul. et Mem . de la So c. d'Anthr, de Paris, Ig08, pag. 314 et seq. : 1 A. SCHENK, Les squelettes prehistoriques de Cliambla ndes (Suisse).· Revue de l'Ecole d'Anthropologie de Paris, Ig04, pag, 335 et seq. 4 L. MANOUVRIER e t ANTHONY, Etude des ossements humains de la sepulture neolithique de Montign y-E sbly: B ul et Mem . de la Soc . d'Anthr. de Paris, Igoi, pag, 537 et seq. 5 L. MANOUVRIER, Etude des ossements et cranes humains de la sepulture neo- lithique de Chalons-sur-Marne, Revue de l'E cole d'Anthropologie de Paris, 18g6, pag, 161 et seq. 6 J. RAHON, Recherches sur les ossements humains anciens et prehistoriques ell vue de la reco nstitution de la taille. Memo ires de la Societe d'Anthropologie de Paris. 2.e serie, tom. IV, pag, 403 et seq. 7 L. MANOUVRIER, Les cranes et ossements du dolmen de Menouville (Sein e- et-Oise) . Bu l. et Mem . de la Soc . d'A nthr, de Paris, 1907, pag, 168 et seq. 8 BELLO Y RODRIGUEZ, S ur quelques variations morpholog iques du femur humain. L 'A nthropologie, vol. XIX, pag . 437 et seq. 9 As medias relat ivas aos Gua nches foram calculadas pelos num ercs publi- dos pOl' RAHON e que dizem respeit o tis coleccoes CHIL e do Museu de Hi srori a Natural de Pa ris. 10 PARSON S, Prof. F. G. The Characteres of the English Th igh-Bone.
  • 15. ofemur portugues Os fernures ingleses de Rothwell sao sensivelmente mais com- pridos que os portugueses ; as diferencas entre os val ores medics respectivos sao muito importantes (1011/11 para os homens e 17m /m para as mulheres) '. O utro tanto se pode dizer relativamente a r aca de Cro-M agnon qu e, pe lo comprime nto do femur, como pOl' tantos outros caracteres, difere co ns ide ravelmente da nossa popu- lacao actual. Considerando os casos indi vidu ais, reconhece-se qu e a amplitude das variacoes do cornprimento obliquo do femur, nas di fer entes racas, e muito gr ande . R eportando -nos aos dados de BELLO y RODRIGUEZ 2, ve-se que os negritos das Filipinas ocupa m '0 lug ar m ais baixo da escala (3:'011/11), e os gal o-r om ancs 0 Dutro extreme (54:'11/11). Os gauleses (503m /m), patagc es (50:,m/m ), os novi-zelandeses (51011/m ) e os individuos da raca de Cro-.Magnon apresenta m ta rnbe rn Iemures muito compridos. o va lor maxim o pOl' nos encontrado na coleccao de Coimbra foi de 499m /11, qu e j< l econsiderav el; P ARSONS, na coleccao de Rothw ell registou 0 m axim o de 53811/11. Comparando as se ries m asculinas com as femininas reconhece-se, tanto para as ingleses como para os portugueses, que a diferenca sexual do comprimento oblique medic do femur e consideravel. OvaloI' dessa difer enca, expresso em m ilim etros, e porern urn pouco maior nos portugu eses (.::j 5.5g11/m) do qu e nos ingleses (38.24m /m). Tendo em con side racao 0 valor numerico do desv io padrao cor- respondente adiferenca das m edi as, reconhece-s e logo a significacao estatis tica de se rnelhante difere nca , e pOl' conseguinte a irnportancia sexual do comprimento obliquo do femur :I.. o cornprirnento oblique do femur tem sido emprega do pOl' vanes observadores par a a avaliacao da estatura provavel dos individuos respectivos 3. d/~ 26.5 16.0 Desv io padr ao (~) l.g1 2.24 (d) 10.06mim 17.37 Dif. sex ua l das medias 45.5gm/1I1 38.28 Dif. e tn ica das medi as 1 Coinp obliq ue do femur (Poriugueses e ing leses) Fe rnur es masculinos . Fe rnures fem ininos. Portugueses . Ingleses .. . Cf. nota a pag. 15. 2 BE LLO YRODRIGUEZ, L'Antliropologie, vol. XIX, pag. 437 et seq. 3 Cf. L. M ANOUV RIE R, La determ ination de la taille a'apres les grands os des membres ; J. RAHO~, R echerches stir les ossements luunains allciells et prehistori- ques ell vue de la reconstitution de la tail/e. Memoires de fa S ociete d'AIlthrop 0- logie de Paris, 2.' serie, tom. IV, pags. 347 e 403.
  • 16. 18 Dr. E. Tatnagnini e D. Vieira de Campos Empregando os coeficientes de MANOUVRI ER obtivemos os seguln- tes resultados: E sta tura provavcl Femures - -"-- - Diferen ca sex ual J <j! m m m Portugu eses . 1.647 1.502 0. 145 Ingleses 1.662 1.543 0.119 o valor achado concord a suficientemente com 0 atribuido pelo sr . FONSECA CARD OSO1 a estatura dos portugueses actuais ( 1lJ1645, 6'). COMPRIMENTO MAx IMO Este caracter tern sido empregado, 'do mesrn o modo que 0 com- prime nt oblique, para 0 calculo da est atura provavel dos indivi- duos, ou das racas, de que apenas se conhece rn os ossos longos (PEARSON). PARSONS, no estudo que ,fez dos fernures ingleses de Ro thwell, cons iderou tam bern este caracter e dos nurneros por ele registados deduzem-se as seguintes resultados: 76 J direitos . • 98 J esquerdos . 55 <j! direitos .. 49 <j! esquerdos . F emures ingleses Valor medic m/m 456.25 + 1.48 460.05 + 1.32 4 18.09+2.11 42194+ 1.79 Desvio padriio m/m 19.25 + 1.06 19.43 + 0.93 23.20± 1..48 18'74 + 1'.27 Continuam portanto as observacoes deste autor a revelar para os femmes esquerdos urn certo excesso de cornprimento que todavia nao tern significacao estatistica, 1 cr. F ONSE CA CA RDOSO, Notas sabre Portugal, vol. I, pag, 6g.
  • 17. o femur portugues Basta comparar as variabilidades das se ries femininas para se notal' a ma ior amplitude de variacfio da serie direita, que se apre- se nta muito menos hornogenea do que a esquerda. Pela nossa part e, obti vernos pa ra os fernures de Co imbra os seguintes valor es : F euiures Va lor media l iesvio padr.io Val or Valor po rtuguescs co r rigido maximo minima I m/m lIl/m m/m m/m 72 J dire itos . 448.06 + 1.46 18'48 + 1·°4 406 4°° 62 J esq uerdos . 447.82 + 1'75 20.49 ± 1.24 500 409 63 ~ direitos . 406.11 ± 1.36 16.05 + 0.96 44 1 37 1 63 ~ esquerdos . 403.81 ± I.3g 16.42 ± 0·97 44 3 369 POl' onde se ve que existe uma concordancia sufic iente entre os valores relati ves aos fernures direitos e esquerdos, havendo um a ligeira diferenca a favor dos ossos direitos. Este resultado vern mais LIma vez confirmar a opiniao, ja expendida, de que as diferen - cas obse rvadas entre os valores medias dos dife rentes ca racteres osteornetricos dos ossos direitos e esquerdos se devem, em regra, atribuir a fiutuacao das series. Proced endo analogamente ao que fizernos com 0 comprimento obliquo obtivemos os seguintes resultados: Portuguese: : 134 J . 126 ~ . Ingleses : 174 J . 104 ~ . . . . Fernurcs Valo r med io m/m 447.95 + 1.22 4°4.96 + 0.g8 458.39 + °gg 419'91 ± 1.40 Desvio padrfio m/m 2Log + 0.87 16.28 + 0.68 19-4f + 0·70 2 1.20 ::[ 1.00 o gdfico (fig. 6) del. uma idea da variabilidade do caracter nos fernures port ugueses dos dois sexos . So b 0 ponto de vista das cornparacces etnicas, os seguintes valores confir rnam 0 que se disse a proposito do cornprime nto em posicao :
  • 18. 20 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos Comprimento maximo . 6' ~ Au tores Ill/m Ill/ Ill indios de Palt acalo 4 12.7 (6, ) 377· I (42) A NT HONY e t R IVET 1 Ne o liticos de Charnbla ndes 4 15.8 ( 14) 3g8.5 (g) A. SCHE NK ? Neo liticos de Mon tign y-E s- bl y . 44045 (II) 4°5,75 (4) MA NO UVR IER e t A NT HONY 3 Neo liticos de Cha lons-s ur- -M arne , 443.8 (23) 410 (10) L. M ANOU VRIE R 1 Portugueses . 447 .95 (134) 404. 96 (126) V IE IRA DE CAMPO S l ngleses de Rothwell. 458.3g ( 174) 4' 9'9 1 ( 1(4) PA RS ONS 5 '12. ]8. 0 9 ! ':j~ J m u-LJ I I J I ~ I / I, . - - - - / 2f I dU"-O ':i! I , I 'I ) 1 I I 1 / I / . I t-- - e / , I t ' / , , ~. I 1 'I I I /1 q , / / ,/ I / 3 / / / / ~ , I V i/ I I / I"" - Ii 'J F ig. 6.- Polfgonos de variacfio do co rnprimento maxim o dos femu re s po rtugues es Limitando as nossas consideracc es as du as ultimas se ries, que sao as unicas que encerram um numero suficiente de casas indi vidu ais , Bul, et Mem. de la S ec. d'Anthr de Paris, Ig08, pag. 314 et seq. Revue.de l'E cole d'Anthropolog ie de Paris, 1<;04, pag. 335 et seq. 3 Bul. et Mem. de fa Soc. d'Anthr, de Paris, Ig07, pag 537 et seq. 1 Revue de l'Ecole d'Anthropolog ie de Paris, 18g6, pag 161 et seq 5 Journal oj Anatolll X and Physiology , 3.' serie, vo l. IX, pag. 238 et seq.
  • 19. o f emur portugues 21 ve-se que a difer enca etnica do comprimento maxim o do femur se pode computar em 10 .44 m /m par a os hom ens e I4.g5111 / 111 para as mu lhe res, re sultados que conc ordam su ficientem ente com os obtidos a partir do comprimento em posicao, Pelo que respeita ao valor das diferericas sexua is achamos os seguintes valores : Portugueses . . . . . Ingleses de Ro thwell . m/m 43 38. Co mo a variabilidade do comprimento maximo do femur e repre- sentada par um numero aprox imadamente igual ao que corresponde ao comprimento em pos icao, parece podermos inferir destes resul- tados a igualdade do valor antropol6g ico dos dais ca ra cteres, e, por conseguinte , a indifer enc a do emprego dum ou do outro nas investi - gacoes antropol6gicas. Como dissernos, alguns observa dores teem empregado 0 compri- mento maximo do femur, em vez do comprime nta em pos icao, na avaliacao da estatura. Por este motivo pareceu-nos interessante apre- sentar os resultados obtidos com as f ormulas de regressdo de PEARSON{. Para 0 caso do femur a equacao de regressao e E = 81.306 + 1.880 F, onde E representa a estatura provavel e F 0 comprimento do femur, expresso em centimetros. E ntrando nesta equacao com os valores de F correspondentes aos portugueses e ingleses de Rothwell obtivemos os seguintes resultados: Estat ura pro vave l Femurc s - ~ - Dlieren ca sexual 6' « III III III Porrugueses . 1.655 r.516 0 . 13g Ingleses de Ro thw ell 1.674 I.545 0. 12 9 1 K. P E AR SON, Mathematical Contributi ons to the The ory of Evo lution. V. On tile reconstru ction of the Stature of Pr ehistoric Ra ces. Plulosophical Transactions 'of the Royal .Society: of London, vol. Ig't-A, pag. 16g et seq.
  • 20. 22 Dr. E. Tamagnini e D. V ieira de Campos Como se ve, 0 ernprego da formula de PEARSON da, tanto para os portugueses como para os ingleses, valores mais elevados da esta- tu ra. Relativamente aos portugueses, e-nos absolutamente impos- sivel afi rrnar, duma ma neira categorica, qual dos resultados e mais exacto, nao obstante 0 valor medic atribuido pOI' FONSECA CARDOSO a estatura dos portugueses coincidir com 0 calculado por nos com o ernprego dos coeficientes de JVLNOUVRIER. Em primeiro lugar, 0 numero indicado pOI' FONSECA C."ROOSO njio se pode considerar definitivo em virt ude da limitacao geografica e nurne rica do mate- rial pOI' cle estudado. POI' Dutro lado os coeficientes de MA N OU- VRIER sao valores empiricos cujo rigor nao e comp aravel aos das equaciies de regressiio estabelecidas segundo as principios da Esta- tistica. Urn outro assunto interessante, para 0 qua l PARSONS chama a atencao no seu estudo dos caracte res do femur ingles, e 0 que se refere a diferenca, pOI' vezes consideravel, que se nota entre 0 comp rimento maximo e 0 comprimento em posicao. PARSON S sugere a idea de que semelhante diferenca se deve atri buir a obliqiiidad e da diafise femural , mas nao determina 0 valor coeficiente de cor- relacao entre os dois caracteres. Compreende-se que 0 valor da obliquidade da diafise femural deva influir no valor da diferenca entre os dois comprimentos, mas como semelhante diferenca tam- bern pode depender da variacao doutros caracreres - dngulo colo- diafis ar, comprimento do colo, etc., reso lvemos estudar a quest ao mais min.iciosamente. Verificamos que a diferenca entre as dois compr imentos do femur aprese nta sensivelmente 0 mesmo valor med ic e a mesma variabilidade, tanto nas series dos ossos direitos como nas dos ossos esquerdos. Diferenlra entre 0 comprimento maximo e 0 comprimento em posilrio Fcruures portugueses Val or medi o m,'m 3.06± 0.97 3.60 ± 0.95 LJesvio padriio m/m 1:67± 0.68 L58 + 0.66 A discrepancia encontrada pOI' PARSO~S (ob. cit., pag, 243) entre
  • 21. ofemur port ugues 2.5 os ossos dire itos e esquerdos deve, por conseguinte, atri bu ir-se a flutu acao das series i . O s va lores do coeficiente de correlacao entre a difere nca do cornpr irnento m axi mo para 0 compri me nto em posicao e os outros caracteres ind icados constam do seguinte quadro: Fernurcs portugueses Caracrer relativo Coeficienle de correlacao Comprimento do co lo r = 0.70 + 0 .0 4 r = 0 .80 + 0.03 r = 0 .1 7 + 0 .08 r = - 0 .0 4 + o.og . r = -0 06 ±0.og r = 0 .08 + 0 .09 « « » ) Angulo do colo . Ob liquidade da diafise ·1 » » t34 6' 126 '? 134 6' 126 ,? 134 <3 12 6 '? It evidente qu e existe um a correlacao elevada ent re a obliquidade da diafise fernural e a -diferenca do comprimento m ax imo do femur para 0 comprimento em possicao, sendo interessante notar que essa correla cao e sens ivelmente maior nos femmes femininos 2. R elativamente aos outros caracteres - angulo e comprimento do colo, os valores do coe ficiente de correlacao podem considerar-se praticarnente nu los . DIAMETRO DA CABE<;:A Como se disse, 0 diarnetro da cabeca fernural e considerado um dos me lho re s caracteres sexuais do esqueleto hum ano. No grafico junto (fig. 7) nota-se bem 0 valor das difere ncas sexua is. F oi principalmente 0 diarnetro da cabeca que. estudado previa- mente nos esqueletos autenticos da coleccao FERRAZ DE MACEDO, nos permitiu a separacao sexua l dos femures existentes nas coleccces de Coimbra. Os va lores medios, as variabilidades e os limites da 1 Os vaJores medic s, por nos encontrad os, para as series dos femmes.por- tug ueses, direitos e esquerdos, sa o os seguin tes: 72 6' direi tos . 62 6' esquerdos 111/ 111 3.11 63 ~ direitos 3 00 63 ~ esquerdos ml1l1 3.59 3.60 Z Para apreciarrnos 0 gl'au ele vado de se me lhante correlacfi o basta notal' qu e 0 valo r dos coeficientes de co rrelacao .oscila entre + I.
  • 22. Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos variacao do caracter nas se ries de Coi mbra vao indicados no qu adro junto : F ernu ros Valor medio Desvio padrfio Val or I Valor portugueses corrigido maximo minima m/m m/m m/m m/m 72 (!; direiros . 40.64 + 0.15 1.92 + 0. 11 53 42 62 (!; esquerdos . 46.53 + 0.19 2.23 ± 0.13 52 42 03 '? dire iro s . 4().67 + 0.14 1.64 ± 0.10 44 37 63 '? esq uerdos . 40.25 j- 0.14 1.65 + 0.10 43 37 Ve-se que os valores relativos acoleccao F ERRAZ DE MACEDO e os cor respondentes a coleccao de Coirnbra, bem como os que dizem respeito, em cada coleccao, as series direitas e esquerdas sao pra- -- I I "4' ,," u d'. , r-; - - - -- I ~(J ) /If."" f-J $- I ,, , I'. I -, I 1 , " , , 2- I I 1 - I <J I I I I I I k-- I ~ / I - - <, / , <, , v <, tr , ••• 31 38 39 uo " , 112 113 "" H I/~ "1 1/8 1/9 .~ !7 ~.2 .' 3 H Fig. 7. - Po llgonos da variciio do diamctro da cabcca des Icrnures port ugueses .1" ticam ente equivalentes. Pa ra as nossas cornparacdes et nicas junta- mos por isso as duas coleccoes e nao separ amos os ossos dire itos dos esquerdos. Partindo dos dados publicados por P ARSONS, calcularnos tambern as medias e variabilidades do caracter nos femures de Rothwell e obtivemos os seguintes valores:
  • 23. P ortug ueses : 264 (!; • . . . 250 <j> • • • • lng leses : 174 (!; . 105 <j> • • • • o femur portugues Valor medio m/m 46.33 + o.og '1 4o.19 + 0.08 4g.14 ± 0. 12 42.46 + 0.13 25 Desvio padrfio m/m 2.25 + 0.07 1.86 + 0.06 2.38 ± o.og 1.97 + o.og Os fernures femininos ap resentam portanto uma cabeca de meno- re s dimens oes e vari abilidade, como se reconh ece pelo menor valor do desvio padrao. A dife renca sexual, express a em funcfio do de svio pad rao da difer enca das medias, e muito grande, tanto par a os portugueses como para os ingleses i . Sob 0 ponto de vista da s cornparacoes etnicas , reunimos no quadro seguinte algu ns numer os que niio deixarn de ser interessanres : Diametro da cabeca f'emural s <j> Autores m/m m/m Neolitic os de Chamblandes H ( ;6) 40.5 ( I I) A. SCHEN K2 Dolmen de Menou ville . 45 (1) 38.5 (2) L. MAN OUVRIER 3 Neolitieos de Mont igny-Es- bly . 4502 (' 0) 40 .00 (g) MANOUl'RIERet AN THONY I P ortugueses . 46.33 (264) 40.19 (250) VIEIRA DE CAMPOS Neolitieos de Cna lons-sur- -M arne , 4G .5 (23) 40 8 (9) L. MANOUVRIER5 Ingleses de Ro thwell 49.14 (174) 42046 (105) PARSONS G Norte-ameriean os 4<)·68 (100) 43 84 (200) DWIGHT7 Cro-Magnon . 54-2 (5) - VERNEAU8 1 Didin. da cabeca [eniur al DiL sexual das med ias desvio padriio d/! (d) (!) Femures port ugueses . 5.14Ill/Ill 0.18 2 28.2 Femm es ingleses . . . 6.G8 0. 26~ 25.3 2 R evue de l'Ecole d'A ntropologie de Paris, 1 90~, pag, 335 et seq. 3 B ul. et Mem. de la Soc d'Antlir. de Paris, Ig07, pag, t68 et seq. i B ul. et Mem . de la So c d'Anthr, de Paris, Ig07, pag . 537 et seq. 5 R evue de I'Ecoie d'Antropologie de Pa ris, 1896, pag. 161 et seq. 6 Journal of rlnatolll)' and Ph ysioloey', 3.- ser ie, vol IX, pag. 23~ et seq. 7 American Jour nal ofAllatolllj', vol IV , n.v Ig, pag, Ig; eit. em PARSO NS, op. cit. 8 L es Grottes de Gr ima ldi, tom . II, fas c. I, pag. 108.
  • 24. 26 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos P elas dimensoes da cabeca do femur, os portugueses aproxi- mam-se sensivelmente das populacoes neo liticas europeias de baixa estatura (tipo Beaumes Chaudes-Homme-Mort), afastando-se consi- deravelmente dos ingleses i , norte-americanos e sobretudo dos indi - viduos tipicos da raca de Cro-Magnon. As menor es dime nsoes da cabeca do femur sao, em parte, devi- das ao menor comprimento da diafise fem ural. Na re alidade, entre estes dois caracteres ha uma correlacao positiva apreciavel 2. DIM,tETRO TRANSVERSO MiN IMO DA DIAF ISE Como se disse, esta medida da uma idea da robustez do ossa. as valores obtidos pa ra a coleccao de Co imb ra, constantes do quad ro junto, nao diferem significativamente dos corresponcentes a coleccao FERRAZ DE M ACEDO, e as series dos ossos direitos e esquerdos fornecem pr aticamente os mesrnos valores, facto que tarnbern se verifica nas series de Rothwell 3 : Fernure s Valor media Desv io pa drfio Valor Valor corrigido max imo minimo - - - m/m m/m m/m m/m 72 (!; di re iros . 26.06+ 0.14 175 + o.og 31 23 6 1 <j> esquerdos . 26·14± O.16 1.85 + 0.11 31 22 63 6' direitos . 23,97 + 0.13 I 1.50 ± o.og 28 20 63 <j> esquerdos 24. '4 + 0. 13 I 1-48 + 00·9 28 20 Didmcfemural da cabeca DiL etnica das medias Des vio padrdo dlI (Portugu ese s e ingl eses) (d) (z) Fe rnu res m ascu lino s . . 2.8 1m/m 0.227 12.37 2 Os valores do co eficiente de correlacao entre 0 comprim en to obl iquo do femur e 0 diarn etro da ca bec a, na cc lec cdo de Coimbra , sao os seguintes : Fernures 6' . Fernu res <j> • r = 0.48 ±0.07 r = 0.50 + 0.07. 3 Tanto na se rie de Rothwell co mo nas se ries port uguesas (col. FERRAZ DE MA CE DO e col. de Coimbra), os valo res medi cs rel ati vos aos ossos esque rdos sa o ligei ramen te superi ores ao s dos ossos di reitos, mas as dIerencas mio teem im por- tunci a es ta tistica. No caso mais favoravel - serie mascul ina de Rothwell, a drfe - ren ca dos va lo res rnedios (0'714m/m)exp ressa no desvio padrao respec tivo (0.2)1) e igu al a 2+
  • 25. o femur portugues 27 Re unindo as series de Coimbra com as da colecciio FERRAZ DE MACEDO e nao distinguindo os ossos direitos dos esquerdos, orgarn- zamos 0 seguinte qu ad ro : Fem ures Valor medic Desvio padrii o Portug ueses : 263 3' . 250 <j? . .. . m/rn 26.24 + 0.08 23.86 ± 0.07 m/m 1.85 + 0.06 1.68 + 0.07 Ingleses : 1843' . 108<j? 29.68± 0.10 26.60 +0.I2 1.98 -j- 0.07 1.89 + 0.09 Verifica-se assim que 0 ca racrer ap resen ta uma diferenca sexual importa nte tanto nos fem ures port ugueses como nos ingleses. Os fernures feminines sao em regra menos robustos e 0 valor da dife- renca e esta tisticamente significativa i . Sob 0 ponto de vista etnico nao dispom os de suficiente nu mero de elementos de cornparacao ; limitando-nos aos dados disponiveis, verifica -sc que 0 diarnetro tr ansverso rninimo da diafise dos fernures ingleses e signi ficativamente maior i. o diam etro da ca bec a lemural, pa reee estar, em cert a medida, na dependencia do comp rimento do osso , conforme se reconhece pelos valores dos respectivcs eoefic ientes de correlacao 2. DIAMET RO ANTERO -I'OS TE RIOR MA.X I ~O DA DIAFASE Das nossas observacoes sabre os valores deste cara cter nos femu- res da colec cao de Co imbra conclue-se que devemos considerar pratt- d/! Desvio padrfio (!) 0.156 0 .234 Didm . transv, mill. da did! (Portugueses e ingl eses) Fern ure s port ugu eses Fernures ingl es es . OiL sexual das medias (d) 2.38m / 1O 3'08 OiL etnica das medi as Fe rnures masculinos 3.44m ;m 0.214 16 87 Fe rnures femi nin es . . . 2.74 0 21I 12.:i9 z 0 coeficiente de co rrelactio entre 0 comprim ento ob ltquo do femur e o : diarnetro tran sverse minimo da diafise tern, na cc lecca o de Coimbra, os seguin- tes valores : Fernures mascul inos Fernures femi ninos . r = 0.I4 + 0.07 r = o 30+ 008.
  • 26. 28 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos cam ent e equiva lentes as series dos ossos direitos e esquerdos de am bos os sexos : Femmes Vblor mcdio Des vlo padrfio Valor Valor corrig ido maximo minimo --- - - --- - - m/m m/m m/m rn/rn 72 ;3' direi to s . '1 29.75 + 0.17 2.17 ± 0.12 34 24 62 (!; esquer do s . 29·74+ 0 24 2'78+ 0.17 42 26 63 <jl dire ito s '1 26.89 + 0.16 1.89 + 0.11 32 23 63 <jl esquerdos . 26.32 + 0. 16 1.85 + 0.11 32 23 Dos numeros registados pOl' PARSONS resulta para os ossos csquerdos do sexo ma sculino um valor ligeiramente maior do que o correspondente aos ossos direitos 1, mas que nao se pode con- side rar de finitivamente sign ifieativo. Mas na serie ferninina de Rothwell a diferenca e pOI' assim dizer inapreciavel, e 0 mesmo se repete nas series masculina e terninina portuguesas. Deve por- tanto tratar-se de flutu acces de seriacao. o quadro seguinte resume os resultados correspondentes as se ries direitas e esquerdas reunidas : Fernures Va lor med ic Desvio padrfio Portugueses : 13. +6 ' ... 12 0 <jl • .• • lng leses : 18-1- 6 ' 105 <jl • • •• . '1 . . m/m 29.75 + o.q 26.60 + 0. 11 3 1.g3 + 0.12 27.64+ 0.15 m/m 2.47 ± 0.10 1.89+ 0.08 2.44± 0.09 2.26 +0.11 Ve-se logo que os femures ingleses sao nitidamente mats fortes do que os portugueses, e que os femures masculinos sao" sempre ma is robustos que os fem inines . E stas diferencas sao estatis tica- mente significativas, se ndo rnais importante a diferenca sexual 2. I 1.9 13,0 3.66 Fernures po rtugueses Fe mures ingleses . . I A diferenca ent re os val ores medi c s das duas ser ies e igu al a 0.g83, e com o 0 desvio padrao resp ect ivo e igual a 035 2,0 quoci en te dj! = 2.79. 2 Di/illl. alit -post. ind x ,da dia], Drf. etnica Lias medias Desvio padr.io dj'1. (P ortugueses e ingleses) (d) p:) Fernures rnasculinos . 2.18m/m 0.279 Fernures femininos . 1.04 0.27 5 Dif. sex ual das medi as 3.15 m{m
  • 27. o f emur portugues o diametr o an tero-posterior m ax imo da diafise fernu ra l anda claramente correlac ionado com 0 comprimento do osso i, e com 0 diametro transversa minino 2. Os valores do coeficiente de regressao 3 do diametro transverso minirno sabre a diametro antero-posterior maximo sao 0.33 , para os fernures m asculinos, e 0.37 para os femininos ; por conseguinte, as equacoes de re gressiio, que permitem calcular 0 va lor medic do dia- metro transversa minima (.,t~) correspondente a um dado valor (Y) do diarnetro antero posterior maximo da di afase, podem escrever-se x = 16-43 + 0.3 3 Y (J), X = 14.22 + 0.37 Y ( <jl). LARGURA DA ARTICUL At;:AO INFERIOR A grande im portancia deste carac ter na separacao sexual dos fernures reconhece-se pela simples inspeccao do grafico junto (fig. 8) onde se ve que as suas variacoes teem lugar, nos dois sexos, em campos quasi independentes. Femurcs Valor media Desvio padrfio Valor Valor corrigido mtiximo minimo - m/m m/m m/Ill lIl/m 72 J di rei t os 74.8 , ± 0.25 3. 12 ± 0.17 83 68 6'2 3' esque rdos . 7+68 + 0.25 - 2.g5 + 0.18 83 6g 63 <jl direi to s . 65.83 + o lg 2.2) + 0.13 70 60 63~<jl es q uer dos . 65.56 + 020 2.37 + 0.14 70 60 Ve-se tarnbern (cf. quadro) qu e os valores medics relativos as coleccoes portuguesas por nos estudadas (col. F ERRAZ DE MACEDO e 1 Valores do coeficiente de correlacao entre 0 comprim ento obliquo do femur e 0 dia me tro an tero-posterior maximo da diafise (fem ur portugues) : Femmes mascu lin e s . Femmes Ierninin os . . r = 0.34 ±o.of r = 0-40 j- 0.08. 2 Va lores do coefic iente de correlacao entre 0 di amet ro transverso minim o e 0 alllero· posteri or maximo da diafise fernur al (femur portugues} : Femmes mascul inos . Femmes femin inos . 3 cr. Y ULE, op. cit., pag. 175 et seq. r = 0.44 + 0 08 r = 0.45 + 0.08.
  • 28. -------- ------------ 30 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos col. de Coirnbra) na o diferem estatrsticamente, e q ue outro tanto se repete com as series direitas e esquerdas. P od em os par conseguinte reunir todos as elementos das diferen- 7 'f , I I I IJ q '1;;Ja. " r &f 0 _ I , I I , h'flIvts - - - - - 12. s,- , I i , I , I I , " I -, I I I -. I I I . 1 I I I I 1 I I / I " I II ( II I I II I I ........ / -, / 1/ -, / 1 / I 1 / / , I / , ./' I /" I ./ 6"0 bl b1 C'3 Gl( Gf" (10 '"I bK 6: " /'1 ;J t'l ,. 76 IT 1f 19 ,ttJ 8"1 81. 83 e» 3 n 21 12- Fig. 8. - l' olig onos de vuriacfio da largura da art iculaeao inferior dos fernures portu gueses tes series, 0 qu e nos conduz aos seguintes val ores finais que utiliza- rernos nas comparacoes : Fe mures Valor medlo Desvi o padriio Portugueses (co l. F. de II'I. +col. de Coimb ra): 2646 ' . 2;'0'? : . 101m 7 5.14 ± 0. 15 65.34± 0.12 101m 3-47 ± 1.10 2.85 ± 0.09 lngle.es (col, de Ro th well): 160 6' . 8g ,? . . . . . 76·77 + 0 . 19 ' 1 D 7·73 ± 0.lg 3.63+ 0. 14 2.6g ± 0 13
  • 29. o f emur portugues .3! Con frontando estes resultados rec onhece-se imed iatarnente que os valores relati vos ao femur ingles sao mais elevados, e que os fernu - res masculinos teem se mpre a articulacao inferior notave lme nte mais larga. E stas diferencas sao es tatisticarnente significativas, muito particularmente a diferenca sexual ' . A largura da articul acao inferio r anda corre lacionada com 0 comprimento do femur, e, pa r conseguinte, um a parte destas diferencas, e devid a as maiores dimensces dos fernures mas- culinos 2. Como se disse, a diarnetro da cabeca femural e urn caracter sexual de grande valor, e por este motivo nos pareceu inte res - sante a deterrninacao do gra u de correlacao, que por ven tura exista, entre este car acter e a largur a da articulacao inferior, pois a eficricia do ernpr ego simultaneo dos dois caractere s na diagn ose sex ua l dum femur depende fundamentalrnente do valor dessa cor- relacao. Com efeito, se a correlacao for absoluta, havera tanta vantagem em rec orrer aos dois carac teres como em empregar apenas urn , porque a cada valor do diametro da cabe ca corres- pondera sempre urn un ico valor da largur a da articulacao inferior . No caso de nao haver ccrrelacao, isto e, de serem os dois car acteres inde pende ntes, e evidente qu e 0 ern prego do segu ndo resolved muitas vezes os casos duvidosos, porq ue os limites da variacao e os valores medics do caracter relativo nao coincid irjicnos dois sexos. o coeficiente de correlacao entre 0 diametro da cabeca e a lar- I Larg. da articulo inferior OiL etnica das med ias Desv io padriio d/:i. Fernures mascul inos . Fernures femininos (d) 1.63m / m 2.3g (:i.) 0.358 0.337 Dif. sexu al da s medias Fernures portugu eses g.80"/"' Fernures ingl eses . . . . . . . 9.04 35.12 22.37 2 Os valores do coefici ente de co rrelacac entre 0 co mprimento obliqu o do lem ur e a largu ra da ar riculacao infer ior, cal culados para a colecc fio de Co imbra, sao : Fe rnures mas cul inos . Femures' fem ini nos . . r = 0.38 ±0.08 /' = 0.40 ± 0.08.
  • 30. .32 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos gura da articulacao infe rior e igual a 0.63 nos fernures portugueses de ambos os sexos 1 P Ol' consegu int e os dois caracter es variam, ate um certo ponto, independentemente urn do outro. As equacocs de re gresso (cf. not a 3 a pag. 29) sao as seguintes : X = '26 60 +0 96 Y (3), e x = 30.19 +0·97 Y ( Cj?), onde ..tt representa 0 val or mais provavel da la rg ura da articulacao inferior qu e cc rres ponde a urn dado valor Y do diarnetro da cabeca fumeral. Largura media Largura media Amplitu de d. d. l)iumelro d. cabec u femura l articulacfio inferi or art icu laciio inferi or da vari aciio (tcor. ca) (observada) (observ ada) Ill/ m I Ill/Ill I m/m m/m 41{~' : 7°,93 7 1• 17 69-74 66,92 67.34 61- 7 1 3{3 . 71.0° 73.33 67-76 4 Cj? 67·ti8 67.56 63-7 0 44fr 72,87 73.81 70 -77 68.84 I 67.67 67 -69 Observando os graficos correspondentes a variaca o do diamet ro da cab eca do femur (cf. fig. 7, pag. 24), not a-se qu e a zona do campo da variacao qu e e comum aos dois sexos, fica co mpreendida entre 1 Para eSle ca lcul o reunirn os a colecc ao FERRAZ 0 1> M AC I>OO it de Coimbra, e nao separarnos os os sos di reitos dos esquerdo s, ° que nos deu os scg uinres va lores : Dlametro da cabeca Largu i a da a rti - culacfio inferior Feruures ~-~-~ ~-~-~ Coe ficicme (co l. F. de Matos +co l. de Coim bra) I de cor retaciio Valor Desvio Va lor Des vio me dic padrfi o medio padrfio - - - Ill/m m/m m/m m/ Ill 264 CS . 46.33 2.25 75.14 3-47 r = 0.63 j- 003 250 Cj? 4° ·19 1.86 65.34 2 48 r = 0.63 + 0.03
  • 31. o femur portugues JJ as orde nadas que passam pelos valores 42 e 44. Calculando, pelas equacoes de regressao os valor es mais provavei s da lar gura da arti- culacao inferi or corresp ondentes a essa regiao, verifica-s e fac ilmente, que na ma ioria dos casos, 0 segundo cara cter permite eliminar as duvidas acerca do sexo dum femur. a quadro anterior mostra com efeito qu e a um dado valor do diametro da cabeca femura l, compreendid o na zona do campo de va riacao comum aos dois sexos, correspondern valores da largura da ·articula<; 8.o inferior que, no se xo mrsculino excedem por 4 milime- tros, em medi a, os valores medics do mesmo caracter nas series relativas correspondentes ao outro sexo. PLATIMERIA Foi MANOUVRIER i quem ch amou a atenc ao para 0 achatamento antero-poste rior que a diafise fem ural alguma s vezes apresenta logo abaixo do pequeno tr ocanter , particularidad e morfol6gica a que deu o nome de platimeria, pr opondo para a sua ava liacao qu antitativa um indice a que deu 0 nome de indice de platimeria. a indi ce de platimeria e a re lac ao centesim al entre 0 diarnetro antero-posterior e 0 diametro tr ansversal da diafise do femur, deter- minados amesma altura e logo abaixo do pequeno tr ocanter . Diametro antero-posterior sub-trocanteriano, - as val ores re la- tivos a coleccao de ' Coimbra, constantes do qu adro junto, most ram que sao insignificantes as diferencas entre os ossos direitos e esquer- dos de ambos os sexos. Esta afirm acao e igualmente verdadeira par a os fernures ingleses de Rothwell: Fernures Valor media Desvio padriio Valor Valor corrigido maximo minimo m/m m/m mlm m/m 72 (!; direitos . 26·75 ± 0.15 1.86 ± 0.10 32 23 62 (!; esq uerdos 26.66 + 0.13 r.S8 + 009 30 24 63 ~ di reitos . 23.76 + 0.14 r.64 + 0.10 27 20 63 ~ esquerd os . 23.44 + 0.16 1.84 + O.Il 28 20 P ar a as nossas comparacces podemos, por conseguinte, reunir as series direitas com as esquerdas 0 qu e da os seguintes valor es : 1 I.. MANOUVRIER, La Platymerie, C. R. du Congrcs Intern. d'Anth, et Arch. prehistorique, Paris, 18g l; Etudes sur les variations morphologiques du femur clie; l'Ho mme et les Anth ropoides, Hull. et Mem . de la So c. d'Anth. de Paris, 1893 3
  • 32. Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos Femures Va lor medic Desvio padriio Portugueses : 134 J . 126 c;> • • •• m/m 26.71 + o.ro 23.60 ± O.II m/m I.74 + 0.07 I.75 + 0.07 Ingleses : 185 3' . 107 c;> • • •• 29.05 ± o.tr 25.42 + O.II 2.I4:t 0.07 I.72+ 0.08 As diferencas, tanto etnicas como sexuais, sao sensivelmente da mesma ordem que as re gistadas para 0 diametro antero-posterior maximo da diafise (cf. pag. 28) i. 0 caracter apresenta urn va lor mais elevad o nos fernures ingleses; os fernures masculinos tern sern- pre diametros antero -posteriores maiores do que os femininos. Este diametro emuito pequeno nos fernures neoliticos 2. Didmetro transuerso sub-trocanteriano, - Das observacoes de PARSONS sobre os fcmures ingleses de Rothw ell 'parece concluir-se qu e existe nos valores deste ca racter uma certa dife renca sig nifica- tiva a favor dos fernures esquerdos de ambos os sexos. As nossas observacoes sobre os Iernures portugues es nao confirmam aqueles resultados; os va lores que obtivemos sao praticarnente identicos nos fernures dos dois lados : Femur es Valor medic I Desvio padrao Yalo,' Valor corrlgido maximo minirno I 01/ 111 01/111 m/m m/m 72 J direitos : '1 3I.76 + 0.20 2·52± 0.14 42 26 62 J esque rdos . 3I.82 + 0.23 2.74 + 0.17 43 26 63 c;> direitos 29.59 + 0.19 2.25+ 0.13 36 26 63 c;> esq uerdos . 29.30+ 0.17 2.01 + 0.12 33 25 d/I 10·7 8.0 Desvio padra o (!) 0.2 18 0.228 Dif ernica das medias Dam ant-post. sub-troc, (P ort ugueses e ingleses) Fernures m asculinos . Fern ures femin inos . (d ) 2.34m / m 1.82 OiL se xua l das medias Fernures portug ueses 3.lIm / ," 0217 14.3 Fernures inglese s . . 3.63 0.22g 15.g 2 A. S CHE NK, Squelettes prehistoriques de Cliamblandes. Revue Mens. de l'Ecole d'Anth, de Paris, I g o4, pag. 342 et seq.; L. MA NOU VRIER, Les cranes et ossements du dolmen de Menouville (Seine-et-Olse). Bull. et Mem. de La S oc. d'Anth, de Paris, I g07, pag, 168.
  • 33. ofemur portugues 35 No gu adro seguinte podemos verificar a posicao dos fernures por- tugueses re lativamente aos ingleses. Femure s Valor medic Desvio padriio Portugueses : 134 rs .. . . 126 <j? • • •• Ingleses: 185 rs . 107 <j? •••• tn /Ill 31.79 + 0.15 29.44+ 0.13 35.55 ± 0.14 32.60+ 0.17 mlm 2.63± O.II 2.14 ± 0.09 2.77 + 0 .10 2.63 + 0.12 Os femures portugueses apresentam urn diametro tr ans versal sub- trocanteriano rnenor. Tanto as diferencas etnicas como as sexuais sao estatisticamente significativas i. indice de platimeria. - Pela definicao do indice ve-se que 0 seu valor numerico varia ao inverso do diam etro tr ansversal, isto e, qu anto ma is achatada nos parece a diafise femural ta nto mais ba ixo e 0 valor do indice. o indice de platimeria ap resenta uma grande amplit ude de varia- 'tao nas diferentes racas humanas, e os autores que se tern ocupado do caracter costumarn dividir os fernures nos seguintes grupos 2 : Com platimeria muito grande: 1< 65; Com platimeria bem caracterizada : 65 <I <75 ; Com platimeria incipiente: 75 <I <80; Sem platimeria: I> 80. MANOUVR IER propos uma expl icacao fisiol6gica da platimeria, atri- buindo-a ao aume nto das superficies de insercao do rnusculo qua- dricip ite crural, determinado pela hip ertrofi a resul tante do seu uso exce ssivo durante a marcha, na fase de extensao do tronco sobre a coxa, accao que se exerce a cada passad a, na ultima fase do movi- mento e com uma ene rg ia mu ito particular durante a ascensao das encostas. MA NOUV RIER, de harmonia com esta exp licacao, afirmou d/l: 12.30 9·94 Oesvio pa drao (l:) 0.305 0.318 0.296 /.95 0.326 9.05 morphologiques du f emur OiL etnica das medias 1 Dam. transv, sub-trocant, (Port ugueses e ing leses) Fernures masculinos . Fernur es femininos . . (d) 3'76m /m 3.16 OiL sexual das medias Fernures po rt ugu eses 2.35 -r Fem mes ingleses . . 2.95 Z BELLO y R ODRIGUE Z, Sur quelques. varia tions humain, L'Anthropologie.; vol. XIX, pag, 437 et seq.
  • 34. 36 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos que a platimeria era independ ente cia raca, e menos acentuada, ou frequente, nas mulheres do que nos homens. Sem querermos entrar ria apreciacao critica de sernelhante expli- cacao sempre diremos que nem a platirneria e const ante entre os montanheses, como ser ia de espera r, nem 0 seu sign ificado etnico par ece nul o. Com efeito, 0 proprio M ANOUVRIER reconheceu ser a platimeria muito mais fr equente nas racas neoliticas do que nas actua is, e bastante vulgar nos guanches, antigos habitantes das Can arias. Trab alhos mais recentes confirmam estas ideias ( B ELLO Y RODRI GUEZ, "P: cit.) t . , 0 es tudo de ce rtos fernures parologicos (d. PAUL-Bo NCOUR, E tude des modifications squelettiques consecutives a l'liemiplegie infantile - Bul. et Mem. de la S oc. d'Anth, de Paris, IgO O , pag. 3g et seq.) parece de mo nstra r, de urn modo evi de nte, a falsidade da explicacao de MANOUVRIER, ndo obsta nte todo 0 engenho qu e PAUL-BoNC~UR emprega para acomodar os f'ac tos com a referi da exp licacao. Pondo de pa rt e a p latlmeria tra nsversal, ou melhor estenomeria (d. R. MAR- TIN, Lehrbucli del' Anthr opologie, pag. 102 1J, veri fica -se que nos esque leto s obser- vad os pOl' PAUL-BoNCOUR, 0 ca racter e exclusivo, ou mais acentuado, do lad o doente, na o obs ta nte a atrofia muscul ar co ncomita nte. o artificio empregado pOI' PAUL-BoNCOUR par a eliminar a dificuld ade con- siste em substitu ir 0 indi ce pela descr icao morfol6gi ca das mod ificacoos qu e, em regr a, se enco ntram na porcao superior dos Iernu res plarirneri cos. Ora esta subs tituicao nao e, de fac to, leg itima, po rquanto 0 Ind ice de pl ati- meri a nao nos indica mais do que a proporcao que exisre entr e do is diame tros perp endicular es da extremidade sup er ior do fem ur. T endo co nvencionado cha- mar plat irnericos aos Iernures cujo indice nao excede urn determinad o valor, nenhuma outra con sider acao nos pod e obriga r a uma classificacao diferen te dos mesmos exe mplares. E urn contra-senso esta afirmacao de PAUL-BoNCOUR (op. cit , pag, 396J: En resume: Les indices ne sent pas la signification exacte du degre de platymerie : ils sont produits et exag eres par la rencontre d'un agrandis- sement asses notable du diatnetre transversal, et de l'atrophie du diam etre antero- -posierieur»: Or a e precisamente a cornbinacao destes dois fact os - exage racao do diam etro transverso e reducao do diam et ro ante ro- poste rior, qu e produz a platimeri a. Nao tern valo r a distincao subtil qu e 0 auror pretende fazer entre a atrofi a do diametro ante ro -pos lerior e 0 achatamento da dia fise, 0 achatame nto nao e de fact o real em caso algum ; trar a-s e sempre de um a dcficien cia de desen- volvimento num a dada direccao , que pode ser resultado de causas var iadas. A demonstrar qu e na realidade niio ha ac hatamen to da extremidade supe- rior da diafise do s fernures norm ais es ra a circunstftncia de ser positiva, e de cer ta irnp orran cia nurn erica, a correlacao entre os diam etros qu e entr am na definicao do indice. Os valores do coeficiente de corre lacao entre 0 diarnerro antero-pos te rior e 0 diilmetro tra nsver sal sub-troc anteriano s sao, nos fernures de Coimbra, 0.43 +0.05 (3') e 0.36 ±0.05 (<j?); se houvesse achamento a correIa- criio deveria ser negativa. POl' outro lado, 0 estu do morfologico da ex tremida de proxim al da diafise femural nao contradiz as indicacoes forne cidas pelo indice de platim eri a. Con sider an do ap enas os exempla res que, pe lo valor do indice, sao real- ment e plati rner icos verifica-se que neles se encon tram as seguintes pa rticulari- dades rnorfologicas «sig nes d'ulle platymerie veritable»: crista femural exte rna,
  • 35. ofemur portugues O s tipos e as variabilidades do indice de platimeria dos fernures portugueses const am do quadro seguinte: Femur es Valor medic Des vio padrfio Va lor Valor corrig ido maximo minirno mlm mlm mlm mlm 72 J direitos . 84.33 + 0.52 6 51+ 0.37 100 fig 62 ~ esquerdos . 84.15 ± 0.58 6,73 + 0-41 97 65 63 J direi tos . . 81.18 + 0.59 I 6,99 ± 0.42 I 96 I 63 63 ~ esque rdos 80.36 + 0.37 6.13 + 0.37 96 65 o valor medic do indice e bastante elev ado, podendo afirmar-se que 0 femur port ugues nao e platirnerico. Nao se notam diferencas apreciaveis entre os ossos direitos e esquerdos, e por isso podemos reunir as duas series de cada sexo: Portug ueses : 1343' . 126 ~ . lng leses : 185 J. 107 ~ .. . . Fernurc s Valor medio mlm 84.25 + 0.38 '1 80'77 + 0.40 82.02 ± 0.37 7835 + 0.43 Desvio padrfio mjm 6.61 ± 0.27 6.59+ 0.28 7.48 ± 0.26 6.58+0.30 go teira hipo tr ocanterina, fac e anteri or lar ga, et cela avec llll e frequence et tIIle intensite superieures au cote sain » / (op. cit., pag. 394). Mas para PAUL-BoNCOUR todas es ta s indicacoes sa o falsas porque nos feruu- res doen tes nfio se encontram algumas da s outras particu laridades possiveis ! ! Les cotes sains, all contraire, ma lg re les chiffr es de l'indice (!) presentent la reunion de tous ou presque tous les phenomenes habituels. Mas , segundo a nossa .maneira de interpretar 0 indice, a maior parte dos fernures saos observados por PAUL-BoNCOUR nao tem pla timeria ant ero-pos~erior, e no un ico em que ela e bern caracter iza da (I = 75.7) < de petit tr ochanter est un peu masque" ! A oc ultacfio do pequeno troch anter em coriseq uencia do ala rgamento da face anterior do femur e uma das part ic ularidades a que aq uele autor da mais peso na definicao da platimeria. Ve-se qu e 0 unico femur sao, nitidamente pla - tirnerico, apresenta 0 ca ra cter em grau reduzido, Se 0 numero de exemplares sfios obse rvad os fos se maior, possivelmente 0 auror teria encontrado alguns co m 0 pequ eno trochanter a descoberto, como de facto se observa em todas as co leccoes,
  • 36. 38 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos . P arece que nos femmes ingleses de Rothwell a platimeri a e m ais acentuada do lado direito do corpo, mas as diferencas nao sao signi- ficativas i , Nao nos limitando a cons ideracao dos valores medics e fazendo a ana lise detalh ada das series portuguesas verifica-se faci lmente que o nurnero de fernures platimericos e, na rea lidade, rnuit o pequeno, Co m efeito, com platimaria acentuada (1 <75) encontra mos ape- nas 4-48 % dos femmes masculines e 1349 o dos femininos 2. Fernures ingleses 80 (!; direi tos . . 105 (!; esque rdo s 57 <jl direitos . . 50 <jl esquerdos, Valor mcdio Ill/m 82.51+ 0.62 81.65 + 0,45 79,76 ± 0,57 76.74± 0.61 Desvio padrfio m/m 8.23 ± 0.44 6.82 + 0.32 6.38 ± 0-40 6,42 + 0.43 No easo mais Iavorav e! (sexo fem ini no), a di fer enca dos valores medic s (3.02) expressa no desvio padriio (1.24) e ap enas iguaI a 204- 2 Fc murcs portugu eses 3' % I <jl % I Com indiee de platimeria <65 - - I 2 1.59 » " entre 65 e 75 6 4-48 IS II·9° " u » 75 e 80 24 17.91 37 29.36 " u de platimeria> 80 104 77-61 72 57.15 134 100.00 126 100.00 Co nfroute-se esta dis tri buicfio dos va lores do Indice de pla tirneria co m a co rrespondente as populacoes neolitieas de Charnblaudes : Fernur es necliticos s % <jl % - - - - - -- Com indice de platimeri a <65 2 10 - - » » entre 65 e 75 6 30 7 4I.18 " » » 75 e 80 . " 12 60 7 4I.I8 » » de platirneri a > 80 - - 3 17.64 20 100 17 100.00
  • 37. o femur portugues 39 No quadro seguinte reunimos alguns da dos comparativos qu e nos 'pareceram inte ressantes: Indice de platimeria I s ~ Autorcs indios de Paltacalo 73.24 (7 1) 71 g8 (53) ANTHONY et RIVET 1 Indi os da Cal ifornia 73.68 (56) - BELLO Y RODRIGUEZ 2 Ain os .. 73'7 6g.2 KOGANEI3 Neollticos de Chamblan- des . . . 73'72 (20) 75'72 (17) A. SCHEN K5 Pe ruanos . . . 74-8 72.0 BELLO y RODRIGUEZ 3 Japoneses . .. . . . . 76.4 i;,g KOGANEI3 Neoliticos de Chalons- -su r-Marne . 76.1 (23) 72.4 ( 10) L. MANOUVRIER 4 Dolmen de Ep one 76.65 (26) 75.0 (21) P. DU CARNE er MANOUVRIER 6 Alama nos da Suissa 80.5 78.5 SCHWERZ7 Negros . . 82.g 80.1 R. MARTIN Ingleses de Ro thwe lI . 82.02 (185) 78.35 ( 107) PARSONS 8 Bajuvares 83.6 77-3 LEHMANN-NITSCHE 9 Portuguese. 84.25 (134) 80.77 (126) VIEIRA DE CAMPOS Fr anc eses . 85.5 8407 R. MARTIN Reconhec e-se ass im a existencia de notaveis diferencas etnicas no valor do indice. Dum a maneira gera l, as ra~as americanas e mon- goloides tendem para a platimeria, ao passo que os europeus actuais, conjuntamente com os elementos etnicos de afinidades negroides, ten- dem para a eurimeria. As ra cas neoliticas europeias sao platime ras 1.0. 1 B ill. et Mem, de L a S oc. d'Anth, de Paris, r908, pag. 314 et seq. 2 L'An thropologie , vol. XIX, r908, pag, 437 et seq. 3 Cit. em MARTIN, L ehrbucli del' Anthropologie, pag, 1023. R ev Mens. de l'Ecole d'Anth. de Paris, r896, pag, r61 et seq. R ev. Mens. de t'Ecole d'Anth. de Pa ri s, 1904, pag, 342 et seq. 6 B ill. et Mem. de la S oc. d'Allth. de Paris, 1895, pag, 273 et seq. 7 Cit. em MARTIN, op. cit., pag, I022. 8 Jour. of Anat. and Phys., vol. XLVIII, pag, 238 et seq. 9 Cit em MA RTIN , ap. cit., pag, 1022. 10 Embora a difer enca ent re OS valor es medios d o indi ce de platimeri a nos fernures portugueses e ingleses de Ro thwell, seja aproximadamente igual a duas unidades, niio se pode ainda considerar estatrs ticarnenre significa tiva : i ndice de platimeria Dif, etnica das medias . Desvio pad riio df ]. (Portugueses e ingleses) (d ) (1) Fernures masculinos 2.23"I" 0.793 2.8 Fernures feminines. . • 2.42 0.865 2.8
  • 38. 40 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos Verifica-se tarnbern que, contrariamente a suposicao de MANOU- VRIER, a platim eri a e mais acentuad a nas mulheres que nos homens -. A diferenca sexual do va lor do ind ice de pl atimeria e significativa tanto para as por tugueses como pa ra os ingleses t . Ha uma co rrelacao positiva ligeira, ta lvez nao significat iva, entre o compri mento do osso e a platimeria 2; contrar iamente ao que ANTHONY e RI VET encontraram nos femures dos indios de Paltacalo 3. Nao ha correlacao apreciavel entre a platimeria e a torsao do femur 4. CURVATURA FEMURAL PARSONS ava liou 0 gra u de encurv ame nto da di afise femural por m eio de urn ind ice em que se cornpara 0 valor da flecha maxima da curvatur a anterior do fem ur com 0 comprimento do osso (cf. pag. 283) 5. Fleclia maxima. - Os va lores obtidos para os fe rnure s portugue- ses constam do quadro seguinte: Femuros I Valor media Desvio padrfio Va lor Valor portugueses corrlg ldo maximo minima m/m m/m m/m m/m 72 (!; dir eitos . 59.08 + 0.27 30{2 + 0.19 68 52 62 (!; esq uerdos . 59.85 + 0.34 4-00 + 0.24 70 51 113 ~ dire itos . 55.19 + 0.24 2·79 ± 0.17 64 52 63 ~ esq uerdos . 55.06 j- 0.22 2.65 + 0.16 61 51 1 indice de pl atimeria Dif. sex ual das medi as Desvio padnio d/~ ~) ~) Fernures ponugueses . 3.48 -r 0.81g 4.2 Fe rnures ingleses . . . 3.67 0.840 4.4 Z Os valores do coeficiente de co rrelacao ent re 0 ind ice de platimeria e 0 comprime nto obliquo do femur sa o os segui ntes : Fern ure s masculinos (col de Coimbra) Fernure s femini nos » r = 0.24 + 0.08 r = 0.20 ± o.og. 3 E tude anth ropolog ique des races precoloiubiaunes de la R epub lique de l' Equatenr, B ul. et Melli, de L a Soc. d'Anth. de Paris, Ig08, pag. 370. I Os valores do coefi ciente de correlacdo entre 0 angulo de t orsfi o do femur e 0 indi ce de platimeri a sao os seg uintes : Fernuros masculinos (col. de Coi mbra). Fe rnure s femininos r = O.Ig + 0.08. r = - 0.I3 + 0.09. 5 Em vinude das criticas que se podem Iazer ao me rodo seguido par PAR- SONS, reser vamos para um trabalho especial a estudo da curva tura do femur,
  • 39. ofemur portugues 41 Nao se nota diferenc a aprecia vel entre os ossos direi tos e os esquerd os, e a diferenca de curva tura ent re os fernures portugueses e os ingleses de Rothwell e tarnbern insignificante conforme se ve pelos numeros constantes do quadro junto: Fernure s Va lor medic Desvio padrii o Portugueses : 134 6 ' .. . 126 ~ . Ing leses : 174 6 ' l OS ~ • • • . m{m 59.44+ 0.22 55.33 + 0.16 '.1 60.87 + 0.26 55.16+0.32 m{m 3'72 ± 0.15 2.74+ 0.12 5.08 ± 0.18 4.82 + 0 .22 As series portuguesas sao notavelrnente ma is hornogeneas do que as inglesas ; tern desvios padroes muito menores. A diferenca sexual , tanto pa ra os femures ingleses como para os portugueses, e imp ortant e {. indice de curuatura. - 0 ind ice de curvatura dos Iernures por- tugueses tern sen sivelm ente 0 mesmo valor nos ossos dos dois lados do corpo: Fem ures Valor medic I Desvi o padriio Valor Valo r maxi 0 minima 72 6 direitos 13.24 + 0.06 0.77 + 0.04 15·3 1r.6 62 J esquerdos . 13-41 + 0.06 0·73 + 0.04 J5·0 II.8 134 J [direitos e esquerdos) . 13.32 + 0.04 0.76 + 0.03 - - 63 ~ direitos 13·77 + 0.05 0.64 + 0.04 15·5 12.2 63 ~ esque rdos J3.92 ± 0.07 0.78 + 0·°5 15·4 12·3 126 ~ [direiros e esquerdos) . 13·75 + 0.04 0.69 + 0·(3 - - PARSONS (ob cit., pag. 2 6 0 ) achou que a curvatura femural depende do comprimento do osso; nas ser ies de Roth w ell, os fernures mais curtos sao tambern os mais cur ves. 10.17 9·43 Desvio padrtio (!) 0·4°4 0.605 Fernures portugu eses Fernures ingl eses • .. Iim irau do-n os neste lugar ao calculo do s valo res rne dios e var iab ilidade da flecha max ima e do indice de curvatura, com 0 fim de compararmos os nossos resulta- tudes com os obridos por aq uele autor, 1 Fteclia maxIlIla Drf, sexual das medias (d) 4·IIm;m 5.71
  • 40. 42 Dr . Tamagnini e D. Vieira de Campos Se atentarmos na formula que serve par a 0 calculo do indice de curvatura ve-se que, entrando 0 comprimento do femur no domina- do r dessa expressao, para cada valor da flecha maxima, 0 valor do indice sera tanto mais elevado quanto me nos comp rido for 0 femur. Desta maneira se podera exp licar 0 indice de curvatura mais elevado dos Iernures femininos que sa o senslvelrnente mais curtos do que os masculines . Mas com o existe uma correlacao re lativamente elevada entre a flech a maxim a e 0 comprimento do femur, 0 indice de cur- vatura pouco depende deste ultimo caracter t. Nos fernu res portugueses a dife renca sexua l das medias 2 niio deve ser significativa 3. Nao se nota qualquer diferenca etn ica significativa no va lor deste caracter entre os fernures ingleses e os portugueses 4. I 0 co eficiente de co rr el ac ao entre a Ilecha m axim a e 0 comprime nto ob lt- quo do fem ur, calc ula do para os 134 ex emplares da co lecctio de Coim bra (sexo masculi no) e igual a 0.40 ±0.07. 2 in dice de curvatur a Dif. sex ual da s med ias (d) Fernures portugu eses 0.43 "[" Desvio padriio (l:) 0.08g d/'f. 2.8 3 Este resultado co nfirm a as co nc lus6es a que chegaram ANTHONY et RIVET no seu es tu do sobre os fernures de Pal tacalo ( But. et. Mem de La Soc. d' Anth de Paris , Ig08, pag. 39S) ; empre gando 0 raio de curvatura para eXprt mlr a curva tur a lemura l ancer ro r, acharam que, em media, 0 caracter tinha se ns ive lmen te 0 mesmo va lor nos doi s sex os . Dos nurner os registados p OI' PARSONS para os [emures ingleses de Rothwell (ef. quadro respect ivo) resu lta tarnbern urna drferenca sex ual insign ificante para a curvatura fem ural. Fcrnures de Rot hwell 69 I!; direitos . 97 I!; esquerd os . 1666 (dire itos e esquerdos) 52 'jl dire ito s . 50 'jl esquerd os . . • . . . . 102 'jl (direitos e esq uerdos) Valor medio 13.62+ o.oo 13.31 + 0.08 13.41 + 0.06 13.63 ±0.12 I2.97 ± O.IO 13.48 ±0.07 Desvio padrfio 1.14 + 0.07 1.18 + 0.06 1.17 ± 0.04 1.24 + 0.08 Log + 0.07 1.22 + 0.06 (d) Ma sculinos o.oo Fe minino s. 0.27 1 In dice de curvatllra OiL etnica das med ias Des vio pa driio ('f.) 1.03 1.76 d/'f. o.oo 0.15
  • 41. o femur portugues ANGULO DE TORSAO o femur, do mesmo modo que 0 humero, apresenta uma tors ao qu e se determina, como dissemos, rnedindo 0 angu lo formado pelo eixo do colo com 0 plano tangente a superficie pos terior convexa dos condilos. Obtivemos os valores constantes do quadro junto: Fernure s Valor rnedio Desvio padrfi o Valor Va lor corrigido maxim o rninimo - - -- 0 0 0 0 72 J dire itos . 12.19 + 0.61 7 70 +0.43 32 - 7 62 J esquerdos 11.63 + 0.69 8.07 + 0.49 32 - 4 63 <j' di reitos . 11.95 + 0·94 I 1 08 ± 0.66 34 - 16 63 <j' es que rdo s . I I.57 ± 0.80 9-40 ± 0.56 37 -1 2 Destes numeros pode concluir-se que nao existe diferenca apre- ciavel no valor de torsao dos fernures direitos e esquerdos e que a diferenca sexual e tambern pr aticamente nul a i. I Nao se pode afirmar ou tro tanto dos fernu res ingl eses de Rothwel ; a serie feminin a apresenta uma torsa o se nsivelrne ute m ais elevada e a diferen ca e ap a- rentemente sign ific ativa. Os va lores ca1cula dos pa ra as se ries de Rothwell , masculin a e fem inina, sem distingui r 0 lado do corpo, sa o os seguintes: 166 J . 1 00 <j' • Fcmures de Roth well Valor medlo o 13. 2 7 + o·H 17. 2 2 ± 0 .6 3 Desv io pad rfio o 8,47 ± 0 ·3 I 9·33 ± 9·45 Nal gumas racas americana s enos eg ip cios an rigos (Naqadar, a torsao fernu- raj parece mais ace ntuada no . sexo femi nino (cf. II'IART IN, Lehrbuclt der Anthro- pologie ; pag. 1025) ; A NTHONY et RI VET (cf. Bill. et Mem . de la So c. d'A nth. de Paris, pag. 378) ob tiveram pelo contrario para os do is sexos aproxirnada - mente os mesmos va lo res medic s. P arece portanto que 0 assunto requer melhor es tudo, Al ern disso 0 caract er e susceptive! de vari ar entre limites muito largos con- forme a tecnica se guida (d. BOULE , L' Home f ossile de la Cltapelle-aux-Saints, e
  • 42. 44 Dr. Tamagnini e D. Vieira de Campos Relativamente as cornparacces etnicas, organiza mos 0 quadro seguinte com nu meros em grande parte extraidos da obra de R. M AR- TI N, tantas vezes citad a : Torsio do femur Valores medios Autores 0 Suissos ' .. 8 MARTIN Japon eses . II.5 KOGANEI Portugueses 11.9 VIEIRA DE CAMPOS Austriacos 12 MIKuI.ICZ Ingleses de Rothwell . 13 (J) PARSON S Fra nceses ac tuais . 14·4 BELLO y RODRIGUEZ Guan ches . 15·3 )J Neolitic os franceses 18·5 Melanes ios 22.8 Negriros , 23 )J Maoris 39·7 C ro-Magno n 35 )J as portugueses fieam pois compreendidos entre as populacoes euro peias, que manifestam uma torsao femura l minima, em contra- pos icao as populacoes negroides, ame ricanas , melan es icas e poline- sicas euja torsao fem ural emuito forte. COMPRIMENTO DO CO LO A coleccao dos fernures de Coimbra forneeeu os seguintes valores: Femurcs Valor media Desvio pad rfio Valor Va lor corrigido maximo minima m/m m/"n m/m m/m 72 J dire itos 64-90 ± 0.31 3.91 ± 0.22 76 55 62 3' esque rr' os 6+31 -j-- 0.38 4.44 + 0.27 80 56 63 <j? direiios . 56·54± 0.29 3.46 + 0.2 [ 65 50 63 <j? esquerdo s . 56.08 + 0.26 3.01 j- 0.18 65 50 MANOUVRIER, Rev. Mens. de l'E cole d'A nth. de Paris, 1896, pag, 165 (Elude des ossements et cranes humains de la sepulture neolithique de Chalons-sur-Marn e} ; Je dois ajouter ici Ime reserve relativement ala comparabilite des angles de tor- sion mesures pa,r des.operatellrs differents.
  • 43. o femur portugues A difere nca entre os ossos direitos e os esquerdos dos dois sexos continu a a ser insignificante , facto que se repete nos femures ingleses de Ro thwell. Para fins comparativos podemos pois reunir os ossos direitos aos esquerdos, 0 que nos fornece os seguintes valores : Femure s Valor medlo Desvio padrfio Port ugueses : 134 J . 126 Cj! .... ln g leses : 178 J . 105 Cj! . •. • mlm 64.63 + 0.24 56.31 + 2.20 65.74 + 0.25 56.48 + 0.22 mlm 4.18 + 0.17 3.26 + 0.14 4.94 + 0.18 3.39 ± 0.r6 Ve-se que existe uma diferenca considerave l entre os femures masculin os e os fem ininos; os fern ures da rnu lher tern 0 colo sen- sivelm ente mais curto i . o corn primento do colo mantem uma correlacao positiva apre - ciavel (0,5 aproximadamente) com 0 comprimento obliquo do femur , com 0 diametro de cabeca fem ura l e com a largur a de artic ulacao inferior 2. Oil. sexua l das medias d/4 18·3 18.6 do colo e Oesvio padrdo (4) 0·45 0.50 o comprimento entre 1 Compriinento do colo (d) Fernur es portu gueses 8.32 m /m Fernures ingleses . . 9.16 Z Valores do co efic ie nre de correlacao out ros caracteres do femur portugues : Femur es portugue ses Caractor relative Coeficiente de correlacfio 1341; · I :l6 Cj!. 134 J . 126 Cj! . 134 (3 . 126 Cj! • Comprimento ob liq ue r = 0.55 + 0.06 » r = 0.42 + 0.07 Diametro da cabeca r = 0.48 + 0.07 » r = 0.49 + 0.07 Largura da art icu lacao inferior r = 0.42 + 0.07 » r = 0.55 ± 0.06 Es tes res ultados nao confirmam a oplt1lao de PAUL-BoNCOUR (Etude des modifications squelettiques . " (Bul. et Mem , de la Soc. d/Anthr. de Pans, 1900, pag, 366) "La f emme axant des femurs moins vigoureux et moins longs que I'homm e, le col suivr a les variations du reste de l'os»,
  • 44. Dr. Tarnagnini e D. Vieira de Campos A diferenca entre os femures de Ro thwell e os fernures portugue - ses einsignificante i . ANGULO DO COLO a s valores deste caracter na coleccao dos fernures de Coimbra constam do quadro junto: Fernures Valor med ic Iresv io padr:lo Valor Valor corrigido minima maximo 0 0 0 0 72 6 direitos . ]27.30 ± 0·4t 5.20 ± 0.29 140 lIS 62 6 esquerdos . 126·34 + 0.49 5.68 + 0·34 141 110 63 <j> direi tos . 124.78 ± 0.48 5.65 + 0·34 140 IIO 63 <j> esquerdos . 125.54 + 0.40 4.70 ± 0.28 140 JI8 Os fernures direitos nao diferem dos esquerd os 2, e a diferenca sexual e tarnbern insignificante 3. P ARS ONS che gou aos mesm os resultados para os fernures de Rothwell 3. Re unindo os ossos direitos e esquerdos obtivernos os seguin tes valores : Portug ueses : 134 6 ' . .. 126 <j> • Ingleses : 183 6 ' 187 <j> • •• • F ernures ValOl' mcdlo o 126.81 ± 0.32 125.13 ±0·3t 126.16 +0.27 I 125.41 ± 0.21 Desvio pa drfio o 5.46+ 0.22 5.14 ± 0.22 5.36+ 0.19 4.25 ± 0.15 a s femures ingleses de Rothwell nao diferem sen sivelrnente des Iernures portugueses no que resp eita ao valor num er ico do angulo I Comprimento do colo Dil. etnica das medias Desvio padr ao d/J. (P ortugueses e ingleses) (d) (I) Fernures mascu linos. 1.11m/m 0.52 2.14 z Ang ulo de colo Di f, das med ias Desvio padrao d/I (d) (~) Fernures masculinos . 0.96 0·94 r.02 3 Angulo do colo Oif. sex ual das medias Desvio padrfio d{J. (d) (J.) Fernures portugueses r.68 0:66 2·54 Fernures ingleses 0·75 0·57 1.31
  • 45. o femur portugues 47 cervico-diafisar ; para comparacao com outras racas organizamos 0 qu adro seguinte com dados fornecidos, em grande parte, por R. MAR- TIN (op. cit., pag. 1027): Angulo do colo Valores medics o Autores indios de Paltacal o . , . Ber beres . Neoliti cos de Montign y-E sbl y F ra nceses ac tuais . , . lngleses de Ro thwell , . Neo liticos de Chambla nd es ' Negros . .. Pcr- tugueae e . ' '. . . . ' . . Bavaros recentes .. . Neo li ti cos de Chal ons-s ur-Marne . Ja poneses •. A ustralianos . Negritos .. . 12I.2 124·1 124.2 (20) 125·8 126.I6 (6') 126·74 (I7) rr6,8 126.81 (3) 127 I 28.2 (23) 128.2 13° I32 •6 RIVET B ELl.O Y RODR IGUEZ MANO UVRIER et A NTHONY B ELLO Y RODRIGUEZ PARSO NS A. S CHENK MA NOU IIRIER VU:IRA DE CAMPOS I3UMULLE R M ANOUVRIE R K OGANEI L USTIG BELL O Y RO DRI GUEZ Parece pois que os portugneses, conjuntamente com outras racas europeias, ocupam na escala dos valores do angulo do colo uma posi- cao interrnedia, ficando de urn lado as racas aborigenes americanas e de out ro os australianos e negritos . Relativamente adiferenca sexual, nao estao de acordo os resulta- dos obtidos pelos diferentes autores ; assim por exemplo, ao passo qu e dos numeros pu blicados por BELLO y RODRIGUEZ se conc lue que, na m aioria dos grupos etn icos estudados por este autor, 0 angulo do colo e mais aberto nas mulheres do que nos homens, os resultados do estudo de P ARSONS sobre os fernures de Rothwell, de VE LJO ZA:-lOLLl so bre os fernures bolonheses i , e os nossos prop rios es tudos, revelam o contrario. Parece pois tratar-se de um caracter cuja significacao ainda precisa de ser melhor estudada. A diferenca sexual etodavia muito pequena. Afirma HIRSCH i.Anatomische Hef te, Band xxxvu-rSqq) a existen- cia de um a certa correlacso positiva entre 0 angulo cervico-diafisar e o comprimento do colo. PARSONS (ob cit ., pag. 26'2) confirma, mas ape nas no qu e se refere aos fernures masculinos, a existencia dessa corre lacao. Os resu ltados obtidos com os fernures da coleccao de I VEl.IO ZA NOLI.I, Stud, di Antropologia bolognese. Omeri e fe mori (Atti dell' Acadellli,l S cientifica veneto-trentino-istriana, 3.' seri e, I.O an o, 1908) , cit. in L'An- throp olie, vol , xx, 1909, pag. 229. .
  • 46. 48 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos Co irnbra nao estao de acordo com est as 0p lnloes ; tanto para urn como par a 0 outro sexo, os valores num ericos do coeficiente de cor- relaciio entre os dois caracteres citados sao pra ticarnc ntc nulos t. Tarnbern reconhecemos nao existir, praticarnente, em ' contraste com a opiniao de HUMPHRY 2, correlacao apreciave l entre 0 angulo do colo e 0 comprimento do femur; 0 valor do cceficiente de corre- elacao dos dois caracteres nas series masculinas de Co imbra e igual a 0.20 + 0.08 . OBLlQUIDADE DA DlAFASE Os va lores medics do caracter nos fernures da coleccao de Coim- bra consta m do seguinte quad ro : Femures Valor med io Oesvi o pa driio Valor Va lor corrigido maximo minimo 0 0 0 0 72 J di reitos 8.65+ 0.I6 2.05 + O.II J3 3 62 J es querdos 9.61 + 0.19 2.18 ± 0.13 I4 5 63 <j> d ireitos 9.75 + 0.20 2.40 + 0.14 IS 4 63 <j> esquerdos IO·s2 ±0.I7 2.01 + 0.12 I I6 7 A diferenca entre os valores me dics relativos aos ossos direitos e esquerdos, em bora seja relativ ame nte gra nde, e estatisticame nte insignificante 3. Com os fernures ingleses de Rothwell sucede out ro tanto; p OI' conseguinte, podernos reunir os ossos direitos aos esquerdos 0 que da os seguintes resultados: Portugueses : 134 J .. . . 126 <j>' • •• Ingleses : 168 J 99 <j> .. .. F ernures Valor medio o 9.10 ± 0.13 10.13 + 0.14 9.43± O.II 10·53 + O.Is lJesvio pa drfio o 2.I7 + 0·09 2.25 ± 0.10 2.06:::t 0.08 2.24+ O.II I Col ecca o de Co imbra: Fe rnu re s rnascuh nos . . . . . . . . . . . . . . r = 0.06 ± 0.09 Fernures femin ines . . . . . . . . . . . . . .. /. = 0.19 + 0.09 2 Ci t. in MARTIN, Lehrbuclt der Anthropologie, png. I028. 3 Fernures pol't ug ueses Dif. das m edias Desvio padrfio dl'J. ( OSSOS dir. e esq ) (d) ('J. ) Fernures masculinos . 0.96 0.368 2.6 Fernures femininos . . 0.78 6.395 1.9
  • 47. ofem ur portugues 49 Estes resul tados mostr am que a diferenca sexual e estatistica- me nte sig nificativa, e indicam maior divergencia do fem ur feminine I.. Para a cornparacao etnica nao disp omos de muitos dados ; reuni- mos no q uadro seguinte alguns va lores publicados po r R . MARTIN (op. cit., pag. 1027) com outros por nos eoligidos: Obliquidade da diafise femural (l; ~ Autorcs Portugueses 9.10 (I34) 10.13 (I26) VIEIRA DE CAMPOS Ingleses de Ro thw ell . 9.43 (I68) IO·53 (99) PARSON S Bavaros recentes . 9·5 - MARTIN Neoliti cos de Charnb lande s. 9.83 (60) IO.I3 (34) RIVET et ANTHONY Indios de Paltacalo . 9·7 (16) 9·3 (ro) A. SCHENK Neoliticos de Cbalons-sur-Marne . 10.2 (22) IO·5 (9) MANOUVRIER Suissos recent es II - MARTIN Ve -se clarame nte que 0 femur portugues nao dife re essencial- m ente dos fernures europeus actua is. 0 assunto precisa de ser estudado de um modo mais completo. o angulc de diver gencia pareee ser independente do co mprirnento do fem ur e do eompri mento e angulo do colo 2. 1 Angulo de diverg encia Dif sexual das medias Desvio padriio djI (d) (!) Fernures portugueses. 1.03 0.274 3.76 Fern ur es ing les es . . . I.IO 0.276 3.98 2 Tabela dos valo res numericos do coeficien re de correlacao entre 0 angu!o de divergenc ia e outros caracteres do femur. I34 (l;. 126 ~ . 1346'· I26 ~. 134 (l;. I26 ~ . Fernu res Caract er relative Coeficiente de correlacfio Comp rimento em posicfio - 0.07 ± 0.09 - 0.I2 ± 0.09 Comprirnen to do colo - 0.01 ± 0.09 » 0.06 ± a 09 Angulo do colo - 0.I2 ± 0.09 » - 0.27 ± 0.08
  • 48. 50 Dr. E. Tamagnini e D . Vieira de Campos FACETA DA FACE ANTERIOR DO COLO E IM PR ESSAO IliAC Muitas vezes a cartilagem articular da cabeca femural estende-se em ponta sabre a face anterior do colo, dando lugar a uma faceta de dimens6es bastante var iaveis ; quando a cartilagem articular se nao dese nvolve desta maneira, verifica-se que no lugar da faceta se encontra uma depressao rugosa, de contornos mais ou menos nitidos , a impressaa iliaca (POIRIER i). Foi BERTEAUX '2 que m primeiro chamou a atencao para estas particularidades morfol6gicas do femur, que se tern atribuida amaior amp litude de certos movimentos (fleccao fort e com rotacao interna da coxa) correlativos de determinadas atitudes habi tuais (por exemplo, 0 habito de descansar numa posicao aga- chada, au de cocoras). Nesta posicao, a parte superior do bordo da cavidade cotiloide aplica-se contra a face anterior do colo femura l e este con tacto' prolongado, e muitas vezes repetido, determinari a a for macao das particularidades morfologicas indicadas (POIRIER). PAUL-BoNCOUR afirma a necessidade de distinguir a irnpressao iliaca do avanco da cartilagern articular; e, conclue que, nao se podendo explicar a presen<;:a da irnpressao iliaca nos fernures do lado sao por uma atitude particular habitua l, se deve racionalm ente proc urar a sua origem na marcha especial dos hemiplcgicos infantis (B ul, et Mem, de la Soc. d'Anth, de Paris, IgoO, pag. 370 e 373). FELIX REG:-<AULT que tam bern estudou esta particularidade mor- fol6gica afirma ser ela mais freque nte nos fernures pr ehist6ricos (2 2 vezes em 3g casos) do que nos fernu res das racas brancas actuais 3. .Notamos porern que semelhante afirrnaciio nao esta de acordo nem com os resultados dos estudos de PARSONS sobre OS femures de Rothwell, nern com os obtidos por nos ,para os fernures por tugueses actuais. Considerando, como fez REGNAULT, a faceta e a im pr essao iliaca conjuntamente, acharam -se as seguintes percentagens da presen<;:a do caracter em questao : POIRIER, Traite d'Anatomie, t. I, pags. 210, 220 e 653, cit. ill PAUL-BoucOUR. BERTEAX, L'Humerus et le Femur. pag. II4, cit. i ll PAUL-BoUCOUR. 3 F. REGNAULT, Forme des surfaces articula ires des me mbres inf erieurs (S oc. d'Anthr, de P aris, 1898.
  • 49. Portugueses : (!; direito s . . (!; esquerd os . 'i' direitos . . . ¥ esgue rdos. Ingleses : (!; di reitos . . (!; esguerdos 'i'direitos . . 'i' esgue rdos. o femur portugues F'COl UI'CS 010 78 79 71 60 79 79 58 67 51 ~~ interessante not ar, co mo fez PARSONS, que estas percentagens nao sao essencialmente diferentes d as que corresp ondem aos fernures prehist orico s. Se nos rep ortarmos aos numer os de REGNAULT , veri- tica -se que 0 caracter e mais frequente nas raca s brancas actua is do que nas prehistoricas, niio sendo possiv el fa zer entrar na explicacao do facto a atitu de h abitual (acocorada) de descanco que se atribue aos nossos antep as sad os prehi st oricos. Verifica-se tarnb ern que 0 ca racte r emats frequente nos homens do que nas mulheres . TER CEIRO T ROCAN rER E FO SSA HIl' OTRO CANTERIA NA E stas duas anornalias en contram-se com uma certa frequencia nos fernures humanos actuais e parece terem sido m ais frequentes nos nossos antepass ados. o terceiro trocanter i e, co mo se sab e, uma apofise de volume variavel, as vezes m aior que O' pequeno trocanter, situada ao mesmo nivel que ele, na bifurcacao externa d a linha as pera, No homem, onde se encontra anorrnalmente , a significacao da sua natureza, at avi ca ou fisiol6gic a, nao esta ainda esclarecida, P ;UL- -BONCOUR 2 diz: ames observations me permettent d'affirmer que sa naissance (je ne dis pas sa forme) est indepen.lante de tout deue- loppement musculaire ». 1 0 tercei ro trod .nt er e uma apofise normal nalgumas ordens de Terios afastada s dos Primatas. Z PAUL-BoNCOUR, Etude des modifications squelettiques, et c. ; BlIZ . et Mem, de la Soc. d'Antli, de Paris, 1900, pag. 4°4.
  • 50. 52 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos A fossa hipotrocanteriana e uma depressao longitudin al situada imediatamente abaixo do grande tr ocanter, frequente nos Iernures neoliticos enos dos hornens de idade da rena. A frequencia desta anomalia nas diferentes racas human as e bastante variavel , e pOl' iss o BELLO y RODRIGUEZ i im agina que 0 car.icter tem algu ma irn por- tancia etnica. Parece tarnbern, segundo 0 referido autor, haver urn a certa correlacao, facil de explicar, entre a platimeria e a presenya da fossa hipotrocanteriana. o terceiro tr ocanter e a fossa hipotrocanteriana encontrarn-se algumas vezes associad os no mesmo exemplar, e qualquer dos ca rac- teres, pode existir apen asnum do s fernures do mesmo ind ivid uo. Foi 0 que se obser vou duas vezes nos esqueletos da coleccao FERRAZ DE MACEDO ; num dos ind ividuos 0 femur esq uerdo apresen- tava 0 3.0 tr ocanter, .que nao existia no osso direito correspondente ; o outro individuo tinha a referida anomal ia apenas no femur direito. Pelo que respeita acoleccao de Coimbra, as duas anomalias em ques- tao foram encontrad as com as frequencias indicadas no quadro junto. Treceiro Fossa hipo- Cocx isten- Vestigios Vestigios da Vestigios Fe rnures trocanrer .rocante- cia dos dois do terceiro fossa hipo- do s dois nitido rianc caractcres trocant er troeante- caract cres nit ida nitidos d ana associados % % % % 0 1 % 10 72 3' direitos . 69 I2·5 ° I8 .0 11.1 5·5 62 rs esquerdos 8.0 17·7 1.6 14·5 9·7 3.2 63 Cj? direitos . I5·8 20.6 6·3 14.2 23.8 9·5 63 Cj? esquerdos . 12·7 3O•I 6·3 12·7 11.1 6·3 Como se ve os dois caracteres sao senslvelmente mais frequentes nos fernures femininos. Conclusoes gerais i) As diferencas entre os fernures direitos e os esquerdos, re Ia- tivas aos valores m edics de todos os caracteres estudados, sao esta- tisticamente insignificantes, e podem atribuir-se afluctuacao das series. ii) E xceptuando 0 angulo do colo e a torsao fernural, todos os outros caracteres m anifestamdlferell~assexuais estatisticamente signi- ficativas. 1 BELLO Y RO DRI GUE Z, Sur quel ques var iatio ns morphologiques du femur hnmain. L'Anthropologie, vol, XXI X, pag, 444.
  • 51. ofemur portugues S3 o angulo do colo, os comprim entos ma ximo e obliquo da diafise, a largura da articulacao inferior e 0 diametro da cabeca sao os caracteres menos variaveis, e por conseguinte os de maior importancia na caracterizacao etnica dos portugueses ; iii) A tr a que : a) Dispondo os caracteres pela ordem da su a imp ortancia sexual obtem-se a seguinte classificacao : a) largura da articulaciio inferior, diarnetro da cabeca, com- primento oblique e comprimento do colo; b) diametros transversais e antero-poster iores cia diafise, flecha max ima; c) indices de platimeria e de curvatura, angulo de divergen- cia da diafise. ana lise dos valores do coeficiente de variacdo 1 mo s- 1 Quando se pr etende apre ciar a va riabilidade relativa de caracteres corres- pondentes dos dois sexos, ou de di fcr entes caracteres, e indisp ensavel urn coefi- ci ente qu e sej a independente das unidades de medida empregadas. Par a esse efeito PEARSON pr op ol (Phil. Trails. ojtlze Royal Soc., serie A, vol. 186, pag. 253) urn coeficiente de variaciio, C = 100 a:ill, onde a represent a 0 des vio padriio e ill o valor medio do caracter considerad o. Coeficient e de variaciio : C= 100 ai M - A - Caracteres estudados Feruures inglescs Femures portuguescs - ~ - - ~ - s ¥ 6' ~ Angulo do co lo. 4.31 +0.18 4.II + 0.17 4·25+ 0.:u 3.39 + 0.12 Cornprime nto ob liquo 4·54 ± 0.13 4.70± 0.14 4.24 + 0.15 4·63±0.22 Largura da artic ulacao in- Ieri or 4.62 + 0.14 4.36+ 0.13 4.73 ±0.I8 3·97 -t 0.20 Cornprirnen to maximo . 4.71 j- 0.19 4.02+ 0.17 4.24 + 0.I5 5.05 + 0.24 Diflrne tro da cabeca 4.86 + 0.14 4.63 ± 0.14 4.84 + 0.18 4.64 + 0.22 lndice de curvatura , 5.71 + 0.24 5.02 ± 0.21 8·72± 0.33 9·05 + 0·43 Flecha m ax im a . 6.26+ 0.26 4.95 ± 0.22 8.35 + 0·30 8.74+ 0·41 Cornprimen to do colo 6·47 + 0.27 5.i9±0.25 7.51 + 0.27 6.00±0.28 Diftrnetro tran sverso min. da diafise 7.05 ±0.21 7.04 ± 0.2I 6.67 + 0.24 i ·II ±0·33 Diflrnerro an t. post.. max. da diafise 8.30 + 0·34 i .II ± 0.30 7.64 + 0.27 8.II +0.38 lndice de platimeri a 7.85+ 0.33 8.16 ±0.35 9.12 ± 0.32 8.40 + 0·39 <?bl iqil idade da di afis e . 23.85 + L04 22.21 ±0.99 2L85 ±0.84 2L2i + L06 An gulo de torsiio. 66.05 ± 3.27 87·33 ± 590 63.83 + 3.18 54.18+ 3.26
  • 52. 54 Dr. E. Tamagnini e D. Vieira de Campos b) os indices de curvatura e de platimeria, a flecha maxima, o comprimento do colo e os diametros transve rsa e antero-posterior da diafise tern variabilidad es sensivel- mente rnaiores ; c) a obliquidade da diafise eo angulo de tors ao apresentam variabilidades tao grandes que diflcilmen te se poderao empregar com prov eito na diagnose dos tipos etnicos europeus. d) As series dos fernures de Rothwell manifes tam menor homogene idade que as dos portugueses a res peito dos caracteres do grupo b. iu ; Do estudo da cor relacdo entre as diferentes caracteres do femur pode concl uir-se que : a) existe uma correlacao apreciavel entre 0 comp r imento obliquo e 0 comp rirnento do colo, a largur a da art icula- <;:ao inferior, 0 diametro 'da cabeca femural e 0 diame- tro rtntero-postericr maximo da di.ifise. b) 0 didmeiro da cabeca do femur rnantern uma correla- ~ao elevada com a largur a da articulacao inferior e com 0 cornprimento do colo. . c) 0 comprimento obliquo e independente do tlngulo do colo, do diamet ro transverso minimo da diafise, da obliquidade e do indice de platimeria. d) 0 angu lo de torsao e indcpendente da platimeria. e) 0 angul o cervico-diafisar e independente do comprimento do colo e da obliquidade da diafise. f) 0 comprimento do colo c independente da largura da articulacao inferior. v) Pelo conjunto dos valores medics dos diferentes caracte res estudados os femures portugueses ndo se dis tillguem . dos femures euro peus actuais - <l.ngulo e comprimento do colo, obliquidade da diafise, angulo de torsao, Ilecha maxim a, indices de cur vatura e de platimeria -, aproximando-se mais estreitamente dos femures das populacoes de baixa estatura - comprimcnto oblique, diarnetro da cabeca, diametros transversos e antero-posterior da diafise, largura da articulacao inferior. vi) Relativamente as populacces prehist6ricas da E uropa, os fernures portugueses aproximam-se cons ideravelmeute dos femures do tipa de Beaumes-Chaudes-Homme-1Uort, afastando-se nitidarnente dos fernures do tipo de Cro-Magnon .
  • 53. o femur portugues TA BELA I Colec~ao Ferraz de Maced o Fem ures (!) direitos e esquerdos S5 (!) Dire itos (!) Eesq uerdos - ~ ~ 0 0 os "' ;, 0 " "' ' os " <>- to :; " ir g~ os c- .!! " ~ ~ .!! :; o :0 .0 " E :0 .0 ,= " e os "0 0 0 "" 0 o c"" :- -es os :- .~ a :.. o s os v:.o ctl .~ .8 " v:; 0 " e -e s " to "'" :: ctl es -r- "'" -u ~ " "'O..§ .~ b ..~ "'0 ctl~ 'E 2 -es "'0 c ~~ ~ ~ E ·:: ~ 5- " :.. .:: 'ii .~ o ~ ? J) g 0- S o ~ ::l 0 S to " ::l to " ::.ole-: ." 0 " " ;; <>- 0 . ~ ~ ;.. ; v- %, u :s :;;: ...l U :s .... ...J I ! 7405 453 46 ~~ 75 458 47 27 75 I -, 7431 492 49 30 80 494 49 30 80 7300 415 43 23 80 'I' 3 43 30 81 7421 428 47 26 73 430 46 27 72 8363 431 45 24 72 439 44 23 71 759 447 42 23 70 447 42 23 69 , 7132 441 i 45 24 69 441 45 24 67 509 448 46 25 73 444 45 25 74 7°95 435 45 27 73 439 44 27 73 741 451 46 . 30 71 457 46 29 72 7447 427 I 47 26 75 428 48 27 76 7455 429 44 25 . 73 423 44 25 72 7377 4~ 5 45 24 73 437 I 46 25 73 7107 443 47 23 73 439 46 25 72 7256 I 44° 47 27 75 444 47 26 74 7087 458 47 28 78 457 49 29 78 7269 458 45 23 73 458 45 23 74 7100 417 44 22 77 421 43 22 76 7189 463 49 27 80 463 49 27 80 7116 429 45 28 76 427 46 29 76 7385 428 49 26 76 429 49 27 76 7224 44° 49 24 75 440 48 26 74 7064 . 458 47 29 77 459 47 29 76 7128 44° 43 24 75 443 43 24 75 7161 494 50 27 80 494 49 28 , 79 7176 444 45 25 72 44' 44 24 7° 8368 444 44 25 76 43q 45 26 75 7197 423 43 26 08 422 43 25 67 866 461 52 30 87 454 52 30 88 733 477 50 27 81 479 50 27 81 817 446 46 28 75 442 47 28 76 97° 455 47 26 77 453 47 26 78 955 427 43 29 73 431 43 29 74 16g 474- 49 28 76 47° 49 30 76