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artigo original
Comparação das classificações
dos nódulos de tireoide ao
Doppler colorido descritas
por Lagalla e Chammas
Comparison of color Doppler-evaluated thyroid nodule
classifications as described by Lagalla and Chammas
marcelo antonio serra de faria1
, Luiz Augusto Casulari2
Resumo
Objetivo: Avaliar as classificações da vascularização dos nódulos de tireoide ao Doppler colo-
rido descritas por Lagalla e cols. e Chammas e cols. Métodos: Foram estudados 265 nódulos
de tireoide com Doppler colorido e citopatologia. Resultados: No diagnóstico de nódulos com
citopatologia maligna, os padrões IV e V de Chammas mostraram sensibilidade de 16,7%, es-
pecificidade de 97,6%, valor preditivo positivo de 33,3%, valor preditivo negativo de 94,1% e
acurácia de 92,1%. O padrão III de Lagalla mostrou sensibilidade de 44,4%, especificidade de
19,4%, valor preditivo positivo de 3,9%, valor preditivo negativo de 82,8% e acurácia de 21,1%.
Conclusão: A classificação de Lagalla mostrou baixas sensibilidade e acurácia na detecção de
nódulos com citopatologia maligna, enquanto a classificação de Chammas mostrou alta acurá-
cia, porém baixa sensibilidade. O Doppler colorido mostrou-se insuficiente para substituir a pun-
ção com agulha fina e o estudo citopatológico no diagnóstico dos nódulos malignos da tireoide.
Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(7):811-7.
Descritores
Doenças da glândula tireoide; ultrassonografia Doppler em cores; neoplasias da glândula tireoide; diagnóstico
Abstract
Objective: Evaluate the vascularization classification of thyroid nodules with color Doppler ul-
trasonography described by Lagalla and cols. and Chammas and cols. Methods: A total of 265
thyroid nodules were studied with color Doppler and citopathology. Results: In the diagno-
sis of nodules with malignant citopathology, Chammas’s IV and V patterns showed sensibili-
ty of 16.7%, specificity of 97.6%, positive predictive value of 33.3%, negative predictive value
of 94.1% and accuracy of 92.1%; Lagalla’s III pattern showed sensibility of 44.4%, specificity
of 19.4%, positive predictive value of 3.9%, negative predictive value of 82.8% and accuracy of
21.1%. Conclusion: Lagalla’s classification showed low sensibility and accuracy in the detection
of nodules with malignant citopathology, while Chammas’s classification showed high accu-
racy, however, low sensibility. Color Doppler was also insufficient to substitute the small needle
punction and the citopathologic study in the diagnosis of malignant thyroid nodules. Arq Bras
Endocrinol Metab. 2009;53(7):811-7.
Keywords
Thyroid diseases; ultrasonography, Doppler, color; thyroid neoplasms; diagnosis
1
Centro de Diagnóstico por
Imagem Ltda. – Brasília, DF
, Brasil
2
Serviço de Endocrinologia,
Hospital Universitário de Brasília
(HUB), Brasília, DF
, Brasil
Correspondência para:
Marcelo Antonio Serra de Faria
Centro Clínico Pacini
SEPS 715/915, Conjunto A, Bloco B,
Sala 305
70390-155 – Brasília, DF
, Brasil
marceloserra.bsb@terra.com.br
Recebido em 15/Mar/2009
Aceito em 12/Jul/2009
Introdução
Os nódulos da tireoide são muito comuns na popu-
lação, sendo encontrados em até 8% dos adultos
pela palpação, em 41% pela ultrassonografia e em 50%
nas necropsias. Entretanto, apenas 5% desses nódulos são
malignos, representando 1% de todos os tipos de câncer
(1-3). A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é
considerada o método de diagnóstico pré-operatório
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Doppler colorido de nódulos da tireoide
mais preciso para a identificação de um nódulo maligno
da tireoide (3,4).
O crescente uso da ultrassonografia na avaliação do
pescoço levou à detecção de grande número de nódulos
impalpáveis. A PAAF de todos os nódulos encontrados
teria impacto importante nos sistemas de saúde. Vários
estudos tentaram identificar características ultrassono-
gráficas que tivessem boa sensibilidade e especificidade
para a diferenciação de nódulos de tireoide benignos e
malignos (2-7).
Há controvérsias na literatura sobre a correlação de
várias características ultrassonográficas dos nódulos de
tireoide com malignidade (7,8). Dentro desse contex-
to, algumas classificações foram propostas, utilizando-
se aspectos morfológicos e de vascularização, na ten-
tativa de se estratificar o risco de malignidade e, assim,
evitar a realização de biópsias desnecessárias, sem dei-
xar de diagnosticar um número significativo de nódulos
malignos (2-11).
Há poucos trabalhos realizados com o Doppler co-
lorido que avaliam as características de vascularização
dos nódulos de tireoide e sua associação com maligni-
dade. A classificação mais antiga de nódulos com o uso
do Doppler colorido é a de Lagalla e cols. (5), recente-
mente modificada por Chammas e cols. (3).
Até o momento, as recomendações das sociedades
de endocrinologia para indicação de punção de nódulos
de tireoide se baseiam principalmente em suas dimen-
sões e consideram as características ultrassonográficas
apenas como elementos secundários (12,13).
O objetivo deste trabalho é aferir os resultados das
classificações da vascularização dos nódulos de tireoide
ao Doppler colorido descritas por Lagalla e cols. (5) e
Chammas e cols. (3) na identificação dos nódulos com
diagnóstico citopatológico de carcinoma papilar.
Métodos
Estudo analítico transversal, no qual foram estudados
265 nódulos de tireoide entre novembro de 2005 e ju-
lho de 2008, no Centro de Diagnóstico por Imagem
Ltda., Brasília (DF).
Os casos foram selecionados retrospectivamente em
arquivo, contendo, necessariamente, avaliação dos nó-
dulos com o Doppler colorido, medida do maior eixo
destes, idade do paciente na época da punção com agu-
lha fina e relatório citopatológico.
Somente foram incluídos os nódulos com análise ci-
topatológica diagnóstica e com imagens disponíveis em
arquivo digital que permitissem a verificação das carac-
terísticas ao Doppler colorido descritas nos relatórios
dos exames.
O exame ultrassonográfico (modo B) e a avaliação
com o Doppler colorido foram realizados em equi-
pamento da marca Toshiba, modelo SSA-550A (Ne-
mio), utilizando-se transdutor linear de alta resolução.
As imagens em modo B foram obtidas com frequência
central de varredura de 14 MHz, um ponto focal, po-
tência de 100% e faixa dinâmica de 90 dB. Nas imagens
com o Doppler colorido, o filtro de parede foi ajustado
em 98 Hz e a frequência de repetição de pulso em 9,4
KHz. Tais ajustes correspondem ao preset instalado no
aparelho para estudo da tireoide, tendo sido todos os
nódulos estudados com os mesmos parâmetros.
O estudo ultrassonográfico e as punções de todos os
nódulos foram realizados por um dos autores (MASF) no
Centro de Diagnóstico por Imagem Ltda., Brasília (DF).
O estudo com o Doppler colorido visou a estratifi-
car a vascularização dos nódulos segundo as classificações
descritas por Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3).
Foram revistos todos os relatórios dos exames que in-
cluíam tais informações.
A classificação descrita por Lagalla e cols. (5) separa
os nódulos em três tipos de acordo com a vasculariza-
ção: tipo I (ausência de vascularização), tipo II (vascu-
larização perinodular) e tipo III (vascularização peri e
intranodular) (Figura 1).
A classificação proposta por Chammas e cols. (3) se-
para os nódulos em cinco padrões: padrão I (ausência
de vascularização), padrão II (apenas vascularização pe-
riférica), padrão III (vascularização periférica maior ou
igual à central), padrão IV (vascularização central maior
que a periférica) e padrão V (apenas vascularização cen-
tral) (Figura 2).
A punção com agulha fina foi realizada por técnica
não aspirativa, à mão livre, sempre guiada por ultrasso-
nografia, sem anestesia, com agulha 30 x 7 mm (22G),
tendo o número de punções variado em função da qua-
lidade e quantidade do material obtido (em geral, até
três passagens).
As análises citopatológicas foram realizadas em di-
versos laboratórios de citopatologia de Brasília (DF).
Utilizaram-se as colorações de Papanicolaou ou hema-
toxilina-eosina (HE) (14) e os esfregaços foram consi-
derados apropriados para interpretação citopatológica
se contivessem, no mínimo, seis agrupamentos celula-
res. Os relatórios citopatológicos foram reclassificados
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Doppler colorido de nódulos da tireoide
preditivo negativo (d/c+d) e acurácia (a+d/a+b+c+d),
sendo a = verdadeiros-positivos, b = falsos-positivos, c =
falsos-negativos e d = verdadeiros-negativos (15).
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de Brasília, tendo sido dispensado o termo
de consentimento livre e esclarecido por se tratar de
estudo retrospectivo realizado em arquivo.
Resultados
Foram estudados 265 nódulos de tireoide, sendo 246
(92,8%) em pacientes do sexo feminino e 19 (7,2%)
no sexo masculino, e a idade média foi de 50,7 ± 13,7
anos, com variação de 17 a 82 anos.
A grande maioria dos nódulos era benigna ou indeter-
minada, sendo poucos os malignos e suspeitos. Somente
se observou diferença significativa (p = 0,0009) entre o
tamanho dos nódulos benignos (20,8 ± 11,3 mm) em
relação aos malignos (14,3 ± 6,4 mm). Não houve di-
ferença significativa de idade entre os pacientes com nó-
dulos benignos, indeterminados, malignos ou suspeitos.
Nas tabelas 1 a 4, é apresentada a associação entre o
resultado citopatológico dos nódulos e o padrão exibi-
do ao Doppler colorido nas classificações de Lagalla e
cols. (5) e Chammas e cols. (3).
Analisando-se a associação entre os padrões IV e V
de Chammas e cols. (3) e os nódulos com citopatologia
maligna, verificou-se sensibilidade de 16,7%, especifici-
dade de 97,6%, valor preditivo positivo de 33,3%, valor
preditivo negativo de 94,1% e acurácia de 92,1%. Na
associação entre o padrão III de Lagalla e cols. (5) e
os nódulos com citopatologia maligna, verificaram-se
sensibilidade de 44,4%, especificidade de 19,4%, valor
preditivo positivo de 3,9%, valor preditivo negativo de
82,8% e acurácia de 21,1%.
Nódulos com padrão de vascularização IV ou V de
Chammas e cols. (3) tiveram maior proporção de ma-
lignidade (3 [33,3%] de 9) do que os com padrão I,
II ou III (15 [5,9%] de 256; p = 0,001, teste do qui-
quadrado). Ainda, um nódulo com padrão de vasculari-
zação IV ou V de Chammas e cols. (3) exibe chance de
malignidade de 8,03 em relação a outro com padrão I,
II ou III (odds ratio).
Discussão
AvascularizaçãodosnódulosdetireoideaoDopplercolorido
tem sido estudada com classificações distintas (3,5,7,16,17),
A: padrão I; B: padrão II; C: padrão III.
Figura 1. Classificação da vascularização dos nódulos de tireoide proposta por
Lagalla e cols. (5).
A
de acordo com o sistema recomendado pela Sociedade
Papanicolaou de Citologia nos seguintes grupos: be-
nigno, indeterminado, suspeito e maligno (14).
Os dados obtidos foram organizados e analisados
por meio dos programas Excel 2007 (Microsoft), Sta-
tdisk 10.4.0 (Addison-Wesley, Inc.) e SOCR (Statistics
Online Computational Resource – University of Califor-
nia, Los Angeles). Utilizaram-se os testes t de Student e
do qui-quadrado para análise estatística. Considerou-se
o nível de significância p ≤ 0,05 e os dados são apresen-
tados como média ± desvio-padrão.
A validade dos testes diagnósticos foi estimada a
partir do cálculo da sensibilidade (a/a+c), especifici-
dade (d/b+d), valor preditivo positivo (a/a+b), valor
B
C
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A: padrão I; B: padrão II; C: padrão III; D: padrão III; E: padrão IV; F: padrão V.
Figura 2. Classificação da vascularização dos nódulos de tireoide proposta por Chammas e cols. (3).
o que dificulta a análise comparativa dos resultados. No
presente trabalho, foram avaliadas duas das classificações
previamente descritas (3,5), que utilizam apenas o Dop-
pler colorido, não tendo sido analisado o padrão de fluxo
ao Doppler pulsado (índice de resistência).
Foram estudados nódulos de tireoide presentes em
pacientes majoritariamente do sexo feminino (92,8%) e
não se observaram diferenças significativas de idade entre
os grupos de pacientes com nódulos benignos e malignos.
Neste estudo, foi utilizada a técnica não aspirativa
de punção de nódulos da tireoide, que tem resultados
similares aos da aspirativa (18), usada por Chammas e
cols. (3), enquanto Lagalla e cols. (5) não fornecem tal
informação.
No presente estudo, considerou-se como referencial
principal de análise o resultado de citopatologia malig-
na, formato utilizado na maioria dos estudos existentes
na literatura, o que se justifica pela excelente acurácia
no diagnóstico do carcinoma papilar da tireoide (3,7-
9,19). Também foi verificado que a proporção de cito-
patologias malignas (6,8%) foi semelhante à de estudos
similares (3,5,8,9).
Doppler colorido de nódulos da tireoide
A
C
E
B
D
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Tabela 1. Distribuição dos nódulos benignos (n = 149) de acordo com as
classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3)
Padrão
Lagalla e cols.
n (%)
Chammas e cols.
n (%)
I 0 (0) 0 (0)
II 27 (18,1) 27 (18,1)
III 122 (81,9) 121 (81,2)
IV – 1 (0,7)
V – 0 (0)
Total 149 (100,0) 149 (100,0)
Tabela 2. Distribuição dos nódulos indeterminados (n = 93) de acordo com as
classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3)
Padrão
Lagalla e cols.
n (%)
Chammas e cols.
n (%)
I 1 (1,1) 1 (1,1)
II 18 (19,3) 18 (19,3)
III 74 (79,6) 69 (74,2)
IV – 5 (5,4)
V – 0 (0)
Total 93 (100,0%) 93 (100,0%)
Tabela 3. Distribuição dos nódulos suspeitos (n = 5) de acordo com as
classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3)
Padrão
Lagalla e cols.
n (%)
Chammas e cols.
n (%)
I 0 (0) 0 (0)
II 2 (40) 2 (40)
III 3 (60) 3 (60)
IV – 0 (0)
V – 0 (0)
Total 5 (100,0) 5 (100,0)
Tabela 4. Distribuição dos nódulos malignos (n = 18) de acordo com as
classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3)
Padrão
Lagalla e cols.
n (%)
Chammas e cols.
n (%)
I 0 (0) 0 (0)
II 10 (55,6) 10 (55,6)
III 8 (44,4) 5 (27,8)
IV – 2 (11,1)
V – 1 ( 5,5)
Total 18 (100,0) 18 (100,0)
Os nódulos benignos puncionados foram maiores do
que os malignos (20,8 mm x 14,3 mm / p = 0,0009, tes-
te t de Student), o que difere de outros estudos que não
apontaram diferenças (12,20) ou mostraram o inverso (3).
Esses resultados díspares poderiam ser explicados por dife-
rentes critérios de seleção dos nódulos avaliados.
Como o exame de referência para o diagnóstico pré-
operatório do carcinoma papilar é a punção com agulha
fina, a baixa sensibilidade do Doppler colorido no diag-
nóstico de malignidade em nódulos de tireoide tornaria
seu papel secundário na propedêutica diagnóstica.
É frequente, na literatura, o relato de nódulos ma-
lignos pouco vascularizados, bem como de nódulos be-
nignos hipervascularizados (8,16,19,21,22). Embora,
neste estudo, tenha sido demonstrado risco maior de
malignidade na presença de vascularização central pre-
dominante nos nódulos de tireoide, a ausência de flu-
xo central não indica com segurança benignidade, pois
uma proporção significativa de carcinomas papilares
apresentou tal característica (Figuras 3 e 4).
Chammas e cols. (3) demonstraram vascularização
interna em 100 dos 177 nódulos estudados (56,5%) e,
no presente estudo, foi verificada vascularização interna
em 207 dos 265 nódulos (78,1%). Como a proporção
de carcinomas papilares com fluxo interno encontrada
neste estudo (55,6%) foi menor do que no citado tra-
balho (84,6%), é provável que as populações estudadas
exibam proporções diferentes de carcinomas papilares
pouco vascularizados. Uma das possíveis explicações
para tal diferença seria o tamanho médio dos nódulos
malignos encontrados (14,3 mm), menor do que no
estudo original de Chammas (23) (38,8 mm).
Verificou-se dificuldade na distinção entre os nódu-
los com vascularização central semelhante à periférica e
os com leve predomínio da central, o que poderia possi-
bilitar interpretações distintas dos padrões descritos por
Chammas e cols. (3) por diferentes observadores. Tal
viés poderia ser minimizado com o desenvolvimento
de critérios menos subjetivos, incorporando-se novas
tecnologias na avaliação computadorizada das imagens
adquiridas. Diferenças na sensibilidade do Doppler nos
equipamentos de ultrassonografia utilizados nos diver-
sos estudos recentes não teriam interferência significati-
va na classificação dos nódulos mais bem vascularizados.
Entretanto, a ultrassonografia é um método essencial-
mente operador dependente. Portanto, uma descrição
menos rígida, apenas mencionando a presença de signi-
ficativa vascularização central, poderia ser mais segura e,
inclusive, foi utilizada em outros estudos (7,20).
Quanto à classificação proposta por Lagalla e cols.
(5), sua utilidade prática atual é reduzida, pois não é
discriminada a quantidade de fluxo intranodular. A pro-
posta original de maior risco de malignidade em nó-
Doppler colorido de nódulos da tireoide
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Figura 3. Distribuição dos nódulos de acordo com o padrão de vascularização de Lagalla e cols. (5) e o grupo citológico.
Figura 4. Distribuição dos nódulos de acordo com o padrão de vascularização de Chammas e cols. (3) e o grupo citológico.
dulos com vascularização interna (padrão III) não foi
verificada por este e por outros estudos (3,24).
Nossos resultados e a revisão da literatura vão ao en-
contro dos consensos das sociedades de endocrinologia
(13,25) que consideram o tamanho (> 1 cm) como o
principal fator na escolha dos nódulos de tireoide que
deveriam ser puncionados. Acredita-se que as princi-
pais características suspeitas à ultrassonografia (hipoe-
cogenicidade e presença de microcalcificações) (8) e a
presença de significativo fluxo intranodular ao Doppler
colorido sejam elementos secundários e auxiliares na
seleção de nódulos menores ou presentes em tireoides
multinodulares que tenham maior probabilidade de se-
rem malignos.
Existem poucos estudos na literatura avaliando a uti-
lização do Doppler pulsado, com medida do índice de
resistência arterial, nos nódulos da tireoide, alguns com
bons resultados (3,26-28), principalmente na tentativa
de diferenciação das neoplasias foliculares malignas no
grupo citológico indeterminado. Outros estudos não
encontraram utilidade para tal recurso (29,30). Essa
técnica não é sequer citada nos consensos especializados
(13,25) e, por ser de execução mais difícil, demorada e
de reprodutibilidade questionável, acredita-se que es-
Doppler colorido de nódulos da tireoide
140
120
100
80
60
40
20
0
n
Grupo citológico:
Benigno
Indeterminado
Suspeito
Maligno
Ausente (I) Periférico (II) Central (III) Padrão de
vascularização
140
120
100
80
60
40
20
0
n
Grupo citológico:
Benigno
Indeterminado
Suspeito
Maligno
Ausente (I) Periférico
central (IV)
Predomínio
periférico (III)
Periférico (II) Central (V) Padrão de
vascularização
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tudos futuros ainda são necessários antes que possa ser
incorporada à prática clínica.
Em conclusão, a classificação descrita por Lagalla
e cols. (5) mostrou baixas sensibilidade e acurácia na
detecção de nódulos com citopatologia maligna e, por-
tanto, não deveria mais ser utilizada. Por outro lado, a
classificação descrita por Chammas e cols. (3) apresen-
tou alta acurácia, mas também baixa sensibilidade na
detecção dos nódulos com citopatologia maligna. As-
sim, o Doppler colorido não deve substituir a punção
com agulha fina e o estudo citopatológico no diagnósti-
co dos nódulos malignos da tireoide, mas pode auxiliar
na escolha dos nódulos que devem ser biopsiados.
Declaração: os autores declaram não haver conflitos de interesse
científico neste estudo.
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  • 1. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 811 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 artigo original Comparação das classificações dos nódulos de tireoide ao Doppler colorido descritas por Lagalla e Chammas Comparison of color Doppler-evaluated thyroid nodule classifications as described by Lagalla and Chammas marcelo antonio serra de faria1 , Luiz Augusto Casulari2 Resumo Objetivo: Avaliar as classificações da vascularização dos nódulos de tireoide ao Doppler colo- rido descritas por Lagalla e cols. e Chammas e cols. Métodos: Foram estudados 265 nódulos de tireoide com Doppler colorido e citopatologia. Resultados: No diagnóstico de nódulos com citopatologia maligna, os padrões IV e V de Chammas mostraram sensibilidade de 16,7%, es- pecificidade de 97,6%, valor preditivo positivo de 33,3%, valor preditivo negativo de 94,1% e acurácia de 92,1%. O padrão III de Lagalla mostrou sensibilidade de 44,4%, especificidade de 19,4%, valor preditivo positivo de 3,9%, valor preditivo negativo de 82,8% e acurácia de 21,1%. Conclusão: A classificação de Lagalla mostrou baixas sensibilidade e acurácia na detecção de nódulos com citopatologia maligna, enquanto a classificação de Chammas mostrou alta acurá- cia, porém baixa sensibilidade. O Doppler colorido mostrou-se insuficiente para substituir a pun- ção com agulha fina e o estudo citopatológico no diagnóstico dos nódulos malignos da tireoide. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(7):811-7. Descritores Doenças da glândula tireoide; ultrassonografia Doppler em cores; neoplasias da glândula tireoide; diagnóstico Abstract Objective: Evaluate the vascularization classification of thyroid nodules with color Doppler ul- trasonography described by Lagalla and cols. and Chammas and cols. Methods: A total of 265 thyroid nodules were studied with color Doppler and citopathology. Results: In the diagno- sis of nodules with malignant citopathology, Chammas’s IV and V patterns showed sensibili- ty of 16.7%, specificity of 97.6%, positive predictive value of 33.3%, negative predictive value of 94.1% and accuracy of 92.1%; Lagalla’s III pattern showed sensibility of 44.4%, specificity of 19.4%, positive predictive value of 3.9%, negative predictive value of 82.8% and accuracy of 21.1%. Conclusion: Lagalla’s classification showed low sensibility and accuracy in the detection of nodules with malignant citopathology, while Chammas’s classification showed high accu- racy, however, low sensibility. Color Doppler was also insufficient to substitute the small needle punction and the citopathologic study in the diagnosis of malignant thyroid nodules. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(7):811-7. Keywords Thyroid diseases; ultrasonography, Doppler, color; thyroid neoplasms; diagnosis 1 Centro de Diagnóstico por Imagem Ltda. – Brasília, DF , Brasil 2 Serviço de Endocrinologia, Hospital Universitário de Brasília (HUB), Brasília, DF , Brasil Correspondência para: Marcelo Antonio Serra de Faria Centro Clínico Pacini SEPS 715/915, Conjunto A, Bloco B, Sala 305 70390-155 – Brasília, DF , Brasil marceloserra.bsb@terra.com.br Recebido em 15/Mar/2009 Aceito em 12/Jul/2009 Introdução Os nódulos da tireoide são muito comuns na popu- lação, sendo encontrados em até 8% dos adultos pela palpação, em 41% pela ultrassonografia e em 50% nas necropsias. Entretanto, apenas 5% desses nódulos são malignos, representando 1% de todos os tipos de câncer (1-3). A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é considerada o método de diagnóstico pré-operatório
  • 2. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 812 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 Doppler colorido de nódulos da tireoide mais preciso para a identificação de um nódulo maligno da tireoide (3,4). O crescente uso da ultrassonografia na avaliação do pescoço levou à detecção de grande número de nódulos impalpáveis. A PAAF de todos os nódulos encontrados teria impacto importante nos sistemas de saúde. Vários estudos tentaram identificar características ultrassono- gráficas que tivessem boa sensibilidade e especificidade para a diferenciação de nódulos de tireoide benignos e malignos (2-7). Há controvérsias na literatura sobre a correlação de várias características ultrassonográficas dos nódulos de tireoide com malignidade (7,8). Dentro desse contex- to, algumas classificações foram propostas, utilizando- se aspectos morfológicos e de vascularização, na ten- tativa de se estratificar o risco de malignidade e, assim, evitar a realização de biópsias desnecessárias, sem dei- xar de diagnosticar um número significativo de nódulos malignos (2-11). Há poucos trabalhos realizados com o Doppler co- lorido que avaliam as características de vascularização dos nódulos de tireoide e sua associação com maligni- dade. A classificação mais antiga de nódulos com o uso do Doppler colorido é a de Lagalla e cols. (5), recente- mente modificada por Chammas e cols. (3). Até o momento, as recomendações das sociedades de endocrinologia para indicação de punção de nódulos de tireoide se baseiam principalmente em suas dimen- sões e consideram as características ultrassonográficas apenas como elementos secundários (12,13). O objetivo deste trabalho é aferir os resultados das classificações da vascularização dos nódulos de tireoide ao Doppler colorido descritas por Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3) na identificação dos nódulos com diagnóstico citopatológico de carcinoma papilar. Métodos Estudo analítico transversal, no qual foram estudados 265 nódulos de tireoide entre novembro de 2005 e ju- lho de 2008, no Centro de Diagnóstico por Imagem Ltda., Brasília (DF). Os casos foram selecionados retrospectivamente em arquivo, contendo, necessariamente, avaliação dos nó- dulos com o Doppler colorido, medida do maior eixo destes, idade do paciente na época da punção com agu- lha fina e relatório citopatológico. Somente foram incluídos os nódulos com análise ci- topatológica diagnóstica e com imagens disponíveis em arquivo digital que permitissem a verificação das carac- terísticas ao Doppler colorido descritas nos relatórios dos exames. O exame ultrassonográfico (modo B) e a avaliação com o Doppler colorido foram realizados em equi- pamento da marca Toshiba, modelo SSA-550A (Ne- mio), utilizando-se transdutor linear de alta resolução. As imagens em modo B foram obtidas com frequência central de varredura de 14 MHz, um ponto focal, po- tência de 100% e faixa dinâmica de 90 dB. Nas imagens com o Doppler colorido, o filtro de parede foi ajustado em 98 Hz e a frequência de repetição de pulso em 9,4 KHz. Tais ajustes correspondem ao preset instalado no aparelho para estudo da tireoide, tendo sido todos os nódulos estudados com os mesmos parâmetros. O estudo ultrassonográfico e as punções de todos os nódulos foram realizados por um dos autores (MASF) no Centro de Diagnóstico por Imagem Ltda., Brasília (DF). O estudo com o Doppler colorido visou a estratifi- car a vascularização dos nódulos segundo as classificações descritas por Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3). Foram revistos todos os relatórios dos exames que in- cluíam tais informações. A classificação descrita por Lagalla e cols. (5) separa os nódulos em três tipos de acordo com a vasculariza- ção: tipo I (ausência de vascularização), tipo II (vascu- larização perinodular) e tipo III (vascularização peri e intranodular) (Figura 1). A classificação proposta por Chammas e cols. (3) se- para os nódulos em cinco padrões: padrão I (ausência de vascularização), padrão II (apenas vascularização pe- riférica), padrão III (vascularização periférica maior ou igual à central), padrão IV (vascularização central maior que a periférica) e padrão V (apenas vascularização cen- tral) (Figura 2). A punção com agulha fina foi realizada por técnica não aspirativa, à mão livre, sempre guiada por ultrasso- nografia, sem anestesia, com agulha 30 x 7 mm (22G), tendo o número de punções variado em função da qua- lidade e quantidade do material obtido (em geral, até três passagens). As análises citopatológicas foram realizadas em di- versos laboratórios de citopatologia de Brasília (DF). Utilizaram-se as colorações de Papanicolaou ou hema- toxilina-eosina (HE) (14) e os esfregaços foram consi- derados apropriados para interpretação citopatológica se contivessem, no mínimo, seis agrupamentos celula- res. Os relatórios citopatológicos foram reclassificados
  • 3. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 813 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 Doppler colorido de nódulos da tireoide preditivo negativo (d/c+d) e acurácia (a+d/a+b+c+d), sendo a = verdadeiros-positivos, b = falsos-positivos, c = falsos-negativos e d = verdadeiros-negativos (15). O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Uni- versidade de Brasília, tendo sido dispensado o termo de consentimento livre e esclarecido por se tratar de estudo retrospectivo realizado em arquivo. Resultados Foram estudados 265 nódulos de tireoide, sendo 246 (92,8%) em pacientes do sexo feminino e 19 (7,2%) no sexo masculino, e a idade média foi de 50,7 ± 13,7 anos, com variação de 17 a 82 anos. A grande maioria dos nódulos era benigna ou indeter- minada, sendo poucos os malignos e suspeitos. Somente se observou diferença significativa (p = 0,0009) entre o tamanho dos nódulos benignos (20,8 ± 11,3 mm) em relação aos malignos (14,3 ± 6,4 mm). Não houve di- ferença significativa de idade entre os pacientes com nó- dulos benignos, indeterminados, malignos ou suspeitos. Nas tabelas 1 a 4, é apresentada a associação entre o resultado citopatológico dos nódulos e o padrão exibi- do ao Doppler colorido nas classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3). Analisando-se a associação entre os padrões IV e V de Chammas e cols. (3) e os nódulos com citopatologia maligna, verificou-se sensibilidade de 16,7%, especifici- dade de 97,6%, valor preditivo positivo de 33,3%, valor preditivo negativo de 94,1% e acurácia de 92,1%. Na associação entre o padrão III de Lagalla e cols. (5) e os nódulos com citopatologia maligna, verificaram-se sensibilidade de 44,4%, especificidade de 19,4%, valor preditivo positivo de 3,9%, valor preditivo negativo de 82,8% e acurácia de 21,1%. Nódulos com padrão de vascularização IV ou V de Chammas e cols. (3) tiveram maior proporção de ma- lignidade (3 [33,3%] de 9) do que os com padrão I, II ou III (15 [5,9%] de 256; p = 0,001, teste do qui- quadrado). Ainda, um nódulo com padrão de vasculari- zação IV ou V de Chammas e cols. (3) exibe chance de malignidade de 8,03 em relação a outro com padrão I, II ou III (odds ratio). Discussão AvascularizaçãodosnódulosdetireoideaoDopplercolorido tem sido estudada com classificações distintas (3,5,7,16,17), A: padrão I; B: padrão II; C: padrão III. Figura 1. Classificação da vascularização dos nódulos de tireoide proposta por Lagalla e cols. (5). A de acordo com o sistema recomendado pela Sociedade Papanicolaou de Citologia nos seguintes grupos: be- nigno, indeterminado, suspeito e maligno (14). Os dados obtidos foram organizados e analisados por meio dos programas Excel 2007 (Microsoft), Sta- tdisk 10.4.0 (Addison-Wesley, Inc.) e SOCR (Statistics Online Computational Resource – University of Califor- nia, Los Angeles). Utilizaram-se os testes t de Student e do qui-quadrado para análise estatística. Considerou-se o nível de significância p ≤ 0,05 e os dados são apresen- tados como média ± desvio-padrão. A validade dos testes diagnósticos foi estimada a partir do cálculo da sensibilidade (a/a+c), especifici- dade (d/b+d), valor preditivo positivo (a/a+b), valor B C
  • 4. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 814 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 A: padrão I; B: padrão II; C: padrão III; D: padrão III; E: padrão IV; F: padrão V. Figura 2. Classificação da vascularização dos nódulos de tireoide proposta por Chammas e cols. (3). o que dificulta a análise comparativa dos resultados. No presente trabalho, foram avaliadas duas das classificações previamente descritas (3,5), que utilizam apenas o Dop- pler colorido, não tendo sido analisado o padrão de fluxo ao Doppler pulsado (índice de resistência). Foram estudados nódulos de tireoide presentes em pacientes majoritariamente do sexo feminino (92,8%) e não se observaram diferenças significativas de idade entre os grupos de pacientes com nódulos benignos e malignos. Neste estudo, foi utilizada a técnica não aspirativa de punção de nódulos da tireoide, que tem resultados similares aos da aspirativa (18), usada por Chammas e cols. (3), enquanto Lagalla e cols. (5) não fornecem tal informação. No presente estudo, considerou-se como referencial principal de análise o resultado de citopatologia malig- na, formato utilizado na maioria dos estudos existentes na literatura, o que se justifica pela excelente acurácia no diagnóstico do carcinoma papilar da tireoide (3,7- 9,19). Também foi verificado que a proporção de cito- patologias malignas (6,8%) foi semelhante à de estudos similares (3,5,8,9). Doppler colorido de nódulos da tireoide A C E B D F
  • 5. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 815 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 Tabela 1. Distribuição dos nódulos benignos (n = 149) de acordo com as classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3) Padrão Lagalla e cols. n (%) Chammas e cols. n (%) I 0 (0) 0 (0) II 27 (18,1) 27 (18,1) III 122 (81,9) 121 (81,2) IV – 1 (0,7) V – 0 (0) Total 149 (100,0) 149 (100,0) Tabela 2. Distribuição dos nódulos indeterminados (n = 93) de acordo com as classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3) Padrão Lagalla e cols. n (%) Chammas e cols. n (%) I 1 (1,1) 1 (1,1) II 18 (19,3) 18 (19,3) III 74 (79,6) 69 (74,2) IV – 5 (5,4) V – 0 (0) Total 93 (100,0%) 93 (100,0%) Tabela 3. Distribuição dos nódulos suspeitos (n = 5) de acordo com as classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3) Padrão Lagalla e cols. n (%) Chammas e cols. n (%) I 0 (0) 0 (0) II 2 (40) 2 (40) III 3 (60) 3 (60) IV – 0 (0) V – 0 (0) Total 5 (100,0) 5 (100,0) Tabela 4. Distribuição dos nódulos malignos (n = 18) de acordo com as classificações de Lagalla e cols. (5) e Chammas e cols. (3) Padrão Lagalla e cols. n (%) Chammas e cols. n (%) I 0 (0) 0 (0) II 10 (55,6) 10 (55,6) III 8 (44,4) 5 (27,8) IV – 2 (11,1) V – 1 ( 5,5) Total 18 (100,0) 18 (100,0) Os nódulos benignos puncionados foram maiores do que os malignos (20,8 mm x 14,3 mm / p = 0,0009, tes- te t de Student), o que difere de outros estudos que não apontaram diferenças (12,20) ou mostraram o inverso (3). Esses resultados díspares poderiam ser explicados por dife- rentes critérios de seleção dos nódulos avaliados. Como o exame de referência para o diagnóstico pré- operatório do carcinoma papilar é a punção com agulha fina, a baixa sensibilidade do Doppler colorido no diag- nóstico de malignidade em nódulos de tireoide tornaria seu papel secundário na propedêutica diagnóstica. É frequente, na literatura, o relato de nódulos ma- lignos pouco vascularizados, bem como de nódulos be- nignos hipervascularizados (8,16,19,21,22). Embora, neste estudo, tenha sido demonstrado risco maior de malignidade na presença de vascularização central pre- dominante nos nódulos de tireoide, a ausência de flu- xo central não indica com segurança benignidade, pois uma proporção significativa de carcinomas papilares apresentou tal característica (Figuras 3 e 4). Chammas e cols. (3) demonstraram vascularização interna em 100 dos 177 nódulos estudados (56,5%) e, no presente estudo, foi verificada vascularização interna em 207 dos 265 nódulos (78,1%). Como a proporção de carcinomas papilares com fluxo interno encontrada neste estudo (55,6%) foi menor do que no citado tra- balho (84,6%), é provável que as populações estudadas exibam proporções diferentes de carcinomas papilares pouco vascularizados. Uma das possíveis explicações para tal diferença seria o tamanho médio dos nódulos malignos encontrados (14,3 mm), menor do que no estudo original de Chammas (23) (38,8 mm). Verificou-se dificuldade na distinção entre os nódu- los com vascularização central semelhante à periférica e os com leve predomínio da central, o que poderia possi- bilitar interpretações distintas dos padrões descritos por Chammas e cols. (3) por diferentes observadores. Tal viés poderia ser minimizado com o desenvolvimento de critérios menos subjetivos, incorporando-se novas tecnologias na avaliação computadorizada das imagens adquiridas. Diferenças na sensibilidade do Doppler nos equipamentos de ultrassonografia utilizados nos diver- sos estudos recentes não teriam interferência significati- va na classificação dos nódulos mais bem vascularizados. Entretanto, a ultrassonografia é um método essencial- mente operador dependente. Portanto, uma descrição menos rígida, apenas mencionando a presença de signi- ficativa vascularização central, poderia ser mais segura e, inclusive, foi utilizada em outros estudos (7,20). Quanto à classificação proposta por Lagalla e cols. (5), sua utilidade prática atual é reduzida, pois não é discriminada a quantidade de fluxo intranodular. A pro- posta original de maior risco de malignidade em nó- Doppler colorido de nódulos da tireoide
  • 6. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 816 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 Figura 3. Distribuição dos nódulos de acordo com o padrão de vascularização de Lagalla e cols. (5) e o grupo citológico. Figura 4. Distribuição dos nódulos de acordo com o padrão de vascularização de Chammas e cols. (3) e o grupo citológico. dulos com vascularização interna (padrão III) não foi verificada por este e por outros estudos (3,24). Nossos resultados e a revisão da literatura vão ao en- contro dos consensos das sociedades de endocrinologia (13,25) que consideram o tamanho (> 1 cm) como o principal fator na escolha dos nódulos de tireoide que deveriam ser puncionados. Acredita-se que as princi- pais características suspeitas à ultrassonografia (hipoe- cogenicidade e presença de microcalcificações) (8) e a presença de significativo fluxo intranodular ao Doppler colorido sejam elementos secundários e auxiliares na seleção de nódulos menores ou presentes em tireoides multinodulares que tenham maior probabilidade de se- rem malignos. Existem poucos estudos na literatura avaliando a uti- lização do Doppler pulsado, com medida do índice de resistência arterial, nos nódulos da tireoide, alguns com bons resultados (3,26-28), principalmente na tentativa de diferenciação das neoplasias foliculares malignas no grupo citológico indeterminado. Outros estudos não encontraram utilidade para tal recurso (29,30). Essa técnica não é sequer citada nos consensos especializados (13,25) e, por ser de execução mais difícil, demorada e de reprodutibilidade questionável, acredita-se que es- Doppler colorido de nódulos da tireoide 140 120 100 80 60 40 20 0 n Grupo citológico: Benigno Indeterminado Suspeito Maligno Ausente (I) Periférico (II) Central (III) Padrão de vascularização 140 120 100 80 60 40 20 0 n Grupo citológico: Benigno Indeterminado Suspeito Maligno Ausente (I) Periférico central (IV) Predomínio periférico (III) Periférico (II) Central (V) Padrão de vascularização
  • 7. Copyright © ABE&M todos os direitos reservados. 817 Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/7 tudos futuros ainda são necessários antes que possa ser incorporada à prática clínica. Em conclusão, a classificação descrita por Lagalla e cols. (5) mostrou baixas sensibilidade e acurácia na detecção de nódulos com citopatologia maligna e, por- tanto, não deveria mais ser utilizada. Por outro lado, a classificação descrita por Chammas e cols. (3) apresen- tou alta acurácia, mas também baixa sensibilidade na detecção dos nódulos com citopatologia maligna. As- sim, o Doppler colorido não deve substituir a punção com agulha fina e o estudo citopatológico no diagnósti- co dos nódulos malignos da tireoide, mas pode auxiliar na escolha dos nódulos que devem ser biopsiados. Declaração: os autores declaram não haver conflitos de interesse científico neste estudo. Referências 1. Mortensen JD, Woolner LB, Bennett WA. Gross and microscopic findings in clinically normal thyroid glands. 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