SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
CONCEITOS E PRINCÍPIOS
Gilberto Montibeller Filho'
Introdução
Há na literatura acadêmica uma diversidade de apropriações do conceito de
Desenvolvimento Sustentável e EcodesenvoMmento, segundo diferentes autores
que se dedicam ao tema. O objetivo deste ensaio é fazer um breve relato dos
contextos em que as mais importantes surgiram, as diferenças que os
caracterizaram e os seus pontos em comum.
Como um novo paradigma: assim é apresentado esse conceito. Ele é construído
em decorrência da insatisfação de alguns cientistas e pesquisadores, sobretudo
das áreas de conhecimento sociais e humanas, com os limites da abordagem
predominante. Essa insatisfação é reflexo da conscientização, por segmentos
sociais, inclusive da intelectualidade, da progressiva deterioração das condições
objetivas de existência da maior parte da população e da crescente pressão da
degradação ambiental. A Conferência Mundial de Estocolmo sobre Meio Ambiente
(de 1972) é um marco importante da conscientização que começava a se
manifestar.
O primeiro questionamento colocado é, então, o da visão compartimentada ou
unilateral dos processos sociais, privilegiando ora um enfoque, ora outro,
dependendo do analista. O foco da crítica localiza-se especialmente sobre o
economicismo presente nas análises e nas políticas de desenvolvimento postas em
ação em decorrência desta ôtica2.
Surge, então, a proposição de uma visão holística. Encarar o conjunto dos
aspectos econômicos, políticos, culturais, sociais, ambientais ... E, numa
abordagem sistêmica, analisar como as várias dimensões se interpenetram e
interdependem.
Outro questionamento é quanto ao antropocentrismo vigorante nas escolas
econômicas, fazendo com que o homem seja o centro e a única referência. Isto faz
com que a Natureza seja encarada como simples meio de produção, gerador de
- Professor do Depto de Ciências Econômicas - CSE/UFSC.
2
- O economicismo, sendo uma visão unilateral da realidade, não considera as demais visões da
sociedade, enfocando somente a produção e produtividade econômicas. Na literatura econômica,
inclusive em certas abordagens que deturpam o marxismo, encontra-se freqüentemente esse viés.
No plano prático, a visão economicista implica na concepção de políticas de desenvolvimento
embasadas apenas no crescimento da economia. Assim perde de vista a importante concepção de
totalidade dinâmica.
Textos de Economia Florianópolis, v. 4, a. 1, p. 131-142 1993
132
riqueza para o Homem. Sua utilização - em forma e intensidade - fica subordinada
aos interesses econômicos. E a ciência econômica fundamentando - se no cálculo
econômico, isto é, nos valores de troca, esquece os valores de uso (Comeliau,
Sachs, 1988).
O antropocentrismo e o cálculo econômico, assim tomados, como uma
conseqüência macroeconômica, ou como um resultado social global, levam
ideologicamente à fetichização ou culto da taxa de crescimento econômico,
tomando-a pelo que efetivamente não é. Busca-se o maior crescimento possível da
produção - medida pelo Produto Interno Bruto, isto é, o valor das quantidades
produzidas na unidade de tempo - mesmo que para isto tenha que delapidar a
natureza a ponto de comprometer o processo de reprodução para as gerações
futuras.
O crescimento da produção, ou do valor da produção, é associado a crescimento
económico, que por sua vez é identificado com o desenvolvimento econômico. As
políticas de desenvolvimento reduzem-se a meras ações que visam o crescimento
da economia, portanto relacionadas à acumulação líquida de capital (novos
investimentos) e/ou ao progresso técnico (Comeliau, Sachs, 1988).
Para os países do Terceiro Mundo o conteúdo desse reducionismo economicista do
desenvolvimento é especialmente grave do ponto de vista do resultado social. Pois
o mimetismo tecnológico e dos padrões de consumo, copiando os processos
produtivos e as técnicas assim como o modo de vida vigente no Primeiro Mundo,
dirigem o crescimento econômico, isto é, o grosso da produção, para as classes
médias e altas, desconsiderando as condições de vida dos "não-possuidores", ou
sejam, trabalhadores, integrantes ou alijados do mercado.
Considerando esses pontos críticos fundamentais, foi proposto, então, como um
novo padrão de desenvolvimento, este que passou a ser chamado de
Ecodesenvolvimento, Desenvolvimento Sustentável, ou, ainda, Desenvolvimento
Durável.
1 - Ecodesenvolvimento
O conceito de Ecodesenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong, Secretário
da Conferência de Estocolmo (Raynaut e Zanoni, 1993), e largamente difundido por
lgnacy Sachs, a partir de 1974 (Godard, 1991).
Na definição dada por Sachs, citada por Raynaut e Zanoni (1993, p. 7), para um
determinado país ou região o Ecodesenvolvimento significa o "desenvolvimento
endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder
problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do
desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do
meio".
133
A definição deixa patente a preocupação com os aspectos económicos, porém, não
dissociados da problemática social e da ambiental.
Há uma posição ética fundamental: o desenvolvimento voltado para as
necessidades sociais mais abrangentes, que dizem respeito à melhoria da
qualidade de vida da maior parte da população, e o cuidado com a preservação
ambiental como uma responsabilidade para com as gerações que sucederão:
"trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e
à todas as gerações futuras a possibilidade de se desenvolver (Sachs, 1981, p.
14).
O Ecodesenvolvimento pressupõe, então, uma solidariedade sincrónica com a
geração atual, na medida em que desloca a lógica da produção para a ótica das
necessidades fundamentais da maioria da população; e uma solidariedade
diacrônica, expressa na economia de recursos naturais e na perspectiva ecológica
para garantir às gerações futuras as possibilidades de desenvolvimento.
Trata-se, portanto, o Ecodesenvolvimento, de um projeto de Civilização, na medida
em que evoca: um novo estilo de vida; conjunto de valores próprios; conjunto de
objetivos escolhidos socialmente; e visão de futuro (Sachs, 1981).
Um projeto de civilização tem no componente cultural uma dimensão essencial.
Implica, no que tange à problemática aqui posta, em considerar do ponto de vista
metodológico, a estreita imbricação do socioeconómico com o ecológico. Sob a
ótica da realização, cabe o planificar, o organizar-se, tendo em vista a tomada de
decisões orientadas pelo futuro e, mais ainda, um esforço de pedagogia social em
relação aos novos papéis sociais.
A partir dessa configuração geral, Sachs (1993) desenvolve o que chama de as
cinco dimensões de sustentabilidade do ecodesenvolvimento: sustentabilidade
social; económica; ecológica; espacial; e sustentabilidade cultural.
Sustentabilidade Social: O processo deve se dar de tal maneira que reduza
substancialmente as diferenças sociais. Considerar "o desenvolvimento em sua
multidimensionalidade, abrangendo todo o espectro de necessidades materiais e
não-materiais ..." (Ib., p.25).
Sustentabilidade Econômica: A eficiência económica baseia-se em uma
"alocação e gestão mais eficientes dos recursos e por um fluxo regular do
investimento público e privado" (Ib., p. 26). A eficiência deve ser medida sobretudo
em termos de critérios macrossociais.
c) Sustentabilidade Ecológica: Compreende a intensificação do uso dos potenciais
inerentes aos variados ecossistemas, compatível com sua mínima deterioração.
Deve permitir que a natureza encontre novos equilíbrios, através de processos de
utilização que obedeçam a seu ciclo temporal. Implica também em preservar as
fontes de recursos energéticos e naturais.
Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
134
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Componentes e Objetivos de Cada um dos Cinco Pilares do Ecodesenvolvimento
DIMENSÃO COMPONENTES PRINCIPAIS OBJETIVO
SUSTENTABILIDADE
SOCIAL
- Criação de postos de trabalho que
permitam renda individual adequada E
melhor condição de vida e a melho
qualificação profissional.
- Produção de bens dirigida prioritari•
emente às necessidades básicas so
ciais.
REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES
SOCIAIS.
•
SUSTENTABILIDADE
ECONÓMICA
- Fluxo permanente de investimentos
públicos e privados (estes últimos CEM
especial destaque para o cooperati.
vismo).
- Manejo eficiente dos recursos .
- Absorção pela empresa dos custos
ambientais.
- Endogeneização: contar com suem
próprias forças.
AUMENTO DA
PRODUÇÃO E DA
RIQUEZA SOCIAL,
SEM DEPENDÊNCIA
EXTERNA
SUSTENTABILIDADE
ECOLÓGICA
- Produzir respeitando os ciclos eco
lógicos dos ecossistemas.
- Prudência no uso de recursos não
renováveis.
- Prioridade à produção de biomassa e
à industrialização de insuetos naturais
renováveis.
- Redução da intensidade energética E
conservação de energia.
- Tecnologias e processos produtivos
de baixo índice de resíduos.
- Cuidados ambientais.
QUALIDADE DO
MAIO AMBIENTE E
PRESERVAÇÃO
DAS FONTES DE
RECURSOS
ENERGÉTICOS E
NATURAIS PARA
PRÓXIMAS
GERAÇÕES
SUSTENTABILIDADE
ESPACIAL ou
GEOGRÁFICA
- Descentralização espacial (de ativi.
dade, de população).
- Desconcentração - democratizaçãc
local e regional do poder.
- Relação cidade-campa equilibrada
(benefícios centrípetos).
EVITAR EXCESSO
DE
AGLOMERAÇÕES
SUSTENTABILIDADE
CULTURAL
- Soluções adaptadas a cada ecossie
tema.
- Respeito à formação cultural comuni.
tária.
EVITAR CONFLITO
CULTURAIS COM
POTENCIAL
_ REGRESSIVO
d) Sustentabilidade Espacial: Pressupõe evitar a concentração geográfica
exagerada de populações, atividades e de poder. Busca uma relação equilibrada
cidade-campo.
135
e) Sustentabilidade Cultural: Significa traduzir o "conceito normativo de
ecodesenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem
as especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local". (Ib., p.
27).
2 - Desenvolvimento Sustentável
Na década de 1980, difunde-se a expressão Desenvolvimento Sustentável.
É um termo de influência anglo-saxônica ("Sustainable Development"), utilizado
pela International Union for Conservation Nature - IUCN. O termo anglo-saxão tem
a tradução oficial francesa de "Développement Durable", em português
Desenvolvimento Durável. Outras expressões são empregadas, equivalendo em
português a desenvolvimento sustentável, desenvolvimento viável e
desenvolvimento sustentado (Raynaut e Zanoni, 1993).
Na Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento, da IUCN
(Ottawa/Canadá, 1986), o conceito de Desenvolvimento Sustentável e Equitativo foi
colocado como um novo paradigma, tendo como princípios:
integrar conservação da natureza e desenvolvimento;
satisfazer as necessidades humanas fundamentais;
- perseguir eqüidade e justiça social;
- buscar a autodeterminação social e da diversidade cultural; e,
- manter a integridade ecológica.
O relatório Brundtland, de 1987, da Comissão. Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, retoma o conceito de Desenvolvimento Sustentável, dando-lhe a
seguinte definição:
"desenvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades"
(Raynaut e Zanoni, 1993).
Examinando os detalhes desta definição, observa-se o seguinte:
É desenvolvimento, porque não se reduz a um simples crescimento quantitativo.
Pelo contrário, faz intervir a qualidade das relações humanas com o ambiente
natural, e a necessidade de conciliar a evolução dos valores sócio-culturais com a
rejeição de todo processo que leva à decuituração.
É sustentável, porque deve responder às necessidades da população atual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de responderem às suas.
Para Passet (1991, p. 53), efetivamente, "os condicionantes quantitativos e
qualitativos - repousam sobre a definição das variáveis naturais, humanas e
Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
136
sócioculturais, onde o seu respeito delimita o quadro no qual pode legitimamente
se exercer o jogo de otimização económica".
A "idéia-força" é a da ecologia, revelando uma visão mais biocéntrica. A natureza
com seus próprios valores de ordem, padrão e ciclos a serem respeitados para não
esgotar suas possibilidades e a fonte de energia.
Os cinco atributos do Desenvolvimento Durável, segundo Godard (1991), podem
ser assim expressos:
1 - transforma em utopia positiva o que é visto de modo negativo (a poluição, a
degradação).
2 - Manifesta um conteúdo ético: a preocupação com gerações futuras.
3 - O termo tem a virtude de apaziguar as preocupações com relação ao futuro, na
medida em que deve ter a característica de durável.
4 - A flexibilidade do conceito, que consegue abrigar concepções variadas.
5 - Abre a possibilidade de revisão dos conteúdos económicos e sociais presentes
na problemática do desenvolvimento.
Alguns autores, como Goodland (1991) e Haavelmo e Hansen (1991), apontam
contradições na tese do Dee envolvimento Sustentável, na forma como é advogada
pelo conhecido Relatório Brundtland, de 1987.
A tese básica de "produzir mais com menos" presente naquele Relatório e nos
autores que lhe deram seqüência, implica em aceitar:
que o padrão de consumo vigente no mundo industrializado pode ser mantido,
expandido e difundido globalmente;
que prevaleça sagrado "status do consumidor"; e,
c) que a tecnologia é capaz de produzir cada vez mais, utilizando cada vez menos
recursos - "otimismo tecnológico".
Ao mesmo tempo que a questão é assim colocada, é expressada a preocupação
com as conseqüências globais da atividade humana relatiVamente à poluição,
exaustão de recursos e quanto aos perigos da degradação ambiental para as
gerações futuras.
A resposta em relação a estes aspectos; dada pelos autores, com a economia da
reciclagem, permitida também pelas possibilidades do avanço tecnológico, é
insuficiente.
137
A reciclagem sucessiva implica em perda de eficiência energética, segundo o
princípio da termodinâmica relativamente aos efeitos negativos da entropia.
eficiência energética pode-se associar a eficiência económica. As primeiras
reciclagens numa cadeia de possibilidades de reaproveitamento de um insumo, são
viáveis. Porém, sua utilização sucessiva e sem limite implica em dispêndio cada
vez maior de energia e gastos para separar partes componentes, além de afetar a
qualidade específica do produto final.
Para Maimon (1992), a diferença básica entre Ecodesenvolvimento e
Desenvolvimento Sustentável reside em: o primeiro volta-se ao atendimento das
necessidades básicas da população, através de tecnologias apropriadas a cada
ambiente, partindo do mais simples ao mais complexo; o segundo,
Desenvolvimento Sustentável, apresenta a ênfase em uma política ambiental, a
responsabilidade com gerações futuras e a responsabilidade comum com os
problemas globais.
Ver-se-á, a seguir, que há pontos de convergência importantes entre ambos os
conceitos.
3 - Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável
As disparidades entre os dois conceitos em tela situam-se, como visto,
principalmente no campo político e no que diz respeito às técnicas de produção. No
campo político, o posicionamento quanto à qualidade do meio ambiente e às
diferenças sociais como elementos fundamentais a serem considerados. No das
técnicas de produção, o progresso técnico e o seu papel em relação à pressão
sobre os recursos naturais.
Há porém, entre o Ecodesenvolvimento e o Desenvolvimento Sustentável,
enquanto conceitos, consenso em muitos aspectos essenciais.
Além da visão holística e a crítica ao reducionismo economicista, referidos no
início deste trabalho há os seguintes pontos importantes em comum: a visão de
longo prazo; a preocupação com o bem estar social; a solidariedade com as
gerações futuras.
Entre ambos os conceitos existe, mais ainda, um denominador comum que é a
idéia-força: a dimensão ambiental fazendo parte do processo de desenvolvimento.
O desenvolvimento sob a nova ótica é inseparável da noção de gestão de recursos
renováveis. Coloca em primeiro plano a questão da reprodutibilidade das relações
das sociedades humanas e de seu meio ambiente.
O tempo geológico, o tempo da natureza, com sua ordem, seu ciclo próprio de
reprodução, passa a fazer parte da abordagem, ao lado e superando a hegemonia
do tempo econômico (dominado pela racionalidade da produção e da
138
produtividade, em decorrência dos juros e taxas de atualização de valores
investidos).
O plano local é privilegiado, mas sem perder a referência com o plano global.
A noção de meio ambiente sendo inseparável das noções de complexidade e
diversidade, lança estas noções sobre todo o complexo, inclusive sobre o raciocínio
económico, na nova maneira de pensar. O economista devendo consultar a
Biologia, e situar o económico no prolongamento de um duplo movimento geral.
Este movimento é a luta contra a entropia, de um lado, e, do outro, a consideração
da evolução complexificante, contra a visão imperante até então, da especialização
e homogeneização (Passet, 1979).
Há, como se vê, convergência de posições em relação às questões fundamentais.
Por isso, atualmente, em muitos escritos, como em Netherlands (1991, apud
Sachs, 1991), usam-se os dois termos como sinónimos.
O próprio Ignacy Sachs, grande divulgador, conforme mencionado anteriormente,
do termo Ecodesenvolvimento e a quem logo o conceito é associado, em sua mais
recente obra publicada no Brasil (1993) passa a usar indiferentemente os dois
termos em questão. Ele deixa explícito na discussão que faz sobre o Marco
Conceitual (p. 19-24), que mesmo concordando com as críticas ao conceito de
Desenvolvimento Sustentável do Relatório Brundtland, considera que os pontos em
comum entre este e o Ecodesenvolvimento são suficientes para poder adotá-los
como sinónimos.
Na verdade, diz (1991, p. 33), o ideal será quando se falará somente em
desenvolvimento, sem o adjetivo "sustentável" ou o prefixo "eco".
o importante, no caso, é o surgimento de um novo paradigma, conforme o
consideram todos os autores que tratam do Ecodesenvolvimento.
Por que o surgimento de um novo paradigma, ou de um candidato a paradigma, é
importante?
É importante porque, em acordo com Thomas Kunh (1992), a emergência de um
novo paradigma, ou de um candidato a paradigma pode significar o início de uma
revolução científica "... a transição para um novo paradigma é uma revolução
científica" (p. 122).
Um paradigma é um "modelo" ou "padrão" compartilhado pelos membros de uma
comunidade; inversamente, uma comunidade consiste nas pessoas que partilham
um paradigma. No caso de uma comunidade científica, ele é o referencial para as
investigações, para as pesquisas. Sem um referencial paradigmático não se estará
fazendo ciência nas pesquisas (Kuhn, 1992).
Porém há uma diferença muito importante entre a pesquisa referenciada em um
paradigma, já aceito e partilhado, e o surgimento de um novo.
139
Pelo uso de um modelo já aceito e partilhado pelos cientistas, o conhecimento
cientifico pode ampliar seu alcance e precisão. Isto se dá de forma cumulativa.
Todavia, não se encontra nesta forma de pesquisa o propósito de descobrir
novidades fatuais e teóricas. As descobertas só acontecem, neste caso, fruto de
anomalias, que são fenômenos para os quais o paradigrim não havia preparado o
investigador.
O surgimento de anomalias revela que os paradigmas existentes já não são
capazes de encontrar soluções para os problemas colocados. E indicam um
período de crise, pela proliferação de interpretações diferenciadas de teorias
postas. A crise é a indicação que chegou a hora de renovar os instrumentos.
Uma pesquisa, todavia, deve ser um meio capaz de induzir mudanças nos próprios
paradigmas que a orientam. Isto se dá através das invenções e descobertas que
acontecem inadvertidamente quando se defronta com anomalias. Assim se criam
novos paradigmas, como um dos resultados possíveis do término da crise.
A transição de um antigo para um novo paradigma é uma revolução científica. O
combate se processa entre os dois rivais. O teste do novo paradigma que luta para
obter a adesão da comunidade científica é parte da competição. Teste que, por não
haver sistema de conceitos empírica ou cientificamente neutro, deverá basear-se
na tradição do paradigma anterior.
Dessa forma se dá o desenvolvimento do conhecimento de forma não-cumulativa.
As revoluções científicas são episódios com esta característica. Ao final, um antigo
paradigma é substituído, parcial ou integralmente, por um novo. Ou, pode ter
havido uma rearticulação do antigo paradigma para enfrentar os novos desafios. O
novo pode ser, então, o anterior rearticulado:
"Dentro do novo paradigma, termos, conceitos e experiências antigos estabelecem
novas relações entre si" (Kuhn, 1992, p. 189).
Finalmente, é necessário dizer em relação ao Ecodesenvolvimento ou
Desenvolvimento Sustentável, que cabe pesquisar se efetivamente deve ser este
considerado um novo paradigma, como afirmam os autores mencionados. Pode
tratar-se de um conjunto de princípios gerais, já contemplados em uma base
teórico-metodológica como o marxismo freqüentemente deturpado por certas
interpretações como a economicista, referida na introdução a este ensaio.
Pesquisas neste sentido terão o mérito de contribuir para o avanço científico.
Quanto aos argumentos emprestados de Thomas Kuhn para mostrar a importância
do surgimento de um novo candidato a paradigma, também estes estão sujeitos à
contestação, podendo constituir-se em objeto de pesquisas.
Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
140
Bibliografia
BURSZTYN, Marcel, org (1993). Para pensar o Desenvolvimento Sustentável.
São Paulo: Brasiliense
COMELIAU, Christian, SACHS, Ignacy (1988). Historie, Culture et Styles de
Développement - Brésil et Inde, Esquisse de com parasion. Paris:
Unesco - Cetral, Editions I'Harmattan.
GODARD, Oliver (1991). Environnement Soutenabie et Développement
Durable: Le modèle néo-classique en question. Paris: Environnement
et societé 91- CIRED.
GOODLAND, Robert (1991). The case that the world has reached limits. Unesco.
Environmentally Sustainable Economic Development: Building on
Brundtland. Paris: Unesco, 1991 p. 15 - 28.
HAAVELMO, Trygve, HANSEN, Stein (1991). On the estrategy of trying to reduce
economic inequality by expanding the scale of human activity. Unesco.
Environmentally Sustainable Economic Development: Building on
Brundtland. Paris: Unesco, 1991 pp. 41 - 50.
KUHN, Thomas S. (1992). A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo:
Editora Perspectiva, 3' ed.
MAIMON, Dália (1992). Ensaios sobre Economia do Meio Ambiental. Rio de
Janeiro: Aped - Associação de Pesquisa e Ensino em Ecologia e
Desenvolvimento.
MARTINE, George (1992). Os Conflitos Inerentes à Questão Ambiental: o
Brasil e a Carta da Terra. Brasília: Instituto SPN.
PASSET, René (1979). L'économ lque et le vivant. Paris: Payot.
(1991). L'développement durable. Les Cahiers
françáis/Environnement et gestion de la planéte, n° 250, mars-avril 1991,
pp. 53-55.
RAYNAUT, Claude, Zanoni, Magda (1993). La Construction de
l'interdiciplinarité en Formation integrée de l'environnement et du
Développement. Paris:Unesco (Document préparé pour Ia Réunion sur
les Modalités de travail de CHAIRES UNESCO DU.DÉVELOPPEMENT
DURABLE. Curitiba, 1 - 4 juillát 93 - mimeo).
SACHS, Ignacy (1986). Espaços, Tempos e Estratégias do Desenvolvimento.
São Paulo: Vértice.
Textos de Economia, v. 4, n. 1, 1993
141
(1991). Equitable Development on a Healthy Planet. The
Hague Symposium "Sustainable Developpement: from concept to Action.
Netherlands (mimeo - Systhesis report for discussion).
(1993). Estratégias de Transição para o Século XXI -
Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo: Studio Nobel - Fundap.
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (1991).
Environmentally Sustainable Economic Development: Building on
Brundtland. Paris: Unesco.
•

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sustentabilidade seçao 4
Sustentabilidade seçao 4Sustentabilidade seçao 4
Sustentabilidade seçao 4Rafael Ribeiro
 
Sociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteSociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteEEBMiguelCouto
 
Contribuições para um planejamento com ética socioambiental
Contribuições para um planejamento com ética socioambientalContribuições para um planejamento com ética socioambiental
Contribuições para um planejamento com ética socioambientalLuciano Florit
 
4.3 souza ecoinbadora
4.3 souza ecoinbadora4.3 souza ecoinbadora
4.3 souza ecoinbadorasmtpinov
 
Crise ambiental x consumo
Crise ambiental x consumo Crise ambiental x consumo
Crise ambiental x consumo Marcia Marques
 
Wbk22 f.tmp
Wbk22 f.tmpWbk22 f.tmp
Wbk22 f.tmpmhmcrj
 
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)Matheus Alves
 
Artigo 'iniciando pelo meio' ecomuseu de maranguape - nádia almeida
Artigo 'iniciando pelo meio'   ecomuseu de maranguape - nádia almeidaArtigo 'iniciando pelo meio'   ecomuseu de maranguape - nádia almeida
Artigo 'iniciando pelo meio' ecomuseu de maranguape - nádia almeidaAdriana Costa
 
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"Matheus Yuri
 
Desenvolvimento Sustentavel
Desenvolvimento SustentavelDesenvolvimento Sustentavel
Desenvolvimento SustentavelRui Raul
 
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...Ketheley Freire
 
Aula+crise+ambiental
Aula+crise+ambientalAula+crise+ambiental
Aula+crise+ambientalrdbtava
 
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidade
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidadeSustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidade
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidadeRafael Art
 

Mais procurados (20)

Sustentabilidade seçao 4
Sustentabilidade seçao 4Sustentabilidade seçao 4
Sustentabilidade seçao 4
 
Economia verde
Economia verdeEconomia verde
Economia verde
 
T7 0036 0140
T7 0036 0140T7 0036 0140
T7 0036 0140
 
Teorias do Desenvolvimento Econômico
Teorias do Desenvolvimento EconômicoTeorias do Desenvolvimento Econômico
Teorias do Desenvolvimento Econômico
 
Sociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteSociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambiente
 
Contribuições para um planejamento com ética socioambiental
Contribuições para um planejamento com ética socioambientalContribuições para um planejamento com ética socioambiental
Contribuições para um planejamento com ética socioambiental
 
Ética, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável por João Furtado
Ética, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável por João FurtadoÉtica, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável por João Furtado
Ética, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável por João Furtado
 
4.3 souza ecoinbadora
4.3 souza ecoinbadora4.3 souza ecoinbadora
4.3 souza ecoinbadora
 
Crise ambiental x consumo
Crise ambiental x consumo Crise ambiental x consumo
Crise ambiental x consumo
 
Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento SustentávelDesenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento Sustentável
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidade
 
Wbk22 f.tmp
Wbk22 f.tmpWbk22 f.tmp
Wbk22 f.tmp
 
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)
Sustentabilidade - resumo (Pablo Pessoa)
 
Artigo 'iniciando pelo meio' ecomuseu de maranguape - nádia almeida
Artigo 'iniciando pelo meio'   ecomuseu de maranguape - nádia almeidaArtigo 'iniciando pelo meio'   ecomuseu de maranguape - nádia almeida
Artigo 'iniciando pelo meio' ecomuseu de maranguape - nádia almeida
 
Sociologia ambiental
Sociologia ambientalSociologia ambiental
Sociologia ambiental
 
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 5 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
 
Desenvolvimento Sustentavel
Desenvolvimento SustentavelDesenvolvimento Sustentavel
Desenvolvimento Sustentavel
 
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...
Agroecologia: Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sus...
 
Aula+crise+ambiental
Aula+crise+ambientalAula+crise+ambiental
Aula+crise+ambiental
 
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidade
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidadeSustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidade
Sustentabilidade dimensão e evolução- agora sustentabilidade
 

Semelhante a Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável: conceitos e princípios

Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientais
Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientaisSustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientais
Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientaisCarlos Elson Cunha
 
Sustentabilidade - Pedro Jacobi
Sustentabilidade - Pedro JacobiSustentabilidade - Pedro Jacobi
Sustentabilidade - Pedro JacobiCarlos Elson Cunha
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidadeemanuel
 
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdf
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdfEDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdf
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdfSilvia Azevedo
 
Discursos sutentabilidade
Discursos sutentabilidadeDiscursos sutentabilidade
Discursos sutentabilidadesimone fontoura
 
O que é Desenvolvimento Sustentável
O que é Desenvolvimento SustentávelO que é Desenvolvimento Sustentável
O que é Desenvolvimento SustentávelEcoLavras Bioma Pampa
 
Ecma apostila políticas públicas e demais novembro
Ecma apostila políticas públicas e demais novembroEcma apostila políticas públicas e demais novembro
Ecma apostila políticas públicas e demais novembroVanessa Melo
 
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)Nilton Goulart
 
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavelNilton Goulart
 
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdf
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdfTexto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdf
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdfJudahNahum
 
Sociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaSociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaJoao Paulo
 
Sociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaSociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaJoao Paulo
 
Desenvolvimento VS Crescimento Económico
Desenvolvimento VS Crescimento EconómicoDesenvolvimento VS Crescimento Económico
Desenvolvimento VS Crescimento EconómicoRicardo da Palma
 
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio Ambiente
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio AmbientePensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio Ambiente
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio AmbienteFellipe França
 
Máscaras da rio+20.
Máscaras da rio+20.Máscaras da rio+20.
Máscaras da rio+20.Guy Valerio
 
Aula 5 versao 3 rse 2012.1
Aula 5 versao 3   rse 2012.1Aula 5 versao 3   rse 2012.1
Aula 5 versao 3 rse 2012.1Angelo Peres
 

Semelhante a Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável: conceitos e princípios (20)

Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientais
Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientaisSustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientais
Sustentabilidade - Recursos naturais e valores ambientais
 
Sustentabilidade - Pedro Jacobi
Sustentabilidade - Pedro JacobiSustentabilidade - Pedro Jacobi
Sustentabilidade - Pedro Jacobi
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidade
 
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdf
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdfEDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdf
EDUCACAO_AMBIENTAL_E_ECONOMIA_CIRCULAR_UMA_BREVE_R.pdf
 
Discursos sutentabilidade
Discursos sutentabilidadeDiscursos sutentabilidade
Discursos sutentabilidade
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidade
 
Sustentabilidade
SustentabilidadeSustentabilidade
Sustentabilidade
 
O que é Desenvolvimento Sustentável
O que é Desenvolvimento SustentávelO que é Desenvolvimento Sustentável
O que é Desenvolvimento Sustentável
 
Ecma apostila políticas públicas e demais novembro
Ecma apostila políticas públicas e demais novembroEcma apostila políticas públicas e demais novembro
Ecma apostila políticas públicas e demais novembro
 
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel (1)
 
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel
[Segmedtrab] desenvolvimento sustentavel desenvolvimento sustentavel
 
Int
IntInt
Int
 
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdf
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdfTexto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdf
Texto para o CAUNI 2º e 3º ano.pdf
 
Sociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaSociologia e ecologia
Sociologia e ecologia
 
Sociologia e ecologia
Sociologia e ecologiaSociologia e ecologia
Sociologia e ecologia
 
Desenvolvimento VS Crescimento Económico
Desenvolvimento VS Crescimento EconómicoDesenvolvimento VS Crescimento Económico
Desenvolvimento VS Crescimento Económico
 
Apresentação do eixo ea na eape 2014
Apresentação do eixo ea na eape 2014Apresentação do eixo ea na eape 2014
Apresentação do eixo ea na eape 2014
 
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio Ambiente
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio AmbientePensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio Ambiente
Pensando sobre o desenvolvimento na Era do Meio Ambiente
 
Máscaras da rio+20.
Máscaras da rio+20.Máscaras da rio+20.
Máscaras da rio+20.
 
Aula 5 versao 3 rse 2012.1
Aula 5 versao 3   rse 2012.1Aula 5 versao 3   rse 2012.1
Aula 5 versao 3 rse 2012.1
 

Mais de Thiago Ávila Medeiros

Evolução - A complexidade conceitual
Evolução - A complexidade conceitualEvolução - A complexidade conceitual
Evolução - A complexidade conceitualThiago Ávila Medeiros
 
A complexidade dialética do processo evolutivo
A complexidade dialética do processo evolutivoA complexidade dialética do processo evolutivo
A complexidade dialética do processo evolutivoThiago Ávila Medeiros
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Thiago Ávila Medeiros
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente
Educação para Saúde e Meio AmbienteEducação para Saúde e Meio Ambiente
Educação para Saúde e Meio AmbienteThiago Ávila Medeiros
 
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio Ambiente
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio AmbienteAula 1 - Educação para Saúde e Meio Ambiente
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio AmbienteThiago Ávila Medeiros
 
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaArtigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaThiago Ávila Medeiros
 
Distribuição letiva dos planos de aula.
Distribuição letiva dos planos de aula.Distribuição letiva dos planos de aula.
Distribuição letiva dos planos de aula.Thiago Ávila Medeiros
 
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).Thiago Ávila Medeiros
 

Mais de Thiago Ávila Medeiros (13)

Evolução - A complexidade conceitual
Evolução - A complexidade conceitualEvolução - A complexidade conceitual
Evolução - A complexidade conceitual
 
A complexidade dialética do processo evolutivo
A complexidade dialética do processo evolutivoA complexidade dialética do processo evolutivo
A complexidade dialética do processo evolutivo
 
Célula vegetal e Parede Celular
Célula vegetal e Parede CelularCélula vegetal e Parede Celular
Célula vegetal e Parede Celular
 
Projetos pedagógicos - Oficina 2
Projetos pedagógicos - Oficina 2Projetos pedagógicos - Oficina 2
Projetos pedagógicos - Oficina 2
 
Projetos pedagógicos - Oficina 1
Projetos pedagógicos - Oficina 1Projetos pedagógicos - Oficina 1
Projetos pedagógicos - Oficina 1
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
 
Educação física e meio ambiente
Educação física e meio ambienteEducação física e meio ambiente
Educação física e meio ambiente
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente
Educação para Saúde e Meio AmbienteEducação para Saúde e Meio Ambiente
Educação para Saúde e Meio Ambiente
 
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio Ambiente
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio AmbienteAula 1 - Educação para Saúde e Meio Ambiente
Aula 1 - Educação para Saúde e Meio Ambiente
 
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaArtigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
 
Introdução a Biogeografia
Introdução a BiogeografiaIntrodução a Biogeografia
Introdução a Biogeografia
 
Distribuição letiva dos planos de aula.
Distribuição letiva dos planos de aula.Distribuição letiva dos planos de aula.
Distribuição letiva dos planos de aula.
 
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).
Plano básico de disciplina (Biologia Evolutiva).
 

Último

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfIvoneSantos45
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfJonathasAureliano1
 

Último (20)

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
 

Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável: conceitos e princípios

  • 1. ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CONCEITOS E PRINCÍPIOS Gilberto Montibeller Filho' Introdução Há na literatura acadêmica uma diversidade de apropriações do conceito de Desenvolvimento Sustentável e EcodesenvoMmento, segundo diferentes autores que se dedicam ao tema. O objetivo deste ensaio é fazer um breve relato dos contextos em que as mais importantes surgiram, as diferenças que os caracterizaram e os seus pontos em comum. Como um novo paradigma: assim é apresentado esse conceito. Ele é construído em decorrência da insatisfação de alguns cientistas e pesquisadores, sobretudo das áreas de conhecimento sociais e humanas, com os limites da abordagem predominante. Essa insatisfação é reflexo da conscientização, por segmentos sociais, inclusive da intelectualidade, da progressiva deterioração das condições objetivas de existência da maior parte da população e da crescente pressão da degradação ambiental. A Conferência Mundial de Estocolmo sobre Meio Ambiente (de 1972) é um marco importante da conscientização que começava a se manifestar. O primeiro questionamento colocado é, então, o da visão compartimentada ou unilateral dos processos sociais, privilegiando ora um enfoque, ora outro, dependendo do analista. O foco da crítica localiza-se especialmente sobre o economicismo presente nas análises e nas políticas de desenvolvimento postas em ação em decorrência desta ôtica2. Surge, então, a proposição de uma visão holística. Encarar o conjunto dos aspectos econômicos, políticos, culturais, sociais, ambientais ... E, numa abordagem sistêmica, analisar como as várias dimensões se interpenetram e interdependem. Outro questionamento é quanto ao antropocentrismo vigorante nas escolas econômicas, fazendo com que o homem seja o centro e a única referência. Isto faz com que a Natureza seja encarada como simples meio de produção, gerador de - Professor do Depto de Ciências Econômicas - CSE/UFSC. 2 - O economicismo, sendo uma visão unilateral da realidade, não considera as demais visões da sociedade, enfocando somente a produção e produtividade econômicas. Na literatura econômica, inclusive em certas abordagens que deturpam o marxismo, encontra-se freqüentemente esse viés. No plano prático, a visão economicista implica na concepção de políticas de desenvolvimento embasadas apenas no crescimento da economia. Assim perde de vista a importante concepção de totalidade dinâmica. Textos de Economia Florianópolis, v. 4, a. 1, p. 131-142 1993
  • 2. 132 riqueza para o Homem. Sua utilização - em forma e intensidade - fica subordinada aos interesses econômicos. E a ciência econômica fundamentando - se no cálculo econômico, isto é, nos valores de troca, esquece os valores de uso (Comeliau, Sachs, 1988). O antropocentrismo e o cálculo econômico, assim tomados, como uma conseqüência macroeconômica, ou como um resultado social global, levam ideologicamente à fetichização ou culto da taxa de crescimento econômico, tomando-a pelo que efetivamente não é. Busca-se o maior crescimento possível da produção - medida pelo Produto Interno Bruto, isto é, o valor das quantidades produzidas na unidade de tempo - mesmo que para isto tenha que delapidar a natureza a ponto de comprometer o processo de reprodução para as gerações futuras. O crescimento da produção, ou do valor da produção, é associado a crescimento económico, que por sua vez é identificado com o desenvolvimento econômico. As políticas de desenvolvimento reduzem-se a meras ações que visam o crescimento da economia, portanto relacionadas à acumulação líquida de capital (novos investimentos) e/ou ao progresso técnico (Comeliau, Sachs, 1988). Para os países do Terceiro Mundo o conteúdo desse reducionismo economicista do desenvolvimento é especialmente grave do ponto de vista do resultado social. Pois o mimetismo tecnológico e dos padrões de consumo, copiando os processos produtivos e as técnicas assim como o modo de vida vigente no Primeiro Mundo, dirigem o crescimento econômico, isto é, o grosso da produção, para as classes médias e altas, desconsiderando as condições de vida dos "não-possuidores", ou sejam, trabalhadores, integrantes ou alijados do mercado. Considerando esses pontos críticos fundamentais, foi proposto, então, como um novo padrão de desenvolvimento, este que passou a ser chamado de Ecodesenvolvimento, Desenvolvimento Sustentável, ou, ainda, Desenvolvimento Durável. 1 - Ecodesenvolvimento O conceito de Ecodesenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong, Secretário da Conferência de Estocolmo (Raynaut e Zanoni, 1993), e largamente difundido por lgnacy Sachs, a partir de 1974 (Godard, 1991). Na definição dada por Sachs, citada por Raynaut e Zanoni (1993, p. 7), para um determinado país ou região o Ecodesenvolvimento significa o "desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio".
  • 3. 133 A definição deixa patente a preocupação com os aspectos económicos, porém, não dissociados da problemática social e da ambiental. Há uma posição ética fundamental: o desenvolvimento voltado para as necessidades sociais mais abrangentes, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida da maior parte da população, e o cuidado com a preservação ambiental como uma responsabilidade para com as gerações que sucederão: "trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e à todas as gerações futuras a possibilidade de se desenvolver (Sachs, 1981, p. 14). O Ecodesenvolvimento pressupõe, então, uma solidariedade sincrónica com a geração atual, na medida em que desloca a lógica da produção para a ótica das necessidades fundamentais da maioria da população; e uma solidariedade diacrônica, expressa na economia de recursos naturais e na perspectiva ecológica para garantir às gerações futuras as possibilidades de desenvolvimento. Trata-se, portanto, o Ecodesenvolvimento, de um projeto de Civilização, na medida em que evoca: um novo estilo de vida; conjunto de valores próprios; conjunto de objetivos escolhidos socialmente; e visão de futuro (Sachs, 1981). Um projeto de civilização tem no componente cultural uma dimensão essencial. Implica, no que tange à problemática aqui posta, em considerar do ponto de vista metodológico, a estreita imbricação do socioeconómico com o ecológico. Sob a ótica da realização, cabe o planificar, o organizar-se, tendo em vista a tomada de decisões orientadas pelo futuro e, mais ainda, um esforço de pedagogia social em relação aos novos papéis sociais. A partir dessa configuração geral, Sachs (1993) desenvolve o que chama de as cinco dimensões de sustentabilidade do ecodesenvolvimento: sustentabilidade social; económica; ecológica; espacial; e sustentabilidade cultural. Sustentabilidade Social: O processo deve se dar de tal maneira que reduza substancialmente as diferenças sociais. Considerar "o desenvolvimento em sua multidimensionalidade, abrangendo todo o espectro de necessidades materiais e não-materiais ..." (Ib., p.25). Sustentabilidade Econômica: A eficiência económica baseia-se em uma "alocação e gestão mais eficientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado" (Ib., p. 26). A eficiência deve ser medida sobretudo em termos de critérios macrossociais. c) Sustentabilidade Ecológica: Compreende a intensificação do uso dos potenciais inerentes aos variados ecossistemas, compatível com sua mínima deterioração. Deve permitir que a natureza encontre novos equilíbrios, através de processos de utilização que obedeçam a seu ciclo temporal. Implica também em preservar as fontes de recursos energéticos e naturais. Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
  • 4. 134 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Componentes e Objetivos de Cada um dos Cinco Pilares do Ecodesenvolvimento DIMENSÃO COMPONENTES PRINCIPAIS OBJETIVO SUSTENTABILIDADE SOCIAL - Criação de postos de trabalho que permitam renda individual adequada E melhor condição de vida e a melho qualificação profissional. - Produção de bens dirigida prioritari• emente às necessidades básicas so ciais. REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS. • SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA - Fluxo permanente de investimentos públicos e privados (estes últimos CEM especial destaque para o cooperati. vismo). - Manejo eficiente dos recursos . - Absorção pela empresa dos custos ambientais. - Endogeneização: contar com suem próprias forças. AUMENTO DA PRODUÇÃO E DA RIQUEZA SOCIAL, SEM DEPENDÊNCIA EXTERNA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA - Produzir respeitando os ciclos eco lógicos dos ecossistemas. - Prudência no uso de recursos não renováveis. - Prioridade à produção de biomassa e à industrialização de insuetos naturais renováveis. - Redução da intensidade energética E conservação de energia. - Tecnologias e processos produtivos de baixo índice de resíduos. - Cuidados ambientais. QUALIDADE DO MAIO AMBIENTE E PRESERVAÇÃO DAS FONTES DE RECURSOS ENERGÉTICOS E NATURAIS PARA PRÓXIMAS GERAÇÕES SUSTENTABILIDADE ESPACIAL ou GEOGRÁFICA - Descentralização espacial (de ativi. dade, de população). - Desconcentração - democratizaçãc local e regional do poder. - Relação cidade-campa equilibrada (benefícios centrípetos). EVITAR EXCESSO DE AGLOMERAÇÕES SUSTENTABILIDADE CULTURAL - Soluções adaptadas a cada ecossie tema. - Respeito à formação cultural comuni. tária. EVITAR CONFLITO CULTURAIS COM POTENCIAL _ REGRESSIVO d) Sustentabilidade Espacial: Pressupõe evitar a concentração geográfica exagerada de populações, atividades e de poder. Busca uma relação equilibrada cidade-campo.
  • 5. 135 e) Sustentabilidade Cultural: Significa traduzir o "conceito normativo de ecodesenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local". (Ib., p. 27). 2 - Desenvolvimento Sustentável Na década de 1980, difunde-se a expressão Desenvolvimento Sustentável. É um termo de influência anglo-saxônica ("Sustainable Development"), utilizado pela International Union for Conservation Nature - IUCN. O termo anglo-saxão tem a tradução oficial francesa de "Développement Durable", em português Desenvolvimento Durável. Outras expressões são empregadas, equivalendo em português a desenvolvimento sustentável, desenvolvimento viável e desenvolvimento sustentado (Raynaut e Zanoni, 1993). Na Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento, da IUCN (Ottawa/Canadá, 1986), o conceito de Desenvolvimento Sustentável e Equitativo foi colocado como um novo paradigma, tendo como princípios: integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades humanas fundamentais; - perseguir eqüidade e justiça social; - buscar a autodeterminação social e da diversidade cultural; e, - manter a integridade ecológica. O relatório Brundtland, de 1987, da Comissão. Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, retoma o conceito de Desenvolvimento Sustentável, dando-lhe a seguinte definição: "desenvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades" (Raynaut e Zanoni, 1993). Examinando os detalhes desta definição, observa-se o seguinte: É desenvolvimento, porque não se reduz a um simples crescimento quantitativo. Pelo contrário, faz intervir a qualidade das relações humanas com o ambiente natural, e a necessidade de conciliar a evolução dos valores sócio-culturais com a rejeição de todo processo que leva à decuituração. É sustentável, porque deve responder às necessidades da população atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responderem às suas. Para Passet (1991, p. 53), efetivamente, "os condicionantes quantitativos e qualitativos - repousam sobre a definição das variáveis naturais, humanas e Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
  • 6. 136 sócioculturais, onde o seu respeito delimita o quadro no qual pode legitimamente se exercer o jogo de otimização económica". A "idéia-força" é a da ecologia, revelando uma visão mais biocéntrica. A natureza com seus próprios valores de ordem, padrão e ciclos a serem respeitados para não esgotar suas possibilidades e a fonte de energia. Os cinco atributos do Desenvolvimento Durável, segundo Godard (1991), podem ser assim expressos: 1 - transforma em utopia positiva o que é visto de modo negativo (a poluição, a degradação). 2 - Manifesta um conteúdo ético: a preocupação com gerações futuras. 3 - O termo tem a virtude de apaziguar as preocupações com relação ao futuro, na medida em que deve ter a característica de durável. 4 - A flexibilidade do conceito, que consegue abrigar concepções variadas. 5 - Abre a possibilidade de revisão dos conteúdos económicos e sociais presentes na problemática do desenvolvimento. Alguns autores, como Goodland (1991) e Haavelmo e Hansen (1991), apontam contradições na tese do Dee envolvimento Sustentável, na forma como é advogada pelo conhecido Relatório Brundtland, de 1987. A tese básica de "produzir mais com menos" presente naquele Relatório e nos autores que lhe deram seqüência, implica em aceitar: que o padrão de consumo vigente no mundo industrializado pode ser mantido, expandido e difundido globalmente; que prevaleça sagrado "status do consumidor"; e, c) que a tecnologia é capaz de produzir cada vez mais, utilizando cada vez menos recursos - "otimismo tecnológico". Ao mesmo tempo que a questão é assim colocada, é expressada a preocupação com as conseqüências globais da atividade humana relatiVamente à poluição, exaustão de recursos e quanto aos perigos da degradação ambiental para as gerações futuras. A resposta em relação a estes aspectos; dada pelos autores, com a economia da reciclagem, permitida também pelas possibilidades do avanço tecnológico, é insuficiente.
  • 7. 137 A reciclagem sucessiva implica em perda de eficiência energética, segundo o princípio da termodinâmica relativamente aos efeitos negativos da entropia. eficiência energética pode-se associar a eficiência económica. As primeiras reciclagens numa cadeia de possibilidades de reaproveitamento de um insumo, são viáveis. Porém, sua utilização sucessiva e sem limite implica em dispêndio cada vez maior de energia e gastos para separar partes componentes, além de afetar a qualidade específica do produto final. Para Maimon (1992), a diferença básica entre Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável reside em: o primeiro volta-se ao atendimento das necessidades básicas da população, através de tecnologias apropriadas a cada ambiente, partindo do mais simples ao mais complexo; o segundo, Desenvolvimento Sustentável, apresenta a ênfase em uma política ambiental, a responsabilidade com gerações futuras e a responsabilidade comum com os problemas globais. Ver-se-á, a seguir, que há pontos de convergência importantes entre ambos os conceitos. 3 - Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável As disparidades entre os dois conceitos em tela situam-se, como visto, principalmente no campo político e no que diz respeito às técnicas de produção. No campo político, o posicionamento quanto à qualidade do meio ambiente e às diferenças sociais como elementos fundamentais a serem considerados. No das técnicas de produção, o progresso técnico e o seu papel em relação à pressão sobre os recursos naturais. Há porém, entre o Ecodesenvolvimento e o Desenvolvimento Sustentável, enquanto conceitos, consenso em muitos aspectos essenciais. Além da visão holística e a crítica ao reducionismo economicista, referidos no início deste trabalho há os seguintes pontos importantes em comum: a visão de longo prazo; a preocupação com o bem estar social; a solidariedade com as gerações futuras. Entre ambos os conceitos existe, mais ainda, um denominador comum que é a idéia-força: a dimensão ambiental fazendo parte do processo de desenvolvimento. O desenvolvimento sob a nova ótica é inseparável da noção de gestão de recursos renováveis. Coloca em primeiro plano a questão da reprodutibilidade das relações das sociedades humanas e de seu meio ambiente. O tempo geológico, o tempo da natureza, com sua ordem, seu ciclo próprio de reprodução, passa a fazer parte da abordagem, ao lado e superando a hegemonia do tempo econômico (dominado pela racionalidade da produção e da
  • 8. 138 produtividade, em decorrência dos juros e taxas de atualização de valores investidos). O plano local é privilegiado, mas sem perder a referência com o plano global. A noção de meio ambiente sendo inseparável das noções de complexidade e diversidade, lança estas noções sobre todo o complexo, inclusive sobre o raciocínio económico, na nova maneira de pensar. O economista devendo consultar a Biologia, e situar o económico no prolongamento de um duplo movimento geral. Este movimento é a luta contra a entropia, de um lado, e, do outro, a consideração da evolução complexificante, contra a visão imperante até então, da especialização e homogeneização (Passet, 1979). Há, como se vê, convergência de posições em relação às questões fundamentais. Por isso, atualmente, em muitos escritos, como em Netherlands (1991, apud Sachs, 1991), usam-se os dois termos como sinónimos. O próprio Ignacy Sachs, grande divulgador, conforme mencionado anteriormente, do termo Ecodesenvolvimento e a quem logo o conceito é associado, em sua mais recente obra publicada no Brasil (1993) passa a usar indiferentemente os dois termos em questão. Ele deixa explícito na discussão que faz sobre o Marco Conceitual (p. 19-24), que mesmo concordando com as críticas ao conceito de Desenvolvimento Sustentável do Relatório Brundtland, considera que os pontos em comum entre este e o Ecodesenvolvimento são suficientes para poder adotá-los como sinónimos. Na verdade, diz (1991, p. 33), o ideal será quando se falará somente em desenvolvimento, sem o adjetivo "sustentável" ou o prefixo "eco". o importante, no caso, é o surgimento de um novo paradigma, conforme o consideram todos os autores que tratam do Ecodesenvolvimento. Por que o surgimento de um novo paradigma, ou de um candidato a paradigma, é importante? É importante porque, em acordo com Thomas Kunh (1992), a emergência de um novo paradigma, ou de um candidato a paradigma pode significar o início de uma revolução científica "... a transição para um novo paradigma é uma revolução científica" (p. 122). Um paradigma é um "modelo" ou "padrão" compartilhado pelos membros de uma comunidade; inversamente, uma comunidade consiste nas pessoas que partilham um paradigma. No caso de uma comunidade científica, ele é o referencial para as investigações, para as pesquisas. Sem um referencial paradigmático não se estará fazendo ciência nas pesquisas (Kuhn, 1992). Porém há uma diferença muito importante entre a pesquisa referenciada em um paradigma, já aceito e partilhado, e o surgimento de um novo.
  • 9. 139 Pelo uso de um modelo já aceito e partilhado pelos cientistas, o conhecimento cientifico pode ampliar seu alcance e precisão. Isto se dá de forma cumulativa. Todavia, não se encontra nesta forma de pesquisa o propósito de descobrir novidades fatuais e teóricas. As descobertas só acontecem, neste caso, fruto de anomalias, que são fenômenos para os quais o paradigrim não havia preparado o investigador. O surgimento de anomalias revela que os paradigmas existentes já não são capazes de encontrar soluções para os problemas colocados. E indicam um período de crise, pela proliferação de interpretações diferenciadas de teorias postas. A crise é a indicação que chegou a hora de renovar os instrumentos. Uma pesquisa, todavia, deve ser um meio capaz de induzir mudanças nos próprios paradigmas que a orientam. Isto se dá através das invenções e descobertas que acontecem inadvertidamente quando se defronta com anomalias. Assim se criam novos paradigmas, como um dos resultados possíveis do término da crise. A transição de um antigo para um novo paradigma é uma revolução científica. O combate se processa entre os dois rivais. O teste do novo paradigma que luta para obter a adesão da comunidade científica é parte da competição. Teste que, por não haver sistema de conceitos empírica ou cientificamente neutro, deverá basear-se na tradição do paradigma anterior. Dessa forma se dá o desenvolvimento do conhecimento de forma não-cumulativa. As revoluções científicas são episódios com esta característica. Ao final, um antigo paradigma é substituído, parcial ou integralmente, por um novo. Ou, pode ter havido uma rearticulação do antigo paradigma para enfrentar os novos desafios. O novo pode ser, então, o anterior rearticulado: "Dentro do novo paradigma, termos, conceitos e experiências antigos estabelecem novas relações entre si" (Kuhn, 1992, p. 189). Finalmente, é necessário dizer em relação ao Ecodesenvolvimento ou Desenvolvimento Sustentável, que cabe pesquisar se efetivamente deve ser este considerado um novo paradigma, como afirmam os autores mencionados. Pode tratar-se de um conjunto de princípios gerais, já contemplados em uma base teórico-metodológica como o marxismo freqüentemente deturpado por certas interpretações como a economicista, referida na introdução a este ensaio. Pesquisas neste sentido terão o mérito de contribuir para o avanço científico. Quanto aos argumentos emprestados de Thomas Kuhn para mostrar a importância do surgimento de um novo candidato a paradigma, também estes estão sujeitos à contestação, podendo constituir-se em objeto de pesquisas. Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: conceito e princípios
  • 10. 140 Bibliografia BURSZTYN, Marcel, org (1993). Para pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense COMELIAU, Christian, SACHS, Ignacy (1988). Historie, Culture et Styles de Développement - Brésil et Inde, Esquisse de com parasion. Paris: Unesco - Cetral, Editions I'Harmattan. GODARD, Oliver (1991). Environnement Soutenabie et Développement Durable: Le modèle néo-classique en question. Paris: Environnement et societé 91- CIRED. GOODLAND, Robert (1991). The case that the world has reached limits. Unesco. Environmentally Sustainable Economic Development: Building on Brundtland. Paris: Unesco, 1991 p. 15 - 28. HAAVELMO, Trygve, HANSEN, Stein (1991). On the estrategy of trying to reduce economic inequality by expanding the scale of human activity. Unesco. Environmentally Sustainable Economic Development: Building on Brundtland. Paris: Unesco, 1991 pp. 41 - 50. KUHN, Thomas S. (1992). A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 3' ed. MAIMON, Dália (1992). Ensaios sobre Economia do Meio Ambiental. Rio de Janeiro: Aped - Associação de Pesquisa e Ensino em Ecologia e Desenvolvimento. MARTINE, George (1992). Os Conflitos Inerentes à Questão Ambiental: o Brasil e a Carta da Terra. Brasília: Instituto SPN. PASSET, René (1979). L'économ lque et le vivant. Paris: Payot. (1991). L'développement durable. Les Cahiers françáis/Environnement et gestion de la planéte, n° 250, mars-avril 1991, pp. 53-55. RAYNAUT, Claude, Zanoni, Magda (1993). La Construction de l'interdiciplinarité en Formation integrée de l'environnement et du Développement. Paris:Unesco (Document préparé pour Ia Réunion sur les Modalités de travail de CHAIRES UNESCO DU.DÉVELOPPEMENT DURABLE. Curitiba, 1 - 4 juillát 93 - mimeo). SACHS, Ignacy (1986). Espaços, Tempos e Estratégias do Desenvolvimento. São Paulo: Vértice. Textos de Economia, v. 4, n. 1, 1993
  • 11. 141 (1991). Equitable Development on a Healthy Planet. The Hague Symposium "Sustainable Developpement: from concept to Action. Netherlands (mimeo - Systhesis report for discussion). (1993). Estratégias de Transição para o Século XXI - Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo: Studio Nobel - Fundap. UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (1991). Environmentally Sustainable Economic Development: Building on Brundtland. Paris: Unesco. •