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INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS BELÉM
CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO
LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO
PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL
BELÉM
2015
LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO
PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso
apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia
de Controle e Automação do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA –
Campus Belém – como requisito para a obtenção
de Grau em Engenharia de Controle e Automação.
Orientador: Prof. Dr. André Maurício Damasceno
Ferreira.
Co-orientador: Prof. Dr. Walter Barra Junior.
BELÉM
2015
Dados para catalogação na fonte
Setor de Processamento Técnico
Biblioteca IFPA – Campus Belém
C355p Castro, Luís Augusto Mesquita de.
Projeto de estabilizadores de sistemas elétricos de potência
utilizando controle adaptativo auto-ajustável / Luís Augusto
Mesquita de Castro. – Belém, 2015.
85 f.
Impresso por computador.
Orientador: André Maurício Damasceno Ferreira.
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso (Engenharia de
Controle e Automação) – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará – IFPA, 2015.
1. Estabilidade de sistemas elétricos de potência.
2. Controle adaptativo.
I. Título.
CDD: 621.381
LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO
PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso
apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia
de Controle e Automação do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA –
Campus Belém – como requisito para a obtenção
de Grau em Engenharia de Controle e Automação.
Data de Defesa: 15/12/2015
Conceito: Excelente
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. André Maurício Damasceno Ferreira
Instituto Federal do Pará
_________________________________________________
Coorientador: Prof. Dr. Walter Barra Junior
Universidade Federal do Pará
_________________________________________________
Prof. Dr. Luís Carlos Macedo Blasques
Instituto Federal do Pará
_________________________________________________
Profa. M.Sc. Rejane de Barros Araújo
Instituto Federal do Pará
i
Para meus queridos pais, Ana Maria
e Severino Luis, por serem os maiores
responsáveis por quem eu sou hoje, estando
sempre presentes nos bons e maus
momentos da minha vida.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus (seja Ele qual for), que nos concede o dom da vida e a
capacidade de aprender um pouco mais todos os dias.
Agradeço ao meu orientador e professor André Maurício Damasceno Ferreira, pela
confiança e dedicação depositadas nesse trabalho e sua paciência ao transmitir seus
conhecimentos e contribuir na minha formação acadêmica e profissional.
Agradeço ao meu co-orientador e professor Walter Barra Junior, pelos seus
ensinamentos e suas inúmeras sugestões sempre valiosas.
Agradeço a professora Rejane de Barros Araújo, por sua disposição em sempre ajudar
na conclusão deste trabalho.
À minha família, em especial aos meus pais, Ana Maria Mesquita de Castro e Severino
Luis de Castro, pelo amor e apoio incondicional por toda a minha vida.
Aos professores do Curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), que contribuíram diretamente na
conclusão de mais uma etapa importante da minha vida.
Aos meus amigos de infância, trabalho e faculdade, cuja amizade jamais será esquecida,
por partilharem suas estórias e tempo comigo e tornarem os meus dias mais agradáveis.
iii
Seja humilde sempre.
Pai
Não faz mais do que a tua obrigação.
Mãe
iv
RESUMO
A utilização de Estabilizadores de Sistema de Potência é imprescindível para uma operação
confiável de sistemas elétricos de grande porte. A maior parte dos estabilizadores atualmente
em operação é projetada por meio de técnicas de controle clássico, utilizando modelos
linearizados do sistema elétrico. Embora este tipo de estabilizador apresente desempenho
satisfatório para o amortecimento das oscilações eletromecânicas inerentes ao sistema de
potência, muitos estudos mostram que utilização de técnicas de controle adaptativo e
inteligentes para a síntese da lei de controle nesses estabilizadores pode produzir resultados
ainda melhores.
Neste trabalho é investigado o desempenho de uma estratégia de controle adaptativo, do tipo
auto-ajustável, aplicada ao amortecimento de oscilações eletromecânicas em sistemas de
potência interligados. Em cada condição de operação, um modelo paramétrico linear é
estimado online, via o método de mínimos quadrados recursivo. Os parâmetros do modelo
estimado são subsequentemente utilizados na atualização dos ganhos da lei de controle
inserida no estabilizador, a cada intervalo de amostragem. Os parâmetros do controlador são
calculados via a técnica de posicionamento de polos, de modo a deslocar radialmente os polos
do sistema em malha fechada para uma região de maior estabilidade.
Palavras-chave: Estabilidade de sistemas elétricos de potência. Estabilizadores de sistemas
de potência. Oscilações eletromecânicas. Identificação de sistemas. Controle adaptativo.
Alocação de polos via deslocamento radial dos polos.
v
ABSTRACT
The use of power system stabilizers is essential for reliable operation of large electrical
systems. Most stabilizers in operation are designed using classical control techniques based in
linearized power systems models. Although this type of stabilizer presents satisfactory
performance for the damping of oscillations inherent in the power system, many studies show
that use of adaptive control techniques and intelligent for the synthesis of the control law in
these stabilizers can produce even better results.
In this paper is investigated the performance of an adaptive control strategy, self-tuning type,
applied to the damping of oscillations in interconnected power systems. In each operating
condition, a linear parametric model is estimated online via the recursive least square method.
The parameters of the estimated model are subsequently used in updating the control law of
the stabilizer, each sampling interval. The controller parameters are calculated via the pole-
shifting technique in order to radially displace the system closed loop poles to a more stable
region.
Keywords: Power system stability. Power systems stabilizers. Electromechanical oscillations.
System identification. Adaptive control. Pole-shifting technique.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Diferentes causas de instabilidade em sistemas de potência............................................... 7
Figura 2.2 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito por meio de uma impedância externa. 7
Figura 2.3 – Diagrama de blocos do modelo linearizado máquina síncrona – barramento infinito........ 8
Figura 2.4 – Sistema de excitação com excitatriz estática a tiristores................................................... 11
Figura 2.5 – Diagrama de blocos para o ESP com desvio de velocidade angular do rotor como sinal de
entrada................................................................................................................................................... 13
Figura 2.6 – Diagrama de blocos para o ESP clássico. ......................................................................... 13
Figura 3.1 – Diagrama de blocos básico de um sistema de controle digital. ........................................ 20
Figura 3.2 – Diagrama de blocos de um controlador adaptativo auto-ajustável. .................................. 22
Figura 3.3 – Diagrama de blocos para controle auto-ajustável via alocação de polos.......................... 32
Figura 4.1 – PRBS gerado pelo registrador de deslocamento ( = , ). ......................................... 36
Figura 4.2 – Diagrama de Bode do sistema elétrico de potência. ......................................................... 36
Figura 4.3 – Sinais de entrada e saída coletados para um dado ponto de operação. ............................. 38
Figura 4.4 – Localização dos polos e zeros dos modelos identificados da planta................................. 39
Figura 4.5 – Parâmetros estimados de −
...................................................................................... 41
Figura 4.6 – Parâmetros estimados de −
. .................................................................................... 41
Figura 4.7 – Evolução do erro de predição do estimador...................................................................... 42
Figura 4.8 – Evolução do traço da matriz de covariância do estimador................................................ 43
Figura 4.9 – Localização dos polos e zeros do modelo de 4ª ordem da planta. .................................... 43
Figura 4.10 – Resposta ao impulso do modelo de 4ª ordem da planta.................................................. 44
Figura 4.11 – Comparação entre a saída real e a saída do modelo estimado do sistema. ..................... 44
Figura 4.12 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste a......................................... 47
Figura 4.13 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste a.............................................. 47
vii
Figura 4.14 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste a...................... 48
Figura 4.15 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste a........................................... 48
Figura 4.16 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste b......................................... 49
Figura 4.17 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste b. ............................................ 49
Figura 4.18 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste b...................... 50
Figura 4.19 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste b........................................... 50
Figura 4.20 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste c......................................... 51
Figura 4.21 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste c.............................................. 51
Figura 4.22 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste c...................... 52
Figura 4.23 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste c........................................... 52
Figura 4.24 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste a......................................... 53
Figura 4.25 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste a.............................................. 53
Figura 4.26 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste a...................... 54
Figura 4.27 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste a........................................... 54
Figura 4.28 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste b......................................... 55
Figura 4.29 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste b. ............................................ 55
Figura 4.30 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste b...................... 56
Figura 4.31 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste b........................................... 56
Figura 4.32 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste c......................................... 57
Figura 4.33 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste c.............................................. 57
Figura 4.34 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste c...................... 58
Figura 4.35 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste c........................................... 58
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Somatório dos erros quadráticos para os modelos identificados......................................... 38
Tabela 2 – Polos dos modelos discretos................................................................................................ 39
Tabela 3 – Zeros dos modelos discretos................................................................................................ 39
Tabela 4 – Comparação dos modelos identificados.............................................................................. 40
Tabela 5 – Parâmetros identificados dos polinômios −
e −
............................................... 42
Tabela 6 – Polos e zeros calculados a partir dos polinômios −
e −
identificados. ............ 42
Tabela 7 – Características do modelo de 4ª ordem identificado. .......................................................... 44
Tabela 8 – Índice de Desempenho ISE para os testes do Caso 1. ......................................................... 59
Tabela 9 – Índice de Desempenho ISE para os testes do Caso 2. ......................................................... 59
Tabela 10 – Rotina para identificação recursiva com busca aleatória e coeficiente de rastreamento
restrito (mqr.m). .................................................................................................................................... 68
Tabela 11 – Rotina para alocação de polos via deslocamento radial dos polos (str.m). ....................... 69
Tabela 12 – Rotina para gerenciar estimação e controle do sistema de potência (sfac.m). .................. 70
ix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 1
1.1 Justificativa do Trabalho............................................................................................................... 2
1.2 Organização do Trabalho .............................................................................................................. 3
2 ESTABILIDADE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA............................................... 5
2.1 Introdução ..................................................................................................................................... 5
2.2 Modos de Oscilação ...................................................................................................................... 9
2.3 Sistemas de Excitação e Reguladores Automáticos de Tensão................................................... 10
2.4 Estabilizadores de Sistemas de Potência..................................................................................... 11
2.5 Modelagem Dinâmica do Sistema de Potência ........................................................................... 14
2.6 Conclusão.................................................................................................................................... 18
3 CONTROLE ADAPTATIVO......................................................................................................... 19
3.1 Introdução ................................................................................................................................... 19
3.2 Modelagem de Sistemas Discretos.............................................................................................. 19
3.3 Controle Adaptativo Auto-Ajustável .......................................................................................... 22
3.3.1 Conceitos Básicos sobre Identificação de Sistemas...................................................... 22
3.3.2 Método dos Mínimos Quadrados .................................................................................. 24
3.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Estendido ................................................................. 27
3.3.4 Modificações no Método dos Mínimos Quadrados Recursivo ..................................... 28
3.3.5 Método de Projeto via Alocação de Polos..................................................................... 30
3.4 Conclusão.................................................................................................................................... 34
4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES .............................................................................................. 35
4.1 Introdução ................................................................................................................................... 35
4.2 Identificação do Modelo da Planta.............................................................................................. 35
4.2.1 Identificação em Lote (Não Recursiva)......................................................................... 37
4.2.2 Identificação Recursiva................................................................................................. 40
4.3 Simulações Não Lineares............................................................................................................ 45
4.3.1 Caso 1............................................................................................................................ 46
4.3.2 Caso 2............................................................................................................................ 52
4.4 Conclusão.................................................................................................................................... 59
x
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 63
APÊNDICE.......................................................................................................................................... 67
A. Dados do Sistema Máquina Síncrona – Barramento Infinito.................................................... 67
B. Listagem de Programas ............................................................................................................. 68
1
1 INTRODUÇÃO
A sociedade moderna necessita de uma grande quantidade de energia a ser usada nas
mais diversas atividades humanas. Para garantir que esta energia alcance seu destino com
qualidade, economia e confiabilidade, tornou-se cada vez mais comum operar sistemas
elétricos de grande porte de modo interligado.
Além disso, a função de um sistema de energia elétrica é a de converter energia a partir
de uma das formas primárias disponíveis naturalmente para a forma de energia elétrica e
transportá-la para os pontos de consumo (MACHOWSKI et al., 2008). A energia raramente é
consumida na forma elétrica, pois antes de ser consumida é convertida para as outras formas
úteis para diversas atividades humanas, como calor, luz e força motriz. A vantagem da energia
elétrica é que ela pode ser transportada e controlada com relativa facilidade e com um elevado
grau de eficiência e confiabilidade.
Um sistema de energia elétrica devidamente projetado e operado deve, portanto, atender
aos seguintes requisitos fundamentais (KUNDUR, 1994):
1. O sistema deve ser capaz de atender à contínua variação de demanda de carga, tanto
para energia ativa quanto reativa. Ao contrário de outros tipos de energia, a eletricidade não
pode ser convenientemente armazenada em quantidade suficiente. Portanto, deve existir um
equilíbrio entre demanda e geração, ou seja, a geração de energia deve ser mantida e
controlada em função da demanda de energia a todo o momento.
2. O sistema deve fornecer energia a um custo mínimo e com o mínimo impacto
ambiental.
3. A qualidade do fornecimento de energia deve atender a certos requisitos mínimos no
que diz respeito aos seguintes fatores:
a) Constância de frequência;
b) Constância de tensão; e
c) Nível de confiabilidade.
Um Sistema Elétrico de Potência (SEP) possui inúmeros dispositivos de proteção e de
controle com diversas características e velocidades de resposta, podendo ser considerado um
sistema dinâmico de grande escala com múltiplas-entradas e múltiplas-saídas (acrônimo
MIMO – Multiple Input and Multiple Output) que apresenta relações fortemente não lineares
entre suas variáveis.
2
Essa elevada complexidade é uma característica inerente aos sistemas elétricos, já que o
mesmo pode exibir mudanças em seus parâmetros naturalmente ao longo do tempo de
utilização e também conforme a sua condição operacional é alterada (SAUER & PAI, 1998).
Em determinadas situações de operação de um sistema elétrico pode acontecer o
aparecimento de oscilações eletromecânicas de pequena magnitude e baixa frequência nas
variáveis de tensão terminal, frequência e potência elétrica (KUNDUR, 1994; FERREIRA,
1996). Tais oscilações eletromecânicas são prejudiciais ao bom funcionamento do SEP,
podendo levar a grandes apagões e danos aos componentes do mesmo. A presença do
Estabilizador de Sistema de Potência (ESP) no sistema elétrico, que é basicamente um
controlador que introduz ao regulador de tensão um sinal adicional, consegue reduzir, ou até
mesmo eliminar, o efeito dessas oscilações indesejáveis, aumentando assim os limites de
estabilidade do sistema elétrico (SAUER & PAI, 1998). Além disso, o ESP tem uma função
econômica muito relevante, pois permite que o sistema elétrico transmita uma maior
quantidade de potência elétrica, retardando a necessidade de construção de novas linhas de
transmissão, economizando milhões em investimentos.
1.1 Justificativa do Trabalho
De um modo geral, um SEP engloba a geração, transmissão e a distribuição de energia
elétrica até os consumidores finais. Devido ao grande aumento de demanda por energia
elétrica nas últimas décadas e o crescente número de interligações entre os sistemas elétricos
existentes, a operação e controle destes tornou-se uma tarefa extremamente complexa.
Entretanto, os sistemas elétricos interligados são necessários para garantir que a energia
elétrica alcance seu destino com qualidade, segurança e confiabilidade. Nota-se, porém,
especialmente em sistemas elétricos interligados, a existência de oscilações de pequena
magnitude e baixa frequência nas principais variáveis controladas do sistema de potência e,
para se amenizar este tipo de problema, é comum e quase obrigatória, a utilização dos ESPs
na grande maioria dos sistemas de geração de grande porte.
Nos últimos anos, grande atenção tem sido dada à pesquisa de ESPs que tenham a
capacidade de apresentar um bom desempenho, independentemente do ponto de operação do
sistema. Isso ocorre porque a grande maioria dos estabilizadores em operação, ainda hoje
pelas concessionárias de energia elétrica, são controladores que utilizam estrutura e
parâmetros fixos. Esses ESPs convencionais são sintonizados por meio de técnicas de
controle clássico (OGATA, 2011; NISE, 2012; DORF & BISHOP, 2013) utilizando modelos
3
linearizados do sistema elétrico para uma condição de operação específica, esperando-se que
os mesmos apresentem um resultado satisfatório em toda a faixa de operação do sistema, o
que nem sempre é possível. Embora este tipo de estabilizador apresente desempenho
satisfatório, inúmeros estudos confirmam que a utilização de técnicas de controle adaptativo
ou inteligente para o projeto desses estabilizadores pode produzir resultados ainda melhores
(BARREIROS, 1989; FERREIRA, 1998; BARRA et al., 2005).
Partindo-se desse princípio, o objetivo deste Trabalho Acadêmico de Conclusão é um
estudo de métodos de projeto de controladores adaptativos, a serem aplicados no
amortecimento de oscilações eletromecânicas em sistemas elétricos de potência, para
melhorar e aumentar as margens de estabilidade desses sistemas. O projeto do estabilizador
utilizando estratégia de controle adaptativa será inserido no ambiente computacional por meio
de técnica de programação baseada no uso de s-functions (MATHWORKS, 2015), uma vez
que tal abordagem permite um maior nível de flexibilidade na implementação da lei de
controle e de realização de testes em ambiente Matlab/Simulink.
De um modo geral, uma das estratégias de controle adaptativo utilizada com bastante
sucesso na área de controle de sistemas é o Controle Adaptativo Auto-Ajustável (Self-Tuning
Adaptive Control) (ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). A aplicação dessa estratégia de
controle em sistemas de potência para a síntese de ESPs adaptativos e a avaliação do
desempenho do estabilizador convencional e adaptativo proposto será feita através de
simulações numérica, usando um sistema do tipo máquina síncrona – barramento infinito.
1.2 Organização do Trabalho
O presente trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: no Capítulo 2 são
introduzidos os conceitos básicos sobre estabilidade de Sistemas Elétricos de Potência,
incluindo os Estabilizadores de Sistemas de Potência e os Reguladores Automáticos de
Tensão. Além disso, a modelagem para simulação dinâmica do sistema máquina – barramento
infinito também será apresentada. Baseado nessa modelagem, um simulador para esse sistema
foi desenvolvido por Ferreira et al. (2003) e todos os resultados de simulação que serão
apresentados foram obtidos com esse simulador.
No Capítulo 3 é feita uma breve revisão sobre controle digital, identificação de sistemas
e controle adaptativo. Nesse capítulo também é apresentado detalhadamente o método de
controle adaptativo por alocação de polos, mais especificamente a técnica de deslocamento
radial dos polos, assim como os procedimentos de projeto.
4
Os resultados comparativos das simulações entre o desempenho de um estabilizador
convencional e o estabilizador adaptativo proposto neste trabalho (implementado em
ambiente computacional por meio da ferramenta desenvolvida neste trabalho através da
utilização das s-functions) para diferentes condições de operação do sistema elétrico (curto-
circuito trifásico sem perda de linha, curto-circuito trifásico com perda de linha e variação de
carga) são apresentados no Capítulo 4.
Por fim, o Capítulo 5 traz conclusões a respeito da utilidade da ferramenta
computacional aqui disponibilizada para o meio acadêmico, a qual é intitulada como Adaptive
Control Design Tool, além das conclusões retiradas da análise dos resultados obtidos com a
utilização do controle adaptativo para o projeto de estabilizadores, mostram-se suas vantagens
e desvantagens, assim como possíveis sugestões para futuros trabalhos a serem desenvolvidos
nessa área.
5
2 ESTABILIDADE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
2.1 Introdução
Este capítulo apresenta alguns conceitos importantes sobre a estabilidade de sistemas de
potência, mostrando como seus principais elementos são modelados matematicamente e como
os mesmos afetam a estabilidade do sistema, bem como o que pode ser feito para melhorar a
estabilidade do sistema elétrico. Um sistema de potência é dito estável se sua resposta
oscilatória após uma perturbação é amortecida e o sistema encontra um novo ponto de
operação. Caso isto não ocorra, diz-se que o sistema é instável (ANDERSON & FOAUD,
2002). Um exemplo típico de perturbação é uma pequena mudança na carga do sistema, o que
faz com que o ângulo do rotor sofra uma pequena alteração, de modo que o novo ponto de
operação não é muito diferente do ponto inicial.
Podem-se classificar os tipos de estabilidade em sistemas elétricos de potência
basicamente em dois grandes grupos: estabilidade angular do rotor e estabilidade de tensão
(KUNDUR, 1994).
No primeiro caso, pode-se dizer que a estabilidade angular do rotor está ligada
diretamente à capacidade de manutenção do sincronismo das unidades geradoras de um
sistema interligado, durante operação normal ou ocorrência de falta no sistema elétrico. Este
problema está intimamente relacionado às oscilações eletromecânicas intrínsecas aos sistemas
elétricos de potência.
Por sua vez, o problema de estabilidade de tensão pode ser definido como a habilidade
do sistema elétrico manter tensões constantes dentro de níveis aceitáveis em todos os
barramentos do sistema, tanto em operação normal ou na presença de faltas. A instabilidade
de tensão caracteriza-se pela queda progressiva e incontrolável na tensão de barramento do
sistema devido a perturbações, aumento na demanda de carga ou mudança da condição de
operação.
Neste trabalho será dada ênfase somente ao problema da estabilidade angular do rotor,
com a investigação de técnicas adaptativas para o projeto de estabilizadores que visam
amortecer os modos de oscilação eletromecânica do sistema elétrico. Um sistema elétrico de
potência está sujeito a fenômenos dinâmicos que acontecem em escalas de tempo bastante
diversas, sendo assim diferentes modelos para os elementos do sistema devem ser
considerados em função de qual fenômeno se deseja analisar (SAUER & PAI, 1998).
6
Partindo-se desse princípio, é comum a divisão do problema de estabilidade angular do
rotor dos sistemas de potência em dois grupos:
 Estabilidade Transitória: é a capacidade do sistema de potência manter suas
máquinas operando em sincronismo, na ocorrência de mudanças de grande
impacto na rede elétrica (curtos-circuitos, perda de linhas e/ou geradores de
elevada importância, etc.). Os aspectos não lineares do sistema devem ser
modelados;
 Estabilidade de Pequenos Sinais: é compreendida como a propriedade que o
sistema elétrico possui para amortecer as pequenas oscilações
eletromecânicas que ocorrem durante sua operação, sem relação direta com
qualquer tipo de falta. Para esse tipo de estudo geralmente são usados
modelos linearizados do sistema em torno de determinado ponto de
operação do sistema.
Os estudos a serem realizados neste trabalho levarão em conta essas duas abordagens.
No caso específico dos estabilizadores convencionais, seu projeto é feito usando modelos
linearizados do sistema, enquanto a sua validação normalmente é feita por meio de
simulações computacionais utilizando modelos não lineares. A natureza de resposta de um
sistema de potência depende de muitos fatores, incluindo as condições operativas, a
capacidade de transmissão de potência e os sistemas de excitação das unidades geradoras
(KUNDUR, 1994).
Em grandes sistemas interligados, a instabilidade ocorre normalmente de duas formas
(Figura 2.1):
 Por meio da aceleração do rotor, com crescimento progressivo do
deslocamento angular, sendo a causa fundamental a deficiência de Torque
Elétrico de Sincronismo (em fase com o desvio angular do rotor);
 Por meio de oscilações crescentes do rotor, causadas pela deficiência de
Torque Elétrico de Amortecimento (em fase com o desvio de velocidade
angular do rotor).
7
Figura 2.1 – Diferentes causas de instabilidade em sistemas de potência.
Fonte: Elaboração própria.
Um modelo linear bastante conhecido para se investigar o problema de estabilidade de
sistemas de potência é o chamado modelo de Heffron & Phillips (1952). Esse modelo
representa o sistema por uma única máquina geradora equivalente ligada a um barramento
infinito (com tensão e frequência constante), por meio de uma linha de transmissão (Figura
2.2). O diagrama de blocos do modelo é mostrado na Figura 2.3.
Figura 2.2 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito por meio de uma impedância externa.
Fonte: Elaboração própria, a partir de HEFFRON & PHILLIPS, 1952.
8
Figura 2.3 – Diagrama de blocos do modelo linearizado máquina síncrona – barramento infinito.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994.
As constantes a são funções da condição de operação do sistema de potência, à
exceção de , que depende dos parâmetros físicos da máquina síncrona e da linha de
transmissão. Um estudo detalhado e uma dedução completa das variáveis do modelo linear
presentes na Figura 2.3, assim como das constantes a , são encontrados em DeMello &
Concordia (1969), Sauer & Pai (1998) e Anderson & Foaud (2002). Por esse motivo, o
modelo é válido somente para pequenas perturbações em torno de um ponto de operação para
o qual ele foi linearizado. Assim, para se investigar o comportamento do sistema frente uma
grande perturbação, modelos não lineares da máquina síncrona devem ser empregados.
Porém, vale ressaltar que o modelo de Heffron & Phillips (1952) ainda é muito
utilizado, especialmente para o projeto de estabilizadores de sistemas de potência através de
técnicas de controle clássico (YU, 1983; KUNDUR, 1994; SAUER & PAI, 1998;
ANDERSON & FOAUD, 2002).
9
2.2 Modos de Oscilação
As oscilações eletromecânicas são fenômenos extremamente prejudiciais para a
operação do sistema elétrico, pois diminuem a capacidade de transferência de potência através
das linhas de transmissão. A frequência das oscilações e o número de geradores que oscilam
dependem da estrutura do sistema. Existem diferentes modos de oscilação, normalmente
ocorrendo simultaneamente, podendo ser classificados como (LARSEN & SWANN, 1981;
KLEIN et al., 1991):
 Modos Locais ou Modos Máquina-Sistema: estão relacionados com as
oscilações eletromecânicas dos rotores de unidades geradoras de uma
mesma usina com relação ao resto do sistema elétrico de grande porte, com
faixa de frequência típica entre , Hz e , Hz;
 Modos Inter-Área: estão associados com as oscilações de um grupo de
máquinas contra outro grupo de máquinas acopladas, que são interligados
por linhas de transmissão com reatância indutiva elevada. A faixa de
frequência típica está entre , Hz e , Hz;
 Modos Intra-Planta: representam os modos de oscilação eletromecânicos
entre geradores localizados em uma mesma usina. A faixa de frequência
típica está entre 1,5 Hz e 2,5 Hz.
Para atenuar o efeito indesejável dessas oscilações são utilizados os estabilizadores de
sistema de potência, cuja finalidade é fornecer um sinal adicional no sistema de excitação da
máquina síncrona, através da modulação da excitação dos geradores (DeMELLO &
CONCORDIA, 1969; LARSEN & SWANN, 1981). Entretanto, o ESP não é projetado com o
objetivo de ajudar a manter a estabilidade do sistema durante os períodos transitórios, que
geralmente ocorrem imediatamente após uma perturbação mais severa. Na prática, o ESP
poderá ter um efeito até mesmo prejudicial sobre a estabilidade transitória, motivo pelo qual a
sua saída é limitada para prevenir impactos mais sérios sobre este tipo de estabilidade.
10
2.3 Sistemas de Excitação e Reguladores Automáticos de Tensão
A principal função do sistema de excitação é fornecer e regular automaticamente a
corrente de campo da máquina síncrona, de modo que a tensão terminal do gerador permaneça
no valor de referência. A relevância do sistema de excitação na melhoria do desempenho da
operação do sistema elétrico cresceu muito no decorrer dos anos. Atualmente, os sistemas de
excitação são extremamente rápidos (constantes de tempo inferiores a 50 ms), normalmente
utilizando tiristores e com limites de tensão bastante elevados.
O Regulador Automático de Tensão (RAT) processa e amplifica os sinais de entrada no
sistema de excitação para que os mesmos sejam utilizados de forma adequada no controle da
excitatriz. Segundo Anderson & Foaud (2002) os limites de transmissão de potência de um
sistema elétrico podem ser elevados através da utilização de RATs de ação contínua e com
altos ganhos. Todavia, observou-se a partir da década de 1960 que esse tipo de RAT é
prejudicial à estabilidade de pequenos sinais do sistema de potência, podendo ser responsável
pela diminuição do amortecimento natural do sistema (DeMELLO & CONCORDIA, 1969).
Isso é explicado analisando-se o comportamento do controle de excitação a curto e
longo prazo, visto que existem diferentes requisitos para o período transitório após uma falta e
alguns ciclos depois desse período. No período transitório, logo após a rede elétrica ser
submetida a uma grande perturbação (um curto-circuito, por exemplo), por alguns segundos a
tensão terminal da máquina síncrona diminui, assim como a sua capacidade de transmitir
potência. No primeiro ciclo após o acontecimento da falta, o RAT tem uma atuação benéfica,
pois ele rapidamente opera no seu limite de tensão, tentando manter a tensão terminal do
gerador em um valor mais favorável à restauração do sistema. Terminado o período
transitório, a atuação do RAT torna-se maléfica, pois essas rápidas mudanças no sistema de
excitação não são favoráveis ao amortecimento das oscilações eletromecânicas que ocorrem
poucos segundos após a falta ser sanada.
Em condições normais de operação do sistema de potência, com diversos geradores e
várias áreas de geração, na ocorrência de um aumento de carga, ocorre o desequilíbrio entre
demanda e geração. Como a potência mecânica fornecida pelas turbinas não varia
instantaneamente, essa quantidade extra de potência solicitada pela carga é disponibilizada
por meio da energia armazenada no campo magnético das máquinas. Como as máquinas
síncronas não são iguais, cada uma irá fornecer uma parcela de potência necessária para suprir
essa carga extra em tempos distintos, oscilando com sua frequência natural até que as
oscilações do sistema sejam amortecidas. O RAT com alto ganho reconhece qualquer
11
variação de carga imediatamente, através das variações de tensão e corrente terminal. Desse
modo, cada oscilação da máquina faz o sistema de excitação atuar, tentando manter a tensão
terminal no valor desejado e, em muitos casos, contribuindo para aumentar essas oscilações.
Nos sistemas operando de forma interligada, onde o amortecimento natural já é
pequeno, a situação ainda é mais crítica. A solução encontrada para contornar esse problema
consiste na aplicação de um sinal adicional no sistema de excitação, oriundo dos
estabilizadores de sistemas de potência. Em resumo, o sistema de excitação deve contribuir no
controle de tensão e na melhoria da estabilidade do sistema de potência, respondendo
rapidamente a uma grande perturbação (estabilidade transitória), assim como modulando a
excitação do campo do gerador (estabilidade de pequenos sinais) (KUNDUR, 1994).
Com a finalidade de tornar a representação dos sistemas de excitação homogênea, o
IEEE propôs que todos os sistemas de excitação existentes fossem representados
matematicamente por meio de 4 tipos (IEEE, 1981; KUNDUR, 1994). Neste trabalho, o RAT
adotado para as simulações é um modelo simplificado do Tipo 1 (Figura 2.4), com excitatriz
estática a tiristores, com uma constante de tempo extremamente baixa ( � , s) e
ganho elevado ( � ).
Figura 2.4 – Sistema de excitação com excitatriz estática a tiristores.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994.
2.4 Estabilizadores de Sistemas de Potência
Os estabilizadores de sistemas de potência são controladores projetados para auxiliar,
através do controle da excitação do gerador, no amortecimento das oscilações eletromecânicas
sofridas pelo rotor da máquina síncrona. Esse controle é feito por meio da inclusão de um
sinal adicional no sistema de excitação da máquina pela malha de controle do RAT, com a
finalidade de gerar uma componente de torque elétrico de amortecimento (em fase com os
12
desvios de velocidade angular do rotor) no eixo da turbina, aumentando dessa forma o
amortecimento natural do gerador. O ESP deve contribuir no amortecimento das oscilações do
rotor em todas as condições de operação do sistema, especialmente nas condições de carga
pesada e com sistemas de transmissão fracos.
Os primeiros estabilizadores, aqui denominados de ESPs convencionais, são projetados
por meio de técnicas de controle clássico, possuindo estrutura e parâmetros fixos. Embora
esse tipo de ESP seja sintonizado em uma única condição de operação do sistema elétrico, ele
deve apresentar desempenho satisfatório em toda a faixa de operação do sistema (LARSEN &
SWANN, 1981).
Com a evolução das técnicas de controle, como controle avançado, adaptativo e
inteligente (redes neurais artificiais, lógica e controle fuzzy), novas alternativas foram
propostas para o projeto e implementação de ESPs (CHENG et al., 1986; GU & BOLINGER,
1989; HSU & CHEN, 1991; SILVA & BARREIROS, 1992; BARREIROS, 1995; HIYAMA
et al., 1996; FERREIRA et al., 1998; BARREIROS et al., 1998; SHAMSOLLAHI &
MALIK, 1999). O objetivo principal dessas novas abordagens é projetar estabilizadores que
demonstrem um desempenho uniforme, independentemente da condição de operação do
sistema elétrico.
Os três sinais de entrada mais utilizados em um ESP são: o desvio de velocidade do
eixo do rotor, a potência acelerante e o desvio de frequência. Cada um desses sinais possui
determinadas características que fazem com que determinado sinal seja a melhor opção para
uma situação específica (LARSEN & SWANN, 1981; KUNDUR, 1994).
Independentemente de qual sinal será usado como entrada, o ESP deve compensar o
defasamento que ocorre devido ao sistema de excitação, ao gerador e ao próprio sistema de
potência. Esse conjunto representa uma função de transferência entre a saída do estabilizador
até a componente de torque elétrico, que será introduzida através do controle de excitação,
sendo mostrado na Figura 2.5 como GEP(s) (LARSEN & SWANN, 1981). Essa função de
transferência depende dos parâmetros físicos da máquina síncrona e seus controladores
associados, bem como o ponto de operação do sistema de potência. A estrutura adotada para o
ESP convencional utilizado nas simulações deste trabalho é mostrada na Figura 2.6.
13
Figura 2.5 – Diagrama de blocos para o ESP com desvio de velocidade angular do rotor como sinal de entrada.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994.
Como o objetivo do ESP é gerar uma componente de torque elétrico de amortecimento,
caso a função de transferência GEP(s) não apresentasse uma dependência de ganho e fase
com a frequência, bastaria realimentar o desvio de velocidade do rotor para gerar um torque
de amortecimento em todas as frequências de oscilação. Na prática, os ESPs convencionais
são formados por um ou mais compensadores do tipo avanço-atraso (lead-lag), que fornecem
a compensação de fase adequada para lidar com a variação de fase entre a entrada da
excitatriz e o torque elétrico no eixo do gerador. Além disso, o ESP deve ser projetado para
contribuir com o amorteciemnto das oscilações do rotor que ocorrem em uma faixa de
frequência, ao invés de uma frequência fixa.
Figura 2.6 – Diagrama de blocos para o ESP clássico.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994.
14
Como a faixa de frequência de interesse está entre , Hz e , Hz, o compensador
lead-lag deve compensar a fase dentro dessa faixa de frequência. Esta característica de fase a
ser compensada muda para as diferentes condições do operação do sistema, devendo-se
projetar o ESP de modo que o mesmo atue bem dentro da faixa de frequência desejada, não
devendo atuar fora da mesma. É bastante usual determinar qual o atraso de fase a ser
compensado e dividir o avanço de fase que será aplicado, utilizando no compensador lead-lag
os mesmos pólos e zeros ( = ; = , com > ). É necessário também a utilização
de um filtro do tipo washout, que possui uma constante de tempo na faixa de
segundos, para evitar que variações permanentes na velocidade afetem a tensão terminal da
máquina síncrona. Para turbogeradores, recomenda-se a inclusão de filtros passa-baixas para
diminuir a influência de ruídos e a interação torsional (que possui frequência mais elevada).
O ganho do ESP determina a quantidade de amortecimento introduzida no sistema. Para
o caso ideal, este ganho deveria ser ajustado para fornecer o maior amortecimento possível.
Entretanto, ele é limitado, pois o ganho de GEP(s) varia muito para os diferentes pontos de
operação do sistema, impondo um máximo valor admissível para o ganho do ESP.
2.5 Modelagem Dinâmica do Sistema de Potência
No clássico artigo de DeMello & Concordia (1969) um modelo linearizado é utilizado
para representar uma máquina síncrona conectada a um barramento infinito. Como todo
modelo linearizado de um sistema não linear, o mesmo apenas é válido para pequenas
variações em torno do ponto de operação para o qual a linearização foi calculada. Por esse
motivo, a simulação de como o sistema se comportaria na presença de grandes perturbações
(um curto-circuito, por exemplo) não pode ser adequadamente investigada.
O avanço computacional observado nas últimas décadas torna possível a utilização de
modelos cada vez mais complexos para representar a dinâmica dos sistemas de potência,
inclusive para o caso de sistemas multimáquinas com diversas áreas de geração. Detalhes do
comportamento dinâmico da máquina foram incorporados aos modelos, de maneira a
representar seu comportamento em regime permanente, assim como durante o período
transitório e sub-transitório.
Normalmente é desnecessária uma representação demasiada detalhada da máquina, para
a maioria das aplicações de interesse. Mesmo fazendo-se algumas simplificações, o resultado
obtido é bastante confiável. Dessa forma, a modelagem não linear da máquina síncrona
utilizada neste trabalho, seja para o caso de uma única máquina ligada ao barramento infinito
15
ou para o caso de um sistemas multimáquinas, representa um gerador síncrono de pólos
salientes (modelo 4) ou pólos lisos (modelo 5), incluindo os enrolamentos amortecedores,
fazendo-se entretanto algumas simplificações (ARRILAGA et al., 1983).
Toda a dinâmica de sistemas de potência está modelada em ambiente Matlab/Simulink
(MATHWORKS, 2015), em um programa computacional que possibilita a simulação da
dinâmica de sistemas de potência com seus reguladores e controladores, apresentando uma
grande flexibilidade para a implementação de inúmeras estratégias de controle por meio da
programação de rotinas denominadas s-functions, funções utilizadas para descrever sistemas
dinâmicos lineares e não lineares (FERREIRA et al., 2003). O simulador utiliza as
considerações e equacionamentos descritos a seguir.
Para as equações mecânicas da máquina síncrona são feitas as seguintes considerações:
a) Hipóteses:
 A variação de velocidade do rotor é pequena em relação à velocidade
síncrona (1 pu);
 As perdas rotacionais de potência da máquina por atrito são ignoradas.
b) Equações Básicas:
�
= [ − − � − � ]
(2.1)
�
= � − �
Onde:
– frequência de operação do sistema elétrico (Hz)
� = � – velocidade síncrona (rad/s)
� – velocidade angular do rotor (rad/s)
� – ângulo do rotor em relação à referência síncrona (rad)
– constante de tempo de inércia (MW.s/MVA)
– potência mecânica (pu)
– potência elétrica (pu)
– coeficiente de amortecimento (pu/pu)
16
Para as equações elétricas da máquina síncrona são feitas as seguintes considerações:
a) Suposições:
 Todas as indutâncias são independentes da corrente;
 Os efeitos devido à saturação no ferro são desprezados;
 Os enrolamentos distribuídos podem ser representados por enrolamentos
concentrados;
 A máquina pode ser representada como uma fonte de tensão atrás de uma
impedância;
 Não há histerese no ferro e só existe reatância de dispersão no estator;
 O sistema por unidade está normalizado para evitar fatores √ , √ e �.
b) Equações:
Os modelos utilizados para os geradores síncronos são chamados modelos 4 e 5
propostos em Arrilaga et al. (1983), sendo esses de 5ª e 6ª ordem, respectivamente. Além das
duas equações mecânicas apresentadas anteriomente, ambos utilizam o mesmo conjunto de
equações algébricas para representar o circuito do estator:
′′
− � = − ′′
(2.2)
′′
− � = + ′′
Os circuitos do rotor são representados da seguinte forma para cada um dos modelos:
 Modelo 4: considera o efeito transitório no eixo-q e os efeitos sub-
transitórios nos eixos d e q.
′
=
+ − ′
− ′
′ (2.3)
′′
=
′
+ ′
− ′′
− ′′
′′ (2.4)
′′
=
−( ′
− ′′
) − ′′
′′
(2.5)
17
 Modelo 5: considera os efeitos transitórios e sub-transitórios nos eixos d e q
da máquina síncrona, utilizando as Equações (2.3) e (2.4), além das
seguintes equações ao invés da Equação (2.5):
′
=
−( − ′
) − ′
′
(2.6)
′′
=
′
− ( ′
− ′′
) − ′′
′′
(2.7)
 A potência elétrica para os modelos 4 e 5 é dada por:
= � + � + ( + ) (2.8)
Onde:
� – componente de eixo em quadratura do fasor tensão terminal do gerador
� – componente de eixo direto do fasor tensão nominal do gerador
– componente de eixo em quadratura do fasor corrente terminal do gerador
– componente de eixo direto do fasor corrente terminal do gerador
′
– tensão transitória no eixo-q
′
– tensão transitória no eixo-d
′′
– tensão sub-transitória no eixo-q
′′
– tensão sub-transitória no eixo-d
– tensão de campo
′
– constante de tempo transitória do eixo-d em circuito aberto
′′
– constante de tempo sub-transitória do eixo-d em circuito aberto
′
– constante de tempo transitória do eixo-q em circuito aberto
′′
– constante de tempo sub-transitória do eixo-q em circuito aberto
– resistência de armadura
– reatância síncrona no eixo-d
18
′
– reatância transitória no eixo-d
′′
– reatância sub-transitória no eixo-d
– reatância síncrona no eixo-q
′
– reatância transitória no eixo-q
′′
– reatância sub-transitória no eixo-q
As tensões, correntes, resistência e reatâncias são expressas em pu, e por sua vez as
constantes de tempo são expressas em segundos. Por fim, a interação da máquina síncrona
com o barramento infinito é feita através de uma linha de transmissão (equivalente), sendo
expressa por meio das seguintes equações algébricas:
� = � + − �∞ s�� �
(2.9)
� = + � + �∞ cos �
Onde:
� – reatância equivalente da linha de transmissão (pu)
– resistência equivalente da linha de transmissão (pu)
�∞ – magnitude da tensão no barramento infinito (pu)
� – ângulo formado por ̇ ′
e �̇∞, fasores da tensão interna do gerador e do barramento
infinito, respectivamente.
2.6 Conclusão
O objetivo desse capítulo foi apresentar os principais conceitos sobre o problema da
estabilidade dinâmica em sistemas elétricos de potência. Apresentou-se a influência dos
reguladores automáticos de tensão na estabilidade durante a operação do sistema, bem como a
ação dos estabilizadores de sistemas de potência no amortecimento das oscilações
eletromecânicas a que está sujeito o sistema elétrico.
Mostrou-se também como pode ser feita a modelagem matemática dos principais
dispositivos que compõem o sistema, que serão utilizados no programa de simulação
desenvolvido em ambiente Matlab/Simulink para análise de estratégias de controle avançado
em sistemas de potência, sendo um dos principais objetivos deste trabalho.
19
3 CONTROLE ADAPTATIVO
3.1 Introdução
A utilização de controladores automáticos projetados através de técnicas de controle
clássicas, seja no domínio do tempo ou no domínio da frequência, parte da suposição que o
sistema a ser controlado pode ser representado convenientemente por um modelo dinâmico
linear e invariante no tempo, que leva em conta as leis físicas que regem o sistema. Esses
modelos quase sempre podem ser obtidos através de linearização em torno de determinado
ponto de operação e utilizando modelos dinâmicos de ordem reduzida, que desprezam a
dinâmica da planta em frequências mais elevadas. Dessa forma, o controlador que é obtido
com a utilização dessas técnicas de projeto, também é linear e invariante no tempo
(FRANKLIN et al., 1998).
Todavia, como a grande maioria das plantas sofre variações em seus parâmetros ao longo
do tempo ou apresentam diversas formas de não linearidades, torna-se necessário um processo
periódico de ajuste nos parâmetros dos controladores com parâmetros fixos, o que muitas das
vezes é bastante ‘trabalhoso’ (mesmo para sistemas que apresentam uma dinâmica bem
definida) ou mesmo não é possível de ser realizado, caso a planta não possa ter sua operação
descontinuada.
Uma das propostas para contornar esse problema é a utilização de métodos de controle
adaptativo, onde é suposto que os parâmetros e/ou estrutura da planta podem variar ao longo
do tempo, permitindo que o controlador seja capaz de compensar essas alterações por meio da
atualização dos seus próprios parâmetros, de modo a manter o sistema com o desempenho
desejado (ASTRÖM & WITTENMARK, 2008).
3.2 Modelagem de Sistemas Discretos
A maioria das aplicações de controle discreto, dentre as quais se inclui o controle
adaptativo, refere-se ao controle de sistemas dinâmicos contínuos no tempo. Pode-se
representar esquematicamente esse tipo de controle por meio do diagrama de blocos
apresentado na Figura 3.1.
20
Figura 3.1 – Diagrama de blocos básico de um sistema de controle digital.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de FADALI, 2009.
Os sinais de entrada e saída da planta, e respectivamente, são sinais
analógicos, enquanto os sinais de erro e de entrada , do computador são sinais
digitais. A interface do computador com a planta é feita pelos conversores analógico/digital
(A/D) e digital/analógico (D/A). Os modelos dos conversores, considerando-se um tempo
desprezível de conversão, são mostrados na Figura 3.1, com o conversor A/D sendo
representado por um amostrador ideal e o conversor D/A formado por um amostrador ideal
em conjunto com um segurador de ordem zero (ZOH, do inglês Zero Order Hold)
(FRANKLIN et al., 1998; HEMERLY, 1996).
O algoritmo de controle é implementado por meio de uma linguagem de programação,
sendo executado periodicamente pelo computador (ou microcontrolador). O relógio tem por
finalidade sincronizar, conforme o período de amostragem , as operações de conversão e
cálculo no computador (CASTRUCCI & SALES, 1990). Uma maneira genérica de
representar um modelo linear de um sistema qualquer na forma discreta é por meio de seus
valores de entrada ( ) e saída ( ) em cada instante de tempo é:
= − ∑ � −
�=
+ ∑ � − −
�=
(3.1)
Onde é o instante de amostragem atual e é o atraso de transporte do sistema
(considerado como múltiplo inteiro do período de amostragem). Se o sistema a ser modelado
não possui atraso, então = devido ao ZOH.
21
Utilizando-se o operador de atraso de tempo discreto −
, que é definido pela relação
−
= − , é possível escrever a equação de diferença (3.1) em uma forma
compacta:
−
= − −
+ (3.2)
Onde é um sinal do tipo ruído branco e os polinômios −
e −
representam os polos e zeros do modelo do sistema e são definidos como:
−
= + −
+ + −
(3.3)
−
= + −
+ + −
Quando o sistema está sujeito a uma perturbação estocástica, a Equação (3.1) é
estendida para:
= − ∑ � −
�=
+ ∑ � − −
�=
+ ∑ � −
�=
(3.4)
Onde é um sinal do tipo ruído branco (sequência aleatória, não correlacionada e
de média zero), utilizado para representar essa perturbação (ASTRÖM & WITTENMARK,
1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). Na forma compacta, a inclusão do ruído no
sistema pode ser descrita pela seguinte equação de diferença:
−
= − −
+ −
(3.5)
O polinômio −
representa o modelo de perturbação e é definido como:
−
= + −
+ + −
(3.6)
É importante ressaltar que como se deseja utilizar métodos de controle digital aplicados
em sistemas contínuos, o modelo equivalente discreto da planta, dado pelas Equações (3.2) ou
(3.5), deve corresponder ao conjunto do segurador de ordem zero em série com a planta real
do sistema.
22
3.3 Controle Adaptativo Auto-Ajustável
Uma das técnicas de controle adaptativo utilizada com bastante sucesso é o Controle
Adaptativo Auto-Ajustável (Self-Tuning Adaptive Control), que recebe esse nome para
enfatizar que o controlador sintoniza seus parâmetros automaticamente, garantindo as
características de desempenho desejadas para o sistema operando em malha fechada
(ASTRÖM & WITTENMARK, 2008).
Os parâmetros do modelo são identificados através de um método de estimação online
(recursiva) e os parâmetros do controlador são então calculados a partir das especificações de
projeto e do modelo da planta disponível a cada instante de amostragem. Dessa forma, o
diagrama de blocos da Figura 3.2 pode ser visto como um processo automático de modelagem
e projeto, pois tanto o modelo do sistema quanto os parâmetros do controlador são atualizados
continuamente, durante o funcionamento do sistema.
Figura 3.2 – Diagrama de blocos de um controlador adaptativo auto-ajustável.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de ASTRÖM & WITTENMARK, 2008.
3.3.1 Conceitos Básicos sobre Identificação de Sistemas
A identificação de um sistema dinâmico pode ser entendida como a obtenção de um
modelo matemático para esse sistema a partir de medidas de suas entradas e saídas
(IOANNOU & SUN, 1996). Embora o processo de identificação possa ser efetuado
23
considerando-se que o sistema a ser identificado é do tipo ‘caixa preta’, quase sempre
informações sobre determinadas características do sistema estão disponíveis, devendo ser
utilizadas para a obtenção de modelos que possam representar adequadamente esse sistema.
Podem-se separar os modelos de sistemas dinâmicos em dois grandes grupos: modelos
não paramétricos (resposta em frequência ou resposta ao degrau) e modelos paramétricos
(função de transferência e equações diferenciais, para o caso contínuo; função de transferência
pulsada e equações de diferença, no caso de sistemas discretos). Como se deseja fazer o
controle do sistema por computador ou microcontrolador, é interessante que o resultado do
processo de identificação forneça um modelo paramétrico do sistema, pois essa é a maneira
mais adequada para o projeto e sintonia de controladores digitais (LANDAU, 1990).
O processo de identificação de sistemas pode ser feito de modo offline, quando um
conjunto de valores de entrada e saída do sistema está disponível previamente. Nesse caso,
onde esse conjunto de dados é utilizado somente uma vez, diz-se que a identificação é feita
em lote (batch identification). Para algumas aplicações onde se deseja que o controlador seja
projetado de acordo com a condição de operação do sistema, a identificação em lote
geralmente não é utilizada. Isso ocorre porque é necessário que o modelo do sistema seja
atualizado, a partir das medidas de entrada e saída do sistema, a cada instante de amostragem.
Essa abordagem recebe o nome de identificação online realizada por um método recursivo
(LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983; COELHO, 2004).
Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na implementação dos métodos de
identificação recursiva para se garantir uma estimação adequada dos parâmetros do modelo
do sistema. Além disso, ao contrário dos métodos de identificação não recursiva, que
permitem vários testes para a escolha da melhor estrutura para o modelo do sistema, nos
métodos de identificação recursiva deve-se definir previamente qual será a ordem do modelo
a ser utilizado, antes mesmo de o sistema ser colocado em operação.
Existem vários métodos de identificação recursiva (mínimos quadrados recursivo e suas
diferentes variações, máxima verossimilhança recursiva, variáveis instrumentais, erro de
saída, erro de saída com predição de modelo estendido) que podem ser utilizados para obter
uma estimativa adequada dos parâmetros (não tendenciosa), dependendo a quais perturbações
o sistema está sendo submetido (COELHO, 2004).
Podem-se dividir em quatro tipos as estruturas envolvendo a planta juntamente com as
perturbações (LANDAU, 1990). Para o caso particular do projeto de estabilizadores de
24
sistemas de potência, apenas duas dessas estruturas serão consideradas, que podem ser obtidas
a partir da Equação (3.5):
1) −
= − −
+ (3.7)
2) −
= − −
+ − (3.8)
É bastante comum na literatura sobre identificação de sistemas a segunda estrutura
‘Planta + Ruído’ ser referida como sistema do tipo ARMAX (do inglês, Auto-Regressive
Moving Average with Exogenous Input) (LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983; LANDAU, 1990;
HEMERLY, 1996). Para o caso particular em que o polinômio −
= , recai-se no
primeiro caso, Equação 3.2, com o sistema recebendo o nome de ARX (do inglês, Auto-
Regressive with Exogenous Input).
Para a primeira estrutura, um método de identificação que apresenta resultados
satisfatórios é o tradicional Método dos Mínimos Quadrados (MQ), porém para o segundo
caso deve-se utilizar o Método dos Mínimos Quadrados Estendido (MQE), o qual evita que a
estimativa dos parâmetros do modelo selecionado seja tendenciosa (LANDAU, 1990;
COELHO, 2004; AGUIRRE, 2007; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008).
3.3.2 Método dos Mínimos Quadrados
Partindo do princípio que o sistema pode ser representado pela Equação (3.7) e supondo
(sem perda de generalidade) o atraso = , deseja-se obter a cada instante de amostragem o
vetor de parâmetros �, que melhor representa a dinâmica do sistema em sua condição de
operação atual. Explicitamente � é dado por:
� = [ ] (3.9)
Da mesma forma, pode-se definir o vetor de medidas do sistema � como:
� = [ − − − − � − − � ] (3.10)
Assim a Equação (3.7) pode ser reescrita na forma:
= � � + (3.11)
25
Essa modelagem em estatística, é conhecida como ‘regressão linear’ em estatística, com
� sendo conhecido também como vetor regressor e seus parâmetros chamados de
variáveis de regressão. Para o caso não recursivo, com � medidas disponíveis, o objetivo do
método é minimizar o seguinte critério quadrático:
� =
�
∑ ��−�[ − � � ]
�
�=
(3.12)
Onde � é chamado de fator de esquecimento, utilizado para que as medidas recentes
tenham um maior peso na atualização de parâmetros do que medidas mais antigas (geralmente
, � , ) (LANDAU,1990; COELHO, 2004).
O produto � � . pode ser interpretado como uma predição do valor do sinal de saída,
baseado no vetor de parâmetros do sistema. Sendo assim, a minimização de � pode ser
interpretada como a escolha dos parâmetros do vetor � que formam o modelo que fornece a
melhor predição do sinal de saída. O critério � é quadrático em �, sendo minimizado
analiticamente, o que leva a:
� � = [∑ ��−�
� �
�
�=
]
−
∑ ��−�
�
�
�=
(3.13)
A Equação (3.13) possui solução desde que a matriz inversa exista. Essa condição pode
ser facilmente satisfeita se o sistema for continuamente excitado por um sinal do tipo PRBS
(do inglês, Pseudo-Random Binary Signal), já que nesse caso as linhas da matriz serão
linearmente independentes (LANDAU, 1990; AGUIRRE, 2007). A expressão (3.13) é o
estimador dos mínimos quadrados e pode ser colocado na forma recursiva por meio de
algumas manipulações algébricas (LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983). O algoritmo na forma
recursiva é mostrado a seguir:
Passo 0: Inicialização
 O algoritmo dos Mínimos Quadrados Recursivo (MQR) é inicializado
depois da escolha de um valor inicial para a matriz de covariância da
estimação ( ) que assegure a não singularidade da matriz −
.
Recomenda-se que a mesma seja inicializada como = , onde é
uma matriz identidade quadrada de ordem (� + � ) e é uma constante
26
positiva grande (normalmente utiliza-se ). Quanto menor for o valor
de , mais lenta será a convergência do método;
 O vetor de parâmetros e o vetor de medidas podem ser inicializados como
vetores nulos.
Passo 1: Atualização do Vetor Regressor
 Atualiza-se o vetor regressor, Equação (3.10), com as medidas mais recentes
de entrada e saída da planta.
Passo 2: Cálculo do Erro de Estimação
 O erro de estimação é definido por:
̂ = − � � − (3.14)
Onde o produto � � − representa uma estimativa da saída , baseada nos
valores anteriores dos parâmetros. Em outras palavras, ̂ pode ser interpretado como o erro
de predição do sinal um passo adiante, baseado na estimativa de � − .
Passo 3: Cálculo de Vetor de Ganhos:
 O vetor de ganhos é definido por:
=
− �
� + � − �
(3.15)
Passo 4: Cálculo da Matriz de Covariância
 A matriz de covariância é definida por:
=
�
[ − � − ] (3.16)
Onde é uma matriz identidade de mesma dimensão de .
Passo 5: Atualização dos Parâmetros Estimados
 A atualização da estimação dos parâmetros do modelo é obtida por:
� = � − + ̂ (3.17)
27
Passo 6: Espera do Novo Instante de Amostragem
 Retorna ao Passo 1, esperando o novo instante de amostragem para nova
execução do algoritmo.
Em resumo, a ideia do método dos mínimos quadrados é ajustar um modelo matemático
com relação a uma sequência de medidas de entrada e saída ‘observadas’, por meio da
minimização da soma quadrática da diferença entre o valor dos dados observados e daqueles
que foram estimados. Dessa forma, espera-se que ruídos ou incertezas nos dados medidos
tenham um menor efeito na precisão do modelo matemático estimado.
3.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Estendido
Caso se deseje estimar os parâmetros de uma estrutura na forma da Equação (3.8), é
necessário realizar algumas modificações no método dos MQ. Se o método descrito na
subseção anterior for utilizado sem essas modificações, os valores dos parâmetros estimados
poderão ser tendenciosos a valores que não são os verdadeiros parâmetros do sistema. A
solução para esse problema, que recebe o nome de Mínimos Quadrados Estendido, é estimar
simultaneamente os modelos da planta e do ruído, para obter um erro de predição que é
assintoticamente ‘branco’ (LANDAU, 1990). Assim, devem-se fazer as seguintes alterações
no algoritmo dos MQ:
i. O vetor de parâmetros é dado agora por:
� = [ ] (3.18)
ii. Da mesma forma, deve-se formar o vetor regressor como:
� = [ ] (3.19)
Onde:
= − − − − �
(3.20)= − − �
= − − �
iii. A matriz é agora uma matriz quadrada de dimensão (� + � + � ).
28
Feitas essas alterações, deve-se seguir os mesmos passos descritos no algoritmo dos
mínimos quadrados recursivo convencional para obter uma estimação dos parâmetros corretos
da planta e do ruído. Para o caso da identificação em lote, torna-se necessário utilizar um
método iterativo para cálculo do vetor regressor estendido, já que um modelo do sistema não
é conhecido previamente (COELHO, 2004; AGUIRRE, 2007).
3.3.4 Modificações no Método dos Mínimos Quadrados Recursivo
Os métodos de estimação recursiva, dentre eles o método dos mínimos quadrados,
quase sempre têm um comportamento inadequado durante variações bruscas do ponto de
operação de uma planta não linear. Isto ocorre porque durante o período transitório, os sinais
de entrada e saída fornecem informações que o estimador não consegue utilizar para obter um
modelo matemático linearizado adequado para a planta.
Para evitar que isso aconteça uma alternativa é monitorar os sinais de entrada e saída da
planta, desligando o estimador durante o período transitório e somente tornando a ativá-lo
quando a planta estiver em um novo ponto de operação. A grande controvérsia desta
alternativa é determinar exatamente quanto tempo depois de ‘congelar’ o processo de
estimação deve-se voltar a ativar estimador.
Entretanto, existem algumas modificações que podem ser incorporadas no algoritmo
dos mínimos quadrados para evitar a perda da estimação correta dos parâmetros do modelo,
sem utilizar a técnica de congelamento do estimador. Três dessas estratégias serão discutidas
a seguir:
 Busca Aleatória (Random Walk): A cada iteração adiciona-se a a
matriz diagonal semidefinida positiva , cujos elementos descrevem a
suposta variação dos parâmetros do sistema. Os valores dos elementos não
nulos da diagonal devem refletir a magnitude aos parâmetros variantes.
Deve-se lembrar de que existe considerável liberdade na seleção da
magnitude dos elementos da diagonal de e que os mesmos devem ser
positivos, de tal forma que a atualização da matriz de covariância agora é
dada por (COELHO, 2004):
= =
�
[ − � − ] + (3.21)
29
 Fator de Esquecimento Adaptativo: A memória do algoritmo pode ser
diminuída por meio de uma redução no peso exponencial do fator �. Essa
medida torna a convergência do algoritmo mais rápida, porém os resultados
apresentarão uma maior flutuação. Uma opção para alterar o valor de �
automaticamente é utilizar o seguinte critério:
� = {
� − � + − � , ̂ <
� , ̂
(3.22)
Onde � , � e são variáveis selecionadas experimentalmente, geralmente
por tentativa e erro. Para o caso do sistema de potência estudado por Soos
(1997), os seguintes valores (que podem ser utilizados como primeira
tentativa de ajustes dos parâmetros) são adotados: � = , ; � = , e
= , .
Recomenda-se também que o fator de esquecimento seja mantido constante
durante os primeiros passos do processo de identificação, para não interferir
a velocidade de convergência do MQR.
 Coeficiente de Rastreamento Restrito (Tracking Constrained Coefficient): A
estimativa dos mínimos quadrados é ótima se os distúrbios são gaussianos,
já que isso faz com que o erro de predição seja um ruído branco. Na prática
essa suposição não é verdadeira, o que causa alguns problemas no algoritmo
dos MQR. Uma consequência direta disso é que um erro grande terá um
grande impacto, já que os erros aparecem ao quadrado na função custo.
Os componentes do vetor na Equação (3.17) são pesos que
evidenciam como a correção e a estimativa prévia devem ser combinadas.
Para evitar grandes variações nos parâmetros estimados (quando o sistema
muda de condição de operação ou sofre uma grande perturbação), pondera-
se o erro de predição ̂ , multiplicando-o pelo coeficiente de rastreamento
restrito , de tal forma que a atualização dos parâmetros do modelo
agora é dada por (SOOS, 1997):
� = � − + ̂ (3.23)
30
O efeito líquido desse peso é diminuir o impacto de grandes erros, o que
poderia ser considerado como equivalente ao congelamento do processo de
identificação durante uma variação abrupta nas condições de operação do
sistema, sem o problema de se ter que determinar quanto tempo o processo
de identificação deva permanecer sem atuar. O coeficiente pode ser
atualizado do seguinte modo:
= {
, � �⁄
�⁄ , � �⁄ >
(3.24)
Onde � e � são dados por:
� = ‖� − ‖
� = ‖ ̂ ‖
(3.25)
Com a norma sendo definida por:
‖ ‖ = ∑| �|
�=
(3.26)
A variável deve ser escolhida empiricamente como um gatilho
apropriado para eliminar a influência de grandes distúrbios (o valor sugerido
por Soos (1997) é usar = , ). É importante que na inicialização do
MQR, mantenha-se = até que ocorra a convergência do método.
3.3.5 Método de Projeto via Alocação de Polos
De posse do conjunto de parâmetros atual do sistema, resultantes da estimação
recursiva, existem vários métodos de controle que podem ser projetados em tempo real e
aplicados para garantir um desempenho adequado para o sistema. Dentre eles, podem-se citar
os seguintes métodos: Variância Mínima, Variância Mínima Generalizada e Alocação de
Polos (ASTRÖM & WITTENMARK, 1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). Cabe ao
projetista escolher dentre esses métodos qual melhor se aplica ao tipo de planta que se deseja
controlar.
No controle adaptativo auto-ajustável existem dois tipos de métodos de projeto de
controladores. No primeiro, controle auto-ajustável indireto, um modelo do sistema é obtido
31
através do método de identificação mostrado na Seção 3.3 e, utilizando esse modelo
identificado, os parâmetros do controlador são calculados a partir dos parâmetros estimados
da planta para satisfazer as especificações de projeto. Os métodos mais comuns usados são:
controlador PID (que combina a ação proporcional, integral e derivativa), método de alocação
de polos, no qual os parâmetros do controlador são calculados de tal forma que os polos em
malha fechada do sistema são alocados no plano-z em posições que atendam às especificações
de desempenho desejadas; controle linear quadrático ótimo, no qual uma função quadrática,
adequadamente selecionada, é minimizada por um controlador linear, etc.
No segundo método, controle auto-ajustável direto, o projeto é organizado de tal forma
que os parâmetros do controlador necessários para produzir o desempenho desejado são
estimados diretamente, sem a necessidade dos parâmetros do modelo do sistema. Esses
métodos envolvem a minimização da variância do sinal de saída do sistema ou de um sistema
auxiliar cujo sinal de saída é função do sinal de entrada, sinal de saída e sinal de referência do
sistema.
Neste trabalho, somente o método de alocação de polos é considerado, uma vez que esse
método é bastante empregado para o projeto de estabilizadores de sistemas de potência
adaptativos (BARREIROS, 1989). Considerando um sistema livre de ruído na topologia RST
mostrado na Figura 3.3 e modelado conforme a Equação (3.2), tem-se um controlador
expresso da forma (LANDAU, 1998):
−
= −
− −
= − [ − ] (3.27)
Os polinômios −
, −
e −
são definidos como:
−
= + −
+ + −
(3.28)−
= + −
+ + −
−
= + −
+ + −
O sistema em malha fechada pode ser expresso como:
=
− −
− − + − −
(3.29)
32
Figura 3.3 – Diagrama de blocos para controle auto-ajustável via alocação de polos.
Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de BARREIROS, 1989.
Se o polinômio em malha fechada que satisfaz as especificações de desempenho é
definido por:
−
= + −
+ + �
− �
(3.30)
Então os parâmetros do controlador que alocam os polos do sistema nas posições
desejadas em malha fechada são dados pela solução da equação:
− −
+ − −
= −
(3.31)
A Equação (3.31) é conhecida como equação Diofantina (ASTRÖM &
WITTENMARK, 1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008) e determina os coeficientes dos
polinômios −
, −
e −
do controlador. Fixando a ordem dos polinômios de tal
modo que:
� = � −
� = � = � + −
� � + � + −
Comparando os coeficientes de mesma potência nos dois lados da Equação (3.31),
somente uma única solução para os coeficientes dos polinômios −
e −
pode ser
encontrada. Como −
= −
, a solução da equação Diofantina pode ser representada
na forma matricial; por exemplo, para = , a solução é dada por:
33
[
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
] [ ]
=
[
−
−
�
−
]
(3.32)
Como o objetivo do ESP é ampliar o amortecimento natural � do modo pouco
amortecido do sistema de potência, capturado pelo modelo identificado da planta, sem alterar
significantemente a frequência natural � do respectivo modo, os coeficientes de −
devem ser adequadamente escolhidos para satisfazer essa condição, além de evitar a obtenção
de um controlador inadequado, que na prática, talvez cause a saturação do atuador, ou até
mesmo a obtenção de um controlador com polos instáveis (BARREIROS, 1989). Uma técnica
largamente utilizada é escolher � = � e deslocar os polos em malha fechada na mesma
direção radial de cada polo correspondente em malha aberta para a origem do plano-z, porém
com a distância reduzida por um fator (fator de contração radial), calculado por meio da
equação (BARRA et al., 2011):
= [− � − � � ] (3.33)
Com . Os valores � (adimensional) e � em radianos por segundo são
obtidos dos parâmetros do modelo ARX identificado, é o período de amostragem em
segundos, enquanto que o projetista deve especificar o valor de amortecimento desejado � .
Essa técnica, que é equivalente a mover os polos para a esquerda do plano-s no caso contínuo,
assegura que o desempenho do sistema pode ser melhorado e é conhecida como deslocamento
radial dos polos. Para a técnica específica do deslocamento radial dos polos, a Equação (3.32)
passa a ser expressa por:
[
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
⋱
] [ ]
=
[
−
−
−
]
(3.34)
34
Um algoritmo auto-ajustável recursivo baseado na alocação de polos via técnica de
deslocamento radial dos polos consiste dos seguintes passos:
i. Utilizando um algoritmo recursivo, atualizar os parâmetros do modelo:
= [− − − − − ] + [ − + − + ] (3.35)
ii. Calcular a partir da Equação (3.34) os parâmetros do controlador que
alocam os polos em malha fechada de tal modo a satisfazer os critérios de
desempenho desejados.
iii. Disponibilizar a saída do controlador baseado nos parâmetros do
controlador mais atualizados disponíveis:
= −[ − + − + ]
+ [ [ − ] + [ − − − ] + ]
(3.36)
iv. Retorna ao passo i, esperando o novo instante de amostragem para nova
execução do algoritmo.
Embora o algoritmo apresentado tenha sido desenvolvido para um sistema livre de
ruído, tem-se observado, em muitas aplicações, que esse algoritmo ainda é capaz de trabalhar
mesmo na presença de ruído, devido ao mecanismo de realimentação. Essa propriedade do
controle auto-ajustável é mostrada em Aström & Wittenmark (2008).
3.4 Conclusão
O objetivo desse capítulo foi apresentar as ideias básicas sobre o Controle Adaptativo
Auto-Ajustável. Mostrou-se também o método de identificação recursiva e algumas variações
do mesmo para identificar modelos lineares que representem adequadamente o ponto de
operação atual do sistema de potência. De posse de um modelo linear de ordem reduzida,
aplica-se então o método de alocação de polos via deslocamento radial como estratégia de
controle para se obter um controlador adaptativo. Essa é a estratégia de controle que será
utilizada no próximo capítulo para obter estabilizadores de sistemas de potência adaptativos,
cujo objetivo é amortecer as oscilações eletromecânicas de interesse.
35
4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES
4.1 Introdução
O objetivo deste capítulo é apresentar os resultados obtidos com a utilização da técnica
de deslocamento radial dos polos aplicada para amortecer as oscilações eletromecânicas de
um sistema do tipo máquina síncrona – barramento infinito, comparando-se o desempenho
obtido por um ESP convencional e pelo ESP adaptativo proposto. Discute-se também a
identificação paramétrica de um modelo do sistema adequado ao projeto do estabilizador
adaptativo, optando-se por uma identificação recursiva permanentemente aplicada usando o
coeficiente de rastreamento restrito. Inicialmente será feito um estudo para selecionar a ordem
adequada para o modelo da planta a ser identificado, de tal forma que os modos de oscilação
de interesse possam ser satisfatoriamente observados. Definida a ordem do modelo serão
então efetuadas simulações não lineares com a finalidade de validar o método de controle
adaptativo proposto neste estudo. Em todas as simulações apresentadas, utiliza-se uma taxa de
amostragem de 25 Hz (intervalo de amostragem igual a 40 ms) tanto para o estimador quanto
para o controlador adaptativo.
4.2 Identificação do Modelo da Planta
Para excitar adequadamente os modos de oscilação na faixa entre 0,1 Hz e 2,5 Hz,
projetou-se um sinal do tipo PRBS em ambiente computacional, a partir das recomendações
feitas por Landau (1990), com 10 células compondo o registrador de deslocamento e
utilizando um intervalo de amostragem Δ igual a 100 milissegundos. Um sinal PRBS assume
somente dois valores: + e − ; esses valores mudam a cada Δ intervalos discretos de tempo
e essas mudanças acontecem de uma maneira determinística pseudoaleatória. A sequência
gerada pelo registrador de deslocamento é periódica, com período � × Δ (onde � é um
número inteiro), porém o período pode ser feito suficientemente extenso de tal modo que
possa ser considerado aleatório para aplicação. A sequência de máximo comprimento é a mais
comumente usada, onde � = − (onde � é o número de células do registrador de
deslocamento).
Sendo assim, a faixa de frequência excitada pelo PRBS é:
 Frequência mínima: � = � × Δ⁄ = [ − × , ] −
≅ , Hz
 Frequência máxima: á ≅ × Δ⁄ = ,⁄ = , Hz
36
Portanto, a faixa de frequência excitada engloba as frequências de interesse para o
amortecimento das oscilações eletromecânicas do sistema de potência. Na Figura 4.1 é
mostrado 100 amostras do PRBS gerado computacionalmente.
Figura 4.1 – PRBS gerado pelo registrador de deslocamento ( = , ).
Fonte: Elaboração própria.
O PRBS gerado é sobreposto ao sinal de saída do ESP (sinal de entrada), enquanto o
sinal de saída é coletado logo após o filtro washout do estabilizador com intervalo de
amostragem de 40 milissegundos.
Figura 4.2 – Diagrama de Bode do sistema elétrico de potência.
Fonte: Elaboração própria.
37
A partir da resposta em frequência do sistema, percebe-se que o mesmo apresenta um
modo dominante mal amortecido em torno de , Hz. Verifica-se também que o PRBS
projetado é capaz de excitar adequadamente a dinâmica da planta, conforme o esperado.
Por meio da toolbox de identificação do Matlab (LJUNG, 2013; MATHWORKS,
2015), foram realizados alguns testes de identificação offline da planta, com o objetivo de
definir qual seria uma ordem adequada do modelo para ser utilizado nas simulações
posteriores. Em todas as simulações que serão apresentadas nesse capítulo, supõe-se que a
planta pode ser representada por um modelo linear na forma ARX, com a estrutura:
−
= − −
+ (4.1)
Os polinômios −
e −
são definidos como:
−
= + −
+ −
+ + −
(4.2)
−
= + −
+ −
+ + −
Com � = � e , e sendo os sinais de entrada (tensão de saída do ESP),
saída (desvio de velocidade angular do eixo do rotor) e ruído, respectivamente.
4.2.1 Identificação em Lote (Não Recursiva)
Utilizando os sinais de entrada e saída coletados para o ponto de operação: =
, ; = , ; �̇ = , ∠ , ° ; �̇∞ = , ∠ ° . Foram identificados
modelos de 2ª à 6ª ordem, sendo que os modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem apresentaram os
melhores resultados. Foram coletados 1000 pares de entrada e saída, sendo que a primeira
metade dos dados foi reservada para fazer a estimação dos modelos, enquanto que o restante
dos dados foi aplicado para validação dos mesmos. Na Figura 4.3 é mostrada uma parcela dos
dados coletados referente aos 40 primeiros segundos da etapa de identificação do sistema.
38
Figura 4.3 – Sinais de entrada e saída coletados para um dado ponto de operação.
Fonte: Elaboração própria.
O modelo de 2ª ordem obtido não capturou de forma eficiente as informações relativas
ao modo de oscilação dominante do sistema sendo, portanto descartado. Em relação aos
quatro modelos restantes, o modelo de 3ª ordem foi o que apresentou o maior erro acumulado
(entre a saída real e a saída do modelo), sendo dessa forma também descartado. Assim, a
escolha da ordem do modelo ficou restrita aos modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem. Na Tabela 1 são
mostrados os somatórios dos erros quadráticos para cada modelo identificado.
Tabela 1 – Somatório dos erros quadráticos para os modelos identificados.
Modelo Somatório dos Erros Quadráticos Ajuste aos Dados de Validação
2ª Ordem , × −
, %
3ª Ordem , × −
, %
4ª Ordem , × − , %
5ª Ordem , × −
, %
6ª Ordem , × − , %
Fonte: Elaboração própria.
As Tabelas 2 e 3 mostram os valores dos polos e zeros dos modelos identificados de 4ª,
5ª e 6ª ordem, enquanto que a disposição desses polos e zeros no plano-z é mostrada na Figura
4.4. É importante notar que alguns dos polos e zeros do modelo de 6ª ordem (mostrados em
negrito) estão muito próximos e praticamente se cancelam o que faz com que os mesmos não
tenham tanta influência na dinâmica desse modelo.
39
Tabela 2 – Polos dos modelos discretos.
Modelo de 4ª Ordem Modelo de 5ª Ordem Modelo de 6ª Ordem
, ± , , ± , , ± ,
, ± , , ± , − , � ± , �
─ , , ± ,
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 3 – Zeros dos modelos discretos.
Modelo de 4ª Ordem Modelo de 5ª Ordem Modelo de 6ª Ordem
, , ,
− , − , − ,
− , − , ± , − , ± ,
─ ─ ,
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.4 – Localização dos polos e zeros dos modelos identificados da planta.
Fonte: Elaboração própria.
Na Tabela 4 comparam-se as frequências naturais não amortecidas obtidas por meio dos
modelos identificados, nota-se que os modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem conseguem representar
adequadamente a dinâmica do sistema.
40
Tabela 4 – Comparação dos modelos identificados.
Modelo Coeficiente de Amortecimento Frequência Natural (Hz)
Modelo de 4ª Ordem � = , ,
Modelo de 5ª Ordem � = , ,
Modelo de 6ª Ordem � = , ,
Fonte: Elaboração própria.
Dessa forma, comprova-se que os modelos lineares discretos são capazes de representar
satisfatoriamente o sistema não linear no ponto de operação em particular onde os sinais de
entrada e saída foram coletados. Entretanto, quanto maior a ordem do modelo discreto a ser
estimado, maior será o esforço computacional para estimar os parâmetros dos modelos. Como
os modelos de 5ª e 6ª ordem não apresentam uma dinâmica muito diferente da apresentada
pelo modelo de 4ª ordem, escolheu-se este último como sendo o mais adequado para
representar o sistema máquina síncrona – barramento infinito. Tal escolha de modelo também
impacta na estrutura do controlador adaptativo a ser utilizado, uma vez que esta depende da
ordem do modelo da planta selecionado (alocação de polos de grau mínimo). A estrutura do
modelo de 4ª ordem selecionado é explicitada abaixo:
= − − − − − − − −
+ − + − + − + −
4.2.2 Identificação Recursiva
Com o objetivo de se avaliar o comportamento do identificador baseado no método dos
mínimos quadrados recursivo, os mesmos sinais de entrada e saída apresentados
anteriormente são utilizados para se obter um modelo linear de 4ª ordem para o ponto de
operação do sistema onde os dados foram coletados. O algoritmo teve os valores iniciais do
vetor regressor � e do vetor de parâmetros estimados � nulos; Os valores da diagonal
principal da matriz de covariância foram inicializados com valor igual a e com fator de
esquecimento � igual a , , esse valor de � resulta em uma maior ponderação dos
últimos pares de entrada e saída apresentados ao algoritmo. Vale ressaltar que a utilização de
um fator de esquecimento constante resulta em uma estimação mais rápida, porém mais
ruidosa, portanto deve existir um compromisso entre rapidez e ruído na estimação. A
evolução dos parâmetros � e � dos polinômios −
e −
são apresentados na Figura
4.5 e Figura 4.6.
41
Figura 4.5 – Parâmetros estimados de −
.
Fonte: Elaboração própria.
Pode se observar que os parâmetros estimados dos polinômios −
e −
convergem rapidamente para os seus respectivos valores finais, mostrando que o método dos
mínimos quadrados é uma ferramenta adequada na identificação de sistemas lineares.
Figura 4.6 – Parâmetros estimados de −
.
Fonte: Elaboração própria.
42
O estimador converge rapidamente, com uma estimativa confiável para o modelo, sendo
obtida em um intervalo de tempo razoável. Dessa forma, os parâmetros do modelo de 4ª
ordem para um intervalo de tempo de vinte segundos são apresentados na Tabela 5, com os
polos e zeros do modelo sendo mostrado na Tabela 6, o erro de predição pode ser vista na
Figura 4.7 e a evolução do traço da matriz de covariância na Figura 4.8.
Tabela 5 – Parâmetros identificados dos polinômios −
e −
.
1 − , 0 ,
2 , 1 ,
3 − , 2 − ,
4 , 3 − ,
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 6 – Polos e zeros calculados a partir dos polinômios −
e −
identificados.
Polos Zeros
, ± , ,
, ± , − ,
─ − ,
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.7 – Evolução do erro de predição do estimador.
Fonte: Elaboração própria.
43
Figura 4.8 – Evolução do traço da matriz de covariância do estimador.
Fonte: Elaboração própria.
O modelo identificado por meio do método dos mínimos quadrados recursivo consegue
representar adequadamente a dinâmica do sistema no ponto de operação considerado, como
pode ser visto analisando-se os valores dos polos dominantes estimados recursivamente
presentas na Tabela 7. Na Figura 4.9 é mostrada a localização no plano-z dos polos e zeros do
modelo de 4ª ordem estimados de forma recursiva, enquanto que na Figura 4.10 é mostrada a
resposta o impulso do mesmo.
Figura 4.9 – Localização dos polos e zeros do modelo de 4ª ordem da planta.
Fonte: Elaboração própria.
44
Figura 4.10 – Resposta ao impulso do modelo de 4ª ordem da planta.
Fonte: Elaboração própria.
A comparação entre a saída real do sistema e a saída estimada pelo modelo ARX de
quarta ordem é mostrada na Figura 4.11.
Figura 4.11 – Comparação entre a saída real e a saída do modelo estimado do sistema.
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 7 – Características do modelo de 4ª ordem identificado.
Polo Dominante Coeficiente de Amortecimento Frequência Natural (Hz)
, ± , � = , ,
Fonte: Elaboração própria.
45
Observa-se que o modelo capturou satisfatoriamente a dinâmica do modo de oscilação
eletromecânico de , Hz. Sendo assim pode-se concluir que a utilização do modelo ARX
de 4ª ordem é adequada para capturar as informações sobre o modo de oscilação dominante da
planta. Todas as simulações para avaliar o desempenho do controlador adaptativo proposto
neste trabalho utilizaram o método de identificação recursiva com busca aleatória e
coeficiente de rastreamento restrito, uma vez que o estimador não é influenciado durante o
período transitório, conseguindo fornecer um modelo adequado antes e depois da falta ter sido
aplicada. Além disso, caso ocorra uma mudança no ponto de operação do sistema após a
perturbação, o novo ponto de operação é adequadamente representado na atualização do
modelo estimado.
4.3 Simulações Não Lineares
O método de Alocação de Polos via Deslocamento Radial será a estratégia de controle
utilizada no projeto dos estabilizadores do sistema de potência. Para comparar o desempenho
do controlador proposto, um ESP convencional utilizando o desvio de velocidade angular
(rad/s) como sinal de entrada será projetado. O ESP convencional foi projetado seguindo as
recomendações de Larsen & Swann (1981) e possuindo a seguinte função de transferência:
= � �
+
(
+
+
+
+
) (4.1)
O ponto de operação escolhido para sintonizar o ESP convencional é definido por:
= , = , �̇ = , ∠ , ° �̇∞ = , ∠ °
Com os seguintes parâmetros do ESP convencional sendo obtidos:
� � =
�
= , × −
/ ⁄
=
= = ,
= = ,
Para o caso máquina síncrona – barramento infinito, os ESPs convencionais, quando
bem projetados, geralmente apresentam um desempenho aceitável quando a potência reativa é
fornecida pela máquina síncrona. Nos casos em que o gerador opera absorvendo potência
reativa, os estabilizadores convencionais têm seu desempenho degradado pela maior
dificuldade de sintonização (BARREIROS et al., 2002).
46
Partindo-se desse princípio e mantendo-se �̇∞ = , ∠ ° , os seguintes pontos de
operação inicial do gerador serão utilizados:
1) = , , = , e �̇ = , ∠ , ° (mesmo ponto de
operação utilizado para sintonizar o ESP convencional).
2) = , , = − , e �̇ = , ∠ , °
Os resultados das simulações serão apresentado a seguir, com o tempo total de
simulação para todos os casos sendo igual a 30 segundos. As faltas ou mudanças no ponto de
operação serão sempre aplicadas após 20 segundos de simulação, para que o algoritmo de
identificação com busca aleatória e coeficiente de rastreamento restrito possa ter uma
estimação paramétrica confiável. Por causa disso, somente o intervalo de tempo entre 19 e 30
segundos será mostrado nos gráficos, exceto para os gráficos que representam a evolução dos
parâmetros estimados do sistema, onde o tempo de simulação completo será mostrado. Em
todas as simulações o ESP adaptativo foi projetado para fornecer um amortecimento de 30%,
o intervalo adequado indicado é de 10% a 30% (BARRA et al., 2011), com o valor do fator de
contração radial sendo calculado pela Equação (3.33) como representado abaixo:
= [− , − , × , × , ] = ,
4.3.1 Caso 1
Neste caso, o sistema opera na mesma condição utilizada para projetar o ESP
convencional. Partindo dessa condição de operação, o sistema é submetido a três testes:
a) O sistema é submetido a um curto-circuito trifásico na barra terminal do gerador no
instante de tempo igual a 20 segundos e duração de 100 milissegundos, de tal forma
que o ponto de operação do sistema permanece o mesmo antes e após a falta.
b) O sistema é submetido a um curto-circuito trifásico na barra terminal do gerador no
instante de tempo igual a 20 segundos, com duração de 100 milissegundos e com a
perda de uma das linhas do circuito duplo entre as barras 1 e 2 acontecendo após a
falta ser sanada.
c) O sistema é submetido a uma variação de +10% na tensão de referência do gerador
no instante de tempo igual a 20 segundos, o que causa uma mudança no ponto de
operação original do sistema.
47
A escolha dessas três faltas se justifica por submeterem o sistema tanto a um grande
impacto (testes a e b) quanto a uma pequena perturbação (teste c), podendo-se avaliar o
desempenho do estabilizador proposto e do estabilizador convencional em cada situação. Para
o teste (a) o ESP adaptativo auto-ajustável apresenta um desempenho inferior, mas
semelhante ao ESP convencional a parâmetros fixos, uma vez que esse ponto de operação foi
utilizado para o projeto do ESP convencional, conforme se verifica nas Figuras 4.12 a 4.15.
Figura 4.12 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.13 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
48
Figura 4.14 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.15 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Para o teste (b) o ESP adaptativo auto-ajustável apresenta um desempenho superior,
porém muito próximo ao ESP convencional a parâmetros fixos, ao amortecer as oscilações
eletromecânicas ocasionadas por uma grande perturbação que levou a uma mudança nas
condições operativas do sistema, conforme se verifica nas Figuras 4.16 a 4.19.
49
Figura 4.16 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.17 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
50
Figura 4.18 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.19 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
Para o teste (c) o ESP adaptativo auto-ajustável também apresenta um desempenho
levemente superior quando comparado ao ESP convencional a parâmetros fixos mediante uma
perturbação promovida pela mudança da tensão terminal de referência do gerador, com ambos
conseguindo um amortecimento adequado das oscilações pós-falta, conforme se verifica nas
Figuras 4.20 a 4.23.
51
Figura 4.20 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste c.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.21 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste c.
Fonte: Elaboração própria.
52
Figura 4.22 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste c.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.23 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste c.
Fonte: Elaboração própria.
4.3.2 Caso 2
Neste segundo caso, o sistema opera com margens de estabilidade menores comparadas
com as existentes no primeiro caso (antes da falta a diferença angular dos geradores era igual
a 61,4º, enquanto valia 50,76º para o Caso 1), com este novo ponto de operação sendo bem
diferente daquele utilizado para projetar o ESP convencional (gerador opera consumindo
potência reativa).
53
Por isso, os resultados das simulações não lineares do sistema mostram que o ESP
convencional apresenta um desempenho inferior aos resultados obtidos para o ESP adaptativo
para os testes (b) e (c). Para o teste (a), o estabilizador convencional amortece mais
adequadamente as oscilações imediatamente após a aplicação da falta quando comparado ao
estabilizador adaptativo, conforme pode ser visto nas Figuras 4.24 a 4.27.
Figura 4.24 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.25 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
54
Figura 4.26 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.27 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste a.
Fonte: Elaboração própria.
Para o teste de curto-circuito trifásico juntamente com perda de linha de transmissão, o
ESP adaptativo mostrou-se mais adequado para o amortecimento das oscilações
eletromecânicas promovidas pela falta aplicada. A comparação entre o desempenho do
estabilizador a parâmetros fixos e o estabilizador adaptativo proposto neste trabalho para o
teste (b) é mostrado nas Figuras 4.28 a 4.31.
55
Figura 4.28 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.29 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste b.
Fonte: Elaboração própria.
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PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL

  • 1. INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS BELÉM CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL BELÉM 2015
  • 2. LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA – Campus Belém – como requisito para a obtenção de Grau em Engenharia de Controle e Automação. Orientador: Prof. Dr. André Maurício Damasceno Ferreira. Co-orientador: Prof. Dr. Walter Barra Junior. BELÉM 2015
  • 3. Dados para catalogação na fonte Setor de Processamento Técnico Biblioteca IFPA – Campus Belém C355p Castro, Luís Augusto Mesquita de. Projeto de estabilizadores de sistemas elétricos de potência utilizando controle adaptativo auto-ajustável / Luís Augusto Mesquita de Castro. – Belém, 2015. 85 f. Impresso por computador. Orientador: André Maurício Damasceno Ferreira. Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso (Engenharia de Controle e Automação) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, 2015. 1. Estabilidade de sistemas elétricos de potência. 2. Controle adaptativo. I. Título. CDD: 621.381
  • 4. LUÍS AUGUSTO MESQUITA DE CASTRO PROJETO DE ESTABILIZADORES DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UTILIZANDO CONTROLE ADAPTATIVO AUTO-AJUSTÁVEL Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA – Campus Belém – como requisito para a obtenção de Grau em Engenharia de Controle e Automação. Data de Defesa: 15/12/2015 Conceito: Excelente Banca Examinadora: _________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. André Maurício Damasceno Ferreira Instituto Federal do Pará _________________________________________________ Coorientador: Prof. Dr. Walter Barra Junior Universidade Federal do Pará _________________________________________________ Prof. Dr. Luís Carlos Macedo Blasques Instituto Federal do Pará _________________________________________________ Profa. M.Sc. Rejane de Barros Araújo Instituto Federal do Pará
  • 5. i Para meus queridos pais, Ana Maria e Severino Luis, por serem os maiores responsáveis por quem eu sou hoje, estando sempre presentes nos bons e maus momentos da minha vida.
  • 6. ii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus (seja Ele qual for), que nos concede o dom da vida e a capacidade de aprender um pouco mais todos os dias. Agradeço ao meu orientador e professor André Maurício Damasceno Ferreira, pela confiança e dedicação depositadas nesse trabalho e sua paciência ao transmitir seus conhecimentos e contribuir na minha formação acadêmica e profissional. Agradeço ao meu co-orientador e professor Walter Barra Junior, pelos seus ensinamentos e suas inúmeras sugestões sempre valiosas. Agradeço a professora Rejane de Barros Araújo, por sua disposição em sempre ajudar na conclusão deste trabalho. À minha família, em especial aos meus pais, Ana Maria Mesquita de Castro e Severino Luis de Castro, pelo amor e apoio incondicional por toda a minha vida. Aos professores do Curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), que contribuíram diretamente na conclusão de mais uma etapa importante da minha vida. Aos meus amigos de infância, trabalho e faculdade, cuja amizade jamais será esquecida, por partilharem suas estórias e tempo comigo e tornarem os meus dias mais agradáveis.
  • 7. iii Seja humilde sempre. Pai Não faz mais do que a tua obrigação. Mãe
  • 8. iv RESUMO A utilização de Estabilizadores de Sistema de Potência é imprescindível para uma operação confiável de sistemas elétricos de grande porte. A maior parte dos estabilizadores atualmente em operação é projetada por meio de técnicas de controle clássico, utilizando modelos linearizados do sistema elétrico. Embora este tipo de estabilizador apresente desempenho satisfatório para o amortecimento das oscilações eletromecânicas inerentes ao sistema de potência, muitos estudos mostram que utilização de técnicas de controle adaptativo e inteligentes para a síntese da lei de controle nesses estabilizadores pode produzir resultados ainda melhores. Neste trabalho é investigado o desempenho de uma estratégia de controle adaptativo, do tipo auto-ajustável, aplicada ao amortecimento de oscilações eletromecânicas em sistemas de potência interligados. Em cada condição de operação, um modelo paramétrico linear é estimado online, via o método de mínimos quadrados recursivo. Os parâmetros do modelo estimado são subsequentemente utilizados na atualização dos ganhos da lei de controle inserida no estabilizador, a cada intervalo de amostragem. Os parâmetros do controlador são calculados via a técnica de posicionamento de polos, de modo a deslocar radialmente os polos do sistema em malha fechada para uma região de maior estabilidade. Palavras-chave: Estabilidade de sistemas elétricos de potência. Estabilizadores de sistemas de potência. Oscilações eletromecânicas. Identificação de sistemas. Controle adaptativo. Alocação de polos via deslocamento radial dos polos.
  • 9. v ABSTRACT The use of power system stabilizers is essential for reliable operation of large electrical systems. Most stabilizers in operation are designed using classical control techniques based in linearized power systems models. Although this type of stabilizer presents satisfactory performance for the damping of oscillations inherent in the power system, many studies show that use of adaptive control techniques and intelligent for the synthesis of the control law in these stabilizers can produce even better results. In this paper is investigated the performance of an adaptive control strategy, self-tuning type, applied to the damping of oscillations in interconnected power systems. In each operating condition, a linear parametric model is estimated online via the recursive least square method. The parameters of the estimated model are subsequently used in updating the control law of the stabilizer, each sampling interval. The controller parameters are calculated via the pole- shifting technique in order to radially displace the system closed loop poles to a more stable region. Keywords: Power system stability. Power systems stabilizers. Electromechanical oscillations. System identification. Adaptive control. Pole-shifting technique.
  • 10. vi LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Diferentes causas de instabilidade em sistemas de potência............................................... 7 Figura 2.2 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito por meio de uma impedância externa. 7 Figura 2.3 – Diagrama de blocos do modelo linearizado máquina síncrona – barramento infinito........ 8 Figura 2.4 – Sistema de excitação com excitatriz estática a tiristores................................................... 11 Figura 2.5 – Diagrama de blocos para o ESP com desvio de velocidade angular do rotor como sinal de entrada................................................................................................................................................... 13 Figura 2.6 – Diagrama de blocos para o ESP clássico. ......................................................................... 13 Figura 3.1 – Diagrama de blocos básico de um sistema de controle digital. ........................................ 20 Figura 3.2 – Diagrama de blocos de um controlador adaptativo auto-ajustável. .................................. 22 Figura 3.3 – Diagrama de blocos para controle auto-ajustável via alocação de polos.......................... 32 Figura 4.1 – PRBS gerado pelo registrador de deslocamento ( = , ). ......................................... 36 Figura 4.2 – Diagrama de Bode do sistema elétrico de potência. ......................................................... 36 Figura 4.3 – Sinais de entrada e saída coletados para um dado ponto de operação. ............................. 38 Figura 4.4 – Localização dos polos e zeros dos modelos identificados da planta................................. 39 Figura 4.5 – Parâmetros estimados de − ...................................................................................... 41 Figura 4.6 – Parâmetros estimados de − . .................................................................................... 41 Figura 4.7 – Evolução do erro de predição do estimador...................................................................... 42 Figura 4.8 – Evolução do traço da matriz de covariância do estimador................................................ 43 Figura 4.9 – Localização dos polos e zeros do modelo de 4ª ordem da planta. .................................... 43 Figura 4.10 – Resposta ao impulso do modelo de 4ª ordem da planta.................................................. 44 Figura 4.11 – Comparação entre a saída real e a saída do modelo estimado do sistema. ..................... 44 Figura 4.12 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste a......................................... 47 Figura 4.13 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste a.............................................. 47
  • 11. vii Figura 4.14 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste a...................... 48 Figura 4.15 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste a........................................... 48 Figura 4.16 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste b......................................... 49 Figura 4.17 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste b. ............................................ 49 Figura 4.18 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste b...................... 50 Figura 4.19 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste b........................................... 50 Figura 4.20 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste c......................................... 51 Figura 4.21 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste c.............................................. 51 Figura 4.22 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste c...................... 52 Figura 4.23 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste c........................................... 52 Figura 4.24 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste a......................................... 53 Figura 4.25 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste a.............................................. 53 Figura 4.26 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste a...................... 54 Figura 4.27 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste a........................................... 54 Figura 4.28 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste b......................................... 55 Figura 4.29 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste b. ............................................ 55 Figura 4.30 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste b...................... 56 Figura 4.31 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste b........................................... 56 Figura 4.32 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste c......................................... 57 Figura 4.33 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste c.............................................. 57 Figura 4.34 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste c...................... 58 Figura 4.35 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste c........................................... 58
  • 12. viii LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Somatório dos erros quadráticos para os modelos identificados......................................... 38 Tabela 2 – Polos dos modelos discretos................................................................................................ 39 Tabela 3 – Zeros dos modelos discretos................................................................................................ 39 Tabela 4 – Comparação dos modelos identificados.............................................................................. 40 Tabela 5 – Parâmetros identificados dos polinômios − e − ............................................... 42 Tabela 6 – Polos e zeros calculados a partir dos polinômios − e − identificados. ............ 42 Tabela 7 – Características do modelo de 4ª ordem identificado. .......................................................... 44 Tabela 8 – Índice de Desempenho ISE para os testes do Caso 1. ......................................................... 59 Tabela 9 – Índice de Desempenho ISE para os testes do Caso 2. ......................................................... 59 Tabela 10 – Rotina para identificação recursiva com busca aleatória e coeficiente de rastreamento restrito (mqr.m). .................................................................................................................................... 68 Tabela 11 – Rotina para alocação de polos via deslocamento radial dos polos (str.m). ....................... 69 Tabela 12 – Rotina para gerenciar estimação e controle do sistema de potência (sfac.m). .................. 70
  • 13. ix SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 1 1.1 Justificativa do Trabalho............................................................................................................... 2 1.2 Organização do Trabalho .............................................................................................................. 3 2 ESTABILIDADE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA............................................... 5 2.1 Introdução ..................................................................................................................................... 5 2.2 Modos de Oscilação ...................................................................................................................... 9 2.3 Sistemas de Excitação e Reguladores Automáticos de Tensão................................................... 10 2.4 Estabilizadores de Sistemas de Potência..................................................................................... 11 2.5 Modelagem Dinâmica do Sistema de Potência ........................................................................... 14 2.6 Conclusão.................................................................................................................................... 18 3 CONTROLE ADAPTATIVO......................................................................................................... 19 3.1 Introdução ................................................................................................................................... 19 3.2 Modelagem de Sistemas Discretos.............................................................................................. 19 3.3 Controle Adaptativo Auto-Ajustável .......................................................................................... 22 3.3.1 Conceitos Básicos sobre Identificação de Sistemas...................................................... 22 3.3.2 Método dos Mínimos Quadrados .................................................................................. 24 3.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Estendido ................................................................. 27 3.3.4 Modificações no Método dos Mínimos Quadrados Recursivo ..................................... 28 3.3.5 Método de Projeto via Alocação de Polos..................................................................... 30 3.4 Conclusão.................................................................................................................................... 34 4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES .............................................................................................. 35 4.1 Introdução ................................................................................................................................... 35 4.2 Identificação do Modelo da Planta.............................................................................................. 35 4.2.1 Identificação em Lote (Não Recursiva)......................................................................... 37 4.2.2 Identificação Recursiva................................................................................................. 40 4.3 Simulações Não Lineares............................................................................................................ 45 4.3.1 Caso 1............................................................................................................................ 46 4.3.2 Caso 2............................................................................................................................ 52 4.4 Conclusão.................................................................................................................................... 59
  • 14. x 5 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 63 APÊNDICE.......................................................................................................................................... 67 A. Dados do Sistema Máquina Síncrona – Barramento Infinito.................................................... 67 B. Listagem de Programas ............................................................................................................. 68
  • 15. 1 1 INTRODUÇÃO A sociedade moderna necessita de uma grande quantidade de energia a ser usada nas mais diversas atividades humanas. Para garantir que esta energia alcance seu destino com qualidade, economia e confiabilidade, tornou-se cada vez mais comum operar sistemas elétricos de grande porte de modo interligado. Além disso, a função de um sistema de energia elétrica é a de converter energia a partir de uma das formas primárias disponíveis naturalmente para a forma de energia elétrica e transportá-la para os pontos de consumo (MACHOWSKI et al., 2008). A energia raramente é consumida na forma elétrica, pois antes de ser consumida é convertida para as outras formas úteis para diversas atividades humanas, como calor, luz e força motriz. A vantagem da energia elétrica é que ela pode ser transportada e controlada com relativa facilidade e com um elevado grau de eficiência e confiabilidade. Um sistema de energia elétrica devidamente projetado e operado deve, portanto, atender aos seguintes requisitos fundamentais (KUNDUR, 1994): 1. O sistema deve ser capaz de atender à contínua variação de demanda de carga, tanto para energia ativa quanto reativa. Ao contrário de outros tipos de energia, a eletricidade não pode ser convenientemente armazenada em quantidade suficiente. Portanto, deve existir um equilíbrio entre demanda e geração, ou seja, a geração de energia deve ser mantida e controlada em função da demanda de energia a todo o momento. 2. O sistema deve fornecer energia a um custo mínimo e com o mínimo impacto ambiental. 3. A qualidade do fornecimento de energia deve atender a certos requisitos mínimos no que diz respeito aos seguintes fatores: a) Constância de frequência; b) Constância de tensão; e c) Nível de confiabilidade. Um Sistema Elétrico de Potência (SEP) possui inúmeros dispositivos de proteção e de controle com diversas características e velocidades de resposta, podendo ser considerado um sistema dinâmico de grande escala com múltiplas-entradas e múltiplas-saídas (acrônimo MIMO – Multiple Input and Multiple Output) que apresenta relações fortemente não lineares entre suas variáveis.
  • 16. 2 Essa elevada complexidade é uma característica inerente aos sistemas elétricos, já que o mesmo pode exibir mudanças em seus parâmetros naturalmente ao longo do tempo de utilização e também conforme a sua condição operacional é alterada (SAUER & PAI, 1998). Em determinadas situações de operação de um sistema elétrico pode acontecer o aparecimento de oscilações eletromecânicas de pequena magnitude e baixa frequência nas variáveis de tensão terminal, frequência e potência elétrica (KUNDUR, 1994; FERREIRA, 1996). Tais oscilações eletromecânicas são prejudiciais ao bom funcionamento do SEP, podendo levar a grandes apagões e danos aos componentes do mesmo. A presença do Estabilizador de Sistema de Potência (ESP) no sistema elétrico, que é basicamente um controlador que introduz ao regulador de tensão um sinal adicional, consegue reduzir, ou até mesmo eliminar, o efeito dessas oscilações indesejáveis, aumentando assim os limites de estabilidade do sistema elétrico (SAUER & PAI, 1998). Além disso, o ESP tem uma função econômica muito relevante, pois permite que o sistema elétrico transmita uma maior quantidade de potência elétrica, retardando a necessidade de construção de novas linhas de transmissão, economizando milhões em investimentos. 1.1 Justificativa do Trabalho De um modo geral, um SEP engloba a geração, transmissão e a distribuição de energia elétrica até os consumidores finais. Devido ao grande aumento de demanda por energia elétrica nas últimas décadas e o crescente número de interligações entre os sistemas elétricos existentes, a operação e controle destes tornou-se uma tarefa extremamente complexa. Entretanto, os sistemas elétricos interligados são necessários para garantir que a energia elétrica alcance seu destino com qualidade, segurança e confiabilidade. Nota-se, porém, especialmente em sistemas elétricos interligados, a existência de oscilações de pequena magnitude e baixa frequência nas principais variáveis controladas do sistema de potência e, para se amenizar este tipo de problema, é comum e quase obrigatória, a utilização dos ESPs na grande maioria dos sistemas de geração de grande porte. Nos últimos anos, grande atenção tem sido dada à pesquisa de ESPs que tenham a capacidade de apresentar um bom desempenho, independentemente do ponto de operação do sistema. Isso ocorre porque a grande maioria dos estabilizadores em operação, ainda hoje pelas concessionárias de energia elétrica, são controladores que utilizam estrutura e parâmetros fixos. Esses ESPs convencionais são sintonizados por meio de técnicas de controle clássico (OGATA, 2011; NISE, 2012; DORF & BISHOP, 2013) utilizando modelos
  • 17. 3 linearizados do sistema elétrico para uma condição de operação específica, esperando-se que os mesmos apresentem um resultado satisfatório em toda a faixa de operação do sistema, o que nem sempre é possível. Embora este tipo de estabilizador apresente desempenho satisfatório, inúmeros estudos confirmam que a utilização de técnicas de controle adaptativo ou inteligente para o projeto desses estabilizadores pode produzir resultados ainda melhores (BARREIROS, 1989; FERREIRA, 1998; BARRA et al., 2005). Partindo-se desse princípio, o objetivo deste Trabalho Acadêmico de Conclusão é um estudo de métodos de projeto de controladores adaptativos, a serem aplicados no amortecimento de oscilações eletromecânicas em sistemas elétricos de potência, para melhorar e aumentar as margens de estabilidade desses sistemas. O projeto do estabilizador utilizando estratégia de controle adaptativa será inserido no ambiente computacional por meio de técnica de programação baseada no uso de s-functions (MATHWORKS, 2015), uma vez que tal abordagem permite um maior nível de flexibilidade na implementação da lei de controle e de realização de testes em ambiente Matlab/Simulink. De um modo geral, uma das estratégias de controle adaptativo utilizada com bastante sucesso na área de controle de sistemas é o Controle Adaptativo Auto-Ajustável (Self-Tuning Adaptive Control) (ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). A aplicação dessa estratégia de controle em sistemas de potência para a síntese de ESPs adaptativos e a avaliação do desempenho do estabilizador convencional e adaptativo proposto será feita através de simulações numérica, usando um sistema do tipo máquina síncrona – barramento infinito. 1.2 Organização do Trabalho O presente trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: no Capítulo 2 são introduzidos os conceitos básicos sobre estabilidade de Sistemas Elétricos de Potência, incluindo os Estabilizadores de Sistemas de Potência e os Reguladores Automáticos de Tensão. Além disso, a modelagem para simulação dinâmica do sistema máquina – barramento infinito também será apresentada. Baseado nessa modelagem, um simulador para esse sistema foi desenvolvido por Ferreira et al. (2003) e todos os resultados de simulação que serão apresentados foram obtidos com esse simulador. No Capítulo 3 é feita uma breve revisão sobre controle digital, identificação de sistemas e controle adaptativo. Nesse capítulo também é apresentado detalhadamente o método de controle adaptativo por alocação de polos, mais especificamente a técnica de deslocamento radial dos polos, assim como os procedimentos de projeto.
  • 18. 4 Os resultados comparativos das simulações entre o desempenho de um estabilizador convencional e o estabilizador adaptativo proposto neste trabalho (implementado em ambiente computacional por meio da ferramenta desenvolvida neste trabalho através da utilização das s-functions) para diferentes condições de operação do sistema elétrico (curto- circuito trifásico sem perda de linha, curto-circuito trifásico com perda de linha e variação de carga) são apresentados no Capítulo 4. Por fim, o Capítulo 5 traz conclusões a respeito da utilidade da ferramenta computacional aqui disponibilizada para o meio acadêmico, a qual é intitulada como Adaptive Control Design Tool, além das conclusões retiradas da análise dos resultados obtidos com a utilização do controle adaptativo para o projeto de estabilizadores, mostram-se suas vantagens e desvantagens, assim como possíveis sugestões para futuros trabalhos a serem desenvolvidos nessa área.
  • 19. 5 2 ESTABILIDADE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA 2.1 Introdução Este capítulo apresenta alguns conceitos importantes sobre a estabilidade de sistemas de potência, mostrando como seus principais elementos são modelados matematicamente e como os mesmos afetam a estabilidade do sistema, bem como o que pode ser feito para melhorar a estabilidade do sistema elétrico. Um sistema de potência é dito estável se sua resposta oscilatória após uma perturbação é amortecida e o sistema encontra um novo ponto de operação. Caso isto não ocorra, diz-se que o sistema é instável (ANDERSON & FOAUD, 2002). Um exemplo típico de perturbação é uma pequena mudança na carga do sistema, o que faz com que o ângulo do rotor sofra uma pequena alteração, de modo que o novo ponto de operação não é muito diferente do ponto inicial. Podem-se classificar os tipos de estabilidade em sistemas elétricos de potência basicamente em dois grandes grupos: estabilidade angular do rotor e estabilidade de tensão (KUNDUR, 1994). No primeiro caso, pode-se dizer que a estabilidade angular do rotor está ligada diretamente à capacidade de manutenção do sincronismo das unidades geradoras de um sistema interligado, durante operação normal ou ocorrência de falta no sistema elétrico. Este problema está intimamente relacionado às oscilações eletromecânicas intrínsecas aos sistemas elétricos de potência. Por sua vez, o problema de estabilidade de tensão pode ser definido como a habilidade do sistema elétrico manter tensões constantes dentro de níveis aceitáveis em todos os barramentos do sistema, tanto em operação normal ou na presença de faltas. A instabilidade de tensão caracteriza-se pela queda progressiva e incontrolável na tensão de barramento do sistema devido a perturbações, aumento na demanda de carga ou mudança da condição de operação. Neste trabalho será dada ênfase somente ao problema da estabilidade angular do rotor, com a investigação de técnicas adaptativas para o projeto de estabilizadores que visam amortecer os modos de oscilação eletromecânica do sistema elétrico. Um sistema elétrico de potência está sujeito a fenômenos dinâmicos que acontecem em escalas de tempo bastante diversas, sendo assim diferentes modelos para os elementos do sistema devem ser considerados em função de qual fenômeno se deseja analisar (SAUER & PAI, 1998).
  • 20. 6 Partindo-se desse princípio, é comum a divisão do problema de estabilidade angular do rotor dos sistemas de potência em dois grupos:  Estabilidade Transitória: é a capacidade do sistema de potência manter suas máquinas operando em sincronismo, na ocorrência de mudanças de grande impacto na rede elétrica (curtos-circuitos, perda de linhas e/ou geradores de elevada importância, etc.). Os aspectos não lineares do sistema devem ser modelados;  Estabilidade de Pequenos Sinais: é compreendida como a propriedade que o sistema elétrico possui para amortecer as pequenas oscilações eletromecânicas que ocorrem durante sua operação, sem relação direta com qualquer tipo de falta. Para esse tipo de estudo geralmente são usados modelos linearizados do sistema em torno de determinado ponto de operação do sistema. Os estudos a serem realizados neste trabalho levarão em conta essas duas abordagens. No caso específico dos estabilizadores convencionais, seu projeto é feito usando modelos linearizados do sistema, enquanto a sua validação normalmente é feita por meio de simulações computacionais utilizando modelos não lineares. A natureza de resposta de um sistema de potência depende de muitos fatores, incluindo as condições operativas, a capacidade de transmissão de potência e os sistemas de excitação das unidades geradoras (KUNDUR, 1994). Em grandes sistemas interligados, a instabilidade ocorre normalmente de duas formas (Figura 2.1):  Por meio da aceleração do rotor, com crescimento progressivo do deslocamento angular, sendo a causa fundamental a deficiência de Torque Elétrico de Sincronismo (em fase com o desvio angular do rotor);  Por meio de oscilações crescentes do rotor, causadas pela deficiência de Torque Elétrico de Amortecimento (em fase com o desvio de velocidade angular do rotor).
  • 21. 7 Figura 2.1 – Diferentes causas de instabilidade em sistemas de potência. Fonte: Elaboração própria. Um modelo linear bastante conhecido para se investigar o problema de estabilidade de sistemas de potência é o chamado modelo de Heffron & Phillips (1952). Esse modelo representa o sistema por uma única máquina geradora equivalente ligada a um barramento infinito (com tensão e frequência constante), por meio de uma linha de transmissão (Figura 2.2). O diagrama de blocos do modelo é mostrado na Figura 2.3. Figura 2.2 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito por meio de uma impedância externa. Fonte: Elaboração própria, a partir de HEFFRON & PHILLIPS, 1952.
  • 22. 8 Figura 2.3 – Diagrama de blocos do modelo linearizado máquina síncrona – barramento infinito. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994. As constantes a são funções da condição de operação do sistema de potência, à exceção de , que depende dos parâmetros físicos da máquina síncrona e da linha de transmissão. Um estudo detalhado e uma dedução completa das variáveis do modelo linear presentes na Figura 2.3, assim como das constantes a , são encontrados em DeMello & Concordia (1969), Sauer & Pai (1998) e Anderson & Foaud (2002). Por esse motivo, o modelo é válido somente para pequenas perturbações em torno de um ponto de operação para o qual ele foi linearizado. Assim, para se investigar o comportamento do sistema frente uma grande perturbação, modelos não lineares da máquina síncrona devem ser empregados. Porém, vale ressaltar que o modelo de Heffron & Phillips (1952) ainda é muito utilizado, especialmente para o projeto de estabilizadores de sistemas de potência através de técnicas de controle clássico (YU, 1983; KUNDUR, 1994; SAUER & PAI, 1998; ANDERSON & FOAUD, 2002).
  • 23. 9 2.2 Modos de Oscilação As oscilações eletromecânicas são fenômenos extremamente prejudiciais para a operação do sistema elétrico, pois diminuem a capacidade de transferência de potência através das linhas de transmissão. A frequência das oscilações e o número de geradores que oscilam dependem da estrutura do sistema. Existem diferentes modos de oscilação, normalmente ocorrendo simultaneamente, podendo ser classificados como (LARSEN & SWANN, 1981; KLEIN et al., 1991):  Modos Locais ou Modos Máquina-Sistema: estão relacionados com as oscilações eletromecânicas dos rotores de unidades geradoras de uma mesma usina com relação ao resto do sistema elétrico de grande porte, com faixa de frequência típica entre , Hz e , Hz;  Modos Inter-Área: estão associados com as oscilações de um grupo de máquinas contra outro grupo de máquinas acopladas, que são interligados por linhas de transmissão com reatância indutiva elevada. A faixa de frequência típica está entre , Hz e , Hz;  Modos Intra-Planta: representam os modos de oscilação eletromecânicos entre geradores localizados em uma mesma usina. A faixa de frequência típica está entre 1,5 Hz e 2,5 Hz. Para atenuar o efeito indesejável dessas oscilações são utilizados os estabilizadores de sistema de potência, cuja finalidade é fornecer um sinal adicional no sistema de excitação da máquina síncrona, através da modulação da excitação dos geradores (DeMELLO & CONCORDIA, 1969; LARSEN & SWANN, 1981). Entretanto, o ESP não é projetado com o objetivo de ajudar a manter a estabilidade do sistema durante os períodos transitórios, que geralmente ocorrem imediatamente após uma perturbação mais severa. Na prática, o ESP poderá ter um efeito até mesmo prejudicial sobre a estabilidade transitória, motivo pelo qual a sua saída é limitada para prevenir impactos mais sérios sobre este tipo de estabilidade.
  • 24. 10 2.3 Sistemas de Excitação e Reguladores Automáticos de Tensão A principal função do sistema de excitação é fornecer e regular automaticamente a corrente de campo da máquina síncrona, de modo que a tensão terminal do gerador permaneça no valor de referência. A relevância do sistema de excitação na melhoria do desempenho da operação do sistema elétrico cresceu muito no decorrer dos anos. Atualmente, os sistemas de excitação são extremamente rápidos (constantes de tempo inferiores a 50 ms), normalmente utilizando tiristores e com limites de tensão bastante elevados. O Regulador Automático de Tensão (RAT) processa e amplifica os sinais de entrada no sistema de excitação para que os mesmos sejam utilizados de forma adequada no controle da excitatriz. Segundo Anderson & Foaud (2002) os limites de transmissão de potência de um sistema elétrico podem ser elevados através da utilização de RATs de ação contínua e com altos ganhos. Todavia, observou-se a partir da década de 1960 que esse tipo de RAT é prejudicial à estabilidade de pequenos sinais do sistema de potência, podendo ser responsável pela diminuição do amortecimento natural do sistema (DeMELLO & CONCORDIA, 1969). Isso é explicado analisando-se o comportamento do controle de excitação a curto e longo prazo, visto que existem diferentes requisitos para o período transitório após uma falta e alguns ciclos depois desse período. No período transitório, logo após a rede elétrica ser submetida a uma grande perturbação (um curto-circuito, por exemplo), por alguns segundos a tensão terminal da máquina síncrona diminui, assim como a sua capacidade de transmitir potência. No primeiro ciclo após o acontecimento da falta, o RAT tem uma atuação benéfica, pois ele rapidamente opera no seu limite de tensão, tentando manter a tensão terminal do gerador em um valor mais favorável à restauração do sistema. Terminado o período transitório, a atuação do RAT torna-se maléfica, pois essas rápidas mudanças no sistema de excitação não são favoráveis ao amortecimento das oscilações eletromecânicas que ocorrem poucos segundos após a falta ser sanada. Em condições normais de operação do sistema de potência, com diversos geradores e várias áreas de geração, na ocorrência de um aumento de carga, ocorre o desequilíbrio entre demanda e geração. Como a potência mecânica fornecida pelas turbinas não varia instantaneamente, essa quantidade extra de potência solicitada pela carga é disponibilizada por meio da energia armazenada no campo magnético das máquinas. Como as máquinas síncronas não são iguais, cada uma irá fornecer uma parcela de potência necessária para suprir essa carga extra em tempos distintos, oscilando com sua frequência natural até que as oscilações do sistema sejam amortecidas. O RAT com alto ganho reconhece qualquer
  • 25. 11 variação de carga imediatamente, através das variações de tensão e corrente terminal. Desse modo, cada oscilação da máquina faz o sistema de excitação atuar, tentando manter a tensão terminal no valor desejado e, em muitos casos, contribuindo para aumentar essas oscilações. Nos sistemas operando de forma interligada, onde o amortecimento natural já é pequeno, a situação ainda é mais crítica. A solução encontrada para contornar esse problema consiste na aplicação de um sinal adicional no sistema de excitação, oriundo dos estabilizadores de sistemas de potência. Em resumo, o sistema de excitação deve contribuir no controle de tensão e na melhoria da estabilidade do sistema de potência, respondendo rapidamente a uma grande perturbação (estabilidade transitória), assim como modulando a excitação do campo do gerador (estabilidade de pequenos sinais) (KUNDUR, 1994). Com a finalidade de tornar a representação dos sistemas de excitação homogênea, o IEEE propôs que todos os sistemas de excitação existentes fossem representados matematicamente por meio de 4 tipos (IEEE, 1981; KUNDUR, 1994). Neste trabalho, o RAT adotado para as simulações é um modelo simplificado do Tipo 1 (Figura 2.4), com excitatriz estática a tiristores, com uma constante de tempo extremamente baixa ( � , s) e ganho elevado ( � ). Figura 2.4 – Sistema de excitação com excitatriz estática a tiristores. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994. 2.4 Estabilizadores de Sistemas de Potência Os estabilizadores de sistemas de potência são controladores projetados para auxiliar, através do controle da excitação do gerador, no amortecimento das oscilações eletromecânicas sofridas pelo rotor da máquina síncrona. Esse controle é feito por meio da inclusão de um sinal adicional no sistema de excitação da máquina pela malha de controle do RAT, com a finalidade de gerar uma componente de torque elétrico de amortecimento (em fase com os
  • 26. 12 desvios de velocidade angular do rotor) no eixo da turbina, aumentando dessa forma o amortecimento natural do gerador. O ESP deve contribuir no amortecimento das oscilações do rotor em todas as condições de operação do sistema, especialmente nas condições de carga pesada e com sistemas de transmissão fracos. Os primeiros estabilizadores, aqui denominados de ESPs convencionais, são projetados por meio de técnicas de controle clássico, possuindo estrutura e parâmetros fixos. Embora esse tipo de ESP seja sintonizado em uma única condição de operação do sistema elétrico, ele deve apresentar desempenho satisfatório em toda a faixa de operação do sistema (LARSEN & SWANN, 1981). Com a evolução das técnicas de controle, como controle avançado, adaptativo e inteligente (redes neurais artificiais, lógica e controle fuzzy), novas alternativas foram propostas para o projeto e implementação de ESPs (CHENG et al., 1986; GU & BOLINGER, 1989; HSU & CHEN, 1991; SILVA & BARREIROS, 1992; BARREIROS, 1995; HIYAMA et al., 1996; FERREIRA et al., 1998; BARREIROS et al., 1998; SHAMSOLLAHI & MALIK, 1999). O objetivo principal dessas novas abordagens é projetar estabilizadores que demonstrem um desempenho uniforme, independentemente da condição de operação do sistema elétrico. Os três sinais de entrada mais utilizados em um ESP são: o desvio de velocidade do eixo do rotor, a potência acelerante e o desvio de frequência. Cada um desses sinais possui determinadas características que fazem com que determinado sinal seja a melhor opção para uma situação específica (LARSEN & SWANN, 1981; KUNDUR, 1994). Independentemente de qual sinal será usado como entrada, o ESP deve compensar o defasamento que ocorre devido ao sistema de excitação, ao gerador e ao próprio sistema de potência. Esse conjunto representa uma função de transferência entre a saída do estabilizador até a componente de torque elétrico, que será introduzida através do controle de excitação, sendo mostrado na Figura 2.5 como GEP(s) (LARSEN & SWANN, 1981). Essa função de transferência depende dos parâmetros físicos da máquina síncrona e seus controladores associados, bem como o ponto de operação do sistema de potência. A estrutura adotada para o ESP convencional utilizado nas simulações deste trabalho é mostrada na Figura 2.6.
  • 27. 13 Figura 2.5 – Diagrama de blocos para o ESP com desvio de velocidade angular do rotor como sinal de entrada. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994. Como o objetivo do ESP é gerar uma componente de torque elétrico de amortecimento, caso a função de transferência GEP(s) não apresentasse uma dependência de ganho e fase com a frequência, bastaria realimentar o desvio de velocidade do rotor para gerar um torque de amortecimento em todas as frequências de oscilação. Na prática, os ESPs convencionais são formados por um ou mais compensadores do tipo avanço-atraso (lead-lag), que fornecem a compensação de fase adequada para lidar com a variação de fase entre a entrada da excitatriz e o torque elétrico no eixo do gerador. Além disso, o ESP deve ser projetado para contribuir com o amorteciemnto das oscilações do rotor que ocorrem em uma faixa de frequência, ao invés de uma frequência fixa. Figura 2.6 – Diagrama de blocos para o ESP clássico. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de KUNDUR, 1994.
  • 28. 14 Como a faixa de frequência de interesse está entre , Hz e , Hz, o compensador lead-lag deve compensar a fase dentro dessa faixa de frequência. Esta característica de fase a ser compensada muda para as diferentes condições do operação do sistema, devendo-se projetar o ESP de modo que o mesmo atue bem dentro da faixa de frequência desejada, não devendo atuar fora da mesma. É bastante usual determinar qual o atraso de fase a ser compensado e dividir o avanço de fase que será aplicado, utilizando no compensador lead-lag os mesmos pólos e zeros ( = ; = , com > ). É necessário também a utilização de um filtro do tipo washout, que possui uma constante de tempo na faixa de segundos, para evitar que variações permanentes na velocidade afetem a tensão terminal da máquina síncrona. Para turbogeradores, recomenda-se a inclusão de filtros passa-baixas para diminuir a influência de ruídos e a interação torsional (que possui frequência mais elevada). O ganho do ESP determina a quantidade de amortecimento introduzida no sistema. Para o caso ideal, este ganho deveria ser ajustado para fornecer o maior amortecimento possível. Entretanto, ele é limitado, pois o ganho de GEP(s) varia muito para os diferentes pontos de operação do sistema, impondo um máximo valor admissível para o ganho do ESP. 2.5 Modelagem Dinâmica do Sistema de Potência No clássico artigo de DeMello & Concordia (1969) um modelo linearizado é utilizado para representar uma máquina síncrona conectada a um barramento infinito. Como todo modelo linearizado de um sistema não linear, o mesmo apenas é válido para pequenas variações em torno do ponto de operação para o qual a linearização foi calculada. Por esse motivo, a simulação de como o sistema se comportaria na presença de grandes perturbações (um curto-circuito, por exemplo) não pode ser adequadamente investigada. O avanço computacional observado nas últimas décadas torna possível a utilização de modelos cada vez mais complexos para representar a dinâmica dos sistemas de potência, inclusive para o caso de sistemas multimáquinas com diversas áreas de geração. Detalhes do comportamento dinâmico da máquina foram incorporados aos modelos, de maneira a representar seu comportamento em regime permanente, assim como durante o período transitório e sub-transitório. Normalmente é desnecessária uma representação demasiada detalhada da máquina, para a maioria das aplicações de interesse. Mesmo fazendo-se algumas simplificações, o resultado obtido é bastante confiável. Dessa forma, a modelagem não linear da máquina síncrona utilizada neste trabalho, seja para o caso de uma única máquina ligada ao barramento infinito
  • 29. 15 ou para o caso de um sistemas multimáquinas, representa um gerador síncrono de pólos salientes (modelo 4) ou pólos lisos (modelo 5), incluindo os enrolamentos amortecedores, fazendo-se entretanto algumas simplificações (ARRILAGA et al., 1983). Toda a dinâmica de sistemas de potência está modelada em ambiente Matlab/Simulink (MATHWORKS, 2015), em um programa computacional que possibilita a simulação da dinâmica de sistemas de potência com seus reguladores e controladores, apresentando uma grande flexibilidade para a implementação de inúmeras estratégias de controle por meio da programação de rotinas denominadas s-functions, funções utilizadas para descrever sistemas dinâmicos lineares e não lineares (FERREIRA et al., 2003). O simulador utiliza as considerações e equacionamentos descritos a seguir. Para as equações mecânicas da máquina síncrona são feitas as seguintes considerações: a) Hipóteses:  A variação de velocidade do rotor é pequena em relação à velocidade síncrona (1 pu);  As perdas rotacionais de potência da máquina por atrito são ignoradas. b) Equações Básicas: � = [ − − � − � ] (2.1) � = � − � Onde: – frequência de operação do sistema elétrico (Hz) � = � – velocidade síncrona (rad/s) � – velocidade angular do rotor (rad/s) � – ângulo do rotor em relação à referência síncrona (rad) – constante de tempo de inércia (MW.s/MVA) – potência mecânica (pu) – potência elétrica (pu) – coeficiente de amortecimento (pu/pu)
  • 30. 16 Para as equações elétricas da máquina síncrona são feitas as seguintes considerações: a) Suposições:  Todas as indutâncias são independentes da corrente;  Os efeitos devido à saturação no ferro são desprezados;  Os enrolamentos distribuídos podem ser representados por enrolamentos concentrados;  A máquina pode ser representada como uma fonte de tensão atrás de uma impedância;  Não há histerese no ferro e só existe reatância de dispersão no estator;  O sistema por unidade está normalizado para evitar fatores √ , √ e �. b) Equações: Os modelos utilizados para os geradores síncronos são chamados modelos 4 e 5 propostos em Arrilaga et al. (1983), sendo esses de 5ª e 6ª ordem, respectivamente. Além das duas equações mecânicas apresentadas anteriomente, ambos utilizam o mesmo conjunto de equações algébricas para representar o circuito do estator: ′′ − � = − ′′ (2.2) ′′ − � = + ′′ Os circuitos do rotor são representados da seguinte forma para cada um dos modelos:  Modelo 4: considera o efeito transitório no eixo-q e os efeitos sub- transitórios nos eixos d e q. ′ = + − ′ − ′ ′ (2.3) ′′ = ′ + ′ − ′′ − ′′ ′′ (2.4) ′′ = −( ′ − ′′ ) − ′′ ′′ (2.5)
  • 31. 17  Modelo 5: considera os efeitos transitórios e sub-transitórios nos eixos d e q da máquina síncrona, utilizando as Equações (2.3) e (2.4), além das seguintes equações ao invés da Equação (2.5): ′ = −( − ′ ) − ′ ′ (2.6) ′′ = ′ − ( ′ − ′′ ) − ′′ ′′ (2.7)  A potência elétrica para os modelos 4 e 5 é dada por: = � + � + ( + ) (2.8) Onde: � – componente de eixo em quadratura do fasor tensão terminal do gerador � – componente de eixo direto do fasor tensão nominal do gerador – componente de eixo em quadratura do fasor corrente terminal do gerador – componente de eixo direto do fasor corrente terminal do gerador ′ – tensão transitória no eixo-q ′ – tensão transitória no eixo-d ′′ – tensão sub-transitória no eixo-q ′′ – tensão sub-transitória no eixo-d – tensão de campo ′ – constante de tempo transitória do eixo-d em circuito aberto ′′ – constante de tempo sub-transitória do eixo-d em circuito aberto ′ – constante de tempo transitória do eixo-q em circuito aberto ′′ – constante de tempo sub-transitória do eixo-q em circuito aberto – resistência de armadura – reatância síncrona no eixo-d
  • 32. 18 ′ – reatância transitória no eixo-d ′′ – reatância sub-transitória no eixo-d – reatância síncrona no eixo-q ′ – reatância transitória no eixo-q ′′ – reatância sub-transitória no eixo-q As tensões, correntes, resistência e reatâncias são expressas em pu, e por sua vez as constantes de tempo são expressas em segundos. Por fim, a interação da máquina síncrona com o barramento infinito é feita através de uma linha de transmissão (equivalente), sendo expressa por meio das seguintes equações algébricas: � = � + − �∞ s�� � (2.9) � = + � + �∞ cos � Onde: � – reatância equivalente da linha de transmissão (pu) – resistência equivalente da linha de transmissão (pu) �∞ – magnitude da tensão no barramento infinito (pu) � – ângulo formado por ̇ ′ e �̇∞, fasores da tensão interna do gerador e do barramento infinito, respectivamente. 2.6 Conclusão O objetivo desse capítulo foi apresentar os principais conceitos sobre o problema da estabilidade dinâmica em sistemas elétricos de potência. Apresentou-se a influência dos reguladores automáticos de tensão na estabilidade durante a operação do sistema, bem como a ação dos estabilizadores de sistemas de potência no amortecimento das oscilações eletromecânicas a que está sujeito o sistema elétrico. Mostrou-se também como pode ser feita a modelagem matemática dos principais dispositivos que compõem o sistema, que serão utilizados no programa de simulação desenvolvido em ambiente Matlab/Simulink para análise de estratégias de controle avançado em sistemas de potência, sendo um dos principais objetivos deste trabalho.
  • 33. 19 3 CONTROLE ADAPTATIVO 3.1 Introdução A utilização de controladores automáticos projetados através de técnicas de controle clássicas, seja no domínio do tempo ou no domínio da frequência, parte da suposição que o sistema a ser controlado pode ser representado convenientemente por um modelo dinâmico linear e invariante no tempo, que leva em conta as leis físicas que regem o sistema. Esses modelos quase sempre podem ser obtidos através de linearização em torno de determinado ponto de operação e utilizando modelos dinâmicos de ordem reduzida, que desprezam a dinâmica da planta em frequências mais elevadas. Dessa forma, o controlador que é obtido com a utilização dessas técnicas de projeto, também é linear e invariante no tempo (FRANKLIN et al., 1998). Todavia, como a grande maioria das plantas sofre variações em seus parâmetros ao longo do tempo ou apresentam diversas formas de não linearidades, torna-se necessário um processo periódico de ajuste nos parâmetros dos controladores com parâmetros fixos, o que muitas das vezes é bastante ‘trabalhoso’ (mesmo para sistemas que apresentam uma dinâmica bem definida) ou mesmo não é possível de ser realizado, caso a planta não possa ter sua operação descontinuada. Uma das propostas para contornar esse problema é a utilização de métodos de controle adaptativo, onde é suposto que os parâmetros e/ou estrutura da planta podem variar ao longo do tempo, permitindo que o controlador seja capaz de compensar essas alterações por meio da atualização dos seus próprios parâmetros, de modo a manter o sistema com o desempenho desejado (ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). 3.2 Modelagem de Sistemas Discretos A maioria das aplicações de controle discreto, dentre as quais se inclui o controle adaptativo, refere-se ao controle de sistemas dinâmicos contínuos no tempo. Pode-se representar esquematicamente esse tipo de controle por meio do diagrama de blocos apresentado na Figura 3.1.
  • 34. 20 Figura 3.1 – Diagrama de blocos básico de um sistema de controle digital. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de FADALI, 2009. Os sinais de entrada e saída da planta, e respectivamente, são sinais analógicos, enquanto os sinais de erro e de entrada , do computador são sinais digitais. A interface do computador com a planta é feita pelos conversores analógico/digital (A/D) e digital/analógico (D/A). Os modelos dos conversores, considerando-se um tempo desprezível de conversão, são mostrados na Figura 3.1, com o conversor A/D sendo representado por um amostrador ideal e o conversor D/A formado por um amostrador ideal em conjunto com um segurador de ordem zero (ZOH, do inglês Zero Order Hold) (FRANKLIN et al., 1998; HEMERLY, 1996). O algoritmo de controle é implementado por meio de uma linguagem de programação, sendo executado periodicamente pelo computador (ou microcontrolador). O relógio tem por finalidade sincronizar, conforme o período de amostragem , as operações de conversão e cálculo no computador (CASTRUCCI & SALES, 1990). Uma maneira genérica de representar um modelo linear de um sistema qualquer na forma discreta é por meio de seus valores de entrada ( ) e saída ( ) em cada instante de tempo é: = − ∑ � − �= + ∑ � − − �= (3.1) Onde é o instante de amostragem atual e é o atraso de transporte do sistema (considerado como múltiplo inteiro do período de amostragem). Se o sistema a ser modelado não possui atraso, então = devido ao ZOH.
  • 35. 21 Utilizando-se o operador de atraso de tempo discreto − , que é definido pela relação − = − , é possível escrever a equação de diferença (3.1) em uma forma compacta: − = − − + (3.2) Onde é um sinal do tipo ruído branco e os polinômios − e − representam os polos e zeros do modelo do sistema e são definidos como: − = + − + + − (3.3) − = + − + + − Quando o sistema está sujeito a uma perturbação estocástica, a Equação (3.1) é estendida para: = − ∑ � − �= + ∑ � − − �= + ∑ � − �= (3.4) Onde é um sinal do tipo ruído branco (sequência aleatória, não correlacionada e de média zero), utilizado para representar essa perturbação (ASTRÖM & WITTENMARK, 1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). Na forma compacta, a inclusão do ruído no sistema pode ser descrita pela seguinte equação de diferença: − = − − + − (3.5) O polinômio − representa o modelo de perturbação e é definido como: − = + − + + − (3.6) É importante ressaltar que como se deseja utilizar métodos de controle digital aplicados em sistemas contínuos, o modelo equivalente discreto da planta, dado pelas Equações (3.2) ou (3.5), deve corresponder ao conjunto do segurador de ordem zero em série com a planta real do sistema.
  • 36. 22 3.3 Controle Adaptativo Auto-Ajustável Uma das técnicas de controle adaptativo utilizada com bastante sucesso é o Controle Adaptativo Auto-Ajustável (Self-Tuning Adaptive Control), que recebe esse nome para enfatizar que o controlador sintoniza seus parâmetros automaticamente, garantindo as características de desempenho desejadas para o sistema operando em malha fechada (ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). Os parâmetros do modelo são identificados através de um método de estimação online (recursiva) e os parâmetros do controlador são então calculados a partir das especificações de projeto e do modelo da planta disponível a cada instante de amostragem. Dessa forma, o diagrama de blocos da Figura 3.2 pode ser visto como um processo automático de modelagem e projeto, pois tanto o modelo do sistema quanto os parâmetros do controlador são atualizados continuamente, durante o funcionamento do sistema. Figura 3.2 – Diagrama de blocos de um controlador adaptativo auto-ajustável. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de ASTRÖM & WITTENMARK, 2008. 3.3.1 Conceitos Básicos sobre Identificação de Sistemas A identificação de um sistema dinâmico pode ser entendida como a obtenção de um modelo matemático para esse sistema a partir de medidas de suas entradas e saídas (IOANNOU & SUN, 1996). Embora o processo de identificação possa ser efetuado
  • 37. 23 considerando-se que o sistema a ser identificado é do tipo ‘caixa preta’, quase sempre informações sobre determinadas características do sistema estão disponíveis, devendo ser utilizadas para a obtenção de modelos que possam representar adequadamente esse sistema. Podem-se separar os modelos de sistemas dinâmicos em dois grandes grupos: modelos não paramétricos (resposta em frequência ou resposta ao degrau) e modelos paramétricos (função de transferência e equações diferenciais, para o caso contínuo; função de transferência pulsada e equações de diferença, no caso de sistemas discretos). Como se deseja fazer o controle do sistema por computador ou microcontrolador, é interessante que o resultado do processo de identificação forneça um modelo paramétrico do sistema, pois essa é a maneira mais adequada para o projeto e sintonia de controladores digitais (LANDAU, 1990). O processo de identificação de sistemas pode ser feito de modo offline, quando um conjunto de valores de entrada e saída do sistema está disponível previamente. Nesse caso, onde esse conjunto de dados é utilizado somente uma vez, diz-se que a identificação é feita em lote (batch identification). Para algumas aplicações onde se deseja que o controlador seja projetado de acordo com a condição de operação do sistema, a identificação em lote geralmente não é utilizada. Isso ocorre porque é necessário que o modelo do sistema seja atualizado, a partir das medidas de entrada e saída do sistema, a cada instante de amostragem. Essa abordagem recebe o nome de identificação online realizada por um método recursivo (LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983; COELHO, 2004). Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na implementação dos métodos de identificação recursiva para se garantir uma estimação adequada dos parâmetros do modelo do sistema. Além disso, ao contrário dos métodos de identificação não recursiva, que permitem vários testes para a escolha da melhor estrutura para o modelo do sistema, nos métodos de identificação recursiva deve-se definir previamente qual será a ordem do modelo a ser utilizado, antes mesmo de o sistema ser colocado em operação. Existem vários métodos de identificação recursiva (mínimos quadrados recursivo e suas diferentes variações, máxima verossimilhança recursiva, variáveis instrumentais, erro de saída, erro de saída com predição de modelo estendido) que podem ser utilizados para obter uma estimativa adequada dos parâmetros (não tendenciosa), dependendo a quais perturbações o sistema está sendo submetido (COELHO, 2004). Podem-se dividir em quatro tipos as estruturas envolvendo a planta juntamente com as perturbações (LANDAU, 1990). Para o caso particular do projeto de estabilizadores de
  • 38. 24 sistemas de potência, apenas duas dessas estruturas serão consideradas, que podem ser obtidas a partir da Equação (3.5): 1) − = − − + (3.7) 2) − = − − + − (3.8) É bastante comum na literatura sobre identificação de sistemas a segunda estrutura ‘Planta + Ruído’ ser referida como sistema do tipo ARMAX (do inglês, Auto-Regressive Moving Average with Exogenous Input) (LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983; LANDAU, 1990; HEMERLY, 1996). Para o caso particular em que o polinômio − = , recai-se no primeiro caso, Equação 3.2, com o sistema recebendo o nome de ARX (do inglês, Auto- Regressive with Exogenous Input). Para a primeira estrutura, um método de identificação que apresenta resultados satisfatórios é o tradicional Método dos Mínimos Quadrados (MQ), porém para o segundo caso deve-se utilizar o Método dos Mínimos Quadrados Estendido (MQE), o qual evita que a estimativa dos parâmetros do modelo selecionado seja tendenciosa (LANDAU, 1990; COELHO, 2004; AGUIRRE, 2007; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). 3.3.2 Método dos Mínimos Quadrados Partindo do princípio que o sistema pode ser representado pela Equação (3.7) e supondo (sem perda de generalidade) o atraso = , deseja-se obter a cada instante de amostragem o vetor de parâmetros �, que melhor representa a dinâmica do sistema em sua condição de operação atual. Explicitamente � é dado por: � = [ ] (3.9) Da mesma forma, pode-se definir o vetor de medidas do sistema � como: � = [ − − − − � − − � ] (3.10) Assim a Equação (3.7) pode ser reescrita na forma: = � � + (3.11)
  • 39. 25 Essa modelagem em estatística, é conhecida como ‘regressão linear’ em estatística, com � sendo conhecido também como vetor regressor e seus parâmetros chamados de variáveis de regressão. Para o caso não recursivo, com � medidas disponíveis, o objetivo do método é minimizar o seguinte critério quadrático: � = � ∑ ��−�[ − � � ] � �= (3.12) Onde � é chamado de fator de esquecimento, utilizado para que as medidas recentes tenham um maior peso na atualização de parâmetros do que medidas mais antigas (geralmente , � , ) (LANDAU,1990; COELHO, 2004). O produto � � . pode ser interpretado como uma predição do valor do sinal de saída, baseado no vetor de parâmetros do sistema. Sendo assim, a minimização de � pode ser interpretada como a escolha dos parâmetros do vetor � que formam o modelo que fornece a melhor predição do sinal de saída. O critério � é quadrático em �, sendo minimizado analiticamente, o que leva a: � � = [∑ ��−� � � � �= ] − ∑ ��−� � � �= (3.13) A Equação (3.13) possui solução desde que a matriz inversa exista. Essa condição pode ser facilmente satisfeita se o sistema for continuamente excitado por um sinal do tipo PRBS (do inglês, Pseudo-Random Binary Signal), já que nesse caso as linhas da matriz serão linearmente independentes (LANDAU, 1990; AGUIRRE, 2007). A expressão (3.13) é o estimador dos mínimos quadrados e pode ser colocado na forma recursiva por meio de algumas manipulações algébricas (LJUNG & SÖDERSTRÖM, 1983). O algoritmo na forma recursiva é mostrado a seguir: Passo 0: Inicialização  O algoritmo dos Mínimos Quadrados Recursivo (MQR) é inicializado depois da escolha de um valor inicial para a matriz de covariância da estimação ( ) que assegure a não singularidade da matriz − . Recomenda-se que a mesma seja inicializada como = , onde é uma matriz identidade quadrada de ordem (� + � ) e é uma constante
  • 40. 26 positiva grande (normalmente utiliza-se ). Quanto menor for o valor de , mais lenta será a convergência do método;  O vetor de parâmetros e o vetor de medidas podem ser inicializados como vetores nulos. Passo 1: Atualização do Vetor Regressor  Atualiza-se o vetor regressor, Equação (3.10), com as medidas mais recentes de entrada e saída da planta. Passo 2: Cálculo do Erro de Estimação  O erro de estimação é definido por: ̂ = − � � − (3.14) Onde o produto � � − representa uma estimativa da saída , baseada nos valores anteriores dos parâmetros. Em outras palavras, ̂ pode ser interpretado como o erro de predição do sinal um passo adiante, baseado na estimativa de � − . Passo 3: Cálculo de Vetor de Ganhos:  O vetor de ganhos é definido por: = − � � + � − � (3.15) Passo 4: Cálculo da Matriz de Covariância  A matriz de covariância é definida por: = � [ − � − ] (3.16) Onde é uma matriz identidade de mesma dimensão de . Passo 5: Atualização dos Parâmetros Estimados  A atualização da estimação dos parâmetros do modelo é obtida por: � = � − + ̂ (3.17)
  • 41. 27 Passo 6: Espera do Novo Instante de Amostragem  Retorna ao Passo 1, esperando o novo instante de amostragem para nova execução do algoritmo. Em resumo, a ideia do método dos mínimos quadrados é ajustar um modelo matemático com relação a uma sequência de medidas de entrada e saída ‘observadas’, por meio da minimização da soma quadrática da diferença entre o valor dos dados observados e daqueles que foram estimados. Dessa forma, espera-se que ruídos ou incertezas nos dados medidos tenham um menor efeito na precisão do modelo matemático estimado. 3.3.3 Método dos Mínimos Quadrados Estendido Caso se deseje estimar os parâmetros de uma estrutura na forma da Equação (3.8), é necessário realizar algumas modificações no método dos MQ. Se o método descrito na subseção anterior for utilizado sem essas modificações, os valores dos parâmetros estimados poderão ser tendenciosos a valores que não são os verdadeiros parâmetros do sistema. A solução para esse problema, que recebe o nome de Mínimos Quadrados Estendido, é estimar simultaneamente os modelos da planta e do ruído, para obter um erro de predição que é assintoticamente ‘branco’ (LANDAU, 1990). Assim, devem-se fazer as seguintes alterações no algoritmo dos MQ: i. O vetor de parâmetros é dado agora por: � = [ ] (3.18) ii. Da mesma forma, deve-se formar o vetor regressor como: � = [ ] (3.19) Onde: = − − − − � (3.20)= − − � = − − � iii. A matriz é agora uma matriz quadrada de dimensão (� + � + � ).
  • 42. 28 Feitas essas alterações, deve-se seguir os mesmos passos descritos no algoritmo dos mínimos quadrados recursivo convencional para obter uma estimação dos parâmetros corretos da planta e do ruído. Para o caso da identificação em lote, torna-se necessário utilizar um método iterativo para cálculo do vetor regressor estendido, já que um modelo do sistema não é conhecido previamente (COELHO, 2004; AGUIRRE, 2007). 3.3.4 Modificações no Método dos Mínimos Quadrados Recursivo Os métodos de estimação recursiva, dentre eles o método dos mínimos quadrados, quase sempre têm um comportamento inadequado durante variações bruscas do ponto de operação de uma planta não linear. Isto ocorre porque durante o período transitório, os sinais de entrada e saída fornecem informações que o estimador não consegue utilizar para obter um modelo matemático linearizado adequado para a planta. Para evitar que isso aconteça uma alternativa é monitorar os sinais de entrada e saída da planta, desligando o estimador durante o período transitório e somente tornando a ativá-lo quando a planta estiver em um novo ponto de operação. A grande controvérsia desta alternativa é determinar exatamente quanto tempo depois de ‘congelar’ o processo de estimação deve-se voltar a ativar estimador. Entretanto, existem algumas modificações que podem ser incorporadas no algoritmo dos mínimos quadrados para evitar a perda da estimação correta dos parâmetros do modelo, sem utilizar a técnica de congelamento do estimador. Três dessas estratégias serão discutidas a seguir:  Busca Aleatória (Random Walk): A cada iteração adiciona-se a a matriz diagonal semidefinida positiva , cujos elementos descrevem a suposta variação dos parâmetros do sistema. Os valores dos elementos não nulos da diagonal devem refletir a magnitude aos parâmetros variantes. Deve-se lembrar de que existe considerável liberdade na seleção da magnitude dos elementos da diagonal de e que os mesmos devem ser positivos, de tal forma que a atualização da matriz de covariância agora é dada por (COELHO, 2004): = = � [ − � − ] + (3.21)
  • 43. 29  Fator de Esquecimento Adaptativo: A memória do algoritmo pode ser diminuída por meio de uma redução no peso exponencial do fator �. Essa medida torna a convergência do algoritmo mais rápida, porém os resultados apresentarão uma maior flutuação. Uma opção para alterar o valor de � automaticamente é utilizar o seguinte critério: � = { � − � + − � , ̂ < � , ̂ (3.22) Onde � , � e são variáveis selecionadas experimentalmente, geralmente por tentativa e erro. Para o caso do sistema de potência estudado por Soos (1997), os seguintes valores (que podem ser utilizados como primeira tentativa de ajustes dos parâmetros) são adotados: � = , ; � = , e = , . Recomenda-se também que o fator de esquecimento seja mantido constante durante os primeiros passos do processo de identificação, para não interferir a velocidade de convergência do MQR.  Coeficiente de Rastreamento Restrito (Tracking Constrained Coefficient): A estimativa dos mínimos quadrados é ótima se os distúrbios são gaussianos, já que isso faz com que o erro de predição seja um ruído branco. Na prática essa suposição não é verdadeira, o que causa alguns problemas no algoritmo dos MQR. Uma consequência direta disso é que um erro grande terá um grande impacto, já que os erros aparecem ao quadrado na função custo. Os componentes do vetor na Equação (3.17) são pesos que evidenciam como a correção e a estimativa prévia devem ser combinadas. Para evitar grandes variações nos parâmetros estimados (quando o sistema muda de condição de operação ou sofre uma grande perturbação), pondera- se o erro de predição ̂ , multiplicando-o pelo coeficiente de rastreamento restrito , de tal forma que a atualização dos parâmetros do modelo agora é dada por (SOOS, 1997): � = � − + ̂ (3.23)
  • 44. 30 O efeito líquido desse peso é diminuir o impacto de grandes erros, o que poderia ser considerado como equivalente ao congelamento do processo de identificação durante uma variação abrupta nas condições de operação do sistema, sem o problema de se ter que determinar quanto tempo o processo de identificação deva permanecer sem atuar. O coeficiente pode ser atualizado do seguinte modo: = { , � �⁄ �⁄ , � �⁄ > (3.24) Onde � e � são dados por: � = ‖� − ‖ � = ‖ ̂ ‖ (3.25) Com a norma sendo definida por: ‖ ‖ = ∑| �| �= (3.26) A variável deve ser escolhida empiricamente como um gatilho apropriado para eliminar a influência de grandes distúrbios (o valor sugerido por Soos (1997) é usar = , ). É importante que na inicialização do MQR, mantenha-se = até que ocorra a convergência do método. 3.3.5 Método de Projeto via Alocação de Polos De posse do conjunto de parâmetros atual do sistema, resultantes da estimação recursiva, existem vários métodos de controle que podem ser projetados em tempo real e aplicados para garantir um desempenho adequado para o sistema. Dentre eles, podem-se citar os seguintes métodos: Variância Mínima, Variância Mínima Generalizada e Alocação de Polos (ASTRÖM & WITTENMARK, 1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008). Cabe ao projetista escolher dentre esses métodos qual melhor se aplica ao tipo de planta que se deseja controlar. No controle adaptativo auto-ajustável existem dois tipos de métodos de projeto de controladores. No primeiro, controle auto-ajustável indireto, um modelo do sistema é obtido
  • 45. 31 através do método de identificação mostrado na Seção 3.3 e, utilizando esse modelo identificado, os parâmetros do controlador são calculados a partir dos parâmetros estimados da planta para satisfazer as especificações de projeto. Os métodos mais comuns usados são: controlador PID (que combina a ação proporcional, integral e derivativa), método de alocação de polos, no qual os parâmetros do controlador são calculados de tal forma que os polos em malha fechada do sistema são alocados no plano-z em posições que atendam às especificações de desempenho desejadas; controle linear quadrático ótimo, no qual uma função quadrática, adequadamente selecionada, é minimizada por um controlador linear, etc. No segundo método, controle auto-ajustável direto, o projeto é organizado de tal forma que os parâmetros do controlador necessários para produzir o desempenho desejado são estimados diretamente, sem a necessidade dos parâmetros do modelo do sistema. Esses métodos envolvem a minimização da variância do sinal de saída do sistema ou de um sistema auxiliar cujo sinal de saída é função do sinal de entrada, sinal de saída e sinal de referência do sistema. Neste trabalho, somente o método de alocação de polos é considerado, uma vez que esse método é bastante empregado para o projeto de estabilizadores de sistemas de potência adaptativos (BARREIROS, 1989). Considerando um sistema livre de ruído na topologia RST mostrado na Figura 3.3 e modelado conforme a Equação (3.2), tem-se um controlador expresso da forma (LANDAU, 1998): − = − − − = − [ − ] (3.27) Os polinômios − , − e − são definidos como: − = + − + + − (3.28)− = + − + + − − = + − + + − O sistema em malha fechada pode ser expresso como: = − − − − + − − (3.29)
  • 46. 32 Figura 3.3 – Diagrama de blocos para controle auto-ajustável via alocação de polos. Fonte: Elaboração própria, adaptado a partir de BARREIROS, 1989. Se o polinômio em malha fechada que satisfaz as especificações de desempenho é definido por: − = + − + + � − � (3.30) Então os parâmetros do controlador que alocam os polos do sistema nas posições desejadas em malha fechada são dados pela solução da equação: − − + − − = − (3.31) A Equação (3.31) é conhecida como equação Diofantina (ASTRÖM & WITTENMARK, 1997; ASTRÖM & WITTENMARK, 2008) e determina os coeficientes dos polinômios − , − e − do controlador. Fixando a ordem dos polinômios de tal modo que: � = � − � = � = � + − � � + � + − Comparando os coeficientes de mesma potência nos dois lados da Equação (3.31), somente uma única solução para os coeficientes dos polinômios − e − pode ser encontrada. Como − = − , a solução da equação Diofantina pode ser representada na forma matricial; por exemplo, para = , a solução é dada por:
  • 47. 33 [ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ] [ ] = [ − − � − ] (3.32) Como o objetivo do ESP é ampliar o amortecimento natural � do modo pouco amortecido do sistema de potência, capturado pelo modelo identificado da planta, sem alterar significantemente a frequência natural � do respectivo modo, os coeficientes de − devem ser adequadamente escolhidos para satisfazer essa condição, além de evitar a obtenção de um controlador inadequado, que na prática, talvez cause a saturação do atuador, ou até mesmo a obtenção de um controlador com polos instáveis (BARREIROS, 1989). Uma técnica largamente utilizada é escolher � = � e deslocar os polos em malha fechada na mesma direção radial de cada polo correspondente em malha aberta para a origem do plano-z, porém com a distância reduzida por um fator (fator de contração radial), calculado por meio da equação (BARRA et al., 2011): = [− � − � � ] (3.33) Com . Os valores � (adimensional) e � em radianos por segundo são obtidos dos parâmetros do modelo ARX identificado, é o período de amostragem em segundos, enquanto que o projetista deve especificar o valor de amortecimento desejado � . Essa técnica, que é equivalente a mover os polos para a esquerda do plano-s no caso contínuo, assegura que o desempenho do sistema pode ser melhorado e é conhecida como deslocamento radial dos polos. Para a técnica específica do deslocamento radial dos polos, a Equação (3.32) passa a ser expressa por: [ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ⋱ ] [ ] = [ − − − ] (3.34)
  • 48. 34 Um algoritmo auto-ajustável recursivo baseado na alocação de polos via técnica de deslocamento radial dos polos consiste dos seguintes passos: i. Utilizando um algoritmo recursivo, atualizar os parâmetros do modelo: = [− − − − − ] + [ − + − + ] (3.35) ii. Calcular a partir da Equação (3.34) os parâmetros do controlador que alocam os polos em malha fechada de tal modo a satisfazer os critérios de desempenho desejados. iii. Disponibilizar a saída do controlador baseado nos parâmetros do controlador mais atualizados disponíveis: = −[ − + − + ] + [ [ − ] + [ − − − ] + ] (3.36) iv. Retorna ao passo i, esperando o novo instante de amostragem para nova execução do algoritmo. Embora o algoritmo apresentado tenha sido desenvolvido para um sistema livre de ruído, tem-se observado, em muitas aplicações, que esse algoritmo ainda é capaz de trabalhar mesmo na presença de ruído, devido ao mecanismo de realimentação. Essa propriedade do controle auto-ajustável é mostrada em Aström & Wittenmark (2008). 3.4 Conclusão O objetivo desse capítulo foi apresentar as ideias básicas sobre o Controle Adaptativo Auto-Ajustável. Mostrou-se também o método de identificação recursiva e algumas variações do mesmo para identificar modelos lineares que representem adequadamente o ponto de operação atual do sistema de potência. De posse de um modelo linear de ordem reduzida, aplica-se então o método de alocação de polos via deslocamento radial como estratégia de controle para se obter um controlador adaptativo. Essa é a estratégia de controle que será utilizada no próximo capítulo para obter estabilizadores de sistemas de potência adaptativos, cujo objetivo é amortecer as oscilações eletromecânicas de interesse.
  • 49. 35 4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES 4.1 Introdução O objetivo deste capítulo é apresentar os resultados obtidos com a utilização da técnica de deslocamento radial dos polos aplicada para amortecer as oscilações eletromecânicas de um sistema do tipo máquina síncrona – barramento infinito, comparando-se o desempenho obtido por um ESP convencional e pelo ESP adaptativo proposto. Discute-se também a identificação paramétrica de um modelo do sistema adequado ao projeto do estabilizador adaptativo, optando-se por uma identificação recursiva permanentemente aplicada usando o coeficiente de rastreamento restrito. Inicialmente será feito um estudo para selecionar a ordem adequada para o modelo da planta a ser identificado, de tal forma que os modos de oscilação de interesse possam ser satisfatoriamente observados. Definida a ordem do modelo serão então efetuadas simulações não lineares com a finalidade de validar o método de controle adaptativo proposto neste estudo. Em todas as simulações apresentadas, utiliza-se uma taxa de amostragem de 25 Hz (intervalo de amostragem igual a 40 ms) tanto para o estimador quanto para o controlador adaptativo. 4.2 Identificação do Modelo da Planta Para excitar adequadamente os modos de oscilação na faixa entre 0,1 Hz e 2,5 Hz, projetou-se um sinal do tipo PRBS em ambiente computacional, a partir das recomendações feitas por Landau (1990), com 10 células compondo o registrador de deslocamento e utilizando um intervalo de amostragem Δ igual a 100 milissegundos. Um sinal PRBS assume somente dois valores: + e − ; esses valores mudam a cada Δ intervalos discretos de tempo e essas mudanças acontecem de uma maneira determinística pseudoaleatória. A sequência gerada pelo registrador de deslocamento é periódica, com período � × Δ (onde � é um número inteiro), porém o período pode ser feito suficientemente extenso de tal modo que possa ser considerado aleatório para aplicação. A sequência de máximo comprimento é a mais comumente usada, onde � = − (onde � é o número de células do registrador de deslocamento). Sendo assim, a faixa de frequência excitada pelo PRBS é:  Frequência mínima: � = � × Δ⁄ = [ − × , ] − ≅ , Hz  Frequência máxima: á ≅ × Δ⁄ = ,⁄ = , Hz
  • 50. 36 Portanto, a faixa de frequência excitada engloba as frequências de interesse para o amortecimento das oscilações eletromecânicas do sistema de potência. Na Figura 4.1 é mostrado 100 amostras do PRBS gerado computacionalmente. Figura 4.1 – PRBS gerado pelo registrador de deslocamento ( = , ). Fonte: Elaboração própria. O PRBS gerado é sobreposto ao sinal de saída do ESP (sinal de entrada), enquanto o sinal de saída é coletado logo após o filtro washout do estabilizador com intervalo de amostragem de 40 milissegundos. Figura 4.2 – Diagrama de Bode do sistema elétrico de potência. Fonte: Elaboração própria.
  • 51. 37 A partir da resposta em frequência do sistema, percebe-se que o mesmo apresenta um modo dominante mal amortecido em torno de , Hz. Verifica-se também que o PRBS projetado é capaz de excitar adequadamente a dinâmica da planta, conforme o esperado. Por meio da toolbox de identificação do Matlab (LJUNG, 2013; MATHWORKS, 2015), foram realizados alguns testes de identificação offline da planta, com o objetivo de definir qual seria uma ordem adequada do modelo para ser utilizado nas simulações posteriores. Em todas as simulações que serão apresentadas nesse capítulo, supõe-se que a planta pode ser representada por um modelo linear na forma ARX, com a estrutura: − = − − + (4.1) Os polinômios − e − são definidos como: − = + − + − + + − (4.2) − = + − + − + + − Com � = � e , e sendo os sinais de entrada (tensão de saída do ESP), saída (desvio de velocidade angular do eixo do rotor) e ruído, respectivamente. 4.2.1 Identificação em Lote (Não Recursiva) Utilizando os sinais de entrada e saída coletados para o ponto de operação: = , ; = , ; �̇ = , ∠ , ° ; �̇∞ = , ∠ ° . Foram identificados modelos de 2ª à 6ª ordem, sendo que os modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem apresentaram os melhores resultados. Foram coletados 1000 pares de entrada e saída, sendo que a primeira metade dos dados foi reservada para fazer a estimação dos modelos, enquanto que o restante dos dados foi aplicado para validação dos mesmos. Na Figura 4.3 é mostrada uma parcela dos dados coletados referente aos 40 primeiros segundos da etapa de identificação do sistema.
  • 52. 38 Figura 4.3 – Sinais de entrada e saída coletados para um dado ponto de operação. Fonte: Elaboração própria. O modelo de 2ª ordem obtido não capturou de forma eficiente as informações relativas ao modo de oscilação dominante do sistema sendo, portanto descartado. Em relação aos quatro modelos restantes, o modelo de 3ª ordem foi o que apresentou o maior erro acumulado (entre a saída real e a saída do modelo), sendo dessa forma também descartado. Assim, a escolha da ordem do modelo ficou restrita aos modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem. Na Tabela 1 são mostrados os somatórios dos erros quadráticos para cada modelo identificado. Tabela 1 – Somatório dos erros quadráticos para os modelos identificados. Modelo Somatório dos Erros Quadráticos Ajuste aos Dados de Validação 2ª Ordem , × − , % 3ª Ordem , × − , % 4ª Ordem , × − , % 5ª Ordem , × − , % 6ª Ordem , × − , % Fonte: Elaboração própria. As Tabelas 2 e 3 mostram os valores dos polos e zeros dos modelos identificados de 4ª, 5ª e 6ª ordem, enquanto que a disposição desses polos e zeros no plano-z é mostrada na Figura 4.4. É importante notar que alguns dos polos e zeros do modelo de 6ª ordem (mostrados em negrito) estão muito próximos e praticamente se cancelam o que faz com que os mesmos não tenham tanta influência na dinâmica desse modelo.
  • 53. 39 Tabela 2 – Polos dos modelos discretos. Modelo de 4ª Ordem Modelo de 5ª Ordem Modelo de 6ª Ordem , ± , , ± , , ± , , ± , , ± , − , � ± , � ─ , , ± , Fonte: Elaboração própria. Tabela 3 – Zeros dos modelos discretos. Modelo de 4ª Ordem Modelo de 5ª Ordem Modelo de 6ª Ordem , , , − , − , − , − , − , ± , − , ± , ─ ─ , Fonte: Elaboração própria. Figura 4.4 – Localização dos polos e zeros dos modelos identificados da planta. Fonte: Elaboração própria. Na Tabela 4 comparam-se as frequências naturais não amortecidas obtidas por meio dos modelos identificados, nota-se que os modelos de 4ª, 5ª e 6ª ordem conseguem representar adequadamente a dinâmica do sistema.
  • 54. 40 Tabela 4 – Comparação dos modelos identificados. Modelo Coeficiente de Amortecimento Frequência Natural (Hz) Modelo de 4ª Ordem � = , , Modelo de 5ª Ordem � = , , Modelo de 6ª Ordem � = , , Fonte: Elaboração própria. Dessa forma, comprova-se que os modelos lineares discretos são capazes de representar satisfatoriamente o sistema não linear no ponto de operação em particular onde os sinais de entrada e saída foram coletados. Entretanto, quanto maior a ordem do modelo discreto a ser estimado, maior será o esforço computacional para estimar os parâmetros dos modelos. Como os modelos de 5ª e 6ª ordem não apresentam uma dinâmica muito diferente da apresentada pelo modelo de 4ª ordem, escolheu-se este último como sendo o mais adequado para representar o sistema máquina síncrona – barramento infinito. Tal escolha de modelo também impacta na estrutura do controlador adaptativo a ser utilizado, uma vez que esta depende da ordem do modelo da planta selecionado (alocação de polos de grau mínimo). A estrutura do modelo de 4ª ordem selecionado é explicitada abaixo: = − − − − − − − − + − + − + − + − 4.2.2 Identificação Recursiva Com o objetivo de se avaliar o comportamento do identificador baseado no método dos mínimos quadrados recursivo, os mesmos sinais de entrada e saída apresentados anteriormente são utilizados para se obter um modelo linear de 4ª ordem para o ponto de operação do sistema onde os dados foram coletados. O algoritmo teve os valores iniciais do vetor regressor � e do vetor de parâmetros estimados � nulos; Os valores da diagonal principal da matriz de covariância foram inicializados com valor igual a e com fator de esquecimento � igual a , , esse valor de � resulta em uma maior ponderação dos últimos pares de entrada e saída apresentados ao algoritmo. Vale ressaltar que a utilização de um fator de esquecimento constante resulta em uma estimação mais rápida, porém mais ruidosa, portanto deve existir um compromisso entre rapidez e ruído na estimação. A evolução dos parâmetros � e � dos polinômios − e − são apresentados na Figura 4.5 e Figura 4.6.
  • 55. 41 Figura 4.5 – Parâmetros estimados de − . Fonte: Elaboração própria. Pode se observar que os parâmetros estimados dos polinômios − e − convergem rapidamente para os seus respectivos valores finais, mostrando que o método dos mínimos quadrados é uma ferramenta adequada na identificação de sistemas lineares. Figura 4.6 – Parâmetros estimados de − . Fonte: Elaboração própria.
  • 56. 42 O estimador converge rapidamente, com uma estimativa confiável para o modelo, sendo obtida em um intervalo de tempo razoável. Dessa forma, os parâmetros do modelo de 4ª ordem para um intervalo de tempo de vinte segundos são apresentados na Tabela 5, com os polos e zeros do modelo sendo mostrado na Tabela 6, o erro de predição pode ser vista na Figura 4.7 e a evolução do traço da matriz de covariância na Figura 4.8. Tabela 5 – Parâmetros identificados dos polinômios − e − . 1 − , 0 , 2 , 1 , 3 − , 2 − , 4 , 3 − , Fonte: Elaboração própria. Tabela 6 – Polos e zeros calculados a partir dos polinômios − e − identificados. Polos Zeros , ± , , , ± , − , ─ − , Fonte: Elaboração própria. Figura 4.7 – Evolução do erro de predição do estimador. Fonte: Elaboração própria.
  • 57. 43 Figura 4.8 – Evolução do traço da matriz de covariância do estimador. Fonte: Elaboração própria. O modelo identificado por meio do método dos mínimos quadrados recursivo consegue representar adequadamente a dinâmica do sistema no ponto de operação considerado, como pode ser visto analisando-se os valores dos polos dominantes estimados recursivamente presentas na Tabela 7. Na Figura 4.9 é mostrada a localização no plano-z dos polos e zeros do modelo de 4ª ordem estimados de forma recursiva, enquanto que na Figura 4.10 é mostrada a resposta o impulso do mesmo. Figura 4.9 – Localização dos polos e zeros do modelo de 4ª ordem da planta. Fonte: Elaboração própria.
  • 58. 44 Figura 4.10 – Resposta ao impulso do modelo de 4ª ordem da planta. Fonte: Elaboração própria. A comparação entre a saída real do sistema e a saída estimada pelo modelo ARX de quarta ordem é mostrada na Figura 4.11. Figura 4.11 – Comparação entre a saída real e a saída do modelo estimado do sistema. Fonte: Elaboração própria. Tabela 7 – Características do modelo de 4ª ordem identificado. Polo Dominante Coeficiente de Amortecimento Frequência Natural (Hz) , ± , � = , , Fonte: Elaboração própria.
  • 59. 45 Observa-se que o modelo capturou satisfatoriamente a dinâmica do modo de oscilação eletromecânico de , Hz. Sendo assim pode-se concluir que a utilização do modelo ARX de 4ª ordem é adequada para capturar as informações sobre o modo de oscilação dominante da planta. Todas as simulações para avaliar o desempenho do controlador adaptativo proposto neste trabalho utilizaram o método de identificação recursiva com busca aleatória e coeficiente de rastreamento restrito, uma vez que o estimador não é influenciado durante o período transitório, conseguindo fornecer um modelo adequado antes e depois da falta ter sido aplicada. Além disso, caso ocorra uma mudança no ponto de operação do sistema após a perturbação, o novo ponto de operação é adequadamente representado na atualização do modelo estimado. 4.3 Simulações Não Lineares O método de Alocação de Polos via Deslocamento Radial será a estratégia de controle utilizada no projeto dos estabilizadores do sistema de potência. Para comparar o desempenho do controlador proposto, um ESP convencional utilizando o desvio de velocidade angular (rad/s) como sinal de entrada será projetado. O ESP convencional foi projetado seguindo as recomendações de Larsen & Swann (1981) e possuindo a seguinte função de transferência: = � � + ( + + + + ) (4.1) O ponto de operação escolhido para sintonizar o ESP convencional é definido por: = , = , �̇ = , ∠ , ° �̇∞ = , ∠ ° Com os seguintes parâmetros do ESP convencional sendo obtidos: � � = � = , × − / ⁄ = = = , = = , Para o caso máquina síncrona – barramento infinito, os ESPs convencionais, quando bem projetados, geralmente apresentam um desempenho aceitável quando a potência reativa é fornecida pela máquina síncrona. Nos casos em que o gerador opera absorvendo potência reativa, os estabilizadores convencionais têm seu desempenho degradado pela maior dificuldade de sintonização (BARREIROS et al., 2002).
  • 60. 46 Partindo-se desse princípio e mantendo-se �̇∞ = , ∠ ° , os seguintes pontos de operação inicial do gerador serão utilizados: 1) = , , = , e �̇ = , ∠ , ° (mesmo ponto de operação utilizado para sintonizar o ESP convencional). 2) = , , = − , e �̇ = , ∠ , ° Os resultados das simulações serão apresentado a seguir, com o tempo total de simulação para todos os casos sendo igual a 30 segundos. As faltas ou mudanças no ponto de operação serão sempre aplicadas após 20 segundos de simulação, para que o algoritmo de identificação com busca aleatória e coeficiente de rastreamento restrito possa ter uma estimação paramétrica confiável. Por causa disso, somente o intervalo de tempo entre 19 e 30 segundos será mostrado nos gráficos, exceto para os gráficos que representam a evolução dos parâmetros estimados do sistema, onde o tempo de simulação completo será mostrado. Em todas as simulações o ESP adaptativo foi projetado para fornecer um amortecimento de 30%, o intervalo adequado indicado é de 10% a 30% (BARRA et al., 2011), com o valor do fator de contração radial sendo calculado pela Equação (3.33) como representado abaixo: = [− , − , × , × , ] = , 4.3.1 Caso 1 Neste caso, o sistema opera na mesma condição utilizada para projetar o ESP convencional. Partindo dessa condição de operação, o sistema é submetido a três testes: a) O sistema é submetido a um curto-circuito trifásico na barra terminal do gerador no instante de tempo igual a 20 segundos e duração de 100 milissegundos, de tal forma que o ponto de operação do sistema permanece o mesmo antes e após a falta. b) O sistema é submetido a um curto-circuito trifásico na barra terminal do gerador no instante de tempo igual a 20 segundos, com duração de 100 milissegundos e com a perda de uma das linhas do circuito duplo entre as barras 1 e 2 acontecendo após a falta ser sanada. c) O sistema é submetido a uma variação de +10% na tensão de referência do gerador no instante de tempo igual a 20 segundos, o que causa uma mudança no ponto de operação original do sistema.
  • 61. 47 A escolha dessas três faltas se justifica por submeterem o sistema tanto a um grande impacto (testes a e b) quanto a uma pequena perturbação (teste c), podendo-se avaliar o desempenho do estabilizador proposto e do estabilizador convencional em cada situação. Para o teste (a) o ESP adaptativo auto-ajustável apresenta um desempenho inferior, mas semelhante ao ESP convencional a parâmetros fixos, uma vez que esse ponto de operação foi utilizado para o projeto do ESP convencional, conforme se verifica nas Figuras 4.12 a 4.15. Figura 4.12 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.13 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste a. Fonte: Elaboração própria.
  • 62. 48 Figura 4.14 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.15 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Para o teste (b) o ESP adaptativo auto-ajustável apresenta um desempenho superior, porém muito próximo ao ESP convencional a parâmetros fixos, ao amortecer as oscilações eletromecânicas ocasionadas por uma grande perturbação que levou a uma mudança nas condições operativas do sistema, conforme se verifica nas Figuras 4.16 a 4.19.
  • 63. 49 Figura 4.16 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste b. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.17 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste b. Fonte: Elaboração própria.
  • 64. 50 Figura 4.18 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste b. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.19 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste b. Fonte: Elaboração própria. Para o teste (c) o ESP adaptativo auto-ajustável também apresenta um desempenho levemente superior quando comparado ao ESP convencional a parâmetros fixos mediante uma perturbação promovida pela mudança da tensão terminal de referência do gerador, com ambos conseguindo um amortecimento adequado das oscilações pós-falta, conforme se verifica nas Figuras 4.20 a 4.23.
  • 65. 51 Figura 4.20 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 1 – teste c. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.21 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 1 – teste c. Fonte: Elaboração própria.
  • 66. 52 Figura 4.22 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 1 – teste c. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.23 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 1 – teste c. Fonte: Elaboração própria. 4.3.2 Caso 2 Neste segundo caso, o sistema opera com margens de estabilidade menores comparadas com as existentes no primeiro caso (antes da falta a diferença angular dos geradores era igual a 61,4º, enquanto valia 50,76º para o Caso 1), com este novo ponto de operação sendo bem diferente daquele utilizado para projetar o ESP convencional (gerador opera consumindo potência reativa).
  • 67. 53 Por isso, os resultados das simulações não lineares do sistema mostram que o ESP convencional apresenta um desempenho inferior aos resultados obtidos para o ESP adaptativo para os testes (b) e (c). Para o teste (a), o estabilizador convencional amortece mais adequadamente as oscilações imediatamente após a aplicação da falta quando comparado ao estabilizador adaptativo, conforme pode ser visto nas Figuras 4.24 a 4.27. Figura 4.24 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.25 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste a. Fonte: Elaboração própria.
  • 68. 54 Figura 4.26 – Sinal de controle e erro de predição do estimador para o caso 2 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.27 – Evolução dos parâmetros estimados para o caso 2 – teste a. Fonte: Elaboração própria. Para o teste de curto-circuito trifásico juntamente com perda de linha de transmissão, o ESP adaptativo mostrou-se mais adequado para o amortecimento das oscilações eletromecânicas promovidas pela falta aplicada. A comparação entre o desempenho do estabilizador a parâmetros fixos e o estabilizador adaptativo proposto neste trabalho para o teste (b) é mostrado nas Figuras 4.28 a 4.31.
  • 69. 55 Figura 4.28 – Ângulo do rotor e velocidade angular para o caso 2 – teste b. Fonte: Elaboração própria. Figura 4.29 – Potência elétrica e tensão terminal para o caso 2 – teste b. Fonte: Elaboração própria.