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NARRATIVA EM CAPÍTULOS

      «Escrevemos para ser o que somos, ou para ser aquilo que não
      somos. Em um ou em outro caso nos buscamos a nós mesmos, eternos desconhecidos.               J)




(Octavio Paz)

    Este é um capítulo diferente. Em vez de técnicas diversas girando sobre um mesmo assunto, propomos um
encadeamento de atividades que resulta em um produto final precioso e surpreendente: um texto narrativo que
muito nos ensina sobre o imenso potencial criativo e sobre o mundo interior dos alunos.


1. Motivação ou aquecimento
        1. Com pelo menos uma aula de antecedência, peça aos alunos que tragam
para a aula um livro que leram recentemente e que tenham gostado.
     2. No dia da atividade, em grupos 4 ou 5 pessoas, eles examinarão os livros que trouxeram. Além do texto
principal, que outros elementos compõem a obra? Destes, quais terão sido elaborados pelo próprio autor?
Todos os livros contém todos os elementos citados?
     3. Estipule que, em cada grupo, haverá um aluno "número 1", "número 2", "número 3", "número 4" ou
"número 5". Convide então todos os alunos de mesmo número a formarem novos grupos, ou seja: o grupo dos
alunos" 1 ", o grupo dos alunos "2", etc. Nos novos grupos, os alunos irão comparar os itens que haviam
anotado em seus grupos de origem, ampliando e complementando as suas listas originais.
        4. A seguir, compartilhe com os alunos o seguinte texto, seja numa leitura
em voz alta ou reproduzido numa folha:                                            .

           Ao pegarmos o lápis na mão para contarmos uma história, experimentamos o
poder de criar gente, dar vida e dar morte; fazer surgir um monstro das profundezas do oceano ou do ralo da pia; criar
terremotos ou furacões; separar e juntar grandes amores; explorar ambientes nos quais o homem jamais chegou; surpreender o leitor
e deixd-lo preso à sua história... e a matéria-prima para criarmos o inusitado pode estar no universo ilimitado da fantasia ou em nossa
extraordindria realidade.
Cem Aulas Sem Tédio

    Após a leitura do texto, convide os alunos a experimentarem o poder da criação, ou seja, a elaborarem a
sua própria narrativa em capítulos. Aterte-os para o fato de que este projeto irá levar várias aulas para ser
concluído, porque, como eles próprios observaram nos grupos de discussão, um livro envolve bem mais do que
simplesmente contar uma história.


2. Criação dos personagens
     1. Prepare uma folha com o esboço (somente o contorno) de rostos. Quatro ou cinco, pois é preferível ter
poucos, mas com maior riqueza de dados. Ao lado de cada contorno, coloque linhas que servirão para a
caracterização psicológica (ver exemplo no apêndice). No alto da folha, proponha: De pertinho, ninguém é igual
Crie, assim, tipos diferentes a partir dos desenhos. Procure diferencidlos por características que suponham jeitos, hdbitos, manias,
desejos e experiências (pois nossos personagens também têm a sua história própria).
     2 . Sugira aos alunos que adquiram uma pasta para colocar todos os trabalhos que mais tarde irão resultar
na sua "obrà'. Os esboços dos personagens será a primeira inclusão.


Sugestão:
    * Solicite que cada aluno escolha um entre os personagens criados e desenhe-o de corpo inteiro,
caracterizando-o melhor. Neste desenho ele (ou ela) deverá estar no lugar que mais gosta (sobre uma árvore, no
sótão secreto, no shopping, na beira da praia) e vestindo a sua roupa favorita. Este será o seu provável
personagem principal.


3. Elaboração do enredo

     1. Como tarefa de casa, solicite aos alunos que recortem de revistas ambientes variados (de trabalho, de
lazer, de moradia, de circulação...) para a elaboração de possíveis cenários para a sua história. Quanto mais
ambientes, melhor. Esses recortes servirão de inspiração para o desenvolvimento da narrativa.
     2. Em aula, os alunos deverão selecionar (no mínimo quatro) ambientes, relacionando-os aos personagens
criados na atividade anterior. Cada persona
.

gem poderá ser associado a mais de um ambiente (casa, trabalho e lugares que freqüenta, por exemplo).
     3. Dessa escolha resultará um relatório, que será apresentado a um colega. Nesse relatório, cada aluno
explicitará o perfil de cada um de seus personagens, delineando suas principais características pessoais (como
é, o que faz, onde vive, do que gosta, que problemas enfrenta, etc.).

4. Escrevendo a história

    1. Para iniciar o enredo do texto narrativo, elabore com todos os alunos uma lista de objetos que, na
construção da trama, deverão aparecer em mo mentos importantes da história. (Todos devem participar,
cada aluno dizendo um, para a lista ser significativa para todos.)


Exemplo:

carta! Passagem/ fotografia / perfume/ chave dinheiro/ maquina/ cachorro I peça de roupa I termômetro I
isqueiro I livro 1 óculos I bola I binóculo I vídeo game! arma I quadro I osso I mapa /senha / machadinha

     2. Chegou a vez de escrever o roteiro, ou seja, a base do que será, fururamente, a narrativa em capírulos.
Lembre aos alunos que este roteiro não será estático, ou seja, poderá sofrer alterações à medida que a narrativa
avance; entretanto, é importante que neste estágio o autor já tenha uma idéia do enredo que irá desenvolver e
de qual o conflito que desencadeará a trama (que poderá ser suspense, comédia, aventura, drama, romance,
ficção científica etc.). Um (ou mais) dos objetos elencados terá de ser elemento-chave nesse conflito. Os
personagens criados deverão estar interligados em algum ou em todos os mo mentos da trama, na qual irão
interagir.
     3. A partir daí, os alunos começarão a contar e escrever a sua história (o que provavelmente já estará na
ponta do gatilho), exercendo, na prática, o poder de inventar o arranjo das coisas.
     4. Para acompanhar o processo de criação e mobilizar os menos ágeis, o professor, como um repórter
curioso sobre como são inventadas as histórias, entrevistará cada aluno. Fará perguntas como:
a) Onde ocorre a história?
b) Quais são os personagens mais importantes?
c) Qual é o conflito?
d) Existe um antagonista? Em caso afirmativo, quais as suas características? e) De que forma você pretende
surpreender o leitor?
f) Quando os fatos da tua história acontecem?
g) Qual a característica mais marcante do personagem principal?
h) Você se identifica com algum personagem?
i) De onde você tirou a idéia para a sua história?
j) Teu livro terá ilustrações? E como será a capa?
k) Para quem você irá dedicar esta obra? Por quê?
1) Como é o narrador?
m)Há alguma descrição? Qual, por exemplo?

     Como os demais colegas da turma serão, entre outros, os leitores da obra, as informações reveladas na
entrevista deverão ser mantidas em sigilo. (São os mistérios da criação!) A entrevista é um momento
importante de troca de informações, motivações e afeto.




5. Escrevendo a sinopse e escolhendo um título
     Ao dar uma idéia geral sobre o conteúdo do livro, a sinopse cumpre duas funções básicas: orientar o leitor
sobre o enredo (para, democraticamente, permitir-lhe que decida se quer lê-Io ou não) e servir como isca,
seduzindo-o a entrar na história que está sendo narrada. Mas o título é outro chamariz impor tante: ao mesmo
tempo que dá uma idéia geral sobre o assunto da narrativa, deve instigar o leitor a querer saber mais. Em
resumo, não basta escrever uma boa história; tem de saber "vender o peixe"!
     1. Prepare cópias ou lâminas para retroprojetor com alguns exemplos de sinopses de filmes de locadora e
de livros. Dois de cada seriam suficientes, mas o ideal é pelo menos três, num total de seis.
     2. Em aula, simule com a turma uma situação em que uma loja vai fechar e todos os produtos descritos
pelas sinopses estão em liquidação. Apesar das pechinchas, cada aluno tem dinheiro suficiente para adquirir
apenas urn livro e uma fita. Que títulos eles escolheriam?


I
J  3. Em duplas ou pequenos grupos, peça aos alunos que revelem as suas escolhas e as razões que as
motivaram. "Sei lá" não vale; é responsabilidade do professor de Língua Portuguesa desenvolver a habilidade
de argumentação paralelamente a qualquer assunto trabalhado.
     4. Tendo como referência as sinopses dos produtos que escolheram (afinal, foram iscas que deram certo),
os alunos irão redigir a sinopse do seu próprio trabalho. É importante salientar aos alunos que o desfecho
jamais pode ser revelado.
     5. Depois da elaboração da sinopse, que não deixa de ser um resumo com os pontos altos da trama, ficará
mais fácil escolher o título. Lembre aos "autores" que o nome que darão à sua obra será responsável, muitas
vezes, por um prejulgamento por parte dos leitores. Ser criativo é importante, mas saber esco lher as palavras
certas de acordo com o público alvo é essencial. Por mais brilhante que seja a narrativa, um livro chamado "A
galera doidona do Bom Fim" tem poucas chances de atrair crianças, adultos e mesmo adolescentes que não se
identificam com esse tipo de vocabulário.


6. Planejando as ilustrações e a capa
     Antes de começar o processo de ilustração do livro, é importante chamar a atenção dos alunos para o fato de que,
quanto menor a faixa etária à qual o livro é destinada, normalmente maior será a proporção de ilustrações em rela ção ao
texto. Assim, mais uma vez, o público alvo tem de ser levado em consideração.
      1. Pergunte aos alunos por que, na sua opinião, os livros para adultos têm, normalmente, tão poucas ilustrações. É
possível que eles cheguem à conclusão, sozinhos, de que as ilustrações costumam compensar o universo de linguagem
mais restrito dos mais jovens. Com um vocabulário maior e com estruturas gramaticais mais complexas, um autor que
escreve para adultos não precisa de ilustrações para descrever um personagem ou uma paisagem, por exemplo.
     2. Peça aos alunos que, baseados num perfil aproximado dos seus leitores, decidam se irão incluir ilustrações durante
a narrativa ou apenas na capa. Caso as ilustrações acompanhem também a narrativa, é preciso decidir exatamente em que
ponto(s) elas serão inseridas.
3. As próximas decisões a serem tomadas dizem respeito ao formato do livro (tamanho ofício ou meio ofício?) e
quem ilustrará o trabalho. Sugerimos um. projeto integrado com a disciplina de Artes e a escolha entre diferentes técnicas
(desenho, fotografia, colagem ou pintura) para a ilustração. Outras opções incluem o uso de "diparts" (figuras disponíveis
em softwares de computador) ou a ajuda externa de uma pessoa que, tendo lido a história, interprete-a através de desenhos
ilustrativos. Podem participar os pais, parentes ou amigos, mas a escolha da pessoa certa deverá levar em consideração
uma afinidade com a ótica do autor, já que a tarefa de ilustração acrescentará à obra outros valores e o ponto de vista do
ilustrador.




7. A Biografia
    Também chamada de "biodatà', a biografia relata fatos significativos da vida do autor. Ela é uma parte
importante do livro porque, situando-o no tempo e no espaço, ela sacia a curiosidade do leitor em relação à
mente que há por trás dos personagens, diálogos, cenas e paisagens que compõem a narrativa.


      1. Peça aos alunos que pensem sobre os acontecimentos significativos de sua vida e sobre outras
produções já feitas que tenham sido motivo de orgulho ou comentário geral (todo mundo tem uma história para
contar).
     2. A partir dessa reflexão, os alunos deverão redigir um parágrafo de 1 O a 15 linhas, referindo-se a eles
próprios na terceira pessoa. Tanto quanto possível, essa biografia deverá ser criativa e interessante, dando ao
leitor mais uma possibilidade de deleite textual.

Sugestão:


      Visite com os alunos a biblioteca da escola e peça a uma bibliotecária que fale aos alunos sobre os dados que devem
estar presentes nas fichas catalográficas. Ainda que de forma simplificada, essas fichas poderão ser elaboradas pelos alu -
nos para a inclusão no livro.

8. A dedicatória

    A dedicatória é uma maneira de compartilhar o prazer e os méritos da criação com alguém especial.
1. Proponha aos alunos que pesquisem, em casa ou na biblioteca da escola,
                              diferentes dedicatórias e, entre elas, selecionem duas ou três de que mais gostaram.
          2. Em aula, peça aos alunos que leiam as suas dedicatórias preferidas e comentem, brevemente, sobre o
                                                                         que gostaram nelas. Quando um colega esti
          ver lendo as suas dedicatórias, os demais deverão observar se o autor:
a) citou alguém,da sua família
b) citou colegas de trabalho ou outros profissionais
 c) agradeceu a alguém por alguma coisa
d) dedicou a obra a uma só pessoa ou a várias
e) justificou a sua homenagem
f) deu à dedicatória um tom emotivo
g) usou mais de três linhas para redigir a dedicatória.

     Estas indagações poderão estar escritas no quadro e, depois de cada leitura, os alunos poderão opinar com
um mero "sim" ou "não" sobre o conteúdo das dedicatórias apresentadas. Assim fazendo, ficará mais fácil para
eles decidirem-se a quem vão dedicar a sua obra, de que maneira e por quê.


9. Correção do texto e elaboração do índice
     A correção é, ao mesmo tempo, a parte mais crucial e mais difícil no processo de escrever uma narrativa
em capítulos. É crucial porque erros de ortografia e gramática (sobretudo de pontuação) podem comprometer a
clareza ou o valor da obra; e é difícil porque o texto é a criatura do autor, e os erros tendem a "sumir" perante
os olhos de quem está direta e profundamente ligado à história narrada. Assim, devido à importância desse
estágio da narrativa, mais uma vez a ajuda externa irá ser solicitada e bem-vinda.
     1. Explique aos alunos que, antes de produzirem o texto "definitivo" da narrativa, é preciso reler com
muito cuidado (e de preferência em voz alta) tudo o que foi escrito.
     2. Oriente aqueles que escreveram o texto em computador a utilizarem a função de correção automática do
documento, presente na maioria do editores de texto. No Wórd os alunos deverão selecionar todo o texto e
clicar em "ortografia e gramáticà' no menu "ferramentas". É bom frisar, entretanto, que alguns problemas
poderão passar despercebidos nesse tipo de correção, que ainda apresenta falhas. .
Cem Aulas Sem Tédio

     3. Necessariamente, um adulto que conheça bem a língua portuguesa (o professor não vale!) deverá fazer a
correção final do trabalho. As sugestões apontadas por este revisor poderão ser aceitas ou não; a escolha entre
aceitar uma crítica e manter o seu "estilo" oferecerá mais uma possibilidade de crescimento do aluno através da
realização desse trabalho.
     4. O índice deverá ser elaborado apenas após o término do processo de correção porque, dependendo da
extensão das mudanças, o número das páginas poderá ser alterado.
     Observação: A correção culmina no encaminhamento sugerido acima, mas, certamente, ocorrerá durante
todas as etapas do trabalho, momentos nos quais você estará acompanhando, sugerindo e orientando questões
de estrutura, expressão e conteúdo dos textos produzidos.




10. Comentário crítico

     Ao fim da elaboração da história, cada aluno convidará duas pessoas para lerem a obra, avaliarem o seu trabalho e
registrarem um comentário sobre a sua apreciação crítica. É importante que sejam, respectivamente, um adulto e um
amigo da mesma faixa etária. Nesse texto, os comentaristas convidados irão discorrer sobre as virtudes da história e do
autor, convidando oUtros leitores a apreciarem a obra.
      Os comentários críticos serão "publicados" nas últimas páginas do livro, ou um deles poderá Ser escolhido para
aparecer, já nas primeiras páginas, sob forma de apresentação.                    .   .


     Importante: No capítuló 3, apontávamos para a necessidade de devolver à linguagem escrita a função de comunicar,
ou seja, de tornar comum. Mais do que qualquer outro trabalho, este deverá ser lido, apreciado, analisado, elogiado (ou
quem sabe até criticado construtivamente) pelo maior número possível de leitores. Entre outras formas de divulgação,
sugerimos:
    a) o lançamento dos livros num evento para os alunos da escola e comuni
dade;
    b) o intercâmbio de livros entre as turmas;
    c) a leitura das obras (uma por aluno), em grupos de quatro alunos, que
escolherão a sua preferida para ser dramatizada;                       ,


    d) a exibição dos livros durante encontros pedagógicos com os pais;
e) a organização de uma biblioteca aberta e permanente onde os livros poderão ser retirados por qualquer
aluno da escola (desde que se tomem os cuidados necessários para a preservação e devolução das obras); e
     f) se os alunos dispuserem do equipamento necessário (um computador para a edição eletrônica de seus
textos), a inclusão das obras, catalogadas por autor ou assunto, no site da escola.

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Narrativa+em+capitulos

  • 1. , NARRATIVA EM CAPÍTULOS «Escrevemos para ser o que somos, ou para ser aquilo que não somos. Em um ou em outro caso nos buscamos a nós mesmos, eternos desconhecidos. J) (Octavio Paz) Este é um capítulo diferente. Em vez de técnicas diversas girando sobre um mesmo assunto, propomos um encadeamento de atividades que resulta em um produto final precioso e surpreendente: um texto narrativo que muito nos ensina sobre o imenso potencial criativo e sobre o mundo interior dos alunos. 1. Motivação ou aquecimento 1. Com pelo menos uma aula de antecedência, peça aos alunos que tragam para a aula um livro que leram recentemente e que tenham gostado. 2. No dia da atividade, em grupos 4 ou 5 pessoas, eles examinarão os livros que trouxeram. Além do texto principal, que outros elementos compõem a obra? Destes, quais terão sido elaborados pelo próprio autor? Todos os livros contém todos os elementos citados? 3. Estipule que, em cada grupo, haverá um aluno "número 1", "número 2", "número 3", "número 4" ou "número 5". Convide então todos os alunos de mesmo número a formarem novos grupos, ou seja: o grupo dos alunos" 1 ", o grupo dos alunos "2", etc. Nos novos grupos, os alunos irão comparar os itens que haviam anotado em seus grupos de origem, ampliando e complementando as suas listas originais. 4. A seguir, compartilhe com os alunos o seguinte texto, seja numa leitura em voz alta ou reproduzido numa folha: . Ao pegarmos o lápis na mão para contarmos uma história, experimentamos o poder de criar gente, dar vida e dar morte; fazer surgir um monstro das profundezas do oceano ou do ralo da pia; criar terremotos ou furacões; separar e juntar grandes amores; explorar ambientes nos quais o homem jamais chegou; surpreender o leitor e deixd-lo preso à sua história... e a matéria-prima para criarmos o inusitado pode estar no universo ilimitado da fantasia ou em nossa extraordindria realidade.
  • 2. Cem Aulas Sem Tédio Após a leitura do texto, convide os alunos a experimentarem o poder da criação, ou seja, a elaborarem a sua própria narrativa em capítulos. Aterte-os para o fato de que este projeto irá levar várias aulas para ser concluído, porque, como eles próprios observaram nos grupos de discussão, um livro envolve bem mais do que simplesmente contar uma história. 2. Criação dos personagens 1. Prepare uma folha com o esboço (somente o contorno) de rostos. Quatro ou cinco, pois é preferível ter poucos, mas com maior riqueza de dados. Ao lado de cada contorno, coloque linhas que servirão para a caracterização psicológica (ver exemplo no apêndice). No alto da folha, proponha: De pertinho, ninguém é igual Crie, assim, tipos diferentes a partir dos desenhos. Procure diferencidlos por características que suponham jeitos, hdbitos, manias, desejos e experiências (pois nossos personagens também têm a sua história própria). 2 . Sugira aos alunos que adquiram uma pasta para colocar todos os trabalhos que mais tarde irão resultar na sua "obrà'. Os esboços dos personagens será a primeira inclusão. Sugestão: * Solicite que cada aluno escolha um entre os personagens criados e desenhe-o de corpo inteiro, caracterizando-o melhor. Neste desenho ele (ou ela) deverá estar no lugar que mais gosta (sobre uma árvore, no sótão secreto, no shopping, na beira da praia) e vestindo a sua roupa favorita. Este será o seu provável personagem principal. 3. Elaboração do enredo 1. Como tarefa de casa, solicite aos alunos que recortem de revistas ambientes variados (de trabalho, de lazer, de moradia, de circulação...) para a elaboração de possíveis cenários para a sua história. Quanto mais ambientes, melhor. Esses recortes servirão de inspiração para o desenvolvimento da narrativa. 2. Em aula, os alunos deverão selecionar (no mínimo quatro) ambientes, relacionando-os aos personagens criados na atividade anterior. Cada persona
  • 3. . gem poderá ser associado a mais de um ambiente (casa, trabalho e lugares que freqüenta, por exemplo). 3. Dessa escolha resultará um relatório, que será apresentado a um colega. Nesse relatório, cada aluno explicitará o perfil de cada um de seus personagens, delineando suas principais características pessoais (como é, o que faz, onde vive, do que gosta, que problemas enfrenta, etc.). 4. Escrevendo a história 1. Para iniciar o enredo do texto narrativo, elabore com todos os alunos uma lista de objetos que, na construção da trama, deverão aparecer em mo mentos importantes da história. (Todos devem participar, cada aluno dizendo um, para a lista ser significativa para todos.) Exemplo: carta! Passagem/ fotografia / perfume/ chave dinheiro/ maquina/ cachorro I peça de roupa I termômetro I isqueiro I livro 1 óculos I bola I binóculo I vídeo game! arma I quadro I osso I mapa /senha / machadinha 2. Chegou a vez de escrever o roteiro, ou seja, a base do que será, fururamente, a narrativa em capírulos. Lembre aos alunos que este roteiro não será estático, ou seja, poderá sofrer alterações à medida que a narrativa avance; entretanto, é importante que neste estágio o autor já tenha uma idéia do enredo que irá desenvolver e de qual o conflito que desencadeará a trama (que poderá ser suspense, comédia, aventura, drama, romance, ficção científica etc.). Um (ou mais) dos objetos elencados terá de ser elemento-chave nesse conflito. Os personagens criados deverão estar interligados em algum ou em todos os mo mentos da trama, na qual irão interagir. 3. A partir daí, os alunos começarão a contar e escrever a sua história (o que provavelmente já estará na ponta do gatilho), exercendo, na prática, o poder de inventar o arranjo das coisas. 4. Para acompanhar o processo de criação e mobilizar os menos ágeis, o professor, como um repórter curioso sobre como são inventadas as histórias, entrevistará cada aluno. Fará perguntas como:
  • 4. a) Onde ocorre a história? b) Quais são os personagens mais importantes? c) Qual é o conflito? d) Existe um antagonista? Em caso afirmativo, quais as suas características? e) De que forma você pretende surpreender o leitor? f) Quando os fatos da tua história acontecem? g) Qual a característica mais marcante do personagem principal? h) Você se identifica com algum personagem? i) De onde você tirou a idéia para a sua história? j) Teu livro terá ilustrações? E como será a capa? k) Para quem você irá dedicar esta obra? Por quê? 1) Como é o narrador? m)Há alguma descrição? Qual, por exemplo? Como os demais colegas da turma serão, entre outros, os leitores da obra, as informações reveladas na entrevista deverão ser mantidas em sigilo. (São os mistérios da criação!) A entrevista é um momento importante de troca de informações, motivações e afeto. 5. Escrevendo a sinopse e escolhendo um título Ao dar uma idéia geral sobre o conteúdo do livro, a sinopse cumpre duas funções básicas: orientar o leitor sobre o enredo (para, democraticamente, permitir-lhe que decida se quer lê-Io ou não) e servir como isca, seduzindo-o a entrar na história que está sendo narrada. Mas o título é outro chamariz impor tante: ao mesmo tempo que dá uma idéia geral sobre o assunto da narrativa, deve instigar o leitor a querer saber mais. Em resumo, não basta escrever uma boa história; tem de saber "vender o peixe"! 1. Prepare cópias ou lâminas para retroprojetor com alguns exemplos de sinopses de filmes de locadora e de livros. Dois de cada seriam suficientes, mas o ideal é pelo menos três, num total de seis. 2. Em aula, simule com a turma uma situação em que uma loja vai fechar e todos os produtos descritos pelas sinopses estão em liquidação. Apesar das pechinchas, cada aluno tem dinheiro suficiente para adquirir apenas urn livro e uma fita. Que títulos eles escolheriam? I
  • 5. J 3. Em duplas ou pequenos grupos, peça aos alunos que revelem as suas escolhas e as razões que as motivaram. "Sei lá" não vale; é responsabilidade do professor de Língua Portuguesa desenvolver a habilidade de argumentação paralelamente a qualquer assunto trabalhado. 4. Tendo como referência as sinopses dos produtos que escolheram (afinal, foram iscas que deram certo), os alunos irão redigir a sinopse do seu próprio trabalho. É importante salientar aos alunos que o desfecho jamais pode ser revelado. 5. Depois da elaboração da sinopse, que não deixa de ser um resumo com os pontos altos da trama, ficará mais fácil escolher o título. Lembre aos "autores" que o nome que darão à sua obra será responsável, muitas vezes, por um prejulgamento por parte dos leitores. Ser criativo é importante, mas saber esco lher as palavras certas de acordo com o público alvo é essencial. Por mais brilhante que seja a narrativa, um livro chamado "A galera doidona do Bom Fim" tem poucas chances de atrair crianças, adultos e mesmo adolescentes que não se identificam com esse tipo de vocabulário. 6. Planejando as ilustrações e a capa Antes de começar o processo de ilustração do livro, é importante chamar a atenção dos alunos para o fato de que, quanto menor a faixa etária à qual o livro é destinada, normalmente maior será a proporção de ilustrações em rela ção ao texto. Assim, mais uma vez, o público alvo tem de ser levado em consideração. 1. Pergunte aos alunos por que, na sua opinião, os livros para adultos têm, normalmente, tão poucas ilustrações. É possível que eles cheguem à conclusão, sozinhos, de que as ilustrações costumam compensar o universo de linguagem mais restrito dos mais jovens. Com um vocabulário maior e com estruturas gramaticais mais complexas, um autor que escreve para adultos não precisa de ilustrações para descrever um personagem ou uma paisagem, por exemplo. 2. Peça aos alunos que, baseados num perfil aproximado dos seus leitores, decidam se irão incluir ilustrações durante a narrativa ou apenas na capa. Caso as ilustrações acompanhem também a narrativa, é preciso decidir exatamente em que ponto(s) elas serão inseridas.
  • 6. 3. As próximas decisões a serem tomadas dizem respeito ao formato do livro (tamanho ofício ou meio ofício?) e quem ilustrará o trabalho. Sugerimos um. projeto integrado com a disciplina de Artes e a escolha entre diferentes técnicas (desenho, fotografia, colagem ou pintura) para a ilustração. Outras opções incluem o uso de "diparts" (figuras disponíveis em softwares de computador) ou a ajuda externa de uma pessoa que, tendo lido a história, interprete-a através de desenhos ilustrativos. Podem participar os pais, parentes ou amigos, mas a escolha da pessoa certa deverá levar em consideração uma afinidade com a ótica do autor, já que a tarefa de ilustração acrescentará à obra outros valores e o ponto de vista do ilustrador. 7. A Biografia Também chamada de "biodatà', a biografia relata fatos significativos da vida do autor. Ela é uma parte importante do livro porque, situando-o no tempo e no espaço, ela sacia a curiosidade do leitor em relação à mente que há por trás dos personagens, diálogos, cenas e paisagens que compõem a narrativa. 1. Peça aos alunos que pensem sobre os acontecimentos significativos de sua vida e sobre outras produções já feitas que tenham sido motivo de orgulho ou comentário geral (todo mundo tem uma história para contar). 2. A partir dessa reflexão, os alunos deverão redigir um parágrafo de 1 O a 15 linhas, referindo-se a eles próprios na terceira pessoa. Tanto quanto possível, essa biografia deverá ser criativa e interessante, dando ao leitor mais uma possibilidade de deleite textual. Sugestão: Visite com os alunos a biblioteca da escola e peça a uma bibliotecária que fale aos alunos sobre os dados que devem estar presentes nas fichas catalográficas. Ainda que de forma simplificada, essas fichas poderão ser elaboradas pelos alu - nos para a inclusão no livro. 8. A dedicatória A dedicatória é uma maneira de compartilhar o prazer e os méritos da criação com alguém especial.
  • 7. 1. Proponha aos alunos que pesquisem, em casa ou na biblioteca da escola, diferentes dedicatórias e, entre elas, selecionem duas ou três de que mais gostaram. 2. Em aula, peça aos alunos que leiam as suas dedicatórias preferidas e comentem, brevemente, sobre o que gostaram nelas. Quando um colega esti ver lendo as suas dedicatórias, os demais deverão observar se o autor: a) citou alguém,da sua família b) citou colegas de trabalho ou outros profissionais c) agradeceu a alguém por alguma coisa d) dedicou a obra a uma só pessoa ou a várias e) justificou a sua homenagem f) deu à dedicatória um tom emotivo g) usou mais de três linhas para redigir a dedicatória. Estas indagações poderão estar escritas no quadro e, depois de cada leitura, os alunos poderão opinar com um mero "sim" ou "não" sobre o conteúdo das dedicatórias apresentadas. Assim fazendo, ficará mais fácil para eles decidirem-se a quem vão dedicar a sua obra, de que maneira e por quê. 9. Correção do texto e elaboração do índice A correção é, ao mesmo tempo, a parte mais crucial e mais difícil no processo de escrever uma narrativa em capítulos. É crucial porque erros de ortografia e gramática (sobretudo de pontuação) podem comprometer a clareza ou o valor da obra; e é difícil porque o texto é a criatura do autor, e os erros tendem a "sumir" perante os olhos de quem está direta e profundamente ligado à história narrada. Assim, devido à importância desse estágio da narrativa, mais uma vez a ajuda externa irá ser solicitada e bem-vinda. 1. Explique aos alunos que, antes de produzirem o texto "definitivo" da narrativa, é preciso reler com muito cuidado (e de preferência em voz alta) tudo o que foi escrito. 2. Oriente aqueles que escreveram o texto em computador a utilizarem a função de correção automática do documento, presente na maioria do editores de texto. No Wórd os alunos deverão selecionar todo o texto e clicar em "ortografia e gramáticà' no menu "ferramentas". É bom frisar, entretanto, que alguns problemas poderão passar despercebidos nesse tipo de correção, que ainda apresenta falhas. .
  • 8. Cem Aulas Sem Tédio 3. Necessariamente, um adulto que conheça bem a língua portuguesa (o professor não vale!) deverá fazer a correção final do trabalho. As sugestões apontadas por este revisor poderão ser aceitas ou não; a escolha entre aceitar uma crítica e manter o seu "estilo" oferecerá mais uma possibilidade de crescimento do aluno através da realização desse trabalho. 4. O índice deverá ser elaborado apenas após o término do processo de correção porque, dependendo da extensão das mudanças, o número das páginas poderá ser alterado. Observação: A correção culmina no encaminhamento sugerido acima, mas, certamente, ocorrerá durante todas as etapas do trabalho, momentos nos quais você estará acompanhando, sugerindo e orientando questões de estrutura, expressão e conteúdo dos textos produzidos. 10. Comentário crítico Ao fim da elaboração da história, cada aluno convidará duas pessoas para lerem a obra, avaliarem o seu trabalho e registrarem um comentário sobre a sua apreciação crítica. É importante que sejam, respectivamente, um adulto e um amigo da mesma faixa etária. Nesse texto, os comentaristas convidados irão discorrer sobre as virtudes da história e do autor, convidando oUtros leitores a apreciarem a obra. Os comentários críticos serão "publicados" nas últimas páginas do livro, ou um deles poderá Ser escolhido para aparecer, já nas primeiras páginas, sob forma de apresentação. . . Importante: No capítuló 3, apontávamos para a necessidade de devolver à linguagem escrita a função de comunicar, ou seja, de tornar comum. Mais do que qualquer outro trabalho, este deverá ser lido, apreciado, analisado, elogiado (ou quem sabe até criticado construtivamente) pelo maior número possível de leitores. Entre outras formas de divulgação, sugerimos: a) o lançamento dos livros num evento para os alunos da escola e comuni dade; b) o intercâmbio de livros entre as turmas; c) a leitura das obras (uma por aluno), em grupos de quatro alunos, que escolherão a sua preferida para ser dramatizada; , d) a exibição dos livros durante encontros pedagógicos com os pais;
  • 9. e) a organização de uma biblioteca aberta e permanente onde os livros poderão ser retirados por qualquer aluno da escola (desde que se tomem os cuidados necessários para a preservação e devolução das obras); e f) se os alunos dispuserem do equipamento necessário (um computador para a edição eletrônica de seus textos), a inclusão das obras, catalogadas por autor ou assunto, no site da escola.