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Trovadorismo
1. Quais eram as características da
produção literária medieval.
2. Como se caracterizou a literatura
galego-portuguesa.
• Foram os gregos, e depois os romanos que,
lançaram as bases da tradição cultural do
Ocidente. Da Idade Média ao Renascimento,
essa tradição gerou, na Europa, um conjunto
de obras decisivas para nossa civilização.
• A produção artística, que se concentrava nas
mãos da Igreja, sai dos mosteiros, ganha as
cortes e as ruas.
Miniatura representando o jardim do amor, manuscrito do Romance da
Rosa, de Guillaume de Lorris e Jean de Meun, 1490-1500
Se eu não a tenho, ela me tem
o tempo todo preso, Amor,
e tolo e sábio, alegre e triste,
eu sofro e não dou troco.
É indefeso quem ama.
Amor comanda
à escravidão mais branda
e assim me rendo,
sofrendo,
à dura lida
que me é deferida.
[...]
É tal a luz que dela vem
que até me aqueço nessa dor
sem outro sol que me conquiste,
mas no sol ou no fogo
não digo quem me inflama.
O olhar me abranda,
só os olhos têm vianda,
e a ela vendo
vou tendo
mais distendida
minha sobrevida.
[...]
Eu sei cantar como ninguém mas
meu saber perde o sabor
se ela me nega o que me assiste.
Vejo-a só, não a toco,
mas sempre que me chama
para ela anda
meu corpo, sem demanda,
e sempre atendo,
sabendo
que ela me olvida / e apaga
merecida.
DANIEL, Arnaut. In: CAMPOS, Augusto
de. Invenção. São Paulo: Arc, 2003. p.90-
93. (Fragmento)
Idade Média: entre o mosteiro e a corte
• Inicia-se em 476 e termina em 1453.
• Herança da dominação romana: cristianismo,
latim.
• Papa Inocêncio III
“Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes
sobre a alma. E assim como a alma é muito mais
valiosa do que o corpo, assim também mais valioso
é o clero do que a monarquia.”
• Pessoas imperfeitas, inferiores, submissas à
Igreja: indicativo de uma postura teocêntrica.
TEOCENTRISMO:
se refere a uma visão de mundo
cristã, que a firma a perfeição e a
superioridade Deus, centro de
todas as coisas, e vê o ser
humano como imperfeito e
pecador.
Assim, se a cultura era algo que
dependia da reprodução
manuscrita, só se traduzia textos
que não representassem ameaça
ao poder da Igreja.
• Uma nova organização social: a morte do
imperador Carlos Magno obrigou a sociedade
a se organizar em torno dos senhores feudais.
• Camponeses livres, cavaleiros, nobres
empobrecidos.
• O servilismo dos vassalos origina o princípio
básico da literatura medieval: a afirmação de
subserviência de um trovador à sua dama ou
de um cavaleiro à sua donzela.
Trovadorismo: poesia e cortesia
Projetoliteráriodo
Trovadorismo
Literatura oral para entreter os
homens e as mulheres da nobreza
Redefinição do papel dos cavaleiros
nas cortes
Criação de estruturas literárias
equivalentes às da relação de
vassalagem
Sociedade: subserviência total a
Deus (teocentrismo), representada
literariamente pela submissão do
trovador ou do cavaleiro.
• Trovadorismo e o público: poesia da
sociedade; os membros da corte julgavam o
comportamento do trovador e de sua dama.
• As regras da conduta amorosa: expressar
elogios e súplicas a uma mulher da nobreza,
casada, que tivesse posição social
reconhecida.
Linguagem da vassalagem amorosa
• Unindo poesia e música, os textos eram
divulgados de forma oral.
• Uso de rimas;
• Expressões utilizadas para nomear a dama
(senhor, mia senhor, senhor fremosa);
• Referência aos principais valores da sociedade
cortês.
Jogo de amor cortês
• Um conceito europeu medieval de
atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o
amor. Na sua essência, o amor cortês era uma
experiência contraditória entre o desejo
erótico e a realização espiritual, "um amor ao
mesmo tempo ilícito e moralmente elevado”.
A teoria do amor cortês pressupõe uma concepção platônica
do amor que pode ser resumida nos pontos abaixo:
• Total submissão do enamorado à sua dama (por uma transposição
do amor às relações sociais sob o feudalismo, o enamorado rende
vassalagem à sua senhora).
• A amada é sempre distante, admirável e um compêndio de
perfeições físicas e morais.
• O estado amoroso, por transposição ao amor dos sentimentos e
imaginário religioso, é uma espécie de estado de graça que
enobrece a quem o pratica.
• Os enamorados são sempre de mesma condição aristocrática.
• O enamorado pode chegar a comunicar-se com a sua inatingível
senhora, após uma progressão de estados que vão desde o
suplicante ("fenhedor", em occitano) ao amante ("drut").
• Trata-se, frequentemente, de um amor adúltero. Por isso, o
poeta oculta o objeto de seu amor substituindo o nome da amada
por uma palavra-chave ("senhal") ou pseudônimo poético.
• Cantigas de amigo e cantigas de amor: pág.
48-51
• Cantigas satíricas
Critica o comportamento social de seus pares,
difamavam alguns nobres ou denunciavam as
damas que deixavam de cumprir seu papel no
jogo do amor cortês. Podem ser escárnio ou de
maldizer.
• Cantigas de escárnio: a critica aparece através
do duplo sentido. O efeito satírico é obtido
por meio de ironias, trocadilhos e jogos
semânticos. Ridicularizam o comportamento
dos nobres ou denunciam as mulheres que
não seguem o código do amor cortês.
• Cantigas de maldizer: o trovador faz sua
crítica de modo direto, explícito, identificando
a pessoa satirizada. Linguagem ofensiva,
palavras de baixo calão.
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv'en [o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdon,
pois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
Joan Garcia de Guilhade, CV 1097, CBN 1486
1 mentira e 8 verdades sobre o Trovadorismo
1. O trovadorismo é um reflexo do ambiente
religioso e político da Idade Média.
2. Tem traços da visão teocêntrica e papel de
servilidade do homem com a Igreja.
3. O trovadorismo foi o primeiro movimento
literário da língua portuguesa. Passou a ter
destaque durante o século 12, quando
Portugal começou a se destacar como
nação.
4. Normalmente o trovador assume um eu-
lírico masculino. Ele se dirige à mulher
amada, uma figura idealizada e distante.
5. O trovador se coloca como um vassalo a
serviço da mulher. Com isso, ela se torna
um sonho, espécie de amor distante e
impossível.
6. Nas cantigas de amigo, de origem popular,
eu-lírico é feminino e usa recursos
literários típicos da tradição oral, que
facilitam a memorização das canções.
7. Como o nome indica, as cantigas de
escárnio são críticas, zombarias e
sarcásticas. Normalmente o alvo do
escárnio era alguém real e do mesmo
círculo social que o trovador.
8. As canções de escárnio usam indiretas de
forma a encobrir a agressividade, deixando
a cantiga ambígua.
9. As cantigas de maldizer trazem a mania de
falar pelas costas. Nesses casos, a pessoa
que é alvo da canção costuma ser citada
por algum codinome.

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Trovadorismo

  • 1. Trovadorismo 1. Quais eram as características da produção literária medieval. 2. Como se caracterizou a literatura galego-portuguesa.
  • 2. • Foram os gregos, e depois os romanos que, lançaram as bases da tradição cultural do Ocidente. Da Idade Média ao Renascimento, essa tradição gerou, na Europa, um conjunto de obras decisivas para nossa civilização. • A produção artística, que se concentrava nas mãos da Igreja, sai dos mosteiros, ganha as cortes e as ruas.
  • 3. Miniatura representando o jardim do amor, manuscrito do Romance da Rosa, de Guillaume de Lorris e Jean de Meun, 1490-1500
  • 4. Se eu não a tenho, ela me tem o tempo todo preso, Amor, e tolo e sábio, alegre e triste, eu sofro e não dou troco. É indefeso quem ama. Amor comanda à escravidão mais branda e assim me rendo, sofrendo, à dura lida que me é deferida. [...] É tal a luz que dela vem que até me aqueço nessa dor sem outro sol que me conquiste, mas no sol ou no fogo não digo quem me inflama. O olhar me abranda, só os olhos têm vianda, e a ela vendo vou tendo mais distendida minha sobrevida. [...] Eu sei cantar como ninguém mas meu saber perde o sabor se ela me nega o que me assiste. Vejo-a só, não a toco, mas sempre que me chama para ela anda meu corpo, sem demanda, e sempre atendo, sabendo que ela me olvida / e apaga merecida. DANIEL, Arnaut. In: CAMPOS, Augusto de. Invenção. São Paulo: Arc, 2003. p.90- 93. (Fragmento)
  • 5. Idade Média: entre o mosteiro e a corte • Inicia-se em 476 e termina em 1453. • Herança da dominação romana: cristianismo, latim. • Papa Inocêncio III “Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes sobre a alma. E assim como a alma é muito mais valiosa do que o corpo, assim também mais valioso é o clero do que a monarquia.” • Pessoas imperfeitas, inferiores, submissas à Igreja: indicativo de uma postura teocêntrica.
  • 6. TEOCENTRISMO: se refere a uma visão de mundo cristã, que a firma a perfeição e a superioridade Deus, centro de todas as coisas, e vê o ser humano como imperfeito e pecador. Assim, se a cultura era algo que dependia da reprodução manuscrita, só se traduzia textos que não representassem ameaça ao poder da Igreja.
  • 7. • Uma nova organização social: a morte do imperador Carlos Magno obrigou a sociedade a se organizar em torno dos senhores feudais. • Camponeses livres, cavaleiros, nobres empobrecidos. • O servilismo dos vassalos origina o princípio básico da literatura medieval: a afirmação de subserviência de um trovador à sua dama ou de um cavaleiro à sua donzela.
  • 8. Trovadorismo: poesia e cortesia Projetoliteráriodo Trovadorismo Literatura oral para entreter os homens e as mulheres da nobreza Redefinição do papel dos cavaleiros nas cortes Criação de estruturas literárias equivalentes às da relação de vassalagem Sociedade: subserviência total a Deus (teocentrismo), representada literariamente pela submissão do trovador ou do cavaleiro.
  • 9. • Trovadorismo e o público: poesia da sociedade; os membros da corte julgavam o comportamento do trovador e de sua dama. • As regras da conduta amorosa: expressar elogios e súplicas a uma mulher da nobreza, casada, que tivesse posição social reconhecida.
  • 10. Linguagem da vassalagem amorosa • Unindo poesia e música, os textos eram divulgados de forma oral. • Uso de rimas; • Expressões utilizadas para nomear a dama (senhor, mia senhor, senhor fremosa); • Referência aos principais valores da sociedade cortês.
  • 11. Jogo de amor cortês • Um conceito europeu medieval de atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o amor. Na sua essência, o amor cortês era uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado”.
  • 12. A teoria do amor cortês pressupõe uma concepção platônica do amor que pode ser resumida nos pontos abaixo: • Total submissão do enamorado à sua dama (por uma transposição do amor às relações sociais sob o feudalismo, o enamorado rende vassalagem à sua senhora). • A amada é sempre distante, admirável e um compêndio de perfeições físicas e morais. • O estado amoroso, por transposição ao amor dos sentimentos e imaginário religioso, é uma espécie de estado de graça que enobrece a quem o pratica. • Os enamorados são sempre de mesma condição aristocrática. • O enamorado pode chegar a comunicar-se com a sua inatingível senhora, após uma progressão de estados que vão desde o suplicante ("fenhedor", em occitano) ao amante ("drut"). • Trata-se, frequentemente, de um amor adúltero. Por isso, o poeta oculta o objeto de seu amor substituindo o nome da amada por uma palavra-chave ("senhal") ou pseudônimo poético.
  • 13. • Cantigas de amigo e cantigas de amor: pág. 48-51 • Cantigas satíricas Critica o comportamento social de seus pares, difamavam alguns nobres ou denunciavam as damas que deixavam de cumprir seu papel no jogo do amor cortês. Podem ser escárnio ou de maldizer.
  • 14. • Cantigas de escárnio: a critica aparece através do duplo sentido. O efeito satírico é obtido por meio de ironias, trocadilhos e jogos semânticos. Ridicularizam o comportamento dos nobres ou denunciam as mulheres que não seguem o código do amor cortês.
  • 15. • Cantigas de maldizer: o trovador faz sua crítica de modo direto, explícito, identificando a pessoa satirizada. Linguagem ofensiva, palavras de baixo calão.
  • 16. Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv'en [o] meu cantar; mais ora quero fazer um cantar en que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi perdon, pois avedes [a] tan gran coraçon que vos eu loe, en esta razon vos quero já loar toda via; e vedes qual será a loaçon: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei en meu trobar, pero muito trobei; mais ora já un bon cantar farei, en que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia! Joan Garcia de Guilhade, CV 1097, CBN 1486
  • 17. 1 mentira e 8 verdades sobre o Trovadorismo 1. O trovadorismo é um reflexo do ambiente religioso e político da Idade Média. 2. Tem traços da visão teocêntrica e papel de servilidade do homem com a Igreja. 3. O trovadorismo foi o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Passou a ter destaque durante o século 12, quando Portugal começou a se destacar como nação. 4. Normalmente o trovador assume um eu- lírico masculino. Ele se dirige à mulher amada, uma figura idealizada e distante. 5. O trovador se coloca como um vassalo a serviço da mulher. Com isso, ela se torna um sonho, espécie de amor distante e impossível. 6. Nas cantigas de amigo, de origem popular, eu-lírico é feminino e usa recursos literários típicos da tradição oral, que facilitam a memorização das canções. 7. Como o nome indica, as cantigas de escárnio são críticas, zombarias e sarcásticas. Normalmente o alvo do escárnio era alguém real e do mesmo círculo social que o trovador. 8. As canções de escárnio usam indiretas de forma a encobrir a agressividade, deixando a cantiga ambígua. 9. As cantigas de maldizer trazem a mania de falar pelas costas. Nesses casos, a pessoa que é alvo da canção costuma ser citada por algum codinome.