Trenzinho da alegria no ministério público federal como quem não quer nada
1. Trenzinho da alegria no Ministério Público Federal Como quem não quer nada, assim, quase
na surdina, para ninguém perceber, em uma sessão de quinta-feira pela manhã, normalmente
destinada a projetos de menor importância, sem nenhuma discussão e com votação
meramente simbólica, movido por um violento lobby da Procuradoria-Geral da República, o
Plenário da Câmara dos Deputados votou hoje o Projeto de Lei n° 2202/2011, de autoria do
Ministério Público da União, para criar cargos de membros e Cargos em Comissão no
âmbito do Ministério Público Federal.
Com a aprovação, devem ser criados 12 cargos de Subprocuradores-Gerais da República, 15
cargos de Procuradores Regionais da República e 660 cargos de Procuradores da República,
preenchidos mediante concurso público, sabidamente um dos mais concorridos e rigorosos
do Brasil.
O grande problema (e a grande sinecura) é que no mesmo projeto são criados também 750
Cargos em Comissão, de livre nomeação, sem concurso público.
Dentre as funções a serem desempenhadas pelos CC's estão as de Assessor do ProcuradorGeral da República, Assessor da Câmara de Coordenação e Revisão, Assessor da
Corregedoria, Assessor-Chefe do Vice-Procurador-Geral Eleitoral, e outros de igual
relevância.
A justificativa é de que o funcionamento projetado do MPF para os próximos sete anos
necessita de aporte de pessoal. Mas se é assim, porque não preencher estes cargos através de
Concurso Público, de forma transparente, e não por cargos de confiança, indicados de forma
absolutamente discricionária e com altos vencimentos?
O mais estranho de tudo isso é que uma proposta dessas venha justamente do MPF, que
sabidamente atua com extremo em relação a estas práticas em outros órgãos da
administração pública. Então o que vale para o MPF não vale para o restante da
administração pública? É bom saber disso.
Também é curioso que nenhum deputado tenha se manifestado de forma contrária,
visivelmente para não se indispor com o Ministério Público, que não tem nenhuma
complacência quando se trata de apontar o dedo, principalmente em relação a agentes
políticos - e é bom mesmo que seja assim - mas que se considera autorizado sabe-se lá por
quem a comportar-se de forma semelhante a tudo aquilo que diz combater.
Com a moral cada vez mais em baixa perante a opinião pública, os nobres deputados
acharam melhor não cutucar a onça com vara curta e, no caso de alguns, com o rabo preso. E
aprovaram quase secretamente, de um jeito bem matreiro, o Projeto de Lei de interesse dos
ínclitos representantes do Ministério Público Federal.
* Emprego ou função em cargo público, conquistado em troca de favores políticos.