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Campinas
2017
FERNANDA RUBIO GEROMEL
TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS:
UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO-
FUNCIONAL
Campinas
2017
TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS:
UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO-
FUNCIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade Anhanguera, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Fisioterapia.
Orientador:
FERNANDA RUBIO GEROMEL
FERNANDA RUBIO GEROMEL
TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS:
UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade Anhanguera, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Fisioterapia.
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Campinas, de dezembro de 2017.
Dedico este trabalho primeiramente а
Deus, pоr ser essencial еm minha vida,
autor do mеυ destino, mеυ guia, socorro
presente nа hora dа angústia, ао mеυ pai
José Fernando Geromel, minha mãе
Aparecida Francisca Machado Rubio
Geromel е аоs meus professores.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha
vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é
o maior mestre qυе alguém pode conhecer.
A Faculdade Anhanguera, pela oportunidade dе fazer о curso.
Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas
racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo
dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе
ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça
аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos
agradecimentos.
Agradeço aos meus pais, Aparecida Francisca Machado Rubio Geromel e José
Fernando Geromel, pela determinação e luta na minha formação, fazendo amparar os
ensinamentos de meus avós.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito
obrigado.
GEROMEL, Fernanda Rubio. Tratamento em Pacientes Queimados: uma
abordagem da fisioterapia dermato-funcional. 2017. Número total de folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação Fisioterapia) – Faculdade Anhanguera,
Campinas, 2017.
RESUMO
Queimadura é uma lesão no sistema tegumentar causada por
exposição ou contato com uma fonte de calor (por exemplo, queimaduras solares,
água fervendo) ou, pelo contrário, uma fonte de frio; atrito intenso; contato com
alguma substância química; exposição a algum agente radioativo (por ex. raio X);
choque elétrico; entre outros. Meus objetivos com esse trabalho são entender como
é o sistema tegumentar, descrever o que são as queimaduras e apontar os
tratamentos mais atuais que a fisioterapia dermato-funcional pode fazer, pois muitas
pessoas não sabem o quão eficaz a fisioterapia se mostra nos cuidados a essa
patologia. Esse trabalho é uma revisão bibliográfica embasada em livros e em
artigos científicos das bases de dados Google acadêmico e BIREME dos anos de
2010 a 2016. A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação de
pacientes queimados utilizando-se de várias técnicas, proporcionando ao paciente
bem-estar e qualidade de vida, porém por ser uma área de atuação relativamente
nova a pesquisa cientifica efetuada por profissionais que ai atuam ainda é escassa.
Palavras-chave: Queimadura 1; Fisioterapia 2.
GEROMEL, Fernanda Rubio. Tratamento em Pacientes Queimados: uma
abordagem da fisioterapia dermato-funcional. 2017. Número total de folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação Fisioterapia) – Faculdade Anhanguera,
Campinas, 2017.
ABSTRACT
Burn is an injury to the integumentary system caused by exposure to or
contact with a source of heat (eg, sunburn, boiling water) or, on the contrary, a
source of cold; intense friction; contact with any chemical substance; exposure to any
radioactive agent (eg X-ray); electric shock; among others. My goals with this work
are to understand how the integumentary system is, to describe what burns are and
to point out the most current treatments that dermato-functional physiotherapy can
do, since many people do not know how effective physical therapy is in the care of
this pathology. This work is a bibliographic review based on books and scientific
articles from the databases Google academic and BIREME from the years 2010 to
2016. Dermatological-functional physiotherapy can assist in the recovery of burned
patients using several techniques, providing the patient with well-being and quality of
life, but because it is a relatively new area of research, the scientific research carried
out by professionals who work there is still scarce.
Key-words: Burn 1; Physiotherapy 2.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................13
1. Anatomia e Histologia da Pele.................................................................14
1.1 EPIDERME................................................................................................15
1.2 DERME......................................................................................................16
1.3 HIPODERME.............................................................................................17
1.4 ANEXOS DA PELE....................................................................................17
2 QUEIMADURAS...........................................................................................18
2.1 CLASSIFICAÇÃO......................................................................................18
2.2 ETIOLOGIA................................................................................................19
2.3 ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS LOCAIS........................................19
2.4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SISTÊMICAS.........................................20
2.5 MECANISMO DE CURA DAS LESÕES TERMICAS DA PELE................20
3 TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO.........................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................24
REFERÊNCIAS...............................................................................................25
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – A Pele................................................................................................................. 14
Figura 2 – A epiderme ....................................................................................................... 16
Figura 3 – A regra dos 9 em criança e adulto ............................................................... 18
13
INTRODUÇÃO
As queimaduras, lesões na pele causadas por calor, eletricidade, substâncias
químicas, atrito ou radiação, são acidentes frequentes no mundo, ocorrendo mais no
sexo masculino, podendo acontecer em qualquer idade, ocupação e situação
econômica do paciente.
Cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil por ano,
segundo o Ministério da Saúde. As maiores vítimas são crianças e pessoas de baixa
renda. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 15 mil casos de
internações por queimaduras em crianças entre 0 e 10 anos no período de 2013 e
2014.
As queimaduras causam modificações locais e sistêmicas, com algumas
diferenças na evolução da reparação que dependem da antecipação da intervenção
fisioterapeutica. A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação
proporcionando ao paciente bem-estar e qualidade de vida.
Meus objetivos com esse trabalho são entender como é o sistema
tegumentar, descrever o que são as queimaduras e apontar os tratamentos mais
atuais que a fisioterapia dermato-funcional pode fazer, pois muitas pessoas não
sabem o quão eficaz a fisioterapia se mostra nos cuidados a essa patologia.
Esse trabalho é uma revisão bibliográfica embasada em livros e em artigos
científicos das bases de dados Google acadêmico e BIREME dos anos de 2010 a
2016. Foram encontrados 84 artigos e só utilizados 11 artigos.
14
1 ANATOMIA E HISTOLOGIA DA PELE
A pele é um órgão do corpo humano que faz parte do sistema tegumentar
junto com a tela subcutânea e os anexos cutâneos. Ela representa 12% do peso
seco do corpo, tendo aproximadamente 4,5 quilos e é o mais extenso órgão
sensorial do corpo.
Figura 1: A pele
Fonte: VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013
As funções da pele são:
 Proteção contra injúria mecânica, atrito, tração, elasticidade, desidratação e
radiação, principalmente UV.
 Regulação da temperatura corporal.
 Atua como órgão imunitário, abrigando diversos tipos de leucócitos.
 Metaboliza a vitamina D com a ajuda dos raios solares.
 Atua como órgão sensorial, constituindo o sentido do tato.
A pele é dividida em 2 camadas: epiderme, que é superficial, e derme, que é
profunda.
15
1.1 EPIDERME
A epiderme é a camada mais superficial da pele. Suas células estão em
constante renovação, as quais se multiplicam na base, enrijecem e morrem
enquanto se movem para a superfície.
Suas camadas são:
 Camada Basal: única camada de células, em contato direto com a derme,
que possui quatro tipos diferentes de células: queratinócitos produtores de
queratina, proteína responsável pelo fortalecimento e impermeabilidade da
pele; melanócitos, produtores de melanina, pigmento que ao ser
fagocitado pelos queratinócitos dá cor à pele, além de proteger as células
contra os raios do sol; células táteis, que dão sensibilidade ao tegumento;
e de células de Langerhans, tipos de fagócitos que englobam bactérias e
resíduos estranhos, sendo a primeira proteção contra patógenos. Com
exceção das células de Langerhans, as células dessa camada se
multiplicam constantemente, para repor as células mortas da epiderme.
 Camada Espinhosa: fica acima da camada basal e é formada por várias
camadas, é composta por queratinócitos em formato de poliedros, que se
unem através de desmossomos, filamentos semelhantes a espinhos. No
espaço entre as células, existe o glicocalix, substância que serve de meio
condutor de substâncias hidrossolúveis do meio externo para o meio
interno.
 Camada Granulosa: formada por poucas camadas de células achatadas,
que possuem grânulos contendo queratomalina, percussora da queratina,
e grânulo lamelares, que tornam as células impermeáveis, como
prevenção a perda de água.
 Camada Córnea: formada por células com núcleos bem reduzidos ou
anucleadas. Apresenta em torno de 30 estratos de células achatadas e
mortas, semelhantes a escamas. A queratinização ou cornificação é o
processo que transforma os queratinócitos em células córneas, achatadas
e secas. Este processo é importante para a função de proteção da pele.
Em média, este processo dura de 26 a 28 dias, após, as células mortas se
desprendem e esfoliam, para que novas células das camadas mais
profundas as substituam. Assim, a pele encontra-se em constante
renovação.
 Camada Lúcida: camada extra presente nas regiões palmoplantares em
que a pele é mais espessa e nos lábios, fica entre a camada córnea e a
granulosa. Esta camada possui células transparentes e achatadas.
16
FIGURA 2: A EPIDERME
Fonte: VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013
1.2 DERME
A derme é a segunda camada da pele, mais profunda e espessa que contem
vasos sanguíneos, glândulas e terminações nervosas. É formada por uma mistura
de colágeno, elastina e outros tecidos conectivos. Tais substâncias presentes na
composição da derme tornam a pele resistente e elástica. Além disso, a elastina e o
colágeno são organizados em padrões definidos no interior da derme, de maneira a
produzir as linhas de tensão da pele, garantindo seu tônus.
Entre a epiderme e a derme, há uma área de transição, denominada membrana
basal, que as une firmemente. Os hemossideromas localizados inferiormente nos
queratinócitos e melanócitos possibilitam que a membrana se fixe na epiderme,
enquanto a sua face inferior se fixa na derme através de fibrilas de ancoragem da
derme papilar.
A derme é subdividida em duas camadas: a camada papilar em contato com a
epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, e a camada reticular, constituída por
tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras colagenosas. É
na derme que se localizam os vasos sanguíneos que nutrem a epiderme, vasos
linfáticos e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados. Estes
incluem vários tipos de sensores:
 Corpúsculo de Vater-Pacini: receptor encapsulado que se localiza
profundamente na derme, bem como na parede da bexiga e próximo a
articulações e músculos. Ele percebe pressão mais forte e sustentada.
 Corpúsculo de Meissner: terminação nervosa encapsulada na parte
superficial da derme, especialmente nas palmas das mãos, plantas dos
pés, lábios, pálpebras, órgãos genitais externos e mamilos.
Respondem a pressão leve.
 Corpúsculo de Krause: é encapsulado e localiza-se nas bordas da
epiderme com as mucosas. É pouco conhecido e sua função é incerta,
alguns o consideram como termorreceptor sensível ao frio.
17
 Corpúsculo de Ruffini: receptor encapsulado na pele e nos tecidos
mais profundos que reage ao toque e pressão contínuos. Em cápsulas
articulares, responde a movimentos de rotação.
 Disco de Merkel: receptor nu (não encapsulado), geralmente na parte
superficial da derme ou na parte profunda da epiderme, especialmente
em áreas sem pelos. Ele responde ao toque levíssimo e a pressão
leve.
 Terminações Nervosas Livres: sensoras de temperatura, toque leve,
pressão e dor, ramificadas e geralmente sem bainha. Elas se
encontram por todo o corpo e em todos os tipos de tecidos conectivos.
1.3 HIPODERME
A hipoderme é uma tela subcutânea, que conecta a derme aos tecidos e
órgãos subjacentes. Apesar de sua estreita relação funcional com a pele, não é
considerada parte constituinte da pele/sistema tegumentar. Composta por células do
tecido adiposo, age como isolante térmico e reserva calórica. Em algumas regiões
do corpo, protege contra traumas, atuando como amortecedor. A quantidade de
tecido adiposo na camada da hipoderme pode variar, dependendo da região do
corpo, da idade e sexo.
1.4ANEXOS DA PELE
São estruturas derivadas do ectoderma, como:
 Pelos: são hastes de células achatadas mortas preenchidas por queratina, e
têm papel principalmente protetor. A raiz, ou bulbo, do pelo fica enterrada em
um fosso, o folículo. À medida que mais células se acrescentam a raiz, o pelo
se alonga a partir da sua base.
 Unhas: são placas duras, compostas de uma proteína resistente denominada
queratina. O crescimento ocorre sob uma dobra de pele (cutícula) na base da
unha. Uma área denominada matriz da unha adiciona células queratinizadas
a raiz da unha, e a unha inteira é continuamente empurrada para frente ao
longo do vale da unha em direção a sua borda livre.
 Glândulas Sebáceas: são glândulas microscópicas na pele que secretam uma
matéria oleosa, chamada sebo, para lubrificar e impermeabilizar a pele. Elas
são encontradas em maior quantidade na face e couro cabeludo, embora elas
também estejam presentes em todas as zonas da pele, exceto nas palmas
das mãos e plantas dos pés.
 Glândulas Sudoríparas: são glândulas que produzem o suor, função
importante para regular a temperatura do corpo e eliminar substâncias
toxicas. São glândulas tubulares enroladas derivadas das camadas exteriores
da pele que se estendem até a camada interna. Elas são distribuídas por toda
a superfície do corpo.
18
2 QUEIMADURAS
A queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em resultado de um trauma
de origem térmica. Pode variar desde uma pequena bolha ou flictena, até formas
mais graves capazes de provocar um grande numero de respostas sistêmicas.
O método mais eficaz para a determinação da área queimada é constituído
pela “regra dos nove”, desenvolvido por Polaski & Tennison, o qual divide a
superfície corporal em partes que equivalem a aproximadamente 9% do total.
FIGURA 3: REGRA DOS 9 EM CRIANÇA E ADULTO
Fonte: GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de Queimaduras:
um guia pratico. São José, SC: Revinter, 1997
Cada parte do corpo corresponde a um percentual, ou seja, o corpo é dividido
em múltiplos de nove:
 No adulto:
 Cabeça e pescoço – 9%
 Tronco anterior – 18%
 Tronco posterior – 18%
 Membros superiores – 18% (9% cada)
 Membros inferiores – 36% (18% cada)
 Períneo – 1%
 Na criança:
 Cabeça – 21%
 Tronco anterior – 18%
 Tronco posterior – 18%
 Membros superiores – 18% (9% cada)
 Membros inferiores – 24% (12% cada)
 Períneo – 1%
2.1 CLASSIFICAÇÃO
A classificação quanto à profundidade da queimadura é normalmente dada
em graus:
 Primeiro grau: é a queimadura mais superficial, restringindo as lesões a
epiderme, e caracteriza-se por deixar a pele avermelhada
(hiperemiada), inchada (edemaciada) e extremamente dolorida. De
19
maneira geral as queimaduras de primeiro grau podem ser tratadas
clinicamente com a utilização de pomadas e evoluem
satisfatoriamente.
 Segundo grau: caracteriza-se pelo aparecimento da bolha (flictena) que
é a manifestação externa de um descolamento dermo-epidérmico. Tem
uma profundidade intermediária, atingindo a epiderme e espessuras
variáveis da derme, poupando parte desta.
 Terceiro grau: é grave, atingindo toda a epiderme e a derme, e em
muitos casos outros tecidos são atingidos (tela subcutânea, tecido
muscular e ósseo). A cicatrização é dificultosa e demorada deixando
muitas sequelas, sendo necessárias intervenções mais drásticas como
as enxertias de pele.
 Quarto grau: Uma queimadura elétrica (quarto grau) envolve a
completa destruição de todos os tecidos, desde a epiderme até o
tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura ocorre normalmente
em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de
entrada, que estará carbonizada e deprimida. (AZULAY, 2006)
São indicações para internação:
 Lesão de terceiro grau, atingindo mais de 10% da superfície corporal.
 Lesão de segundo grau, atingindo área superior a 20% no adulto e
10% na criança.
 Queimaduras significativas de face, mãos e pés.
 Queimaduras de região perineal ou de genitália.
2.2 ETIOLOGIA
As causas são variadas, porém as queimaduras geralmente são provocadas
por:
 Líquidos e vapores aquecidos.
 Líquidos densos e sólidos aquecidos.
 Substâncias inflamáveis.
 Contato direto com a chama.
 Radiações não-ionizantes.
 Frio.
 Fricção mecânica.
 Eletricidade.
 Radiações ionizantes (raios X, alfa, beta, gama).
 Produtos químicos.
2.3 ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS LOCAIS
As queimaduras prejudicam a integridade funcional da pele, quebrando a
homeostase hidroelétrolitica e alterando o controle da temperatura interna,
flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. O comprometimento da pele ocorre
em virtude da extensão e profundidade das lesões.
Com a lesão térmica, há exposição de colágeno e consequente liberação de
agentes vasoativos (histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas,
20
leucotrientes, fatores ativadores de plaquetas), e um aumento imediato da
osmolaridade intersticial.
As lesões do tecido e alterações do queimado são consequências de
mudanças vasculares que ocorrem no local da lesão; assim como o edema local e a
trombose podem aumentar a profundidade da mesma, outra alteração séria é a
ausência da capacidade de controlar a temperatura corporal.
2.4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SISTÊMICAS
As alterações fisiológicas que se manifestam no organismo como
consequência de queimaduras são intensas, variadas e clinicamente importantes
sendo primordial ordená-las e relacioná-las com a evolução do paciente, sendo,
porém, difícil a determinação isolada do inicio e fim dos vários fenômenos
fisiopatológicos.
O aumento da permeabilidade capilar ocasiona uma inundação dos tecidos
queimados provocada pela fuga maciça de um filtrado plasmático. De maneira direta
existe uma diminuição do volume circulante e, consequentemente, elevação do
hematócrito a valores entre 45 e 55% nesta fase inicial, além do aumento da
viscosidade sanguínea e da resistência vascular periférica, e ainda um aumento da
aderência das plaquetas.
O sistema cardiovascular apresentará um choque hipovolêmico, seguido de
uma atividade hiperdinâmica. A ausculta cardíaca diária deve ser feita; a maioria das
alterações encontradas são “sopros” pan-cardiacos, bem como arritmias sugestivas
de endocardite.
No sistema pulmonar observa-se hiperventilação e aumento do consumo de
oxigênio. Na avaliação pulmonar diária devemos estar atentos ao surgimento de
estertores em bases e, caso se confirme a sua presença, deve imediatamente
realizar uma radiografia e pensar na possibilidade de pneumonia bacteriana. Em
queimados 75% dos óbitos ocorrem por sepse e, destes, 90% iniciam com uma
pneumonia de base, daí a importância desse exame diário. É claro que numerosas
outras patologias pulmonares podem se fazer presentes, como importantes
atelectasias ou mesmo embolias pulmonares maciças, mas a fisioterapia diária
costuma ser eficiente em preveni-las.
A função dos rins pode estar prejudicada por vários fatores, como choque,
diminuição da taxa de filtração glomerular (devida à hemólise), toxidade antibiótica,
entre outras.
Há também um aumento do metabolismo, o qual é maior após uma
queimadura do que qualquer outra lesão, e este não diminui até que a lesão esteja
fechada, reconstrução da superfície diminua e o tecido comece a amadurecer.
2.5 MECANISMO DE CURA DAS LESÕES TERMICAS DA PELE
O processo de reparo cutâneo decorrerá de vários fatores, como a
profundidade e localização da lesão, dentre outros.
A cura de uma lesão térmica se processa em três fases principais:
 Inflamatória;
 Proliferativa;
 Reparadora ou manutenção.
21
A cicatrização acontecerá toda vez que a perda de tecido for além da derme e
inicia-se com a fase inflamatória. A fase inflamatória é a organização da ferida
para a cicatrização. A inflamação tem inicio de 3 a 5 dias. Existe uma agregação
de plaquetas e deposito de fibrina, formando um coagulo sobre a lesão. A fibrina
forma uma rede como treliça onde as células podem subir e penetrar na área que
está cicatrizando. Os neutrófilos, linfócitos e macrófagos migram sobre a rede de
fibrina com o objetivo de remoção de tecidos desvitalizados.
A inflamação é um ciclo fundamental ao processo de cura. Pode-se afirmar
que sem inflamação não haverá cicatrização, sendo os sinais da inflamação:
 Eritema, sendo aumento do fluxo sanguíneo na área lesada.
 Edema, ocorre devido concentração de agentes inflamatórios da área.
 Dor, é causada pela liberação de fatores químicos incômodos como a
bradicinina, histamina e prostaglandina.
A fase proliferativa é a segunda fase da cicatrização com duração entre 6
dias a 3 semanas. Nessa fase, algumas horas após a lesão, tem começo da
angiogenese com a formação de capilares que migram por entre os tecidos
para se encontrar com outros capilares. A vascularização é refeita, e com isso
propiciando o fluxo de nutrientes de forma continua para a cicatrização da
lesão e a formação do tecido de granulação. Nesta fase os macrófagos e
monócitos são ativados, os fibroblastos proliferam produzindo colágeno
extracelular.
Na fase proliferativa ocorre o desenvolvimento do tecido de granulação
que é composto de capilares novos, matriz extracelular e colágeno que são
sintetizados pelas células endoteliais, fibroblastos e queratinócitos.
A fase reparadora ou de maturação, a terceira fase da cicatrização, tem
inicio por volta da terceira semana após a lesão e se estende por até dois
anos, dependendo do grau, extensão e local da lesão. Esta fase serve para
aumentar a força de tensão da cicatriz.
22
3 TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO
A queimadura promove alterações locais e sistêmicas, com inúmeras
variações na evolução do processo de reparação, as quais dependem da
precocidade da intervenção terapêutica. Diante deste quadro o tratamento
fisioterapêutico envolve terapias locais e sistêmicas com o objetivo de auxiliar na
terapia sistêmica ou prevenir e/ou tratar sequelas locais, com a cinesioterapia ou os
recursos eletro-foto-térmicos.
O tratamento do paciente queimado demanda de uma equipe
multiprofissional, sendo que o tratamento fisioterapêutico atua também de forma
complementar as cirurgias, principalmente as enxertivas. As ações do fisioterapeuta
são bastante amplas, apresentando condutas importantes em todas as fases, da
internação ao acompanhamento ambulatorial.
A conduta inicial a qualquer intervenção deve ser a realização de uma
anamnese efetiva cuja finalidade é direcionar as condutas a serem realizadas,
visando resultados eficientes.
Andrade et al fez uma revisão bibliográfica com o objetivo de descrever os
efeitos, o mecanismo de ação e parâmetros de aplicação do laser terapêutico na
cicatrização de queimaduras. Essa revisão demonstrou que o laser terapêutico
antecipa a proliferação das células reparativas e aumenta a organização do
colágeno, porém há carência de estudos utilizando queimaduras como modelo
experimental, falta de padronização dos parâmetros de aplicação e informação da
profundidade da lesão.
Prestes fez uma revisão bibliográfica como o objetivo de constatar que a
fisioterapia pode auxiliar na melhora das sequelas de pacientes queimados. Essa
revisão foi sobre as técnicas de correntes diadinamicas, a microcorrente, a
crioterapia, o ultrassom e o infravermelho. Esse levantamento bibliográfico pode
observar que existe na literatura cientifica embasamento para justificar a escolha dos
diversos recursos utilizados em pacientes queimados englobadas pela fisioterapia
dermato-funcional.
Rocha e Souza fez uma revisão bibliográfica relatando o que existe de mais
novo no tratamento fisioterapêutico das queimaduras. Essa revisão foi sobre as
técnicas de posicionamento, cinesioterapia respiratória, cinesioterapia geral,
crioterapia, FES, ultrassom, radiação ultravioleta, radiação infravermelha e laser.
Esse artigo percebeu que os recursos utilizados são bem distintos, o que faltava
especificamente era organizá-los de acordo com sua aplicabilidade com a cronologia
da lesão.
Teixeira e Mejia fez uma revisão bibliográfica com o objetivo de mostrar as
principais atuações da abordagem da fisioterapia com os cuidados específicos do
tecido cutâneo em pacientes com lesões pós-traumas térmicos. Essa revisão foi
sobre as técnicas de imobilização, exercícios, alongamento dos tecidos moles,
deambulação, fortalecimento muscular, massagens, eletroterapia, terapia
compressiva, orientação, acompanhamento, cosmética de tratamento e de
cobertura. Esse artigo percebeu que existe um consenso quanto à abordagem do
tratamento fisioterapêutico no paciente queimado com a finalidade de reabilitação
mais rápida e diminuição de sequelas. Dentre os tratamentos estudados os autores
encontraram trabalhos que apontam para a importância da utilização da
eletroterapia, da terapia compressiva e da cosmética de cobertura, de tratamento e
de proteção da pele pós-queimadura.
23
Salles et al fez uma pesquisa com 14 participantes sequelas de queimadura
de face, sendo 12 mulheres e 2 homens com idades entre 17 e 50 anos, esses
participante foram submetidos a aplicação do laser CO2 fracionado em toda a área
com sequela de queimadura. A duração média da dor foi de 19 horas; do edema, 1,3
dia; e da hiperemia, 6,5 dias. A queda das crostas terminou entre 5 dias e 36 dias,
com média de 13,4 dias. Dois meses após a sessão, 5 pacientes evoluíram com
hipocromia puntiforme no padrão quadriculado correspondente aos pontos de
ablação do laser. A satisfação subjetiva dos avaliadores (pacientes e médicos) com
o tratamento foi de 84,6%. Para os pacientes, houve melhora das irregularidades de
superfície, da distensibilidade e da textura da pele (57% dos casos), da hidratação
(43%), do volume (28%) e da cor (14%). Para os médicos, houve melhora das
irregularidades de superfície e da distensibilidade (43%). Essa pesquisa percebeu
que o laser foi bem tolerado e apontou alto índice de satisfação em pacientes com
sequela de queimadura facial, com melhora da textura, da distensibilidade e das
irregularidades de superfície.
Skopinski, Souza, Deon, Knorst e Resende fez um relato do caso de um
paciente do sexo masculino de 39 anos que teve 40% do corpo queimado em um
acidente de trabalho. Após a alta hospitalar foi submetido ao tratamento
fisioterapêutico, 38 sessões de 90 minutos, com as seguintes técnicas: massagem e
drenagem linfática manual - 10 minutos por área; laserterapia (HeNe 40 mJ) onde a
pele ainda encontrava-se em processo de cicatrização; vacuoterapia com pressão
de 50 mmHg nas regiões em que a pele encontrava-se cicatrizada para prevenir
aderências e cicatrizes hipertróficas; exercícios ativos, resistidos e isométricos para
pescoço e membros superiores; alongamentos e mobilizações articulares. O
paciente foi orientado a repetir os alongamentos em casa. Houve melhora da
amplitude de movimento das articulações afetadas como também da força muscular,
atingindo níveis satisfatórios de funcionalidade. Esse artigo percebeu nas regiões
queimadas o tratamento fisioterapêutico preveniu retrações da pele e cicatrizes
hipertróficas, reduziu a dor, além de ter mantido a FM e a ADM, proporcionando
independência funcional ao paciente.
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pele é o maior órgão do corpo humano, reveste e assegura grande parte
das relações entre o meio interno e o externo. Além disso atua na defesa e colabora
com outros órgãos para o bom funcionamento do organismo, como no controle da
temperatura corporal e na elaboração de metabólitos. É constituída de derme e
epiderme, tecidos intimamente unidos, que atuam de forma harmônica e
cooperativa.
Queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por
agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de
revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e
seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular
subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As queimaduras são classificadas de
acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo
percentual da superfície corporal acometida.
A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação de pacientes
queimados utilizando-se de várias técnicas, proporcionando ao paciente bem-estar e
qualidade de vida, porém por ser uma área de atuação relativamente nova a
pesquisa cientifica efetuada por profissionais que ai atuam ainda é escassa.
25
REFERÊNCIAS
1. http://www.brasil.gov.br/saude/2017/06/um-milhao-de-brasileiros-sofrem-
queimaduras-por-ano
2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele#Fisiologia_.28fun.C3.A7.C3.A3o.29
3. ROCHA, Carolina de Lourdes J. V. Histofisiologia e Classificação das
Queimaduras: Consequências Locais e Sistêmicas das Perdas Teciduais em
Pacientes Queimados. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais, Juiz
de Fora, v. 1, n. 3, p. 140 - 147, 2009.
4. PEREIRA, Elieth Maria Costa; DUTRA, Francisca Conceição; LONIEN,
Sandra C. Heim. O Paciente Queimado e a Cicatrização: Uma Revisão
Literária. Revista Saúde, Londrina – PR. Disponível em <
https://www.inesul.edu.br/revista_saude/arquivos/arq-
idvol_5_1337869756.pdf>.
5. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional. Barueri-SP:
Manole, 2004, pag. 491 a 508.
6. GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de
Queimaduras: um guia pratico. São José, SC: Revinter, 1997.
7. DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013
8. PARKER, Steve. O Livro do Corpo Humano. Barueri – SP: Ciranda Cultural
Editora e Distribuidora Ltda, 2014.
9. ROCHA, Marília Sampaio; ROCHA, Emilia Sampaio; SOUZA, João Paulo
Campos. Fisioterapia em Queimados: Uma Pesquisa Bibliográfica Acerca dos
Principais Recursos Fisioterapêuticos e Seus Benefícios. Revista Tema,
Campina Grande v. 9, números 13/14 - Julho 2009 / Junho 2010.
10.ANDRADE, Alexsandra G. de; LIMA, Cláudia F. de; ALBUQUERQUE, Ana
Karlla B. de. Efeitos do Laser Terapêutico No Processo de Cicatrização das
Queimaduras: Uma Revisão Bibliográfica. Revista Brasileira Queimaduras,
Olinda – PE, 2010.
11.FERREIRA, Tereza Cristina dos Reis; SILVA, Layse Caroline Felix Silva e;
SANTOS, Maria Isabel Galletti dos. Abordagem Fisioterapêutica em
Queimados: Revisão Sistemática. Revista da Universidade Vale do Rio Verde,
Três Corações, v. 12, n. 2, p. 821-830, ago./dez. 2014.
12.SKOPINSKI, Fabiane; SOUZA, Cibele Cardenaz de; DEON, Pedro Henrique;
KNORST, Mara Regina; RESENDE; Thais de Lima. Fisioterapia Dermato
Funcional na Reabilitação do Paciente Queimado – Relato de Caso.
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Dermato Funcional, Recife – PE, 2012.
13.TEIXEIRA, Lúcia Helena de Oliveira Leão; MEJIA, Dayana Priscila Maia.
Abordagem da Fisioterapia em Pacientes Pós Queimaduras. Faculdade Ávila,
Goiânia – GO, 2011.
26
14.GONÇALVES, Adriana da Costa; GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira.
Fisioterapia Dermatofuncional no Tratamento de Vítimas de Queimaduras.
Revista Brasileira Queimaduras, Olinda – PE, 2016.
15.PRESTES, Renata Bernardy. O Uso da Fisioterapia Dermato-Funcional em
Pacientes Queimados. Revista de Saúde Dom Alberto, v. 1, n. 2, jul./dez.
2013.
16.PEREIRA et al. O Paciente Queimado e a Cicatrização: Uma Revisão
Literária. INESUL, Londrina – PR, 2010.
17.SALLES et al. Tratamento de Sequelas de Queimadura de Face com Laser
de CO2 Fracionado em Pacientes com Fototipos III a VI. Revista Brasileira de
Cirurgia Plástica, Goiania – GO, 2012.

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Tratamento em Pacientes Queimados - Uma Abordagem da Fisioterapia Dermato-Funcional

  • 1. Campinas 2017 FERNANDA RUBIO GEROMEL TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS: UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO- FUNCIONAL
  • 2. Campinas 2017 TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS: UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO- FUNCIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia. Orientador: FERNANDA RUBIO GEROMEL
  • 3. FERNANDA RUBIO GEROMEL TRATAMENTO EM PACIENTES QUEIMADOS: UMA ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia. BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Campinas, de dezembro de 2017.
  • 4. Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor do mеυ destino, mеυ guia, socorro presente nа hora dа angústia, ао mеυ pai José Fernando Geromel, minha mãе Aparecida Francisca Machado Rubio Geromel е аоs meus professores.
  • 5. AGRADECIMENTOS Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer. A Faculdade Anhanguera, pela oportunidade dе fazer о curso. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos. Agradeço aos meus pais, Aparecida Francisca Machado Rubio Geromel e José Fernando Geromel, pela determinação e luta na minha formação, fazendo amparar os ensinamentos de meus avós. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado.
  • 6. GEROMEL, Fernanda Rubio. Tratamento em Pacientes Queimados: uma abordagem da fisioterapia dermato-funcional. 2017. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Fisioterapia) – Faculdade Anhanguera, Campinas, 2017. RESUMO Queimadura é uma lesão no sistema tegumentar causada por exposição ou contato com uma fonte de calor (por exemplo, queimaduras solares, água fervendo) ou, pelo contrário, uma fonte de frio; atrito intenso; contato com alguma substância química; exposição a algum agente radioativo (por ex. raio X); choque elétrico; entre outros. Meus objetivos com esse trabalho são entender como é o sistema tegumentar, descrever o que são as queimaduras e apontar os tratamentos mais atuais que a fisioterapia dermato-funcional pode fazer, pois muitas pessoas não sabem o quão eficaz a fisioterapia se mostra nos cuidados a essa patologia. Esse trabalho é uma revisão bibliográfica embasada em livros e em artigos científicos das bases de dados Google acadêmico e BIREME dos anos de 2010 a 2016. A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação de pacientes queimados utilizando-se de várias técnicas, proporcionando ao paciente bem-estar e qualidade de vida, porém por ser uma área de atuação relativamente nova a pesquisa cientifica efetuada por profissionais que ai atuam ainda é escassa. Palavras-chave: Queimadura 1; Fisioterapia 2.
  • 7. GEROMEL, Fernanda Rubio. Tratamento em Pacientes Queimados: uma abordagem da fisioterapia dermato-funcional. 2017. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Fisioterapia) – Faculdade Anhanguera, Campinas, 2017. ABSTRACT Burn is an injury to the integumentary system caused by exposure to or contact with a source of heat (eg, sunburn, boiling water) or, on the contrary, a source of cold; intense friction; contact with any chemical substance; exposure to any radioactive agent (eg X-ray); electric shock; among others. My goals with this work are to understand how the integumentary system is, to describe what burns are and to point out the most current treatments that dermato-functional physiotherapy can do, since many people do not know how effective physical therapy is in the care of this pathology. This work is a bibliographic review based on books and scientific articles from the databases Google academic and BIREME from the years 2010 to 2016. Dermatological-functional physiotherapy can assist in the recovery of burned patients using several techniques, providing the patient with well-being and quality of life, but because it is a relatively new area of research, the scientific research carried out by professionals who work there is still scarce. Key-words: Burn 1; Physiotherapy 2.
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................13 1. Anatomia e Histologia da Pele.................................................................14 1.1 EPIDERME................................................................................................15 1.2 DERME......................................................................................................16 1.3 HIPODERME.............................................................................................17 1.4 ANEXOS DA PELE....................................................................................17 2 QUEIMADURAS...........................................................................................18 2.1 CLASSIFICAÇÃO......................................................................................18 2.2 ETIOLOGIA................................................................................................19 2.3 ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS LOCAIS........................................19 2.4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SISTÊMICAS.........................................20 2.5 MECANISMO DE CURA DAS LESÕES TERMICAS DA PELE................20 3 TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO.........................................................22 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................24 REFERÊNCIAS...............................................................................................25
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – A Pele................................................................................................................. 14 Figura 2 – A epiderme ....................................................................................................... 16 Figura 3 – A regra dos 9 em criança e adulto ............................................................... 18
  • 10. 13 INTRODUÇÃO As queimaduras, lesões na pele causadas por calor, eletricidade, substâncias químicas, atrito ou radiação, são acidentes frequentes no mundo, ocorrendo mais no sexo masculino, podendo acontecer em qualquer idade, ocupação e situação econômica do paciente. Cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil por ano, segundo o Ministério da Saúde. As maiores vítimas são crianças e pessoas de baixa renda. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 15 mil casos de internações por queimaduras em crianças entre 0 e 10 anos no período de 2013 e 2014. As queimaduras causam modificações locais e sistêmicas, com algumas diferenças na evolução da reparação que dependem da antecipação da intervenção fisioterapeutica. A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação proporcionando ao paciente bem-estar e qualidade de vida. Meus objetivos com esse trabalho são entender como é o sistema tegumentar, descrever o que são as queimaduras e apontar os tratamentos mais atuais que a fisioterapia dermato-funcional pode fazer, pois muitas pessoas não sabem o quão eficaz a fisioterapia se mostra nos cuidados a essa patologia. Esse trabalho é uma revisão bibliográfica embasada em livros e em artigos científicos das bases de dados Google acadêmico e BIREME dos anos de 2010 a 2016. Foram encontrados 84 artigos e só utilizados 11 artigos.
  • 11. 14 1 ANATOMIA E HISTOLOGIA DA PELE A pele é um órgão do corpo humano que faz parte do sistema tegumentar junto com a tela subcutânea e os anexos cutâneos. Ela representa 12% do peso seco do corpo, tendo aproximadamente 4,5 quilos e é o mais extenso órgão sensorial do corpo. Figura 1: A pele Fonte: VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013 As funções da pele são:  Proteção contra injúria mecânica, atrito, tração, elasticidade, desidratação e radiação, principalmente UV.  Regulação da temperatura corporal.  Atua como órgão imunitário, abrigando diversos tipos de leucócitos.  Metaboliza a vitamina D com a ajuda dos raios solares.  Atua como órgão sensorial, constituindo o sentido do tato. A pele é dividida em 2 camadas: epiderme, que é superficial, e derme, que é profunda.
  • 12. 15 1.1 EPIDERME A epiderme é a camada mais superficial da pele. Suas células estão em constante renovação, as quais se multiplicam na base, enrijecem e morrem enquanto se movem para a superfície. Suas camadas são:  Camada Basal: única camada de células, em contato direto com a derme, que possui quatro tipos diferentes de células: queratinócitos produtores de queratina, proteína responsável pelo fortalecimento e impermeabilidade da pele; melanócitos, produtores de melanina, pigmento que ao ser fagocitado pelos queratinócitos dá cor à pele, além de proteger as células contra os raios do sol; células táteis, que dão sensibilidade ao tegumento; e de células de Langerhans, tipos de fagócitos que englobam bactérias e resíduos estranhos, sendo a primeira proteção contra patógenos. Com exceção das células de Langerhans, as células dessa camada se multiplicam constantemente, para repor as células mortas da epiderme.  Camada Espinhosa: fica acima da camada basal e é formada por várias camadas, é composta por queratinócitos em formato de poliedros, que se unem através de desmossomos, filamentos semelhantes a espinhos. No espaço entre as células, existe o glicocalix, substância que serve de meio condutor de substâncias hidrossolúveis do meio externo para o meio interno.  Camada Granulosa: formada por poucas camadas de células achatadas, que possuem grânulos contendo queratomalina, percussora da queratina, e grânulo lamelares, que tornam as células impermeáveis, como prevenção a perda de água.  Camada Córnea: formada por células com núcleos bem reduzidos ou anucleadas. Apresenta em torno de 30 estratos de células achatadas e mortas, semelhantes a escamas. A queratinização ou cornificação é o processo que transforma os queratinócitos em células córneas, achatadas e secas. Este processo é importante para a função de proteção da pele. Em média, este processo dura de 26 a 28 dias, após, as células mortas se desprendem e esfoliam, para que novas células das camadas mais profundas as substituam. Assim, a pele encontra-se em constante renovação.  Camada Lúcida: camada extra presente nas regiões palmoplantares em que a pele é mais espessa e nos lábios, fica entre a camada córnea e a granulosa. Esta camada possui células transparentes e achatadas.
  • 13. 16 FIGURA 2: A EPIDERME Fonte: VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013 1.2 DERME A derme é a segunda camada da pele, mais profunda e espessa que contem vasos sanguíneos, glândulas e terminações nervosas. É formada por uma mistura de colágeno, elastina e outros tecidos conectivos. Tais substâncias presentes na composição da derme tornam a pele resistente e elástica. Além disso, a elastina e o colágeno são organizados em padrões definidos no interior da derme, de maneira a produzir as linhas de tensão da pele, garantindo seu tônus. Entre a epiderme e a derme, há uma área de transição, denominada membrana basal, que as une firmemente. Os hemossideromas localizados inferiormente nos queratinócitos e melanócitos possibilitam que a membrana se fixe na epiderme, enquanto a sua face inferior se fixa na derme através de fibrilas de ancoragem da derme papilar. A derme é subdividida em duas camadas: a camada papilar em contato com a epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, e a camada reticular, constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras colagenosas. É na derme que se localizam os vasos sanguíneos que nutrem a epiderme, vasos linfáticos e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados. Estes incluem vários tipos de sensores:  Corpúsculo de Vater-Pacini: receptor encapsulado que se localiza profundamente na derme, bem como na parede da bexiga e próximo a articulações e músculos. Ele percebe pressão mais forte e sustentada.  Corpúsculo de Meissner: terminação nervosa encapsulada na parte superficial da derme, especialmente nas palmas das mãos, plantas dos pés, lábios, pálpebras, órgãos genitais externos e mamilos. Respondem a pressão leve.  Corpúsculo de Krause: é encapsulado e localiza-se nas bordas da epiderme com as mucosas. É pouco conhecido e sua função é incerta, alguns o consideram como termorreceptor sensível ao frio.
  • 14. 17  Corpúsculo de Ruffini: receptor encapsulado na pele e nos tecidos mais profundos que reage ao toque e pressão contínuos. Em cápsulas articulares, responde a movimentos de rotação.  Disco de Merkel: receptor nu (não encapsulado), geralmente na parte superficial da derme ou na parte profunda da epiderme, especialmente em áreas sem pelos. Ele responde ao toque levíssimo e a pressão leve.  Terminações Nervosas Livres: sensoras de temperatura, toque leve, pressão e dor, ramificadas e geralmente sem bainha. Elas se encontram por todo o corpo e em todos os tipos de tecidos conectivos. 1.3 HIPODERME A hipoderme é uma tela subcutânea, que conecta a derme aos tecidos e órgãos subjacentes. Apesar de sua estreita relação funcional com a pele, não é considerada parte constituinte da pele/sistema tegumentar. Composta por células do tecido adiposo, age como isolante térmico e reserva calórica. Em algumas regiões do corpo, protege contra traumas, atuando como amortecedor. A quantidade de tecido adiposo na camada da hipoderme pode variar, dependendo da região do corpo, da idade e sexo. 1.4ANEXOS DA PELE São estruturas derivadas do ectoderma, como:  Pelos: são hastes de células achatadas mortas preenchidas por queratina, e têm papel principalmente protetor. A raiz, ou bulbo, do pelo fica enterrada em um fosso, o folículo. À medida que mais células se acrescentam a raiz, o pelo se alonga a partir da sua base.  Unhas: são placas duras, compostas de uma proteína resistente denominada queratina. O crescimento ocorre sob uma dobra de pele (cutícula) na base da unha. Uma área denominada matriz da unha adiciona células queratinizadas a raiz da unha, e a unha inteira é continuamente empurrada para frente ao longo do vale da unha em direção a sua borda livre.  Glândulas Sebáceas: são glândulas microscópicas na pele que secretam uma matéria oleosa, chamada sebo, para lubrificar e impermeabilizar a pele. Elas são encontradas em maior quantidade na face e couro cabeludo, embora elas também estejam presentes em todas as zonas da pele, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés.  Glândulas Sudoríparas: são glândulas que produzem o suor, função importante para regular a temperatura do corpo e eliminar substâncias toxicas. São glândulas tubulares enroladas derivadas das camadas exteriores da pele que se estendem até a camada interna. Elas são distribuídas por toda a superfície do corpo.
  • 15. 18 2 QUEIMADURAS A queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em resultado de um trauma de origem térmica. Pode variar desde uma pequena bolha ou flictena, até formas mais graves capazes de provocar um grande numero de respostas sistêmicas. O método mais eficaz para a determinação da área queimada é constituído pela “regra dos nove”, desenvolvido por Polaski & Tennison, o qual divide a superfície corporal em partes que equivalem a aproximadamente 9% do total. FIGURA 3: REGRA DOS 9 EM CRIANÇA E ADULTO Fonte: GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de Queimaduras: um guia pratico. São José, SC: Revinter, 1997 Cada parte do corpo corresponde a um percentual, ou seja, o corpo é dividido em múltiplos de nove:  No adulto:  Cabeça e pescoço – 9%  Tronco anterior – 18%  Tronco posterior – 18%  Membros superiores – 18% (9% cada)  Membros inferiores – 36% (18% cada)  Períneo – 1%  Na criança:  Cabeça – 21%  Tronco anterior – 18%  Tronco posterior – 18%  Membros superiores – 18% (9% cada)  Membros inferiores – 24% (12% cada)  Períneo – 1% 2.1 CLASSIFICAÇÃO A classificação quanto à profundidade da queimadura é normalmente dada em graus:  Primeiro grau: é a queimadura mais superficial, restringindo as lesões a epiderme, e caracteriza-se por deixar a pele avermelhada (hiperemiada), inchada (edemaciada) e extremamente dolorida. De
  • 16. 19 maneira geral as queimaduras de primeiro grau podem ser tratadas clinicamente com a utilização de pomadas e evoluem satisfatoriamente.  Segundo grau: caracteriza-se pelo aparecimento da bolha (flictena) que é a manifestação externa de um descolamento dermo-epidérmico. Tem uma profundidade intermediária, atingindo a epiderme e espessuras variáveis da derme, poupando parte desta.  Terceiro grau: é grave, atingindo toda a epiderme e a derme, e em muitos casos outros tecidos são atingidos (tela subcutânea, tecido muscular e ósseo). A cicatrização é dificultosa e demorada deixando muitas sequelas, sendo necessárias intervenções mais drásticas como as enxertias de pele.  Quarto grau: Uma queimadura elétrica (quarto grau) envolve a completa destruição de todos os tecidos, desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de entrada, que estará carbonizada e deprimida. (AZULAY, 2006) São indicações para internação:  Lesão de terceiro grau, atingindo mais de 10% da superfície corporal.  Lesão de segundo grau, atingindo área superior a 20% no adulto e 10% na criança.  Queimaduras significativas de face, mãos e pés.  Queimaduras de região perineal ou de genitália. 2.2 ETIOLOGIA As causas são variadas, porém as queimaduras geralmente são provocadas por:  Líquidos e vapores aquecidos.  Líquidos densos e sólidos aquecidos.  Substâncias inflamáveis.  Contato direto com a chama.  Radiações não-ionizantes.  Frio.  Fricção mecânica.  Eletricidade.  Radiações ionizantes (raios X, alfa, beta, gama).  Produtos químicos. 2.3 ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS LOCAIS As queimaduras prejudicam a integridade funcional da pele, quebrando a homeostase hidroelétrolitica e alterando o controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. O comprometimento da pele ocorre em virtude da extensão e profundidade das lesões. Com a lesão térmica, há exposição de colágeno e consequente liberação de agentes vasoativos (histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas,
  • 17. 20 leucotrientes, fatores ativadores de plaquetas), e um aumento imediato da osmolaridade intersticial. As lesões do tecido e alterações do queimado são consequências de mudanças vasculares que ocorrem no local da lesão; assim como o edema local e a trombose podem aumentar a profundidade da mesma, outra alteração séria é a ausência da capacidade de controlar a temperatura corporal. 2.4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SISTÊMICAS As alterações fisiológicas que se manifestam no organismo como consequência de queimaduras são intensas, variadas e clinicamente importantes sendo primordial ordená-las e relacioná-las com a evolução do paciente, sendo, porém, difícil a determinação isolada do inicio e fim dos vários fenômenos fisiopatológicos. O aumento da permeabilidade capilar ocasiona uma inundação dos tecidos queimados provocada pela fuga maciça de um filtrado plasmático. De maneira direta existe uma diminuição do volume circulante e, consequentemente, elevação do hematócrito a valores entre 45 e 55% nesta fase inicial, além do aumento da viscosidade sanguínea e da resistência vascular periférica, e ainda um aumento da aderência das plaquetas. O sistema cardiovascular apresentará um choque hipovolêmico, seguido de uma atividade hiperdinâmica. A ausculta cardíaca diária deve ser feita; a maioria das alterações encontradas são “sopros” pan-cardiacos, bem como arritmias sugestivas de endocardite. No sistema pulmonar observa-se hiperventilação e aumento do consumo de oxigênio. Na avaliação pulmonar diária devemos estar atentos ao surgimento de estertores em bases e, caso se confirme a sua presença, deve imediatamente realizar uma radiografia e pensar na possibilidade de pneumonia bacteriana. Em queimados 75% dos óbitos ocorrem por sepse e, destes, 90% iniciam com uma pneumonia de base, daí a importância desse exame diário. É claro que numerosas outras patologias pulmonares podem se fazer presentes, como importantes atelectasias ou mesmo embolias pulmonares maciças, mas a fisioterapia diária costuma ser eficiente em preveni-las. A função dos rins pode estar prejudicada por vários fatores, como choque, diminuição da taxa de filtração glomerular (devida à hemólise), toxidade antibiótica, entre outras. Há também um aumento do metabolismo, o qual é maior após uma queimadura do que qualquer outra lesão, e este não diminui até que a lesão esteja fechada, reconstrução da superfície diminua e o tecido comece a amadurecer. 2.5 MECANISMO DE CURA DAS LESÕES TERMICAS DA PELE O processo de reparo cutâneo decorrerá de vários fatores, como a profundidade e localização da lesão, dentre outros. A cura de uma lesão térmica se processa em três fases principais:  Inflamatória;  Proliferativa;  Reparadora ou manutenção.
  • 18. 21 A cicatrização acontecerá toda vez que a perda de tecido for além da derme e inicia-se com a fase inflamatória. A fase inflamatória é a organização da ferida para a cicatrização. A inflamação tem inicio de 3 a 5 dias. Existe uma agregação de plaquetas e deposito de fibrina, formando um coagulo sobre a lesão. A fibrina forma uma rede como treliça onde as células podem subir e penetrar na área que está cicatrizando. Os neutrófilos, linfócitos e macrófagos migram sobre a rede de fibrina com o objetivo de remoção de tecidos desvitalizados. A inflamação é um ciclo fundamental ao processo de cura. Pode-se afirmar que sem inflamação não haverá cicatrização, sendo os sinais da inflamação:  Eritema, sendo aumento do fluxo sanguíneo na área lesada.  Edema, ocorre devido concentração de agentes inflamatórios da área.  Dor, é causada pela liberação de fatores químicos incômodos como a bradicinina, histamina e prostaglandina. A fase proliferativa é a segunda fase da cicatrização com duração entre 6 dias a 3 semanas. Nessa fase, algumas horas após a lesão, tem começo da angiogenese com a formação de capilares que migram por entre os tecidos para se encontrar com outros capilares. A vascularização é refeita, e com isso propiciando o fluxo de nutrientes de forma continua para a cicatrização da lesão e a formação do tecido de granulação. Nesta fase os macrófagos e monócitos são ativados, os fibroblastos proliferam produzindo colágeno extracelular. Na fase proliferativa ocorre o desenvolvimento do tecido de granulação que é composto de capilares novos, matriz extracelular e colágeno que são sintetizados pelas células endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. A fase reparadora ou de maturação, a terceira fase da cicatrização, tem inicio por volta da terceira semana após a lesão e se estende por até dois anos, dependendo do grau, extensão e local da lesão. Esta fase serve para aumentar a força de tensão da cicatriz.
  • 19. 22 3 TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO A queimadura promove alterações locais e sistêmicas, com inúmeras variações na evolução do processo de reparação, as quais dependem da precocidade da intervenção terapêutica. Diante deste quadro o tratamento fisioterapêutico envolve terapias locais e sistêmicas com o objetivo de auxiliar na terapia sistêmica ou prevenir e/ou tratar sequelas locais, com a cinesioterapia ou os recursos eletro-foto-térmicos. O tratamento do paciente queimado demanda de uma equipe multiprofissional, sendo que o tratamento fisioterapêutico atua também de forma complementar as cirurgias, principalmente as enxertivas. As ações do fisioterapeuta são bastante amplas, apresentando condutas importantes em todas as fases, da internação ao acompanhamento ambulatorial. A conduta inicial a qualquer intervenção deve ser a realização de uma anamnese efetiva cuja finalidade é direcionar as condutas a serem realizadas, visando resultados eficientes. Andrade et al fez uma revisão bibliográfica com o objetivo de descrever os efeitos, o mecanismo de ação e parâmetros de aplicação do laser terapêutico na cicatrização de queimaduras. Essa revisão demonstrou que o laser terapêutico antecipa a proliferação das células reparativas e aumenta a organização do colágeno, porém há carência de estudos utilizando queimaduras como modelo experimental, falta de padronização dos parâmetros de aplicação e informação da profundidade da lesão. Prestes fez uma revisão bibliográfica como o objetivo de constatar que a fisioterapia pode auxiliar na melhora das sequelas de pacientes queimados. Essa revisão foi sobre as técnicas de correntes diadinamicas, a microcorrente, a crioterapia, o ultrassom e o infravermelho. Esse levantamento bibliográfico pode observar que existe na literatura cientifica embasamento para justificar a escolha dos diversos recursos utilizados em pacientes queimados englobadas pela fisioterapia dermato-funcional. Rocha e Souza fez uma revisão bibliográfica relatando o que existe de mais novo no tratamento fisioterapêutico das queimaduras. Essa revisão foi sobre as técnicas de posicionamento, cinesioterapia respiratória, cinesioterapia geral, crioterapia, FES, ultrassom, radiação ultravioleta, radiação infravermelha e laser. Esse artigo percebeu que os recursos utilizados são bem distintos, o que faltava especificamente era organizá-los de acordo com sua aplicabilidade com a cronologia da lesão. Teixeira e Mejia fez uma revisão bibliográfica com o objetivo de mostrar as principais atuações da abordagem da fisioterapia com os cuidados específicos do tecido cutâneo em pacientes com lesões pós-traumas térmicos. Essa revisão foi sobre as técnicas de imobilização, exercícios, alongamento dos tecidos moles, deambulação, fortalecimento muscular, massagens, eletroterapia, terapia compressiva, orientação, acompanhamento, cosmética de tratamento e de cobertura. Esse artigo percebeu que existe um consenso quanto à abordagem do tratamento fisioterapêutico no paciente queimado com a finalidade de reabilitação mais rápida e diminuição de sequelas. Dentre os tratamentos estudados os autores encontraram trabalhos que apontam para a importância da utilização da eletroterapia, da terapia compressiva e da cosmética de cobertura, de tratamento e de proteção da pele pós-queimadura.
  • 20. 23 Salles et al fez uma pesquisa com 14 participantes sequelas de queimadura de face, sendo 12 mulheres e 2 homens com idades entre 17 e 50 anos, esses participante foram submetidos a aplicação do laser CO2 fracionado em toda a área com sequela de queimadura. A duração média da dor foi de 19 horas; do edema, 1,3 dia; e da hiperemia, 6,5 dias. A queda das crostas terminou entre 5 dias e 36 dias, com média de 13,4 dias. Dois meses após a sessão, 5 pacientes evoluíram com hipocromia puntiforme no padrão quadriculado correspondente aos pontos de ablação do laser. A satisfação subjetiva dos avaliadores (pacientes e médicos) com o tratamento foi de 84,6%. Para os pacientes, houve melhora das irregularidades de superfície, da distensibilidade e da textura da pele (57% dos casos), da hidratação (43%), do volume (28%) e da cor (14%). Para os médicos, houve melhora das irregularidades de superfície e da distensibilidade (43%). Essa pesquisa percebeu que o laser foi bem tolerado e apontou alto índice de satisfação em pacientes com sequela de queimadura facial, com melhora da textura, da distensibilidade e das irregularidades de superfície. Skopinski, Souza, Deon, Knorst e Resende fez um relato do caso de um paciente do sexo masculino de 39 anos que teve 40% do corpo queimado em um acidente de trabalho. Após a alta hospitalar foi submetido ao tratamento fisioterapêutico, 38 sessões de 90 minutos, com as seguintes técnicas: massagem e drenagem linfática manual - 10 minutos por área; laserterapia (HeNe 40 mJ) onde a pele ainda encontrava-se em processo de cicatrização; vacuoterapia com pressão de 50 mmHg nas regiões em que a pele encontrava-se cicatrizada para prevenir aderências e cicatrizes hipertróficas; exercícios ativos, resistidos e isométricos para pescoço e membros superiores; alongamentos e mobilizações articulares. O paciente foi orientado a repetir os alongamentos em casa. Houve melhora da amplitude de movimento das articulações afetadas como também da força muscular, atingindo níveis satisfatórios de funcionalidade. Esse artigo percebeu nas regiões queimadas o tratamento fisioterapêutico preveniu retrações da pele e cicatrizes hipertróficas, reduziu a dor, além de ter mantido a FM e a ADM, proporcionando independência funcional ao paciente.
  • 21. 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pele é o maior órgão do corpo humano, reveste e assegura grande parte das relações entre o meio interno e o externo. Além disso atua na defesa e colabora com outros órgãos para o bom funcionamento do organismo, como no controle da temperatura corporal e na elaboração de metabólitos. É constituída de derme e epiderme, tecidos intimamente unidos, que atuam de forma harmônica e cooperativa. Queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. A fisioterapia dermato-funcional pode auxiliar na recuperação de pacientes queimados utilizando-se de várias técnicas, proporcionando ao paciente bem-estar e qualidade de vida, porém por ser uma área de atuação relativamente nova a pesquisa cientifica efetuada por profissionais que ai atuam ainda é escassa.
  • 22. 25 REFERÊNCIAS 1. http://www.brasil.gov.br/saude/2017/06/um-milhao-de-brasileiros-sofrem- queimaduras-por-ano 2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele#Fisiologia_.28fun.C3.A7.C3.A3o.29 3. ROCHA, Carolina de Lourdes J. V. Histofisiologia e Classificação das Queimaduras: Consequências Locais e Sistêmicas das Perdas Teciduais em Pacientes Queimados. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais, Juiz de Fora, v. 1, n. 3, p. 140 - 147, 2009. 4. PEREIRA, Elieth Maria Costa; DUTRA, Francisca Conceição; LONIEN, Sandra C. Heim. O Paciente Queimado e a Cicatrização: Uma Revisão Literária. Revista Saúde, Londrina – PR. Disponível em < https://www.inesul.edu.br/revista_saude/arquivos/arq- idvol_5_1337869756.pdf>. 5. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional. Barueri-SP: Manole, 2004, pag. 491 a 508. 6. GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de Queimaduras: um guia pratico. São José, SC: Revinter, 1997. 7. DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. Barueri, Manole: 2013 8. PARKER, Steve. O Livro do Corpo Humano. Barueri – SP: Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda, 2014. 9. ROCHA, Marília Sampaio; ROCHA, Emilia Sampaio; SOUZA, João Paulo Campos. Fisioterapia em Queimados: Uma Pesquisa Bibliográfica Acerca dos Principais Recursos Fisioterapêuticos e Seus Benefícios. Revista Tema, Campina Grande v. 9, números 13/14 - Julho 2009 / Junho 2010. 10.ANDRADE, Alexsandra G. de; LIMA, Cláudia F. de; ALBUQUERQUE, Ana Karlla B. de. Efeitos do Laser Terapêutico No Processo de Cicatrização das Queimaduras: Uma Revisão Bibliográfica. Revista Brasileira Queimaduras, Olinda – PE, 2010. 11.FERREIRA, Tereza Cristina dos Reis; SILVA, Layse Caroline Felix Silva e; SANTOS, Maria Isabel Galletti dos. Abordagem Fisioterapêutica em Queimados: Revisão Sistemática. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 2, p. 821-830, ago./dez. 2014. 12.SKOPINSKI, Fabiane; SOUZA, Cibele Cardenaz de; DEON, Pedro Henrique; KNORST, Mara Regina; RESENDE; Thais de Lima. Fisioterapia Dermato Funcional na Reabilitação do Paciente Queimado – Relato de Caso. Congresso Brasileiro de Fisioterapia Dermato Funcional, Recife – PE, 2012. 13.TEIXEIRA, Lúcia Helena de Oliveira Leão; MEJIA, Dayana Priscila Maia. Abordagem da Fisioterapia em Pacientes Pós Queimaduras. Faculdade Ávila, Goiânia – GO, 2011.
  • 23. 26 14.GONÇALVES, Adriana da Costa; GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira. Fisioterapia Dermatofuncional no Tratamento de Vítimas de Queimaduras. Revista Brasileira Queimaduras, Olinda – PE, 2016. 15.PRESTES, Renata Bernardy. O Uso da Fisioterapia Dermato-Funcional em Pacientes Queimados. Revista de Saúde Dom Alberto, v. 1, n. 2, jul./dez. 2013. 16.PEREIRA et al. O Paciente Queimado e a Cicatrização: Uma Revisão Literária. INESUL, Londrina – PR, 2010. 17.SALLES et al. Tratamento de Sequelas de Queimadura de Face com Laser de CO2 Fracionado em Pacientes com Fototipos III a VI. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, Goiania – GO, 2012.