O documento discute transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e de conduta, com foco nos transtornos do espectro autista (TEA). Apresenta definições de TGD e TEA segundo o DSM-IV e DSM-V, e descreve sinais precoces, instrumentos de diagnóstico e estratégias de intervenção como a ABA.

1. Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD) e de Conduta:
Transtornos do Espectro Autista
Aline Santti Valentim
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Março 2016

2. O que são Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD) e de Conduta?
• Quadros que implicam em alterações qualitativas da interações sociais
recíprocas e na comunicação, com repertório de interesses e atividades restrito,
estereotipado e repetitivo. Envolve (ia):
• Autismo;
• Síndrome de Rett;
• Transtorno ou Síndrome de Asperger;
• Transtorno Desintegrativo da Infância;
• Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.
( DSM IV, 2003)

3. O que são Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD) e de Conduta?
• No DSM-V o TEA engloba transtornos ANTES chamados: Autismo
Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de
Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação, Transtorno Desintegrativo
da Infância e Transtorno de Asperger.
• As distinções: nível de gravidade em relação à interação e comunicação.
( DSM IV, 2013)

4. O que é Autismo?
• “Autos”: voltar-se para si mesmo;
• Primeiro uso Dr. Leo Kanner;
• Definido como défices de interação verbal e não verbal, que ocorrem de forma
persistente em diferentes contextos. Abrange défices em reciprocidade social,
em interações não verbais e falta de habilidade para compreender determinadas
relações. Défices estes acompanhados da existência de padrões
comportamentais restritivos ou repetitivos.
• Entretanto, na nova versão do DSM a linguagem deixa de ser critério de
diagnóstico.

5. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce e implicações
• Da exclusão da linguagem como critério a precocidade na identificação
de sinais;
• Da precocidade na identificação de sinais a intervenções mais eficazes;
• Das intervenções mais eficazes a (geralmente) diminuição da gravidade
dos casos e minimização de deficiências associadas;
• Tudo isso por meio de serviços pontuais, precoces, intensivos e
específicos.
(Murari, 2013)

6. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce e implicações
• Estudos prospectivos longitudinais- acompanhamento de crianças de
risco desde o nascimento até os 36 meses.
• Achados principais desses estudos indicam anormalidades na atenção
social e comunicação no primeiro ano de vida. Essas anormalidades são
os sinais mais preditivos de um futuro diagnóstico de TEA.
(Barbaro e Dissanayake, 2009)

7. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce: instrumentos e
estratégias
• Alguns estudos (Barbaro & Dissanayake, 2013; Bagaiolo, Gioia,
Guilhardi & Romano, 2010; Bagaiolo, Gioia, Guilhardi & Romano,
2011; Gioia, Bagaiolo, Gioia, Romano, Weis, Furquim, Aguiar, 2013;
Gioia, Aguiar, Daud, Weis, 2014; Murari, 2013) preocupados com o
estabelecimento de instrumentos e estratégias que viabilizem a
identificação marcadores precoces de TEA.

8. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce: instrumentos e
estratégias
• Barbaro & Dissanayake, 2013

10. Barbaro e Dissanayake (2010)
Exemplo das tarefas aplicadas

11. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce: instrumentos e
estratégias
• Gioia, Aguiar, Daud, Weis, 2014;

12. Tarefa 6:APONTAR INICIADO PELA CRIANÇA
Aplicar a tarefa dos 12 aos 24 meses de idade; repetir 3 vezes.
Tarefa Resposta do Bebê
A. Em frente ao bebê, pergunte a ele “Onde está
(nome do objeto)?” tendo certeza que ela
conhece e está ao alcance de sua vista.
( ) Olha com atenção o cuidador.
( ) Aponta para o objeto em questão.
( ) Aponta para outros objetos.
( ) Sorri
( ) Distrai-se com ____________________________.
( ) Não reage.
Outra resposta:________________________________
Reação do adulto:______________________________
A. Em frente ao bebê, pergunte a ele “Onde está
(nome do objeto)?” tendo certeza que ela
conhece e está ao alcance de sua vista.
( ) Olha com atenção o cuidador.
( ) Aponta para o objeto em questão.
( ) Aponta para outros objetos.
( ) Sorri
( ) Distrai-se com ____________________________.
( ) Não reage.
Outra resposta:________________________________
Reação do adulto:______________________________
A. Em frente ao bebê, pergunte a ele “Onde está
(nome do objeto)?” tendo certeza que ela
conhece e está ao alcance de sua vista.
( ) Olha com atenção o cuidador.
( ) Aponta para o objeto em questão.
( ) Aponta para outros objetos.
( ) Sorri
( ) Distrai-se com ____________________________.
( ) Não reage.
Outra resposta:________________________________
Reação do adulto:______________________________

13. Trantornos do Espectro Autista –
diagnóstico precoce: instrumentos e
estratégias
• Murari, 2013;

17. Trantornos do Espectro Autista – causas
• 60% a 70% da causa do autismo é genética e 30% a 40% é decorrente de
danos ao Sistema Nervoso Central ocorridos na fase pré-natal ou
perinatal;
• pode estar diretamente associado a problemas cromossômicos, genéticos,
metabólicos, e até mesmo doenças transmitidas ou adquiridas durante a
gestação, durante e após o parto;
• devido a falta de uma etiologia bem definida para o TEA, o diagnóstico e
intervenção precoces podem ser considerados as principais estratégias
também de prevenção.

18. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• Do inglês, Applied Behavior Analysis ou ABA), têm promovido uma
variedade de habilidades sociais, acadêmicas, de comunicação e
comportamentos adaptativos em indivíduos com TEA;
• Trata-se de um modelo de intervenção baseado na teoria da Analise do
Comportamento que tem como princípio observar, analisar e modificar
a relação entre ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem;

19. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• Melhores resultados: tratamento é obtido quando o início da terapia é
precoce, adaptada às necessidades específicas de cada caso e a eficácia do
tratamento medida com os avanços individuais;
• Objetivo das intervenções: redução dos comportamentos inadequados e
aumento dos comportamentos funcionais/adequados e uma
aproximação do desenvolvimento “tipico”, garantindo a pessoa autista
maior qualidade de vida e independência.

20. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• Os analistas do comportamento buscam estabelecer estratégias baseadas
em evidências que garantam (ainda que não a cura) tratamentos com
resultados excelentes que, em poucos casos (menos de 10%), levam à
perda do diagnóstico. Isso não significa cura, significa que, uma criança
inicialmente diagnosticada com autismo, após os primeiros anos de
intervenção, passa pela avaliação de um novo médico (neurologista ou
psiquiatra) e este não fecha o diagnóstico como o primeiro fechou há
anos atrás.
(Fialho, 2015)

21. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• Características gerais de uma intervenção baseada na ABA:
• identificação de comportamentos e habilidades que precisam ser melhorados (por
exemplo, comunicação com pais e professores, interação social com pares, etc.),
• métodos sistemáticos de selecionar e escrever objetivos
• delinear uma intervenção envolvendo estratégias comportamentais
• coleta de dados antes, durante e depois da intervenção para analisar o progresso
individual da criança e auxiliar na tomada de decisões em relação ao programa de
intervenção e às estratégias que melhor promovem a aquisição de habilidades
especificamente necessárias para cada criança
(BAER, WOLF; RISLEY, 1968, 1987; HUNDERT, 2009)

22. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• Desde Lovaas (1987) fala-se em intervenção precoce e intensiva (40h/sem);
• não só aplicar os procedimentos de ensino diretamente com a criança
• treinar os pais, cuidadores, professores, motorista, cozinheira, faxineira, enfim,
qualquer pessoa que conviva com a criança, para que estes também estimulem a
emissão de respostas adequadas e usem procedimentos comportamentais para
controlar as respostas inadequadas. Assim, também pode-se atingir as 40h
semanais, com “intervenção” sendo feita no banho, no almoço, no caminho até
a escola, etc.
(Fialho, 2015)

23. Trantornos do Espectro Autista – ABA
• ABA possui grande suporte científico e tem sido o método de
intervenção mais pesquisado e amplamente adotado, sobretudo nos
Estados Unidos, para promover a qualidade de vida de pessoas com
transtorno do espectro do autismo.
(Camargo & Rispoli, 2013)

24. Trantornos do Espectro Autista – Basil
• 27 de dezembro de 2012, sancionou a Lei 12.764, instituindo a Política
Nacional de proteção dos direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.
• Esta Lei estabelece, dentre outros, no At. 2º, inciso VII: “o incentivo à
formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento
à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e
responsáveis”.

25. Trantornos do Espectro Autista – Brasil
• Ministério da Saúde lançou no dia 02 de abril de 2013, a Diretriz de
Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do
Autismo, trazendo pela primeira vez uma tabela com indicadores do
desenvolvimento autista e sinais de alerta para que as equipes do SUS –
Sistema Único de Saúde possam fazer a identificação precoce daqueles
quadros;
• Mudanças que nos convidam a refletir e agir para garantir formação e
capacitação de profissionais.

26. Muito obrigada!
sv.aline@hotmail.com