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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012

PROFESSOR: TIAGO DALESSI

CAPÍTULO 1: REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO
1- O MUNDO DIVIDIDO: PAÍSES CAPITALISTAS E SOCIALISTAS
1.1 – FASES DO CAPITALISMO
O Capitalismo Comercial
Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde fins do século XV até o século XVIII. Foi marcada pela
expansão marítima das potências da Europa Ocidental na época (Portugal e Espanha).
O grande acúmulo de capitais se dava na esfera da circulação, ou seja, por meio do comércio, daí o
termo capitalismo comercial para designar o período. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista,
que, em sentido amplo, pregava a intervenção governamental na economia, a fim de promover a prosperidade
nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse sentido, defendia a necessidade de riquezas no interior dos
Estados, e a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata)
que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo.
Outro meio de acumular riquezas era manter uma balança comercial sempre favorável, daí o esforço
para exportar mais do que importar, garantindo saldos comerciais positivos.
O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, como resultado
de um comércio altamente lucrativo, das explorações das colônias e da pirataria, grande acúmulo de capitais
nas mãos da burguesia européia. Karl Marx designou essa fase como a da acumulação primitiva do capital.
O Capitalismo Industrial
O capitalismo industrial foi marcado por grandes transformações econômicas, sociais, políticas e
culturais. As maiores mudanças resultam do que se convencionou chamar Revolução Industrial (estamos nos
referindo aqui à Primeira Revolução Industrial, ocorrida no Reino Unido na segunda metade do século XVIII).
Um de seus aspectos mais importantes foi a enorme potencialização da capacidade de transformação da
natureza, por meio da utilização cada vez mais disseminada de máquinas movidas a vapor, tornando acessível
aos consumidores uma quantidade cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores.
O comércio não era mais a essência do sistema. O lucro – objetivo dessa nova fase do capitalismo –
advinha fundamentalmente da produção de mercadorias.
A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do trabalhador.
No entanto, o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe na forma de salário, e essa fatia de
trabalho não-pago é apropriada pelos donos das fábricas, das fazendas, das minas, etc. Dessa forma, todo
produto ou serviço vendido traz embutido esse valor não transferido ao trabalhador, permitindo o acúmulo de
lucro pelos capitalistas.
Se no mercantilismo (fase comercial), o Estado absolutista era favorável aos interesses da burguesia
comercial, no tocante a atuação da nova burguesia industrial, ou capitalista, era um empecilho. Ele não deveria
intervir na economia, que funcionaria segundo a lógica do mercado, guiada pela livre concorrência.
Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo.
Dentro das fábricas, mudanças importantes estavam acontecendo: a produtividade e a capacidade de
produção aumentavam velozmente; aprofundava-se a divisão de trabalho e crescia a produção em série. Nessa
época, segunda metade do século XIX, estava ocorrendo o que se convencionou chamar de Segunda
Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas
tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo.
Com o brutal aumento da produção, pois a industrialização expandia-se para outros países, acirrou-se
cada vez mais a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantirem novos mercados
consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos. Foi dentro desse
quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África.
A partilha imperialista das potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela
qual as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se
industrializavam. Tal divisão, delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo
industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências
imperialistas.
A Alemanha, por ter se unificado tardiamente (1871), perdeu a fase mais importante da corrida
imperialista e sentiu-se lesada, especialmente frente ao Reino Unido e à França. Além disso, como a sua
indústria crescia em ritmo mais rápido que a dos demais países, também se ressentia mais da falta de
mercados consumidores. O choque de interesses internos e externos entre as potências imperialistas européias
acabou levando o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012

PROFESSOR: TIAGO DALESSI

O Capitalismo Financeiro
Uma das conseqüências mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista foi o brutal
processo de concentração e centralização de capitais. Várias empresas surgiram e cresceram rapidamente:
indústrias, bancos, corretoras de valores, casas comerciais, etc. A acirrada concorrência favoreceu as grandes
empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram, a partir de fins do século XIX, na monopolização
ou oligopolização de muitos setores da economia.
O liberalismo restringe-se cada vez mais ao plano da ideologia, pois o mercado passa a ser
oligopolizado, dominado por grandes corporações, substituindo a livre concorrência e o livre mercado. O
Estado, por sua vez, passa a intervir na economia, seja como agente produtor ou empresário. Essa atuação do
Estado na economia intensificou-se após a crise de 1929, que viria a sepultar definitivamente o liberalismo
clássico.
A crise de 1929 deveu-se ao excesso de produção industrial e agrícola, pois os baixos salários pagos
na época impediam a expansão do mercado de consumo interno; à recuperação da indústria européia, que
passou a importar menos dos Estados Unidos; e à exagerada especulação com ações na bolsa de valores.
Colocando em prática em 1933, pelo então presidente Franklin Roosevelt, o New Deal (“novo acordo”)
foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de obras
públicas, com o objetivo principal de acabar com o desemprego, o New Deal foi fundamental para a
recuperação da economia norte-americana.
Essa política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande
capital, ficou conhecida como Keynesianismo, por ter sido o economista inglês John Maynard Keynes seu
principal teórico e defensor.
1.2 - CARACTERISTICAS DO CAPITALISMO
 Propriedade Privada dos meios de produção – Os meios de produção (bancos, supermercados,
lojas,...) pertencem predominantemente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas.
 Economia de Mercado – São as empresas que decidem como e quanto produzir e estabelecem o
preço e as condições de circulação das mercadorias.
 Lei da Oferta e da Procura – Os preços das mercadorias variam de acordo com a procura por parte do
consumidor e a quantidade do produto em oferta, isto é, colocada à venda.
 Trabalho Assalariado – O trabalhador recebe um salário por seu trabalho, havendo concentração de
renda, principalmente nos países mais pobres.
 Neoliberalismo – Doutrina econômica que, especialmente nas duas últimas décadas, retomou vários
preceitos do liberalismo clássico. Um dos pontos principais do neoliberalismo é a idéia do Estado
mínimo, isto é, o governo deveria ter sua atuação restrita ao campo social (destinando o mínimo de
recursos à saúde, educação e previdência, por exemplo), além de não interferir no processo
econômico, que seria regulado exclusivamente pelas leis de mercado.
1.3 – ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA CAPITALISTA
 Monopólio – Situação em que há uma única empresa fornecedora de determinado produto, que
controla sua oferta e seu preço.
 Oligopólio – Grupo constituído por um pequeno número de empresas que controlam os preços de um
produto.
 Cartel – Associação ou combinação entre empresas, geralmente de um mesmo segmento, para
garantir o controle da produção e dos preços.
 Truste – fusões e incorporações entre empresas que realizam uma mesma atividade com o intuito de
garantir o domínio do mercado.
 Holding – Uma empresa que detém o controle de diversas outras empresas, que atuam em diferentes
ramos de atividades. As holding são grandes corporações que podem produzir desde canetas a
aparelhos eletrônicos, carros e aviões.
1.4 – SISTEMA SOCIALISTA
 Estatização – As terras e os meios de produção devem pertencer ao Estado, que também passa a
controlar e a definir o salário dos trabalhadores.
 Economia Planificada – As atividades econômicas devem seguir uma planificação idealizada e
executada pelo Estado, que decide o que e como produzir.
 Pleno emprego – Para executar suas várias funções e diminuir as desigualdades sociais, o Estado cria
um imenso quadro de funcionários, garantindo emprego a todos.

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

Relação Social – O objetivo é eliminar as diferenças sociais, gerando uma melhor distribuição da
renda.
1.5 – GUERRA FRIA
 Ordem Bipolar – Por serem superpotências econômicas e militares, EUA e URSS influenciavam outras
nações, que a eles se aliaram na formação dos dois grandes blocos que polarizaram a economia e a
sociedade do pós - segunda guerra. Essa situação perdurou até a década de 1990.
 Muro de Berlim – Em 1949, como conseqüência da bipolarização, os países da Europa alinharam-se
em dois blocos: a Europa Ocidental capitalista, sob a influencia dos EUA, e a Europa Oriental socialista,
sob a influência da URSS e em 1961 foi construído o muro de Berlim.

A partir de 1990, praticamente todos os países do bloco socialista passaram a adotar o capitalismo.
Atualmente, praticamente somente China, Cuba e Coréia do Norte continuam socialistas, embora incluam em
sua economia algumas características do capitalismo.
Com o fim da União Soviética em 1991 e a conseqüente dissolução do socialismo, os Estados Unidos
viram-se transformados em “vencedores” da Guerra Fria, assumindo o papel de grande potência mundial.
Porém, apesar do grande poderio norte-americano, Japão e Alemanha (reunificada) também apareciam como
pólos da economia mundial, formando uma nova era multipolar, em detrimento da bipolaridade outrora
existente. Desta forma, temos o mundo sob a influência de três grandes pólos, os EUA, o Japão e a Europa,
representada pela União Européia, tendo Alemanha, França e Reino Unido como sustentáculos econômicos.
O FIM DA GUERRA FRIA
Muito se discute sobre uma possível data que marque o fim da Guerra Fria, o fato é que uma série de
acontecimentos desencadearam a dissolução do conflito Leste x Oeste. A falta de democracia, o atraso
econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década
de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990,
o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país
e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se
enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso,
aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas. Os Estados Unidos assumiram o papel de única
superpotência, os conflitos étnicos e nacionais ressurgiram com força total, e o poder não é mais de quem tem
armas mais poderosas, mas de quem tem a economia mais forte. Veremos a seguir alguns fatores
responsáveis pelo fim da bipolaridade mundial.
A crise da URSS
A economia soviética teve um considerável sucesso no período em que o mundo guiava-se pelos
padrões tecnológicos estabelecidos pela II Revolução Industrial (industrias de siderurgia, química, petrolífera,

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aeronáutica, naval, etc). Isto colocou a URSS em igualdade com as economias capitalistas e em alguns
momentos à frente, como o lançamento do primeiro satélite Sputnik I, em 1957, e o primeiro homem em órbita
ao redor da Terra, Iúri Gagárin, em 1961.
Guiados pelo padrão tecnológico da II Revolução Industrial, a URSS priorizou indústrias de bens de
produção e de capital, com grande prioridade para a indústria bélica. Isto porém virou um problema na medida
em que as indústrias de bens de produção não possuíam os devidos investimentos, gerando um grande
descompasso econômico, com produções excessivas de ferro e aço de um lado, e a carência de
eletrodomésticos e automóveis de outro. O quadro crítico acentua-se a partir da década de 1970, com a
chamada Terceira Revolução Industrial, que demanda altos investimentos em pesquisa e tecnologia
favorecendo o crescimento de setores como a informática e a robótica (estes exigem uma economia mais
dinâmica, baseada numa economia de mercado). ( ver texto “A Terceira Revolução industrial” no capítulo 8)
A URSS começa a se defasar econômica e tecnologicamente em meados de 1970, sendo reconhecida
apenas por seu poderio militar, seu arsenal nuclear e sua capacidade de destruição em massa. Graças a seu
baixo dinamismo econômico, sua produtividade industrial não acompanhava nem de longe os avanços dos
países capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado, era incapaz de produzir
bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a própria população. As filas
intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento se generalizava. A situação
agravasse nos anos 80, com o governo norte-americano de Ronald Reagan, que aumentou os orçamentos com
defesa. Como a União Soviética não tinha mais condições de continuar com a corrida armamentista, os acordos
de paz entre as duas superpotências tornaram-se necessários. Foi com essa missão que Gorbachev chegou,
em 1985, à liderança da URSS.
A era Gorbachev (1985-1991) e o fim da União Soviética
Sua plataforma política defendia a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se
adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos se firmou, e impulsionou a
dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.
Dentre as reformas propostas por Gorbachev, temos a Perestroika e a Glasnost:
- Perestroika (reestruturação): série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbatchov, não seria
necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a
diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou em diminuição de armamentos. Além disso, era
preciso acabar com a ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stálin.
- Glasnost (transparência) : visava a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do
governo para a população, permitindo o pluripartidarismo e retirando a forte censura que o governo comunista
impunha. Esta abertura política desencadeou uma série de movimentos separatistas na URSS, levando à sua
completa fragmentação política.
Gorbachev sofreu um golpe de Estado, liderado pelos comunistas conservadores, porém, o golpe
fracassou e Mikhail foi reconduzido ao poder com o apoio de Boris Yeltsin. No entanto, o poder central se
enfraqueceu, visto que as repúblicas – uma a uma – proclamavam sua independência política. A cartada final
ocorreu em dezembro de 1991, quando a própria Rússia, sustentáculo da União Soviética, proclamou a sua
independência. Com o fim da União Soviética um novo acordo foi firmado (acordo de Minsk), originando a
CEI (Comunidade dos Estados Independentes), composto pelas antigas repúblicas soviéticas, exceto Estônia,
Letônia e Lituânia. Boris Yeltsin foi eleito o novo presidente, renunciando em dezembro de 1999. Em seu lugar,
Vladimir Putin foi eleito em março de 2000.

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Hoje a Rússia sofre graves problemas com desemprego e baixo crescimento econômico, resultados da
tumultuada transição do socialismo para o capitalismo. O PIB só veio a crescer significativamente a partir de
1999. Um dos grandes problemas enfrentados hoje é o grande número de movimentos separatistas dentro
de seu território.

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O LESTE EUROPEU
Durante toda a Guerra Fria, a região do Leste europeu fez parte do chamado 2° mundo, sendo controlada
pela URSS através do Pacto de Varsóvia. Com as políticas reformistas de Gorbachev e o fim da URSS, as
frentes de independência se tornaram mais fortes nessa região, fazendo com que os países aderissem ao
capitalismo e reorganizassem a sua economia e política. Os países integrantes* do Leste Europeu eram/são:
- Pôlonia
- Alemanha Oriental (hoje reunificada)
- Tchecoslováquia (hoje dividida em repúblicas Tcheca e Eslováquia)
- Hungria
- Romênia
- Bulgária
- Albânia**
- Iugoslávia** (hoje dividida em Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e
Macedônia)

* Estes países formavam um bloco fechado na Europa, limitado pela “Cortina de Ferro”.
** Apesar da Albânia e Iugoslávia não estabelecerem relações diretas com Moscou, o regime socialista ditatorial
era presente em ambos.
Polônia e Hungria
Na Polônia, a abertura política começou com a legalização do Solidariedade (sindicato político fundado
em 1980 que defendia a liberdade de expressão dos trabalhadores) em 1989. No mesmo ano, a URSS
começava a retirar do Leste europeu suas tropas do pacto de Varsóvia. Sem a pressão militar dos soviéticos, as
medidas liberais ganharam força, não só na Polônia como em outros países da região. Além disso,
restabeleceram a ligação religiosa com o Vaticano e a liberdade religiosa.
A Hungria também iniciou suas reformas em janeiro de 1989, quando o parlamento aprovou a lei que
permite o pluripartidarismo. O país tornou-se uma democracia e passou a se chamar República da Hungria.

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Alemanha Oriental
Em 9 de novembro de 1989, a conselho de Gorbachev, o governo anunciou a livre passagem dos
alemães da parte oriental para a ocidental., levando a própria população à iniciativa de derrubar o muro de
Berlim. Em 1990, Lothar de Maiziere, primeiro-ministro da Alemanha oriental, negociou a unificação das duas
Alemanhas com Helmut Kohl, que governava a Alemanha ocidental. A República Democrática Alemã não
existia mais. Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada.
Tchecoslováquia e Bulgária
Em 1° de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia se dividiu, de forma pacífica, dando origem a dois
países diferentes: na sua porção menos desenvolvida, formou-se a Eslováquia; e na sua parte mais
desenvolvida e industrializada, a República Tcheca, destaque na produção de automóveis e cerveja.
Na Bulgária a transição também aconteceu de forma pacífica. O pluripartidarismo foi admitido em 1988
e as reformas passaram a acontecer com o fim do Partido Comunista. Em 1990, passou a ser denominado
República da Bulgária.
Romênia
Na Romênia, as reformas aconteceram lentamente. Com uma economia superada, a Romênia tem
aproveitado a entrada do capital estrangeiro, nos últimos anos, para melhorar sua situação econômica e tentar
se reerguer.
ex-Iugoslávia
O desmembramento da Iugoslávia deu origem a novos países: União da Sérvia e Montenegro,
Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia. A separação do país foi marcada por sangrentos
conflitos. Atualmente ocorreu a separação da Sérvia e Montenegro, em maio de 2006
Albânia
Foi o último Estado do Leste Europeu a implementar reformas. Encerrou sua fase socialista com altos
níveis de pobreza. Foi aliado da URSS até 1961, para posteriormente aliar-se à China até 1978. Depois das
relações cortadas com a China, o país fechou-se num regime altamente autoritário e isolado, fiel à doutrina
stalinista. Esta situação de instabilidade deixou o país extremamente despreparado para a transição
econômica. Sem rumo, o governo albanês procura administrar os mecanismos do novo regime, ao mesmo
tempo em que tenta encontrar soluções para os eternos problemas de miséria e desemprego.

O presidente George Bush (1989-1992) chamou de Nova Ordem Mundial. O que deixava de existir era
a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam competir usando a
capacidade militar. O mundo passava a funcionar sob a égide do capitalismo. A multipolaridade econômica não
mudou significativamente a distribuição da riqueza no mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (exterceiro mundo) continuam pobres. A corrida armamentista perdeu força e a prioridade passou a ser a busca

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por novos mercados e crescimento do capitalismo. Esta nova fase passou a ser chamada de Globalização, com
um crescente fluxo de informações, mercadorias, capital, serviços e pessoas em escala global. As redes que
ordenam este fluxo podem ser materiais e virtuais, transformando o mundo em uma espécie de aldeia global.
2- OS TRÊS MUNDOS
Durante o período da Guerra Fria também era comum regionalizar o espaço mundial em “três mundos”.
 Primeiro Mundo – Constituído pelos países capitalistas desenvolvidos, como EUA, Reino Unido,
França, etc.
 Segundo Mundo – Formado pelos países socialistas, como China, URSS, Polônia, Hungria, etc.
 Terceiro Mundo – Constituído por um conjunto muito heterogêneo de países subdesenvolvidos
(pobres), como Brasil, Marrocos, Egito, etc.
3- REGIONALIZAÇÃO PELO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
 Elevado padrão de vida da maior parcela da população.
 Dominação econômica, tecnológica e política sobre países subdesenvolvidos.
 Desenvolvimento industrial e tecnológico.
 Os setores secundários e terciários abrigam a maior parte da PEA.
 Elevados investimentos em educação e em ciência.
 Baixo índice de mortalidade infantil e de analfabetismo.
 Ingestão de calorias diárias muito acima do mínimo recomendado.
 Predomínio de população urbana.
 Expectativa de vida além dos setenta anos.
 Acesso aos benefícios sociais à maioria da população.
 Emprego predominante de técnicas modernas, de máquinas e mão-de-obra qualificada no campo.
 Modernos e eficientes meios de comunicação e de transportes.
 A maior parte da população pertence à classe média e tem elevado padrão de vida e de consumo.
PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Quando, a partir da Segunda guerra Mundial, se começou a falar correntemente do
‘subdesenvolvimento’ (era, soube-se muito mais tarde, a tradução do termo under-development que os políticos
americanos tinham fabricado), através disso foi possível saber que três quartos da humanidade sofriam de fome
e atrair a atenção sobre o fato de que a população dos países pobres seria mais que o dobro nos trinta anos
seguintes...
(LACOSTE, Yves. Geografia do Subdesenvolvimento: geopolítica de uma crise. 1985:31)

Apesar de só começar a ser discutido após a segunda guerra mundial e de ser um termo originado por
políticos norte-americanos, podemos dizer que as origens do subdesenvolvimento estão no longo período de
dominação política e econômica e no tipo de relação estabelecida entre colônia e metrópole, durante a
existência dos grandes impérios coloniais. Esses grandes impérios surgidos nos períodos denominados
colonialismo (séc. XV a XVIII) e imperialismo (séc. XIX) refletiam o poder de antigas potências mercantilistas
(Portugal e Espanha) e de potências da Revolução Industrial (França, Inglaterra e Holanda).
O fato de se tornarem independentes não garante às ex-colônias o desenvolvimento. Junto à sua
independência somam-se os problemas decorrentes de sua antiga relação com as metrópoles além da sua
própria incapacidade de administrar o próprio destino. Governos ditatoriais, submissão aos interesses de
empresas transnacionais, corrupção, conflitos étnicos e dívida externa são outros agravantes da situação de
pobreza já existente nesses países.
Apesar das diferenças entre os próprios países subdesenvolvidos, algumas características se fazem
comuns:
 Má distribuição de renda.
 Dependência econômica, política, tecnológica e até mesmo cultural em relação aos países
desenvolvidos.
 Economia primário-exportadora (países pouco industrializados).
 Os setores primário e terciário da economia e o mercado informal abrigam a maior parte da população
empregada.
 Altos índices de analfabetismo, de mortalidade e de natalidade e elevado crescimento populacional.
 Ingestão de calorias diárias abaixo do mínimo recomendado.
 Alto índice de pessoas vivendo em submoradias.

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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012

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 Dividas externas impagáveis.
 Proliferação de grandes centros urbanos sem infra-estrutura.
 Concentração de renda.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES EMERGENTES
Não existe homogeneidade na classificação dos países subdesenvolvidos. Enquanto alguns ainda
permanecem com as relações econômicas existentes na época colonial, outros se industrializaram e cresceram
economicamente. Estes últimos pertencem ao grupo dos Novos Países Industrializados (NICs – New
Idustrialized Countries), também chamados de economias emergentes e países capitalistas semiperiféricos. A
este grupo pertencem países como Brasil, Argentina, México, Índia, África do Sul e Tigres Asiáticos (Hong
Kong, Cingapura, Taiwan e Coréia do Sul).
São paises pobres, industrializados ou em fase de industrialização. Apesar de industrializados, são
dependentes de tecnologia.
4 – CONFRONTO: NORTE / SUL
Na lógica bipolar, era comum classificarmos os países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, além
do constante uso da expressão “conflito Leste x Oeste”. Com a Nova Ordem Mundial, essa classificação já não
tem mais sentido. Como o Segundo Mundo, que era formado pelas nações socialistas, não existe mais, os
países são classificados em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o mundo ficou dividido em
países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvolvidos). Na Nova Ordem, o conflito Leste-Oeste da
guerra fria foi substituído pelo conflito Norte-Sul, que opõe entre si as grandes diferenças que separam a
riqueza, a tecnologia e o alto nível de vida da pobreza, da exclusão dos novos meios técnico-científicos e dos
baixos níveis de vida.

Algumas características desta nova divisão:
-

-

-

-

O grande contingente de ex-colônias asiáticas, africanas e americanas (com exceção de Estados
Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) forma o bloco dos países do Sul. Apesar de terem
características comuns, esses países apresentam profundas diferenças entre si.
Alguns países se destacam na oferta de oportunidades para investimentos das empresas
transnacionais. São países subdesenvolvidos industrializados ou em fase de industrialização. São os
chamados países emergentes, e o Brasil está entre eles.
Os antigos países socialistas são chamados hoje de países de economia “em transição”, porque
passam por uma fase de adaptação à economia de mercado. Apenas China*, Cuba, Coréia do Norte,
Vietnã, Líbia e Laos ainda resistem como socialistas.
A África Subsaariana está à margem da economia global. Seus países sofrem com conflitos tribais,
fome, seca e aids. Além disso, encontram-se na total dependência do FMI e do Banco Mundial. Diante

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desse estado de miséria, a África não desperta interesse, nem como consumidora nem como opção de
investimento de capital especulativo.
* O caso chinês é especial, visto que possui um “socialismo de mercado”, ou seja, uma economia capitalista
regida por uma política socialista.
Nota: A oposição ‘Norte’ rico ou desenvolvido e ‘Sul’ pobre ou subdesenvolvido é bastante esquemática. Como
classificar os países do Leste Europeu, por exemplo? Eles pertencem ao ‘Norte’ ou ao ‘Sul’? Já a China, pelos
aspectos demográfico, econômico e geopolítico e por suas contradições, é inclassificável. Além disso, cada vez
mais o ‘Sul’ aparece dentro do ‘Norte’, em conseqüência do aprofundamento das desigualdades sociais e do
aumento da imigração.
MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005
5- O SISTEMA-MUNDO: CENTRO E PERIFERIA
Uma outra forma de classificação dos países seria a de países centrais e países periféricos. Esta forma
de classificação também surgiu com o fim da Guerra Fria, sendo extremamente conveniente ao sistema
capitalista. Ela designa os países como centrais (que se encontram no “centro” do sistema capitalista) e
periféricos (o restante, na “periferia” do sistema capitalista). Observe o mapa abaixo:

“Países centrais” é uma expressão usada para designar uma tríade: Estados Unidos, Japão e união Européia,
que comandam o sistema capitalista. O restante do mundo é formado por países de periferia com maior ou
menor grau de integração a um dos pólos que compõem o centro do sistema capitalista. Os Estados unidos é o
único que influencia o mundo inteiro; os outros países do centro têm uma influência mais regional. Mesmo na
periferia há nações com certa influência regional, como é o caso da China, da Índia e do Brasil. A China, aliás,
ora é classificada como potência, quando se considera o aspecto geopolítico (Potência militar e membro do
conselho de segurança da ONU), ora como país emergente, quando se considera que se trata de um país da
periferia, como mostra o mapa, embora muito importante economicamente. Em resumo, nem sempre há
consenso na classificação dos países.
MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005
6- REGIONALIZAÇÃO SEGUNDO IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
O IDH é um eficiente método para analisar a qualidade de vida de um país, pois não levam em
consideração apenas indicadores econômicos, mas também variáveis como expectativa de vida e educação. As
variáveis utilizadas são:
- Expectativa de vida: a esperança de vida ao nascer

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Educação: o conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa bruta de
matrículas no ensino fundamental, médio e superior.
- PPC (PIB per capita): a renda distribuída para a população, permitindo um padrão de vida mais
decente.
Estas três variáveis combinadas oscilam entre valores de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é o
padrão de vida da população, quanto mais próximo de 0, pior.
-

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:
01) Assinale a alternativa que caracteriza país subdesenvolvido:
a) Hegemonia econômica e comercial; indústria incipiente está relacionada à agroindústria e beneficiamento de
recursos minerais.
b) Baixo ou médio IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), considerando-se as dimensões renda, educação
e expectativa de vida.
c) Distribuição de renda igualitária; a pobreza generalizada da população leva à necessidade de recorrer à
ajuda internacional.
d) Grande crescimento populacional; altas taxas de natalidade e mortalidade infantil refletem no aumento da
expectativa de vida.
e) Exportador de recursos energéticos; a independência do mercado mundial de petróleo e urânio fragiliza a
economia.
02)(UFJF/2009 - VESTIBULAR A DISTÂNCIA) Em Geografia, o que representa o espaço concreto dominado e
apropriado por uma sociedade ou por um Estado e identificado pela posse é:

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a) a natureza.
b) a paisagem.
c) a região.
d) o lugar.
e) o território.
03)(PASES I/2009) Leia o trecho do romance abaixo, que revela a visão do escritor ao observar o espaço:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e
janela alinhadas. [...] Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos
bochechos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar;
o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janelas para janelas as primeiras
palavras, os bons dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá
dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf.
Acesso em: 07 nov. 2008.)
Considerando os conceitos de Geografia, é CORRETO afirmar que, neste trecho do romance, aparece presente
o conceito de:
a) território, pois revela uma forma de contemplação do espaço.
b) paisagem, já que indica uma forma de observar e descrever um espaço.
c) região, uma vez que revela uma forma de representar o espaço.
d) meio ambiente, pois assinala a relação entre o poeta e o local descrito.
e) Nenhuma das anteriores.
04)(UERJ/2008)

O príncipe Michael Bates anunciou que quer vender seu país, Sealand. Trata-se de uma antiga plataforma
militar, construída pela Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial e abandonada após o conflito. Em 1967, o
ex-major inglês Roy Bates, sua mulher e seu filho Michael desembarcaram no local, proclamaram a
independência, instauraram um reinado, criaram uma constituição, um hino e uma bandeira. Eles são
sustentados por pessoas que compram títulos para virar cidadãos de Sealand, mas preferem continuar vivendo
em seu país de origem. Sealand emite selos, passaportes e cunha moedas, entre outras características de um
Estado independente. Adaptado de Época, 15/01/2007
Até o momento nenhum país reconhece a existência de Sealand. A famíla Bates, no entanto, argumenta que
Sealand possui os três principais elementos constitutivos do Estado-Nação Moderno. Estes três elementos são:
(A) povo – governo – território
(B) moeda – hino – fronteira
(C) constituição – etnia – história
(D) cidadão – legislação – bandeira

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05)(PISM III/2008) Observe a figura abaixo que apresenta uma afirmativa feita por Lênin.

A afirmativa de Lênin é representada por um período em que as duas potências, Estados Unidos e União
Soviética, a fim de garantir suas áreas de influência, colocaram seus arsenais bélicos, inclusive os nucleares,
em permanente exposição e assinaram tratados militares com seus aliados, criando a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética.
A rivalidade entre as duas potências levou o mundo a um período de tensão conhecido como:
a) Guerra Fria.
b) Guerra Ideológica.
c) Guerra do Golfo.
d) Guerra Mundial.
e) Guerra do Vietnã.
Gabarito:
01-B

02-E

03-B

04-A

05-A

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CAPÍTULO 2: GLOBALIZAÇÃO
Políticos:
ANTES DA POSSE:
Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos econômicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.
APÓS A POSSE:
LEIA NOVAMENTE AGORA DE BAIXO PARA CIMA
1- GLOBALIZAÇÃO


Globalização – Tendência pela qual o mundo todo vem passando nos últimos anos e que objetiva a
constituição de um amplo mercado de dimensões planetárias, explorado pelas grandes corporações
transnacionais. As fronteiras nacionais, por conta da maior liberdade comercial e também pelo avanço das
novas tecnologias de difusão das informações, passariam a não mais serem obstáculos para os fluxos
econômicos globais.

É um fenômeno observado na necessidade de formar uma Aldeia Global [...].A rigor, as sociedades do
mundo estão em processo de globalização desde o início da História. Mas o processo histórico a que se
denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do
colapso do bloco socialista e o conseqüente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a
estagnação econômica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial. As
principais características da globalização são a homogeneização dos centros urbanos, a expansão das
corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos (transnacionais), a revolução tecnológica nas
comunicações e na eletrônica (Revolução técnico-científica), a reorganização geopolítica do mundo em
blocos comerciais regionais (não mais ideológicos), a hibridização entre culturas populares locais e uma cultura
de massa supostamente "universal", entre outros. (Wikipedia, 2007).
Na realidade, sob um novo rótulo, encontra-se um processo muito antigo, que continua a se expandir. A
Globalização é um processo pelo qual o espaço mundial adquire unidade. O ponto de partida desse movimento
remonta às grandes navegações européias do séc. XV, que conferiram unidade à aventura histórica dos povos
e configuraram, na consciência dos homens, a imagem geográfica do planeta. Entretanto, os fatores que
contribuíram para que o processo de globalização se intensificasse são decorrentes do “encurtamento de
distâncias” no planeta, promovido pela extraordinária evolução dos sistemas de transporte e comunicações.

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Esta evolução está totalmente inserida no contexto da Terceira Revolução Industrial, ou Revolução TécnicoCientífica.
Em suma, vale lembrar esse processo de integração mundial chamado globalização não é só
econômico. Ele tem ao mesmo tempo uma dimensão política, social e cultural enraizadas em seu processo.
1.1 Revolução Técnico-científica *
O setor mais importante dessa revolução é certamente a indústria da informática, como surgimento dos
softwares e o avanço no armazenamento e processamento de informações por redes digitais e cabos de fibras
ópticas. A informática invadiu bancos, Bolsas de Valores, hospitais, repartições públicas, escolas, fábricas, lojas
e supermercados e até mesmo a nossa casa. Isto contribuiu para o inevitável avanço das telecomunicações e
setores como a biotecnologia. Além destes, os meios de transporte também são beneficiados, proporcionando
uma velocidade cada vez maior de deslocamento a grandes distâncias. Podemos dizer que o avanço deste
conjunto de técnicas combinadas é responsável pelo encurtamento das distâncias e pela eliminação de
fronteiras através dos fluxos das redes mundiais. Porém, os lugares que apresentam as melhores infraestruturas e o maior poder aquisitivo são privilegiados. Estes lugares estão sobretudo nas cidades globais,
localizadas predominantemente nos países desenvolvidos.
1.2 A mundialização do capital e o papel das transnacionais
A globalização é o atual momento da expansão capitalista. Pode-se dizer que ela está para o
capitalismo informacional assim como o colonialismo esteve para sua etapa comercial ou o imperialismo para o
final da fase industrial e início da financeira. Trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados e,
portanto, o lucro, o que de fato move os capitais, tanto produtivos como especulativos, no mercado mundial.
- capitais especulativos: de curto prazo, conhecidos como smart money (dinheiro esperto) ou hot money
(dinheiro quente), ávidos por lucratividade e movimentam-se com grande rapidez no sistema financeiro.
- capitais produtivos: a entrada destes capitais é mais demorada, pois são investimentos de longo prazo,
por isso são menos suscetíveis às oscilações do mercado.
As empresas transnacionais são consideradas as principais responsáveis pela mundialização dos capitais
produtivos, constituindo-se num grande símbolo da globalização do capital.
A Terceira Revolução Industrial
No pós-Segunda Guerra Mundial, embalados pelo auxílio econômico do Plano Marshall e de acordos
bilaterais, os aliados dos Estados Unidos na Europa e na Ásia cresceram aceleradamente. Movidas por acirrada
concorrência, as empresas dos EUA, do Japão e da Europa Ocidental fizeram um grande esforço visando à
introdução de novas tecnologias, principalmente daquelas aplicadas ao processo produtivo, tais como a
informática e a robótica. Isso possibilitou uma crescente elevação dos índices de produtividade dessas
economias, tornando-as mais competitivas.
Evidentemente, para alcançar esse novo patamar tecnológico houve um esforço conjunto entre as
empresas e os Estados em que elas estavam sediadas no sentido de se investir maciçamente em pesquisa e
desenvolvimento e na elevação dos níveis de qualificação de mão-de-obra. A essas novas tecnologias e às
mudanças radicais que elas estão provocando, não só do ponto de vista socioeconômico, mas também cultural,
dá-se o nome de Terceira Revolução Industrial, ou Revolução Técnico-científica ou, ainda, Revolução
Informacional. É o capitalismo adentrando seu atual período técnico-científico, no dizer do geógrafo Milton
Santos, ou em sua etapa informacional, segundo definição do sociólogo Manuel Castells. Os países líderes
desse processo que está em curso são os Estados Unidos e o Japão, seguidos de perto pela União Européia,
bloco em que se destacam a Alemanha, a França e o Reino Unido.
MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. São Paulo, 2005

2- MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS
A população de um país não é apenas modificada pelas mortes e nascimentos de seus habitantes. É
preciso levar em conta, também, os movimentos de entrada e de saída, ou seja, as migrações que ocorrem em
seu território.
As migrações internas são aquelas que se processam no interior de um país como, por exemplo, o
êxodo rural, que é constante no Brasil. A partir das duas últimas décadas do século XX tem-se verificado no
Brasil um acréscimo acentuado de migrações. As migrações internacionais recentes no Brasil têm, como países

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de destino, essencialmente, os EUA, Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Canadá, Austrália, Suíça,
Alemanha, Polônia, Bélgica, Países Baixos, Japão, Paraguai e Israel, quase num movimento inverso ao que se
deu no século XIX. Note-se, no entanto, que as migrações brasileiras para o Paraguai constituíram um
fenômeno que teve o seu início ao longo dos anos 70. Segundo as estatísticas, o maior número de brasileiros
imigrantes está nos Estados Unidos. O segundo contingente situa-se no Paraguai (os chamados "brasiguaios").
No fluxo inverso, porém, é expressiva a presença de imigrantes provenientes da Bolívia e do Peru
desde os anos 80, os quais têm, em sua maioria, se radicados em São Paulo.
Segundo a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, mais conhecida como
Convenção de Genebra de 1951, refugiado é toda a pessoa que, em razão de fundados temores de
perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião
política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer
regressar ao mesmo.
O número de refugiados no planeta tem aumentado nos últimos anos em decorrência do elevado
número de conflitos étnicos, nacionalistas e religiosos verificados no planeta, principalmente a partir dos anos
80 e 90, coincidente com a acentuação das características da globalização que deram mais visibilidade às
minorias graças à evolução dos meios de transporte e telecomunicações.
Xenofobia - é comumente associado a aversão a outras raças e culturas. É também associado à fobia
em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo que apresenta a fobia habitualmente não
entra em contato e evita. Na Europa encontramos nos dias atuais o pior cenário onde se pode visualizar os
problemas trazidos por visões xenófobas, aumentam cada vez mais as restrições à imigração, com a subida ao
poder de organizações de direita e extrema direita que acusam os imigrantes de roubar os empregos da
população européia, mas o grande senão dessa história é que a Europa enfrenta uma séria crise de
desemprego estrutural que não tem nada a ver com a imigração e sim com a concorrência com as economias
asiáticas que oferecem mão de obra barata e custos trabalhistas bem menores em relação ao estado de bem
estar social ainda vigente em várias sociedades européias. Outra questão grave a ser analisada diz respeito ao
envelhecimento da população européia que terá que recorrer à imigração para repor os estoques de mão de
obra futuros.
3- GLOBALIZAÇÃO ENQUANTO UM MOVIMENTO CONTÍNUO DOS FLUXOS

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4- CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA GLOBAL
A partir da segunda metade do século XX, as empresas industriais, comerciais e de prestação de
serviços (bancos, hotéis, redes de restaurantes, companhias de telecomunicações etc.) começaram a
instalarem filiais em vários países do mundo, num processo que ficou conhecido como mundialização ou
internacionalização do capital e da produção.
O processo de expansão do capitalismo constituiu a chamada economia global, que influenciou
diversos países e se caracteriza pelo seguinte:












Crescimento do comércio internacional – O fluxo de mercadorias entre os países foi multiplicado por seis
entre 1975 e 1995. Nos últimos anos, produtos originários de vários lugares do planeta podem ser
encontrados no mercado interno dos países. Entretanto, cerca de dois terços do fluxo mundial de
mercadorias ocorre entre os países desenvolvidos, que têm maior capacidade de consumo. Uma decisão
política ou econômica tomada em qualquer ponto do planeta pode provocar reações em todo o mundo. Por
exemplo, se o banco Mundial eleva a taxa de juros de empréstimos, todos os países que têm dívida externa
são prejudicados.
Mundialização da produção – Grande parte da produção e do comércio mundiais é controlada por
empresas que têm sedes nos países desenvolvidos. Essas empresas têm filiais em vários países dos cinco
continentes e se beneficiam da mão-de-obra barata, das matérias-primas, dos mercados consumidores, da
redução de impostos oferecidos pelos governos locais e da ausência de legislação e fiscalização rigorosas,
principalmente nos países subdesenvolvidos. A busca por maiores lucros leva as empresas transnacionais
a produzir componentes de um produto no país ou na região onde as condições lhes sejam mais favoráveis.
Assim, um automóvel, por exemplo, pode ter as peças fabricadas em vários países e ser montado em outro.
È a fábrica global. Na economia global, as atividades desenvolvidas pelos mais variados tipos de
trabalhadores exigem cada vez mais criatividade e qualificação. As empresas modernas querem
funcionários capazes de se adaptar às novas tecnologias introduzidas no processo de produção. As
jornadas de trabalho e os salários estão mais flexíveis. A carga horária perde em importância para a
qualidade do trabalho e os pagamentos são efetuados de acordo com a produtividade de cada trabalhador.
Rápida expansão dos fluxos financeiros – Bilhões de dólares são movimentados pelo mundo todos os
dias, como investimentos em bolsas de valores ou pagamentos por mercadorias o serviços. Com o
desenvolvimento da informática e dos meios de comunicação, as transnacionais realizam-se de forma mais
rápida.
Crescente importância da tecnologia – O desenvolvimento tecnológico nas áreas de informática e
telecomunicações permite que uma pessoa receba informação em tempo real em qualquer ponto do
planeta. A expansão das telecomunicações foi possível graças à construção de satélites e à criação e
instalação de fibras ópticas, que são cabos que transmitem dados a uma altíssima velocidade.
Sociedade global – A grande circulação de informações, mercadorias e pessoas fez surgir uma sociedade
em que determinados valores são globais. Há uma padronização das formas de trabalho, da produção e do
consumo. Milhares de pessoas do planeta alimenta-se nas mesmas redes de restaurantes, bebem os
mesmos refrigerantes, ouvem as mesmas músicas e assistem aos mesmos filmes. Contudo, cabe destacar
que a globalização é seletiva, beneficiando alguns lugares do planeta e determinadas sociedades ou grupos
sociais. Milhões de pessoas ainda estão excluídas desse processo.
Os centros de poder da economia global – Um grupo formado por cinco países, o chamado G5 (EUA,
Japão, Alemanha, França e Inglaterra), é o que mais se beneficia com o processo de globalização. Esses
novos centros de poder econômico e tecnológico detêm as sedes de muitas das principais empresas
transnacionais que atuam nos mais variados setores da economia global. A atuação desses cinco países
promove uma regionalização do espaço mundial de acordo com seus interesses econômicos.

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5- O BRASIL E O BRIC
Fonte: Atualidades, Vestibular + ENEM 2011. São Paulo: Ed. Abril, 2010. pág. 128-133.
Com uma economia em franca expansão, o Brasil ganha influência no cenário mundial e integra
o grupo de países emergentes que podem se tornar a maior força econômica do mundo.
Embora possua um território de dimensões continentais, riquezas
naturais invejáveis e a quinta maior população do mundo, o Brasil sempre
exerceu papel secundário no cenário internacional. Mas essa situação
começou a mudar nos últimos anos, e o país passou a ocupar um lugar de
maior destaque nas grandes questões da atualidade.
No front econômico, o Brasil consolida a sua influência mundial
como o principal exportador de commodities (matérias-primas). Com a
descoberta de enormes reservas de petróleo em camadas profundas (présal), a expectativa é a de que o país também se torne um grande
fornecedor de energia. Na última década, ao lado da estabilização
financeira, que converteu o Brasil num destino seguro e desejado para o
capital estrangeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro esteve em
franca expansão até a eclosão da crise mundial, no fim de 2008 - mas o
impacto no país foi considerado modesto, e a expectativa de 2010 foi de
crescimento de 5%. O reconhecimento externo da importância econômica do Brasil cristalizou-se com a
inclusão do país num seleto grupo de nações emergentes que vem dando o que falar na imprensa mundial: o
Bric, nome formado pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China.
À medida que amplia a sua participação na economia global, o país busca maior projeção política. Além
de ser um dos líderes do movimento pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, o ex-governo Lula veio
assumindo a dianteira na campanha pela maior liberalização do comércio mundial. Nas crises regionais, o Brasil
também marca presença ao chefiar desde 2004 a missão da paz da ONU no Haiti. Em 2010, a diplomacia
brasileira deu um passo ambicioso, ao tentar mediar o impasse nuclear envolvendo o Irã e as potências
ocidentais. Depois, entrou em choque direto com os Estados Unidos, ao votar contra as novas sanções
aprovadas na ONU contra o Irã.
Nasce o Bric
Em 2001, quando o economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do banco Goldman
Sachs, debruçou-se sobre os principais dados econômicos desses quatro grandes países emergentes,
percebeu que eles se destacavam dos demais. Não apenas porque Brasil, Rússia, China e Índia são países
grandes e populosos; nem somente porque apresentavam economia em rápido crescimento. O que chamou
sua atenção foi a constatação - com base em projeções demográficas e econômicas - de que o grupo, quando
somado, poderia representar em 2050 a maior força econômica do planeta, suplantando os Estados Unidos, o
Japão e os membros da União Europeia.
O economista juntou os quatro países e criou um bloco que não existia. Para nomeá-lo, ele concebeu
um acrônimo, ao pegar emprestado de cada país a sua letra inicial: Bric. Acrônimo é o nome que se da a uma
palavra que surge quando se juntam uma ou mais letras iniciais de um conjunto maior com o objetivo de
simplificar a comunicação. Pode "pegar" ou não, dependendo da sua adequação ou originalidade. E chamar os
quatro grandes emergentes de Bric’s caiu no gosto de jornalistas e economistas, e dos próprios governos
desses países, que em junho de 2009 realizaram sua primeira reunião, em Ecaterimburgo, na Rússia, e
emitiram uma declaração conjunta, pedindo o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar.
Consumo interno
A expectativa para a próxima década é de expansão da classe média na área do Bric e em larga
medida, a força do Bric provem da enorme fatia da população mundial concentrada nos quatro países. Neles
vivem 2,7 bilhões de habitantes, o equivalente a 40% da humanidade. A grande maioria contingente e de
chineses e indianos, os países com as mais aceleradas taxas de crescimento econômico entre as grandes
economias. O Bric também possui um território enorme. Somada, a área dos quatro países representa um
quarto das terras do planeta. Nesse vasto território, há muita riqueza, como petróleo (Rússia e Brasil), produtos
agrícolas (Brasil), mão de obra farta e barata (China) e potencial para o desenvolvimento de mais produtos com
as inovações científicas e tecnológicas (China e Índia).
De acordo com um informe publicado em 2010 pelo Goldman Sachs, a expansão da classe média no
Bric, especialmente na China e na Índia, orientara o mercado mundial, já que o perfil de consumo dessa classe

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social difere daquele típico das camadas mais pobres - no qual o peso do gasto com comida e roupa é
proporcionalmente bem mais elevado do que com educação ou lazer.
6- GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE

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7 - GLOBALIZAÇÃO E OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS
As fronteiras nacionais no mundo globalizado têm sido ultrapassadas por outras fronteiras mais amplas,
mais abrangentes: as fronteiras supranacionais dos organismos internacionais de financiamento, empresas
transnacionais e blocos econômicos, que agem no território do Estado-nação ultrapassando suas fronteiras e
pondo em xeque a própria soberania do Estado. Além de organismos com fins econômicos, temos também os
organismos com fins humanitários, como A ONU.
-

FMI (Fundo Monetário Internacional): surgiu na conferência de Bretton Woods em 1944 e começou a
funcionar em 1945. Está sediado em Washington e seus objetivos são promover a cooperação
monetária internacional, favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio internacional e dar
assessoria aos países membros que enfrentam dificuldades financeiras. O FMI age sob a ótica do
neoliberalismo. Uma das exigências impostas por esse organismo é a adoção de práticas econômicas
liberais para quem recorre a ele. Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido são os
maiores acionistas do fundo.

-

Banco Mundial: também originado na conferência de Bretton Woods. Tem sede em Washington e é
composto pelos mesmos países do FMI. Porém, enquanto o FMI se encarrega de preservar o sistema
financeiro internacional, o Banco Mundial se encarrega de estabelecer projetos que visam o
desenvolvimento e melhores condições de vida. A diminuição da pobreza é o seu principal objetivo. O
Banco mundial começou seus trabalhos em março de 1946, através do BIRD (Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento). Hoje é formado por mais quatro instituições além do BIRD:
Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), Corporação Financeira Internacional (CFI),
Agência Multilateral de Garantia de Investimento (AMGI) e Centro Internacional para Arbitragem de
Disputas sobre Investimentos (Ciadi).

-

GATT e OMC: o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) foi um acordo provisório que entrou em
vigor em janeiro de 1948, durando até 1995, quando se tornou a Organização Mundial de Comércio
(OMC). Existem algumas diferenças básicas entre GATT e OMC. O primeiro era só um ‘acordo
provisório’, a OMC é uma ‘organização mundial’. Quando o GATT foi criado, o comércio mundial era
dominado por bens e produtos (agrícolas, minerais, industriais). Com o passar do tempo a economia
mundial ficou mais complexa. O comércio mundial de serviços (transporte, turismo, telecomunicações)
e de ideias (livros, patentes), classificadas como propriedades intelectuais, tornou-se extremamente
importante. Nesses setores, a OMC ampliou o GATT, que foi extinto como órgão, mas teve preservados
seus acordos para o comércio de bens e produtos, fazendo parte dos tratados da OMC. Em suma, a
OMC tem status permanente, é uma organização internacional (como o FMI e o Banco Mundial) e suas
resoluções têm base legal, visto que seus membros concordam em seguir as regras estabelecidas.

-

ONU: A ONU foi criada em 1945, na conferência de San Francisco. Foi criada com o objetivo de
preservar a paz mundial e desenvolver relações de cooperação entre os povos. A Assembléia Geral e o
Conselho de Segurança são os dois órgãos de deliberação das Nações Unidas. Na Assembléia Geral,
cada Estado dispõe de um voto e as decisões são tomadas por maioria simples. No que concerne às
questões de paz e segurança, a Assembléia Geral está limitada a produzir recomendações, pois a
tomada de decisões é atribuída ao Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança é composto por
5 membros permanentes e 10 rotativos, eleitos pela Assembléia Geral. Os membros permanentes –
Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França – dispõem de direito de veto. As decisões
dependem de uma maioria de 9 votos e da inexistência de 1 veto. Embasada na doutrina Bush, a
invasão do Iraque em 2003 desencadeou a crise da ONU. O ataque norte-americano ao Iraque tinha o
apoio da Grã-Bretanha, mas enfrentava a oposição dos outros 3 membros permanentes do Conselho
de Segurança e a resolução elaborada por Washington não reuniria os 9 votos necessários para
aprovação. A operação militar foi deflagrada à revelia da ONU. A articulação da França, Rússia e China
para bloquear a resolução proposta por Washington revelou a instabilidade da ordem mundial. O
desrespeito ao Conselho de Segurança, pela maior potência do mundo, atingiu a credibilidade do
sistema global de segurança coletiva.

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-

TERCEIRO SETOR: Para entendermos o que é o Terceiro Setor devemos localizar anteriormente quais
são o Primeiro Setor e o Segundo Setor. Na conceituação tradicional, o primeiro setor é o Estado,
representado por entes políticos (Prefeituras Municipais, Governos dos Estados e Presidência da
República), além de entidades a estes entes ligados (Ministérios, Secretarias, Autarquias, entre outras).
Quer dizer, chamamos de primeiro setor o setor público, que obedece ao seu caráter público e exerce
atividades públicas. O segundo setor é o Mercado (Empresas), composto por entidades privadas que
exercem atividades privadas, ou seja, atuam em benefício próprio e particular. O Terceiro Setor é
composto de por organizações privadas sem fins lucrativos, que atuam nas lacunas deixadas pelos
setores público e privado, buscando a promoção do bem-estar social. Quer dizer, o terceiro setor não é
nem público nem privado, é um espaço institucional que abriga entidades privadas com finalidade
pública. Esta atuação é realizada por meio da produção de bens e prestação de serviços, com o
investimento privado na área social. Isso não significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas
reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formação de uma sociedade melhor. Portanto, o
Terceiro Setor não é, e não pode ser, substituto da função do Estado. A idéia é de complementação e
auxílio na resolução de problemas sociais. Para comparar com os termos financeiros anteriormente
explicados, no caso do Terceiro Setor utiliza-se o dinheiro privado em atividades públicas. Fonte:
<http://www.cedac.org.br/OSCIP.pdf>, acesso em 21/01/2010.

-

TERCEIRA VIA: A terceira via é uma corrente da ideologia social-democrata. É também conhecida
como social-democracia contemporânea. Este pensamento defende um Estado necessário, em que sua
interferência não seja, nem máxima, como no socialismo, nem mínima, como ocorre no liberalismo. Mas
que a atuação estatal seja adequada à conjuntura vivida pelo país. Esta teoria também defende a
responsabilidade fiscal dos governantes, o combate à miséria, carga tributária proporcional à renda,
com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde, educação, previdência etc. Algumas figuras
políticas como Bill Clinton, Barack Obama, Tony Blair - conhecido também como o corifeu da terceira
via - e Fernando Henrique Cardoso são exemplos da terceira via. Um dos principais defensores e
difusores do pensamento da Terceira Via é o sociólogo britânico Anthony Giddens. Ele expõe
regularmente suas visões por meio de contribuições ao think tank Policy Network do Reino Unido.

8- INTEGRAÇÃO E BLOCOS ECONÔMICOS
Na economia-mundo há uma grande ampliação das trocas comerciais internacionais. Por causa dessa
forte integração, alguns países procuram agrupar-se para enfrentar melhor a concorrência no mercado mundial
globalizado. A formação de blocos econômicos é uma regionalização dentro do espaço mundial, mas também
uma forma de aumentar as relações em escala global, pois, ao participar de um bloco, um país tem acesso a
vários mercados consumidores, dentro e fora de seu bloco. Os principais blocos regionais são: União Europeia,
Mercosul, Nafta e Apec. Na formação dos blocos econômicos existem etapas distintas que determinam o nível
de integração dos países membros.
As etapas de integração econômica se constituem em cinco: a zona de livre comércio, a união
aduaneira, o mercado comum, a união monetária e a união política.







Zona de Livre Comércio: nesta, as mercadorias circulam livremente entre os países membros. As tarifas
alfandegárias são eliminadas, há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras. O
NAFTA encontra-se neste estágio.
União Aduaneira: além da eliminação de tarifas ocorrida na Zona de Livre Comércio, existe aqui a adoção
de uma tarifa externa comum (TEC), adotada para as relações com outros países fora do bloco. O Mercosul
encontra-se neste estágio.
Mercado Comum: além da TEC e da livre circulação de mercadorias, existe aqui a livre circulação de
capitais, serviços e pessoas. É comum a padronização de impostos para a população, empresas, leis
trabalhistas, ambientais, etc.
União Monetária (Econômica): engloba todas as características anteriores com a adição de uma moeda
comum (emitida por um único Banco Central). Há também a padronização de políticas macroeconômicas
para todos os países. O único bloco que atinge esse nível de integração é a União Europeia. Cabe ao
Banco Central Europeu a emissão da moeda única utilizada.
União Política: é a etapa mais avançada da integração. Além de todas as características anteriores engloba
a unificação das políticas de relações internacionais, defesa, segurança interna (terrorismo, narcotráfico) e
segurança externa (guerras). A União Europeia planeja chegar a este patamar.

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Os Blocos Econômicos são frutos do mundo globalizado. Os agentes da globalização estão cada vez mais
interessados em acordos internacionais que permitam a livre circulação de seus produtos e na formação de
blocos econômicos que possibilitem diminuir as tarifas alfandegárias. Essa tendência coloca em risco a
importância política de alguns países que em alguns casos podem perder o controle da sua economia. Uma das
formas de manter os mercados globalizados sob o controle dos Estados foi à criação de blocos econômicos
regionais. Os principais são: Nafta (Acordo de livre comércio da América do Norte), Mercosul (Mercado Comum
do Sul), Asean (Associação das nações do sudeste asiático), Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do
Pacífico), UE (União Européia).
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:
01)(ENEM/2010) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda vez que recorressem aos
funcionários de suas agências. E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas agências; o
que querem é reduzir o número de agências, fazendo com que os clientes usem as máquinas automáticas em
todo tipo de transações. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionários.
HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 (adaptado).
O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de novas tecnologias na economia capitalista
contemporânea. Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequência social de tal aspecto estão em
A) qualidade total e estabilidade no trabalho.
B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.
C) diminuição dos custos e insegurança no emprego.
D) responsabilidade social e redução do desemprego.
E) maximização dos lucros e aparecimento de empregos.

02)(ENEM/2010) OG-20 é o grupo que reúne os países do G-7, os mais industrializados do mundo (EUA,
Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais emergentes (Brasil,
Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e
Turquia). Esse grupo de países vem ganhando força nos fóruns internacionais de decisão e consulta.
ALLAN, R. Crise global. Disponível em: http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br. Acesso em: 31 jul.
2010.
Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China),
termo criado em 2001 para referir-se aos países que
A) apresentam características econômicas promissoras para as próximas décadas.
B) possuem base tecnológica mais elevada.
C) apresentam índices de igualdade social e econômica mais acentuados.
D) apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a economia global.
E) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a economia mundial.
03)(UFJF/2010) Leia abaixo notícia veiculada no site da BBC:
Socorro a bancos em 1 ano supera ajuda a países pobres em 50, diz ONU
A indústria financeira internacional recebeu no último ano quase dez vezes mais dinheiro público em
ajuda do que todos os países pobres em meio século, segundo aponta um relatório divulgado pela Campanha
da ONU pelas Metas do Milênio.
Segundo a organização, que promove o cumprimento das metas das Nações Unidas para o combate à
pobreza no mundo, os países em desenvolvimento receberam em 49 anos o equivalente a US$ 2 trilhões em
doações de países ricos.
Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090624_relatoriobancos_rw.shtml>.
Acesso em: 24 jun. 2009. Adaptado.
Leia as afirmativas a seguir:

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I - Um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é garantir que, até 2015, todos os jovens, de ambos os
sexos, terminem uma etapa de curso do ensino superior.
II - O papel dos bancos é dar liquidez e financiar a produção, mas, nos Estados Unidos, eles transformaram-se
em ferramenta de especulação, sendo uma das causas da crise financeira atual.
III - Os governos neoliberais utilizam a nacionalização apenas para forçarem os bancos a promover os
financiamentos da economia sem acréscimos exagerados nas taxas de juro.
IV - Depois do sistema financeiro, a outra prioridade dos governos será combater o desemprego, não por
sentimento de humanidade com os trabalhadores vitimados, mas para evitar agitação social.
Sobre a atual crise financeira mundial, assinale a alternativa CORRETA.
a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas II e IV são verdadeiras.
e) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
04)(ENEM/2009*)

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05)(ENEM/2009*)

06)(UFMG/2006) O comércio internacional, após o fim da Guerra Fria, foi marcado por importantes mudanças.
Assim sendo, é INCORRETO afirmar que, entre essas mudanças, se inclui o fato de que
A) a nova configuração do mercado internacional, resultante do crescente antagonismo entre países pobres e
ricos, ou seja, entre Sul e Norte, provocou redirecionamento dos fluxos de troca.
B) a Organização Mundial do Comércio (OMC), visando a ampliar a redução de tarifas alfandegárias e a dar à
instituição maior poder de controle sobre o comércio internacional, substituiu o Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT).
C) o comércio apresentou grande crescimento em algumas áreas continentais, chegando a superar, em certos
casos, as trocas realizadas com países situados a distâncias maiores.
D) o comércio internacional adotou regras que facilitam as trocas, mas, por outro lado, conservou, ainda,
artifícios que restringem as vantagens dos países menos desenvolvidos.
07)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicação (rádio, televisão, internet, telefone) possibilitaram um
aumento nos fluxos de informações no Mundo, integrando regiões que anteriormente eram quase isoladas.
Com base nesta afirmativa, responda:
Quais as regiões mundiais que apresentam a rede de meios de comunicação mais densa?
08)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicação (rádio, televisão, internet, telefone) possibilitaram um
aumento nos fluxos de informações no Brasil, integrando regiões que anteriormente eram quase isoladas. Com
base nesta afirmativa, responda:
a) Qual a região brasileira que apresenta a rede de meios de comunicação mais densa?
b) Aponte dois motivos que justificam a maior densidade dos fluxos de informações nesta região. Explique cada
um deles.
09)(PISM III/2008) Leia, com atenção, o texto abaixo.
“Em Honolulu tudo é muito bem planejado, o que dá a sensação que se é um ator participando de um filme. Em
nenhum outro lugar essa sensação parece ser tão forte. Ao caminhar-se, particularmente pela área dos hotéis,
na praia de Waikiki, a sensação de cenário de filme se reforça. Os hotéis, uns ao lado dos outros - como
grandes torres fincadas no chão - têm lobbies que se comunicam, pontuados por belíssimos (mas falsos) jardins
tropicais, absolutamente simétricos, sem uma única folha caída no chão, sem nem tampouco folhas
amarelecidas, fontes de água corrente, lagos com peixes coloridos, tochas, aléias serpenteadas por belos
gramados de todos os tamanhos, poltronas confortáveis, bancos colocados estrategicamente e, evidentemente,
muitas lojas. Tudo muito limpo. Um filme de Elvis Presley. A saída do hotel para ir à praia também não parecia
menos controlada, elevadores conduziam os hóspedes das várias torres à rouparia para se pegar toalhas de
praia (é claro que só depois de assinar um recibo, no qual se esclarecia sobre o uso e o horário da devolução).”
(CARLOS, Ana Fani A. O turismo e a produção do não-lugar. Disponível em:
<http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/turismoproducaonaolugar.html>. Acesso em: 23 out. 2007.)
De acordo com o texto, a indústria do turismo:

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a) é uma forma de indústria gerenciada pelo turista.
b) liberta as horas de lazer das regras de mercado.
c) produz espaço com uma forte identidade.
d) produz espaços heterogêneos e inclusivos.
e) transforma tudo o que toca em artificial.
10)(PISM III/2007) Sobre a mobilidade populacional do mundo contemporâneo é CORRETO afirmar que:
a) as migrações econômicas são causadas pelas semelhanças existentes entre o crescimento econômico e o
crescimento populacional de um país ou de uma região.
b) o desenvolvimento do capitalismo europeu, do início do século XIX até os dias atuais, fez com que as ondas
migratórias, freqüentes no velho continente, fossem suspensas.
c) a globalização aumentou a fuga de cérebros: a transferência de profissionais altamente qualificados, dos
países subdesenvolvidos para os desenvolvidos.
d) os países que convivem com grandes explosões demográficas estimulam políticas para a atração de
imigrantes; é a ocorrência do fenômeno conhecido como imigração.
e) os migrantes, ao remeterem dinheiro aos seus países de origem, não afetam a economia nacional, que perde
a arrecadação de impostos e investimentos nas cidades natais.
GABARITO:
01-C
02-A
03-B
04-A
05-E
06-A
07-ABERTA
08-ABERTA
09-E
10-C
AMÉRICA

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Capitulo 3: América
MAPA DA AMÉRICA

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1- BLOCOS ECONOMICOS DO CONTINENTE AMERICANO




MERCOSUL: Com a criação do Mercosul, em 1991, o Brasil e a Argentina ganharam a oportunidade de
superar suas divergências históricas e buscar soluções comuns para seus problemas, por meio da
cooperação e da integração econômica. A eles juntaram-se o Paraguai e o Uruguai, que assumiram o
objetivo de tornar a região capaz de competir em escala mundial, caminhando no sentido da construção
de um espaço econômico integrado. O objetivo é o de favorecer o crescimento do comércio interno latinoamericano e, além disso, ampliar as relações econômicas com outros pólos importantes da economia
mundial. As dificuldades da busca dessa unificação têm se colocado de várias maneiras ao longo do
tempo e estão ligadas à grande diferença de dimensões entre as economias dos parceiros,
principalmente a do Brasil e a dos demais membros do bloco. As crises econômicas que os dois
principais integrantes do bloco têm atravessado colocam dificuldades nesse processo. Apesar disso, o
intercâmbio comercial no Cone Sul revelou extraordinário dinamismo após a constituição do Mercosul. A
perspectiva, entretanto, é de que a integração dos países do Mercosul continue evoluindo. Neste sentido,
o bloco já conseguiu a adesão de dois países como associados (Chile e Bolívia) e negocia o
estreitamento de relações com a CAN (Comunidade Andina das Nações), incluindo a possibilidade de
unificação dos dois blocos. A África do Sul e a Índia estão negociando acordos comerciais com o
Mercosul e começaram contatos nesse sentido com a China.
NAFTA

CANADÁ: Um dos países mais desenvolvidos do mundo, porém, possui algumas dificuldades. Grande parte do
território apresenta clima muito frio (obstáculo à sua ocupação e incremento da população). Este pequeno
número de habitantes gera problemas de ordem econômica (mercado interno reduzido e escassa mão-deobra). Resultado: dependência de investimentos externos (EUA).
MÉXICO: Embora o México possa se beneficiar da integração econômica, percebe-se uma ampliação muito
maior da área de influência das empresas norte americanas e canadenses, que passaram a dispor da ampla
mão-de-obra barata* formada pelos mexicanos. O país enfrenta grandes problemas sociais e alto crescimento
vegetativo, acentuando os movimentos migratórios. A Região metropolitana da cidade do México abriga
aproximadamente 30% da população do país. Esta urbanização crescente e desordenada aumenta as tensões
sociais já existentes (pobreza, desemprego, marginalidade). A delicada situação torna-se fator de peso para
que a emigração clandestina para os EUA aumente cada vez mais. Além disso, existe a forte dependência
tecnológica e financeira e a alta concentração fundiária (Região sul do país - Chiapas).
* Maquiladoras:a exploração da mão-de-obra barata ocorre principalmente na região norte do país. Lá estão
instaladas as empresas chamadas maquiladoras, ou seja, filiais de empresas dos EUA que produzem visando
o retorno para o mercado de consumo norte-americano, principalmente automóveis, eletrônicos e autopeças. A
tecnologia e os componentes são norte-americanos, cabendo ao México apenas a montagem final. Estas
empresas geram lucros pois reduzem seus custos, utilizam-se de fontes de energia mexicanas e poluem o
ambiente desse país, preservando o seu lugar de origem.
ESTADOS UNIDOS: é a economia mais dinâmica do mundo (PIB na casa dos 12,4 trilhões de dólares) e um
enorme e potente mercado consumidor. Os EUA são os maiores interessados na manutenção do Nafta e de
outros blocos econômicos na América. No Nafta, seus interesses estão no livre trânsito de sua produção
industrial nos dois países membros, ampliando seu mercado consumidor. Cerca de 80% do capital industrial do
Canadá é norte-americano. No México, o Nafta visa estancar o fluxo de mexicanos para o país, facilitando a
fixação de empresas no México. Os EUA são também os idealizadores e os maiores interessados na
implementação da Alça no continente americano.
Ao mesmo tempo, está em negociação já há algum tempo uma série de acordos com a União Europeia,
também no sentido de se buscar desenvolver relações econômicas com o menor número de obstáculos
possíveis.
Como vemos, além de buscar o fortalecimento interno de seus membros, o Mercosul expande-se na
América Latina e viabiliza o estabelecimento de parcerias com outros blocos e outros países importantes no

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cenário econômico mundial, como a África do Sul, a Índia e a China. Visa, dessa maneira, também fortalecer as
relações com países fora do eixo Europa - EUA - Japão.







ALCA: Na primeira reunião da “Cúpula das Américas”, entre outros temas, foi discutida a proposta da
constituição da ALCA (Associação de Livre Comércio das Américas), formulada pelo governo dos EUA,
com a previsão do envolvimento de todos os países americanos, com exceção de Cuba. Foi definido
também que as negociações entre os países para a sua implementação deveriam estar concluídas até
2005 e que funcionaria a partir de 2006. Entretanto, em função de divergências entre os países, as
negociações deverão se estender por um período maior. A ALCA foi concebida, desde o início, como um
projeto de grande envergadura. Se vier a ser criada, ela não será uma área de livre comércio tradicional,
isto é, não envolverá apenas o comércio de bens dentro das Américas. A proposta de sua constituição
aponta no caminho de se estabelecer um acordo global que pretende abarcar serviços, o sistema
financeiro, as compras governamentais e os investimentos. A Alca, tal como foi proposta pelos EUA,
levaria à perda de autonomia na condução de aspectos essenciais da política econômica pelos países
participantes. O Brasil, por exemplo, seria obrigado a manter o seu mercado interno sempre aberto, para
os produtos dos EUA e de outros países do continente americano. As empresas brasileiras teriam de
concorrer com as grandes corporações norte-americanas e todo o seu poder tecnológico, financeiro e
comercial. Em função dessas questões, que são agravadas pela grande disparidade ente os níveis da
atividade econômica dos EUA e do restante da América, nota-se resistência de vários países e abrirem
seus mercados e abrirem mão de sua capacidade de formular políticas nos próprios territórios. Dessa
maneira, aquilo que poderia ser uma forma de integração continental enfrenta uma série de dúvidas
quanto a sua real capacidade de promover o progresso para todos os países que formariam esse bloco,
pois muitos acreditam que esse tipo de organização, se for implementado com as características que
apresenta hoje, somente contribuiria para aumentar a pobreza, a estagnação econômica e o agravamento
da subordinação da economia de grande parte dos países do continente aos fluxos da riqueza mundial.
Pacto Andino: Os membros são: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Formado com o objetivo
de aumentar a integração econômica entre os países-membros. Em 1992 começou a vigorar como zona
de livre comércio.
CARICOM: Antigo Comunidade e Mercado Comum do Caribe e atual Comunidade do Caribe, é um bloco
de cooperação econômica e política, criado em 1973, formado por 14 países e seis territórios da região
caribenha. Estabelecido em 4 de Julho de 1973 pelo Tratado de Chaguaramas (Trinidad e Tobago) e com
sede em Georgetown (Guiana), a CARICOM veio substituir a CARIFTA (Associação de Livre Comércio do
Caribe), que existia desde 1965.O Objetivo do bloco foi formado por ex-colônias de potências européias
que, após a sua independência, viram-se na contingência de aliar-se para suprir limitações decorrentes
da sua nova condição e acelerar o seu processo de desenvolvimento econômico. Além de incentivar a
cooperação econômica entre os membros, a organização participa da coordenação da política externa e
desenvolve projetos comuns nas áreas de saúde, educação e comunicação. Este bloco de integração
regional visa promover o livre comércio, o livre movimento do trabalho e do capital; coordenar a
agricultura, a indústria e política estrangeira entre os seus países membros. Desde 1997 defendem o
tratamento diferenciado para economias pouco desenvolvidas, incluindo prazos maiores para o
cumprimento de futuros acordos de comércio. Em 1998, Cuba foi admitida como observadora do
Caricom. O bloco marca para 1999 o início do livre comércio entre seus integrantes, mas a decisão não
se efetiva. Em maio e em julho de 2000 a República Dominicana e Cuba, respectivamente, firmam
acordos de livre comércio com o bloco. Na cúpula da Caricom, em julho, fica estabelecida a criação de
uma Corte Caribenha de Justiça e é marcada para dezembro a finalização da estruturação do livre
comércio entre os membros. Os países-membros sao: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize,
Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e
Granadinas, Trinidad e Tobago e Suriname. Sendo os territórios associados: Bermudas, Montserrat
(1974), Ilhas Virgens Britânicas, Turks e Caicos (1991), Ilhas Caimán e Anguilla (1999).
APEC: (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico). Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia,
Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, EUA, China, Hong Kong,
Taiwan, México, Papua Nova Guiné, Chile, Peru, Rússia e Vietnã. A queda das tarifas já vem ocorrendo
nos últimos anos. Em 2000 o bloco destacou-se como o maior do planeta em volume de negócios. De
tudo que é exportado no mundo, cerca de 30% parte da APEC.
Fonte: Obra coletiva concebida. Projeto Araribá - Geografia 8ª série. São Paulo: Ed. Moderna, 2006. p. 58.

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2- HAITI – A GUERRA CIVIL

O Haiti é um país da América Central, que faz fronteira com a República Dominicana, a leste. Além
desta fronteira, os territórios mais próximos são as Bahamas e Cuba a noroeste, Turks e Caicos a norte, e
Navassa a sudoeste. A capital é Porto Príncipe.
Em 5 de dezembro de 1492, Cristóvão Colombo chegou a uma grande ilha, à qual deu o nome de
Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de São Domingos pelos franceses. Dividida entre dois países, a
República Dominicana e o Haiti, é a segunda maior das Grandes Antilhas.
A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha em 1697. No século
XVIII, a região foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café.
Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar
toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint l'Ouverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi
deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em
1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se imperador.
Após período de instabilidade, o país é dividido em dois e a parte oriental - atual República Dominicana
- reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre Boyer reunificou o país e conquistou toda a ilha.
Em 1844, porém, nova revolta derrubou Boyer e a República Dominicana conquistou a independência.
Da segunda metade do século XIX ao começo do século XX, 20 governantes sucederam-se no poder.
Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados Unidos da América ocuparam o Haiti entre
1915 e 1934, sob o pretexto de proteger os interesses norte-americanos no país.
Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais
livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide. Em setembro de 1991,

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Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A
Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram
sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.
Em julho de 1993, Cedras e Aristide assinaram pacto em Nova York, acordando o retorno do governo
constitucional e a reforma das Forças Armadas. Em outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o
desembarque de soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado número de
refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a pressão americana pela volta de Aristide.
Em maio de 1994, o Conselho de Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar
empossou um civil, Émile Jonassaint, para exercer a presidência até as eleições marcadas para fevereiro de
1995. Os EUA denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU autorizou uma intervenção militar, liderada
pelos EUA.
Em setembro de 1994, força multinacional, liderada pelos EUA, entrou no Haiti para reempossar
Aristide. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus postos e foram anistiados. Jonaissant deixou a
presidência em outubro e Aristide reassumiu o País com a economia destroçada pelas convulsões internas.
No período de 1994-2000, apesar de avanços como a eleição democrática de dois presidentes, o Haiti
viveu mergulhado em crises. Devido à instabilidade, reformas políticas profundas não puderam ser
implementadas.
A eleição parlamentar e presidencial de 2000 foi marcada pela suspeita de manipulação por Aristide e
seu partido. O diálogo entre oposição e governo ficou prejudicado. Em 2003, a oposição passou a clamar pela
renúncia de Aristide. A Comunidade do Caribe, Canadá, União Europeia, França, Organização dos Estados
Americanos e EUA, apresentaram-se como mediadores. Entretanto, a oposição refutou as propostas de
mediação, aprofundando a crise.
Em fevereiro de 2004, conflitos armados eclodiram em Gonaives, espalhando-se por outras cidades nos
dias subseqUentes. Gradualmente, os insurgentes assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços
diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe. Aristide deixou o país em 29 de
fevereiro e asilou-se na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente da
Suprema Corte, Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência, interinamente. Bonifácio requisitou, de imediato,
assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a
segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional
Interina (MIF) que, prontamente, iniciou seu desdobramento, liderada pelos EUA.
Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi designado o General
Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar é de
6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade,
Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.
Haiti é uma república presidencialista com um Presidente eleito e uma Assembléia Nacional. A
constituição foi introduzida em 1987 e teve como modelo as constituições dos Estados Unidos da América e da
França. Foi parcial ou completamente suspensa durante alguns anos, mas voltou à plena validade em 1994.
Desde o período de colonização o Haiti possui uma economia primária. Produzia açúcar de excelente
qualidade, que concorreu com o açúcar brasileiro no século XVII e junto com toda produção das Antilhas serviu
para a desvalorização do açúcar brasileiro na Europa. Após vários regimes ditatoriais, hoje em dia seu principal
produto de exportação ainda continua sendo o açúcar, além de outros produtos como banana, manga, milho,
batata-doce, legumes, tubérculos e muito mais.
Atualmente sua economia encontra-se destroçada e em ruínas. O país permanece extremamente
pobre, sendo o mais pobre da América e de todo Hemisfério Ocidental, tão miserável como Timor-Leste,
Afeganistão, entre outros. 50,2% da população é analfabeta, a expectativa de vida é de apenas 51 anos. Sua
renda per capita é um-terço da renda da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Embora a densidade populacional do Haiti suba em média a 270 habitantes por quilometro quadrado, a
sua população está concentrada nas zonas urbanas, planícies costeiras e vales. Cerca de 95% dos haitianos
são de ascendência africana. O resto da população é principalmente mulata, de ascendência mista caucasianaafricana. Uma minúscula minoria tem sangue europeu. Cerca de dois terços da população vivem em áreas
rurais.
O francês é uma das duas línguas oficiais, mas é falado só por cerca de 10% da população. Quase
todos os haitianos falam Krèyol (Crioulo), a outra língua oficial do país. O inglês é cada vez mais falado entre os
jovens e no setor empresarial.
O catolicismo romano é a religião de estado, professada pela maioria da população. Houve algumas
conversões ao protestantismo. Muitos haitianos também praticam tradições vodu, sem ver nelas nenhum
conflito com a sua fé cristã. A padroeira do Haiti, na Igreja Católica, é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

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Por religiões:
Católicos 64% Protestantes 23,6%

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Sem filiação 5%

Vodu ou espírita 5%

Sem ou outras 2,4%.

3- BOLÍVIA e o Gás Natural
Fonte: Atualidades Vestibular – 1°semestre 2009. Editora Abril. Pág. 80-81.

Ao aumentar o controle estatal sobre a exploração das riquezas naturais do país e ampliar os direitos dos
indígenas, o presidente Evo Morales desafiou os interesses dos líderes da região da Meia Lua, que pressionam
por autonomia.
O país
A Bolívia é uma das nações mais pobres do continente americano, com alta taxa de analfabetismo e o
menor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América do Sul. Situada no centro-oeste do continente sulamericano, com 1.098.581 quilômetros quadrados de extensão, o país não tem saída para o mar. Em seu
território, a Cordilheira dos Andes atinge a largura máxima – 650 quilômetros. La paz é a capital mais alta do
mundo, localizada a 3.636 metros acima do nível do mar. No norte e no leste, as montanhas dão lugar a
planícies cobertas pela floresta Amazônica e, no sudeste, a pantanosa região do Chaco.
Sua população, de 9,7milhões de habitantes, é bastante miscigenada. Estima-se que cerca de 60% dos
bolivianos sejam de ORIGEM INDÍGENA. Considerando os mestiços, esse percentual alcança 85%, enquanto
os brancos correspondem a 15% dos habitantes. Além do espanhol, a Bolívia tem mais dois idiomas oficiais: o
quíchua e o aimará, ambos de origem indígena.
Em 2005, 0 país elegeu o primeiro presidente indígena, Evo Morales. Com trajetória política ligada aos
movimentos sociais e defensor de posições nacionalistas, Morales confronta os interesses da elite oposicionista
da região da Meia Lua, que reivindica autonomia. Outro sério problema esta relacionado ao narcotráfico e ao
controle sobre o cultivo de folha de coca, matéria-prima para a produção da cocaína.
História
O nome do país é uma homenagem a Simon Bolívar, o líder da independência da América hispânica.
Ao comandar a emancipação da Bolívia em 1825, com Antônio José de Sucre, Bolívar se tornou o primeiro
presidente da nação. Nos anos seguintes, a Bolívia sofreu consideráveis perdas territoriais para os países
vizinhos. Na Guerra do Pacifico (1879-1884), os bolivianos tiveram de ceder parte de seu território ao Chile,
ficando sem acesso ao mar. Em 1903, após conflito com seringueiros brasileiros, a nação vendeu ao Brasil o
atual estado do Acre. A descoberta de petróleo no sudeste provocou a Guerra do Chaco (1932-1935), em que a
Bolívia saiu derrotada e perdeu o território para o Paraguai.

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A história recente do país é repleta de confrontos, lutas populares e golpes. Um levante revolucionário
em 1952 pôs no poder Victor Paz Estenssoro, que nacionalizou as minas de estanho, decretou a reforma
agrária e instituiu o sufrágio universal. As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por sucessivos golpes de
Estado, que colocaram ditadores no poder. Em 1985, com Estenssoro de volta a Presidência, o país adotou um
programa de ajuste sob a orientação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a grave crise
econômica, com corte de subsídios e privatizações.
Hidrocarbonetos
A pobreza e a falta de infraestrutura são alguns dos principais problemas da nação. O Produto Interno
Bruto (PIB) boliviano é de 11,2 bilhões de dólares (2006), cerca de 1% do PIB brasileiro. O país possui reservas
significativas de estanho e prata, e, nos últimos anos, o GÁS NATURAL ganhou importância estratégica
fundamental para sua economia.
Desde que a petrolífera espanhola YPF descobriu um dos maiores depósitos de gás natural da América
do SuI em Tarija, no suI da Bolívia, em 2000, a pressão para a nacionalização dos recursos naturais se
intensificou. As manifestações populares levaram a deposição de dois presidentes. Em 2003, sindicatos, líderes
indígenas e camponeses iniciaram grandes protestos contra a construção de um gasoduto que exportaria gás
natural para os Estados Unidos e para o México, via Chile, o que provocou a queda do presidente Gonzalo
Sánchez Lozada. Em seu lugar, assumiu o vice, Carlos Mesa. Contudo, em janeiro de 2005, ressurgiram os
protestos, com a exigência de nacionalização das reservas energéticas, o que resultou na renúncia de Mesa.
Posteriormente foram marcadas eleições presidenciais para dezembro de 2005. As pressões populares
puseram o gás natural no centro do debate político, o que favoreceu a candidatura do indígena e ex-líder
cocaleiro Evo Morales, cuja promessa de campanha incluía a nacionalização do principal recurso natural do
país.
Evo Morales
Nas eleições presidenciais de 2005, EVO MORALES venceu em primeiro turno, com 53,7%dos votos, e
tornou-se o primeiro indígena a ocupar a Presidência da Bolívia. O resultado da eleição se insere no fenômeno
que vem sendo chamado de "onda vermelha", com a subida ao poder de diversos lideres de esquerda na
América Latina, como Hugo Chávez, na Venezuela, e Rafael Correa, no Equador.
Morales iniciou sua trajetória política como representante dos cocaleiros, combatendo os programas de
erradicação da coca. Elegeu-se deputado em 1997 e, em 2002, concorreu a Presidência, ficando em segundo
lugar. Eleito pelo Movimento ao Socialismo (MAS), ele assumiu o comando do país com a promessa de
nacionalizar as riquezas minerais, combater a pobreza e promover a inclusão da população indígena.
Morales cumpriu um dos compromissos de campanha logo em 2006: nacionalizou a exploração de gás
natural e petróleo (os hidrocarbonetos) e aumentou os impostos pagos pelo setor. A onda de estatizações
prosseguiu em 2007 e 2008, com a compra de metalúrgicas, empresas de telecomunicações e de petróleo,
incluindo duas refinarias da Petrobras, até então a maior companhia petrolífera instalada no país. Em agosto de
2007, Morales promulgou a legislação da reforma agrária, que prevê a distribuição de até 30 milhões de
hectares de terra aos camponeses pobres.
Divisão interna
As reformas estruturais promovidas por Morales, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, não
agradaram aos interesses da elite econômica da região da Meia Lua, formada pelos quatro departamentos mais
ricos da Bolívia - Santa Cruz de La Sierra, Tarija, Pando e Beni. Situada no leste boliviano, a região ostenta
diferenças étnicas, culturais e econômicas em relação ao restante do país. É lá que se encontram quase todas
as reservas de gás e petróleo.
A insatisfação levou os departamentos a buscar autonomia. A questão envolve uma disputa para saber
quem controla os recursos minerais do país e se beneficia de sua exploração - o governo central ou a Meia Lua.
A polêmica questão deu origem a violentos conflitos em 2008.
Os interesses da Meia Lua também foram confrontados com a decisão de Morales de convocar uma
Assembleia Constituinte para mudar a Carta em 2006. Sua intenção era transformar em lei mudanças que
garantissem que o país - e não apenas a elite ligada a interesses estrangeiros - usufruísse as terras e as
riquezas naturais bolivianas.
O texto final da Constituição foi aprovado por cerca de 60% dos bolivianos, em referendo realizado em
janeiro deste ano. Entre os pontos polêmicos estão à ampliação dos poderes dos indígenas, o maior controle do
Estado sobre os recursos naturais e a reeleição presidencial. A aplicação da nova Carta enfrenta forte oposição
da Meia Lua, o que contribui para manter o país dividido.
Plantações de coca

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Tiago.148.252

  • 1. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI CAPÍTULO 1: REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO 1- O MUNDO DIVIDIDO: PAÍSES CAPITALISTAS E SOCIALISTAS 1.1 – FASES DO CAPITALISMO O Capitalismo Comercial Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde fins do século XV até o século XVIII. Foi marcada pela expansão marítima das potências da Europa Ocidental na época (Portugal e Espanha). O grande acúmulo de capitais se dava na esfera da circulação, ou seja, por meio do comércio, daí o termo capitalismo comercial para designar o período. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista, que, em sentido amplo, pregava a intervenção governamental na economia, a fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse sentido, defendia a necessidade de riquezas no interior dos Estados, e a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo. Outro meio de acumular riquezas era manter uma balança comercial sempre favorável, daí o esforço para exportar mais do que importar, garantindo saldos comerciais positivos. O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, como resultado de um comércio altamente lucrativo, das explorações das colônias e da pirataria, grande acúmulo de capitais nas mãos da burguesia européia. Karl Marx designou essa fase como a da acumulação primitiva do capital. O Capitalismo Industrial O capitalismo industrial foi marcado por grandes transformações econômicas, sociais, políticas e culturais. As maiores mudanças resultam do que se convencionou chamar Revolução Industrial (estamos nos referindo aqui à Primeira Revolução Industrial, ocorrida no Reino Unido na segunda metade do século XVIII). Um de seus aspectos mais importantes foi a enorme potencialização da capacidade de transformação da natureza, por meio da utilização cada vez mais disseminada de máquinas movidas a vapor, tornando acessível aos consumidores uma quantidade cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores. O comércio não era mais a essência do sistema. O lucro – objetivo dessa nova fase do capitalismo – advinha fundamentalmente da produção de mercadorias. A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe na forma de salário, e essa fatia de trabalho não-pago é apropriada pelos donos das fábricas, das fazendas, das minas, etc. Dessa forma, todo produto ou serviço vendido traz embutido esse valor não transferido ao trabalhador, permitindo o acúmulo de lucro pelos capitalistas. Se no mercantilismo (fase comercial), o Estado absolutista era favorável aos interesses da burguesia comercial, no tocante a atuação da nova burguesia industrial, ou capitalista, era um empecilho. Ele não deveria intervir na economia, que funcionaria segundo a lógica do mercado, guiada pela livre concorrência. Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Dentro das fábricas, mudanças importantes estavam acontecendo: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam velozmente; aprofundava-se a divisão de trabalho e crescia a produção em série. Nessa época, segunda metade do século XIX, estava ocorrendo o que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo. Com o brutal aumento da produção, pois a industrialização expandia-se para outros países, acirrou-se cada vez mais a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantirem novos mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos. Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África. A partilha imperialista das potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela qual as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se industrializavam. Tal divisão, delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. A Alemanha, por ter se unificado tardiamente (1871), perdeu a fase mais importante da corrida imperialista e sentiu-se lesada, especialmente frente ao Reino Unido e à França. Além disso, como a sua indústria crescia em ritmo mais rápido que a dos demais países, também se ressentia mais da falta de mercados consumidores. O choque de interesses internos e externos entre as potências imperialistas européias acabou levando o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 148
  • 2. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI O Capitalismo Financeiro Uma das conseqüências mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista foi o brutal processo de concentração e centralização de capitais. Várias empresas surgiram e cresceram rapidamente: indústrias, bancos, corretoras de valores, casas comerciais, etc. A acirrada concorrência favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram, a partir de fins do século XIX, na monopolização ou oligopolização de muitos setores da economia. O liberalismo restringe-se cada vez mais ao plano da ideologia, pois o mercado passa a ser oligopolizado, dominado por grandes corporações, substituindo a livre concorrência e o livre mercado. O Estado, por sua vez, passa a intervir na economia, seja como agente produtor ou empresário. Essa atuação do Estado na economia intensificou-se após a crise de 1929, que viria a sepultar definitivamente o liberalismo clássico. A crise de 1929 deveu-se ao excesso de produção industrial e agrícola, pois os baixos salários pagos na época impediam a expansão do mercado de consumo interno; à recuperação da indústria européia, que passou a importar menos dos Estados Unidos; e à exagerada especulação com ações na bolsa de valores. Colocando em prática em 1933, pelo então presidente Franklin Roosevelt, o New Deal (“novo acordo”) foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de obras públicas, com o objetivo principal de acabar com o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte-americana. Essa política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande capital, ficou conhecida como Keynesianismo, por ter sido o economista inglês John Maynard Keynes seu principal teórico e defensor. 1.2 - CARACTERISTICAS DO CAPITALISMO  Propriedade Privada dos meios de produção – Os meios de produção (bancos, supermercados, lojas,...) pertencem predominantemente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas.  Economia de Mercado – São as empresas que decidem como e quanto produzir e estabelecem o preço e as condições de circulação das mercadorias.  Lei da Oferta e da Procura – Os preços das mercadorias variam de acordo com a procura por parte do consumidor e a quantidade do produto em oferta, isto é, colocada à venda.  Trabalho Assalariado – O trabalhador recebe um salário por seu trabalho, havendo concentração de renda, principalmente nos países mais pobres.  Neoliberalismo – Doutrina econômica que, especialmente nas duas últimas décadas, retomou vários preceitos do liberalismo clássico. Um dos pontos principais do neoliberalismo é a idéia do Estado mínimo, isto é, o governo deveria ter sua atuação restrita ao campo social (destinando o mínimo de recursos à saúde, educação e previdência, por exemplo), além de não interferir no processo econômico, que seria regulado exclusivamente pelas leis de mercado. 1.3 – ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA CAPITALISTA  Monopólio – Situação em que há uma única empresa fornecedora de determinado produto, que controla sua oferta e seu preço.  Oligopólio – Grupo constituído por um pequeno número de empresas que controlam os preços de um produto.  Cartel – Associação ou combinação entre empresas, geralmente de um mesmo segmento, para garantir o controle da produção e dos preços.  Truste – fusões e incorporações entre empresas que realizam uma mesma atividade com o intuito de garantir o domínio do mercado.  Holding – Uma empresa que detém o controle de diversas outras empresas, que atuam em diferentes ramos de atividades. As holding são grandes corporações que podem produzir desde canetas a aparelhos eletrônicos, carros e aviões. 1.4 – SISTEMA SOCIALISTA  Estatização – As terras e os meios de produção devem pertencer ao Estado, que também passa a controlar e a definir o salário dos trabalhadores.  Economia Planificada – As atividades econômicas devem seguir uma planificação idealizada e executada pelo Estado, que decide o que e como produzir.  Pleno emprego – Para executar suas várias funções e diminuir as desigualdades sociais, o Estado cria um imenso quadro de funcionários, garantindo emprego a todos. 149
  • 3. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI  Relação Social – O objetivo é eliminar as diferenças sociais, gerando uma melhor distribuição da renda. 1.5 – GUERRA FRIA  Ordem Bipolar – Por serem superpotências econômicas e militares, EUA e URSS influenciavam outras nações, que a eles se aliaram na formação dos dois grandes blocos que polarizaram a economia e a sociedade do pós - segunda guerra. Essa situação perdurou até a década de 1990.  Muro de Berlim – Em 1949, como conseqüência da bipolarização, os países da Europa alinharam-se em dois blocos: a Europa Ocidental capitalista, sob a influencia dos EUA, e a Europa Oriental socialista, sob a influência da URSS e em 1961 foi construído o muro de Berlim. A partir de 1990, praticamente todos os países do bloco socialista passaram a adotar o capitalismo. Atualmente, praticamente somente China, Cuba e Coréia do Norte continuam socialistas, embora incluam em sua economia algumas características do capitalismo. Com o fim da União Soviética em 1991 e a conseqüente dissolução do socialismo, os Estados Unidos viram-se transformados em “vencedores” da Guerra Fria, assumindo o papel de grande potência mundial. Porém, apesar do grande poderio norte-americano, Japão e Alemanha (reunificada) também apareciam como pólos da economia mundial, formando uma nova era multipolar, em detrimento da bipolaridade outrora existente. Desta forma, temos o mundo sob a influência de três grandes pólos, os EUA, o Japão e a Europa, representada pela União Européia, tendo Alemanha, França e Reino Unido como sustentáculos econômicos. O FIM DA GUERRA FRIA Muito se discute sobre uma possível data que marque o fim da Guerra Fria, o fato é que uma série de acontecimentos desencadearam a dissolução do conflito Leste x Oeste. A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas. Os Estados Unidos assumiram o papel de única superpotência, os conflitos étnicos e nacionais ressurgiram com força total, e o poder não é mais de quem tem armas mais poderosas, mas de quem tem a economia mais forte. Veremos a seguir alguns fatores responsáveis pelo fim da bipolaridade mundial. A crise da URSS A economia soviética teve um considerável sucesso no período em que o mundo guiava-se pelos padrões tecnológicos estabelecidos pela II Revolução Industrial (industrias de siderurgia, química, petrolífera, 150
  • 4. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI aeronáutica, naval, etc). Isto colocou a URSS em igualdade com as economias capitalistas e em alguns momentos à frente, como o lançamento do primeiro satélite Sputnik I, em 1957, e o primeiro homem em órbita ao redor da Terra, Iúri Gagárin, em 1961. Guiados pelo padrão tecnológico da II Revolução Industrial, a URSS priorizou indústrias de bens de produção e de capital, com grande prioridade para a indústria bélica. Isto porém virou um problema na medida em que as indústrias de bens de produção não possuíam os devidos investimentos, gerando um grande descompasso econômico, com produções excessivas de ferro e aço de um lado, e a carência de eletrodomésticos e automóveis de outro. O quadro crítico acentua-se a partir da década de 1970, com a chamada Terceira Revolução Industrial, que demanda altos investimentos em pesquisa e tecnologia favorecendo o crescimento de setores como a informática e a robótica (estes exigem uma economia mais dinâmica, baseada numa economia de mercado). ( ver texto “A Terceira Revolução industrial” no capítulo 8) A URSS começa a se defasar econômica e tecnologicamente em meados de 1970, sendo reconhecida apenas por seu poderio militar, seu arsenal nuclear e sua capacidade de destruição em massa. Graças a seu baixo dinamismo econômico, sua produtividade industrial não acompanhava nem de longe os avanços dos países capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado, era incapaz de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a própria população. As filas intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento se generalizava. A situação agravasse nos anos 80, com o governo norte-americano de Ronald Reagan, que aumentou os orçamentos com defesa. Como a União Soviética não tinha mais condições de continuar com a corrida armamentista, os acordos de paz entre as duas superpotências tornaram-se necessários. Foi com essa missão que Gorbachev chegou, em 1985, à liderança da URSS. A era Gorbachev (1985-1991) e o fim da União Soviética Sua plataforma política defendia a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos se firmou, e impulsionou a dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental. Dentre as reformas propostas por Gorbachev, temos a Perestroika e a Glasnost: - Perestroika (reestruturação): série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbatchov, não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou em diminuição de armamentos. Além disso, era preciso acabar com a ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stálin. - Glasnost (transparência) : visava a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do governo para a população, permitindo o pluripartidarismo e retirando a forte censura que o governo comunista impunha. Esta abertura política desencadeou uma série de movimentos separatistas na URSS, levando à sua completa fragmentação política. Gorbachev sofreu um golpe de Estado, liderado pelos comunistas conservadores, porém, o golpe fracassou e Mikhail foi reconduzido ao poder com o apoio de Boris Yeltsin. No entanto, o poder central se enfraqueceu, visto que as repúblicas – uma a uma – proclamavam sua independência política. A cartada final ocorreu em dezembro de 1991, quando a própria Rússia, sustentáculo da União Soviética, proclamou a sua independência. Com o fim da União Soviética um novo acordo foi firmado (acordo de Minsk), originando a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), composto pelas antigas repúblicas soviéticas, exceto Estônia, Letônia e Lituânia. Boris Yeltsin foi eleito o novo presidente, renunciando em dezembro de 1999. Em seu lugar, Vladimir Putin foi eleito em março de 2000. 151
  • 5. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Hoje a Rússia sofre graves problemas com desemprego e baixo crescimento econômico, resultados da tumultuada transição do socialismo para o capitalismo. O PIB só veio a crescer significativamente a partir de 1999. Um dos grandes problemas enfrentados hoje é o grande número de movimentos separatistas dentro de seu território. 152
  • 6. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI O LESTE EUROPEU Durante toda a Guerra Fria, a região do Leste europeu fez parte do chamado 2° mundo, sendo controlada pela URSS através do Pacto de Varsóvia. Com as políticas reformistas de Gorbachev e o fim da URSS, as frentes de independência se tornaram mais fortes nessa região, fazendo com que os países aderissem ao capitalismo e reorganizassem a sua economia e política. Os países integrantes* do Leste Europeu eram/são: - Pôlonia - Alemanha Oriental (hoje reunificada) - Tchecoslováquia (hoje dividida em repúblicas Tcheca e Eslováquia) - Hungria - Romênia - Bulgária - Albânia** - Iugoslávia** (hoje dividida em Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia) * Estes países formavam um bloco fechado na Europa, limitado pela “Cortina de Ferro”. ** Apesar da Albânia e Iugoslávia não estabelecerem relações diretas com Moscou, o regime socialista ditatorial era presente em ambos. Polônia e Hungria Na Polônia, a abertura política começou com a legalização do Solidariedade (sindicato político fundado em 1980 que defendia a liberdade de expressão dos trabalhadores) em 1989. No mesmo ano, a URSS começava a retirar do Leste europeu suas tropas do pacto de Varsóvia. Sem a pressão militar dos soviéticos, as medidas liberais ganharam força, não só na Polônia como em outros países da região. Além disso, restabeleceram a ligação religiosa com o Vaticano e a liberdade religiosa. A Hungria também iniciou suas reformas em janeiro de 1989, quando o parlamento aprovou a lei que permite o pluripartidarismo. O país tornou-se uma democracia e passou a se chamar República da Hungria. 153
  • 7. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Alemanha Oriental Em 9 de novembro de 1989, a conselho de Gorbachev, o governo anunciou a livre passagem dos alemães da parte oriental para a ocidental., levando a própria população à iniciativa de derrubar o muro de Berlim. Em 1990, Lothar de Maiziere, primeiro-ministro da Alemanha oriental, negociou a unificação das duas Alemanhas com Helmut Kohl, que governava a Alemanha ocidental. A República Democrática Alemã não existia mais. Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada. Tchecoslováquia e Bulgária Em 1° de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia se dividiu, de forma pacífica, dando origem a dois países diferentes: na sua porção menos desenvolvida, formou-se a Eslováquia; e na sua parte mais desenvolvida e industrializada, a República Tcheca, destaque na produção de automóveis e cerveja. Na Bulgária a transição também aconteceu de forma pacífica. O pluripartidarismo foi admitido em 1988 e as reformas passaram a acontecer com o fim do Partido Comunista. Em 1990, passou a ser denominado República da Bulgária. Romênia Na Romênia, as reformas aconteceram lentamente. Com uma economia superada, a Romênia tem aproveitado a entrada do capital estrangeiro, nos últimos anos, para melhorar sua situação econômica e tentar se reerguer. ex-Iugoslávia O desmembramento da Iugoslávia deu origem a novos países: União da Sérvia e Montenegro, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia. A separação do país foi marcada por sangrentos conflitos. Atualmente ocorreu a separação da Sérvia e Montenegro, em maio de 2006 Albânia Foi o último Estado do Leste Europeu a implementar reformas. Encerrou sua fase socialista com altos níveis de pobreza. Foi aliado da URSS até 1961, para posteriormente aliar-se à China até 1978. Depois das relações cortadas com a China, o país fechou-se num regime altamente autoritário e isolado, fiel à doutrina stalinista. Esta situação de instabilidade deixou o país extremamente despreparado para a transição econômica. Sem rumo, o governo albanês procura administrar os mecanismos do novo regime, ao mesmo tempo em que tenta encontrar soluções para os eternos problemas de miséria e desemprego. O presidente George Bush (1989-1992) chamou de Nova Ordem Mundial. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam competir usando a capacidade militar. O mundo passava a funcionar sob a égide do capitalismo. A multipolaridade econômica não mudou significativamente a distribuição da riqueza no mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (exterceiro mundo) continuam pobres. A corrida armamentista perdeu força e a prioridade passou a ser a busca 154
  • 8. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI por novos mercados e crescimento do capitalismo. Esta nova fase passou a ser chamada de Globalização, com um crescente fluxo de informações, mercadorias, capital, serviços e pessoas em escala global. As redes que ordenam este fluxo podem ser materiais e virtuais, transformando o mundo em uma espécie de aldeia global. 2- OS TRÊS MUNDOS Durante o período da Guerra Fria também era comum regionalizar o espaço mundial em “três mundos”.  Primeiro Mundo – Constituído pelos países capitalistas desenvolvidos, como EUA, Reino Unido, França, etc.  Segundo Mundo – Formado pelos países socialistas, como China, URSS, Polônia, Hungria, etc.  Terceiro Mundo – Constituído por um conjunto muito heterogêneo de países subdesenvolvidos (pobres), como Brasil, Marrocos, Egito, etc. 3- REGIONALIZAÇÃO PELO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS  Elevado padrão de vida da maior parcela da população.  Dominação econômica, tecnológica e política sobre países subdesenvolvidos.  Desenvolvimento industrial e tecnológico.  Os setores secundários e terciários abrigam a maior parte da PEA.  Elevados investimentos em educação e em ciência.  Baixo índice de mortalidade infantil e de analfabetismo.  Ingestão de calorias diárias muito acima do mínimo recomendado.  Predomínio de população urbana.  Expectativa de vida além dos setenta anos.  Acesso aos benefícios sociais à maioria da população.  Emprego predominante de técnicas modernas, de máquinas e mão-de-obra qualificada no campo.  Modernos e eficientes meios de comunicação e de transportes.  A maior parte da população pertence à classe média e tem elevado padrão de vida e de consumo. PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS Quando, a partir da Segunda guerra Mundial, se começou a falar correntemente do ‘subdesenvolvimento’ (era, soube-se muito mais tarde, a tradução do termo under-development que os políticos americanos tinham fabricado), através disso foi possível saber que três quartos da humanidade sofriam de fome e atrair a atenção sobre o fato de que a população dos países pobres seria mais que o dobro nos trinta anos seguintes... (LACOSTE, Yves. Geografia do Subdesenvolvimento: geopolítica de uma crise. 1985:31) Apesar de só começar a ser discutido após a segunda guerra mundial e de ser um termo originado por políticos norte-americanos, podemos dizer que as origens do subdesenvolvimento estão no longo período de dominação política e econômica e no tipo de relação estabelecida entre colônia e metrópole, durante a existência dos grandes impérios coloniais. Esses grandes impérios surgidos nos períodos denominados colonialismo (séc. XV a XVIII) e imperialismo (séc. XIX) refletiam o poder de antigas potências mercantilistas (Portugal e Espanha) e de potências da Revolução Industrial (França, Inglaterra e Holanda). O fato de se tornarem independentes não garante às ex-colônias o desenvolvimento. Junto à sua independência somam-se os problemas decorrentes de sua antiga relação com as metrópoles além da sua própria incapacidade de administrar o próprio destino. Governos ditatoriais, submissão aos interesses de empresas transnacionais, corrupção, conflitos étnicos e dívida externa são outros agravantes da situação de pobreza já existente nesses países. Apesar das diferenças entre os próprios países subdesenvolvidos, algumas características se fazem comuns:  Má distribuição de renda.  Dependência econômica, política, tecnológica e até mesmo cultural em relação aos países desenvolvidos.  Economia primário-exportadora (países pouco industrializados).  Os setores primário e terciário da economia e o mercado informal abrigam a maior parte da população empregada.  Altos índices de analfabetismo, de mortalidade e de natalidade e elevado crescimento populacional.  Ingestão de calorias diárias abaixo do mínimo recomendado.  Alto índice de pessoas vivendo em submoradias. 155
  • 9. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI  Dividas externas impagáveis.  Proliferação de grandes centros urbanos sem infra-estrutura.  Concentração de renda. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES EMERGENTES Não existe homogeneidade na classificação dos países subdesenvolvidos. Enquanto alguns ainda permanecem com as relações econômicas existentes na época colonial, outros se industrializaram e cresceram economicamente. Estes últimos pertencem ao grupo dos Novos Países Industrializados (NICs – New Idustrialized Countries), também chamados de economias emergentes e países capitalistas semiperiféricos. A este grupo pertencem países como Brasil, Argentina, México, Índia, África do Sul e Tigres Asiáticos (Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coréia do Sul). São paises pobres, industrializados ou em fase de industrialização. Apesar de industrializados, são dependentes de tecnologia. 4 – CONFRONTO: NORTE / SUL Na lógica bipolar, era comum classificarmos os países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, além do constante uso da expressão “conflito Leste x Oeste”. Com a Nova Ordem Mundial, essa classificação já não tem mais sentido. Como o Segundo Mundo, que era formado pelas nações socialistas, não existe mais, os países são classificados em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o mundo ficou dividido em países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvolvidos). Na Nova Ordem, o conflito Leste-Oeste da guerra fria foi substituído pelo conflito Norte-Sul, que opõe entre si as grandes diferenças que separam a riqueza, a tecnologia e o alto nível de vida da pobreza, da exclusão dos novos meios técnico-científicos e dos baixos níveis de vida. Algumas características desta nova divisão: - - - - O grande contingente de ex-colônias asiáticas, africanas e americanas (com exceção de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) forma o bloco dos países do Sul. Apesar de terem características comuns, esses países apresentam profundas diferenças entre si. Alguns países se destacam na oferta de oportunidades para investimentos das empresas transnacionais. São países subdesenvolvidos industrializados ou em fase de industrialização. São os chamados países emergentes, e o Brasil está entre eles. Os antigos países socialistas são chamados hoje de países de economia “em transição”, porque passam por uma fase de adaptação à economia de mercado. Apenas China*, Cuba, Coréia do Norte, Vietnã, Líbia e Laos ainda resistem como socialistas. A África Subsaariana está à margem da economia global. Seus países sofrem com conflitos tribais, fome, seca e aids. Além disso, encontram-se na total dependência do FMI e do Banco Mundial. Diante 156
  • 10. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI desse estado de miséria, a África não desperta interesse, nem como consumidora nem como opção de investimento de capital especulativo. * O caso chinês é especial, visto que possui um “socialismo de mercado”, ou seja, uma economia capitalista regida por uma política socialista. Nota: A oposição ‘Norte’ rico ou desenvolvido e ‘Sul’ pobre ou subdesenvolvido é bastante esquemática. Como classificar os países do Leste Europeu, por exemplo? Eles pertencem ao ‘Norte’ ou ao ‘Sul’? Já a China, pelos aspectos demográfico, econômico e geopolítico e por suas contradições, é inclassificável. Além disso, cada vez mais o ‘Sul’ aparece dentro do ‘Norte’, em conseqüência do aprofundamento das desigualdades sociais e do aumento da imigração. MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005 5- O SISTEMA-MUNDO: CENTRO E PERIFERIA Uma outra forma de classificação dos países seria a de países centrais e países periféricos. Esta forma de classificação também surgiu com o fim da Guerra Fria, sendo extremamente conveniente ao sistema capitalista. Ela designa os países como centrais (que se encontram no “centro” do sistema capitalista) e periféricos (o restante, na “periferia” do sistema capitalista). Observe o mapa abaixo: “Países centrais” é uma expressão usada para designar uma tríade: Estados Unidos, Japão e união Européia, que comandam o sistema capitalista. O restante do mundo é formado por países de periferia com maior ou menor grau de integração a um dos pólos que compõem o centro do sistema capitalista. Os Estados unidos é o único que influencia o mundo inteiro; os outros países do centro têm uma influência mais regional. Mesmo na periferia há nações com certa influência regional, como é o caso da China, da Índia e do Brasil. A China, aliás, ora é classificada como potência, quando se considera o aspecto geopolítico (Potência militar e membro do conselho de segurança da ONU), ora como país emergente, quando se considera que se trata de um país da periferia, como mostra o mapa, embora muito importante economicamente. Em resumo, nem sempre há consenso na classificação dos países. MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005 6- REGIONALIZAÇÃO SEGUNDO IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) O IDH é um eficiente método para analisar a qualidade de vida de um país, pois não levam em consideração apenas indicadores econômicos, mas também variáveis como expectativa de vida e educação. As variáveis utilizadas são: - Expectativa de vida: a esperança de vida ao nascer 157
  • 11. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Educação: o conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa bruta de matrículas no ensino fundamental, médio e superior. - PPC (PIB per capita): a renda distribuída para a população, permitindo um padrão de vida mais decente. Estas três variáveis combinadas oscilam entre valores de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é o padrão de vida da população, quanto mais próximo de 0, pior. - EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO: 01) Assinale a alternativa que caracteriza país subdesenvolvido: a) Hegemonia econômica e comercial; indústria incipiente está relacionada à agroindústria e beneficiamento de recursos minerais. b) Baixo ou médio IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), considerando-se as dimensões renda, educação e expectativa de vida. c) Distribuição de renda igualitária; a pobreza generalizada da população leva à necessidade de recorrer à ajuda internacional. d) Grande crescimento populacional; altas taxas de natalidade e mortalidade infantil refletem no aumento da expectativa de vida. e) Exportador de recursos energéticos; a independência do mercado mundial de petróleo e urânio fragiliza a economia. 02)(UFJF/2009 - VESTIBULAR A DISTÂNCIA) Em Geografia, o que representa o espaço concreto dominado e apropriado por uma sociedade ou por um Estado e identificado pela posse é: 158
  • 12. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI a) a natureza. b) a paisagem. c) a região. d) o lugar. e) o território. 03)(PASES I/2009) Leia o trecho do romance abaixo, que revela a visão do escritor ao observar o espaço: Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janela alinhadas. [...] Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bochechos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janelas para janelas as primeiras palavras, os bons dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf. Acesso em: 07 nov. 2008.) Considerando os conceitos de Geografia, é CORRETO afirmar que, neste trecho do romance, aparece presente o conceito de: a) território, pois revela uma forma de contemplação do espaço. b) paisagem, já que indica uma forma de observar e descrever um espaço. c) região, uma vez que revela uma forma de representar o espaço. d) meio ambiente, pois assinala a relação entre o poeta e o local descrito. e) Nenhuma das anteriores. 04)(UERJ/2008) O príncipe Michael Bates anunciou que quer vender seu país, Sealand. Trata-se de uma antiga plataforma militar, construída pela Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial e abandonada após o conflito. Em 1967, o ex-major inglês Roy Bates, sua mulher e seu filho Michael desembarcaram no local, proclamaram a independência, instauraram um reinado, criaram uma constituição, um hino e uma bandeira. Eles são sustentados por pessoas que compram títulos para virar cidadãos de Sealand, mas preferem continuar vivendo em seu país de origem. Sealand emite selos, passaportes e cunha moedas, entre outras características de um Estado independente. Adaptado de Época, 15/01/2007 Até o momento nenhum país reconhece a existência de Sealand. A famíla Bates, no entanto, argumenta que Sealand possui os três principais elementos constitutivos do Estado-Nação Moderno. Estes três elementos são: (A) povo – governo – território (B) moeda – hino – fronteira (C) constituição – etnia – história (D) cidadão – legislação – bandeira 159
  • 13. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 05)(PISM III/2008) Observe a figura abaixo que apresenta uma afirmativa feita por Lênin. A afirmativa de Lênin é representada por um período em que as duas potências, Estados Unidos e União Soviética, a fim de garantir suas áreas de influência, colocaram seus arsenais bélicos, inclusive os nucleares, em permanente exposição e assinaram tratados militares com seus aliados, criando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética. A rivalidade entre as duas potências levou o mundo a um período de tensão conhecido como: a) Guerra Fria. b) Guerra Ideológica. c) Guerra do Golfo. d) Guerra Mundial. e) Guerra do Vietnã. Gabarito: 01-B 02-E 03-B 04-A 05-A 160
  • 14. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI CAPÍTULO 2: GLOBALIZAÇÃO Políticos: ANTES DA POSSE: Nosso partido cumpre o que promete. Só os tolos podem crer que não lutaremos contra a corrupção. Porque, se há algo certo para nós, é que a honestidade e a transparência são fundamentais para alcançar nossos ideais Mostraremos que é grande estupidez crer que as máfias continuarão no governo, como sempre. Asseguramos sem dúvida que a justiça social será o alvo de nossa ação. Apesar disso, há idiotas que imaginam que se possa governar com as manchas da velha política. Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que se termine com os marajás e as negociatas. Não permitiremos de nenhum modo que nossas crianças morram de fome. Cumpriremos nossos propósitos mesmo que os recursos econômicos do país se esgotem. Exerceremos o poder até que Compreendam que Somos a nova política. APÓS A POSSE: LEIA NOVAMENTE AGORA DE BAIXO PARA CIMA 1- GLOBALIZAÇÃO  Globalização – Tendência pela qual o mundo todo vem passando nos últimos anos e que objetiva a constituição de um amplo mercado de dimensões planetárias, explorado pelas grandes corporações transnacionais. As fronteiras nacionais, por conta da maior liberdade comercial e também pelo avanço das novas tecnologias de difusão das informações, passariam a não mais serem obstáculos para os fluxos econômicos globais. É um fenômeno observado na necessidade de formar uma Aldeia Global [...].A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o conseqüente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação econômica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial. As principais características da globalização são a homogeneização dos centros urbanos, a expansão das corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos (transnacionais), a revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica (Revolução técnico-científica), a reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais regionais (não mais ideológicos), a hibridização entre culturas populares locais e uma cultura de massa supostamente "universal", entre outros. (Wikipedia, 2007). Na realidade, sob um novo rótulo, encontra-se um processo muito antigo, que continua a se expandir. A Globalização é um processo pelo qual o espaço mundial adquire unidade. O ponto de partida desse movimento remonta às grandes navegações européias do séc. XV, que conferiram unidade à aventura histórica dos povos e configuraram, na consciência dos homens, a imagem geográfica do planeta. Entretanto, os fatores que contribuíram para que o processo de globalização se intensificasse são decorrentes do “encurtamento de distâncias” no planeta, promovido pela extraordinária evolução dos sistemas de transporte e comunicações. 161
  • 15. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Esta evolução está totalmente inserida no contexto da Terceira Revolução Industrial, ou Revolução TécnicoCientífica. Em suma, vale lembrar esse processo de integração mundial chamado globalização não é só econômico. Ele tem ao mesmo tempo uma dimensão política, social e cultural enraizadas em seu processo. 1.1 Revolução Técnico-científica * O setor mais importante dessa revolução é certamente a indústria da informática, como surgimento dos softwares e o avanço no armazenamento e processamento de informações por redes digitais e cabos de fibras ópticas. A informática invadiu bancos, Bolsas de Valores, hospitais, repartições públicas, escolas, fábricas, lojas e supermercados e até mesmo a nossa casa. Isto contribuiu para o inevitável avanço das telecomunicações e setores como a biotecnologia. Além destes, os meios de transporte também são beneficiados, proporcionando uma velocidade cada vez maior de deslocamento a grandes distâncias. Podemos dizer que o avanço deste conjunto de técnicas combinadas é responsável pelo encurtamento das distâncias e pela eliminação de fronteiras através dos fluxos das redes mundiais. Porém, os lugares que apresentam as melhores infraestruturas e o maior poder aquisitivo são privilegiados. Estes lugares estão sobretudo nas cidades globais, localizadas predominantemente nos países desenvolvidos. 1.2 A mundialização do capital e o papel das transnacionais A globalização é o atual momento da expansão capitalista. Pode-se dizer que ela está para o capitalismo informacional assim como o colonialismo esteve para sua etapa comercial ou o imperialismo para o final da fase industrial e início da financeira. Trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados e, portanto, o lucro, o que de fato move os capitais, tanto produtivos como especulativos, no mercado mundial. - capitais especulativos: de curto prazo, conhecidos como smart money (dinheiro esperto) ou hot money (dinheiro quente), ávidos por lucratividade e movimentam-se com grande rapidez no sistema financeiro. - capitais produtivos: a entrada destes capitais é mais demorada, pois são investimentos de longo prazo, por isso são menos suscetíveis às oscilações do mercado. As empresas transnacionais são consideradas as principais responsáveis pela mundialização dos capitais produtivos, constituindo-se num grande símbolo da globalização do capital. A Terceira Revolução Industrial No pós-Segunda Guerra Mundial, embalados pelo auxílio econômico do Plano Marshall e de acordos bilaterais, os aliados dos Estados Unidos na Europa e na Ásia cresceram aceleradamente. Movidas por acirrada concorrência, as empresas dos EUA, do Japão e da Europa Ocidental fizeram um grande esforço visando à introdução de novas tecnologias, principalmente daquelas aplicadas ao processo produtivo, tais como a informática e a robótica. Isso possibilitou uma crescente elevação dos índices de produtividade dessas economias, tornando-as mais competitivas. Evidentemente, para alcançar esse novo patamar tecnológico houve um esforço conjunto entre as empresas e os Estados em que elas estavam sediadas no sentido de se investir maciçamente em pesquisa e desenvolvimento e na elevação dos níveis de qualificação de mão-de-obra. A essas novas tecnologias e às mudanças radicais que elas estão provocando, não só do ponto de vista socioeconômico, mas também cultural, dá-se o nome de Terceira Revolução Industrial, ou Revolução Técnico-científica ou, ainda, Revolução Informacional. É o capitalismo adentrando seu atual período técnico-científico, no dizer do geógrafo Milton Santos, ou em sua etapa informacional, segundo definição do sociólogo Manuel Castells. Os países líderes desse processo que está em curso são os Estados Unidos e o Japão, seguidos de perto pela União Européia, bloco em que se destacam a Alemanha, a França e o Reino Unido. MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. São Paulo, 2005 2- MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS A população de um país não é apenas modificada pelas mortes e nascimentos de seus habitantes. É preciso levar em conta, também, os movimentos de entrada e de saída, ou seja, as migrações que ocorrem em seu território. As migrações internas são aquelas que se processam no interior de um país como, por exemplo, o êxodo rural, que é constante no Brasil. A partir das duas últimas décadas do século XX tem-se verificado no Brasil um acréscimo acentuado de migrações. As migrações internacionais recentes no Brasil têm, como países 162
  • 16. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI de destino, essencialmente, os EUA, Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Canadá, Austrália, Suíça, Alemanha, Polônia, Bélgica, Países Baixos, Japão, Paraguai e Israel, quase num movimento inverso ao que se deu no século XIX. Note-se, no entanto, que as migrações brasileiras para o Paraguai constituíram um fenômeno que teve o seu início ao longo dos anos 70. Segundo as estatísticas, o maior número de brasileiros imigrantes está nos Estados Unidos. O segundo contingente situa-se no Paraguai (os chamados "brasiguaios"). No fluxo inverso, porém, é expressiva a presença de imigrantes provenientes da Bolívia e do Peru desde os anos 80, os quais têm, em sua maioria, se radicados em São Paulo. Segundo a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, mais conhecida como Convenção de Genebra de 1951, refugiado é toda a pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo. O número de refugiados no planeta tem aumentado nos últimos anos em decorrência do elevado número de conflitos étnicos, nacionalistas e religiosos verificados no planeta, principalmente a partir dos anos 80 e 90, coincidente com a acentuação das características da globalização que deram mais visibilidade às minorias graças à evolução dos meios de transporte e telecomunicações. Xenofobia - é comumente associado a aversão a outras raças e culturas. É também associado à fobia em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo que apresenta a fobia habitualmente não entra em contato e evita. Na Europa encontramos nos dias atuais o pior cenário onde se pode visualizar os problemas trazidos por visões xenófobas, aumentam cada vez mais as restrições à imigração, com a subida ao poder de organizações de direita e extrema direita que acusam os imigrantes de roubar os empregos da população européia, mas o grande senão dessa história é que a Europa enfrenta uma séria crise de desemprego estrutural que não tem nada a ver com a imigração e sim com a concorrência com as economias asiáticas que oferecem mão de obra barata e custos trabalhistas bem menores em relação ao estado de bem estar social ainda vigente em várias sociedades européias. Outra questão grave a ser analisada diz respeito ao envelhecimento da população européia que terá que recorrer à imigração para repor os estoques de mão de obra futuros. 3- GLOBALIZAÇÃO ENQUANTO UM MOVIMENTO CONTÍNUO DOS FLUXOS 163
  • 18. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 4- CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA GLOBAL A partir da segunda metade do século XX, as empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços (bancos, hotéis, redes de restaurantes, companhias de telecomunicações etc.) começaram a instalarem filiais em vários países do mundo, num processo que ficou conhecido como mundialização ou internacionalização do capital e da produção. O processo de expansão do capitalismo constituiu a chamada economia global, que influenciou diversos países e se caracteriza pelo seguinte:       Crescimento do comércio internacional – O fluxo de mercadorias entre os países foi multiplicado por seis entre 1975 e 1995. Nos últimos anos, produtos originários de vários lugares do planeta podem ser encontrados no mercado interno dos países. Entretanto, cerca de dois terços do fluxo mundial de mercadorias ocorre entre os países desenvolvidos, que têm maior capacidade de consumo. Uma decisão política ou econômica tomada em qualquer ponto do planeta pode provocar reações em todo o mundo. Por exemplo, se o banco Mundial eleva a taxa de juros de empréstimos, todos os países que têm dívida externa são prejudicados. Mundialização da produção – Grande parte da produção e do comércio mundiais é controlada por empresas que têm sedes nos países desenvolvidos. Essas empresas têm filiais em vários países dos cinco continentes e se beneficiam da mão-de-obra barata, das matérias-primas, dos mercados consumidores, da redução de impostos oferecidos pelos governos locais e da ausência de legislação e fiscalização rigorosas, principalmente nos países subdesenvolvidos. A busca por maiores lucros leva as empresas transnacionais a produzir componentes de um produto no país ou na região onde as condições lhes sejam mais favoráveis. Assim, um automóvel, por exemplo, pode ter as peças fabricadas em vários países e ser montado em outro. È a fábrica global. Na economia global, as atividades desenvolvidas pelos mais variados tipos de trabalhadores exigem cada vez mais criatividade e qualificação. As empresas modernas querem funcionários capazes de se adaptar às novas tecnologias introduzidas no processo de produção. As jornadas de trabalho e os salários estão mais flexíveis. A carga horária perde em importância para a qualidade do trabalho e os pagamentos são efetuados de acordo com a produtividade de cada trabalhador. Rápida expansão dos fluxos financeiros – Bilhões de dólares são movimentados pelo mundo todos os dias, como investimentos em bolsas de valores ou pagamentos por mercadorias o serviços. Com o desenvolvimento da informática e dos meios de comunicação, as transnacionais realizam-se de forma mais rápida. Crescente importância da tecnologia – O desenvolvimento tecnológico nas áreas de informática e telecomunicações permite que uma pessoa receba informação em tempo real em qualquer ponto do planeta. A expansão das telecomunicações foi possível graças à construção de satélites e à criação e instalação de fibras ópticas, que são cabos que transmitem dados a uma altíssima velocidade. Sociedade global – A grande circulação de informações, mercadorias e pessoas fez surgir uma sociedade em que determinados valores são globais. Há uma padronização das formas de trabalho, da produção e do consumo. Milhares de pessoas do planeta alimenta-se nas mesmas redes de restaurantes, bebem os mesmos refrigerantes, ouvem as mesmas músicas e assistem aos mesmos filmes. Contudo, cabe destacar que a globalização é seletiva, beneficiando alguns lugares do planeta e determinadas sociedades ou grupos sociais. Milhões de pessoas ainda estão excluídas desse processo. Os centros de poder da economia global – Um grupo formado por cinco países, o chamado G5 (EUA, Japão, Alemanha, França e Inglaterra), é o que mais se beneficia com o processo de globalização. Esses novos centros de poder econômico e tecnológico detêm as sedes de muitas das principais empresas transnacionais que atuam nos mais variados setores da economia global. A atuação desses cinco países promove uma regionalização do espaço mundial de acordo com seus interesses econômicos. 165
  • 19. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 5- O BRASIL E O BRIC Fonte: Atualidades, Vestibular + ENEM 2011. São Paulo: Ed. Abril, 2010. pág. 128-133. Com uma economia em franca expansão, o Brasil ganha influência no cenário mundial e integra o grupo de países emergentes que podem se tornar a maior força econômica do mundo. Embora possua um território de dimensões continentais, riquezas naturais invejáveis e a quinta maior população do mundo, o Brasil sempre exerceu papel secundário no cenário internacional. Mas essa situação começou a mudar nos últimos anos, e o país passou a ocupar um lugar de maior destaque nas grandes questões da atualidade. No front econômico, o Brasil consolida a sua influência mundial como o principal exportador de commodities (matérias-primas). Com a descoberta de enormes reservas de petróleo em camadas profundas (présal), a expectativa é a de que o país também se torne um grande fornecedor de energia. Na última década, ao lado da estabilização financeira, que converteu o Brasil num destino seguro e desejado para o capital estrangeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro esteve em franca expansão até a eclosão da crise mundial, no fim de 2008 - mas o impacto no país foi considerado modesto, e a expectativa de 2010 foi de crescimento de 5%. O reconhecimento externo da importância econômica do Brasil cristalizou-se com a inclusão do país num seleto grupo de nações emergentes que vem dando o que falar na imprensa mundial: o Bric, nome formado pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China. À medida que amplia a sua participação na economia global, o país busca maior projeção política. Além de ser um dos líderes do movimento pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, o ex-governo Lula veio assumindo a dianteira na campanha pela maior liberalização do comércio mundial. Nas crises regionais, o Brasil também marca presença ao chefiar desde 2004 a missão da paz da ONU no Haiti. Em 2010, a diplomacia brasileira deu um passo ambicioso, ao tentar mediar o impasse nuclear envolvendo o Irã e as potências ocidentais. Depois, entrou em choque direto com os Estados Unidos, ao votar contra as novas sanções aprovadas na ONU contra o Irã. Nasce o Bric Em 2001, quando o economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do banco Goldman Sachs, debruçou-se sobre os principais dados econômicos desses quatro grandes países emergentes, percebeu que eles se destacavam dos demais. Não apenas porque Brasil, Rússia, China e Índia são países grandes e populosos; nem somente porque apresentavam economia em rápido crescimento. O que chamou sua atenção foi a constatação - com base em projeções demográficas e econômicas - de que o grupo, quando somado, poderia representar em 2050 a maior força econômica do planeta, suplantando os Estados Unidos, o Japão e os membros da União Europeia. O economista juntou os quatro países e criou um bloco que não existia. Para nomeá-lo, ele concebeu um acrônimo, ao pegar emprestado de cada país a sua letra inicial: Bric. Acrônimo é o nome que se da a uma palavra que surge quando se juntam uma ou mais letras iniciais de um conjunto maior com o objetivo de simplificar a comunicação. Pode "pegar" ou não, dependendo da sua adequação ou originalidade. E chamar os quatro grandes emergentes de Bric’s caiu no gosto de jornalistas e economistas, e dos próprios governos desses países, que em junho de 2009 realizaram sua primeira reunião, em Ecaterimburgo, na Rússia, e emitiram uma declaração conjunta, pedindo o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar. Consumo interno A expectativa para a próxima década é de expansão da classe média na área do Bric e em larga medida, a força do Bric provem da enorme fatia da população mundial concentrada nos quatro países. Neles vivem 2,7 bilhões de habitantes, o equivalente a 40% da humanidade. A grande maioria contingente e de chineses e indianos, os países com as mais aceleradas taxas de crescimento econômico entre as grandes economias. O Bric também possui um território enorme. Somada, a área dos quatro países representa um quarto das terras do planeta. Nesse vasto território, há muita riqueza, como petróleo (Rússia e Brasil), produtos agrícolas (Brasil), mão de obra farta e barata (China) e potencial para o desenvolvimento de mais produtos com as inovações científicas e tecnológicas (China e Índia). De acordo com um informe publicado em 2010 pelo Goldman Sachs, a expansão da classe média no Bric, especialmente na China e na Índia, orientara o mercado mundial, já que o perfil de consumo dessa classe 166
  • 20. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI social difere daquele típico das camadas mais pobres - no qual o peso do gasto com comida e roupa é proporcionalmente bem mais elevado do que com educação ou lazer. 6- GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE 167
  • 21. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 7 - GLOBALIZAÇÃO E OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS As fronteiras nacionais no mundo globalizado têm sido ultrapassadas por outras fronteiras mais amplas, mais abrangentes: as fronteiras supranacionais dos organismos internacionais de financiamento, empresas transnacionais e blocos econômicos, que agem no território do Estado-nação ultrapassando suas fronteiras e pondo em xeque a própria soberania do Estado. Além de organismos com fins econômicos, temos também os organismos com fins humanitários, como A ONU. - FMI (Fundo Monetário Internacional): surgiu na conferência de Bretton Woods em 1944 e começou a funcionar em 1945. Está sediado em Washington e seus objetivos são promover a cooperação monetária internacional, favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio internacional e dar assessoria aos países membros que enfrentam dificuldades financeiras. O FMI age sob a ótica do neoliberalismo. Uma das exigências impostas por esse organismo é a adoção de práticas econômicas liberais para quem recorre a ele. Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido são os maiores acionistas do fundo. - Banco Mundial: também originado na conferência de Bretton Woods. Tem sede em Washington e é composto pelos mesmos países do FMI. Porém, enquanto o FMI se encarrega de preservar o sistema financeiro internacional, o Banco Mundial se encarrega de estabelecer projetos que visam o desenvolvimento e melhores condições de vida. A diminuição da pobreza é o seu principal objetivo. O Banco mundial começou seus trabalhos em março de 1946, através do BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Hoje é formado por mais quatro instituições além do BIRD: Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), Corporação Financeira Internacional (CFI), Agência Multilateral de Garantia de Investimento (AMGI) e Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi). - GATT e OMC: o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) foi um acordo provisório que entrou em vigor em janeiro de 1948, durando até 1995, quando se tornou a Organização Mundial de Comércio (OMC). Existem algumas diferenças básicas entre GATT e OMC. O primeiro era só um ‘acordo provisório’, a OMC é uma ‘organização mundial’. Quando o GATT foi criado, o comércio mundial era dominado por bens e produtos (agrícolas, minerais, industriais). Com o passar do tempo a economia mundial ficou mais complexa. O comércio mundial de serviços (transporte, turismo, telecomunicações) e de ideias (livros, patentes), classificadas como propriedades intelectuais, tornou-se extremamente importante. Nesses setores, a OMC ampliou o GATT, que foi extinto como órgão, mas teve preservados seus acordos para o comércio de bens e produtos, fazendo parte dos tratados da OMC. Em suma, a OMC tem status permanente, é uma organização internacional (como o FMI e o Banco Mundial) e suas resoluções têm base legal, visto que seus membros concordam em seguir as regras estabelecidas. - ONU: A ONU foi criada em 1945, na conferência de San Francisco. Foi criada com o objetivo de preservar a paz mundial e desenvolver relações de cooperação entre os povos. A Assembléia Geral e o Conselho de Segurança são os dois órgãos de deliberação das Nações Unidas. Na Assembléia Geral, cada Estado dispõe de um voto e as decisões são tomadas por maioria simples. No que concerne às questões de paz e segurança, a Assembléia Geral está limitada a produzir recomendações, pois a tomada de decisões é atribuída ao Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança é composto por 5 membros permanentes e 10 rotativos, eleitos pela Assembléia Geral. Os membros permanentes – Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França – dispõem de direito de veto. As decisões dependem de uma maioria de 9 votos e da inexistência de 1 veto. Embasada na doutrina Bush, a invasão do Iraque em 2003 desencadeou a crise da ONU. O ataque norte-americano ao Iraque tinha o apoio da Grã-Bretanha, mas enfrentava a oposição dos outros 3 membros permanentes do Conselho de Segurança e a resolução elaborada por Washington não reuniria os 9 votos necessários para aprovação. A operação militar foi deflagrada à revelia da ONU. A articulação da França, Rússia e China para bloquear a resolução proposta por Washington revelou a instabilidade da ordem mundial. O desrespeito ao Conselho de Segurança, pela maior potência do mundo, atingiu a credibilidade do sistema global de segurança coletiva. 168
  • 22. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI - TERCEIRO SETOR: Para entendermos o que é o Terceiro Setor devemos localizar anteriormente quais são o Primeiro Setor e o Segundo Setor. Na conceituação tradicional, o primeiro setor é o Estado, representado por entes políticos (Prefeituras Municipais, Governos dos Estados e Presidência da República), além de entidades a estes entes ligados (Ministérios, Secretarias, Autarquias, entre outras). Quer dizer, chamamos de primeiro setor o setor público, que obedece ao seu caráter público e exerce atividades públicas. O segundo setor é o Mercado (Empresas), composto por entidades privadas que exercem atividades privadas, ou seja, atuam em benefício próprio e particular. O Terceiro Setor é composto de por organizações privadas sem fins lucrativos, que atuam nas lacunas deixadas pelos setores público e privado, buscando a promoção do bem-estar social. Quer dizer, o terceiro setor não é nem público nem privado, é um espaço institucional que abriga entidades privadas com finalidade pública. Esta atuação é realizada por meio da produção de bens e prestação de serviços, com o investimento privado na área social. Isso não significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formação de uma sociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor não é, e não pode ser, substituto da função do Estado. A idéia é de complementação e auxílio na resolução de problemas sociais. Para comparar com os termos financeiros anteriormente explicados, no caso do Terceiro Setor utiliza-se o dinheiro privado em atividades públicas. Fonte: <http://www.cedac.org.br/OSCIP.pdf>, acesso em 21/01/2010. - TERCEIRA VIA: A terceira via é uma corrente da ideologia social-democrata. É também conhecida como social-democracia contemporânea. Este pensamento defende um Estado necessário, em que sua interferência não seja, nem máxima, como no socialismo, nem mínima, como ocorre no liberalismo. Mas que a atuação estatal seja adequada à conjuntura vivida pelo país. Esta teoria também defende a responsabilidade fiscal dos governantes, o combate à miséria, carga tributária proporcional à renda, com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde, educação, previdência etc. Algumas figuras políticas como Bill Clinton, Barack Obama, Tony Blair - conhecido também como o corifeu da terceira via - e Fernando Henrique Cardoso são exemplos da terceira via. Um dos principais defensores e difusores do pensamento da Terceira Via é o sociólogo britânico Anthony Giddens. Ele expõe regularmente suas visões por meio de contribuições ao think tank Policy Network do Reino Unido. 8- INTEGRAÇÃO E BLOCOS ECONÔMICOS Na economia-mundo há uma grande ampliação das trocas comerciais internacionais. Por causa dessa forte integração, alguns países procuram agrupar-se para enfrentar melhor a concorrência no mercado mundial globalizado. A formação de blocos econômicos é uma regionalização dentro do espaço mundial, mas também uma forma de aumentar as relações em escala global, pois, ao participar de um bloco, um país tem acesso a vários mercados consumidores, dentro e fora de seu bloco. Os principais blocos regionais são: União Europeia, Mercosul, Nafta e Apec. Na formação dos blocos econômicos existem etapas distintas que determinam o nível de integração dos países membros. As etapas de integração econômica se constituem em cinco: a zona de livre comércio, a união aduaneira, o mercado comum, a união monetária e a união política.      Zona de Livre Comércio: nesta, as mercadorias circulam livremente entre os países membros. As tarifas alfandegárias são eliminadas, há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras. O NAFTA encontra-se neste estágio. União Aduaneira: além da eliminação de tarifas ocorrida na Zona de Livre Comércio, existe aqui a adoção de uma tarifa externa comum (TEC), adotada para as relações com outros países fora do bloco. O Mercosul encontra-se neste estágio. Mercado Comum: além da TEC e da livre circulação de mercadorias, existe aqui a livre circulação de capitais, serviços e pessoas. É comum a padronização de impostos para a população, empresas, leis trabalhistas, ambientais, etc. União Monetária (Econômica): engloba todas as características anteriores com a adição de uma moeda comum (emitida por um único Banco Central). Há também a padronização de políticas macroeconômicas para todos os países. O único bloco que atinge esse nível de integração é a União Europeia. Cabe ao Banco Central Europeu a emissão da moeda única utilizada. União Política: é a etapa mais avançada da integração. Além de todas as características anteriores engloba a unificação das políticas de relações internacionais, defesa, segurança interna (terrorismo, narcotráfico) e segurança externa (guerras). A União Europeia planeja chegar a este patamar. 169
  • 23. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Os Blocos Econômicos são frutos do mundo globalizado. Os agentes da globalização estão cada vez mais interessados em acordos internacionais que permitam a livre circulação de seus produtos e na formação de blocos econômicos que possibilitem diminuir as tarifas alfandegárias. Essa tendência coloca em risco a importância política de alguns países que em alguns casos podem perder o controle da sua economia. Uma das formas de manter os mercados globalizados sob o controle dos Estados foi à criação de blocos econômicos regionais. Os principais são: Nafta (Acordo de livre comércio da América do Norte), Mercosul (Mercado Comum do Sul), Asean (Associação das nações do sudeste asiático), Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), UE (União Européia). EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO: 01)(ENEM/2010) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda vez que recorressem aos funcionários de suas agências. E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas agências; o que querem é reduzir o número de agências, fazendo com que os clientes usem as máquinas automáticas em todo tipo de transações. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionários. HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 (adaptado). O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de novas tecnologias na economia capitalista contemporânea. Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequência social de tal aspecto estão em A) qualidade total e estabilidade no trabalho. B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos. C) diminuição dos custos e insegurança no emprego. D) responsabilidade social e redução do desemprego. E) maximização dos lucros e aparecimento de empregos. 02)(ENEM/2010) OG-20 é o grupo que reúne os países do G-7, os mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia). Esse grupo de países vem ganhando força nos fóruns internacionais de decisão e consulta. ALLAN, R. Crise global. Disponível em: http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2010. Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), termo criado em 2001 para referir-se aos países que A) apresentam características econômicas promissoras para as próximas décadas. B) possuem base tecnológica mais elevada. C) apresentam índices de igualdade social e econômica mais acentuados. D) apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a economia global. E) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a economia mundial. 03)(UFJF/2010) Leia abaixo notícia veiculada no site da BBC: Socorro a bancos em 1 ano supera ajuda a países pobres em 50, diz ONU A indústria financeira internacional recebeu no último ano quase dez vezes mais dinheiro público em ajuda do que todos os países pobres em meio século, segundo aponta um relatório divulgado pela Campanha da ONU pelas Metas do Milênio. Segundo a organização, que promove o cumprimento das metas das Nações Unidas para o combate à pobreza no mundo, os países em desenvolvimento receberam em 49 anos o equivalente a US$ 2 trilhões em doações de países ricos. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090624_relatoriobancos_rw.shtml>. Acesso em: 24 jun. 2009. Adaptado. Leia as afirmativas a seguir: 170
  • 24. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI I - Um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é garantir que, até 2015, todos os jovens, de ambos os sexos, terminem uma etapa de curso do ensino superior. II - O papel dos bancos é dar liquidez e financiar a produção, mas, nos Estados Unidos, eles transformaram-se em ferramenta de especulação, sendo uma das causas da crise financeira atual. III - Os governos neoliberais utilizam a nacionalização apenas para forçarem os bancos a promover os financiamentos da economia sem acréscimos exagerados nas taxas de juro. IV - Depois do sistema financeiro, a outra prioridade dos governos será combater o desemprego, não por sentimento de humanidade com os trabalhadores vitimados, mas para evitar agitação social. Sobre a atual crise financeira mundial, assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras. b) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. c) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras. d) Apenas as afirmativas II e IV são verdadeiras. e) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. 04)(ENEM/2009*) 171
  • 25. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 05)(ENEM/2009*) 06)(UFMG/2006) O comércio internacional, após o fim da Guerra Fria, foi marcado por importantes mudanças. Assim sendo, é INCORRETO afirmar que, entre essas mudanças, se inclui o fato de que A) a nova configuração do mercado internacional, resultante do crescente antagonismo entre países pobres e ricos, ou seja, entre Sul e Norte, provocou redirecionamento dos fluxos de troca. B) a Organização Mundial do Comércio (OMC), visando a ampliar a redução de tarifas alfandegárias e a dar à instituição maior poder de controle sobre o comércio internacional, substituiu o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). C) o comércio apresentou grande crescimento em algumas áreas continentais, chegando a superar, em certos casos, as trocas realizadas com países situados a distâncias maiores. D) o comércio internacional adotou regras que facilitam as trocas, mas, por outro lado, conservou, ainda, artifícios que restringem as vantagens dos países menos desenvolvidos. 07)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicação (rádio, televisão, internet, telefone) possibilitaram um aumento nos fluxos de informações no Mundo, integrando regiões que anteriormente eram quase isoladas. Com base nesta afirmativa, responda: Quais as regiões mundiais que apresentam a rede de meios de comunicação mais densa? 08)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicação (rádio, televisão, internet, telefone) possibilitaram um aumento nos fluxos de informações no Brasil, integrando regiões que anteriormente eram quase isoladas. Com base nesta afirmativa, responda: a) Qual a região brasileira que apresenta a rede de meios de comunicação mais densa? b) Aponte dois motivos que justificam a maior densidade dos fluxos de informações nesta região. Explique cada um deles. 09)(PISM III/2008) Leia, com atenção, o texto abaixo. “Em Honolulu tudo é muito bem planejado, o que dá a sensação que se é um ator participando de um filme. Em nenhum outro lugar essa sensação parece ser tão forte. Ao caminhar-se, particularmente pela área dos hotéis, na praia de Waikiki, a sensação de cenário de filme se reforça. Os hotéis, uns ao lado dos outros - como grandes torres fincadas no chão - têm lobbies que se comunicam, pontuados por belíssimos (mas falsos) jardins tropicais, absolutamente simétricos, sem uma única folha caída no chão, sem nem tampouco folhas amarelecidas, fontes de água corrente, lagos com peixes coloridos, tochas, aléias serpenteadas por belos gramados de todos os tamanhos, poltronas confortáveis, bancos colocados estrategicamente e, evidentemente, muitas lojas. Tudo muito limpo. Um filme de Elvis Presley. A saída do hotel para ir à praia também não parecia menos controlada, elevadores conduziam os hóspedes das várias torres à rouparia para se pegar toalhas de praia (é claro que só depois de assinar um recibo, no qual se esclarecia sobre o uso e o horário da devolução).” (CARLOS, Ana Fani A. O turismo e a produção do não-lugar. Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/turismoproducaonaolugar.html>. Acesso em: 23 out. 2007.) De acordo com o texto, a indústria do turismo: 172
  • 26. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI a) é uma forma de indústria gerenciada pelo turista. b) liberta as horas de lazer das regras de mercado. c) produz espaço com uma forte identidade. d) produz espaços heterogêneos e inclusivos. e) transforma tudo o que toca em artificial. 10)(PISM III/2007) Sobre a mobilidade populacional do mundo contemporâneo é CORRETO afirmar que: a) as migrações econômicas são causadas pelas semelhanças existentes entre o crescimento econômico e o crescimento populacional de um país ou de uma região. b) o desenvolvimento do capitalismo europeu, do início do século XIX até os dias atuais, fez com que as ondas migratórias, freqüentes no velho continente, fossem suspensas. c) a globalização aumentou a fuga de cérebros: a transferência de profissionais altamente qualificados, dos países subdesenvolvidos para os desenvolvidos. d) os países que convivem com grandes explosões demográficas estimulam políticas para a atração de imigrantes; é a ocorrência do fenômeno conhecido como imigração. e) os migrantes, ao remeterem dinheiro aos seus países de origem, não afetam a economia nacional, que perde a arrecadação de impostos e investimentos nas cidades natais. GABARITO: 01-C 02-A 03-B 04-A 05-E 06-A 07-ABERTA 08-ABERTA 09-E 10-C AMÉRICA 173
  • 27. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Capitulo 3: América MAPA DA AMÉRICA 174
  • 28. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 1- BLOCOS ECONOMICOS DO CONTINENTE AMERICANO   MERCOSUL: Com a criação do Mercosul, em 1991, o Brasil e a Argentina ganharam a oportunidade de superar suas divergências históricas e buscar soluções comuns para seus problemas, por meio da cooperação e da integração econômica. A eles juntaram-se o Paraguai e o Uruguai, que assumiram o objetivo de tornar a região capaz de competir em escala mundial, caminhando no sentido da construção de um espaço econômico integrado. O objetivo é o de favorecer o crescimento do comércio interno latinoamericano e, além disso, ampliar as relações econômicas com outros pólos importantes da economia mundial. As dificuldades da busca dessa unificação têm se colocado de várias maneiras ao longo do tempo e estão ligadas à grande diferença de dimensões entre as economias dos parceiros, principalmente a do Brasil e a dos demais membros do bloco. As crises econômicas que os dois principais integrantes do bloco têm atravessado colocam dificuldades nesse processo. Apesar disso, o intercâmbio comercial no Cone Sul revelou extraordinário dinamismo após a constituição do Mercosul. A perspectiva, entretanto, é de que a integração dos países do Mercosul continue evoluindo. Neste sentido, o bloco já conseguiu a adesão de dois países como associados (Chile e Bolívia) e negocia o estreitamento de relações com a CAN (Comunidade Andina das Nações), incluindo a possibilidade de unificação dos dois blocos. A África do Sul e a Índia estão negociando acordos comerciais com o Mercosul e começaram contatos nesse sentido com a China. NAFTA CANADÁ: Um dos países mais desenvolvidos do mundo, porém, possui algumas dificuldades. Grande parte do território apresenta clima muito frio (obstáculo à sua ocupação e incremento da população). Este pequeno número de habitantes gera problemas de ordem econômica (mercado interno reduzido e escassa mão-deobra). Resultado: dependência de investimentos externos (EUA). MÉXICO: Embora o México possa se beneficiar da integração econômica, percebe-se uma ampliação muito maior da área de influência das empresas norte americanas e canadenses, que passaram a dispor da ampla mão-de-obra barata* formada pelos mexicanos. O país enfrenta grandes problemas sociais e alto crescimento vegetativo, acentuando os movimentos migratórios. A Região metropolitana da cidade do México abriga aproximadamente 30% da população do país. Esta urbanização crescente e desordenada aumenta as tensões sociais já existentes (pobreza, desemprego, marginalidade). A delicada situação torna-se fator de peso para que a emigração clandestina para os EUA aumente cada vez mais. Além disso, existe a forte dependência tecnológica e financeira e a alta concentração fundiária (Região sul do país - Chiapas). * Maquiladoras:a exploração da mão-de-obra barata ocorre principalmente na região norte do país. Lá estão instaladas as empresas chamadas maquiladoras, ou seja, filiais de empresas dos EUA que produzem visando o retorno para o mercado de consumo norte-americano, principalmente automóveis, eletrônicos e autopeças. A tecnologia e os componentes são norte-americanos, cabendo ao México apenas a montagem final. Estas empresas geram lucros pois reduzem seus custos, utilizam-se de fontes de energia mexicanas e poluem o ambiente desse país, preservando o seu lugar de origem. ESTADOS UNIDOS: é a economia mais dinâmica do mundo (PIB na casa dos 12,4 trilhões de dólares) e um enorme e potente mercado consumidor. Os EUA são os maiores interessados na manutenção do Nafta e de outros blocos econômicos na América. No Nafta, seus interesses estão no livre trânsito de sua produção industrial nos dois países membros, ampliando seu mercado consumidor. Cerca de 80% do capital industrial do Canadá é norte-americano. No México, o Nafta visa estancar o fluxo de mexicanos para o país, facilitando a fixação de empresas no México. Os EUA são também os idealizadores e os maiores interessados na implementação da Alça no continente americano. Ao mesmo tempo, está em negociação já há algum tempo uma série de acordos com a União Europeia, também no sentido de se buscar desenvolver relações econômicas com o menor número de obstáculos possíveis. Como vemos, além de buscar o fortalecimento interno de seus membros, o Mercosul expande-se na América Latina e viabiliza o estabelecimento de parcerias com outros blocos e outros países importantes no 175
  • 29. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI cenário econômico mundial, como a África do Sul, a Índia e a China. Visa, dessa maneira, também fortalecer as relações com países fora do eixo Europa - EUA - Japão.     ALCA: Na primeira reunião da “Cúpula das Américas”, entre outros temas, foi discutida a proposta da constituição da ALCA (Associação de Livre Comércio das Américas), formulada pelo governo dos EUA, com a previsão do envolvimento de todos os países americanos, com exceção de Cuba. Foi definido também que as negociações entre os países para a sua implementação deveriam estar concluídas até 2005 e que funcionaria a partir de 2006. Entretanto, em função de divergências entre os países, as negociações deverão se estender por um período maior. A ALCA foi concebida, desde o início, como um projeto de grande envergadura. Se vier a ser criada, ela não será uma área de livre comércio tradicional, isto é, não envolverá apenas o comércio de bens dentro das Américas. A proposta de sua constituição aponta no caminho de se estabelecer um acordo global que pretende abarcar serviços, o sistema financeiro, as compras governamentais e os investimentos. A Alca, tal como foi proposta pelos EUA, levaria à perda de autonomia na condução de aspectos essenciais da política econômica pelos países participantes. O Brasil, por exemplo, seria obrigado a manter o seu mercado interno sempre aberto, para os produtos dos EUA e de outros países do continente americano. As empresas brasileiras teriam de concorrer com as grandes corporações norte-americanas e todo o seu poder tecnológico, financeiro e comercial. Em função dessas questões, que são agravadas pela grande disparidade ente os níveis da atividade econômica dos EUA e do restante da América, nota-se resistência de vários países e abrirem seus mercados e abrirem mão de sua capacidade de formular políticas nos próprios territórios. Dessa maneira, aquilo que poderia ser uma forma de integração continental enfrenta uma série de dúvidas quanto a sua real capacidade de promover o progresso para todos os países que formariam esse bloco, pois muitos acreditam que esse tipo de organização, se for implementado com as características que apresenta hoje, somente contribuiria para aumentar a pobreza, a estagnação econômica e o agravamento da subordinação da economia de grande parte dos países do continente aos fluxos da riqueza mundial. Pacto Andino: Os membros são: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Formado com o objetivo de aumentar a integração econômica entre os países-membros. Em 1992 começou a vigorar como zona de livre comércio. CARICOM: Antigo Comunidade e Mercado Comum do Caribe e atual Comunidade do Caribe, é um bloco de cooperação econômica e política, criado em 1973, formado por 14 países e seis territórios da região caribenha. Estabelecido em 4 de Julho de 1973 pelo Tratado de Chaguaramas (Trinidad e Tobago) e com sede em Georgetown (Guiana), a CARICOM veio substituir a CARIFTA (Associação de Livre Comércio do Caribe), que existia desde 1965.O Objetivo do bloco foi formado por ex-colônias de potências européias que, após a sua independência, viram-se na contingência de aliar-se para suprir limitações decorrentes da sua nova condição e acelerar o seu processo de desenvolvimento econômico. Além de incentivar a cooperação econômica entre os membros, a organização participa da coordenação da política externa e desenvolve projetos comuns nas áreas de saúde, educação e comunicação. Este bloco de integração regional visa promover o livre comércio, o livre movimento do trabalho e do capital; coordenar a agricultura, a indústria e política estrangeira entre os seus países membros. Desde 1997 defendem o tratamento diferenciado para economias pouco desenvolvidas, incluindo prazos maiores para o cumprimento de futuros acordos de comércio. Em 1998, Cuba foi admitida como observadora do Caricom. O bloco marca para 1999 o início do livre comércio entre seus integrantes, mas a decisão não se efetiva. Em maio e em julho de 2000 a República Dominicana e Cuba, respectivamente, firmam acordos de livre comércio com o bloco. Na cúpula da Caricom, em julho, fica estabelecida a criação de uma Corte Caribenha de Justiça e é marcada para dezembro a finalização da estruturação do livre comércio entre os membros. Os países-membros sao: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago e Suriname. Sendo os territórios associados: Bermudas, Montserrat (1974), Ilhas Virgens Britânicas, Turks e Caicos (1991), Ilhas Caimán e Anguilla (1999). APEC: (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico). Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, EUA, China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua Nova Guiné, Chile, Peru, Rússia e Vietnã. A queda das tarifas já vem ocorrendo nos últimos anos. Em 2000 o bloco destacou-se como o maior do planeta em volume de negócios. De tudo que é exportado no mundo, cerca de 30% parte da APEC. Fonte: Obra coletiva concebida. Projeto Araribá - Geografia 8ª série. São Paulo: Ed. Moderna, 2006. p. 58. 176
  • 30. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 2- HAITI – A GUERRA CIVIL O Haiti é um país da América Central, que faz fronteira com a República Dominicana, a leste. Além desta fronteira, os territórios mais próximos são as Bahamas e Cuba a noroeste, Turks e Caicos a norte, e Navassa a sudoeste. A capital é Porto Príncipe. Em 5 de dezembro de 1492, Cristóvão Colombo chegou a uma grande ilha, à qual deu o nome de Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de São Domingos pelos franceses. Dividida entre dois países, a República Dominicana e o Haiti, é a segunda maior das Grandes Antilhas. A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, a região foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café. Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint l'Ouverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se imperador. Após período de instabilidade, o país é dividido em dois e a parte oriental - atual República Dominicana - reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre Boyer reunificou o país e conquistou toda a ilha. Em 1844, porém, nova revolta derrubou Boyer e a República Dominicana conquistou a independência. Da segunda metade do século XIX ao começo do século XX, 20 governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados Unidos da América ocuparam o Haiti entre 1915 e 1934, sob o pretexto de proteger os interesses norte-americanos no país. Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide. Em setembro de 1991, 177
  • 31. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder. Em julho de 1993, Cedras e Aristide assinaram pacto em Nova York, acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Forças Armadas. Em outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o desembarque de soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado número de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a pressão americana pela volta de Aristide. Em maio de 1994, o Conselho de Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar empossou um civil, Émile Jonassaint, para exercer a presidência até as eleições marcadas para fevereiro de 1995. Os EUA denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU autorizou uma intervenção militar, liderada pelos EUA. Em setembro de 1994, força multinacional, liderada pelos EUA, entrou no Haiti para reempossar Aristide. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus postos e foram anistiados. Jonaissant deixou a presidência em outubro e Aristide reassumiu o País com a economia destroçada pelas convulsões internas. No período de 1994-2000, apesar de avanços como a eleição democrática de dois presidentes, o Haiti viveu mergulhado em crises. Devido à instabilidade, reformas políticas profundas não puderam ser implementadas. A eleição parlamentar e presidencial de 2000 foi marcada pela suspeita de manipulação por Aristide e seu partido. O diálogo entre oposição e governo ficou prejudicado. Em 2003, a oposição passou a clamar pela renúncia de Aristide. A Comunidade do Caribe, Canadá, União Europeia, França, Organização dos Estados Americanos e EUA, apresentaram-se como mediadores. Entretanto, a oposição refutou as propostas de mediação, aprofundando a crise. Em fevereiro de 2004, conflitos armados eclodiram em Gonaives, espalhando-se por outras cidades nos dias subseqUentes. Gradualmente, os insurgentes assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe. Aristide deixou o país em 29 de fevereiro e asilou-se na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente da Suprema Corte, Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência, interinamente. Bonifácio requisitou, de imediato, assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF) que, prontamente, iniciou seu desdobramento, liderada pelos EUA. Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar é de 6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai. Haiti é uma república presidencialista com um Presidente eleito e uma Assembléia Nacional. A constituição foi introduzida em 1987 e teve como modelo as constituições dos Estados Unidos da América e da França. Foi parcial ou completamente suspensa durante alguns anos, mas voltou à plena validade em 1994. Desde o período de colonização o Haiti possui uma economia primária. Produzia açúcar de excelente qualidade, que concorreu com o açúcar brasileiro no século XVII e junto com toda produção das Antilhas serviu para a desvalorização do açúcar brasileiro na Europa. Após vários regimes ditatoriais, hoje em dia seu principal produto de exportação ainda continua sendo o açúcar, além de outros produtos como banana, manga, milho, batata-doce, legumes, tubérculos e muito mais. Atualmente sua economia encontra-se destroçada e em ruínas. O país permanece extremamente pobre, sendo o mais pobre da América e de todo Hemisfério Ocidental, tão miserável como Timor-Leste, Afeganistão, entre outros. 50,2% da população é analfabeta, a expectativa de vida é de apenas 51 anos. Sua renda per capita é um-terço da renda da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Embora a densidade populacional do Haiti suba em média a 270 habitantes por quilometro quadrado, a sua população está concentrada nas zonas urbanas, planícies costeiras e vales. Cerca de 95% dos haitianos são de ascendência africana. O resto da população é principalmente mulata, de ascendência mista caucasianaafricana. Uma minúscula minoria tem sangue europeu. Cerca de dois terços da população vivem em áreas rurais. O francês é uma das duas línguas oficiais, mas é falado só por cerca de 10% da população. Quase todos os haitianos falam Krèyol (Crioulo), a outra língua oficial do país. O inglês é cada vez mais falado entre os jovens e no setor empresarial. O catolicismo romano é a religião de estado, professada pela maioria da população. Houve algumas conversões ao protestantismo. Muitos haitianos também praticam tradições vodu, sem ver nelas nenhum conflito com a sua fé cristã. A padroeira do Haiti, na Igreja Católica, é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. 178
  • 32. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 Por religiões: Católicos 64% Protestantes 23,6% PROFESSOR: TIAGO DALESSI Sem filiação 5% Vodu ou espírita 5% Sem ou outras 2,4%. 3- BOLÍVIA e o Gás Natural Fonte: Atualidades Vestibular – 1°semestre 2009. Editora Abril. Pág. 80-81. Ao aumentar o controle estatal sobre a exploração das riquezas naturais do país e ampliar os direitos dos indígenas, o presidente Evo Morales desafiou os interesses dos líderes da região da Meia Lua, que pressionam por autonomia. O país A Bolívia é uma das nações mais pobres do continente americano, com alta taxa de analfabetismo e o menor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América do Sul. Situada no centro-oeste do continente sulamericano, com 1.098.581 quilômetros quadrados de extensão, o país não tem saída para o mar. Em seu território, a Cordilheira dos Andes atinge a largura máxima – 650 quilômetros. La paz é a capital mais alta do mundo, localizada a 3.636 metros acima do nível do mar. No norte e no leste, as montanhas dão lugar a planícies cobertas pela floresta Amazônica e, no sudeste, a pantanosa região do Chaco. Sua população, de 9,7milhões de habitantes, é bastante miscigenada. Estima-se que cerca de 60% dos bolivianos sejam de ORIGEM INDÍGENA. Considerando os mestiços, esse percentual alcança 85%, enquanto os brancos correspondem a 15% dos habitantes. Além do espanhol, a Bolívia tem mais dois idiomas oficiais: o quíchua e o aimará, ambos de origem indígena. Em 2005, 0 país elegeu o primeiro presidente indígena, Evo Morales. Com trajetória política ligada aos movimentos sociais e defensor de posições nacionalistas, Morales confronta os interesses da elite oposicionista da região da Meia Lua, que reivindica autonomia. Outro sério problema esta relacionado ao narcotráfico e ao controle sobre o cultivo de folha de coca, matéria-prima para a produção da cocaína. História O nome do país é uma homenagem a Simon Bolívar, o líder da independência da América hispânica. Ao comandar a emancipação da Bolívia em 1825, com Antônio José de Sucre, Bolívar se tornou o primeiro presidente da nação. Nos anos seguintes, a Bolívia sofreu consideráveis perdas territoriais para os países vizinhos. Na Guerra do Pacifico (1879-1884), os bolivianos tiveram de ceder parte de seu território ao Chile, ficando sem acesso ao mar. Em 1903, após conflito com seringueiros brasileiros, a nação vendeu ao Brasil o atual estado do Acre. A descoberta de petróleo no sudeste provocou a Guerra do Chaco (1932-1935), em que a Bolívia saiu derrotada e perdeu o território para o Paraguai. 179
  • 33. GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI A história recente do país é repleta de confrontos, lutas populares e golpes. Um levante revolucionário em 1952 pôs no poder Victor Paz Estenssoro, que nacionalizou as minas de estanho, decretou a reforma agrária e instituiu o sufrágio universal. As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por sucessivos golpes de Estado, que colocaram ditadores no poder. Em 1985, com Estenssoro de volta a Presidência, o país adotou um programa de ajuste sob a orientação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a grave crise econômica, com corte de subsídios e privatizações. Hidrocarbonetos A pobreza e a falta de infraestrutura são alguns dos principais problemas da nação. O Produto Interno Bruto (PIB) boliviano é de 11,2 bilhões de dólares (2006), cerca de 1% do PIB brasileiro. O país possui reservas significativas de estanho e prata, e, nos últimos anos, o GÁS NATURAL ganhou importância estratégica fundamental para sua economia. Desde que a petrolífera espanhola YPF descobriu um dos maiores depósitos de gás natural da América do SuI em Tarija, no suI da Bolívia, em 2000, a pressão para a nacionalização dos recursos naturais se intensificou. As manifestações populares levaram a deposição de dois presidentes. Em 2003, sindicatos, líderes indígenas e camponeses iniciaram grandes protestos contra a construção de um gasoduto que exportaria gás natural para os Estados Unidos e para o México, via Chile, o que provocou a queda do presidente Gonzalo Sánchez Lozada. Em seu lugar, assumiu o vice, Carlos Mesa. Contudo, em janeiro de 2005, ressurgiram os protestos, com a exigência de nacionalização das reservas energéticas, o que resultou na renúncia de Mesa. Posteriormente foram marcadas eleições presidenciais para dezembro de 2005. As pressões populares puseram o gás natural no centro do debate político, o que favoreceu a candidatura do indígena e ex-líder cocaleiro Evo Morales, cuja promessa de campanha incluía a nacionalização do principal recurso natural do país. Evo Morales Nas eleições presidenciais de 2005, EVO MORALES venceu em primeiro turno, com 53,7%dos votos, e tornou-se o primeiro indígena a ocupar a Presidência da Bolívia. O resultado da eleição se insere no fenômeno que vem sendo chamado de "onda vermelha", com a subida ao poder de diversos lideres de esquerda na América Latina, como Hugo Chávez, na Venezuela, e Rafael Correa, no Equador. Morales iniciou sua trajetória política como representante dos cocaleiros, combatendo os programas de erradicação da coca. Elegeu-se deputado em 1997 e, em 2002, concorreu a Presidência, ficando em segundo lugar. Eleito pelo Movimento ao Socialismo (MAS), ele assumiu o comando do país com a promessa de nacionalizar as riquezas minerais, combater a pobreza e promover a inclusão da população indígena. Morales cumpriu um dos compromissos de campanha logo em 2006: nacionalizou a exploração de gás natural e petróleo (os hidrocarbonetos) e aumentou os impostos pagos pelo setor. A onda de estatizações prosseguiu em 2007 e 2008, com a compra de metalúrgicas, empresas de telecomunicações e de petróleo, incluindo duas refinarias da Petrobras, até então a maior companhia petrolífera instalada no país. Em agosto de 2007, Morales promulgou a legislação da reforma agrária, que prevê a distribuição de até 30 milhões de hectares de terra aos camponeses pobres. Divisão interna As reformas estruturais promovidas por Morales, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, não agradaram aos interesses da elite econômica da região da Meia Lua, formada pelos quatro departamentos mais ricos da Bolívia - Santa Cruz de La Sierra, Tarija, Pando e Beni. Situada no leste boliviano, a região ostenta diferenças étnicas, culturais e econômicas em relação ao restante do país. É lá que se encontram quase todas as reservas de gás e petróleo. A insatisfação levou os departamentos a buscar autonomia. A questão envolve uma disputa para saber quem controla os recursos minerais do país e se beneficia de sua exploração - o governo central ou a Meia Lua. A polêmica questão deu origem a violentos conflitos em 2008. Os interesses da Meia Lua também foram confrontados com a decisão de Morales de convocar uma Assembleia Constituinte para mudar a Carta em 2006. Sua intenção era transformar em lei mudanças que garantissem que o país - e não apenas a elite ligada a interesses estrangeiros - usufruísse as terras e as riquezas naturais bolivianas. O texto final da Constituição foi aprovado por cerca de 60% dos bolivianos, em referendo realizado em janeiro deste ano. Entre os pontos polêmicos estão à ampliação dos poderes dos indígenas, o maior controle do Estado sobre os recursos naturais e a reeleição presidencial. A aplicação da nova Carta enfrenta forte oposição da Meia Lua, o que contribui para manter o país dividido. Plantações de coca 180