O documento discute o significado do termo "queer" e como os estudos queer analisam temas como a identidade e experiências de grupos LGBTQ+. Também aborda como teóricos como Judith Butler argumentam que o sexo e gênero são construções sociais, não naturais. Finalmente, discute como as normas sociais em torno da família e papéis de gênero têm sido criticadas e relativizadas.
2. O que significa queers ? ♂♀
Em inglês, o termo queer é usado
para qualificar um comportamento
“estranho” e associado a um desvio
em relação a normas estabelecidas.
Sociologia, Antropologia e
Psicologia Social trabalham
conjuntamente para analisar temas
que vão desde a vida e a construção
da identidade desses grupos até a
segregação e violência dirigida aos
chamados queers.
3. Embora os primeiros debates
feministas tenham obtido sucesso
ao demonstrar as desigualdades
econômicas e sociais entre
homens e mulheres e a
conseqüente condição de
subordinação da mulher em nossa
sociedade, ainda havia poucos
estudos sobre a diversidade
sexual e as identidades de
gêneros que abordassem
especialmente a vida de
gays,lésbicas,bissexuais e
transgêneros (LGBT).
4. Apesar de já existirem movimentos
políticos de reconhecimento de
direitos desses grupos desde os
anos 1960, os estudos sobre eles se
consolidaram somente no final dos
anos 1990, com o aumentos da
mobilização dos grupos
transgêneros.
5. Uma pesquisa nesse campo de
estudos pode se dedicar,por
exemplo, á vida e ao trabalho de
travestir em uma grande cidade; a
investigar como as diferentes
religiões compreendem os gays e
interagem com eles; á vida de
famílias queers, especialmente as
que têm filhos; fenômeno da
violência e preconceito contra gays
em suas diferentes manifestações.
6. Ainda que se reconheça a importância
das construções sociais e culturais na
constituição do mundo e dos sujeitos tal
como os conhecemos, não são bem
sucedidas todas as tentativas de ilustrar
o caráter social de estruturas que
parecem tão naturalizadas: o corpo, o
sexo, as diferenças entre machos e
fêmeas etc. Com grande força e
ousadia, a filósofa estadunidense Judith
Butler traz, de vez, a biologia para o
campo do social, motivo pelo qual se
tornou um dos principais nomes da
atualidade nos estudos de gênero.
7. Butler, em sua obra Problemas de
gênero: feminismo e subversão da
identidade (2010) publicada
originalmente em 1990, partilha de
certos referenciais foucaultianos e
se pergunta se o “sexo” teria uma
história ou se é uma estrutura dada,
isenta de questionamentos em vista
de sua indiscutível materialidade.
Butler discorda da ideía de que só
poderíamos fazer teoria social sobre
o gênero, enquanto o sexo
pertenceria ao corpo e à natureza.
8. A homossexualidade foi
condenada pela igreja Católica e
posteriormente considerada uma
doença pela Ciência e um risco
social para a ordem moral. A
religião estabeleceu
tradicionalmente um discurso que
influenciou as normas de
comportamento social.
9. Á mulher,devido á sua condição
biológica na gestação e
amamentação,caberia o papel de
cuidar dos filhos e alimentá-
los,enquanto o homem seria
provedor e senhor na sociedade
conjugal.Pela “vontade de Deus”,a
mulher deveria manter-se fiel e
submissa ao homem e dedicar-se ao
cuidar da família.
10. As teorias feministas e o marxismo
criticaram os padrões “normais” de
família. A Antropologia também
cumpriu seu papel na relativização
do conceito ao demonstrar que há
inúmeros arranjos possíveis para
constituir o que cada sociedade
chamará de família.Por
exemplo,entre o povo Bororo, que
vive no estado de Mato Grosso, um
homem deve mudar para a
residência da esposa ao se casar.
11. No entanto ele continua
pertencendo á sua linhagem,
que é sempre matrilinear (ou
seja, o pertencimento de cada
individuo é definido pela
linhagem de sua mãe).Em cada
casa, portanto há cerca de três
famílias nucleares, de diferentes
linhagens e clãs.