Este documento resume um estudo sobre a adaptação de adolescentes brasileiros que estudam na Escola Hiro Gakuen no Japão. O estudo identificou que esses adolescentes enfrentam desafios como solidão e ausência dos pais, tendo que passar grande parte do tempo sozinhos. Eles também experimentam dificuldades de integração social fora do ambiente escolar. O estudo conclui que a escola deve dar mais apoio a esses estudantes, valorizando cada história individual e preenchendo lacunas afetivas por meio de projetos que estim
Slide a socialização do adolescente nikkey no contexto escolar
1. LOGO
Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT
Autores:
Cláudio da Silva
Kátia Itsue Furukawa
Márcia Aparecida Barbosa Hirayama
Lin Si Ren
Orientadora:
Nailza da Costa Barbosa Gomes
Ogaki , Japão - 2010
2. Introdução
Adaptação
escolar
•Dificuldade de
aprendizagem,
•Déficit de •Problemas
habilidades próprios do
sociais, indivíduo,
•Problemas •Influência
emocionais e de externa.
comportamento.
3. Introdução:
Influências Externas
- Expectativa dos
pais e dos
próprios filhos,
- História prévia Práticas parentais que
dos pais influenciam direta ou
enquanto filhos, indiretamente no
- Indecisão dos comportamento e
pais dentro do habilidade dos filhos
processo
migratório,
Segundo Hart et. al. (1990)
4. Introdução:
Problemas relacionados a adaptação escolar
no Japão
- Evasão escolar
“dificuldades de integração no sistema educacional
japonês, dificuldades com o idioma e choque cultural”
- Brasileiros participam do ranking de criminalidade.
- Ociosidade
- Falta de supervisão dos pais
Segundo Costa (2007)
5. Objetivos:
Entender como está organizada a vida social dos adolescentes
do Ensino Médio da Escola Hiro Gakuen:
Investigar possíveis problemas decorrentes da adaptação e
socialização no ambiente escolar,
Identificar as dimensões do ambiente social destes
alunos, aqui representados pela escola e pela família,
Apresentar alternativas que minimizem possíveis
problemas, contribuindo para a melhoria do ensino
das escolas brasileiras no Japão.
6. Metodologia:
Local da pesquisa:
Escola Brasileira Professor Kawase (Hiro Gakuen)
Província de Gifu, cidade de Ogaki
Número de alunos:
232
Horário de funcionamento:
9h – 15h25
Atende também os municípios de:
Nagahama (Província de Shiga), Inazawa e Komaki (Província de
Aichi) e Minokamo e Kakamigahara (Província de Gifu)
7. Metodologia:
Dinâmica:
Questionário Baú das
Recordações
Construção das
“Memórias de
Estudante”
9. Fundamentação Teórica:
Adolescência
ABERASTURY
Teoria do
Desenvolvimento
Psicossocial de
“Third Culture
Kid”
ERIKSON
O Indivíduo e
a sociedade POLLOCK &
VAN REKEN
VYGOTSKY
10. Fundamentação Teórica:
Características
psicobiológicas
Identidade
do
adolescente
Ambiente social
Knobel 1981
11. Resultados:
Sujeitos da Pesquisa
Os sujeitos desta pesquisa são na sua maioria
pertencentes ao sexo feminino, nascidos no Brasil e
que vivem no Japão a mais de cinco anos.
Situação Familiar
Os alunos passam a maior parte da semana sozinhos,
Possuem pouca interação com a família
12. Resultados:
Figura 2. Respostas para a pergunta: durante a Figura 3. Respostas para a pergunta: Passa os
semana, com quem passa mais tempo? fins de semana junto com a família?
8% 13%
18%
41% 43%
19%
33% 25%
com irmãos com a mãe sozinho não respondeu vez em quando sempre raramente não respondeu
Depoimentos coletados nos questionários:
“A ausência dos meus pais é frustrante já que sinto falta deles e quando temos
tempo para conversar eles estão cansados”
“Passei 10 anos da minha vida sem a presença dos meus pais...”
“Ficar sozinho em casa o dia inteiro é muito ruim”
“Não há muito do que reclamar, só acho que eles trabalham demais”
13. Resultados:
Ambiente Escolar:
- Longo período (9h às 15h25)
- Principal local de interação social
Figura 6. Respostas para a pergunta: o que você
acha da escola?
2%
10%
boa
ótima
23%
regular
ruim
65%
14. Resultados:
Figura 7. Respostas para a pergunta: o que o
motiva a vir para a escola?
6%
22%
45% encontrar com colegas
aprender
outros
sou obrigado
27%
15. Resultados:
Figura 8. Respostas para a pergunta: com quais
amigos você convive fora do ambiente escolar?
4% 4% da Hiro Gakuen
9%
outros
outras escolas
17% brasileiras
nenhuma
66% Japoneses
16. Transcrições: Memórias de Estudante:
Logo depois, minha mãe veio para o Japão para juntar dinheiro e pagar diversas
contas que ficaram no Brasil. A vida sem uma mãe por perto não é fácil, mas ao menos
tínhamos meu pai e meus avôs para cuidar de nós. Não muito tempo depois meu pai
também foi para o Japão e não muito tempo depois nós também, a despedida nunca é
fácil para ninguém particularmente acho que foi o momento mais triste da minha vida e
provavelmente da vida de qualquer um que veio para o Japão” (Rafael, 15 anos).
“A Hiro Gakuen foi a primeira escola que consegui estudar dois anos consecutivos.
Não tô brincando não, meus caros leitores, desde o pré sempre mudei de escola” (Miki,
16 anos).
“[...] eu tive que me adaptar ao Japão, a escola e meus dias sem fazer nada em
casa. Isso é o ruim do Japão, a falta de ter amigos no mesmo prédio ou em lugar perto.
Mas fui me acostumando pelos anos...” (Guilherme, 16 anos).
“A medida que passava de série eu ia conhecendo e me despedindo das pessoas”
(Karen 15 anos).
17. “Com 11 meses fui para o Brasil, fiquei na casa dos meus avós [...] com 11
anos voltamos para o Japão e entrei na Hiro Gakuen estudei a segunda série [...]
Depois fui estudar na Porto Seguro, estudei 2 anos, depois fui para a escola
japonesa estudei 2 anos também [...] voltamos para o Brasil, quando chegamos lá
meu avó fez churrasco para nós e a partir daí foi churrasco quase todo final de
semana. Na escola na 7ª. e 8ª. série eu era muito briguento [...] agora estou de
volta no Japão, e estudando na Hiro [...]” (Erick, 17 anos).
“[...] passei apenas um ano e meio na Hiro, mas foram bem legais, até tinha
feito minha formatura do pré. Mas aí minha mãe ficou grávida do meu irmão, e ela
resolveu ir embora, e meu pai ficou. Lá vou eu de novo voltar para o Brasil”
(Rafaela, 16 anos).
“Logo na volta do aeroporto de Nagoya para Ogaki, olhava pela janela e via
apenas rios, plantações de arroz e ruas extremamente apertadas nada do que
havia imaginado. Nunca na minha vida eu havia olhado por uma janela com
sentimento de tristeza” (Gustavo, 15 anos).
18. Assim concluímos que:
As dificuldades inerentes a fase da adolescência, são
intensificadas pela impotência ante as complexidades e
complicações geradas pelo processo migratório,
O ambiente social dos adolescentes brasileiros no Japão é
bastante limitado e o adolescente também experimenta
uma grande ausência afetiva,
O stress desencadeado pelo sentimento de abandono,
isolamento social, mudanças de endereço e perda de
pessoas queridas cria uma ambiente de risco que pode
exceder a capacidade de adaptação destes jovens gerando
sentimentos de impotência, apatia e conseqüente
desinteresse pelas atividades escolares.
19. A escola brasileira no Japão precisa conhecer mais a
história individual de cada aluno, refletir e se adaptar a
esses indivíduos marcados pelas perdas, abandono e
isolamento, no sentido de buscar um diálogo com a família
e desenvolver uma educação diferenciada que valorize o
afeto e preencha este vazio psicológico tão presente na
personalidade destes adolescentes;
Projetos educativos que valorizem o indivíduo e forneça
espaço para discussão de seus problemas como os
desenvolvidos neste trabalho, através da dinâmica do Baú
das Recordações e elaboração das Memórias de Estudante,
podem, auxiliar na sensibilização e transformação de
valores e apontar caminhos para que esses adolescentes
conheçam um pouco mais a si mesmos.
20. LOGO
Gostariamos de agradecer,
nossos queridos alunos da Hiro Gakuen,
por nos confiarem seus sentimentos mais
íntimos nos fornecendo um material tão
rico, para explorarmos e procurarmos
alternativas, para os vários problemas por
eles sentidos e vividos no país do sol
nascente.
Obrigado,
Grupo 23